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FACULDADE SANTA MARIA - FSM

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

GUSTAFFISON ADOLFO ABRANTES DOS SANTOS

ARQUITETURA ESCOLAR E CONFORTO TÉRMICO:


ANÁLISE E INTERVENÇÃO EM UMA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO
FUNDAMENTAL NA CIDADE DE SOUSA, PB

CAJAZEIRAS - PB
2019
2

GUSTAFFISON ADOLFO ABRANTES DOS SANTOS

ARQUITETURA ESCOLAR E CONFORTO TÉRMICO:


ANÁLISE E INTERVENÇÃO EM UMA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO
FUNDAMENTAL NA CIDADE DE SOUSA-PB

Projeto de pesquisa apresentado por


Gustaffison Adolfo Abrantes dos Santos
para análise e parecer com fins de
obtenção do título de arquiteto e urbanista
pela Faculdade Santa Maria, na área de
concentração Qualidade do ambiente
construído.

Orientadora Profa Ma. Pollyanna Priscila


de Sousa Lima

CAJAZEIRAS - PB
2019
3

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________
Profa. Ma. Pollyanna Priscila de Sousa Lima
Orientadora – Faculdade Santa Maria

___________________________________________________________________
Profa. Ma. Mirela Davi De Melo
Examinadora – Faculdade Santa Maria

___________________________________________________________________________
Profa. Ma. Marjorie Maria Abreu Gomes de Farias
Examinadora – Faculdade Santa Maria
4

RESUMO

O presente estudo pretende trazer uma reformulação na Escola Estadual de Educação Infantil
e Ensino Fundamental Cônego João Cartaxo Rolim, quanto à arquitetura e o conforto térmico,
por meio da modificação de determinados ambientes que sofrem incidência de insolação, para
que possa acolher melhor alunos e professores. A partir disso, se faz necessário um
entendimento acerca da viabilidade de realizar a inserção do conforto térmico na arquitetura
exposta pela edificação escolar foco deste trabalho, através de um anteprojeto, como solução
para tratar a insolação e os fatores climáticos advindos dele. A falta de conforto térmico no
ambiente pode interferir nas realizações das atividades e no aprendizado de seus usuários,
bem como provocar um aumento no consumo de energia elétrica e uma perda da interação
com o meio externo, limitando o ambiente de aprendizado que deveria ser comunicativo. Com
isso, a pesquisa tem como objetivos específicos: compreender as diretrizes para o clima
quente-seco, obtendo como foco a insolação presente na edificação; analisar a escola em
questão no que se refere ao seu histórico, a hierarquia dos ambientes, sua constituição, externa
e internamente, e a incidência de insolação sofrida por eles; aplicar soluções projetuais que
possam otimizar os ambientes da escola localizada na cidade de Sousa-Paraíba. Este trabalho
retrata sobre o conforto térmico exposto em ambientes escolares, principalmente ligado à
reformulação deles, oferecendo boas condições para os seus usuários e influenciando nas suas
atividades do dia a dia. Com relação a metodologia classifica-se como estudo de caso, com
características de pesquisa qualitativa e bibliográfica. Como proposta espera-se definir
elementos que pudessem barrar a insolação incidente nas fachadas e nos ambientes internos,
propiciando uma melhor qualidade para seus usuários.

PALAVRAS CHAVE: Arquitetura escolar; Escola Estadual; Conforto Térmico; Insolação.


5

ABSTRACT

The present study intends to bring about a reformulation in the State School of Early
Childhood Education and Elementary Cônego João Cartaxo Rolim, regarding the architecture
and the thermal comfort, by modifying certain environments that suffer insolation incidence,
so that it can better accommodate. From this, it is necessary an understanding about the
feasibility of inserting the thermal comfort in the architecture exposed by the school building
focus of this work, through a preliminary project, as a solution to treat the insolation and the
climatic factors arising from it. The lack of thermal comfort in the environment can interfere
with the activities and learning of its users, as well as increase the consumption of electricity
and a loss of interaction with the external environment, limiting the learning environment that
should be communicative. The research has specific objectives: understand the guidelines for
the hot-dry climate, focusing on the insolation present in the building; analyze the school in
question with regard to its history, the hierarchy of environments, its constitution, externally
and internally, and the incidence of heat stroke suffered by them; apply design solutions that
can optimize the school environments located in the city of Sousa-Paraíba. This paper
portrays the thermal comfort exposed in school environments, mainly linked to their
reformulation, offering good conditions for its users and influencing their daily activities.
Regarding the methodology, it is classified as a case study, with characteristics of qualitative
and bibliographic research. As a proposal it is expected to define elements that could prevent
the insolation incident on the facades and indoor environments, providing a better quality for
its users.

KEY WORDS: School architecture; State School; Comfort Thermal; Insolation.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Temperatura e zona de conforto em °C, de Sousa-PB .............................................. 22


Figura 2: Pluviometria da cidade. ............................................................................................. 23
Figura 3: Rosa dos ventos dia (esquerda) e noite (direita). ...................................................... 24
Figura 4: Carta Solar. ............................................................................................................... 24
Figura 5: Localização da Escola foco do trabalho. ................................................................... 25
Figura 6: Planta baixa da escola foco do trabalho. ................................................................... 26
Figura 7: Planta de layout atual da escola foco do trabalho. .................................................... 27
Figura 8: Fluxograma da metodologia. .................................................................................... 30
Figura 9: Localização da Sede do Escritório Lins Arquitetos Associados. .............................. 31
Figura 10: Lateral do escritório. ............................................................................................... 32
Figura 11: Disposição dos ambientes do escritório. ................................................................. 34
Figura 12: Lateral do escritório: destaque para as aberturas e formação do teto, paredes e piso.
.................................................................................................................................................. 35
Figura 13: Localização da Casa Paraty, Rio de Janeiro. .......................................................... 36
Figura 14: Planta da inserção das caixas engastadas na montanha. ......................................... 37
Figura 15: Pavimento térreo, 1 e 3 respectivamente. ............................................................... 38
Figura 16: Detalhe dos painéis retráteis de eucalipto. .............................................................. 39
Figura 17: Espessura da alvenaria de vedação. ........................................................................ 40
Figura 18: Pátio central com indecência solar. ......................................................................... 41
Figura 19: Sala de aula com suas aberturas e utilização de ventilação artificial. ..................... 42
Figura 20: Ventilação dos banheiros realizada por meio de cobogó. ....................................... 43
Figura 21: Sala da direção. ....................................................................................................... 44
Figura 22: Cozinha. .................................................................................................................. 44
Figura 23: Depósito de materiais diversos, sem qualquer abertura ou ventilação. .................. 44
Figura 24: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em março. ............................. 46
Figura 25: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em junho. .............................. 46
Figura 26: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em dezembro. ....................... 47
Figura 27: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em março às 12:00 horas. ..... 47
Figura 28: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em junho às 12:00 horas. ...... 48
Figura 29: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em dezembro às 12:00 horas.48
Figura 30: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em março às 15:00 horas. ..... 49
7

Figura 31: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em junho às 15:00 horas. ...... 49
Figura 32: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em dezembro às 15:00 horas.50
Figura 33: Detalhe da veneziana móvel. .................................................................................. 51
Figura 34: Detalhamento das venezianas móveis entre os pilares............................................ 52
Figura 35: Detalhamento do pergolado no pátio externo. ........................................................ 52
Figura 36: Brises de madeira utilizadas nas aberturas da fachada Sul. .................................... 53
Figura 37: Brises de madeira utilizadas nas aberturas da fachada Oeste. ................................ 53
Figura 38: Novas árvores inseridas na fachada Leste............................................................... 54
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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Quantitativo de alunos por zona de moradia. .......................................................... 26


Quadro 2: Indicação solar na fachada posterior. ...................................................................... 61
Quadro 3: Indicação solar na fachada principal. ...................................................................... 62
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


AESA Agência Executiva de Gestão das Águas
EJA Educação de Jovens e Adultos
FSM Faculdade Santa Maria Cajazeiras-PB
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia
ISO International Organization for Standardization
LABEEE Laboratório de Eficiência Energética em Edificações
MEC Ministério da Educação
NBR Normas Brasileiras Regulamentadoras
PB Paraíba
PMV Predicted Mean Vote
PPD Predicted Percentage of Dissatisfied
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11

2. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 14


2.1. Arquitetura Escolar ................................................................................................. 14

3. OBJETO DE ESTUDO................................................................................................... 21
3.1. Dados Socioeconômicos de Sousa-PB ..................................................................... 21
3.2. Dados Climáticos de Sousa-PB ............................................................................... 21
3.3. Escola Estadual de Ensino Fundamental Cônego João Cartaxo Rolim ............. 25

4. METODOLOGIA ........................................................................................................... 28

5. ANÁLISE DE CORRELATO – PROTEÇÃO SOLAR .............................................. 31


5.1. Sede do Escritório Lins Arquitetos Associados ..................................................... 31
5.1.1. Genius Loci (contexto)........................................................................................ 31
5.1.2. Iconologia (símbolo) .......................................................................................... 32
5.1.3. Identidade (cultura) ............................................................................................ 33
5.1.4. Significado do uso (programa) ........................................................................... 33
5.1.5. Movimento e geometria (plástica/configuração formal) .................................... 34
5.1.6. Estrutura e materiais (construção)..................................................................... 34
5.2. Projeto Residência em Paraty-RJ........................................................................... 36
5.2.1. Genius Loci (contexto)........................................................................................ 36
5.2.2. Iconologia (símbolo) .......................................................................................... 36
5.2.3. Identidade (cultura) ............................................................................................ 37
5.2.4. Significado do uso (programa) ........................................................................... 38
5.2.5. Movimento e geometria (plástica/configuração formal) .................................... 38
5.2.6. Estrutura e materiais (construção)..................................................................... 39

6. ANÁLISE DA SITUAÇÃO ATUAL DA ESCOLA ..................................................... 40

7. APURAÇÃO DOS DADOS CLIMATOLÓGICOS ATRAVÉS DE SOFTWARE .. 46

8. RESULTADOS DAS PROPOSIÇÕES ......................................................................... 51

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 56

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 58

ANEXOS ................................................................................................................................. 60
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1. INTRODUÇÃO

O conforto térmico deveria ser um dos principais fatores a ser investido ao se realizar
um projeto, construindo um espaço destinado aos mais diversificados usos pelo homem, seja
ele habitacional ou até espaços de lazer (GONÇALVES, 2007). Porém esse é um conjunto de
elementos que ainda está muito aquém das demandas em projetos construtivos realizados na
atualidade, no interior da Paraíba.
Em conformidade com o que fora refletido anteriormente, para fundamentar o estudo
faz-se necessário primeiramente um entendimento acerca do clima da cidade de Sousa, sede
da escola na qual foi desenvolvida essa pesquisa para que, a partir dessa compreensão
climatológica do macro, passar a análise da unidade foco que são os ambientes da escola
escolhida.
Pode ser notório que, quanto ao partido arquitetônico, a maioria das escolas da cidade
de Sousa na Paraíba, sejam elas estaduais ou municipais, foram desenvolvidas inicialmente
em um espaço que foi adaptado a nova função. Com a escola foco deste trabalho não foi
diferente das demais, após passar por muitas mudanças de edificações, hoje está localizada
num espaço em que antes era ocupado por um lar de idosos.
Percebe-se serem poucas as alterações que foram realizadas no ambiente construído
para adaptar a sede de uma escola estadual, desde que mudaram para esse novo espaço
edificado, algumas dessas alterações foram feitas pelos próprios professores no desenvolver
das atividades diárias, através de projetos, como exemplo o projeto da horta cultivada em
materiais descartados como pneus, garrafas pet, dentre outros.
Perante todos os tipos de confortos que são ausentes na edificação escolar, o conforto
térmico é o principal responsável pela maior parcela nessa ausência, por ser a maior
reclamação exposta pelos usuários, quando numa primeira visita realizada ao espaço. Além
disso, o clima da cidade, consideravelmente quente, ajuda a agravar ainda mais o conforto
interno ao ambiente construído.
Mesmo com o incentivo do Governo, do MEC e das legislações vigentes, pode ser
visto diariamente nas manchetes em sites, canais televisivos, jornais e no próprio meio vivido
que boa parte das escolas brasileiras não apresentam uma boa estrutura seja ela física e/ou
pedagógica em harmonia com o aprendizado, na qual em alguns casos pouca importância é
dada às condições climáticas locais (WOLFF apud BAUDIN, 2010). Deste modo,
proporciona-se pouca inserção com soluções propostas para os espaços formulados na
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arquitetura, a variação na metodologia pedagógica aplicada e a comunidade do bairro em que


a escola está localizada.
A partir disso se faz necessário um entendimento acerca da viabilidade de realizar a
inserção do conforto térmico na arquitetura exposta pela edificação escolar foco deste
trabalho, através de um anteprojeto, como solução para tratar a insolação e os fatores
climáticos advindos dele.
O objetivo geral consiste em propor uma intervenção a nível de anteprojeto como
solução que responda às necessidades dos usuários, no que se refere à incidência de insolação
nos ambientes da Escola Estadual de Educação Infantil e Ensino Fundamental Cônego João
Cartaxo Rolim, localizada na cidade de Sousa – PB.
Os objetivos específicos são os seguintes:
• Compreender as diretrizes para o clima quente-seco, obtendo como foco a insolação
presente na edificação;
• Analisar a escola em questão no que se refere ao seu histórico, a hierarquia dos
ambientes, sua constituição, externa e internamente, e a incidência de insolação sofrida por
eles;
• Aplicar soluções projetuais que possam otimizar os ambientes da escola localizada na
cidade de Sousa-Paraíba.
Este trabalho traz relatos sobre o conforto térmico exposto em ambientes escolares,
principalmente ligado à reformulação desses, oferecendo boas condições para os seus usuários
e influenciando nas suas atividades do dia a dia.
Deste modo, justifica-se pelo fato de que proporcionar boas condições em um
ambiente deveria ser uma as características essenciais na elaboração de um projeto
arquitetônico, pelo fato destas proporcionarem grande influência na qualidade de vida e no
trabalho de seus ocupantes. Uma série de fatores trazem importância para a composição
desses locais, dentre eles possuir um bom projeto arquitetônico e a adequação relacionada ao
layout de cada ambiente.
Inicialmente como pretensão de melhorias é preciso reunir-se com a comunidade
escolar (professores, coordenadores, diretores, pais e alunos), discutir as necessidades do
projeto e, então, refletir sobre as melhores soluções.
Faz-se necessário refletir sobre as condições físicas da escola, a interação professor
versus aluno, buscando um espaço onde o saber socialmente construído seja de fato
distribuído entre todos, na sua melhor forma.
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Assim, a justificativa para a realização do tema proposto se dá tanto pelas questões


relacionadas ao controle da insolação incidente na área da edificação, quanto pelas propostas
para amenização das temperaturas internas, estando estes temas ligados ao macro, o conforto
térmico.
Por mais que este trabalho possa gerar contribuições para indivíduos interessados em
obter informações a respeito de soluções arquitetônicas relacionadas a incidência de insolação
ocorrida em ambiente escolar, de certa forma limita-se pela especificidade do clima
predominante na região em que a Escola Estadual de Educação Infantil e Ensino Fundamental
Cônego João Cartaxo Rolim está inserida, na cidade de Sousa-PB.
Em outras palavras, para que este estuda sirva como correlato para outros projetos, é
necessário que se considere a localidade da edificação, detalhes construtivos, sua
singularidade, observando fatores como: condições térmicas, materiais e técnicas construtivas,
entre outros.
14

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo foi dividido em duas partes, sendo a primeira determinada com a
formulação de uma linha do tempo na história da arquitetura escolar, as suas determinações de
acordo com o tempo até as usuais formas utilizadas atualmente e os impulsionadores desses
ideais. Na segunda etapa, tratou-se sobre o conforto térmico, destacando em alguns pontos
aspectos como: orientação solar, a direção dos ventos predominantes, elementos de vegetação,
entre outros.

2.1. Arquitetura Escolar

Existe a necessidade de se conhecer onde se iniciaram as primeiras construções


escolares, para assim chegar ao entendimento de como hoje elas são concebidas, se ainda
seguem algum padrão estabelecido dos modelos primórdios, o que foi difundido da época e o
que fora abolido até chegar no modelo pré-estabelecido atualmente.
Desde a Idade Média na Europa, no Século XV, arquiteturas com a tipologia de escola
e a presença de uma única sala eram dominantes. Dando continuidade a esse modelo, se
desenvolveram escolas do meio rural continuando a referência construtiva muitas vezes sendo
esta, moradia para professor, alunos e jovens seminaristas, estes as vezes sendo auxiliares dos
docentes (KOWALTOWSKI, 2011).
Para Viollet-le-Duc, arquiteto francês considerado um dos maiores teóricos e
precursor da arquitetura revivalista do século XIX, a arquitetura da Idade Média é vista
através da utilização de uma forma de emprego justo dos materiais, realizando uma verdade
estrutural destacada, dando um rumo à arquitetura moderna que emprega um raciocínio
próprio, observando a arquitetura mais antiga e colocando esse estilo como o mais adequado a
se seguir (WOLFF, 2010).
Na Inglaterra esses espaços possuíam uma formação retangular estreita e longa, com
paredes laterais que alinhavam o espaço interno, permitindo a comunicação visual entre
alunos sentados em fileiras no comprimento da sala, possuindo um pódio do professor numa
das extremidades da sala, essa que possui boa iluminação e paredes com aberturas altas em
suas quatro faces (KOWALTOWSKI, 2011).
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É visto pelos autores referenciados aqui, que a arquitetura escolar mais antiga possuía
um espaço mais fechado embora configurado dando importância à ordem e posicionamento
das coisas, mantendo visualmente o espaço mais hierarquizado, através da determinação dos
espaços, que ficavam reservados aos estudantes e em um plano mais elevado aos professores.
Atualmente se percebe que os ambientes de sala de aula em sua maioria são voltados a
espaços abertos usados muitas vezes para as atividades recreativas, mantendo um fluxo
luminoso e de ventilação natural.
As divulgações desses modelos expostos na Inglaterra e Europa se constituem como
uma forma de exposição da evolução também ligada diretamente a história da humanidade,
que fora transformada com a evolução dos estudos e tecnologias.
Relacionando-se a arquitetura escolar em seu modelo de educação pública, é
necessário identificar a época do seu surgimento, o padrão que era estabelecido, para assim
entender a formação atual exposta pela escola foco desse trabalho.
Na Escócia em 1816, Robert Owen estabeleceu as principais pré-escolas abrindo salas
para jardins de contemplação e autocontrole, contendo flores e árvores frutíferas.
(KOWALTOWSKI, 2011).
A Inglaterra realizou em 1870 um investimento significativo em educação pública,
sendo contratado o arquiteto E. R. Robson para realizar uma expansão da rede de prédios
escolares em Londres. Contendo projetos as vezes feitos no estilo Queen Anne, baseado em
plantas baixas simétricas, com pé direito alto, janelas no alto das paredes externas para que
não se permitisse a visualização do exterior pelos alunos (KOWALTOWSKI, 2011).
Em 1895, Charles R. Mackintosh mostrou através das suas projeções que a utilização
de formas orgânicas cria um efeito de poder e quebra a austeridade da arquitetura comum à
época. Com Montessori em Roma, os ambientes passam a ser criados para a escala dos
usuários (KOWALTOWSKI, 2011).
Em determinadas épocas se percebe que a arquitetura vai adquirindo novas escalas e
concepções, se adequando as evoluções e aos eventos que vão ocorrendo, como efeito
procurou novas tendências e foi se modernizando.
No início de 1900 Garnier projetista francês, adotou um modelo com as salas de aula e
principalmente os espaços de recreio separados através das idades, e os pátios ou jardins eram
das crianças menores, com objetivo de um local mais reservado, longe das crianças maiores
livrando-as de confusões, valorizando também os espaços verdes em seus projetos
(KOWALTOWSKI, 2011).
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Na década de 30, Walter Gropius e sua Bauhaus, se mostraram presentes na


arquitetura escolar, desde a projeção da School and Community College, em Impington na
Inglaterra. O prédio realiza o agrupamento de alguns ambientes em torno de uma galeria de
circulação central, usada para exposição de trabalhos de alunos e reuniões sociais. Essa
edificação escolar foi percursora, utilizando grandes janelas com vistas para fora das salas
(KOWALTOWSKI, 2011).
É visto que mesmo com a realização de prédios escolares com base numa arquitetura
bastante formal, muitas vezes ortogonais e simétricas, os países ricos ainda apresentam
espaços que foram adaptados, onde nem sempre se utilizaram condições ideais para o meio.
Com o fim da segunda guerra mundial surgiu um cenário que teve a sua aplicação
apropriada por várias concepções arquitetônicas e tecnológicas desenvolvidas nas décadas de
20 e 30 na Europa, surgindo obras de caráter social, como escolas, habitações e espaços para
saúde (LOUREIRO; AMORIM, 2002).
As guerras e conflitos que existiram no passado por mais que tivessem trago muita
destruição para os países envolvidos, proporcionaram uma evolução principalmente na
arquitetura escolar, permitindo a criação de espaços mais diversificados, vendo
principalmente a faixa etária dos estudantes.
Os efeitos das grandes revoltas também permitiram abertura na visão dos arquitetos
para uma arquitetura escolar pública, adequando-a para o desenvolvimento de projetos
adequados à populações carentes.
César Dalu no século XIX na França, realizou distinções dos ideais de beleza
relacionadas à arquitetura pública e privada. Para ele os monumentos públicos deveriam
revelar um sentimento nacional de beleza, expressando a grandiosidade e a durabilidade da
arte nacional (WOLFF, 2010).
Para Gropius a arquitetura escolar deveria ser produzida com espaços e aberturas mais
amplas, com uma estrutura mais moderna, já Dalu descreve que a arquitetura pública deveria
estar voltada ao modelo clássico para que assim possa durar no tempo.
Dalu trata que a arquitetura clássica permite uma liberdade maior para o arquiteto, que
a sobriedade desse tipo de arquitetura deve ser uma referência a ser seguida e que os vínculos
existentes entre os pressupostos da tradição está, de alguma maneira presente na arquitetura
escolar (WOLFF, 2010).
O sistema que na segunda metade do século XIX, realizava a circulação de
informações para arquitetos, estava em ampliação, algumas dessas publicações, referenciavam
a arquitetura escolar, analisando exemplos de projetos já realizados, explicando em detalhes
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desde a seleção do terreno, as técnicas de impermeabilização das paredes das instalações


sanitárias, espaçamento entre as carteiras, dimensões das salas de aula e janelas e número de
alunos (WOLFF, 2010).
Muitos autores tratam a arquitetura principalmente a escolar como sendo apoiada em
recomendações básicas, devendo conter uma característica definida e ser reconhecida através
de seus detalhamentos, deixando explícito a sua formação e a finalidade ao qual fora
construída, mas outros tratam que esse tipo de arquitetura não precisa seguir um modelo e sim
adaptar-se ao ambiente no qual será implantado.
É de extrema importância realizar uma avaliação do terreno, dos usuários e do fator
bioclimático, para assim realizar a construção do espaço escolar, pois quando em uso fica
mais difícil de se realizarem adaptações, desde que o ambiente sempre esteja em
funcionamento.
Os exemplos apresentados pelo arquiteto suíço Henry Baudin em sua publicação Les
Constructions Scolaires em Suisse, relatam sobre escolas extremamente cuidadas, desde a sua
boa implantação até detalhes de decoração, demonstrando assim o panorama europeu sobre
esse tipo de arquitetura (WOLFF, 2010).
Baudin trata de espaços que não foram concebidos com elementos para serem
copiados, aliando uma concepção do moderno à composição de fachadas fruto da tradição,
como um receituário de ideias, mas com modelos aplicáveis a cada local (WOLFF, 2010).
É visto com extrema importância por Baudin que não se deve existir um modelo fixo
para a realização e implantação de um projeto de arquitetura escolar, desde que cada ambiente
e/ou espaço possui suas singularidades e fatores térmicos como o clima, podem influenciar no
posicionamento das salas de aula, do espaço de recreação, entre outros fatores.
Essa sequência abordada nesse tópico traz através dos relatos bibliográficos, uma
descrição desde o surgimento clássico das escolas, até o entendimento da composição
elaborada pelos arquitetos antepassados para as escolas caracterizadas públicas.

Conforto
No conforto térmico de uma edificação propõe-se uma interação de temperatura entre
o meio interno e externo, e para que isso aconteça é necessário que haja alguns fatores a
serem considerados como, por exemplo, a orientação solar, a direção dos ventos
predominantes, elementos de vegetação, entre outros, que podem contribuir com a redução do
consumo energético do edifício.
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As avaliações quanto ao conforto térmico tiveram início em 1916, presidida por


Winslow através da Comissão Americana da Ventilação. Esses estudos possuíam como
objetivo principal analisar a influência da temperatura inicialmente nas fábricas, com foco no
rendimento dos trabalhadores, voltado ao interesse de uma melhor produção (FROTA;
SCHIFFER, 2001).
No tocante ao desempenho térmico de edificações a NBR 15220 (ABNT, 2005) trata
de estratégias que possibilitam o aumento do conforto dos usuários. A partir disso a norma
gera estratégias de condicionamento térmico com destaque para o clima seco, evidente na
cidade de Sousa, como destacado no próximo tópico, sendo essas técnicas: aberturas para
ventilação que devem ser pequenas, precisando fazer sombreamentos nessas aberturas; com
relação aos tipos de vedações como parede e cobertura, as mesmas devem ser pesadas; no
tocante a estação verão, as estratégias de condicionamento térmico passivo levam a adotar um
resfriamento evaporativo e massa térmica para resfriamento, além de uma ventilação do tipo
seletiva nessas estações quentes para que a temperatura externa seja superior à interna.
Se torna de extrema importância realizar no interior do edifício a previsão da carga
térmica a ser gerada, permeando um respeito nas decisões projetuais ao partido arquitetônico
que será adotado, ficando as exigências funcionais e humanas aos diferentes climas existentes.
Com relação as cargas térmicas internas ao edifício, podem ser destacadas as classificações do
tipo: presença humana, sistemas de iluminação artificial, motores e equipamentos, processos
industriais e calor solar (FROTA; SCHIFFER, 2001).
É de certa forma compreensível, que quando se relacionada a carga térmica interna ao
edifício, presença humana, a fração referente a essa fonte que dissipa calor, se torna variável,
por depender da atividade a qual está sendo realizada nesse ambiente pelos seus usuários.
No Brasil fica destacado a existência de altos índices de radiação solar, sobretudo no
Nordeste, ficando eminente como a região com maior incidência. Esse efeito sobre uma
edificação representa um ganho de calor, seja ele em menor ou maior escala e até mesmo
pelas características térmicas existentes nos materiais construtivos inseridos na edificação.
Para Frota (2001), os dados com relação a intensidade de radiação solar sobre as
superfícies, podem ser calculados por meio de fórmulas, sendo visto a função da latitude, da
data, da altitude, da nebulosidade, assim como a poluição do ar, a orientação do plano de
incidência e etc. esses dados podem ser demonstrados em tabelas e gráficos. “No que se refere
aos equipamentos, adota-se como calor cedido ao ambiente cerca de 60% da potência nominal
dos aparelhos elétricos”.
Se torna compreensível que as intempéries do tempo como exemplo a nebulosidade,
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podem trazer algum tipo de interferência nos resultados dos cálculos realizados sobre a
intensificação de radiação solar sobre o edifício e suas superfícies. Existe uma grande
dificuldade em se medir uma variável climática, por ser necessária à coleta de dados de uma
incidência de radiação sobre fachadas e coberturas, sendo que nesse tempo necessário para a
coleta, o sol “se movimenta”, podendo trazer alguma alteração na coleta.
O clima regional pode ser determinado por fatores sinópticos, pelos efeitos dominantes
da orografia local e por modificações que possam ser introduzidas pelos edifícios ou grupos
deles (ROMERO, 2015).
Para uma boa execução do projeto de arquitetura é necessário que o arquiteto conheça
ou pesquise acerca dos dados meteorológicos do local onde será executada a obra, esses
informantes devem ser: temperatura do ar, umidade absoluta e relativa do ar, vento, radiação
solar e nebulosidade, desde que esses fatores podem resultar consequentemente na boa ou má
qualidade térmica dos ambientes internos.
A maioria dos fatores externos proporcionam influência para o conforto térmico de um
edifício, sejam eles: a própria formação geométrica, a sombra que reproduz no espaço interno
ou externo, a sua orientação e propriedades, os elementos referentes a construção, os
processos de combustão da cidade, os agentes poluentes das trocas térmicas.
O clima local é influenciado pelos materiais que formam as superfícies não
construídas. As superfícies constituintes das edificações atuam como refletoras e radiadoras,
na qual juntos aumentam o efeito da radiação que incidem sobre a localidade (ROMERO,
2015).
Na década de 70 surgem estudos que promovem propostas que fazem frente às
alternativas para a utilização de uma fonte de energia esgotável, essas pesquisas buscam a
utilização de fontes naturais tanto na construção das edificações quanto na climatização
(ROMERO, 2015).
Essa obtenção de novas soluções para serem somados aos projetos podem se realizar
através de uma flexibilidade espacial atrelada a uma nova cadeia de sistemas energéticos
independentes do sistema de abastecimento convencional, gerando assim uma economia no
uso convencional.
Conhecer a parte factual climática e as necessidades humanas referentes ao conforto,
são fatores decisivos para a realização de um projeto de arquitetura bem executável, mas
atualmente é difícil encontrar uma construção que estejam atendendo “esses requisitos
simultaneamente” (CORBELLA & CORNER, 2011).
Elementos como a temperatura, a umidade, a velocidade do ar, a radiação solar que
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incide sobre o corpo e a temperatura radiante média das superfícies que ficam vizinhas,
permitem uma alteração no conforto térmico das pessoas, sendo considerado que 35° C é a
temperatura de pele aproximada para uma pessoa estar em conforto térmico (CORBELLA &
CORNER, 2011).
O autor Corbella & Yannas (2009), trata sobre a busca da arquitetura sustentável,
relacionada ao conforto, ficando destacada dentre todas as pesquisas realizadas, uma
desenvolvida num edifício em Porto Alegre no qual fazem indicação dos brise-soleil e da
vegetação, onde utilizados da forma correta, conseguem reduzir a energia solar recebida de
2000 kWh/dia para 820 kWh/dia.
Diante disso se faz necessária uma arquitetura escolar que permita inserir ambientes
termicamente agradáveis, favorecendo um melhor aprendizado pelo alunado e porque não
também uma melhor pré-disposição dos docentes.
Um bom projeto consegue prever fatores que amenizem a problemática térmica,
apresentada na maioria das edificações atualmente, criando ambientes e espaços que possuam
a dualidade de fontes sejam elas energéticas ou naturais, pensando principalmente na
interação dos usuários com os fatores externos e na economia de energia convencional, desde
que também faz a utilização de fontes em abundância naturais como a água, sol e vento.
A utilização de brises e vegetações nativas, podem propiciar uma barreira contra os
fatores solares externos além de propiciar um controle na ventilação e reduzir as cargas
térmicas incidentes, consequentemente diminuindo o consumo de energia.
21

3. OBJETO DE ESTUDO

Nesse capítulo é apresentado uma explicação quanto aos dados climáticos da cidade
em que está localizado o objeto de estudo, relatando a temperatura e a zona de conforto, em
que se baseia a economia do lugar, o índice pluviométrico, dentre outros fatores. Em seguida,
é apresentado o objeto, destacando localização, entorno e construção, além de outros dados
como quantidade de alunos e a formação dos ambientes internos.

3.1. Dados Socioeconômicos de Sousa-PB

A cidade de Sousa, no Estado da Paraíba, conta com a população estimada de 69.161


habitantes, no ano de 2018, com base no último censo demográfico realizado em 2010,
possuindo uma densidade demográfica de densidade demográfica 89,10 hab/km², sendo
31.798 pessoas do sexo masculino e 34.005 pessoas do sexo feminino possuindo, de um modo
geral, maior predominância de habitantes inclusos na faixa etária de 25 a 55 anos (IBGE,
2019).
Ainda de acordo com o IBGE (2019), do total de habitantes estimado, 15,5% é a
proporção da população que se encontra ocupada com algum tipo de trabalho. A taxa de
escolaridade na faixa etária de 6 a 14 anos de idade é de 97,6%.
Com relação a situação domiciliar, 51.881 habitantes residem na zona urbana,
enquanto 13.922 habitantes residem na zona rural. Dos que habitam a zona urbana, tem-se que
66,4% dos domicílios possuem esgotamento sanitário adequado, 88.5% dos domicílios
urbanos em vias públicas possuem arborização e 3.2% dos domicílios urbanos em vias
públicas possuem elementos ligados à infraestrutura, como presença de bueiro, calçada,
pavimentação e meio-fio, considerados satisfatórios e adequados (IBGE, 2019).

3.2. Dados Climáticos de Sousa-PB

A cidade de Sousa no Estado da Paraíba possui o clima tropical semiárido, com


temperatura de 26,7°C em média anual, sendo consideravelmente quente, como mostra a
Figura 1, exposto no Portal Projeteee.
22

Figura 1: Temperatura e zona de conforto em °C, de Sousa-PB

Fonte: INMET1, 2016.

Quanto à precipitação de chuvas na região são poucas, ocorrendo nos meses de


janeiro a junho, maior parte na estação do verão, porém no inverno ocorrem poucas
precipitações. Segundo dados do Portal da Aesa (2018) foi constatado que no ano de 2018 o
mês de março foi o de maior incidência, abraçando assim a economia da região que gira em
torno da agricultura e pecuária, que em alguns meses sofrem com a estiagem e as altas
temperaturas. Esses dados auxiliam principalmente a população rural na preparação de
reservatórios para captação de águas pluviais, no intuito de enfrentar a carência desse recurso
que se mostra bastante escassos ultimamente.
Pode ser visto também na Figura 2 extraído do Portal Climate (2018), que os meses
referentes a uma boa parte dessa estiagem, são expostos entre julho a novembro, apresentando
pouco índice pluviométrico, considerado o intervalo de tempo mais seco.

1
A plataforma ProjetEEE - Projetando Edificações Energeticamente Eficientes faz uso dos dados climáticos
disponível no Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, sendo esta, portanto, a referência indicada nas
imagens.
23

Figura 2: Pluviometria da cidade.

Fonte: Portal Climate. Disponível em: https://pt.climate-data.org/america-do-sul/brasil/paraiba/sousa-42525/.


Acesso em 22 outubro 2018.

No tocante a direção dos ventos predominantes na região, na Figura 3 extraído do


Portal Projeteee (2018), é possível perceber que durante o dia os ventos se originam com
maior intensidade das direções nordeste e leste, podendo vir em outras direções também,
porém com uma intensidade muito menor. No período da noite os ventos têm seu fluxo mais
intenso na direção nordeste, predominantemente.
Com as medições de velocidade, direção e frequência dos ventos é possível prever
estratégias que se adequem às condições da área onde se quer construir. Tendo em vista que
as chuvas acompanham o sentido dos ventos, neste caso é preciso saber locar bem as
aberturas e fazer o uso de elementos que impeçam a entrada de água nos ambientes internos.
24

Figura 3: Rosa dos ventos dia (esquerda) e noite (direita).

Fonte: INMET, 2016.

Sobre o estudo da Carta Solar da região, Figura 4, é possível estabelecer a trajetória


que o Sol percorre durante o ano, isso auxilia na elaboração do projeto, pois localiza por onde
ele deve passar no exato momento que se deseja saber, com isso torna-se importante o seu
conhecimento na hora de projetar, para poder situar aberturas de forma que a radiação não
adentre nos ambientes internos e se caso houver, prever um sombreamento para minimizar
esta insolação de maneira eficaz.

Figura 4: Carta Solar.

Fonte: INMET, 2016.


25

3.3. Escola Estadual de Ensino Fundamental Cônego João Cartaxo Rolim

A escola escolhida foi criada pelo Decreto nº 8964 de 12 de março de 1981, no


governo em exercício de Maria Lauremilia Assis de Lucena. A gestão da escola é dirigida
pela professora, pedagoga, especializada em Supervisão Escolar e Orientação Educacional, a
Srta. Katiuscia Fideles Pereira dos Santos.
Denominada Escola Estadual de Educação Infantil e Ensino Fundamental Cônego João
Cartaxo Rolim, situada, como mostra a Figura 5, à Rua Dorgival Nóbrega de Assis, s/n, em
Sousa – PB, sendo concebido seu reconhecimento pelo Palácio do Governo do Estado da
Paraíba, em João Pessoa, 29 de maio de 2003.

Figura 5: Localização da Escola foco do trabalho.

Fonte: Extraído do Google Maps e modificado pelo autor, 2019.

Em sua área construída, conforme Figura 6, a escola possui 05 salas de aula, que
variam entre 3,20m a 7,20m de largura e comprimento respectivamente, uma biblioteca, uma
área de recreação coberta e ainda duas salas no setor administrativo da escola: uma direção e
uma secretaria, além de uma sala que compõe as seguintes modalidades: biblioteca, sala dos
professores, reuniões e multimídia. A escola não possui auditório nem quadra poliesportiva,
usando o pátio de recreação na realização de reuniões de pais e mestres.
26

Figura 6: Planta baixa da escola foco do trabalho.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Esta escola funciona nos turnos diurno, ofertando Ensino Fundamental I nos anos
iniciais do 2º ao 5º ano e Ensino Fundamental II do 6º e 7º ano, e noturno, com a modalidade
EJA (Educação de Jovens e Adultos) o 1º segmento (ciclos I e II). Hoje conta com 246 alunos
matriculados em sua totalidade, no ano letivo de 2018. Como consta nos dados do Quadro 1, o
maior número de alunos da escola é formado pela zona urbana, especificamente do bairro
onde está localizada e suas adjacentes.

Quadro 1: Quantitativo de alunos por zona de moradia.


ZONA RURAL ZONA URBANA
06 240
Fonte: Elaborado pelo autor segundo dados repassados pela escola, em 2018.

Segundo a coordenadora pedagógica da escola a Sra. Adília “o maior desafio no


processo do ensino-aprendizagem é conseguir estimular estas crianças e pré-adolescentes, a
ter gosto, zelo, interesse pelo estudo, fazê-lo entender que o que procuramos ofertar durante o
dia, mês, ano aqui, são momentos de conhecimentos, troca de aprendizagem e culminância
27

dos saberes, são também tijolos que fazem parte da construção do alicerce dos muros da
construção de vida futura”.
Todas as salas de aula possuem como infraestrutura base, dois ventiladores de parede,
duas lâmpadas fluorescentes, as carteiras dos alunos variam com a quantidade de acordo com
as turmas, possui um birô com cadeira para a professora, um quadro branco, um armário, duas
janelas pequenas e altas e uma porta de entrada principal, localizada aos fundos da sala,
conforme a planta de layout da Figura 7.

Figura 7: Planta de layout atual da escola foco do trabalho.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.


28

4. METODOLOGIA

De acordo com Gil (2002), a pesquisa em questão classifica-se como aplicada, por ter
como objetivo gerar conhecimentos para a aplicação prática, analisar e identificar pontos
positivos e negativos quanto à arquitetura e a insolação incidente nos ambientes internos, para
propor soluções mais adequadas.
Quanto à forma de abordagem, a pesquisa caracteriza-se como qualitativa, por analisar
os dados coletados de maneira teórica e subjetiva, com conceitos, princípios e interpretações
dos resultados através das considerações feitas pelo pesquisador. Pode ser classificada
também como quantitativa diante das medições realizadas nos espaços pertencentes a escola.
Quanto aos objetivos, ela se enquadra como exploratória por descrever características de
determinado fenômeno, observando a relação das variáveis pré-estabelecidas para análise
(GIL, 2002).
Em concordância com o mesmo autor, quanto aos procedimentos, esse estudo se
classifica como bibliográfico por fazer uso de pesquisas publicadas em livros, artigos e textos
de caráter científicos para comparação de conceitos e ideias. Classifica-se ainda como estudo
de caso, por permear a pesquisa de campo, na busca do entendimento e avaliação da relação
entre a Arquitetura escolar e a insolação incidente nos ambientes internos como forma de
auxílio para um melhor aprendizado.
A pesquisa foi realizada desde agosto de 2018 até maio de 2019, na Escola Estadual de
Ensino Fundamental Cônego João Cartaxo Rolim, localizada na Rua Dorgival Nóbrega de
Assis, s/n, bairro alto do Cruzeiro, na cidade de Sousa - Paraíba.
Quanto aos procedimentos de coleta de dados, foram seguidas as seguintes etapas:

1ª Etapa: Inicialmente, realizou-se um levantamento bibliográfico acerca dos temas


arquitetura escolar, a vertente conforto térmico, o clima da região de Sousa-PB, cidade onde
está localizada a escola, uma fundamentação sobre a edificação foco deste trabalho, a Escola
Estadual de Ensino Fundamental Cônego João Cartaxo Rolim, sendo feito um levantamento
fotográfico e métrico dos ambientes, utilizando câmera fotográfica digital e trena manual,
vencendo o tamanho dos espaços internos e circundantes a edificação. Para a etapa de
medições e levantamento fotográfico, foi utilizada sucessivamente uma trena de no mínimo
20 metros e uma camera fotográfica;
2ª etapa: Após a etapa inicial, foram definidas as áreas a serem estudadas, no intuito
da identificação da maior problemática existente na edificação, através da percepção do
29

conforto térmico se de boa ou má qualidade, percebido através da permanência nos ambientes


ao longo das visitas realizadas, no qual foram visitados todos os espaços com seus respectivos
ocupantes, acompanhando o desenvolvimento de suas atividades rotineiras;
3ª Etapa: Definidos os ambientes, foi realizado um estudo utilizando a ferramenta
Revit desenvolvido pela Autodesk em sua versão de estudante. Software criado dentro do
conceito de Modelagem das Informações de Construção (BIM), no qual é gerado um conjunto
de informações de todo o ciclo de vida de uma edificação. Através dessa ferramenta pôde ser
feita a análise quanto a insolação presente nos ambientes da edificação escolar, para assim ser
proposta a solução mais viável, simuladas de forma mais realista por meio de renderização no
software SketchUp;
4ª Etapa: De acordo com os correlatos analisados de acordo com o método de Baker
– partindo de critérios como Genius Loci (ou contexto), iconologia (ou símbolo), identidade
(ou cultura), significado do uso (ou programa), movimento e geometria (ou
plástica/configuração formal), estrutura e materiais (ou construção) –, foram selecionadas as
soluções mais viáveis para serem aplicadas no anteprojeto da edificação escolar foco deste
trabalho, definindo assim as possibilidades e viabilidades de execução através do software já
citado anteriormente, o mesmo concedeu suporte para toda a análise dos elementos a serem
inseridos, como solução para a insolação.
Para facilitar a compreensão das etapas aqui apresentadas neste capítulo, foi
elaborado um fluxograma metodológico (Figura 8), destacando o desenvolvimento de cada
etapa e suas respectivas finalidades.
30

Figura 8: Fluxograma da metodologia.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Estas etapas citadas anteriormente serviram como norte para a realização do


anteprojeto proposto por esta pesquisa, determinando de forma detalhada a sequência dos
métodos a serem empregados, além de esclarecer a maneira na qual os mesmos seriam
executados, para assim se obter um relato das condições térmicas dos ambientes quanto a
insolação, propondo alternativas viáveis.
31

5. ANÁLISE DE CORRELATO – PROTEÇÃO SOLAR

A constante atualização na área de construção quanto aos materiais e técnicas,


contribuíram para o melhor desenvolvimento do conforto térmico nas edificações, ampliando
as possibilidades de aplicação, determinando assim, a qualidade e uma melhor sensação
térmica dos ambientes.
No intuito de uma breve análise de forma qualitativa quanto as inserções feitas para
solucionar o conforto térmico de edificações, foram escolhidos alguns projetos que foram
realizados no Brasil para serem utilizados como correlatos, servindo como norte para a
elaboração das inserções propostas ao anteprojeto deste trabalho.
Escolheu-se um projeto que pudesse ser referenciado contendo a zona bioclimática
próxima ao objeto de estudo, para isto selecionou-se o projeto corporativo executado em
Juazeiro do Norte no Ceará. Os outros projetos inseridos, foram escolhidos devido as soluções
dadas quanto ao tratamento da insolação.

5.1. Sede do Escritório Lins Arquitetos Associados

5.1.1. Genius Loci (contexto):

Figura 9: Localização da Sede do Escritório Lins Arquitetos Associados.

Fonte: Google Maps e Google Earth, respectivamente, 2019.


32

A Sede do escritório Lins Arquitetos Associados está inserida em um terreno de 270


m², possuindo 55m² de área construída. Está localizada na cidade de Juazeiro do Norte, no
Ceará, mais especificamente no Bairro Jardim Gonzaga. O bairro em questão é caracterizado
por ser uma área em expansão com loteamentos, onde há muitos terrenos ainda por construir,
podendo-se observar também a presença de residências de médio e alto padrão inseridas em
terrenos bastante extensos.

5.1.2. Iconologia (símbolo):

O projeto para o prédio teve o partido arquitetônico baseado num pavilhão com suas
maiores fachadas oferecendo proteção solar e ventilação predominante, por estarem voltadas
para o norte e sul (Figura 08). Para que não fosse removida a macaubeira obteve-se como
solução realizar um pouco a redução da dimensão do bloco edificado.

Figura 10: Lateral do escritório.

Fonte: Portal Galeria da arquitetura, França, 2019.

Deste modo, a macaubeira fez a orientação do projeto arquitetônico da sede do


escritório Lins Arquitetos Associados. Por não quererem remover a planta já existente no
terreno ou até mesmo envelopá-la decidiram criar uma praça com mesa e bancos soltos em
concreto aparente e madeira criando um espaço de diálogos e interações, nomeado pelos
arquitetos como MacAUba.
33

Com relação ao diferencial técnico, a edificação coorporativa é considerada uma


construção econômica e sustentável por se utilizar de materiais e técnicas regionais e dar
propensão para utilização do meio natural, como a iluminação e ventilação, além de uma
construção com grande eficiência térmica, desde que tem suas locações asseguradas de
insolação.

5.1.3. Identidade (cultura):

Trata-se de um projeto construído no ano de 2011 que, em sua concepção, trouxe


elementos, materiais e estrutura que respeitassem “[...] a cultura do lugar, mas sem abrir mão
das características contemporâneas que regem o nosso tempo”, como relata Cintia Lins, uma
das autoras do projeto.
Diante do tempo em que foi construído, focou em questões relacionadas a
sustentabilidade de modo a valorizar os serviços e produtos locais, contribuindo para o
desenvolvimento do lugar em que está inserido, priorizando a economia nas soluções adotadas
e em sua manutenção.

5.1.4. Significado do uso (programa):

A Sede do escritório Lins Arquitetos Associados está inserida em um terreno de 270


m², possuindo 55m² de área construída.
O edificação trata-se de um grande vão que abriga recepção, sala técnica e sala de
reuniões para atendimento dos clientes, onde a divisão entre esses ambientes se dá pelo uso de
mobiliário (estantes vazadas) e no caso da sala de reuniões a divisão é feita por meio de uma
esquadria de vidro corrediça proporcionando privacidade, mas sem perder o contato visual
com os demais ambientes.
De acordo com os autores do projeto, George e Cintia Lins, a planta livre foi a solução
adotada para que não ocorresse interferência no fluxo interno das atividades diárias do
escritório: “Uma estante vazada separa a recepção da sala técnica, e mesas de trabalho e
prancheta ficam próximas às paredes de vedação, deixando uma circulação central livre.
Incluímos, ainda, uma mesa de reuniões com capacidade para oito pessoas no final do
edifício” (Figura 11).
34

Figura 11: Disposição dos ambientes do escritório.

Fonte: Portal Galeria da arquitetura, França, 2019.

A ideia da praça também seria para abarcar eventos MacAUba, realizados pela equipe
de arquitetos, por isso no projeto, o banheiro e copa possuem acesso direto para o espaço
exterior da edificação, em específico voltados para praça formulada que possui diversas
espécies de vegetação, além da macaubeira que foi preservada inicialmente no local, existem
no terreno, xique-xique, palmas, ipês roxos, mandacarus, fazendo assim base para a ideia de
manter características regionais, além de propiciar economia com a manutenção.

5.1.5. Movimento e geometria (plástica/configuração formal):

Segundo os arquitetos desde o início a ideia era formular um edifício com


características sólidas, permeando a possibilidade de abri-lo na intenção de buscar iluminação
e ventilações naturais. O edifício tem toda uma plasticidade formulada no intuito da
preservação da memória do local, agregado a inserção de materiais locais.
De acordo com George Lins, “[...] a plasticidade final do edifício que se destaca
bastante das construções presentes no entorno. Mesmo utilizando materiais e espécies
vegetais locais, o edifício assume a linguagem própria do escritório [...]”.

5.1.6. Estrutura e materiais (construção):

No projeto em questão, foram utilizados como materiais construtivos predominantes o


aço, concreto, madeira, tijolos e vidro.
Para a construção do bloco caracterizado como pavilhão foram utilizadas estruturas
espaçadas de concreto pré-fabricadas, no intuito de gerar aberturas propícias à entrada de
ventilação e iluminação naturais. As esquadrias duplas foram criadas com o objetivo de
35

utilização em várias possibilidades, sendo assim utilizadas na parte externa telhas metálicas
pintadas na cor amarela e vidro incolor na parte interna.
As esquadrias metálicas quando abertas, funcionam como “quebra-ventos”, fazendo a
captação da ventilação natural vinda do Leste para o interior da edificação, já o vidro incolor,
permite a entrada de muita luz natural (LOPES, 2019). O vidro faz parte tanto das esquadrias,
como de componentes no teto, ajudando na entrada da iluminação natural que não incide
formando insolações e sim fechos de luz complementares a claridade interna.
Quanto as instalações elétricas utilizaram peças de sobrepor, muitas compostas por
spots fixados em trilhos aparentes (LOPES, 2019).
A cobertura em formato de asas de borboleta, que fora implantada solta em cima da
edificação, é sustentada por uma viga em treliça metálica em policarbonato leitoso, barrotes
de madeira e pilares em concreto aparente vencendo os 16 metros de comprimento do
pavilhão (Figura 12).
Os pisos são revestidos de ladrilho hidráulico colorido e tijolos cerâmicos (Figura 10),
além disso devido a busca na diminuição da temperatura no interior do edifício, também
foram utilizadas pinturas com cores claras, inclusive branca e materiais de grande inércia
térmica como o concreto e “uma cobertura com grandes beirais, impedindo que a luz do sol
incida diretamente sobre a edificação” (LOPES, 2019).

Figura 12: Lateral do escritório: destaque para as aberturas e formação do teto, paredes e piso.

Fonte: Portal Galeria da arquitetura, França, 2019.

Os pontos positivos deste projeto são determinados a partir de alguns elementos e


soluções aplicadas, sendo estas: os materiais inseridos, a forma em que se constituem os
ambientes, as soluções com brises e o telhado em formato de asas de borboleta, no intuito de
36

um melhor conforto térmico e controle da insolação, a outra solução bem executada fica
evidenciada nos pisos que são revestidos de ladrilho hidráulico e tijolos cerâmicos, buscando
a diminuição da temperatura no interior do edifício.

5.2. Projeto Residência em Paraty-RJ

5.2.1. Genius Loci (contexto):

Construída entre os anos de 2008 a 2009, a Casa de veraneio elaborada pelo arquiteto
Márcio Kogan (Figura 13), foi implantada num terreno isolado na ilha de Santa Rita em
Paraty no estado do Rio de Janeiro.

Figura 13: Localização da Casa Paraty, Rio de Janeiro.

Fonte: Google Earth, 2019.

5.2.2. Iconologia (símbolo):

O arquiteto Márcio Kogan desenvolveu um projeto de modo que dois volumes de


concreto sobrepostos, ficam engastados em uma montanha (Figura 14), quase na altura da
praia, num balanço de 8 metros. A estrutura equilibra a construção na topografia resultando
num espaço habitável integrado à natureza.
37

Figura 14: Planta da inserção das caixas engastadas na montanha.

Fonte: StudioMK27, 2018.

O autor do projeto relata que na época pelo estilo do projeto, “nenhum profissional
paulista consultado quis calcular a estrutura” da residência por possuir um balanço de oito
metros em volume de 27 metros.
Por conta disso o projeto ganhou dois prêmios: o primeiro lugar no Leaf Awards
2009, um dos mais importantes prêmios de arquitetura da Europa, e o Design Awards 2010,
da revista britânica Wallpaper, na categoria “Best new private house” (melhor casa).

5.2.3. Identidade (cultura):

Construída para um jovem casal colecionador de móveis brasileiros do século XX. O


intuito é de que a construção fosse feita em um lugar que pudesse abrigar sua coleção e
também para passar finais de semana próximos à natureza. Diante disso, optou-se por
construir a residência em uma ilha de modo que o seu acesso é feito somente por barco.
A coleção de móveis que a casa abriga inclui peças desenhadas por Lina Bo Bardi,
Sérgio Rodrigues e Zanine Caldas, entre outros, juntamente com peças novas e modernas
criadas pelo Studio MK27.
38

5.2.4. Significado do uso (programa):

Os quatro pavimentos que compõem a casa são divididos em: térreo, constituído por
uma academia, uma sauna, uma piscina, um armazém e um banheiro; no segundo pavimento
possui quatro pátios encostados na montanha, terraço, área para churrasco, sala de estar,
cozinha, sala de jantar, dois banheiros e uma área de serviço; no terceiro pavimento existe um
terraço com um jardim, esta parte liga uma caixa a outra; o quarto pavimento constitui-se de
quatro pátios que estão juntos a montanha, cinco suítes, sendo uma delas máster e uma sala de
TV (Figura 15). Os espaços voltados para a montanha possuem pequenos pátios internos com
visão zenital.

Figura 15: Pavimento térreo, 1 e 3 respectivamente.

Fonte: https://www.archdaily.com.br/

A comunicação dos pavimentos ocorre por meio de uma escada que vai desde o
espelho d’água no térreo até os quartos, no último pavimento.
A cobertura foi projetada com o intuito de que funcionasse como murante para que os
moradores pudessem apreciar a vista para o mar e a mata atlântica, podendo ainda cultivar
plantas medicinais e ervas comestíveis, além de um jardim para as esculturas.

5.2.5. Movimento e geometria (plástica/configuração formal):

A arquitetura contemporânea se remete a projetos que alinham a estética com a


funcionalidade, nesse projeto Kogan trabalha com duas caixas de concreto em balanço, com
linhas retas e puras (STUDIOMK27, 2018).
Os volumes em balanço, a ortogonalidade, a textura do concreto nu são as principais
características formais do projeto de Kogan. A solução para os volumes em balanço foi
engastá-los nas rochas para conferir o equilíbrio necessário.
39

Com relação à ortogonalidade foi opção do arquiteto, afim de obter um vão contínuo
que se abre de fato para a natureza, por meio da frente envidraçada que oferece total
aproveitamento da vista para o mar.
Já a textura em concreto foi a solução adotada tanto para imprimir o estilo
contemporâneo como também por ser um material que, por sua tonalidade neutra, acaba por
não interferir no clima de contato com a natureza que o arquiteto tanto preza.

5.2.6. Estrutura e materiais (construção):

No que diz respeito a estrutura e os materiais, utiliza-se de materiais naturais, fibras,


madeiras, pedras, com produtos e materiais de alta tecnologia e inovação. Na caixa mais alta,
a vedação dos dormitórios é feita com ripas irregulares de eucalipto, a espessura chanfrada
busca a leveza, equilibrando a luminosidade no ambiente e aromatizando.
Com 27 metros de extensão, a área social possui enormes janelas de vidro que correm
em trilhos no teto e no piso, valorizando a vista para o mar. No bloco superior, reservado aos
dormitórios e zonas íntimas, essa face frontal também é aberta para o exterior, porém possui
painéis retráteis de varas de eucalipto (Figura 12), que protegem os ambientes do sol forte
(STUDIOMK27, 2018).

Figura 16: Detalhe dos painéis retráteis de eucalipto.

Fonte: StudioMK27, 2018.

Os aspectos positivos deste projeto são evidenciados quanto a utilização de materiais


expostos na região, seguindo os ideais da arquitetura vernacular e também sustentável, por
respeitar o entorno, usando na maioria das vezes materiais disponíveis no local onde a obra
está sendo realizada. Um outro aspecto a se destacar é a área em que foi realizada a
construção, contendo muitas vegetações, no qual muitas delas existentes no entorno foram
mantidas, tanto no intuito da preservação como para formar uma área climática agradável,
constituindo sombras, barrando boa parte da insolação direta e consequentemente reduzindo a
incidência de calor.
40

6. ANÁLISE DA SITUAÇÃO ATUAL DA ESCOLA

Como resultado das visitas realizadas na escola estadual Cônego João Cartaxo Rolim
obteve-se os seguintes dados:
Quanto a estrutura de toda a edificação foi executada com vedações em alvenaria de
tijolos furados, com espessuras entre 15 e 21 cm, acabamento com reboco e pintura com uma
mistura de cal utilizando corante na cor amarela (Figura 17).

Figura 17: Espessura da alvenaria de vedação.

Fonte: Acervo do autor, 2018.

O pátio central possui um telhado em duas águas vencendo um vão de 15,27m de


comprimento por 6,93 m de largura, piso em cimento queimado, mas com alguns ajustes
devido ao desgaste causado pelo tempo e movimentação constante entre as áreas.
O pátio é utilizado para recreação e alimentação nos horários de 09:00, 15:00 e 20:00
horas, em alguns dias da semana com utilização também para as aulas de educação física na
prática de esportes, inclusive futsal. Existem espaços com a presença de insolação durante
todo o dia, desde que mesmo possuindo uma cobertura com telhas cerâmicas, devido conter
aberturas em todas as laterais, permite a passagem do sol, que marca o pátio, sendo
41

necessário, quando em dias de aula, o deslocamento da turma para os espaços que estiverem
sombreados, que muda no decorrer da aula a cada deslocamento da luz incidente (Figura 18).

Figura 18: Pátio central com indecência solar.

Fonte: Acervo do autor, 2018.

As salas de aula também possuem o piso em cimento, muitas com a presença de


desgastes, possuindo desníveis devido a pequenos buracos formados no ambiente advindos do
desgaste gerado com o tempo. As poucas aberturas que existem nesses ambientes, o lugar e as
formas nas quais foram inseridas, ajudam na má qualidade do ambiente quanto ao conforto
térmico.
Nas salas localizadas a leste, durante a manhã, o sol adentra, formando marcas de
insolação nos espaços onde localizam-se carteiras e birô, das 07:00 às 09:00 horas, sendo
necessário manter as janelas fechadas nesse determinado espaço de tempo, utilizando
iluminação e ventilação artificiais com ventiladores e lâmpadas fluorescentes de 15 w, após
esse horário as janelas são abertas novamente, agora permeando a iluminação e ventilação
naturais. Quanto a ventilação cruzada, a mesma não acontece em todo o ambiente, devido a
42

porta principal precisar ser mantida fechada, pelo motivo da acústica não ser muito boa, e
assim não gerar conflito com a reverberação dos sons dissipados entre todas as turmas (Figura
19).

Figura 19: Sala de aula com suas aberturas e utilização de ventilação artificial.

Fonte: Acervo do autor, 2018.

Para os ambientes localizados a oeste, pela manhã não existe problema com insolação,
mas no período da tarde a alvenaria localizada nessa orientação fica das 15:00 às 18:00 horas
completamente exposta ao sol poente, e mesmo com as portas e janelas abertas durante toda a
aula, essas localizadas na parede oposta, além da existência de ventiladores estando ligados
em sua velocidade máxima, ainda assim não conseguem amenizar a elevada sensação térmica,
ficando ainda mais intolerante nos meses de setembro a dezembro, meses considerados os
mais quentes da região, destacada por estar contida na zona climática 07.
Os banheiros masculino, feminino e dos funcionários, localizados na lateral leste da
edificação, possuem apenas um cobogó como abertura para iluminação e ventilação naturais
(Figura 20), deixando o ambiente com pouca ventilação quando fechado e úmido devido a
presença da caixa d’água e de elementos hidráulicos como componentes do espaço.
43

Figura 20: Ventilação dos banheiros realizada por meio de cobogó.

Fonte: Acervo do autor, 2018.

A sala da diretoria possui piso em mesmo material dos demais ambientes, com a
presença de uma janela em madeira voltada para fachada principal, uma sala um pouco
compacta, com muitas estantes e materiais, mas bem mais ventilada que as demais, por estar
voltada para o sul (Figura 21).
Com relação a sala onde localiza-se a cozinha, a mesma também está posicionada para
o sul, com a presença de apenas uma janela exposta na parede leste do ambiente, mas devido
aos aparelhos elétricos e fogão industrial que passa boa parte do dia produzindo as refeições
de alunos e funcionários, se torna quente, não podendo durante a elaboração da comida ligar o
ventilador que existe instalado na sala, para não prejudicar o uso do fogão (Figura 22).
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Figura 21: Sala da direção. Figura 22: Cozinha.

Fonte: Acervo do autor, 2018.

As duas salas utilizadas como depósito, uma localizada na lateral direita da cozinha,
na parte sul da edificação, com uma janela também voltada para a fachada principal, que é
mantida sempre fechada, devido aos diversos materiais que estão guardados, a outra
localizada na parte oeste da edificação, ambiente este que não possui aberturas, gerando um
clima seco e asfixiante (Figura 23).

Figura 23: Depósito de materiais diversos, sem qualquer abertura ou ventilação.

Fonte: Acervo do autor, 2018.


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Ficou revelado através da visita in loco, que na maioria dos ambientes existe a
presença de insolação e demasiado calor, devido muitas vezes a fatores externos, como o sol e
a falta de alguns elementos internos que possam barrar tais incidências. Mas para
comprovação foi realizado o levantamento métrico dos ambientes pertencentes a edificação
escolar foco do trabalho e inserido no software Revit, para confirmação através desta
ferramenta.
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7. APURAÇÃO DOS DADOS CLIMATOLÓGICOS ATRAVÉS DE SOFTWARE

No intuito da confirmação da avaliação feita anteriormente, utilizou-se o Revit, para


realização do estudo solar de iluminação gerando imagens mostrando a projeção das sombras
e a posição do sol incidindo na edificação, de acordo com determinados horários do dia.
Percebe-se que no mês de março na parte leste às 09:00 horas (Figura 24), a alvenaria
encontra-se mais vulnerável a incidência solar do Nascente, enquanto na posterior está
sombreada, assim como os ambientes locados a direita da edificação.

Figura 24: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em março.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Com relação ao mesmo horário citado anteriormente, mas modificando o mês, ficando
em evidência junho (Figura 25), percebe-se quanto a fachada leste que a mesma ainda possui
iluminação natural em demasia, assim como os ambientes internos localizados à esquerda da
edificação, o destaque se dá por uma leve claridade que se destaca na fachada posterior,
determinando assim uma pequena mudança referenciada ao deslocamento solar, perante o
início do solstício de inverno iniciado em 21 deste mês referenciado.

Figura 25: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em junho.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.


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Para o mesmo horário, agora evidenciando o mês de dezembro (Figura 26), percebeu-
se a presença da insolação matutina presente em todas as fachadas a partir do dia 21, início do
solstício de verão. A começar por esta data, as insolações se tornam mais vigentes também
nos espaços internos.

Figura 26: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em dezembro.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

No mês de março, com evidência para o horário das 12:00 horas (Figura 27), as
fachadas e os espaços internos se mantém protegidos da insolação direta, desde que o sol
mantêm-se inclinado em relação ao plano orbital da terra, focando a sua iluminação na
coberta da edificação, no entanto a sensação térmica dos ambientes internos aumenta, sendo
necessária a utilização de elementos elétricos para amenização das altas temperaturas.

Figura 27: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em março às 12:00 horas.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Para o dia 21 de junho às 12:00 horas, início do solstício de inverno, analisa-se que a
incidência solar começa a se manifestar tanto nas coberturas como na fachada posterior, com
relevância para uma parte do pátio (Figura 28).
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Figura 28: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em junho às 12:00 horas.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Em 21 de dezembro nesse mesmo horário tratado anteriormente, nas análises feitas nas
volumetrias pelo Revit, fica evidente a presença da insolação apenas na coberta, deixando
marcado alguns espaços abertos, sendo estes, o afastamento entre a coberta do pátio e o “U”
que compõe a cobertura das demais edificações do entorno (Figura 29).

Figura 29: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em dezembro às 12:00 horas.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Para a última verificação no mês de março fica destacado que no horário das 15:00
horas (Figura 30), o sol poente, fica explícita a insolação na fachada oeste e nos ambientes
internos voltados a esta orientação. Quanto a sensação térmica nesse horário, é
consideravelmente alta, devido à ausência dos condicionantes climatéricos que afetam a
transferência de calor entre o ar e o corpo de seus usuários. Nesse horário normalmente o
consumo energético por meio dos ventiladores, é aumentado para diminuição do calor
emanado das alvenarias que se mantém expostas a insolação durante este período de tempo.
Nessa mesma data, está iniciando o equinócio de outono e primavera, momento este
em que o sol está diretamente alinhado sobre a linha do equador, mantendo uma mesma
duração quanto o dia e a noite.
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Figura 30: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em março às 15:00 horas.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

A partir do dia 21 de junho, às 15:00 horas (Figura 31), percebe-se que o sol adentra
ainda mais nos espaços internos formando uma incidência de luz que prejudica a execução de
algumas atividades, como as aulas de esportes realizadas no pátio e até mesmo o recreio, que
inicia-se exatamente nesse horário, esse fator faz com que os seus usuários busquem sempre
as áreas que estão mais sombreadas, livrando-se da intensidade dos raios solares desse
horário.
No tocante a essa mesma data, é iniciado o solstício de inverno, momento este em que
as noites se tornam mais longas do que os dias, esse evento ocorre devido aos fenômenos de
rotação e translação realizados pelo planeta, nesses dias a luz solar se torna incidente de forma
desigual por entre os hemisférios.

Figura 31: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em junho às 15:00 horas.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Conforme detalhado no dia 21 no mês de dezembro (Figura 32), mesmo horário já


especificado no excerto anterior, a edificação mantém seus ambientes internos expostos à uma
grande incidência solar, acrescido também na fachada frontal mesmo com uma insolação em
menor quantidade do que nos espaços do interior da edificação.
Nessa mesma data, é declarado o início do solstício de verão, momento em que no
planeta ocorre um aumento na exposição de raios solares, ocorrendo que os dias se tornam
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mais longos do que a noites, a incidência do sol é realizada de forma vertical no trópico de
capricórnio.

Figura 32: Volumetria do escosso frontal e posterior da escola em dezembro às 15:00 horas.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Os espaços que recebem luz do sol por muito tempo e em grande intensidade, além de
estarem propícios ao aumento do calor, estão sujeitos a problemas de desgaste de pinturas,
pisos e dos móveis internos.
É de fato evidente que durante os diversos meses do ano, o deslocamento do sol vai
causando momentos de insolação nas quatro fachadas da edificação além dos ambientes
internos, essas incidências de luz ocasionam em certos horários desconfortos na execução das
atividades que são realizadas na escola, em consequência muitas vezes, da falta de circulação
de ar, da quantidade de esquadrias existentes e até mesmo pela falta de um elemento que faça
o controle desse excesso de iluminação solar que é incidida nas alvenarias e cobertas.
Para um melhor entendimento da apuração dos dados climatológicos foram
desenvolvidos os modelos a seguir, de forma detalhada quanto aos solstícios de inverno,
verão e o equinócio de outono e primavera, nos Quadros 2 e 3 (ver em Anexos):
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8. RESULTADOS DAS PROPOSIÇÕES

As propostas pensadas para serem inseridas no anteprojeto da escola foco desta


pesquisa, possuem o objetivo de trazer uma diminuição nas altas sensações térmicas e nas
grandes incidências solares, foram aplicadas tomando como base as pesquisas realizadas para
correlatos, utilizando o que de fato foi considerado como uma inserção positiva.
O clima consideravelmente quente da cidade de Sousa, requer cuidado quanto a
geração das recomendações para se alcançar um conforto térmico agradável na edificação
estudada, considerando as inserções de diversos aspectos construtivos que podem propiciar
um melhor desempenho térmico.
No intuito da diminuição da insolação incidente nos ambientes internos,
principalmente a existente no pátio e corredores da escola, foi proposta a inserção de
venezianas móveis (Figura 33) nos espaços abertos das cobertas, tomando como inspiração os
painéis retráteis de eucalipto mencionados no correlato Casa Paraty. Sendo instalados na parte
superior dos espaços entre os pilares dos corredores, o intuito é de que eles sejam esticados
quando houver grande incidência solar, dando a possibilidade que ele seja recolhido para a
parte superior quando não for necessário seu uso.

Figura 33: Detalhe da veneziana móvel.

Fonte: http://portalmad.com.br.

A incorporação foi realizada também na lateral do pátio central, permitindo um bom


sombreamento durante os horários em que a insolação se mostrava mais incidente, a
verificação pode ser feita através das imagens geradas no software SketchUp após as
52

aplicações (Figura 34). A inserção dessas venezianas tem como suporte para sustentação os
pilares existentes nos corredores e no pátio.

Figura 34: Detalhamento das venezianas móveis entre os pilares.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Para complementar as intervenções realizadas na parte interna da edificação, foi


proposta ainda a inserção de pergolado de madeira com ripas de 8 cm espaçados a 20 cm,
possuindo vegetação sobre esta, a fim de evitar a entrada da luz solar de forma muito intensa
no interior do pátio e também foi instalado na parede do pátio externo com o intuito de criar
uma área semi sombreada, tendo em vista que todo o pátio externo sofre de incidência solar
direta (Figura 35).

Figura 35: Detalhamento do pergolado no pátio externo.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.


53

Com relação às aberturas existentes nas paredes externas, as janelas e cobogós,


utilizou-se de brises com espessura de 5 cm e espaçamentos de 15 cm, baseado na solução
utilizada na Sede do Escritório Lins e Arquitetos Associados. Foram inseridas ripas de
comprimentos variados tomando como base o estudo das sombras geradas, de modo a
otimizar a quantidade de madeira utilizada, fazendo uso apenas do material necessário para
atender o objetivo de amenizar a incidência solar (Figuras 36 e 37).

Figura 36: Brises de madeira utilizadas nas aberturas da fachada Sul.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Figura 37: Brises de madeira utilizadas nas aberturas da fachada Oeste.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.


54

O principal intuito dessa aplicação é barrar a insolação incidente nas paredes das salas,
proporcionando um equilíbrio na temperatura interna, que já é amenizado com o uso de
aparelhos energizados (ventiladores). Essa mesma aplicação é realizada na parte externa na
lateral oeste, barrando a insolação mais incidente que é determinada pelo horário das 15:00
horas.
Outra inserção que foi realizada para controle da insolação das 09:00 horas foi tanto a
manutenção das árvores existentes atualmente no entorno da edificação escolar, como a
inserção de novas árvores com canteiros que servem de bancos aos usuários, formando uma
barreira ao longo da fachada leste (Figura 38). Essa obstrução como proteção dessa fachada,
permitirá um controle da iluminação que incidirá sobre as salas, sem inibir de fato a passagem
da ventilação.

Figura 38: Novas árvores inseridas na fachada Leste.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Um exemplo de vegetação a ser inserida pode ser de árvores frondosas de médio ou


grande porte, de modo que possa ser gerada a maior quantidade de sombra possível. A
exemplo disso temos o “nim indiano”, muito utilizada nos bairros da cidade. Essa vegetação
possui muita facilidade de semeadura podendo ser feita através de sementes ou mudas feitas a
partir de galhos de outras árvores maduras.
Possui mecanismos de ação repelente, muito utilizada no controle de pragas. Por ser
uma edificação escolar, com estudantes de todas as idades, desde o ensino do fundamental I e
II, essa ação repelente trará benefícios, desde que protegerá da entrada de insetos à edificação.
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Como fundamentação para as propostas relatadas neste capítulo, utilizaram-se as


análises feitas por Corbella (2009), em projetos de várias cidades, tratando em muitas de suas
conclusões que os protetores solares externos, como os brise soleils e as vegetações,
apresentam eficiência no controle da luz solar, desde que conseguem barrar o calor antes que
adentre nos espaços, consequentemente reduzindo as sensações térmicas, além de fazer um
controle na iluminação e ventilação incidente, distribuindo-as no interior dos ambientes de
forma igualitária, obtendo-se ainda como vantagem a redução do consumo energético.
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9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tanto o software Revit como o SketchUp serviu durante a análise como suporte para a
verificação da exposição da edificação quanto a insolação, destacando alguns ambientes como
os mais vulneráveis em certos horários. A verificação foi de grande relevância por possibilitar
um conjunto de recomendações para a elaboração de um anteprojeto mais adequado e
específico para a região climática do objeto de estudo, evitando falhas projetuais e
proporcionando sugestões que solucionem a problemática da insolação e das altas
temperaturas internas dos espaços.
O desenvolvimento do traçado do sol durante os principais meses do ano através dos
softwares também possibilitou uma compreensão da trajetória solar da cidade de Sousa-PB,
facilitando a execução e inserção das proteções solares no entorno da edificação. Esta
representou-se como a principal estratégia executada para controle da incidência de luz,
concretizada através dos brises localizados tanto nos espaços entre as cobertas, quanto nas
aberturas das janelas.
As inserções propostas cumpriram com o papel de proporcionar sombreamento dos
espaços internos, como o pátio e os corredores, sem realizar um bloqueio total da entrada de
iluminação e ventilação aos ambientes, revelando um efeito com pequenas frestas de luz
condicionadas no piso.
Quanto aos objetivos da pesquisa, todos foram alcançados, deixando claro quão
possível é realizar a inserção de elementos mesmo após a edificação já ter sido construída,
embora saiba que o certo seria prever essas inserções ainda quando projeto, para que as
mesmas já tivessem sido aplicadas antes da apropriação de seus usuários.
O primeiro objetivo de buscar a compreensão das diretrizes para o clima quente-seco,
obtendo como foco a insolação presente na edificação, foi realizado quando pesquisado sobre
os fatores condicionantes térmicos, de modo que a partir do entendimento de como se
comportam, pôde-se pensar as soluções mais viáveis para o controle desses determinantes
climáticos.
Outro objetivo alcançado foi trazer a análise da escola no que se refere ao seu
histórico, a hierarquia dos ambientes, sua constituição externa e interna e a incidência de
insolação sofrida por eles. A conquista dessa etapa se deu a partir de pesquisas acerca dos
momentos históricos da escola e das mudanças de sedes, de medições de seus espaços
componentes, locando as aberturas e destacando elementos construtivos, onde a análise
57

fotográfica e o uso dos softwares Revit e SketchUp em sua versão estudantil atuaram de modo
complementar.
Com a revisão bibliográfica, a análise do objeto de estudo e dos correlatos foi possível
selecionar as melhores alternativas e aplicar soluções projetuais que pudesse otimizar os
ambientes da escola, que consiste no terceiro e último objetivo proposto para a pesquisa.
No entanto a contribuição realizada através das recomendações deste projeto visando o
conforto térmico da Escola Estadual Cônego João Cartaxo Rolim, não se acabam com a
finalização desta pesquisa, podendo ser complementados e analisados para outras edificações,
muita coisa entrará em conformidade, mas diante a especificidade desse ambiente outras
inserções deverão ser pensadas.
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REFERÊNCIAS

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06 setembro 2018.

CORBELLA, Oscar; CORNER, Viviane. Manual de arquitetura bioclimática tropical. 2ª


reimpressão. Rio de Janeiro: Revan, 2011.

CORBELLA, Oscar; YANNAS, Simõs. Em busca de uma arquitetura sustentável para os


tópicos – conforto ambiental. 2. Ed. Rio de Janeiro: Revan, 2009.

FROTA, Anésia Barros; SCHIFFER, Sueli Ramos. Manual de conforto térmico:


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GONÇALVES, Joana Carla S. Iluminação e Arquitetura. São Paulo: Editora Geros s/c
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INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 7726:


ergonomics: instruments for measuring physical quantities. Genève: ISO, 1998.

INTERNACIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 7730.


Ergonomics of the thermal environment – Analytical determination and interpretation of
termal comfort using calculation of PMV and PPD indices and local thermal comfort
criteria. Geneva: ISO, 2005.

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Jaguaribe&id_cidade=bra_ce_jaguaribe.818330_inmet>. Acesso em: 10 Fevereiro 2019.
59

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Disponível em: < http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/?cidade=CE-
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WOLFF, Silvia Ferreira Santos. Escolas para a República: os primeiros passos da


arquitetura das escolas públicas paulistas. São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo,
2010.
60

ANEXOS

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