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LICENCIATURA EM

ENGENHARIA CIVIL

As Alterações ao Plano de Trabalhos no


Código de Contratos Públicos

Ricardo Baptista Nº1050328


Daniel Sousa Nº1060910
Jorge Rodrigues Nº1060932

2009/2010
LICENCIATURA EM
ENGENHARIA CIVIL

As Alterações ao Plano de Trabalhos no


Código dos Contratos Públicos

Ricardo Baptista Nº1050328


Daniel Sousa Nº1060910
Jorge Rodrigues Nº1060932

Trabalho realizado sob a orientação do


Prof. Vítor Freitas
do Departamento de Engenharia Civil do
Instituto Superior de Engenharia do Porto
para satisfação dos
requisitos da Disciplina de
Projecto

2009/2010
IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

ÍNDICE GERAL

ÍNDICE GERAL ...................................................................................................................................... I

RESUMO ................................................................................................................................................ II

ABSTRACT .......................................................................................................................................... III

AGRADECIMENTOS .......................................................................................................................... IV

ÍNDICE DE TEXTO ...............................................................................................................................V

ÍNDICE DE FIGURAS .......................................................................................................................VIII

ÍNDICE DE QUADROS ....................................................................................................................... IX

I
IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

RESUMO

Este trabalho de projecto tem como principal objectivo a detecção dos factores que provocam a
alteração do plano de trabalhos em obras públicas e as suas respectivas consequências. A abordagem
ao tema teve como base jurídica o Código dos Contratos Públicos que se encontra em vigor desde o
dia 30 de Julho de 2008.

No decorrer do trabalho, foi focado o plano de trabalhos num âmbito da execução dos contratos, em
particular, à parte substancial dos contratos administrativos e, em especial, ao contrato de empreitada
de obras públicas. As causas de alteração foram identificadas, bem como as suas consequências, tendo
em conta sempre as duas partes integrantes deste processo, o dono da obra e o empreiteiro. Estas duas
partes são fulcrais na aplicação do Código dos Contratos Públicos, logo no decorrer do trabalho,
procurámos encontrar opiniões das entidades envolvidas. A sua adaptação positiva, bem como as
críticas em relação a esta nova legislação estão presentes ao longo do trabalho.

Com a elaboração deste trabalho foi possível constatar a grande inquietação, assim como uma falta de
conhecimento ao pormenor desta nova legislação. As entidades envolvidas encontram-se numa
procura constante de novos dados relevantes que lhes permitam conhecer e dominar este Código dos
Contratos Públicos e todos os aspectos que dele ocorrem.

II
IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

ABSTRACT

This research project has as main objective the detection of the factors causing the change in the work
plan in public works and its consequences. The approach to the subject had a legal basis of the Public
Contract Code which has been in force since the day July 30, 2008.

During the study, we focused on the work plan in implementing the contracts, in particular, the
substantial part of administrative contracts and, in particular, the contract for public works. The causes
of change were identified and their consequences, taking into account where the two integral parts of
this process, the developer and the contractor. These two parts are critical in the implementation of the
Public Contract Code, then in this work, we try we find reviews of the entities involved. Its positive
adaptations, as well as criticisms regarding this new legislation are present throughout the work.

With the development of this work was possible to see the big concern, as well as a lack of knowledge
in detail of this new legislation. The entities involved are in a constant search for new data relevant to
enable them to meet and master this Public Contract Code and all aspects of it occurring.

III
IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

AGRADECIMENTOS

Pelo auxílio prestado, pelos conhecimentos transmitidos e por toda a disponibilidade sempre
demonstrada, os nossos sinceros agradecimentos ao nosso orientador Dr. Vítor Martins de Freitas.

Aos nossos familiares e amigos, que directa ou indirectamente contribuíram para a realização deste
trabalho, o nosso muito obrigado.

IV
IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

ÍNDICE DE TEXTO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1

1.1 Objectivos do Trabalho ........................................................................................................... 1

1.2 Abreviaturas ............................................................................................................................ 1

1.3 Dicionário ................................................................................................................................ 2

2 CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS ................................................................................... 3

2.1 Breve Introdução ..................................................................................................................... 3

2.2 Regras da Contratação Pública previstas no CCP (A quem se aplica) .................................... 4

3 ENQUADRAMENTO/ADAPTAÇÃO EMPRESARIAL AO CCP ............................................... 7

3.1 O que pensam as principais Associações de Construção ....................................................... 7

3.2 Reflexão dos aspectos “positivos e negativos” avaliados por alguns dos maiores
“especialistas” nacionais acerca dos conteúdos do CCP, passados dois anos da sua existência ......... 8

3.3 Análise/Críticas gerais apontadas pela FEPICOP ................................................................... 9

4 CONCURSO/CONTRATAÇÃO .................................................................................................. 10

4.1 Princípios do procedimento de adjudicação .......................................................................... 10

4.2 Comparação dos procedimentos pré-contratuais existentes no CCP e na antiga Legislação 11

4.3 Tipos de procedimentos pré-contratuais existentes no CCP ................................................. 13

4.3.1 Ajuste Directo ............................................................................................................... 13

4.3.2 Concurso Público .......................................................................................................... 16

4.3.3 Concurso por prévia qualificação .................................................................................. 18

4.3.4 Procedimento por negociação ....................................................................................... 21

4.3.5 Diálogo Concorrencial .................................................................................................. 21

5 PROPOSTAS/ PEÇAS DE PROCEDIMENTO/TIPO DE PEÇAS ............................................. 22

5.1 Peças de Procedimento .......................................................................................................... 22

5.2 Documentos da Proposta ....................................................................................................... 22

V
IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

5.3 Erros e Omissões do Caderno de Encargos ........................................................................... 23

5.4 Deveres de informação entre o empreiteiro e dono de obra .................................................. 25

5.5 Elementos da solução da Obra (Art.43º) ............................................................................... 25

6 CONTRATO ................................................................................................................................. 26

6.1 Poderes do Contraente Público ............................................................................................. 26

6.2 Ajustamentos ao conteúdo do contrato a celebrar ................................................................. 26

6.3 Modificação objectiva do contrato ........................................................................................ 27

6.4 Consequências das modificações contratuais ........................................................................ 27

6.5 Extinção do Contrato em Geral ............................................................................................. 31

6.5.1 Revogação ..................................................................................................................... 31

7 PLANO DE TRABALHOS .......................................................................................................... 32

7.1 Constituição e definição de Plano de Trabalhos ................................................................... 32

7.2 Objectivo do Plano de Trabalhos e Relação Plano de Trabalhos/Plano de Pagamentos ....... 33

7.3 Cumprimento/Desvio do Plano de Trabalhos ....................................................................... 34

7.4 Causas para a Alteração do Plano de Trabalhos.................................................................... 35

7.5 Consequências da Alteração do plano de trabalhos .............................................................. 39

7.6 Plano de Trabalhos Ajustado................................................................................................. 40

7.7 Trabalhos a mais.................................................................................................................... 41

7.7.1 Obrigação de execução dos trabalhos a mais ................................................................ 41

7.7.2 Preço e Prazo de Execução dos Trabalhos a mais ......................................................... 42

7.8 Execução de trabalhos de Erros e Omissões ......................................................................... 43

7.8.1 Preço e Prazo de execução dos trabalhos de suprimento de erros e omissões .............. 44

7.8.2 Responsabilidades pelos Erros e Omissões (Art.378º do CCP) .................................... 45

7.9 Conclusões a reter em relação a “Trabalhos a Mais” e “Erros e Omissões” ......................... 46

7.10 Prorrogação do Prazo de Execução da Obra ......................................................................... 47

7.11 Suspensão dos trabalhos ........................................................................................................ 47

8 CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 49

VI
IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

9 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................... 51

VII
IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1- Regras de contratação Pública ................................................................................................. 5

Figura 2 - Novidades ajuste directo....................................................................................................... 15

Figura 3 - Prazos Concurso Público ...................................................................................................... 17

Figura 4 - Prazos mínimos apresentação propostas............................................................................... 17

Figura 5 - Concurso Público Urgente .................................................................................................... 18

Figura 6 - Prazos mínimos nem publicação no JOUE........................................................................... 20

Figura 7 - Prazos mínimos com publicidade no JOUE ......................................................................... 20

Figura 8 - Erros e omissões ................................................................................................................... 24

Figura 9 - “Hierarquia” no Plano de Trabalhos ..................................................................................... 32

Figura 10 - Alteração Plano de Trabalhos ............................................................................................. 37

Figura 11 - Consequências alteração do plano de trabalhos.................................................................. 39

VIII
IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Antiga Legislação ............................................................................................................... 12

Quadro 2 - Código dos Contratos Públicos ........................................................................................... 13

Quadro 3 - Comparação: ajuste directo ................................................................................................. 14

Quadro 4 - Valor dos contractos ........................................................................................................... 17

IX
IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

1 INTRODUÇÃO

No âmbito da cadeira de Projecto do 3.º ano de licenciatura em engenharia civil, foi-nos atribuído o
trabalho com o tema “Identificação de factores de alteração do plano de trabalhos e suas
consequências, no âmbito do Código dos Contratos Públicos (CCP) ”, sob a orientação do Dr. Vítor
Martins de Freitas.

Mas este projecto aplicado procura ir mais longe, apontando críticas ao regime legal mostrando o
ponto de vista das Indústrias de Construção e Obras Públicas Portuguesas suas críticas e “queixas” e,
particularmente e em obediência ao que foi solicitado pela entidade proponente do trabalho,
sistematizando as consequências que decorrem da aplicação deste “novo” diploma.

1.1 Objectivos do Trabalho

O “novo” código dos contratos públicos, sobre o qual elaboramos este projecto já se encontra em
vigor, desde o passado dia 30 de Julho de 2008.

Tal como já referimos, o nosso trabalho pretende-se com o tema “Identificação de factores de
alteração do plano de trabalhos e suas consequências, no âmbito do Código dos Contratos Públicos”,
tentámos por isso como primeiro objectivo a cumprir, compreender de que forma o plano de trabalhos
se pode alterar, e quais as consequências que tal trará principalmente para o Empreiteiro e para o Dono
de Obra.

1.2 Abreviaturas

CCP – Código dos Contratos Públicos

JOUE – Jornal Oficial União Europeia

DR – Diário da República

DO- Dono de Obra

AECOPS - Associação de Empresas de Construção Obras Públicas e Serviços

RJEOP - Regime Jurídico de Empreitadas de Obras Públicas

FEPICOP - Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas

1
IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

1.3 Dicionário

Adjudicante - Pessoa que adjudica alguma coisa a alguém (neste caso, dono de Obra)

Adjudicatário - Aquele aquém se entrega a obra neste caso (neste caso empreiteiro)

Co-Contratante – Empreiteiro

Orador/Jurista (neste contexto) – É uma pessoa de notável saber legal que, por seu conhecimento
da Ciência do Direito, emite pareceres sobre questões jurídicas

Jurisprudência - Tecnicamente, jurisprudência significa "a ciência da lei". A jurisprudência consiste na


decisão irrecorrível de um tribunal, ou um conjunto de decisões dos tribunais ou a orientação que
resulta de um conjunto de decisões judiciais proferidas num mesmo sentido sobre uma dada matéria

2
IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

2 CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS

2.1 Breve Introdução

O Código de Contratos Públicos (CCP) vem regular a formação e execução dos contratos públicos,
definindo todos os procedimentos que decorrem desde o momento em que é tomada a decisão de
contratar até à adjudicação do contrato, assim como à sua execução.

Para além do objectivo de alinhamento com as mais recentes directivas comunitárias, através da sua
transposição, o CCP pretende ainda proceder à sistematização e uniformização dos vários regimes, até
então dispersos, aplicáveis aos procedimentos pré-contratuais dos contratos públicos e ao regime
substantivo dos contratos que revistam a natureza de contrato administrativo, assumindo assim um
“importante marco histórico na evolução do direito administrativo nacional e, em especial, no domínio
da actividade contratual da Administração” (Dec. Lei nº18/2008).

O CCP resulta da transposição das directivas comunitárias n.º 2004/17 e 2004/18 ambas do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março de 2004, codificando as regras até agora dispersas
pelos seguintes diplomas:

Decreto-Lei n.º 59/99, de 2 de Março (empreitadas de obras públicas);


Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho (aquisições de bens e serviços);
Decreto-Lei n.º 223/2001, de 9 de Agosto (empreitadas e aquisições no âmbito dos sectores
especiais);
Vários outros diplomas e preceitos avulsos relativos à contratação pública.

O CCP representa um esforço de modernização, criando um conjunto homogéneo de normas relativas


aos procedimentos pré-contratuais públicos, com o principal objectivo de introduzir um maior rigor e
celeridade em matéria de contratação pública e de execução de contratos administrativos, procriando
assim um conjunto de objectivos essenciais à gestão racional da despesa pública. No que toca aos
procedimentos pré-contratuais por exemplo, o CCP procede a uma redução do seu número e da sua
diversidade, uniformizando a nomenclatura e regras procedimentais aplicáveis. Através da aposta nas
novas tecnologias prossegue a simplificação da tramitação procedimental pré-contratual através da
aposta nas novas tecnologias de informação, através de meios electrónicos promovendo assim a
desburocratização/desmaterialização da contratação pública fundado em comunicações via electrónica,

3
IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

sendo este um sistema muito mais fácil, apelativo e rápido em comparação ao “clássico papel”,
colocando assim Portugal na vanguarda da Europa.

Alguns dos mais importantes conceitos inovadores no CCP:

“Preço Base ” (Art.22º) Preço máximo que a entidade adjudicante se propõe pagar pela execução de
todas as prestações que constituem o objecto do contrato. Por exemplo se o preço base indicado no
Caderno de Encargos de um Concurso é de €100.000, só serão admitidas propostas inferiores a esse
valor.

“Preço Contratual” (Art.97º) Preço a pagar em resultado da proposta adjudicada e com referência à
execução de todas as prestações que constituem o objecto do contrato, incluindo qualquer prorrogação,
expressa ou tácita do período de execução do contrato. [O preço do contrato propriamente dito, na sua
duração inicial e eventuais prorrogações que possam ter lugar]

“Valor do contrato” (Art.17º) é o valor máximo do benefício económico que, em função do


procedimento adoptado, pode ser obtido pelo adjudicatário com a execução de todas as prestações que
constituem o seu objecto.

2.2 Regras da Contratação Pública previstas no CCP (A quem se aplica)

As regras da contratação pública previstas no CCP aplicam-se a todo o sector público administrativo
tradicional: o Estado, as Regiões Autónomas, as Autarquias Locais, os Institutos Públicos, as
Fundações Públicas e as Associações Públicas. Todos os contratos a celebrar por uma das entidades
deste sector estão sujeitos às regras do CCP, independentemente do seu valor.

4
IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

Concessão
de serviços
públicos

Concessão Aquisição
de obras de serviços
públicas

Contratos
abrangidos pelo
CCP
Locação e
Contrato de aquisição de
sociedade bens móveis

Empreitada
de obras
públicas

Figura 1- Regras de contratação Pública

As regras da contratação pública previstas no CCP aplicam-se também a entidades privadas que
actuem nos sectores especiais da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais, quando essas
entidades sejam detentoras de direitos especiais ou exclusivos.

As entidades a quem se aplicam as regras da contratação pública previstas no CCP denominam-se


entidades adjudicantes.

Exemplo de contratos excluídos:

Contratos administrativos de provimento


Contratos individuais de trabalho
Contratos de doação de bens móveis a favor de uma entidade adjudicante
Contratos de compra e venda, de doação, de permuta e de arrendamento de bens imóveis.
Contratos de aquisição de serviços a celebrar com uma outra entidade adjudicante em função
de um direito exclusivo
Contratos de atribuição de subsídios/subvenções

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

Contratos relativos á aquisição de serviços de saúde, serviços de carácter social e serviços de


educação e formação profissional.

O presente código “não é aplicável à formação de contratos a celebrar por entidades adjudicantes cujo
objecto abranja prestações que não estão nem sejam susceptíveis de estar submetidas à concorrência
de mercado, designadamente em razão da sua natureza ou das suas características, bem como da
posição relativa das partes no contrato ou do contexto da sua própria formação” (Art.5º)

6
IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

3 ENQUADRAMENTO/ADAPTAÇÃO EMPRESARIAL AO CCP

3.1 O que pensam as principais Associações de Construção

As principais associações de Construção, entre as quais a AECOPS, querem ver clarificado o modo de
retribuição de empreitada previsto no CCP. A pretensão em causa resulta da necessidade de esclarecer
as dúvidas que se têm colocado as aos vários intervenientes numa empreitada de obras públicas e que
assim originam diferentes interpretações a propósito do tipo de empreitada que o legislador quis
efectivamente consagrar no CCP.

O CCP abandonou a previsão de normas referentes à tradicional ideia “empreitada por preço global,
por série ou por percentagem”, sendo certo, tal como afirma no CCP, que os donos de obra podem
lançar quaisquer empreitadas com base num desses figurinos, no entanto isto na prática não acontece,
pois optam invariavelmente por seguir o regime constante do artº392 do CCP, em que basicamente o
que acontece é que, depois da assinatura pelo “empreiteiro do documento que constitui a situação dos
trabalhos, promove-se a liquidação do preço correspondente às quantidades de trabalhos medidos
sobre as quais não haja divergências” entre eles, os que não forem liquidados, haverá por conseguinte
uma reclamação por parte do empreiteiro, havendo então depois a rectificação da conta corrente, e o
pagamento por parte do dono de obra. Na antiga disciplina, no RJEOP o empreiteiro era obrigado a
executar pelo respectivo preço unitário do contrato, todos os trabalhos de cada espécie.

Uma vez que no CCP são identificadas características destes dois regimes é preciso determinar qual
deles está estabelecido na actual lei. Para tal, a FEPICOP parte do pressuposto que o legislador quis
estabelecer um quadro legislativo que permitisse ao dono de obra ter conhecimento antecipadamente,
aquando da celebração do contrato, do valor a pagar pelos trabalhos prestados. Deste modo a
FEPICOP defende que estes valores devem ser conhecidos no momento da celebração do contrato,
propondo assim que o CCP seja complementado no sentido de dispor que “se, realizados todos os
trabalhos, subsistir ainda um saldo a favor do empreiteiro, este ser-lhe-á pago com a última
liquidação”.

Conclui-se assim que para as associações de construção, este é mais um dos problemas e mais uma das
inconsistências regentes no CCP, pois permite várias interpretações dos contratos, algumas delas
consideradas “verdadeiramente inadmissíveis”.

(Artigo de 18 de Fevereiro de 2009, nº_654 do “Jornal de Construção”)

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

3.2 Reflexão dos aspectos “positivos e negativos” avaliados por alguns dos maiores
“especialistas” nacionais acerca dos conteúdos do CCP, passados dois anos da sua
existência

“Balanço de dois anos da publicação do Código dos Contratos Públicos”, tratou-se de um evento, que
contou com a participação de oradores com vasta experiência profissional na matéria. Foi efectuado o
balanço geral da aplicação do CCP, da implementação da contratação electrónica e da execução nos
contratos de empreitada de obras públicas e analisados os critérios de escolha dos procedimentos.

Tentamos fazer um “apanhado” acerca dessa mesma iniciativa, expondo o que de mais relevante foi
falado/discutido nessa conferência.

De entre os aspectos do CCP que encara como positivos, Jorge Andrade da Silva, (autor do livro
“Código dos Contratos Públicos - Comentado e Anotado”) salientou:

A desmaterialização dos procedimentos


A circunscrição da fase de habilitação somente aos adjudicatários
A abolição da possibilidade do pagamento directo pelo dono de obra ao subempreiteiro.

Já entre os pontos negativos, o jurista destacou:

A interpretação da norma sobre os limites ao ajuste directo


A identificação dos erros e omissões na fase de concurso, pois afirma que não devem ser os
interessados a ter de detectar falhas no projecto
A admissibilidade de erros e omissões (juntamente com trabalhos a mais) até ao limite de 50%
Condenou também a margem considerada para propostas anormalmente baixas, uma que
partindo do pressuposto que o preço base deve ser sério e corresponder ao preço de custo com
uma margem razoável, condenou a aceitação de uma proposta de preço 40% inferior a esse.
Discordou também do artigo referente à detecção de propostas de preço anormalmente baixo
(propostas com valor de 40% ou mais inferior ao preço base), advogando que estas têm o
direito de saber previamente o valor das propostas admitidas e da identificação dos elementos
que constituem o júri, antes destes prestarem os devidos esclarecimentos acerca do preço
anormalmente baixo da sua proposta, e para que os interessados possam invocar suspeições
acerca dos critérios praticados na admissão das propostas, se for o caso.

António Furtado, advogado/orador teve uma intervenção curiosa, quando alguém afirmou que o preço
base é inflacionado para permitir “encaixar” erros e omissões, o advogado reagiu dizendo que “as
entidades adjudicantes apresentam preços base subavaliados e ainda tendem a esmagar o preço base,

8
IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

pretendendo que, no limite, as propostas se aproximem do valor até ao qual não são consideradas de
preço anormalmente baixo”.

O Orador apontou também para a “generosidade” do CCP, ao permitir que a compensação dos
trabalhos a mais com os trabalhos a menos não tenha que obedecer ao facto de serem da mesma
espécie.

Por outro lado, discordou e criticou a banalização do concurso público, abolindo a possibilidade de
qualificação dos concorrentes, a qual passa a ocorrer apenas no concurso limitado com prévia
qualificação.

Para Jorge Sarmento, jurista, tal como também afirmou Jorge Andrade da Silva, o limite de 50%, de
suprimento de erros e omissões e trabalhos a mais é excessivo, sendo negativo o facto de não resultar
claro em que consistem ao certo os primeiros. Na prática, até aos 5% fazem-se trabalhos a mais e a
partir daí fazem-se trabalhos de suprimento de erros e omissões em mais 45%. “O legislador deveria
ser mais prudente”, disse.

Por outro lado considerou positivo a identificação de erros e omissões antes da celebração do contrato,
sendo um processo dinâmico, participativo e com bons resultados.

Já no final do encontro alguém afirmou que os trabalhos a mais não deveriam ter limite algum, desde
que fossem efectivos trabalhos a mais, afirmação essa que estamos efectivamente de acordo.

3.3 Análise/Críticas gerais apontadas pela FEPICOP

A FEPICOP não concorda com a redefinição proposta pelo legislador para os conceitos de “valor do
contrato”/”valor base” e de “preço contratual” bem como, com o resultado da aplicação conjugada dos
referidos conceitos.

Entende-se que o valor do contrato não deve ser entendido como o valor máximo que a entidade
adjudicante está disposta a pagar, mas sim como o “valor estimado do contrato”, ou seja, o custo total
provável dos trabalhos a executar calculado com base nas medições do projecto.

Atendendo à incapacidade demonstrada, até agora, pelos donos de obra, para a apresentação de
estimativas realistas, não raras vezes, os procedimentos deixarão de se concretizar, com todas
consequências negativas daí decorrentes, quer para os donos de obra, quer para os concorrentes que
neles investiram. De igual modo causa apreensão a inexistência de medidas objectivas de efectiva
responsabilização das entidades adjudicantes, pelo valor máximo que apresentam, sempre que se
constate que aquele valor é, na prática, inexequível, o que, diga-se, tem constituído a prática habitual
nas empreitadas de obras públicas que vão sendo lançadas.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

4 CONCURSO/CONTRATAÇÃO

4.1 Princípios do procedimento de adjudicação

Legalidade
Prossecução do interesse público
Igualdade e Imparcialidade
Concorrência
Boa fé
Estabilidade
Transparência, fundamentação e publicidade
Responsabilidade

De seguida expomos em que é que consistem alguns dos mais importantes:

Princípio da Concorrência

Exigência do maior nº de concorrentes


Opção pela proposta mais vantajosa
Assegurar a igualdade de oportunidades no acesso à contratação pública
Limite externo à discricionariedade

Princípio da Transparência

Criação de critérios de qualificação dos concorrentes e das propostas claramente definidos


antes do procedimento
Definição de elementos obrigatórios para a caracterização do contrato: programa, estudo
prévio, projecto base e projecto de execução

Princípio da Igualdade

Iguais condições de acesso


Proibição de tratamento discricionário dos concorrentes
Proibição de especificações técnicas
Equidistância perante os particulares, prevenindo conflito de interesses

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

Princípio da Responsabilidade

Responsabilização dos intervenientes pelo cumprimento de regras


Implementação de mecanismos de controlo
Obrigação de sujeição a fiscalização
Obrigação de indemnizar os custos com a proposta quando há desistência de contratar.

4.2 Comparação dos procedimentos pré-contratuais existentes no CCP e na antiga Legislação

Tal como podemos observar de seguida, em relação aos procedimentos pré-contratuais, o CCP
procede a uma redução do seu número e da sua diversidade, isto em comparação com a legislação
anterior, uniformizando assim a nomenclatura e regras procedimentais aplicáveis.

Eliminam-se, desta forma, os procedimentos que ser revelam menos consentâneos com a concorrência
ou cujas diferenças em face dos demais não justificariam, apesar disso, a respectiva autonomização
(nomeadamente o concurso limitado sem apresentação de candidaturas ou sem publicação de anúncio,
a negociação sem publicação prévia de anúncio e a consulta prévia).

Na escolha do procedimento há que ter em conta:

Critérios do valor
Critérios Materiais
Critérios Mistos
Caso sejam ou não publicados no JOUE
Se há razões relevantes de interesse público (Art.31º)
Terá de ser escolhido em função da Entidade Adjudicante (Art.33º)
Deve ser fundamentada (Art.38º)

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

Antiga Legislação

EMPREITADA DE OBRAS PÚBLICAS AQUISIÇÕES DE BENS E SERVIÇOS

1. Ajuste Directo 1. Ajuste Directo

2. Consulta prévia

2.Concurso por negociação 2.1. A 2 fornecedores


2.2. A 3 fornecedores
2.3. A 5 fornecedores

3.Concurso limitado sem publicação de 3. Negociação sem publicação de anúncio


anúncio

4.Concurso limitado com publicação de 4. Concurso Limitado por Convite


anúncio

5. Negociação com publicação de anúncio


5.Concurso Público
6. Concurso limitado por prévia qualificação
7. Concurso Público

Quadro 1 - Antiga Legislação

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

O CCP conta apenas com cinco procedimentos pré-contratuais:

CCP

Ajuste directo

Convite a uma única entidade


Convite a 2 ou mais entidades (sem limite), com ou sem negociação de
propostas.

Concurso público ( normal e urgente)

Concurso limitado por prévia qualificação

Procedimento por negociação

Diálogo Concorrencial

Quadro 2 - Código dos Contratos Públicos

É de salientar que estes 2 últimos apenas se utilizam, em casos muito especiais, permitidos pela
directiva comunitária, tal como explicaremos um pouco mais adiante.

Nos critérios de escolha do procedimento vigora o princípio da liberdade de escolha. Contudo, a


escolha do ajuste directo, concurso público ou concurso limitado condiciona o valor do contrato a
celebrar que é o valor máximo do benefício económico que pode ser obtido pelo adjudicatário com a
execução de todas as prestações que constituem o seu objecto, sem prejuízo da escolha daqueles
procedimentos em função de outros critérios.

4.3 Tipos de procedimentos pré-contratuais existentes no CCP

4.3.1 Ajuste Directo

O adjudicante convida directamente uma ou várias entidades à sua escolha a apresentar propostas,
podendo com elas negociar aspectos da execução do contrato.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

Que contratos podem ser celebrados por ajuste directo?

O ajuste directo pode ser usado para a formação dos seguintes contratos:

Antiga Legislação CCP

Empreitadas de obras públicas: Empreitadas de obras públicas:

-Sem Consulta: 5.000€ -Com ou sem consulta: 150.000€


-Com Consulta a três: 25.000€

Aquisição de bens e serviços: Aquisição de bens e serviços:

-Sem Consulta: 5.000€ -Com ou sem consulta: 75.000€

Quadro 3 - Comparação: ajuste directo

(Art. 19º/20º/21º do CCP)

As entidades adjudicantes do sector empresarial do Estado, das Regiões Autónomas e das Autarquias
Locais, bem como o Banco de Portugal, podem utilizar o ajuste directo para a formação de contratos
de empreitada de valor inferior a 1.000.000 euros e contratos de aquisição de bens e serviços de valor
inferior a 206.000 euros.

Pode também recorrer-se ao ajuste directo, para a formação de contratos de qualquer valor, quando se
verificarem determinadas razões materiais expressamente identificadas no CCP, entre as quais se
contam: os casos de urgência imperiosa, quando só existe um único fornecedor ou prestador, ou ainda
quando um anterior concurso tenha ficado deserto. Só excepcionalmente se pode recorrer ao ajuste
directo para celebrar contratos de concessão ou de sociedade, sendo por isso considerado o maior
desvio que existe em relação ao concurso, sendo neste caso “mais fácil” favorecer uma ou outra
empresa “predilecta”.

Quando há mais que uma entidade a concorrer?

Quando existe mais que um convite a entidades, estas apresentam uma proposta, depois há um
processo de “negociação das propostas”, em que os interessados falam e expõem a sua proposta,
depois há a adjudicação à proposta mais vantajosa, segue-se a apresentação dos documentos
correspondentes e por fim a publicação.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

Quais as principais novidades em matéria de ajuste directo?

As duas principais novidades em matéria de ajuste directo são as seguintes:

a) Não podem ser convidadas a apresentar propostas empresas com as quais a mesma entidade
adjudicante já tenha celebrado, nesse ano económico ou nos dois anos económicos anteriores,
contratos cujo objecto seja idêntico ou abranja prestações do mesmo tipo, e cujo preço contratual
acumulado seja igual ou superior aos limites do ajuste directo

Empreitada de Obras Públicas 150.000€ a 1.000.000€

Aquisição de bens e serviços 75.000€ a 206.000€

Figura 2 - Novidades ajuste directo

Em ambos os casos é sempre variável conforme a entidade adjudicante

b) A celebração de quaisquer contratos na sequência de ajuste directo deve ser publicitada, pela
entidade adjudicante. A eficácia dos referidos contratos está dependente dessa publicação, pelo que,
sem ela, não será possível começar a executar o contrato nem efectuar quaisquer pagamentos ao seu
abrigo.

O que é o ajuste directo simplificado?

O CCP prevê um procedimento de ajuste directo ultra-simplificado para aquisição ou locação de bens
móveis ou de aquisição de serviços cujo preço contratual não seja superior a 5.000 euros. Trata-se de
um procedimento que dispensa quaisquer formalidades e em que a entidade adjudicante se limita a
conferir a factura comprovativa da aquisição.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

Caução (art. 88º do CCP)

O adjudicatário deve prestar caução no prazo de 10 dias, a contar da notificação da decisão de


adjudicação, excepto nos casos em que o preço contratual é inferior a 200.000€ , onde é dispensada. O
valor da caução é de 5% do preço contratual, excepto naqueles casos em que o preço total da proposta
seja anormalmente baixo, em que o valor da caução é 10% do valor contratual. A caução é prestada
por depósito em dinheiro ou em títulos emitidos ou garantidos pelo Estado, ou mediante garantia
bancária ou seguro caução.

4.3.2 Concurso Público

4.3.2.1 Concurso Público Normal

Anúncio obrigatório para concursos públicos sem publicidade internacional: O concurso público é
publicado no DR. O anúncio deverá conter um resumo dos seus elementos mais importantes, devendo
depois ser posteriormente divulgado por qualquer outro meio considerado conveniente, nomeadamente
através da sua publicação em plataforma electrónica utilizada pela entidade adjudicante.

Anúncio obrigatório para Concursos Públicos com publicidade internacional: O adjudicante, ou seja a
pessoa ou grupo de pessoas que lança o concurso público deve publicita-lo no JOUE e no DR.

Depois de disponíveis as Peças do Procedimento (programa do concurso e o caderno de encargos),


estas devem estar disponíveis para consulta por parte dos interessados (via electrónica), para consulta
dos interessados, desde o dia da publicação do anúncio até ao termo do prazo fixado para a
apresentação das propostas. A aquisição das peças do concurso não constitui em caso algum, condição
de participação no mesmo.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

Aumento do limite do valor dos contratos (sem publicação no JOUE)

Antiga Legislação CCP

Empreitadas de obras públicas: Empreitadas de obras públicas:

125.000 € 5.150.000 €

Aquisições de bens de serviços: Aquisições de bens de serviços:

125.000 € 133.000 € (o estado)

206.000€ (outras entidades adjudicantes)

Quadro 4 - Valor dos contractos

Prazos

Prazos mínimos para apresentação das propostas quando não houver publicidade internacional:

Legislação Anterior 30 DIAS

CCP 20 DIAS

CCP (obras
9 DIAS
Simples)

Figura 3 - Prazos Concurso Público

Prazos mínimos para apresentação das propostas quando houver publicidade internacional JOUE:

Empreitadas de Obras Públicas e Aquisição de Serviços


Legislação Anterior 52 DIAS
CCP 40 DIAS

Figura 4 - Prazos mínimos apresentação propostas

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

Nota: O prazo de 40 dias deve ser aumentado para 47 dias quando o anúncio no JOUE não for
enviado para publicação por meios electrónicos.

4.3.2.2 Concurso Público Urgente

O CCP prevê a possibilidade de se adoptar um concurso com uma configuração ultra-célebre em caso
de urgência na celebração de um contrato de locação ou de aquisição de bens móveis ou de aquisição
de serviços de uso corrente, desde que o preço contratual não exceda os limiares comunitários, a saber:

Estado 133.000€

Outra Unidade
Adjudicante 206.000€

Figura 5 - Concurso Público Urgente

É feito um anúncio no DR, onde as peças do concurso se encontram disponíveis aos interessados tal
como a disponibilidade para a prestação de esclarecimentos. As propostas apresentadas deverão ser
enviadas electronicamente para o portal referenciado (neste tipo de concurso é dispensada a
apresentação de caução). O prazo mínimo para a apresentação das propostas no âmbito de um
concurso público urgente é de 24 horas (desde que decorram em dias úteis). A adjudicação neste tipo
de procedimento é feita, obrigatoriamente, ao mais baixo preço.

4.3.3 Concurso por prévia qualificação

O concurso público e o concurso limitado por prévia qualificação estão colocados a par, sendo certo
que o código estabelece como regra geral a possibilidade de as entidades adjudicantes escolherem
livremente entre o concurso público e o concurso limitado.

A diferença entre um e outro está no facto de o concurso público ser aquele em que estão admitidas
todas as entidades que satisfaçam certos requisitos gerias estabelecidos na lei, e o concurso limitado
por prévia qualificação é aquele em que só podem apresentar propostas as entidades que após
qualificação são convidadas para o efeito pela entidade adjudicante.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

A principal novidade relativamente á antiga legislação é que agora com o CCP há duas formas de
proceder à qualificação dos concorrentes, introduzindo assim uma maior exigência ao nível da
qualificação dos candidatos em sede de concurso limitado e de procedimento de negociação.

-Modelo simples: todos os candidatos que preenchem os requisitos são qualificados, onde apenas de
verifica o preenchimento dos requisitos mínimos de capacidade técnica e de capacidade financeira
fixados no programa do procedimento.

-Modelo complexo (ou de selecção): qualificação efectuada segundo o critério da maior capacidade,
onde há uma selecção de um número pré-definido de candidatos qualificados segundo o critério da
maior capacidade técnica e financeira, através de um rigoroso modelo de avaliação das respectivas
candidaturas.

Ambos os modelos de qualificação garantem uma verdadeira e própria a avaliação das capacidades
técnicas e financeiras dos candidatos, implicando a emissão de um juízo valorativo sobre os mesmos,
não bastando apenas, como acontecia na antiga legislação uma mera verificação documental.

Como funciona ao certo, este tipo de concurso?

Neste tipo de concurso, os documentos destinados à qualificação devem ser encerrados em invólucro
opaco e fechado, no rosto do qual deve ser escrita a palavra «Candidatura», o nome ou a denominação
social do candidato, a designação do concurso e da entidade adjudicante.

Depois do termo do prazo fixado para a apresentação das candidaturas, o júri do concurso procede à
sua apreciação, qualificando os candidatos que, tendo apresentado as respectivas candidaturas
tempestivamente, cumpram os requisitos mínimos de capacidade técnica fixados nos termos de
referência (isto caso se trate de um modelo simples).

Efectuada a qualificação, o júri do concurso envia aos candidatos qualificados, em simultâneo, um


convite à apresentação dos trabalhos de concepção de acordo com as regras fixadas nos termos de
referência.

O relatório final do concurso deve ainda indicar, fundamentadamente, quais os candidatos a excluir,
quer por não preencherem os requisitos mínimos de capacidade técnica exigidos nos termos de

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

referência, quer por terem apresentado as respectivas candidaturas após o termo do prazo fixado para o
efeito.

Prazos

Prazos mínimos para a apresentação das propostas quando não houver publicidade internacional :

Empreitadas de Obras Públicas


Legislação 21 DIAS
Anterior
CCP 9 DIAS

Aquisição de Bens e Serviços

Legislação 12 DIAS
Anterior
CCP 9 DIAS

Figura 6 - Prazos mínimos nem publicação no JOUE

Prazos mínimos para a apresentação das propostas quando houver publicidade internacional, ou seja,
publicação do concurso no JOUE

Empreitadas de Obras Públicas

Legislação 39 DIAS
Anterior
CCP 30 DIAS

Aquisição de Bens e Serviços


Legislação 37 DIAS
Anterior
CCP 30 DIAS

Figura 7 - Prazos mínimos com publicidade no JOUE

Nota: Os prazos mínimos de 30 dias previstos no CCP poderão ser aumentados para 37 dias, quando
os anúncios não forem preparados nem enviados por meios electrónicos.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

4.3.4 Procedimento por negociação

O CCP apenas admite o recurso ao procedimento de negociação nos casos limitados em que as
directivas comunitárias o permitem.

Pode adoptar-se o procedimento por negociação para a celebração dos seguintes contractos (Art.29º):

Contratos de empreitada de obras públicas, contratos de locação ou de aquisição de bens


móveis e contratos de aquisição de serviços (publicado no JOUE)
Contratos cuja natureza ou condicionalismos da prestação impeçam a fixação prévia de um
preço base no caderno de encargos.
Contratos de empreitada de obras públicas a realizar apenas para fins de investigação, de
experimentação, de estudo ou de desenvolvimento (desde que a realização dessas obras não se
destine a assegurar a viabilidade económica das mesmas ou a amortizar os custos daqueles
fins).

4.3.5 Diálogo Concorrencial

Quando o contrato a celebrar é particularmente complexo, de difícil expressão por parte do


adjudicante no caderno de encargos, em que os termos da estrutura jurídica ou financeira não estão
suficientemente claros e precisos, não se pode adoptar o concurso público ou o concurso limitado por
prévia qualificação, pois o caderno de encargos não está definido.

Nestes casos, a entidade adjudicante coloca numa memória descritiva a sua ideia, o mais clara possível
e dispõem-se a aceitar/analisar/debater as propostas enviadas pelos potenciais interessados com vista á
definição do caderno de encargos; depois de discutido e estabilizadas ideias remete-se agora à sua
correcta elaboração, e aí este é lançado em concurso público.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

5 PROPOSTAS/ PEÇAS DE PROCEDIMENTO/TIPO DE PEÇAS

5.1 Peças de Procedimento

As peças dos procedimentos de formação de contratos são as seguintes (Art.40º do CCP):

a) No ajuste directo, o convite à apresentação das propostas e o caderno de encargos (sem prejuízo do
disposto no artigo 128º);

b) No concurso público, o programa do procedimento e o caderno de encargos;

c) No concurso limitado por prévia qualificação, o programa do procedimento, o convite à


apresentação das propostas e o caderno de encargos;

d) No procedimento de negociação, o programa do procedimento, o convite à apresentação das


propostas e o caderno de encargos;

e) No diálogo concorrencial, o programa do procedimento, o convite à apresentação das soluções, o


convite à apresentação das propostas, a memória descritiva e o caderno de encargos.

5.2 Documentos da Proposta

Os documentos que constituem a proposta são apresentados directamente em plataforma electrónica


utilizada pela entidade adjudicante, através de meio de transmissão escrita e electrónica de dados.
(Art.62º)

A proposta é constituída pelos seguintes documentos (Art.57º):

a) Declaração do concorrente de aceitação do conteúdo do caderno de encargos

b) Documentos que, em função do objecto do contrato a celebrar e dos aspectos da sua execução
submetidos à concorrência pelo caderno de encargos, contenham os atributos da proposta, de acordo
com os quais o concorrente se dispõe a contratar.

c) Documentos exigidos pelo programa do procedimento que contenham os termos ou condições,


relativos a aspectos da execução do contrato não submetidos à concorrência pelo caderno de encargos,
aos quais a entidade adjudicante pretende que o concorrente se vincule.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

d) Documentos que contenham os esclarecimentos justificativos da apresentação de um preço


anormalmente baixo, (se for caso disso), quando esse preço resulte, directa ou indirectamente, das
peças do procedimento.

Caso se trate de um contrato de empreitada ou de uma concessão de obras públicas, a proposta deverá
ser ainda constituída por:

a)Uma lista dos preços unitários de todas as espécies de trabalho previstas no projecto de execução.

b)Um plano de trabalhos, quando o caderno de encargos seja integrado por um projecto de execução.

c)Um projecto de execução quando este tiver sido submetido à concorrência pelo caderno de encargos.

Deveram também constar na proposta quaisquer outros documentos que o concorrente considere
importantes/relevantes e não estejam descriminados.

Todos os documentos sem excepção (quer sejam constituintes da proposta ou quer sejam documentos
de habilitação, por exemplo) devem estar redigidos em língua portuguesa. Se porventura, devido à
origem ou própria natureza do documento este se encontrar redigido em língua estrangeira, deve-se
fazer acompanhar da respectiva tradução, devidamente legalizada. (Art.58º, 82º)

Na anterior legislação lançavam o concurso sem recurso a erros e omissões, os concorrentes dessa
forma tinham que apresentar um preço mais elevado uma vez que “tinham que assumir os erros” que
pudessem existir.

5.3 Erros e Omissões do Caderno de Encargos

Até ao quinto sexto do prazo fixado para a apresentação das propostas, os interessados devem
apresentar ao órgão competente (na decisão de contratar), expressa e inequivocamente, os erros e
omissões do caderno de encargos encontrados que digam respeito, a:

a) Aspectos ou dados desconformes com a realidade

b) Espécie ou quantidade de prestações estritamente necessárias ao contrato elaborado

c) Condições técnicas de execução do objecto do contrato a celebrar que o interessado não considere
exequível/executável.

A apresentação destes Erros e Omissões suspende o prazo fixado para a apresentação de propostas
desde o termo do quinto sexto daquele prazo até à publicação da decisão, (não havendo decisão
expressa até ao termo do mesmo prazo) tal como demonstra o seguinte esquema:

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

Apresentação de Erros e Omissões por parte dos concorrentes

Resposta do DO

Figura 8 - Erros e omissões

Exemplo. Prazo da Obra 30 dias 1/6 = 5 dias

As listas com a identificação dos erros e omissões detectados pelos interessados devem ser
disponibilizados a todos os concorrentes.

Caso porventura o Dono de Obra não responda, prazo retoma no fim do prazo inicial (+ 1/6).

De quem é a responsabilidade, quando acontecem Erros e Omissões durante a construção? (Artº378)

A resposta varia de caso para caso, ora vejamos:

O Empreiteiro é responsável quando a detecção dos erros e omissões era possível na fase de concurso,
e estes não foram anteriormente reclamados na devida altura.

O Dono de Obra é responsável, nos casos em que estes (erros e omissões) foram reclamados em
concurso mas não foram aceites.

Caso de trate de Erros e Omissões só detectados em obra (solo rochoso ou um lençol de água por
exemplo) que mesmo com os estudos geotécnicos e geológicos não foi possível detectar, a
responsabilidade não é do Empreiteiro, excepto se este não reclamar em 30 dias após possibilidade de
detecção. Mas esta parte é relativa a “erros e omissões na fase na empreitada que analisaremos mais à
frente.

Caso essa detecção altere o preço base da empreitada:

É necessário publicar um novo anúncio e rectificar as peças, e deve ser concedido prorrogação de
prazo para apresentação da proposta, no mínimo, por período equivalente ao tempo decorrido desde o

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

inicio daquele prazo até à comunicação das rectificações ou à publicitação da decisão de aceitação de
erros ou de omissões. (Art.64ºnº2)

5.4 Deveres de informação entre o empreiteiro e dono de obra

Cada uma das partes deve informar de imediato a outra sobre quaisquer circunstâncias que cheguem
ao seu conhecimento e que possam afectar os respectivos interesses na execução do Contrato, de
acordo com as regras gerais de boa fé e competência existentes.

Quaisquer que sejam as circunstâncias (de força maior ou não),deverá ser comunicado de imediato
qualquer acção que seja “descoberta” atempadamente que possivelmente impeça o cumprimento no
disposto no caderno de encargos.

A outra parte deverá responder acerca das medidas tomadas que previsivelmente iram alterar a
execução dos trabalhos, no prazo de dez dias após a comunicação.

5.5 Elementos da solução da Obra (Art.43º)

O caderno de encargos do procedimento de formação de contratos de empreitada de obras públicas


deve ser integrado pelos seguintes elementos da solução da obra a realizar:

Programa
Projecto de Execução

Quando a obra assume uma complexidade relevante ou sejam utilizadas técnicas, métodos ou
materiais de construção inovadores, não utilizados frequentemente, a entidade adjudicante deverá
proceder à revisão do Projecto de Execução.

As regras previstas no CCP obrigam a que o Projecto de Execução seja acompanhado sempre que se
revele necessário de:

Levantamentos topográficos e análises de campo


Estudos ambientais, acompanhado da eventual declaração de impacte ambiental
Estudos de impacte social, económico ou cultural
Estudos e respectivos resultados dos ensaios feitos em laboratório

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

6 CONTRATO

6.1 Poderes do Contraente Público

Segundo o Art.302º do CCP, o contraente público pode, nos termos do disposto no contrato e no
presente Código:

Dirigir o modo de execução das prestações


Fiscalizar o modo de execução do contrato
Modificar unilateralmente as cláusulas respeitantes ao conteúdo e ao modo de execução das
prestações previstas no contrato por razões de interesse público
Aplicar as sanções previstas para a inexecução do contrato
Resolver unilateralmente o contrato

Estes poderes enumerados anteriormente salientam a capital importância do contraente público no


decorrer da obra, nomeadamente obras públicas, atenta a natureza dos poderes inerentes aos contratos
administrativos e aos reflexos da utilização desses poderes que podem ter como influência ao nível do
plano de trabalhos. Esta alteração pode ter como origem os poderes referidos do contraente público ou
ser consequência do incumprimento ao plano de trabalhos por parte do empreiteiro. Estas alterações e
consequências ao plano de trabalhos, irão ser analisadas com maior detalhe no decorrer do presente
trabalho.

6.2 Ajustamentos ao conteúdo do contrato a celebrar

Após a adjudicação e antes da celebração do contrato, a entidade contratante pode propor ajustamentos
ao conteúdo do contrato a celebrar, desde que estas alterações resultem de exigências de interesse
público, e seja objectivamente demonstrável que a ordenação dos concorrentes não seria alterada se os
ajustamentos propostos tivessem sido reflectidos em qualquer das propostas (Art.99):

A alteração/violação dos parâmetros anteriormente definidos no caderno de encargos, e dos


aspectos relativos á execução da obra, devido ao facto de estes não terem sido apresentados
aos restantes concorrentes.
Inclusão de soluções apresentadas por outros concorrentes na fase de concurso.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

6.3 Modificação objectiva do contrato

Segundo o Art.311º e 312º do presente código, o contrato pode ser modificado com os seguintes
fundamentos:

“Por acordo entre as partes, que não pode revestir forma menos solene do que a do contrato”
“Por decisão judicial ou arbitral”
“Quando as circunstâncias em que as partes fundaram a decisão de contratar tiverem
sofrido uma alteração anormal e imprevisível, desde que a exigência das obrigações por si
assumidas afecte gravemente os princípios da boa fé e não esteja coberta pelos riscos
próprios do contrato”
“ Por razões de interesse público, decorrentes de necessidades novas ou de uma nova
ponderação das circunstâncias existentes”

O importante a reter será de todos estes pontos é que “a modificação não pode conduzir à
alteração das prestações principais abrangidas pelo objecto do contrato nem configurar uma
forma de impedir, restringir ou falsear a concorrência garantida pelo disposto no presente
código relativamente à formação do contrato” (Art.313º do CCP)

Além disso “ a modificação só é permitida quando seja objectivamente demonstrável que a


ordenação das propostas avaliadas no procedimento de formação do contrato não seria
alterada se o caderno de encargos tivesse contemplado essa modificação.” (Art.313º do CCP)

6.4 Consequências das modificações contratuais

O empreiteiro tem direito à reposição do equilíbrio financeiro, sempre que o fundamento para a
modificação do contrato seja (Art.314º):

Uma alteração anormal e imprevisível derivada de uma consequência de decisão e/ou


alteração do dono da obra que tenha repercussões específicas na situação contratual. Isto é,
sempre que o dono de obra introduza alterações ao contrato celebrado tem de ser responsável
por essas modificações, logo se dessas modificações surgir uma alteração anormal e
imprevisível o empreiteiro tem o direito à reposição financeiro.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

Razões de interesse público, ou seja, o contrato pode ser sempre modificado quando o
interesse público assim o justificar, mas o empreiteiro não tem responsabilidade por essa
alteração logo tem direito à reposição do equilíbrio financeiro.

Em casos de se tratar de uma alteração anormal e imprevisível das circunstâncias, terá de ser proceder
a uma compensação financeira, segundo os critérios de equidade, isto é será feita de uma forma justa
salvaguardando os interesses das duas partes (dono de obra e empreiteiro) (Art.314º), nem poderá ser
alterada com o decorrer dos trabalhos, tal como vemos através do ponto 6 do Art.282º “A reposição do
equilíbrio financeiro não pode colocar qualquer das partes em situação mais favorável do que a que
resultava do equilíbrio financeiro inicialmente estabelecido, não podendo cobrir eventuais perdas que
já decorriam desse equilíbrio ou eram inerentes ao risco próprio do contrato.

Essa “compensação financeira” a favorecer o co-contratante (empreiteiro), será feita “tendo em conta
a repartição do risco entre as partes, o facto invocado como fundamento desse direito altere os
pressupostos nos quais o co-contratante determinou o valor das prestações a que se obrigou, desde
que o contraente público conhecesse ou não devesse ignorar esses pressupostos”. (Art.282º do CCP)
,só neste caso é o empreiteiro terá direito a uma indemnização.

Segundo a FEPICOP depois de adjudicado, não deveria ser ainda admissível a introdução de
ajustamentos ao conteúdo do contrato a celebrar, tanto mais que estes ajustamentos ocorrem à
posteriori, depois de estar concretizada a adjudicação e, portanto, já depois de ouvidos os demais
concorrentes, por essa mesma razão consideram que essa possibilidade não cumpre os requisitos gerais
em termos de garantias de imparcialidade e igualdade dos concorrentes, pelo que deveria ser
eliminada.

A manter-se uma norma sobre esta matéria entendem que a mesma deve ser enunciada de modo a que
o princípio seja o da impossibilidade de acordar ajustamentos ao contrato salvo situações
excepcionais.

Por outro lado caso haja um acréscimo anormal e imprevisível dos benefícios financeiros para o co-
contratante desde que este ultimo não tenha uma “acção directa” nesse benefício, há uma partilha
equitativa desses benefícios.

“Nos contratos que configurem uma parceria pública-privada, sempre que ocorrer um acréscimo
anormal e imprevisível dos benefícios financeiros para o co-contratante que não resulte da sua
eficiente gestão e das oportunidades por si criadas, há lugar à partilha equitativa desses benefícios
entre o co-contratante e o contraente público.” (Art.341º)

Por tudo o que foi dito, conclui-se que a “alteração anormal e imprevisível” é um termo de difícil
compreensão porque não é unânime para toda a gente, pois muitos podem considerar que essa

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

alteração é anormal mas previsível e que deveria ter sido logo contemplada no projecto, e no
respectivo plano de trabalhos.

O CCP é um código relativo ao ano de 2008 logo as obras de empreitada abrangidas pela sua alçada
ainda são reduzidas, como tal não existem decisões de tribunais conhecidas sobre esta matéria.

De seguida apresentamos alguns exemplos (retirando excertos) de decisões tomadas em tribunal, pela
antiga legislação em vigência, justificados como sendo do foro da “alteração anormal e imprevisível
das circunstâncias de trabalho”.

Estes exemplos servem apenas para nos ajudarem a compreender o que pode ser considerado como
alteração anormal e imprevisível.

1ºExemplo:

(Ac STA nº0739/04, de 08 de Março 2005, internet)

“Num contrato celebrado entre uma autarquia e um arquitecto para elaboração de um projecto de
tanques de aprendizagem de natação, com uma área de 800 m2, em que foi estabelecida uma cláusula
segundo a qual só haveria revisão de honorários na parte relativa à assistência técnica de acordo com o
valor final da obra, não pode esta cláusula impedir, em face da alteração do projecto, posterior à
celebração do contrato, para uma área de construção de 1400 m2, a revisão dos honorários”.

O contrato em causa nada disse relativamente à revisão de honorários decorrente da alteração do


projecto, pelo que, nos termos do disposto no artigo 239.º, "na falta de disposição especial, a
declaração negocial deve ser integrada de acordo com a vontade real que as partes teriam tido se
houvessem previsto o ponto omisso, ou de acordo com os ditames da boa fé, quando outra seja a
solução por eles imposta".

O equilíbrio em que é feito o contrato tem de ser mantido desde o início até ao fim do contrato.

Se o dono da obra praticar ou der causa a facto donde resulte maior dificuldade na execução da obra,
com agravamentos dos encargos respectivos, o empreiteiro tem o direito à reposição do equilíbrio
financeiro.

(Para mais informações sobre este caso consultar http://www.dgsi.pt/)

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

2ºExemplo:

(Ac STA nº 01031/02, de 19 de Fevereiro 2003, internet)

“…tendo ocorrido um raro fenómeno geotécnico que não fora previsto por qualquer das partes, nem se
mostrava previsível, mesmo por especialistas, tal integrava facto que não podia ser imputável ao
empreiteiro, por constituir uma alteração anormal e imprevisível das circunstâncias em que
assentou o contrato, fora pois do risco normal da execução do mesmo.”

Segundo o CCP (Art.314 nº2) nos casos de alteração anormal e imprevisível das circunstâncias que não
sejam imputáveis ao empreiteiro nem ao dono de obra estas conferem direito à modificação do
contrato ou a uma compensação financeira, segundo critérios de equidade

O que podemos concluir depois da análise destes dois exemplos, é que um dos princípios
fundamentais da disciplina legislativa dos contratos é o princípio da confiança que tem
obrigatoriamente de haver entre o dono de obra e o empreiteiro, que terá de ser sempre enformada pelo
princípio da boa fé, pois que este princípio deve acompanhar toda a vida do contrato, desde a sua
celebração.

Obrigação de Transparência (Art.315º)

Os actos administrativos do contraente público ou os acordos entre as partes que impliquem


modificações objectivas do contrato de valor acumulado superior a 15% do preço contratual devem ser
publicitados no portal da Internet até seis meses após a extinção do contrato.

Tal publicação é condição de eficácia dos actos administrativos ou acordos modificativos,


nomeadamente para efeitos de quaisquer pagamentos.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

6.5 Extinção do Contrato em Geral

Segundo o Art.330º do CCP as causa para a extinção do contrato são:

O cumprimento, a impossibilidade definitiva e todas as restantes causas de extinção das


obrigações reconhecidas pelo direito civil;
A revogação;
A resolução, por via de decisão judicial ou arbitral ou por decisão do contraente público.

As Resoluções do Contrato podem se feitas:

Por iniciativa do co-contratante (Art.332º)


Resolução Sancionatório (Art.333º)
Resolução por razões do interesse público (Art.343º)

6.5.1 Revogação

Se ambas as partes que constituem o Contrato estiverem de acordo podem revogar o contrato em
qualquer altura, e os valores e prazos que fiquem acordados devem ser validamente fixados no
contrato.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

7 PLANO DE TRABALHOS

7.1 Constituição e definição de Plano de Trabalhos

O Plano de trabalhos é constituído pelo:

Programa de Trabalhos
Programa de Recursos
Cronograma Financeiro

Nos termos do disposto no nº 1 do artigo 361º do CCP, o plano de trabalhos “destina-se, com respeito
pelo prazo de execução da obra, à fixação da sequência e dos prazos parciais de execução de cada
uma das espécies de trabalhos previstas e à especificação dos meios com que o empreiteiro se propõe
executá-los, bem como à definição do correspondente plano de pagamentos “.

De que forma é dirigido o Plano de Trabalhos?

Dono de Obra

Interesse Público

Empreiteiro

Subempreiteiro

Figura 9 - “Hierarquia” no Plano de Trabalhos

Tal como vemos através do esquema, é o dono de obra que tem o maior poder durante o decorrer dos
trabalhos, no entanto há que salientar que “acima” do dono de obra está a “Importância

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

Pública”/”Interesse Público”, por isso é seu dever cívico preservar primeiro os interesses públicos e só
depois os seus próprios interesses e dos demais. É o Interesse público que provoca a “alavanca” que
existe entre os outros três elementos, que faz com que estes estejam interligados.

7.2 Objectivo do Plano de Trabalhos e Relação Plano de Trabalhos/Plano de Pagamentos

Tal como podemos ver através da definição transcrita do CCP, o plano de trabalhos está
invariavelmente ligada ao plano de pagamentos.

O plano de trabalhos servirá assim de base à definição do plano de pagamentos e deverá,


nomeadamente, obedecer à seguinte metodologia:

Definir com precisão as datas de início e fim da empreitada, bem como a sequência,
escalonamento no tempo, intervalo e ritmo de execução das diversas espécies de trabalho,
distinguindo as fases que porventura se considerem vinculativas e a unidade de tempo que
serve de base à programação;
Indicar as quantidades e a qualificação profissional da mão-de-obra necessária, em cada
unidade de tempo;
Indicar as quantidades e natureza do equipamento necessário, em cada unidade de tempo;
Especificar quaisquer outros recursos, exigidos ou não neste Caderno de Encargos, que serão
mobilizados para a realização da obra;
Não subverter o plano de trabalhos entregue na fase de concurso, se tal tiver sido exigido.

O plano de pagamentos deverá conter a previsão, quantificada e escalonada no tempo, do valor dos
trabalhos a realizar pelo empreiteiro, na periodicidade definida para os pagamentos a efectuar pelo
Dono da Obra, de acordo com o plano de trabalhos a que diga respeito.

Em termos gerais, para que não surjam “problemas de maior” sempre que durante o decorrer da
empreitada, haja necessidade de alterar o plano de trabalhos, essa alteração apenas deverá ser aceite
caso dela não resulte prejuízo para a obra, prorrogação dos prazos de execução ou alteração do plano
de pagamentos, exceptuando-se os casos em que o empreiteiro tenha efectivamente direito a
prorrogações de prazo nos termos estabelecidos na Lei. No entanto há casos que “fogem” um pouco á
regra, em que poderá haver necessidade de alterar o plano de trabalho sem se poder prorrogar o prazo
da obra por exemplo, no entanto já analisaremos esse casos um pouco mais á frente.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

7.3 Cumprimento/Desvio do Plano de Trabalhos

“A execução dos trabalhos inicia-se na data em que começa a correr o prazo de execução da obra”
(Art.363º)

Segundo a FEPICOP esta frase deveria ter uma pequena “continuidade”, isto é uma vez que o prazo de
execução nem sempre se começa a contar da data da consignação da obra, a FEPICOP aconselha a
alterar a parte final da presente alínea acrescentando “…ou da data da aprovação do plano de
segurança e saúde caso esta seja posterior”. (Art.362 nº1)

Quando existe um desvio ao plano de trabalhos que ponham em causa o cumprimento dos prazos de
execução finais ou parcelares, o dono de obra deve notificar o empreiteiro para este apresentar um
plano de trabalhos modificado. Neste novo plano de trabalhos devem estar presentes todas as
alterações promovidas, tendo em vista a recuperação do atraso verificado. Neste processo o dono de
obra deve conceder um prazo de 10 dias para o empreiteiro lhe entregar este plano de trabalhos
modificado.

“Em caso de desvio ao plano de trabalhos…dono da obra deve notificar o empreiteiro para
apresentar num prazo de 10 dias um plano de trabalhos modificado…” (Art.404º,nº1 do CCP)

No caso do empreiteiro não responder à notificação de 10 dias referida anteriormente, o dono da obra
deve elaborar um novo plano de trabalhos e notificar o empreiteiro. Este novo plano de trabalhos deve
ser acompanhado de uma memória descritiva que ateste a sua exequibilidade.

Se os desvios persistirem, seja relativamente ao plano de trabalhos modificado pelo empreiteiro, seja
relativamente ao plano de trabalhos notificado pelo dono da obra nos termos do número anterior,
poderá este “tomar a posse administrativa das obras, bem como dos bens móveis e imóveis à mesma
afectos”, ficando a obra “por sua conta” podendo assim trabalhar directamente ou encarregar terceiros
para a continuação da execução da obra (Art.404º nº3)

Na ocorrência de um desvio injustificado ao plano de trabalhos, o empreiteiro deve ser considerado


responsável perante o dono de obra e perante terceiros por danos causados provenientes da
modificação ao plano de trabalhos.

“…o empreiteiro é responsável perante o dono de obra ou perante terceiros pelos danos decorrentes
do desvio injustificado dos planos de trabalhos…” (Art.404º,nº4)

Segundo a FEPICOP se é certo que há contraentes públicos com adequada ponderação, competência
técnica e experiência, também não é menos verdade que tal nem sempre sucede, realidade que importa
ter presente e que é apontada pela Ordem dos Engenheiros, nos seguintes termos, como uma das
causas dos desvios de custos e de prazos nas empreitadas de obras públicas:

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

“Os donos de obra sujeitos ao regime jurídico das empreitadas de obras públicas, estimados em mais
de 5.000, não estão, na sua maioria, habilitados com técnicos com competências para a definição dos
programas preliminares dos projectos, identificação do âmbito dos trabalhos, contratação dos
projectos, seu acompanhamento e lançamento dos concursos para contratação das empreitadas (...)”

Posto isto, o que se pretende dizer de uma forma mais simples é que, os poderes das partes envolvidas
na celebração de um contrato de direito administrativo não são idênticos e também por razões de
segurança e certeza jurídicas, a FEPICOP considera imperioso que a regulação de aspectos em que
deveria existir uniformidade de procedimentos esteja definida na “falta” de “liberdade contratual”

7.4 Causas para a Alteração do Plano de Trabalhos

Podemos distinguir dois grandes grupos relativamente aos factores que levam à alteração do plano de
trabalhos:

“Alteração Imputável”- decorrente da acção ou omissão de negligência, imperícia, imprudência ou


imprevidência quer do Dono de Obra quer do empreiteiro

“Alteração Não Imputável”- decorrente da imprevisão, ocorrência de eventos novos,


imprevistos/imprevisíveis, circunstâncias supervenientes. Dentro destas podemos distinguir:

Causas de Força Maior: evento decorrente da acção humana que possa impedir a
continuidades dos trabalhos como greves, revoluções, guerras.
Causas Fortuitas: evento decorrente das forças da natureza como por exemplo um
tornado, um sismo, uma tempestade.

Os mais comuns que acontecem são sem dúvida os de “Alteração Imputável” tanto associada ao dono
de obra como ao empreiteiro, por variadíssimas razões/causas, (uma das mais comuns é sem duvida a
omissão ou atraso de providências a cargo da Entidade Adjudicatária, inclusive quanto aos
pagamentos, pois este podem dar origem à suspensão da obra e estes consequentemente à alteração
dos planos) mas nem sempre as alterações são “forçadas” por culpa de alguém, algumas são
propositadas e em plena consciência dos seus intervenientes como são os casos de:

Diminuição do ritmo de trabalho por ordem ou interesse da Entidade Adjudicante (diminuição


do pessoal disponível para os trabalhos, por exemplo), provocando consequentemente a
alteração do plano de trabalhos.
Aumento das quantidades de trabalho previstas inicialmente
Repetição/substituição de construções/equipamentos respectivamente com “deficiências”, em
que o empreiteiro terá a obrigação de corrigir caso seja exigido pelo dono de obra, sem custos
adicionais, contudo este pode rejeitar, no entanto a possível renúncia do empreiteiro em

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

proceder à alteração, o dono de obra poderá exigir a redução do preço a pagar e terá direito a
uma indemnização (caso se prove que este tinha “razão”, obviamente)

Outros pontos importantes a reter são:

O dono de obra pode modificar em qualquer momento o plano de trabalhos em vigor por razões
de interesse público.

“Modificar unilateralmente as cláusulas respeitantes ao conteúdo e ao modo de execução das


prestações previstas no contrato por razões de interesse público” (Art.302º)

Neste caso, o empreiteiro tem direito à reposição do equilíbrio financeiro do Contrato em função dos
danos sofridos em consequência dessa modificação, mediante reclamação a apresentar no prazo de 30
dias a contar da data da notificação dessa mesma alteração.

“Se o dono da obra praticar ou der causa a facto donde resulte maior dificuldade na execução da
obra, com agravamentos dos encargos respectivos, o empreiteiro tem o direito à reposição do
equilíbrio financeiro. O direito à reposição do equilíbrio financeiro previsto no número anterior
caduca no prazo de 30 dias a contar do evento que o constitua ou do momento em que o empreiteiro
dele tome conhecimento, sem que este apresente reclamação dos danos correspondentes nos termos
do número seguinte, ainda que desconheça a extensão integral dos mesmos” (Art.354º).

Essa reclamação deverá ser feita através de um requerimento no qual deverá expor os seus
fundamentos, conjuntamente com documentos/meios de prova que ache convenientes (Art.354º CCP)

Segundo a FEPICOP este “direito” do dono de obra” equivale a permitir que possa ser o dono de obra
a ditar a sua vontade", acrescentando ainda que desta forma “o Código abre as portas à
discricionariedade, potencia desequilíbrios e gera litigiosidade acrescida entre donos de obras,
empresas de construção e demais intervenientes no processo construtivo”.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

Questões
de Indefenições
Segurança no Projecto
Razões de
Interesse
Público Causas
devido a
terceiros

Diminuição
do Ritmo de
Alteração
Trabalho ao Causas de
Força
Maior
Plano de
Trabalhos
Aumento
das
quantidades Suspensão
de trabalho dos
trabalhos
Causas Erros e
Fortuitas Omissões

Figura 10 - Alteração Plano de Trabalhos

Poderá haver uma alteração do plano de trabalhos sem prorrogação do prazo de execução da obra?

Sim, pode. Se houver um acordo entre o Dono de Obra e o Empreiteiro, esta é uma situação possível.
Analisando o Art.371º do CCP “ empreiteiro tem a obrigação de executar os trabalhos a mais, desde
que tal lhe seja ordenado por escrito pelo dono da obra e lhe sejam entregues as alterações aos
elementos da solução da obra necessárias à sua execução, quando os mesmos tenham integrado o
caderno de encargos relativo ao procedimento de formação do contrato”, vemos que estas alterações
não constavam do caderno de encargos logo podem ser rejeitadas pelo empreiteiro. Correcto, no
entanto se caso este disponha de meios humanos e técnicos para realizar o trabalho no tempo
estabelecido, poderá negociar um novo plano de pagamentos com o Dono de Obra, onde neste caso
como de trata de um “favor” ao Dono de Obra (uma vez que este não pode prolongar o prazo de
execução dos trabalhos), estará em melhor posição de negociação, podendo assim fechar um contrato
em termos económicos muito “vantajoso”, uma vez que não há limite salarial de contratos desta
espécie.

Toda a alteração ao plano de trabalhos, tal como ao plano de pagamentos ou á prorrogação do prazo da
obra deverá ser justificada por escrito.

No entanto, posto isto, imaginemos um caso:

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

O plano de trabalhos está devidamente traçado e a ser seguido ao mínimo pormenor, no entanto o
empreiteiro conhece uma técnica, utilizando por exemplo um “novo” recurso ainda desconhecido à
maioria dos construtores, que lhe garante um trabalho tanto ou mais eficiente que aquele que estava
proposto, gastando apenas 60% (por exemplo) do orçamento previsto, conseguido ainda reduzir o
tempo estimado para essa tarefa…este aspecto terá que ser comunicado ao dono de obra?

É uma questão ambígua, e que provavelmente não tem resposta concreta no CCP, pois este abrange
mais a alteração ao plano de trabalhos com o respectivo aumento dos encargos/custos, deixando
praticamente da parte o inverso, inverso esse que embora em menor escala naturalmente, poderá
também ocorrer.

No CCP há um artigo que nos fala em “Prémios por cumprimento antecipado”, que apresentamos de
seguida:

“Salvo quando a natureza do contrato ou a lei não o permitam, o contraente público pode atribuir ao
co-contratante prémios por cumprimento antecipado das prestações objecto do contrato”.
“A possibilidade de atribuição de prémios a que se refere o número anterior, as condições da sua
atribuição e o respectivo valor devem constar do contrato” (Art.301º)

Neste cenário, cabe ao empreiteiro “fazer as contas”, analisar a situação que lhe seja mais “vantajosa”,
“pesando os prós e os contras”. No entanto como sabemos, na maioria dos contratos isto não acontece,
provavelmente nesse caso o empreiteiro optará por não comunicar nada, visto que afinal de contas
apenas se trata de uma “optimização dos recursos por parte do empreiteiro”, e este tem (a nosso ver) o
direito de não se sentir na obrigação de partilhar os benefícios com o dono de obra, desde que
realmente garante com eficácia o trabalho, há partida não será visto nenhum problema nem nenhuma
contra-ordenação.

Outra questão que propusemos/debatemos/discutimos em grupo foi a de que forma a legislação, ou


melhor, uma alteração na legislação no decorrer nos trabalhos poderá alterar o plano de trabalhos, por
exemplo em favor de uma prorrogação do prazo (neste caso em favor do empreiteiro).

Esta também é uma questão de resposta complexa, pois tudo depende da “actualização que é feita na
legislação”, isto é, em regra como o contrato já fechado e o plano de trabalhos definido nada trará de
novo, no entanto caso no “lançamento do novo artigo/decreto” diga realmente que é “para ser
cumprido em todas as obras, mesmo nas que estão neste momento em vigor”, pode assim constituir
mais um motivo da alteração ao plano de trabalhos.

Conforme se depreende de tudo o que foi escrito, o que pretendemos concluir é que não obstante à
elaboração de um plano de trabalhos nos moldes legais, com nível de detalhamento adequado,
prorrogações dos prazos da obra previstos no contrato, seja por responsabilidade do contratante ou
alteração de projecto, seja por motivos alheios às vontades das partes, como caso fortuito ou força

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

maior. As mudanças existentes de projecto contratual são comuns em todos os contratos e até
esperadas, principalmente tratando-se de contratos de grandes construções de engenharia. A princípio,
não há nada de errado nisso. Tanto é que o próprio CCP prevê e regulamenta isso, através dos artigos
relacionados com “Erros e Omissões” e “Trabalhos a mais”

Em jeito conclusivo a principal ideia a reter é que: “O ideal é que não haja alteração do Plano de
Trabalho”, mas há situações não previstas que, para não comprometer a eficácia do projecto, podem
ser solicitadas.

7.5 Consequências da Alteração do plano de trabalhos

A alteração do plano de trabalho trará consequências muitas das vezes graves, tanto para o
adjudicatário (dono de obra) como para o adjudicante (empreiteiro), tais como:

Aplicação de
Multas
Intimidatórias

Aumento de Advertências
Prazos da verbais ou
Empreitada escritas

Consequências da
alteração do
Aumento de Plano de Trabalhos Suspensão
Preços Provisória da
Obra

Rescisão
Aplicação Unilateral ou
de Multas Administrativa do
Contrato

Figura 11 - Consequências alteração do plano de trabalhos

Distingue-se aqui “Multas Intimidatórias” de “Multas”, pois no caso das primeiras, essas apenas
servem para “alertar” o empreiteiro que “deveria estar mais adiantado nos trabalhos”, pois este caso
consiga acabar os trabalhos no tempo estipulado no contrato ser-lhe-á devolvido todo esse montante
relativo a essas impugnações. As outras são relativas a atrasos finais na execução da obra e essas já
não terão possibilidade de serem reavidas por parte do empreiteiro.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

Muitas vezes há necessidade de modificação no Plano de Trabalho original (tal como já afirmámos
no artigo anterior)

7.6 Plano de Trabalhos Ajustado

Nos termos do disposto no nº 3 do artigo 361º do CCP, o plano de trabalhos “O plano de trabalhos
constante do contrato pode ser ajustado pelo empreiteiro ao plano final de consignação apresentado
pelo dono de obra”

Esse mesmo plano de trabalhos ajustado “carece de aprovação pelo dono de obra, no prazo de cinco
dias após a notificação do mesmo pelo empreiteiro, equivalendo o silêncio a aceitação”. (nº5,art.361º
do CCP)

O plano de trabalhos ajustado não pode implicar a alteração do preço contratual, nem a alteração do
prazo de conclusão da obra nem ainda alterações aos prazos parciais definidos no plano de trabalhos
constante do Contrato, para além do que seja estritamente necessário à adaptação do plano de
trabalhos ao plano final de consignação.

O CCP não estabelece o prazo para apresentação pelo empreiteiro do plano de trabalhos ajustado,
impõe apenas que o procedimento de ajustamento do plano deve estar concluído antes da consignação
da empreitada. Se deste ajustamento, resultar algum agravamento dos encargos do empreiteiro, em
relação aos que poderia incorrer caso fosse cumprido o plano de trabalhos constante do contrato, o
empreiteiro tem direito de reclamar a reposição do equilíbrio financeiro (caso a responsabilidade por
causa desse ajustamento no tenha sido da autoria do empreiteiro, naturalmente).

Esta reposição do equilíbrio financeiro por agravamento dos custos na realização da obra está prevista
no Código dos Contratos Públicos através do artigo 354º (tal como já foi falado anteriormente). Este
reequilíbrio financeiro acontece quando o dono de obra provoca uma maior dificuldade na execução
da obra e respectivo aumento dos encargos financeiros, nestas circunstâncias, o empreiteiro tem direito
à reposição do equilíbrio financeiro.

Seguindo-se a execução dos trabalhos preparatórios ou acessórios, trabalhos estes que terão de ser
realizados nas condições previstas na lei, no caderno de encargos, no contrato e nos seus eventuais
ajustamentos. Os trabalhos preparatórios e acessórios compreendem nomeadamente trabalhos de
construção, montagem do estaleiro, trabalhos para garantir a segurança de pessoas e bens, etc. O
referido anteriormente é sustentado pelo artigo 350º que passamos a citar:

“Na falta de estipulação contratual, o empreiteiro tem obrigação de realizar todos os trabalhos que,
por natureza, por exigência legal ou segundo o uso corrente, sejam considerados como preparatórios
ou acessórios à execução da obra…”

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

7.7 Trabalhos a mais

Os trabalhos a mais são modificações objectivas relativamente a trabalhos cuja espécie ou quantidade
não estejam previstas no contrato. Para que tal se verifique são necessárias certas condições, tais como
(Art.370º do CCP):

“Se tenham tornado necessários à execução da mesma obra na sequência de uma


circunstância imprevista”
“Não possam ser técnica ou economicamente separáveis do objecto do contrato sem
inconvenientes graves para o dono da obra ou, embora separáveis, sejam estritamente
necessários à execução da obra.”

A execução dos trabalhos a mais só pode ser ordenada mediante certas condições presentes na sua
determinação:

O preço de todos os trabalhos a mais, deduzido o preço dos trabalhos a menos


(independentemente de serem da mesma espécie) não pode exceder 5% do preço contratual.
Este limite de 5%, pode ser aumentado para 25% em caso de as obras serem de características
de imprevisibilidade, nomeadamente obras marítimas-portuárias ou de complexidade
geológica (túneis, por exemplo)
A soma do valor dos trabalhos a mais, deduzido o preço dos trabalhos a menos, e de trabalhos
de suprimento de erros e omissões, não pode exceder 50% do preço contratual.

Uma das críticas apontadas ao CCP, tanto pela FEPICOP como por outros oradores/juristas, (tal
como já relatámos neste trabalho) é o facto de permitir que a compensação dos trabalhos a mais
com os trabalhos a menos não tenha que obedecer ao facto de serem da mesma espécie, apontada
como uma “generosidade” do CCP.

A FEPICOP afirma em relação ao limite de 5% de trabalhos a mais que é "manifestamente


impraticável na grande maioria das obras"

7.7.1 Obrigação de execução dos trabalhos a mais

A obrigação de execução dos trabalhos a mais, está prevista no CCP através do artigo 371º. Neste
mesmo artigo constata-se que a o empreiteiro tem obrigação de executar os trabalhos a mais, nestes
casos o empreiteiro deve ser notificado por escrito por parte do dono da obra, nesta notificação devem
estar presentes todas as modificações aos elementos de solução da obra imprescindíveis à execução
dos trabalhos.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

“O empreiteiro tem obrigação da execução dos trabalhos, desde que tal lhe seja ordenado por escrito
pelo dono de obra…” (Artigo 371º,nº1)

O empreiteiro não está obrigado à execução dos trabalhos a mais, caso:

Opte por exercer o direito de resolução do contrato


Os trabalhos sejam de espécie diferente dos previstos no contrato
Os trabalhos, apesar de serem da mesma espécie, sejam executados em condições diferentes,
pois o empreiteiro poderá não possuir meios humano e/ou técnicos para dar resposta ao que
lhe foi proposto

Em caso de recusa na execução dos trabalhos o empreiteiro deve reclamar perante o dono de obra,
tendo este um prazo de 10 dias para responder à reclamação. Contudo aquando da recepção da ordem
do dono de obra para execução dos trabalhos a mais, o empreiteiro tem também um prazo de 10 dias
para reclamar fundamentadamente. (Art.372º)

O dono de obra pode considerar sem fundamento a resposta por parte do empreiteiro para a recusa dos
trabalhos a mais, neste caso:

O dono de obra pode notificar o empreiteiro com 5 dias de antecedência para a execução dos
trabalhos a mais
Optar pela execução dos trabalhos a mais, directamente ou por intermédio de terceiros

Quando o empreiteiro tenha sido notificado com 5 dias de antecedência por parte do dono de obra,
conforme referido anteriormente, e o empreiteiro optar pela não execução dos trabalhos, o Dono de
Obra poderá sem o prejuízo de resolução de contrato aplicar sanções/multas ao empreiteiro por cada
dia de atraso, em valor correspondente a 1‰ do preço contratual, ou optar pela execução dos trabalhos
a mais, directamente ou por intermédio de terceiro (Art.372º nº4)

7.7.2 Preço e Prazo de Execução dos Trabalhos a mais

Na ausência de estipulação contratual é necessário estabelecer o preço e prazo de execução dos


trabalhos a mais, tal está estabelecido no artigo 373º do CCP.

Se estivermos na presença de trabalhos a mais da mesma espécie e em condições semelhantes dos


previamente previstos no contrato são aplicáveis o preço e prazo estabelecidos no plano de trabalhos.
Caso estejamos na presença de trabalhos de espécie diferente ou da mesma mas em condições
diferentes, o novo prazo e preço de execução dos trabalhos a mais deve ser proposto pelo empreiteiro,
este terá um prazo de 10 dias para apresentar a proposta ao Dono de Obra a contar da data em que
houve a notificação.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

O Dono de Obra por seu lado, caso considere a proposta do empreiteiro “abusiva” tem um prazo de 10
dias para apresentar uma “contra-proposta”, caso não envie nenhuma comunicação ao empreiteiro,
considera-se que a proposta enviada pelo empreiteiro foi aceite.

Não havendo acordo das partes envolvidas, os trabalhos são realizados com base na contra-proposta
do dono de obra, sendo a situação final relativa a este desacordo resolvida por arbitragem sobre a
matéria ou judicialmente.

Depois de definidos todos os termos e condições a que deve obedecer a execução dos trabalhos a mais,
(ainda que mesmo em desacordo) estes devem ser redigidos e formalizados por escrito por parte tanto
do empreiteiro como do dono de obra.

7.8 Execução de trabalhos de Erros e Omissões

Em primeiro lugar vamos tentar definir o que entendemos por cada um dos termos:

Erro: Incorrecta quantificação no projecto ou no mapa de medições de um trabalho


indispensável à execução da empreitada
Omissão: Trabalho indispensável à execução da empreitada, mas que não consta do projecto,
ou que não consta para efeito de remuneração ao empreiteiro no mapa de medições

No que respeita ao âmbito de aplicação dos erros e omissões no CCP, este alargar o conceito de erros e
omissões a todo o conteúdo do caderno de encargos e às condições físicas dos locais de realização das
obras.

O empreiteiro tem a obrigação de executar todos os trabalhos de suprimento e erros e omissões que lhe
sejam ordenados pelo dono de obra, desde que lhe sejam ordenados por escrito e com todos os
elementos necessários e indispensáveis ao efeito, salvo quando a elaboração do projecto seja da
responsabilidade do empreiteiro. Este tipo de trabalhos só pode ser ordenado caso estes não
ultrapassem os 50% do preço contratual.

“Só pode ser ordenada a execução de trabalhos de suprimento de erros e omissões quando o
somatório do preço atribuído a tais trabalhos com o preço de anteriores trabalhos de suprimento de
erros e omissões e de anteriores trabalhos a mais não exceder 50% do preço contratual ” (Art.376º nº3
do CCP)

Poderá não existir necessidade de alterar o plano de trabalhos devido aos erros e omissões, neste caso,
o dono da obra deve entregar ao empreiteiro um projecto alternativo, havendo assim lugar ao
pagamento desses trabalhos, bem como a dedução do valor dos trabalhos anteriormente previstos e
agora substituídos.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

Contudo, se o suprimento dos erros e omissões prejudicar o normal desenvolvimento dos trabalhos,
aplica-se o disposto no nº6 do artigo 376º, que passamos a citar:

“Quando estejam em causa erros e omissões que prejudiquem o normal desenvolvimento do plano de
trabalhos, o empreiteiro propões ao dono da obra as modificações necessárias ao mesmo, devendo
este pronunciar-se sobre o plano de trabalhos modificado e comunicar a sua posição ao empreiteiro,
até 15 dias após a notificação da proposta do empreiteiro, equivalendo o silêncio a aceitação.”

Condição em que o empreiteiro é “obrigado” a executar os trabalhos relativos ao suprimento de erros e


omissões:

(As mesmas que para a recusa dos trabalhos a mais mas com as necessárias adaptações)
O DO apenas pode mandar executar trabalhos de suprimento de erros e omissões, que
hajam sido detectados na fase de formação do contrato e que tenha recusado, desde
que o fundamente e o registe no relatório final de obra.
O empreiteiro pode propor modificações ao PT, derivadas da execução de trabalhos de
suprimento de erros e omissões
O DO deve pronunciar-se em 15 dias sobre este pedido, equivalendo o silêncio a
aceitação

Segundo a FEPICOP, e que nos subscrevemos integralmente é incorrecto pretender tratar do mesmo
modo os erros ou omissões do projecto e os eventuais erros ou omissões das “ordens, avisos e
notificações recebidas”, uma vez que se tratam, obviamente, de elementos de natureza diferente e,
sobretudo, com consequências muito diversas no âmbito da execução da obra

A nosso ver parece-nos que poderia/deveria existir diferentes “níveis” conforme a “gravidade do erro
e/ou omissão”, tabeladas (dentro do possível) no CCP.

7.8.1 Preço e Prazo de execução dos trabalhos de suprimento de erros e omissões

Aplicam-se os mesmos procedimentos que estão estabelecidos para os trabalhos a mais (Art.373º)

A execução de trabalhos de suprimento de erros e omissões pode dar lugar à prorrogação do prazo de
execução da obra, quando:

Os Erros e Omissões tenham sido detectados pelos concorrentes, mas recusados pelo DO.
Os Erros e Omissões não pudessem ter sido detectados na fase de formação de contrato
Os Erros e Omissões oportunamente detectados na fase de execução.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

A realização de trabalhos de suprimento de erros e omissões, obriga a alteração ao plano de trabalhos?

Se não existir necessidade de alterar o plano de trabalhos, o dono da obra entrega ao empreiteiro o
projecto alternativo, havendo lugar ao pagamento desses trabalhos - projecto novo - e à dedução do
valor dos trabalhos previstos e agora substituídos (projecto anterior) (Art.374º nº2)
Se o suprimento destes erros e omissões prejudicar o normal desenvolvimento dos trabalhos, aplica-se
o disposto no nº 6 do art. 376º ou seja: o empreiteiro propõe ao dono de obra as modificações
necessárias ao mesmo, devendo este pronunciar-se sobre o plano de trabalhos modificado e comunicar
a sua posição ao empreiteiro, equivalendo o silêncio a aceitação.

7.8.2 Responsabilidades pelos Erros e Omissões (Art.378º do CCP)

Responsabilidades do dono de Obra:

Quando se tratam de trabalhos por si elaborados ou disponibilizados ao empreiteiro, incluindo


soluções de obra

“O dono da obra é responsável pelos trabalhos de suprimento de erros e omissões resultantes dos
elementos que tenham sido por si elaborados ou disponibilizados ao empreiteiro, designadamente os
elementos da solução da obra” (Art.378 nº1)

A FEPICOP neste caso entende ser importante, por razões de clareza, fazer-se aqui referência quer ao
plano de segurança e saúde quer ao plano de prevenção e gestão de resíduos de construção e
demolição, que ambos são da responsabilidade do dono de obra e os mesmos devem integrar o
projecto de execução-patenteado no âmbito do procedimento que conduz à celebração do contrato.

Responsabilidade do empreiteiro:

Quando tenha sido seu o projecto de execução


Quando fosse exigível a sua detecção na fase de formação do contrato
Quando durante a execução da obra não os identifique no prazo de 30 dias depois da data em
que isso lhe era exigível.

Este ultimo ponto é criticado pela FEPICOP, esta afirma que é imperioso que a não apresentação de
reclamação sobre erros e omissões nesta fase (ou mesmo a sua apresentação, se for o caso) não
prejudica, de forma alguma, a apresentação posterior de reclamações se a sua detecção só for possível
posteriormente.

Responsabilidade do dono de Obra pelo custo:

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

Metade do preço dos trabalhos de erros e omissões não detectados na fase de formação do
contrato pelo empreiteiro e cuja detecção era exigível
Preço total dos trabalhos de erros e omissões detectados na fase de formação do contrato pelo
empreiteiro, mas que o DO haja recusado
Preço total resultante de suprimento de erros e omissões, impossíveis de detectar na fase de
formação do contrato, resultante de erros de concepção de terceiros.

Responsabilidade do empreiteiro pelo custo:

Metade do preço dos trabalhos de erros e omissões não detectados na fase de formação do
contrato pelo empreiteiro e cuja detecção lhe era exigível
A totalidade do preço dos trabalhos de erros e omissões não detectados na fase de execução do
contrato, quando não os identifique no prazo de 30 dias contados do momento em que isso lhe
era exigível
No caso destes custos do empreiteiro serem devidos a incumprimento de concepção de
terceiros, fica subrogado pelo DO perante esses terceiros, pelos valores por si suportados. Mas
tal sub-rogação fica limitada ao valor do triplo dos honorários do terceiro, salvo se a causa for
dolo ou negligência grosseira.

7.9 Conclusões a reter em relação a “Trabalhos a Mais” e “Erros e Omissões”

Segundo o jurista e escritor Oliveira Antunes (escreveu o livro CCP- Regime de Erros e Omissões), a
separação no CCP, dos conceitos de “trabalhos a mais “ e “ trabalhos de suprimento de erros e
omissões”, não foi uma boa medida legislativa.

A obrigatoriedade dos concorrentes identificarem os erros e omissões, na fase pré contratual é muito
desequilibrada e não é uma pratica internacionalmente seguida nos contratos de construção;

As soluções insertas no CCP, para o regime de responsabilidade no custo dos “trabalhos de suprimento
de erros e omissões” são demasiado complexas e susceptíveis de aumentar significativamente a
conflitualidade nos contratos de empreitada de obra pública.

Segundo a FEPICOP, a exclusão da responsabilidade do dono da obra por erros e omissões das peças
que patenteou, bastando para tal, a justificação de que a sua detecção era “inequívoca” na fase da
formação do contrato, representa uma flagrante e desproporcionada injustiça em desfavor do
empreiteiro, tanto mais que se é “inequívoca” a identificação do erro ou omissão não deverá ser
admitido um tal erro por parte do dono da obra sem que este assuma a correspondente
responsabilidade.

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

7.10 Prorrogação do Prazo de Execução da Obra

O prazo de execução da empreitada será prorrogável se houver lugar à execução de trabalhos a mais,
de acordo com o disposto nos artigos 373º e 374º do CCP, e de suprimento de erros e omissões, nos
termos do disposto no artigo 377º do mesmo Código.

Os trabalhos da empreitada deverão iniciar-se na data fixada no respectivo plano de trabalhos e serem
executados dentro dos prazos globais ou parcelares definidos.

Não obstante o disposto no artigo 367º do CCP quanto ao termo final de execução obra, considera-se
que, quando exista suspensão dos trabalhos por factor não imputável ao empreiteiro, a data contratual
de termo passará a ser aquela que resulte do acréscimo, relativamente à data inicial, de período igual
ao da suspensão.

A prorrogação do prazo de execução da obra não se aplica em casos que exista uma carga de trabalhos
pouco relevante, ou seja, aplica-se o bom senso necessário para a situação em causa. Tal encontra-se
referido no artigo 374.º - 2, que passamos a citar :

“ … não é aplicável quando estejam em causa trabalhos a mais cuja execução não prejudique o
normal desenvolvimento do plano de trabalhos.”

Segundo a FEPICOP este ultimo artigo (o nº2 do 374º) traduz-se numa fonte de conflitualidade,
consistindo em saber se a execução dos trabalhos a mais prejudica ou não o normal desenvolvimento
dos trabalhos, pois segundo eles “quaisquer que sejam os trabalhos a mais, designadamente quanto à
sua eventual repercussão no desenvolvimento dos trabalhos, o certo são que os mesmos significam
sempre uma alteração ao que foi inicialmente previsto e que esteve na base da celebração do contrato,
pelo que devem dar sempre lugar a uma prorrogação contratual automática cuja utilização deve ficar
exclusivamente dependente da decisão do empreiteiro”.

Na nossa opinião a FEPICOP “peca” na parte que diz que “cuja utilização deve ficar exclusivamente
dependente da decisão do empreiteiro”, pois a nosso ver todas as decisões em obra devem ser tomada
em conjunto entre o empreiteiro e o dono de obra.

7.11 Suspensão dos trabalhos

A suspensão dos trabalhos da empreitada rege-se pelo disposto nos artigos 365º a 369º do CCP. Esta
mesma suspensão pode ser levada a cabo pelo dono de obra ou pelo empreiteiro.

No caso, da suspensão por parte do dono da obra esta pode ser efectuada em casos de falta de
condições de segurança, se verifique necessidade de estudar alterações ao projecto ou por

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

determinação vinculativa ou recomendação por parte de autoridades administrativas competentes.


(Art.365º)

Se por outro lado, a suspensão dos trabalhos se der por parte do empreiteiro, este pode suspender a
obra durante 10 dias caso o dono da obra não se oponho e os prazos parciais e finais de execução da
obra não fiquem comprometidos. O referido só se verifica em obras que tenham um prazo de execução
igual ou superior a um ano, e todos os encargos inerentes a esta suspensão devem ser da
responsabilidade do empreiteiro.

“…prazo de execução igual ou superior a um ano, o empreiteiro pode suspender a execução dos
trabalhos por um período não superior a 10 dias seguidos…” (Art.366º,nº1)

O empreiteiro tem o direito de suspender a execução dos trabalhos em caso de falta de condições de
segurança e em falta de pagamento de qualquer quantia do contrato desde que tenha decorrido um mês
sobre a data do respectivo vencimento. (Art.366º,nº3)

A suspensão deve ser antecedida de uma comunicação escrita ao dono da obra, devendo esta ser
acompanhada pelos factos responsáveis devidamente fundamentados.

Se estivermos perante uma suspensão devido a falta de pagamento de quantias como referido
anteriormente, o empreiteiro deve ter a preocupação de assegurar o normal desenvolvimento do plano
de trabalhos. Para tal, deve notificar o dono de obra da suspensão dos trabalhos num prazo mínimo de
15 dias tendo em conta a data prevista para a suspensão dos trabalhos.

“…comunicação deve ser efectuada com antecedência não inferior a 15 dias relativamente à data
prevista da suspensão e deve ser assegurado o normal desenvolvimento do plano de trabalhos…”
(Art.366º,nº5)

Caso a suspensão tenha um carácter de urgência e seja impossível cumprir a exigência prévia da
comunicação escrita, todas as comunicações referidas anteriormente podem ser efectuadas oralmente,
tendo posteriormente o empreiteiro o dever de consumar a comunicação formalmente por escrito nos
cinco dias subsequentes. (Art.366º,nº6)

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

8 CONCLUSÃO

Após a realização das várias etapas, ao longo das quais se desenvolveu este trabalho, foi possível
adquirir alguns conhecimentos, que nos fizeram chegar à conclusão que as vantagens deste “novo
código” são nitidamente trazer maior regulamentação no sentido de clarificar alguns dos processos que
suscitavam algumas dúvidas na anterior legislação. Por outro lado, quanto às desvantagens não
podemos deixar de salientar certas terminologias e conceitos que numa primeira abordagem causam
algum desconforto, como o tipo de linguagem empregue, extremamente complexa, de difícil
compreensão para muitas das pessoas que trabalham nesta área diariamente (essencialmente para os
engenheiros).

O Novo Código trouxe vantagens e desvantagens para todas as entidades envolvidas, apesar das
bastantes e das duras críticas apresentadas pela FEPICOP (retratadas algumas delas ao longo do
trabalho) a evidente desburocratização, e o evidente avanço nos diversos procedimentos é inegável e
inquestionável para todos os oradores e juristas que prestam depoimentos em relação ao Código,
assumindo assim uma completa inovação em matéria de contratos administrativos.

É de salientar a preocupação do governo em as derrapagens nas empreitadas públicas, revendo de


forma cuidada toda a matéria que diz respeito a responsabilidades, no entanto muitas outras queixas
são apresentadas pelas principais empresas de construção nacionais como abordamos no início do
trabalho.

Em matéria de Erros e Omissões existe um encurtamento do prazo, obrigando assim a um maior


conhecimento dos termos do concurso por parte dos concorrentes, outra novidade introduzida foi o
facto de ser excluída a responsabilidade do dono de obra por erros e omissões das peças que patenteou,
sendo a detecção desses erros da responsabilidade dos concorrentes na fase de concurso, outros dos
pontos que recebeu muitas críticas por parte da FEPICOP, tal como abordámos ao longo do trabalho.

Relativamente à parte da “alteração do plano de trabalhos” concluímos que há vários formas de ele ser
alterado, podendo ser por “acção imputável” (quer ao dono de obra quer ao empreiteiro), imprevistos,
carência de informação, em “nome” do interesse público, etc. Mas vemos que isso traz sempre
inconvenientes/consequências devemos por isso tentar sempre de forma mais criteriosa possível seguir
o que consta no caderno de encargos/plano de trabalhos de forma a evitar ao máximo a necessidade da
proceder à sua alteração.

Uma outra “grande falha” que denotámos relativamente a este código é sem dúvida o facto de não ter
entrada em linha de conta com a especial natureza das obras de reabilitação, é no mínimo curioso que
a palavra “reabilitação” só apareça cinco vezes redigida ao longo de todo o Código. Nos dias que
correm é necessário prolongar a vida útil efectiva da infra-estrutura e dos edifícios, habilitando-os a ir

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IDENTIFICAÇÃO DE FACTORES DE ALTERAÇÃO DO PLANO DE TRABALHOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS, NO ÂMBITO DO
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

ao encontro, com maior flexibilidade, dos requisitos económicos, ambientais e sociais. A reabilitação
do edificado e da infra-estrutura, como alternativa à construção nova, constitui a melhor estratégia
para potenciar o contributo do sector para o desenvolvimento sustentável.

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CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (CCP)

9 BIBLIOGRAFIA

Silva, José Andrade (2008). “Código dos Contratos Públicos, Comentado e Anotado”, Almedina

Sousa, Marcelo Rebelo e Matos, André Salgado. (2008). “Contratos Públicos, Direito Administrativo
Geral”, Dom Quixote.

Antunes, José Manuel Oliveira (2009) “Código dos Contratos Públicos, Regime de Erros e Omissões”,
Almedina

Hiperligações:

http://www.ggl.pt/

http://www.jornaldaconstrucao.pt/

http://www.codejuris.pt/

http://pt.wikipedia.org/

www.fepicop.pt

www.base.gov.pt/

www.inci.pt

www.joaquimvieiranatividade.com

www.aiccopn.pt/

www.tcontas.pt/

http://www.globalestrategias.pt/

http://www.gecorpa.pt/

http://www.irn.mj.pt/

http://gqai.ist.utl.pt

www.dgsi.pt/

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