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Aspectos gerais:
Anodização é uma técnica de passivação que consiste em um processo eletroquímico
cuja finalidade é produzir uma camada óxida sobre um metal contribuindo para o aumento de
sua resistência à corrosão, sendo geralmente aplicada para materiais que apresentam elevada
chance de oxidação quando expostos a meios que contenham oxigênio ou hidrogênio. A
anodização é um processo fortemente aplicado para ligas de alumínio, embora também seja
observada em ligas de outros metais, tais como o vanádio, o tântalo, o zircônio, o titânio e o
magnésio. [Y, K]
Durante o processo de anodização, a peça a ser anodizada atua como o ânodo e é
imersa em uma solução eletrolítica (denominada eletrólito) junto com outra peça que atuará
como cátodo. O cátodo no geral é composto de materiais como chumbo, carbono, aço
inoxidável ou outro composto que não reaja com o banho. Como em um processo de
eletrolítico, a passagem de corrente elétrica desencadeará uma reação de oxirredução onde o
ânodo sofrerá redução (atraindo elétrons para sua superfície) ao passo que o cátodo perderá
elétrons mediante reação de oxidação e os elétrons vão migrando entre os eletrodos por meio
do eletrólito [Y,K].
Como resultado da anodização pode-se obter uma camada camada de óxido (camada
de barreira - compacta e contínua), ou uma camada porosa do mesmo óxido. Os poros
formados a princípio estão abertos e podem ser fechados mediante banho em água em
ebulição (via processo de hidratação) ou quando a peça é mergulhada em água deionizada
que contém sais que ocuparão os poros, reagindo e fechando-os (impregnação) [Y].
As características do filme formado (quanto a sua espessura, porosidade e adesão à
superfície do metal) dependerão de alguns parâmetros como o tipo de eletrólito escolhido, o
tipo de corrente elétrica aplicada (contínua ou alternada), a densidade da corrente, o tempo de
duração do processo e a temperatura de anodização, que geralmente é mantida fixa e
controlada. O filme gerado também pode apresentar rugosidade [K].
Além disso, novas pesquisas tem permitido que os processos tradicionais de
anodização sejam adaptados para a geração de novos revestimentos, como os de PEO
(Oxidação eletrolítica por Plasma), mediante a aplicação de sóis de Alumina (Al2O3) em
meio eletrolítico alcalino, obtendo resultados favoráveis contra a corrosão [X]
Caracterização de materiais anodizados:
Preparo de amostras:
No geral, a preparação das amostras consiste no corte de um pequeno da liga no
formato de disco ou em formas com seção quadrada/ retangular, com alguns dimensões
milimétricas. A amostra pode passar por embutimento e tem a superfície lixada com lixas de
diferentes granulometrias, geralmente compostas de SiC. Visando garantir a eficiência da
anodização, pode-se executar o desengraxe (por exemplo, com acetona) para eliminar
eventuais resíduos de gordura da superfície do material, sendo posteriormente a amostra seca.
Eletrólito
Há, na literatura, diferentes tipos de eletrólitos aplicados a ligas de magnésio. No que
tange a aplicações voltadas a biomedicina, os trabalhos mais recentes tem usando eletrólitos
que simulam o plasma sanguíneo, tais como o SBF (Simulated Body Fluid) [1] preparado
através uma solução salina denominada “Solução salina balanceada de Hank” cuja função é
manter o equilíbrio osmótico e pH do solução, fornecendo íons inorgânicos e ela [2]. A esta
solução foram adicionados sais de sulfato de magnésio, bicarbonato de sódio e cloreto de
cálcio. Além disso, nanopartículas de zircônia (ZrO2 - NPs) foram dispersas no meio
eletrolítico, para avaliar seu potencial no aumento de resistência à corrosão.
Ainda relacionado a aplicações biomédicas, estudos mostram a anodização em ligas
AZ31B usando eletrólitos de HAE (solução composto por permanganato de potássio, fluoreto
de potássio, fosfato trissódico, hidróxido de alumínio e hidróxido de potássio), cujo pH se
aproxima de 14 e envolve a aplicação de corrente alternada [3,4].
Eletrólitos de baixo impacto ambiental [5] para ligas AZ91 também tem sido
explorados, como o Silicato de sódio (Na2SiO2) em concentração de 122g/l (eletrólito 1), o
Hidróxido de sódio (NaOH) misturado a Ácido bórico (H3BO3) em concentrações de 50g/L
e 10g/L, respectivamente (eletrólito 2) e um eletrólito composto de uma mistura de Silicato
de sódio (Na2SiO3), Hidróxido de Potássio (KOH), Carbonato de Sódio (Na2CO3) e
Tetraborato de sódio (Na2B4O7.10H2O) em concentrações de 30g/L para o
Na2B4O7.10H2O e 50g/L para os demais componentes (eletrólito 3). Então, foi analisada a
taxa de crescimento da camada de óxido para cada um dos 3 eletrólitos empregados (Figura
CC):
Figura CC: Crescimento da espessura da camada óxida em função do tempo para os três
eletrólitos, considerando uma densidade de corrente de 20 mA/cm2 (corrente contínua) e temperaturas
entre 30-40ºC [5].
Neste caso, foi avaliado que a espessura máxima da camada óxida foi obtida por volta
de 9 minutos para os três eletrólitos, sendo que a taxa de crescimento é maior entre os 3
primeiros minutos. A estabilização no crescimento após o 9o minuto se relaciona à espessura
da camada formada, que atua como barreira ao fluxo de corrente, diminuindo a taxa de
oxidação do magnésio. Também é possível observar que o crescimento da camada é maior
para o eletrólito 1, seguido do 2 e do eletrólito 3. Para o eletrólito 1, especificamente, o
crescimento observado ao final do experimento é maior que o previsto, em função da baixa
temperatura aplicada, uma vez que se sabe que o crescimento de camada é inversamente
proporcional à temperatura [6].
[V] https://bitesizebio.com/19958/what-is-confocal-laser-scanning-microscopy/
[7] https://www.italtecno.com.br/artigos_tecnicos/Edicao_13.pdf