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1. Mostre que todo grupo de ordem 1986 não é simples.

Demonstração. Seja G um grupo, com |G| = 1986. Temos que |G| = 1986 = 2 · 3 · 331. Pelo
primeiro teorema de Sylow, exitem 331-subgrupo de Sylow. Seja S um 331-subgrupo de Sylow.
Sabemos que se |G| - [G : S]! então G não é simples.
Afirmamos que G não é simples. De fato, |G| = 2 · 3 · 331 - (2 · 3)! = 6!.

2. Seja p um primo e G um grupo de ordem 2p. Mostre que G tem um grupo de ordem p.

Demonstração. Seja p um número primo. Afirmação: Todo grupo de ordem p2 é abeliano.


Separemos em dois casos, se p = 2 e p 6= 2.
Se p = 2, então |G| = p2 = 22 . Pela afirmação acima, G é abeliano, daı́ pelo Lema de Cauchy
para grupos abelianos, G tem um elemento de ordem 2, seja g ∈ G tal elemento, portanto < g >
tem ordem 2.
Se p 6= 2, então p é um número primo ı́mpar, assim (2, p) = 1. Logo pelo 1o teorema de Sylow,
existe H < G tal que |H| = p.

3. Sejam p e q primos distintos. Mostre que todo grupo de ordem p2 q tem um subgrupo de Sylow
normal.

Demonstração. Seja G um grupo de ordem p2 q e suponhamos por absurdo que G não tem um
subgrupo de Sylow normal. Seja nq o número de q-Sylows e np o número de p-Sylows. Assim,
nq ,np > 1.
Pelo terceiro teorema de Sylow temos que q | (nq − 1) e nq | p2 , logo nq = 1, nq = p ou nq = p2 .
Se nq = 1, já temos um absurdo.
Afirmação: Sejam Sq1 e Sq2 dois q-Sylows distintos, então Sq1 ∩ Sq2 = {e}. De fato, suponha
Sq1 ∩ Sq2 6= {e}. Seja a ∈ Sq1 ∩ Sq2 . Temos < a >≤ Sq1 ∩ Sq2 , assim | < a > | = q pois cada
q-Sylow tem ordem prima q. Disto concluimos que < a >= Sq1 = Sq2 , absurdo.
Se nq = p2 , segue da afirmação que existem (q − 1)p2 elementos de ordem q (pois cada q-Sylow
tem ordem q e da afirmação acima). Assim restam exatamente p2 q − (q − 1)p2 = p2 elementos de
ordem diferente de q em G. E portanto, restam p2 elementos para “compor”os p-Sylows (que tem
ordem p2 ). Disto, concluimos que np = 1, e portanto existe um único p-Sylow, que é portanto
normal em G, um absurdo.
Se nq = p, por um lado q | p − 1, logo q ≤ p − 1 < p, por outro lado np | q, logo np = q (pois q é
primo), e como np ≡ 1(mod p), teremos q ≡ 1(mod p), e portanto p < q, um absurdo.
Como em todos os casos chegamos a um absurdo, concluimos que G tem um subgrupo de Sylow
normal, (mostramos mais, mostramos que existe um único p-Sylow).

4. Mostre que todo grupo de ordem 200 tem um subgrupo de Sylow normal.

Demonstração. Seja G um grupo, |G| = 200. Note que |G| = 200 = 23 · 52 . Existem 5-Sylows e
2-Sylows de G. Seja n5 a quantidade de 5-Sylows de G. Pelo terceiro teorema de Sylow temos,

1
n5 | 23


n5 ≡ 1(mod 5)

Disto concluimos que n5 = 1. E portanto, pelo segundo teorema de Sylow, este 5-subgrupo de
Sylow é normal em G.

Lema 0.1. Sejam G um grupo, H < G e X={aH | a ∈ G}. Então existe um homomorfismo
ϕ : G → SX tal que ker(ϕ) ⊂ H.

Lema 0.2. Seja G um grupo finito e H < G tal que [G : H] = n. Se |G| - n! então existe N < H
tal que N C G e N 6= {e}.

Demonstração. Pelo Lema anterior existe um homomorfismo ϕ : G → SX tal que ker(ϕ) ⊂ H,


G
onde X = . Afirmação: ker(ϕ) = N . Com efeito, já sabemos que ker(ϕ) é um subgrupo
H
normal de G, para qualquer homomorfismo de G em qualquer grupo L, basta então mostrar que
ker(ϕ) 6= {e}. Suponha que ker(ϕ) = {e}, neste caso, ϕ é injetora, logo G ∼
= Im(ϕ). Daı́ temos,

G
|G| = |Im(ϕ) | |SX | = |X|! = ! = n!
H

Contradição!
Portanto ker(ϕ) = N C G.
|G|
Corolário 0.3. Se G é um grupo finito, e A é um p-Sylow, então |C(A)| = .
|N (A)

Demonstração. Sejam A,B < G. Definimos a relação A ∼ B ⇔ ∃g ∈ G tal que B = gAg −1 .


É fácil verificar que essa relação é uma relação de equivalencia em G. Esta relação é chamada
relação de conjugação entre
[subgrupos. Portando, dado A < G, denotando Cl(A) (a classe de A
em G), teremos que G = Cl(A), onde esta união é disjunta. Agora se A é um p-Sylow, então
A⊂G
|G|
|C(A)| = . De fato, defina
|N (A)
G
f : C(A) −→
N (A)
pondo para cada gAg −1 , f (gAg −1 ) = gN (A).
f está bem definida, de fato, gAg −1 = hAh−1 ⇔ (h−1 g)A = A(h−1 g) ⇔ (h−1 g ∈ N (A) ⇔
h−1 gN (A) = N (A) ⇔ gN (A) = hN (A).
Claramente f é sobrejetora.
|G|
Logo |C(A) = .
|N (A)|

5. Sejam p um primo e np o número de p-subgrupos de Sylow de um grupo finito G. Se G é simples,


então |G| | np !.

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Demonstração. Dado um p-Sylow, como pelo segundo teorema de Sylow, todos os p-Sylow são
|G|
conjugados, tomando P um p-subgrupo de Sylow, pelo corolário 0.3 |C(A)| = |C(A)| = =
|N (A)
[G : N (A)], e portanto pelo Lema 0.2, temos o desejado.
Mostraremos que todo grupo de ordem 48 não é simples. De fato, seja G um grupo de ordem 48.
Note que 48 = 3.24 . Existem 2-Sylow s e 3 Sylows. Seja S um 2-Sylow, temos que [G : S] = 3.
Mas note que |G| = 48 - 3! = [G : S]!. Portanto, G não é simples.

6. Mostre que todo grupo de ordem 42 tem um subgrupo normal de ordem 7.

Demonstração. Seja G um grupo, |G| = 42. Note que |G| = 42 = 2 · 3 · 7. Existem 2-Sylows,
3-Sylows e 7-Sylows de G. Seja n7 a quantidade de 7-Sylows de G. Pelo terceiro teorema de Sylow
temos,

n7 | 2 · 3 = 6
n7 ≡ 1(mod 7)

Por um lado, temos que n7 = 1, 2, 3 ou 6. Por outro lado, 7 | (n7 − 1). Logo n7 = 1, e assim existe
um único 7-Sylow de G, na qual é normal em G.

7. Sejam G um grupo fnito, N C G e P um p-Sylow de G. Mostre que N ∩ P é um p-Sylow de N e


PN G
que é um p-Sylow de .
N N
Demonstração. Mostremos primeiramente que N ∩ P é um p-Grupo. De fato, N ∩ P ⊂ P ⇒
|N ∩ P | ≤ |P | = pi para algum i tal que pi+1 - |G| (P é um p-Sylow). Assim, |N ∩ P ⊂ P | = pj ,
j ≤ i. Portanto N ∩ P ⊂ P (e também N ∩ P ⊂ N ) é um p-grupo.
|N | · |P |
Note ainda que N P < G, pois N C G. Sabemos que |N P | = .
|N ∩ P |
Por P ser um p-Sylow de G, temos que
|G|
p- (1)
|P |
|N P | |N |
Agora, por N P ser subgrupo de G, |N P | ≤ |G|, de (??), ainda temos p - = .
|P | |N ∩ P |
Portanto N ∩ P é um p-Sylow de N .

8. .

Demonstração. Mostraremos qe |Z(G)| = p. De fato, sabemos que |Z(G)| > 1, e como Z(G) é
um subgrupo de G, temos que pelo teorema de lagrange |Z(G)| = p ou p2 , ou p3 . Mas p3 não
pode ocorrer pois se não o grupo G seria abeliano. Se |Z(G)| = p2 , temos que [G : Z(G)] = p,
mas sabemos que o ı́ndice do centro de um grupo G nunca pode ser um número primo. Pois se
G
isso ocorre, seria cı́cliclo, e portanto Z(G) = G concluindo assim que [G : Z(G)] = 1, um
Z(G)
absurdo!. Portanto, |Z(G)| = p.
Afirmação: Se G0 = {e} então G é abeliano. De fato, seja aba−1 b−1 ∈ G0 . logo temos que
e = aba−1 b−1 ⇒ ba = ab ⇒ G é abeliano.

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Assim se G não é abeliano, então G0 6= {e}. Como |G| = p3 , então Z(G) ∩ N é um subgrupo
não trivial para qualquer subgrupo normal N 6= {e} de G. E como G0 é um subgrupo normal de
G, temos que o mesmo vale para G0 . Assim Z(G) ∩ G0 6= {e}. Como Z(G) ∩ G0 ≤ Z(G), temos
que |Z(G) ∩ G0 | | |Z(G)| = p. Logo |Z(G) ∩ G0 | = p pois Z(G) ∩ G0 6= {e}. Disto segue que
Z(G) ∩ G0 = Z(G). E portanto Z(G) ⊂ G0 .

G = |G| = p2 . Sabemos
G
Por outro lado, Z(G) C G, assim, é grupo e portanto,
Z(G) Z(G) |Z(G)|
G
que todo grupo de ordem p2 é abeliano, então como é abeliano, G0 ⊂ Z(G), e portanto
Z(G)
G0 = Z(G).

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