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1. Introdução

No âmbito da realização do trabalho na cadeira de tema transversal iremos abordar sobre o papel
tradicional do homem e da mulher na família e na sociedade onde iremos descrever os seus
papéis, trazendo algumas diferenças, vamos falar também do papel social dos géneros onde
classificaremos tendo em conta expectativas de comportamentos que são aprendidos em
sociedade correspondentes aos diferentes géneros, vamos falar da situação da Mulher em
Moçambique (desde a luta de libertação nacional) e do estatuto da Mulher na sociedade
Moçambicana (sociedades Matriarcais e Patriarcais), onde vamos fundamentar no decorrer do
trabalho.
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1.1.1 Objectivo Geral

 Conhecer os Fundamentos do género.

1.1.2 Objectivos Específicos

 Identificar o papel tradicional do homem e da mulher na família e na sociedade;


 Descrever o papel social dos géneros;
 Esclarecer a situação da mulher em Moçambique desde a luta de libertação nacional;
 Descrever o estatuto da Mulher na sociedade Moçambicana (sociedades Matriarcais e
Patriarcais);

1.2 Metodologias

O trabalho foi fruto de uma exaustiva revisão bibliográfica, do qual foram extraídos assuntos
referentes a temática do trabalho. Assim sendo, o grupo subsidiou-se de algumas obras com realce a
área do trabalho que são os “ manuais ”. As obras usadas no trabalho compreendem algumas
apostilas, assim como artigos extraídos da internet que estão citadas nas respectivas referências
bibliográficas.
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2. Papel tradicional do homem na família e na comunidade

Por muitos e muitos anos, homens e mulheres tinham papéis muito bem definidos, e que eram
encarados quase que como destinos inevitáveis.

 Podemos observar que na grande maioria da sociedade moçambicana, os homens sempre


tiveram um papel de maior poder de decisão;
 O homem sempre se afirmou como mais discriminando as mulher e impedindo que
participassem na maioria parte das actividades em que era necessário o uso de algum
poder ou liberdade;
 Cabia ao homem decidir com quem iria casar, onde a família iria morar e tantas outras
decisões;
 Ele era o chefe da família, o responsável pelas necessidades dos filhos e da mulher;
 Em geral os homens não demonstravam os seus sentimentos em relação aos filhos, pois
isto era um sinal de fragilidade, eles acabavam assim muito ausentes e a sua participação
na educação dos filhos limitavam-se em dar ordens e a impor disciplina;
 O homem é visto na sociedade como quem garante o sustento da família, é o pilar da
casa.

2.1 Papel tradicional da Mulher na família e na comunidade

 Segundo Paulo VI, de facto, a mulher vem exaltada principalmente no seu papel de
mãe e dona de casa. A mulher/mãe continua a ser um elemento primário para se
atingirem novas relações entre o homem e a mulher no seio da família;
 Perante o direito costumeiro Moçambicano, a mulher não era considerada pessoa
legal, tanto que dentro das sociedades onde se encontravam inseridas, não eram tidas
como adultas e negava-se lhes o direito de falar em público. Com efeito, não tinham
qualquer interferência na elaboração das decisões políticas sendo estas controladas
inteiramente pelos homens A.ISAACMAN & B.ISAACMAN, 1983; B.ISAACMAN
& STEPHEN, 1984);
 As mulheres limitavam se a trabalhos que estavam mais relacionados com o sector
doméstico;
 Tinham como principais funções, cuidado do lar, a educação dos filhos e uma obrigação
religiosa;
 Era também papel da mulher na antiguidade manter uma boa imagem da sua família e
esposo;
 A Mulher não tinha autonomia sequer para dispor os móveis da casa, já que tudo era
resolvido pelo homem;
 A mulher devia ser submissa ao interesse do homem, que era a “cabeça da casa”;
 A Mulher vivia em função do homem, por isso era pouco valorizada na sociedade;
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 Segundo Curry (2004) as práticas educacionais tradicionais são responsáveis pela


vitimização que as mulheres africanas experienciam, e aponta os casamentos forçados e
prematuros, a excisão, a poligamia e a viuvez como veículos de opressão;

A situação das mulheres em Moçambique agravou-se com a implementação do governo colonial


português. Ou seja, antes da imposição do regime colonial, a mulher tinha duas tarefas
principais: a de produtora e a de reprodutora. O regime colonial veio acrescentar outras
responsabilidades, mantendo-se as tarefas tradicionais inalteradas B.ISAACMAN & STEPHEN,
(1984).

3. Papel social dos géneros

Nas sociedades conhecidas possuem um sistema sexo/género, ainda que os componentes e


funcionamento deste sistema variem bastante de sociedade para sociedade.

 Segundo Miriam Grossi (1996) papéis de género referem-se a um conjunto de padrões e


expectativas de comportamentos que são aprendidos em sociedade correspondentes aos
diferentes géneros e que conformam as identidades dos indivíduos pertencentes a esses
grupos. São a manifestação social ou a representação social do que é ser macho ou fêmea,
em diferentes culturas ou mesmo dentro de uma mesma cultura;
 O processo de produção desses comportamentos não se dá de forma individual, mas
depende das posições que esses indivíduos ocupam em dos pesquisadores reconhece que
o comportamento dos indivíduos é uma consequência das regras e valores sociais, e da
disposição individual, seja genética, inconsciente, ou consciente. Alguns pesquisadores
enfatizam o sistema social e outros enfatizam orientações subjectivas e disposições;
 Outro ponto de concordância é a possibilidade de mudança dos padrões de
comportamento, na medida em que o comportamento dos indivíduos na sociedade é
influenciado pela cultura (regras e valores colectivos) e pela disposição interna de cada
um ou cada uma.

A identificação dos diferentes comportamentos de género é uma ferramenta de análise


fundamental para a compreensão do lugar ocupado pela categoria género na escala social e o
valor socialmente dado a cada um dos grupos e, a partir daí, foi possível a sua desconstrução e
desnaturalização.

É importante também assinalar que esses padrões não são absolutos e homogéneos, o que
significa que devemos compreendê-los como expectativas socialmente assumidas pela sociedade,
mas que não representam o conjunto de atitudes e comportamentos de todos os indivíduos dos
grupos de forma homogénea. Segundo Iris Marion Young, “dizer que uma pessoa é uma mulher
pode antecipar algo sobre os constrangimentos e expectativas em geral com os quais ela precisa
lidar. Mas não antecipa qualquer coisa em particular sobre quem ela é, o que ela faz, como ela
vivencia sua posição social".
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4. Situação da Mulher em Moçambique (desde a luta de libertação nacional)

Em terras moçambicanas, a administração colonial introduziu a prática do trabalho assalariado


obrigatório, denominado pelos africanos de ‟chibalo ”. Legalmente, o trabalho assalariado
deveria ser um encargo masculino, por este motivo muitos homens se ausentavam por longos
períodos de suas famílias, como é o caso daqueles que foram trabalhar nas minas da África do
Sul (ZAMPARONI, 1998, P 13-30).

Apesar disso, mulheres também foram recrutadas para o trabalho nas roças particulares ou do
Estado colonial, para abertura de estradas e trabalhos domésticos. Esta medida era arbitrária a lei
colonial do trabalho e tinha como justificativa, a necessidade de pagamento das dívidas de seus
parentes masculinos. Esta era a justificativa apresentada pela administração para o irregular
recrutamento de mão-de-obra feminina, embora, muitas vezes, a acusação de dívidas fosse um
caso mais de conveniência do que de situações reais, contudo houve casos de instituição de
impostos para mulheres, denominado por‟ Mudende”.

 Na impossibilidade dos maridos e família em geral arcar com a dívida resultante dos
impostos, mulheres poderiam ser vendidas ou prostituídas para prover a fonte de
pagamento (ZAMPARONI, 1998, P 53-54);
 A escola era vista como uma exclusividade masculina, mas o acesso dos africanos ao
ensino era difícil, visto que sua aquisição funcionava como um critério de distinção
social;
 Por volta de 1912, alguns líderes desta pequena burguesia haviam se pronunciado em
relação à inclusão das mulheres nos estabelecimentos de ensino embora o real interesse
fosse o de torná-las melhores mães e esposas em correspondência com o modelo europeu
de comportamento social. Foi nesse clima de contradição e negação do que podia ser
definido como africano que emergiram as lutas anticolonialistas; (ZAMPARONI, 1998,
p. 422-23;
 Outra iniciativa de fundamental importância foi a atuação das mulheres na propaganda de
desprestígio do governo colonial perante a população e a divulgação de notícias do
neófito movimento nacionalista, a Frente de Libertação Nacional de Moçambique, a
Frelimo. ISAACMAN; STEFHAN,(1984, p. 23);
 Segundo Filomena Likuni assumir a condição de guerrilheiras foi uma conquista das
mulheres.

O papel da mulher registou no seio da família, da sociedade e do Estado, importantes marcos


desde o tempo da luta nacional. Moçambique pode ser considerado com orgulho como sendo um
dos países defensores da igualdade de género. Desde os primórdios da luta nacionalista que
culminou com a independência do país em 1975, a luta pela emancipação da mulher e eliminação
das desigualdades entre homens e mulheres tem sido uma constante nas agendas políticas do país
(PNUD, 2001:4).

Não obstante os avanços registados nos esforços na luta pela emancipação e eliminação das
desigualdades entre homens e mulheres através da promoção dos direitos humanos das mulheres:
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 Ainda persistem algumas hesitações impregnadas nas construções sociais assentes na


dominação masculina e que tendem a colocar a mulher numa situação pouco confortável;
 Especificamente, continua a ser baixa a percentagem de mulheres que ocupam cargos
políticos e públicos, de domínio de direcção e chefia;
 Moçambique ainda apresenta uma % relativamente elevada de analfabetismo nas
mulheres, de acordo com o ultimo censo de 2007, esta percentagem é de 64.2% o que
deve constituir uma grande preocupação, por ser um entrave ao envolvimento da mulher
no desenvolvimento do país;
 Apesar destes índices, no Governo constituído após as últimas eleições gerais, as
mulheres estão representadas numa proporção que se compara favoravelmente a países
com índices de desenvolvimento mais altos;
 Os despedimentos nas empresas estatais, e o alto custo da vida, empurram violentamente
a mulher para o mercado informal, sem que expectativas sociais relativamente ao seu
papel e a sua função sejam alterados.

Em suma, apesar dos progressos alcançados desde a independência até hoje, no sentido de
integrar a mulher no processo de desenvolvimento, e de elevar o seu estatuto social, pode-se
depreender que ainda prevalecem as assimetrias de género em Moçambique.

5. Estatuto da Mulher na sociedade Moçambicana (sociedades Matriarcais e Patriarcais)

Para STRAUSS (1974:17) a família é um grupo social que tem origem no casamento, é uma
união legal com direitos e obrigações económicas, religiosos, sexuais e de outro tipo. Mas
também associada a sentimentos como o amor, o afeto, o respeito ou o temor.

Patriarcado é uma palavra derivada do grego,significa ‘mandar’, e (patér), que significa ‘pai’, e
se refere a um território ou jurisdição governado por um patriarca. O uso do termo no sentido de
orientação masculina da organização social aparece pela primeira vez entre os hebreus no século
IV para qualificar o líder de uma sociedade judaica; o termo seria originário do grego helenístico
para denominar um líder de comunidade.

Linhagem Matrilinear - todos os filhos e filhas pertencem a mesma linhagem, mas elas é que
transmitem a descendência, eles não. Os filhos delas serão da linhagem mas os deles não. A
herança e a residência é por via feminina.

Linhagem Patrilinear - a descendência transmite se por via masculina ainda que todos os filhos
pertençam a linhagem. A residência neste caso é virilocal e neolocal.

De acordo com Gonçalves Cota (1944,p-223) “as famílias patriarcais equilibram a perda duma
filha que casa recebendo por ela dinheiro ou quaisquer valores económicos que lhes permitem
adquirir outra mulher para um filho que ficará sob autoridade do pai e o auxiliará; as famílias
matriarcais não adotam este sistema mas também conseguem o mesmo equilíbrio adquirindo
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para o seu grupo, em vez desses valores compensatórios, o próprio noivo que trabalhará para
casa e ficará sob autoridade dos sogros.

Se vê, pois, que em Moçambique existem dois sistemas familiares, o matriarcal e o patriarcal,
sendo que o “lobolo”, o pagamento de uma compensação pela saída de uma filha do convívio da
família, só acontecia na família patrilinear, porquanto na matrilinear era o homem que passava a
conviver na casa da família da mulher, ajudando nos serviços para a manutenção da própria
família: tomar conta do gado, se houvesse, arrumar madeira, etc.

Em Moçambique, nota-se uma diferença no que concerne à produção. As tribos ao sul do Rio
Zambeze centralizaram a sua produção na agropecuária, enquanto os povos do norte do rio eram
essencialmente agricultores. Com a cultura orientada para os animais e o pastoreio, houve uma
alteração na psicologia coletiva das etnias do sul, o que marca uma diferença ainda hoje notada
no país. www http://opatifundio.com/site/?p=3493

Segundo Paulina Chiziane, a influência das linhagens matrilineares e patrilineares se fazem


presentes também no direito civil. Nas províncias acima do rio Zambeze, o sobrenome (apelido,
no português moçambicano) que o filho recebe é o da mãe, enquanto nas províncias abaixo do
rio, as pessoas carregam o sobrenome do pai. Se uma mulher da região norte casa-se com um
homem da região sul, ela adquire o sobrenome do pai do noivo. O mesmo ocorre com o homem
sulista que se casa com uma mulher do norte: ele recebe o sobrenome da sogra. www
http://opatifundio.com/site/?p=3493
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6. Conclusão

Durante a realização do trabalho foi possível concluir que o Homem sempre se afirmou como
mais discriminando as mulher e impedindo que participassem na maioria parte das actividades
em que era necessário o uso de algum poder ou liberdade, e que a situação das mulheres em
Moçambique agravou-se com a implementação do governo colonial português, que culminou
com tarefas tradicionais inalteradas. Apesar dos progressos alcançados desde a independência até
hoje, no sentido de integrar a mulher no processo de desenvolvimento, e de elevar o seu estatuto
social, pode-se depreender, isto é, verificar que ainda prevalecem as assimetrias de género em
Moçambique.
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7.0 Referências bibliográficas

GONÇALVES,José.Cota,Mitologia e direito consuetudinário dos indígenas de


Moç ambique;estudo de etnologia .Moçambique, L. Marques, 1944;

STRAUSS,Levi Carlos. As estructuras elementareses do parentesco. Barcelona: Planeta-


Agostini.1974;

ISAACMAM, Bárbara e STEFHAN, June. A mulher moçambicana no processo


de libertação. Maputo: Instituto Nacional do Livro e do Disco, 1984.

GROSSI, Miriam Pillar. ‟ Identidade de género e Sexualidade ˮ. 1996 Consultado em 14 de


Outubro de 2013

DIAS, Maria Olívia. ‟ Papel da mulher na família, na sociedade e na Igreja nos documentos
pontifícios de Leão XIII a João Paulo II ˮ. 1999

Disponível via URL em www http://rodrigoalmorais.blogspot.com/2009/09/origem-da-


linhagem-familiar-mocambicana.html, arquivo capturado em 7/6/2015, pelas 9:46 horas.

Disponível via URL em www http://opatifundio.com/site/?p=3493, arquivo capturado em


7/6/2015, pelas 9:56 horas.

Disponível via URL em www https://mosanblog.wordpress.com/tag/sociedade-matriarcal-na-


africa/ , arquivo capturado em 7/6/2015, pelas 10:46 horas
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Índice
1. Introdução ................................................................................................................................................. 1
1.1.1 Objectivo Geral .................................................................................................................................... 2
1.1.2 Objectivos Específicos .......................................................................................................................... 2
1.2 Metodologias .......................................................................................................................................... 2
2. Papel tradicional do homem na família e na comunidade ....................................................................... 3
2.1 Papel tradicional da Mulher na família e na comunidade ...................................................................... 3
3. Papel social dos géneros ........................................................................................................................... 4
4. Situação da Mulher em Moçambique (desde a luta de libertação nacional) ........................................... 5
5. Estatuto da Mulher na sociedade Moçambicana (sociedades Matriarcais e Patriarcais) ........................ 6
6. Conclusão .................................................................................................................................................. 8
7.0 Referências bibliográficas ....................................................................................................................... 9

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