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SANTO ANDRÉ - SP
2019
FRANCISCO DE PAULA VITOR DE MELLO JUNIOR
SANTO ANDRÉ
2019
AGRADECIMENTOS
“Nós só podemos ver um pouco do futuro, mas o suficiente para perceber que há muito a
fazer”
Alan Turing
RESUMO
1- INTRODUÇÃO
A liga de Magnésio AZ31B apresenta um conjunto de propriedades que permitem sua
aplicação como solução para a demanda de indústrias como a automobilística e a aeronáutica
especialmente por conta de sua leveza em comparação, por exemplo, com as ligas de
alumínio, o que causaria uma economia no combustível usado nos meios de transporte que a
utilizem em sua composição [1]. Ela apresenta média resistência mecânica, alto alongamento
e densidade aproximada de 1,77g/cm3, relativamente próxima a do magnésio puro
(1,738g/cm3). A presença dos elementos de liga como Al, Zn e Mn melhora a resistência à
fluência e ao desgaste e, quando no estado recozido, esta liga apresenta limite de escoamento
por volta de 150 MPa, além de limite de resistência de 255 MPa e alongamento máximo na
ruptura de até 20% [2]. Ao mesmo tempo, a adição de componentes influencia também a
baixa resistência à corrosão das ligas de magnésio, fator que por anos as preteriu para uso
industrial e que pode ser descrito como um fenômeno de origem química (ou eletroquímica) e
de fácil ocorrência especialmente em meio aquoso [1,3].
A anodização é um processo eletroquímico que almeja a formação de uma camada de
óxido sobre um metal (ou o espessamento da camada de óxido formada sobre ele em
condições naturais), para aumentar sua resistência à corrosão. O filme de óxido originado é
muito fino e invisível a olho nu e na maioria das vezes pode ser facilmente destruído com um
leve choque, sendo que sua atuação consiste em impedir o contato do material metálico com o
meio corrosivo. Além disso, a anodização pode acarretar em outras melhorias tais como
melhora na resistência à abrasão e na aparência decorativa, melhora na adesão de uma camada
de tinta aplicada sobre o metal, além possibilitar uma subsequente eletrodeposição e aumentar
da capacidade de isolamento elétrico [3,4].
O processo de formação do filme anodizado é influenciado por alguns parâmetros tais
como a concentração do eletrólito e seu grau de agitação, a temperatura, o tempo de
processamento, a concentração de impurezas, a densidade de corrente de anodização aplicada
e a tensão da fonte de alimentação do sistema, sendo que estes últimos parâmetros
influenciam diretamente a formação de poros que afetarão a compactação das camadas de
filme formado, e, consequentemente, sua a eficiência anticorrosiva. O conhecimento da
influência destes fatores para sua adequada manipulação, portanto, influenciam a velocidade
de corrosão da liga AZ31B, afetando a amplitude de sua aplicações [3,4].
10
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 – O magnésio
O elemento magnésio foi descoberto em 1808 por Sir Humphry Davy e a primeira
eletrólise ígnea do seu cloreto (MgCl) para obtenção do magnésio metálico foi executada por
Faraday em 1833, mas o alto custo deste processo naquele momento limitou sua aplicação em
meio industrial. Ao longo do tempo, especialmente no período entre a 1a e a 2a Guerras
Mundiais, os países passaram a investir maciçamente na produção de magnésio para fins
bélicos e a aplicação deste elemento se dá em função de uma série de propriedades como a
baixa densidade, elevada resistência à fadiga, comportamento paramagnético e características
amortecedoras, expressas em alguns valores de propriedades (Tabela 2)(Biancardi et al, 2011;
Bray, 1947):
11
Ligas de magnésio são caracterizadas por sua baixa densidade, sendo mais leves que
ligas de titânio, alumínio e carbono. Por conta disso, seu uso tem sido bastante discutido para
aplicações onde leveza se torna um eficiente diferencial competitivo tais como peças das
automotivas e aeronáutica conduzindo à uma economia de combustível (o que tem
contribuição ambiental, reduzindo emissões de CO2) (Garcia, 2009). Além disso, sua boa
maquinabilidade favorece processos de conformação (Marques, 2017).
Há alguns compostos que podem ser adicionados como elementos de liga ao
magnésio, tendendo a gerar melhorias em propriedades como a ductilidade, a fluência e a
resistência ao escoamento em relação ao magnésio puro. Os elementos mais comumente
12
4o) A última parte representa o tipo de tratamento térmico (ou ausência dele) ao qual a liga foi
submetida (Tabela 7):
Tabela 7: Especificação do tratamento térmico ao qual a liga foi submetida (ASTM B951-4304-11)
Tratamento térmico Letra Correspondente
Liga não tratada F
Recozida O
Levemente encruada H10 e H11
Encruada a parcialmente recozida H23, H24 e H26
Submetida a solubilização T4
Envelhecida artificialmente T5
Solubilizada e envelhecida artificialmente T6
Solubilizada, trabalhada a frio e envelhecida T8
artificialmente
Fonte: []
endurecimento apenas moderado, sendo que a adição do zinco é responsável pelo refino do
precipitado e aumenta a dureza por uma combinação de solução sólida e precipitação. Ainda
que a adição desses elementos de ligas sirva como reforço, o grau alcançado é mínimo
comparado à ligas tratadas termicamente (Campbell, 2006).
A partir da adição de quantidades pequenas de Cobre (até 0,015% em massa), Níquel
(até 0,001%) e Ferro (até 0,005%), observa-se uma melhora na resistência à corrosão. As ligas
de Mg tem um teor limitado a 10% de Al e Zn, uma vez que uma concentração superior leva a
formação de compostos intermetálicos que reduzem a ductilidade. O aumento da
concentração de zinco, por sua vez, também pode acarretar microporosidade e encolhimento
(Campbell, 2006; Dennis, 1961).
Assim como outras ligas de magnésio, a liga AZ31B apresenta estrutura cristalina tipo
HC. A presença de manganês aumenta o limite de resistência à tração, além de ajudar a
remover, via formação de compostos intermetálicos, o ferro e outros elementos pesados. Além
disso, os baixos limites de cobre, ferro e níquel asseguram resistência à corrosão. Algumas
das propriedades mecânicas da liga por ser vistas abaixo (Tabela 9) (Catorceno et al, 2010;
Videira at al, 2014).
Tabela 9: Algumas propriedades mecânicas típicas da liga AZ31B (Videira et al, 2014)
Propriedade Valor
Módulo de Young 44 GPa
Módulo de Corte 15 Gpa
Coeficiente de Poisson 0,35
Coeficiente de resistência à fadiga 450 Mpa
Alongamento 14%
Fonte : []
Figura 2: Micrografia em MO (lado esquerdo) e MEV (lado direito) de uma amostra da liga
AZ31B em estado natural – [Catorceno et al, 2014 – adaptado].
No mesmo trabalho, a presença de planos cristalinos foi checada com uso de difração
de raio X (DRX) envolvendo um difratômetro com radiação Cu Kα (λ = 0,14405nm) revelou
a presença dos planos cristalinos associados à matriz de Mg (Figura 4), com relação de
parâmetros de rede (c/a) de 1,6166. Os planos encontrados estavam em concordância com a
literatura (Motegi et al, 2009; Videira et al, 2014).
18
Figura 4: Difratograma de uma liga AZ31B em estado natural, mostrando planos cristalinos
(Catorceno et al, 2010).
A liga AZ31B é o principal tipo de liga em placas ou folhas, sendo que seu reforço
consiste em uma combinação de reforço por solução sólida, trabalho a frio e controle de
tamanho de grão. Está disponível para vários tipos de têmperas, mas todas em temperaturas
abaixo de 200ºC, devido à possibilidade de ocorrência de solubilização em temperaturas
elevadas. Por conta disso, buscam-se ligas com elementos de tório - como a HK31 e HM21 -
para aplicações em elevadas temperaturas. (Campbell, 2006; Dennis, 1961).
2.3 – Corrosão
2.3.1 – Definição
A corrosão pode ser definida como a deterioração de um material por ação química ou
eletroquímica do meio ambiente, estando ou não associada a esforços mecânicos. Tal
processo representa alterações prejudiciais indesejáveis como a variação química, o desgaste
ou modificações estruturais que comprometem a aplicação do material geralmente metálico
(embora a deterioração de outros materiais como polímeros e madeira mediante ação
ambiental também seja considerada, por alguns estudos, como corrosão) e reduzem a vida útil
do mesmo em sua área de atuação. Uma vez que, no mundo moderno, a aplicação de metais e
suas ligas é imprescindível e está ligada a diversos setores (como meios de transporte, linhas
de produção, estruturas metálicas em zonas agrícolas, equipamentos eletrônicos, meios de
comunicação, reatores e trocadores de calor, gasodutos e oleodutos - ainda que submersos ou
enterrados) o estudo da corrosão é fundamental e um alto custo em sua prevenção é investido,
19
visando evitar futuras substituições de peças, aparelhos e impedir acidentes graves (Gentil,
2007).
líquida. O sistema formado tende a evoluir para uma condição de equilíbrio com as reações de
oxidação e redução acontecendo simultaneamente, gerando íons dentro da solução e elétrons
que permanecem dentro do metal. Observa-se então a existência de uma diferença de
potencial entre as camadas elétricas da interface metal-solução cujas cargas são opostas,
segundo o modelo proposto por Grahame. A presença de áreas na superfície metálica com
excesso ou deficiência de elétrons faz com que dipolos pertencentes às moléculas do eletrólito
se orientem na interface pertencente à solução de acordo com as cargas presentes na
superfície metálica e fiquem adsorvidos nela, sendo que na superfície do metal também são
adsorvidos íons presentes na solução, sejam do solvente ou do metal. Além disso, alguns íons
provenientes do metal e não adsorvidos na superfície ficam solvatados por moléculas polares
do solvente e se localizam nas regiões mais afastadas da superfície. A dupla camada elétrica
consiste no arranjo das espécies carregadas eletricamente na interface metal-solução. Todo
material que forma uma dupla camada elétrica na presença de um eletrólito e denominado
eletrodo (Gentil, Wolynec).
Ao longo do tempo, foram elaborados algumas teorias sobre a composição da dupla
camada. A mais aceita atualmente é a representada na Figura 6, onde se destacam a presença
de diferentes planos de interação:
os íons se espalham por uma região de espessura de 1 mícron. O plano mais próximo à
superfície metálica é denominado de Plano de Helmholtz interno e se apresenta como a região
onde os íons não solvatados ou parcialmente solvatados pode ser adsorvidos ao metal. O
plano de Helmholtz externo, por sua vez, apresenta-se saturado de íons metálicos. A
configuração da dupla camada elétrica depende de fatores como o tipo e concentração de íons
além do metal do eletrodo estão presentes, da agitação da solução (Gentil, Wolynec).
Há ainda dois tipos de corrosão que se enquadram como tipos de corrosão seletiva,
uma vez que a corrosão acontece preferencialmente em alguns componentes. São elas:
Elementos de liga
Elementos de liga como o sódio, estanho, chumbo, manganês e alumínio não tem
efeito na velocidade de corrosão (Vcorr) em concentrações até 5% em massa, ao passo que a
velocidade de corrosão é afetada pela presença de elementos de liga como prata, cálcio e
zinco, sendo o efeito ainda mais notório para ferro, níquel, cobalto e cobre por se tratarem de
elementos que servem como centros catódicos onde ocorre a redução de água, sacrificando o
magnésio, o que exige um rigoroso controle de suas concentrações na liga [6].
26
Presença de impurezas
aparências das peças, contaminação pela água usada na diluição do lubrificante da matriz e
aqueles observados em superfícies de moldes e em soldaduras (em produtos fundidos ou
forjados a baixa pressão) [6,22].
Microestrutura
Ligas como a AZ91 apresentam fases relacionadas a presença de alumínio como
elemento de liga, sendo três as fases principais: uma fase que consiste em uma solução
sólida à base de magnésio e presença de Al e Zn, a fasecom morfologia eutética e uma fase
intermetálica (γ) com presença de Mn e Al [22,24]. A fase tende a formar uma barreira à
corrosão dependendo de sua distribuição na liga, com o alumínio como parte de uma estrutura
lamelar e como fase contínua em -Mg (Figura 8). Quando a concentração da fase é grande,
ela inibe a corrosão global da liga, ao passo que, em concentrações baixas, estimula a
corrosão da fase .
A fase intermetálica com presença de Mn e Al2, por sua vez, atua como um centro
catódico ativo durante a corrosão galvânica, ampliando sua ocorrência [22,24].
Influência do meio
A formação de produtos de corrosão está associada ao meio em que o processo
corrosivo da liga de magnésio ocorre, sendo que os meios mais comumente estudados para a
corrosão do magnésio são o ar e o meio aquoso.
28
Uma vez submetida a meio aquoso, a corrosão que ocorre na liga de magnésio pode
ser observada na superfície da mesma em pontos onde existir a atividade de pares galvânicos,
seguindo 3 reações principais:
Mg (s) Mg2+ (aq) + 2e- (reação anódica) E0 = -2.363 V (4)
2H2O (aq) + 2e- 2OH- (aq) + H2 (g) (reação catódica) E0 = 0.826 V (5)
A passagem de íons cloreto pelo filme de Mg(OH)2 gera a corrosão por pites no
substrato. O cloreto de magnésio formado na reação que possui alta solubilidade e libera gás
hidrogênio. Essa tendência à liberação do gás, ainda não completamente esclarecida, contraria
a tendência observada na maioria dos metais, onde a produção de hidrogênio diminui com a
polarização anódica.
Influência do pH
2.4 – Solubilização
T. Zhang, Y. Shao, G. Meng, Z. Cui, F. Wang. Corrosion of hot extrusion AZ91 magnesium
alloy: i-relation between the microstructure and corrosion behavior. Corrosion Science, v. 53,
1960 – 1968, 2011.
2.5 – Passivação
Figura 10: Curva de Polarização anódica para a formação de filme passivo [18].
2.5 – Anodização
Anodização consiste em uma técnica cuja finalidade é produzir uma camada óxida
sobre um metal contribuindo para o aumento de sua resistência à corrosão. Geralmente é
aplicada para materiais que apresentam elevada chance de oxidação quando expostos a meios
34
Pré-tratamento
35
A técnica se inicia com um pré-tratamento, sendo que os métodos mais modernos vão
além do tradicional corte da liga no formato desejado e eventuais embutimento e lixamento
(através de lixas de diferentes granulometrias, geralmente compostas de SiC.), além de
desengraxe visando garantir a eficiência da anodização eliminando eventuais resíduos de
gordura da superfície do material [30,16]. Alguns procedimentos baseados em esterilização e
limpeza ultrassônica e tendem a reduzir a variação na espessura do filme ao longo da peça
anodizada garantindo sua uniformidade, embora sem afetar a composição (Ximei et al, 2008,
Santamaria et al, 2011, Chen e Hsieh, 2008 – Leandro página 15).
Ação do Eletrólito
Outro estudo [34], ainda com a liga AZ91, explora o Silicato de sódio (Na2SiO3) em
concentração de 122g/l (eletrólito 1), o Hidróxido de sódio (NaOH) misturado a Ácido bórico
(H3BO3) em concentrações de 50g/L e 10g/L, respectivamente (eletrólito 2) e um eletrólito
composto de uma mistura de Silicato de sódio (Na2SiO3), Hidróxido de Potássio (KOH),
Carbonato de Sódio (Na2CO3) e Tetraborato de sódio (Na2B4O7.10H2O) em concentrações de
30g/L para o Na2B4O7.10H2O e 50g/L para os demais componentes (eletrólito 3). A taxa de
crescimento da camada de óxido para cada um dos 3 eletrólitos empregados pode ser vista
abaixo (Figura 11):
Figura 11: Crescimento da espessura da camada óxida em função do tempo para os três
eletrólitos, considerando uma densidade de corrente de 20 mA/cm2 (corrente contínua) e temperaturas
entre 30-40ºC [34].
Neste caso, foi avaliado que a espessura máxima da camada óxida foi obtida por volta
de 9 minutos para os três eletrólitos, sendo que a taxa de crescimento é maior entre os 3
primeiros minutos. A redução no crescimento entre 3 e 9 minutos se relaciona à espessura da
camada formada, que atua como barreira ao fluxo de corrente elétrica, diminuindo a taxa de
oxidação do magnésio. Também foi observado que o crescimento da camada foi maior para o
eletrólito 1, seguido do 2 e do eletrólito 3 [35] Para as três amostras foi empregada uma
densidade de corrente de 20 mA/cm2, com temperatura oscilando entre 30 e 40 ºC [34]. O
autor evidenciou a concordância deste resultado com estudos anteriores e ressaltou que as
diferenças nos resultados podem ser explicadas por diferentes densidades de correntes de
anodização e temperatura.
A adição do silicato de sódio a um eletrólito com etileno-glicol em concentrações fixas
(com a concentração de Na2SiO3 variando) também foi alvo de estudo (Yabuki e Sakai,
37
2009). Sob uma concentração de 0,3 mol/L, foi observada a melhor resistência â corrosão do
magnésio de alta pureza e acima dessa concentração, observou-se um aumento médio nos
poros. No geral, no silicato de sódio promoveu uma camada anódica mais uniforme e espessa.
porosidade [32], sendo observado que o aumento da corrente induziu a uma redução na
quantidade de poros (porém de maior diâmetro o que acarretou uma maior resistência à
polarização, que foi calculada em termos de porcentagem de porosidade (Rfrp (%)),
ambiente) em eletrólito de hidróxido de sódio e silicato de sódio, por tempos oscilando entre
10 minutos e 3 horas, foi verificado um aumento na espessura do filme com o aumento do
tempo de anodização. Além disso, a duração da anodização afeta composição da camada
formada: os procedimentos mais extensos geraram filmes mais ricos em oxigênio e silício,
com diminuição gradativa do teor de alumínio. Redução na quantidade de poros, com
aumento de seu diâmetro também foi observada.
Temperatura
Ainda não há um consenso sobre o papel da temperatura na eficiência anticorrosiva do
filme anodizado. Foi verificado que o aumento da temperatura do processo de anodização
tende a causar um menor crescimento na espessura do filme e redução no seu caráter protetor,
pois afeta os mecanismos de formação do mesmo (Zhang et al). Por outro lado, realizar o
procedimento com temperaturas variantes pode alterar composição do filme, como foi
observado por Fukuda e Matsumoto (2004), que ao realizarem anodizações com temperaturas
de 25ºC até 65 ºC notaram a formação de um filme rico em silício à 65ºC, o que foi indicado
como um filme mais estável e denso.
Figura 14: Microscopia de liga AZ31 em MEV captada via elétrons secundários e aumento de
500 vezes ( )
Os elétrons retroespalhados, por sua vez, tem uma variação de energia que vai de
50eV até a energia do elétron incidentes (quando os elétrons sofrem colisão elástica, sendo
por isso provenientes das camadas mais superficiais da amostra). Quando estes elétrons são
captados, tem-se poucas informações acerca da profundidade, quando comparadas a
profundidade de penetração do feixe. Quando a imagem é gerada por elétrons resultantes de
camadas mais interiores da amostra (de uma região do volume de interação cujo diâmetro é
maior que o diâmetro do feixe primário) obtém-se não apenas imagens topográficas, como
também imagens da composição da amostra.
Além destes dois tipos de elétrons resultantes da interação do feixe eletrônico com a
amostra, pode-se obter os elétrons Auger, cuja energia é característica do elemento que a
emite e do tipo de ligação química. Sua energia é da ordem de 2keV e pode, por isso, ser
usada para análise elementar, sendo que sua profundidade de escape de interação é da ordem
de 0,2 a 2,0 nm. Além dos elétrons Auger, pode-se obter os elétrons transmitidos (que sofrem
42
espalhamento elástico (e são usados para gerar imagens nos MET – Microscópios Eletrônicos
e Transmissão) e os elétrons absorvidos que perdem sua energia na amostra e geram uma
corrente elétrica que precisa ser aterrada para não danificar a amostra.
Fonte:
E, além disso, ela pode ser explicada na forma de vetores, com componentes reais
resistivos (Z’) e imaginários reativos (Z’’), sendo:
Z= Z’ + j.Z” (15)
Quando dois metais são ligados e imersos em um eletrólito, tem-se uma diferença de
potencial inicial estabelecida entre eles e observa-se a diminuição desta diferença com o
decorrer do tempo, de modo que os valores de potencial do catodo e do anodo se aproximam
com variações de tensão positiva para o anodo e negativa para o catodo, e, estando estas
46
variações de potencial associadas à circulação de uma corrente elétrica, diz-se que ocorrem as
polarizações anódica e catódica, respectivamente (Gentil, 1982).
Os valores de potencial nos eletrodos tendem a convergir e, neste caso, as reações de
oxidação e redução acontecem com igual intensidade, fazendo com que o fluxo de carga
mensurável seja nulo. A aplicação de uma sobretensão no anodo gerará um valor de corrente
anódica que é mensurável, estabelecendo-se assim reações de oxidação (corrosão).
Similarmente, a aplicação de uma sobretensão catódica gerará uma reação de redução (Gentil,
Wolynec).
As curvas de polarização potencionâmicas são provenientes de polarização por
ativação, pois envolvem a superação de uma energia de ativação para a ocorrência de
transferência eletrônica. Elas representam o efeito de todas as reações que acontecem durante
a polarização de um eletrodo e permitem avaliar o comportamento eletroquímico do material
em um intervalo de potenciais quee engloba Ecorr e os ramos catódico (cujos potenciais são
mais negativos que Ecorr) e anódico (cujos potenciais são mais positivos). A polarização é feita
utilizando uma fonte externa de potencial gerada por um potenciostato. O potenciostato gerará
uma variação de tensão no eletrodo de trabalho em relação ao eletrodo de referência em um
meio eletrolítico cuja condutividade pode ser moderada ou alta, possibilitando a medida da
corrente elétrica. O potencial aplicado varia continuamente durante a análise, daí o termo
potenciodinâmica. Como resultado, são obtidas curvas que podem ser semelhantes à figura
abaixo (Brunela, Renan, Wolynec) (Figura 18)
Nesta representação, o eixo das abscissas tem unidade em log da densidade de corrente
pois a Lei de Tafel tem natureza logarítmica. A definição da densidade de corrente de
corrosão (Icorr, cuja unidade é mA/cm2) é feita através de extrapolação dos ramos catódico e
anódico ao potencial de corrosão. A densidade de corrente de corrosão representa a densidade
de corrente relacionada à Ecorr. (Gentil, Wolynec).
O comportamento previsto por Tafel não é frequentemente observado na prática
industrial, sendo substituído por outros métodos de análise eletroquímica. Se Ecorr for
observado muito próximo do potencial de equilíbrio de um dos eletrodos (em menos de 30
mV de diferença) a Equação de Tafel também não é valida (Renan, Gentil, Wolynec).
49
3 - OBJETIVOS
4 – DESCRIÇÃO EXPERIMENTAL
4.2 - Anodização:
eletrólito foi feita com base em estudos (Xue et. al, 2011; Hue et al, 2008) que mostraram que
filmes anodizados formados com este eletrólito apresentaram maior espessura e menor
pososidade. Obedecendo aos princípios do processo eletrolítico, o anodo foi ligado ao polo
negativo da fonte, ao passo que o catodo foi ligado ao polo positivo (Figura XX)
5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura B - Micrografia de MEV da superfície da liga AZ31B como recebida, com mapas de
EDS com a concentração de a) Mg; b) Al; c) Mn; d) O.
CCC é bastante distinta da estrutura HC da matriz e por isso tende a induzir a fragilidade na
liga e até rachaduras no material.
Os espectros de concentração dos componentes, também obtidos através de EDS
reforçam a concentrações parecidas antes e depois da solubilização (Figuras D e E).
Figura F – Micrografias em MEV com aumento x1000 dos filmes anodizados nas
seguintes condições: a)20.5; b)20.10; c)30.5; d)30.10.
previsto pela literatura, sendo destaque o oxigênio cuja concentração foi a maior dentre os
componentes do filme (52,03%m. Segundo a literatura (Liu et. al, 2012), o melhor aspecto
anticorrosivo está associado a maiores taxa de concentração de O e menores de magnésio.
O Diagrama de Nyquist para a amostra Não Anodizada pode ser melhor visualizado
abaixo:
59
Através dos perfis obtidos nota-se que apenas as amostras 20.5, 20.10 e 30.10
apresentaram efeito da passivação pela presença do filme óxido, o que é demonstrado pela
faixa passiva no ramo anódico para os valores de sobretensão aplicados. Nas amostras Não-
anodizada e 30.5 por sua vez não apresentaram tal faixa, denotando a inexistência de barreira
contra a transferência de carga. Isso corrobora o que foi observado nos Diagramas de Nyquist,
onde tais amostras apresentaram menor arco capacitivo e uma tendência forte à ocorrência de
corrosão.
Os valores de Ecorr das espécies 20.5, 20.10 e 30.10 estão próximos às referências da
literatura (cerca de – 1,50 V) [BIN JANG]. Este potencial indica a estabilidade do filme
formado e onde as cargas do ramo catódico e anódico tem a mesma intensidade; Quanto mais
alto é o valor de Ecorr, maior deve ser a polarização para que o processo corrosivo, através de
reações de oxidação no anodo, se inicie. A obtenção de Ecorr, realizada mediante um ensaio
de Potencial de Circuito Aberto (Eocp), sob imersão em solução até a estabilização (e
convergência) dos potenciais de catodo e anodo, indicou um pouco mais nobres para a
amostra 30.10 em relação às demais com faixa de passividade (Tabela XX).
62
Tabela:
Condição Ecorr (mV vs Ag/AgCl) Icorr (µA/cm2)
NA 1358 ±145 52,2 ± 32,5
20.5 1503 ± 65 3,9 ± 2,1
20.10 1502 ± 52 2,3 ± 1,0
30.5 1435 ± 8 5,8 ± 3,3
30.10 1513 ± 46 2,4 ± 0,6
De acordo com a Tabela X, o potencial de pite da amostra 30.10 é mais alto que o
observado nas demais amostras. Isso denota que o filme óxido nessa condição é mais
eficiente, pois foi necessária uma maior sobretensão até o início da formação da corrosão por
pites. Mais uma vez o resultado mostra que a amostra 30.10 apresentou melhor rendimento.
6 - CONCLUSÃO
68
7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[8] DENNIS, W.H. Metallurgy of the non-ferrous metals, 2nd edition. London : Sir
Issac Pitman & Sons Ltda.
[10] CANALE L. Envelhecimento. Universidade de São Paulo, USP. São Paulo, 2017.
69
[17] SHEIR L.L.; JARMAN, R.A.; BURSTEIN, G.T. (Eds), Corrosion, Vol. 1 3a
edição., Butterworth Heinemann, 1994.
[20] NEIVA, A. C. Eletroquímica. Universidade de São Paulo, USP. São Paulo, 2017.
[24] PARDO, A.; MERINO M.C.; COY, A.E; ARRABAL, VIEJO F. MATYKINA,
E. Corrosion Science, 2008.
[25] HILLIS J.E.; MURRAY, R. W.; Mercer I.I.. Compositional Requirements for
Quality Performance with High Purity Magnesium Alloys, Proceedings of the International
Magnesium Association, San Diego, 2008.
[26] MEI, P. R.; SILVA, A. L. C. Aços e ligas Especiais. 3ª edição. Editora Blucher,
2011.
[30] MOUSA, H. M.; HUSSEIN, K H.; WOO, H. M.; PARK, C. H. KIM, C. S. One-
Step Anodization Deposition of Anticorrosive Bioceramic Compounds on AZ31B
Magnesium Alloy for Biomedical Appication, 2015.