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Anotações gerais – “O mundo como vontade e representação”, Arthur

Schopenhauer.

Livro II – “Do mundo como vontade: primeira consideração – a objetividade da vontade”

Parágrafos 22 à 27 (apêndices de 28 e 29 ao final).

Observações iniciais: Em O mundo a opção por utilizar repetidamente o termo essência íntima
para indicar a vontade mostra a intenção de Schopenhauer em responder à questão ontológica
“o que é?” com uma resposta metafísica, e ter dedicado o segundo livro da obra à explicação de
como tal a essência íntima se manifesta na natureza através de um processo metafísico de
“objetivação” indica que a filosofia deve primeiramente ser a explicação metafísica, tanto da
natureza quanto da vida humana.

 O livro II parte da primeira consideração sobre o mundo “como vontade”, sua


“objetivação” (a partir da Vontade), influenciado pela “Ideia” platônica.
 22) “COISA EM SI” não é objeto.
 “Vontade humana” como esse objetivo aparente iluminado pelo conhecimento
(conceito)
 A coisa em si não é também uma dedução.
 “vontade” se relaciona a essência mais íntima de cada coisa na natureza.
 “cada força na natureza como vontade”
 A vontade não teria sua origem na aparência; nem mera representação intuitiva
 23) “vontade” como coisa em si é diferente de sua aparência.
 Tempo e espaço são formas que um e mesmo em essência e conceito mostram a
coexistência e pluralidade que se sucedem.
 Vontade é livre do domínio do princípio de razão e Pluralidade.
 Vontade situa-se fora do tempo e espaço.
 Princípio de razão = forma universal de toda aparência (consciência da liberdade).
 Vontade ativa sem conhecimento.
 CAUSA = estado de “ação e reação”.
 Estímulo – não sofre reação, mas produz efeitos.
 “o conhecimento de que a necessidade é comum aos movimentos por motivo ou por
estímulo facilitará a intelecção de que também aquilo que no corpo animal se dá por
estímulo e em conformidade completa com leis é, segundo sua essência anterior,
vontade” (I 140).
 Aponta como existe a relação entre a vontade como coisa em si e sua aparência – entre
o mundo como vontade e representação.
 24) cita Kant para falar dos princípios tempo, espaço e causalidade, presentes em nossa
consciência e sua presença na consciência seja inteiramente independente dos objetos
(mas não se pode pensar objetos fora destes).
 Objeto enquanto objeto (Kant: aparência): representação.
 Schopenhauer percebe que suas formas essenciais de significação e que ultrapassam a
representação seria a “coisa em si”; por isso, a Vontade.
 Sempre o autor recorre sua fundamentação às ciências da natureza para expor seu
argumento de leis universais e princípios de razão.
 (I 144) aquilo que pode ser conhecido pode ser encontrado, seja partindo do sujeito seja
do objeto – proporciona o conhecimento até seu fundamento; a partir das formas a
priori das aparências.
 Influência epistemológica diretamente kantiana para a fundamentação metafísica do
autor do livro.
 (I 147) discute sobre uma filosofia da natureza e critica Fichte: “argumentos ocos”;
 O fundamento dos impulsos naturais se encontra no princípio metafísico da vontade:
“não está submetido em sua essência à explanação”.
 Busca o termo escolástico “forma substantialis” para sua fundamentação.
 “o conhecimento da causa do aparecimento dessa essência me fornece a mera regra de
sua entrada em cena no tempo e no espaço, nada mais” (p. 146).
 Essência íntima como necessidade real, objetividade.
 (I 151) as conexões com as ciências naturais que corroboram a tese.
 25) Pluralidade no tempo e no espaço.
 A vontade – coisa em si – apartada de sua aparência permanece exterior ao tempo e
espaço.
 Vontade não reconhece a pluralidade: ela é una.
 “a pluralidade das coisas no espaço e no tempo, que em conjunto são OBJETIVIDADE,
não concerne à vontade, e ela, apesar dessa pluralidade, permanece”
 A pluralidade em objetivação se mostra na aparência, não necessariamente como
reflexo desta.
 A natureza está em toda parte no mundo.
 (I 154) cogita evocar Platão para falar das “formas eternas das coisas”, ou seja, a teoria
das ideias.
 IDEIA – grande objetivação da vontade
 Deixa entender que a subversão de Kant usou o termo “ideia” distintamente de Platão.
 26) forças da natureza objetivam a vontade.
 O ser humano possui um grau sofisticado de fisionomias individuais que o
individualizam.
 Ser humano como característica da vontade, talvez até mesmo da “Ideia” própria.
 (I 157) a faculdade da razão = importante ao sujeito cognoscente.
 LEI NATURAL – condição em que a causalidade, este fio condutor, como unidade da
essência, sob objetivação.
 (I 159) IDEIAS = fora do tempo e espaço, mas a causalidade dentro destas.
 Ideias das quais a vontade se efetiva. Só disso as aparências poderiam emergir.
 Força originária da natureza, sua essência íntima = vontade baixa: cada grau se nomeia
Ideia eterna (sentido platônico).
 LEI NATURAL é a referência de uma ideia à forma de sua aparência (p. 156)
 Espaço, tempo e causalidade possuem relações recíprocas e são inseparáveis.
 Ideias eternas no remetem a única e mesma matéria.
 Causalidade – está nas substâncias.
 Tempo – possibilidade de determinações opostas na mesma matéria.
 Espaço – possiblidade de permanência da matéria sob determinações opostas.
 Matéria é causalidade.
 Elementos discutidos que levam à essência íntima da natureza.
 Explica a causalidade como elementos naturais e sua processualidade.
 Traz Malebranche à discussão: “toda causa da natureza é causa ocasional, apenas dá a
oportunidade para uma vontade indivisa no mundo.
 Princípio racional do mundo físico.
 (I 165) as ações humanas irracionais, mas que suas aparências emergem segundo as
circunstâncias.
 27) começa a concluir suas premissas, o que já deixou exposto e fundamentado,
continuando com a explanação da causalidade, mediante o mundo orgânico e
inorgânico.
 Enfatiza a primazia das ciências naturais (I 166) para a metafísica da natureza.
 A vontade manifesta requer uma causa explanável em determinado tempo e lugar,
como aparência “particular”.
 Para ele, “a filosofia, considera em toda parte, portanto também na natureza, apenas o
universal” (p. 164).
 Segue as objeções dos fundamentos da metafísica da natureza, discutindo com alguns
autores.
 (I 170) discute sobre equívocos do rebaixamento da redução dos graus mais elevados
aos mais baixos da objetividade da vontade; a objetividade em todas as ideias não deve
ser transfigurada em uma identidade das ideias particulares
 A vontade objetiva-se na absorção de si, cada qual as ideias que foram dominadas, em
cada espécie, um “gérmen”.
 (I173 – 74) esclarece sobre as premissas. O organismo consegue o maior ou menor
dominação daqueles graus mais básicos das forças da natureza que expressam a
objetividade da vontade, ele torna-se mais ou menos distante do Ideal que representa
a beleza de sua própria espécie.
 A vontade é a constituição universal não objetal, mas que perpassa e dá o nível mais
íntimo e intrínseco ao mundo; manifesta-se nos conflitos mundanos.
 A vontade é atuante, em graus cada vez mais elevados de sua própria objetividade.
 (I179) o conhecimento aparece, contudo, como representação, mostra-se um lado que
a VONTADE é passada à REPRESENTAÇÃO;
 Três estágios dos estados naturais: inorgânico, orgânico e animal.
 A vontade tem direção determinada e irrefreável no seu aspecto ontológico e
metafísico.
 (I 181) o conhecimento, intuitivo ou racional, originalmente da vontade, está nos graus
mais elevados de sua objetivação.
 Conclui o autor, com base naquilo que vinha discorrendo, que a vontade sendo a base
deste primordial impulso presente em tudo no mundo, a força que perpassa as esferas
dos reinos orgânicos e animal. (fim do 27).
 Nos parágrafos 28 e 29 ele irá fazer o desfecho do que veio construindo e fazendo
algumas amarrações no argumento central sobre a Vontade e de como ela de objetiva.
 “A diversidade das Ideias (platônicas), ou seja, a gradação da objetivação [...] que a
vontade expõe, [...] sendo a expressão de sua essência para a representação” (p. 178).
 Segue o argumento com base na “teoria das ideias” de Platão.
 O parágrafo 28 é esse aprofundamento da Vontade, a diversidade da Ideia, e de como
a vontade se objetiva no mundo.
 “APARECIMENTO DA UNIDADE DE UMA VONTADE EM CONCORDÂNCIA CONSIGO
MESMA” (p. 187).
 No parágrafo 29 finalmente faz sua conclusão do livro II. Retoma algumas ideias e
reforma sua pretensão que “o mundo expresso nessa qualidade, eis o objeto de nossa
próxima consideração” (p. 191).
 O livro IV – Do mundo como vontade: “segunda consideração – alcançando o
conhecimento de si, afirmação ou negação da Vontade de vida”. O autor fala de como
a vontade se mostra na filosofia pratica (filosofia moral). Retoma novamente a Platão e
Kant.

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