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Exmos. Srs.

A ASPGN-Associação Sócio-Profissional dos Guardas-Nocturnos vem por este meio dar a conhecer a
posição da Direcção Nacional da PSP que não visa outra coisa senão voltar a desarmar os Guardas-
Nocturnos.

Por via de um pedido de licenciamento para uso e porte de arma (LUPA), por parte de um nosso
associado, a PSP vem por via do indeferimento do mesmo mencionar o seguinte:

Ora como podem V.Exa constactar, a PSP vem referir que a Lei 105/2015 de 28 de Agosto apenas
concede aos Guardas-Nocturnos a faculdade de solicitar por via de ordem profissional, em virtude do
desempenho de funções, “designadamente arma da classe E” e não constitui condição base para a
concessão de armas de fogo da classe B1 (estando nesta medida em condição de igualdade com os
demais cidadãos nos termos da Lei das Armas), recentemente alterada, embora com mais fundamento,
que não corresponde à verdade e será feito o respectivo recurso hierárquico desta decisão.

Tem assim a ASPGN o justo receio que a PSP, e com base de uma interpretação errada da Lei, se prepara
para não emitir nem renovar mais LUPA aos Guardas-Nocturnos, por entenderem que apenas têm
direito a armas da classe E (gás pimenta e aparelho de descarga electrica, numa clara violação dos
direito legalmente consagrados, segundo os mesmos.

O exercício da profissão constitui base para a concessão de LUPA B1, nos termos do artigo 12º da Lei
105/2015 de 28 de agosto:

“1 - O guarda-noturno está sujeito ao regime geral de uso e porte de arma, podendo recorrer na sua
atividade profissional, designadamente, às armas da classe E previstas nas alíneas a) e b) do n.º 7 do
artigo 3.º da Lei n.º 5/2006, de 23 de fevereiro, alterada pelas Leis n.os 59/2007, de 4 de setembro,
17/2009, de 6 de maio, 26/2010, de 30 de agosto, 12/2011, de 27 de abril, e 50/2013, de 24 de julho.

2 - O porte, em serviço, de arma de fogo é comunicado obrigatoriamente pelo guarda-noturno à força


de segurança territorialmente competente.”

Conjugada com a Portaria 991/2009 de 8 de Setembro, no seu anexo III, nº 5


“Pistola - de modelo aprovado; o seu uso em serviço é de carácter permanente”
Assim podemos retirar da letra de lei, em consonância com o espírito do legislador, que o porte de
arma em serviço é um direito dos Guardas-Nocturnos, claro está, que cumpram os pressupostos da Lei
5/2006, de 23 de Fevereiro (Lei das Armas).

Poderão assim V.Exas constactar que a decisão da Direcção Nacional da PSP é contrária à Lei, sendo que
a Ordem dos Advogados partilha da nossa interpretação da Lei, como poderá ser aferido no site da
Assembleia da República, aquando da discussão da Lei 105/2015 (Lei que regula a actividade de Guarda-
Nocturno),
(https://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalheIniciativa.aspx?BID=39014) no
pedido do parecer feito à referida Ordem, do qual extraímos:

Sendo que a decisão da Direcção Nacional da PSP também contraria o referido parecer, e não reconhece
o direito ao porte de arma de fogo em exercício de funções por parte dos profissionais.

De referir que na redação final do referido Projecto de Lei que deu origem à Lei 105/2015, foi
substituído o termo “preferencialmente” por “designadamente” de forma a evitar a uma errada
interpretação da Lei, como é o caso aqui referido.

Aliado a isto, recentemente foi alterada a Lei das Armas, onde a versão original do projecto de Lei
retirava o fundamento para obtenção ou renovação de LUPA a demonstração de carência da licença por
razões profissionais, conforme artigo 14º, nº1, al. b), pelo que esta associação interveio junto dos
Grupos Parlamentares pelo justo receio que se tal norma fosse alterada e deixasse de constar na Lei das
Armas, a PSP viesse novamente a dificultar a obtenção da LUPA, pelo que a redação desta alínea só não
foi alterada por oposição dos Grupos Parlamentares do PSD, CDS-PP e PCP, garantindo assim o
fundamento de carência da Licença B1 por motivos profissionais, pelo que tal aliado à legislação em
vigor, nomeadamente a Lei 105/2015, Portaria 991/2009, o uso da arma de fogo em serviço é de caráter
permanente, sendo assim um direito à obtenção da Licença de Uso e Porte de Arma por parte dos
Guardas-Nocturnos, sempre que reuniam igualmente os requisito exigidos pela Lei das Armas.
Poderão assim constatar que PSP ao não reconhecer tal direito estará ir contra o legalmente estipulado,
colocando em causa a vida dos Profissionais, como os limita no exercício das suas funções.

Face ao exposto a ASPGN irá dirigir no menor curto espaço de tempo uma queixa ao Digníssimo
Provedor de Justiça, bem como dar a conhecer a situação ao Ministério da Administração Interna, uma
vez que se a Direcção Nacional da PSP não voltar atrás com a sua decisão, irá estar a desarmar os
Guardas-Nocturnos numa clara violação dos seus direitos legalmente consagrados.

Está esta associação disponível para disponibilizar toda a documentação que comprova o acima exposto.

É o que nos cumpre dar a conhecer.

Melhores cumprimentos.

A Direção

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