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AULA: INDUSTRIALIZAÇÃO

Professor: Genivaldo
1° Revolução Industrial: A partir do séc. XVIII, a industrialização na Inglaterra possibilitaria a
ampliação da capacidade do homem de transformar a natureza, e as atividades na produção de
tecidos, pela forma artesanal e por manufaturas, passaram a serem substituídas pelas
maquinofaturas. No sec. XIX, ocorre a aceleração na acumulação de capital pelos sistemas de
produção e a intensificação do comércio internacional. Londres se transformaria no centro orientador
das finanças no mundo capitalista financiando os investimentos em infraestrutura em todo o mundo.
A industrialização se expandiria pela Europa e se estabelecem teias de relações econômicas em
âmbito local e mundial através da revolução do consumo.

No início, as indústrias se concentravam próximas aos centros de matérias-primas. As necessidades


de mais matérias-primas levam ao desenvolvimento das redes de transporte para o abastecimento
industrial e escoamento da produção. Portos marítimos, fluviais e as ferrovias são construídos em
larga escala durante essa primeira fase, e se intensifica a diversificação das indústrias, principalmente
no setor têxtil e siderúrgico.
2° Revolução Industrial: A partir da segunda metade do séc. XIX, os financiamentos da produção
industrial possibilitaram uma nova fase nos sistemas produtivos. A partir do final do séc. XIX e início
do séc.XX, ocorre uma diversificação ainda maior com o surgimento de novos setores industriais como
petroquímicas, metalúrgicas, indústrias automobilísticas e armentistas. Os EUA assumem a liderança
dessa nova fase industrial no início do séc.XX, intensificando sua infraestrutura urbana com as
produções em séries de automóveis. Novos entroncamentos rodoviários, rodovias, aeroportos são
construídos e as cidades se expandem, principalmente nos EUA e Europa. Com a influência das
doutrinas Tayloristas e Fordistas, ampliam-se os excedentes de lucros intensificando a acumulação
que financiaria a ampliação e a diversificação do consumo público e privado. A política de crédito para
o consumo é inserida como parte dos ajustes econômicos do pós-Crise de 1929, e seria largamente
utilizada a partir dos anos 1950 em todo o mundo capitalista.
A Desigual Acumulação de Excedentes:A atividade industrial tende a concentrar grande parte dos
lucros excedentes em poucas mãos, e a conserva-lo sob controle do grupo social diretamente
comprometido com o processo produtivo. Os países desenvolvidos detinham os maiores parques
industriais do mundo criando um abismo econômico e tecnológico em relação aos países pobres. A
desigualdade se ampliaria, pois muitos países capitalistas subdesenvolvidos assumiram a forma de
especialização na exportação de produtos primários e o excedente adicional incrementam suas
capacidades de importação de produtos industrializados dos países capitalistas desenvolvidos, ou
seja, aumentar a capacidade de importação para adquirir bens de consumo avançados. Dessa forma,
a industrialização ocorreria de forma desigual desde a sua mundialização no séc.XX.

Tipos de Indústrias:
- Industrias de Base: siderúrgicas, metalúrgicas, petroquímicas e cimento;
- Industrias de bens de capital: máquinas e equipamentos;
- Indústrias de bens de consumo: alimentos, bebidas e remédios (Não-duráveis), roupas e calçados
(Semi-duráveis), móveis, eletrodomésticos, automóveis e eletrônicos (Duráveis).
Fatores que favorecem a industrialização:
- Fontes de matérias-primas;
- Fontes de energia;
- Mão de obra (Qualificada ou não);
- Baixa remuneração;
- Alta remuneração;
- Presença do mercado consumidor;
- Infraestrutura de transportes;
- Rede de telecomunicações;
- Incentivos fiscais;
- Disponibilidade de água.
Substituição de Importações e a Industrialização no Brasil: Países subdesenvolvidos, como o
Brasil, receberam um grande número de indústrias estrangeiras para produzir e atender as demandas
e necessidades de seu consumo interno. As multinacionais passaram a reproduzir nos países
periféricos os padrões de consumo dos países do centro onde a renda é maior. A substituição de
importações é uma miniatura dos sistemas industriais globais que são apoiados em um processo muito
mais amplo de acumulação de capital. A monopolização da alta tecnologia permanece nas mãos das
grandes corporações que determinam o nível de acesso as altas tecnologias em todo o mundo. Dessa
forma, a divisão internacional e territorial do trabalho se torna mais elaborada e sofisticada. Os países
subdesenvolvidos começam a adquirir tecnologia dos países desenvolvidos o que os tornam ainda
mais tecnologicamente dependentes

O Brasil começou a desenvolver seus parques industriais a partir dos anos 1930 durante o governo
de Getúlio Vargas (1930-1945) com financiamento dos EUA. As siderúrgicas construídas no Brasil se
tornaram parte da estratégia de fornecimento de matérias-primas para o parque industrial
estadunidense juntamente com a instalação de bases militares dos EUA no território brasileiro.
Nos anos 1970, a produção industrial brasileira estava concentrada no sudeste do país próximas aos
grandes centros urbanos para atender as demandas do consumo interno. A industrialização promoveu
um êxodo rural e um enorme processo de urbanização no Brasil. De 1970 a 1990, aproximadamente
30 milhões de pessoas deixaram o campo e migraram para as cidades no país.
A produção no Brasil se expandiu e passou a influenciar o crescimento econômico e a ascensão do
Produto Interno Bruto – PIB.

3°Revolução Industrial: A partir dos anos 1950, a produção para o consumo de massa se intensifica
acompanhado pela expansão vigorosa do sistema bancário e financiador do crédito para o consumo.
A partir dos anos 1970, ocorre a miniaturização dos produtos industrializados e o incremento ainda
maior da produção de bens de consumo. Ocorre o surgimento do walkman, aparelhos 3 em 1, vídeo
cassete entre outros itens que revolucionariam a indústria de eletrônicos. Bens e serviços antes
restritos a minorias são produzidos para o mercado de massa. A tecnologia das comunicações e da
informação se intensifica, e o poder de acumulação das grandes corporações se potencializa a nível
global. As multinacionais disputam lideranças no domínio tecnológico para a produção de produtos de
massa cada vez mais sofisticados. Nos anos 1980, a tecnologia se intensifica com o desenvolvimento
dos computadores domésticos e os primeiros celulares. A 3°revolução industrial é movida a
conhecimento. Tecnopólos são instalados próximos as universidades e centros de pesquisas, como
no vale do silício nos EUA. Em 1990, dos cinco milhões de cientistas existentes no mundo, um milhão
são dos EUA. No Brasil, os maiores Tecnopólos estão instalados nas cidades de Campinas e São
José dos Campos. As indústrias pela sua dinâmica exigem investimentos excepcionais e tecnologias
complexas se limitando as estatais e multinacionais.
A sofisticação da produção industrial possibilita, se necessário, a fragmentação da produção em
escala global. Em países ou regiões menos desenvolvidas, a produção industrial de alta tecnologia é
limitada, mas podem ser produzidas peças e equipamentos de um automóvel, avião, etc, que exigem
maior quantidade de matérias-primas (Estruturas, carcaças, fuselagens, motores, etc). Os
componentes eletrônicos avançados (Computadores, softwares, sistemas de comunicação, etc)
podem ser produzidos em regiões ou países com maior conhecimento técnico e que não exige maior
quantidade de matérias primas. Dessa forma, um mesmo produto pode ser fabricado fracionado em
dezenas de países até a sua montagem final. As regiões com mais abundância de mão de obra barata
se tornaram bastante atrativas para todos os tipos de industrias, pois as corporações mudam de local
sempre em busca de mão de obra com valores mais acessíveis, com destaque para as regiões de
zonas francas.
As Zonas Francas, o Neoliberalismo e a Desconcentração Industrial: A partir dos anos 1970,
zonas francas (Áreas restritas de isenção de impostos) são criadas pelo mundo no estilo de produção
japonês dos anos 1960. Os tigres asiáticos se destacam nesse modelo de produção com mão de obra
barata e isenção parcial de impostos. No Final dos anos 1970, surgem as Zonas Econômicas
Especiais na China. No Brasil é criado a Zona franca de Manaus nos anos 1960. Dessa forma, as
indústrias passaram a terem mais facilidades de mobilidade pelos territórios, mas foi com o Consenso
de Washington em 1989 que as políticas neoliberais são implementadas em grande parte dos países
capitalistas possibilitando a emancipação das grandes empresas. O Neoliberalismo fortaleceu o poder
e influência dos grupos corporativos acompanhado pela perda do controle pelos Estados de boa parte
de seu sistema produtivo interno, pois a maior parte de suas empresas (Estatais) são vendidas para
os grupos corporativos a partir dos anos 1990. As indústrias passam a migrar para outras regiões em
busca de mão de obra mais barata. Essa desconcentração industrial seria facilitada pela aceleração
na modernização dos sistemas de transporte e de telecomunicações. A mão de obra barata passou a
ser mais importante do que a presença do mercado consumidor para as empresas. As multinacionais
migram para a China e produzem para abastecer o mercado consumidor em todo o mundo com um
custo de mão de obra até 20 vezes (ou mais) inferior que nos EUA e Europa. O capital se desconcentra
e o trabalho também. A desconcentração ocorre também dentro das regiões no território de um mesmo
país, como no Brasil onde parte das industrias do Sudeste estão se dispersando para o interior do
país.

Outros fatores favoreceram esse processo, como o colapso econômico e político do bloco soviético
a partir do final dos anos 1980. Esse colapso provocou uma forte desindustrialização no leste europeu.
No antigo bloco soviético não havia uma produção para o consumo de massa como no ocidente, pois
geladeiras, televisores e outros eletrodomésticos eram fabricadas para durarem 25, 30 anos e até
lâmpadas eram fabricadas para durarem décadas. Ao contrário do socialismo soviético, a acumulação
no ocidente é potencializada pela produção de novos produtos com baixa durabilidade acompanhado
de uma sofisticação rápida das novas tecnologias. O sistema de Obsolescência Programada é
extremamente eficiente, pois produtos se tornam obsoletos rapidamente tendo que ser repostos por
outros para acompanhar a modernização dos sistemas. No caso de defeitos técnicos, muitos desses
produtos não possuem nem peças de reposição e devem ser trocados por outros novos. A cada 3 dias
se lançam novos produtos no mercado com aperfeiçoamentos e preços superiores. O fim da URSS
em 1991, acelerou a expansão do neoliberalismo com a incorporação do Leste no mercado
consumidor explorado pelos amplos setores corporativos internacionais.

Contexto Atual: A 3° revolução industrial prossegue acompanhada de uma constante sofisticação de


produtos para o consumo de massa. As multinacionais ganharam força e poder sem precedentes na
história e já não obedecem ao controle dos Estados. Os Estados na atualidade estão disputando entre
eles os investimentos das grandes corporações. Por outro lado, os grupos corporativos controlam a
política dos Estados através de seus Lobbies e impedem qualquer oposição aos seus interesses em
todo o mundo. A alta burguesia abriu mão do controle direto do sistema produtivo e passou a controlar
o sistema financeiro, pois esse é indispensável para a produção industrial em todo o mundo. O
conhecimento técnico e cientifico predominante na atual conjuntura. O aprimoramento tecnológico
exige cada vez mais especialização dos trabalhadores que precisam de constante preparação
profissional para atender as exigências do mercado, não apenas industrial, mas em todos os setores
que exigem utilização de tecnologias modernas. Os salários são reduzidos em decorrência da
diminuição da qualidade do conhecimento técnico. O operariado mundial já não está concentrado nos
países desenvolvidos e sim nos países emergentes mais avançados, como China e Índia. A produção
nesses países é realizada com mão de obra extremamente barata com diminuição de barreiras
comerciais. A disparidade salarial continua bastante acentuada em todo o mundo, em decorrência do
nível de conhecimento técnico e a liberdade de atuação dos sindicatos. A questão dos impactos
ambientais provocados pelas indústrias, estudaremos em um outro texto.

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