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RA: 488972/0
TURMA: 3109A02
FONE: (11) 7215-9926
E-MAIL: victormendonca@ig.com.br
SÃO PAULO
2008
“O CONCURSO DE PESSOAS NO ATUAL CÓDIGO PENAL
BRASILEIRO”
SÃO PAULO
2008
BANCA EXAMINADORA:
Professor Orientador:____________________________
Professor Argüidor:_____________________________
Professor Argüidor:_____________________________
À Deus por ter me dado a
especial e maravilhosa.
SINOPSE
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 01
1. Conceito e Nomenclatura 03
2. Concurso Eventual e Concurso Necessário 05
2.1 Espécies de concurso Necessário 07
3. Natureza Jurídica do Concurso de Pessoas: Teorias 09
3.1 Punibilidade no Concurso de Pessoas e a Teoria Unitária 12
3.2 Exceções Pluralistas 15
4. Requisitos do Concurso de Pessoas 17
5. A homogeneidade do Elemento Subjetivo 25
1. Aspectos Gerais 29
2. Autoria 30
2.1 Conceito de Autor 30
2.2 Natureza Jurídica da Autoria 30
3. Co-autoria 35
3.1 Conceito de Co-autor e Aspectos Gerais da Co-autoria 35
4. Autoria Mediata 37
4.1 Hipóteses de Autoria Mediata 38
5. Autoria Colateral, Autoria Incerta e Autoria Desconhecida 40
5.1 Autoria Colateral 40
5.2 Autoria Incerta 41
5.3 Autoria Desconhecida 42
6. Autoria Intelectual 43
7. Participação 44
7.1 Natureza Jurídica da Participação 46
7.2 As Classes de Acessoriedade47
7.3 Modalidades de Participação 50
7.4 Participação nos Casos de Desistência Voluntária e
Arrependimento Eficaz do Autor 52
7.5 Participação de Menor Importância 54
7.6 Participação em Crime Menos Grave 57
1. Aspectos Gerais 60
2. Dicotomia das Circunstâncias: Comunicabilidade e
Incomunicabilidade 61
3. Problemática do art. 30 em Relação ao Crime de Infanticídio 65
1. Aspectos Gerais 77
2. Participação Impunível 79
1. Aspectos Gerais 82
2. Hipóteses de Agravantes 83
CONSIDERAÇÕES FINAIS 89
INTRODUÇÃO
qual foi responsável por modificar toda a parte geral do Código Penal, o
Tratará do crime de infanticídio, delito este que até hoje causa debates por
assunto.
CAPÍTULO I
1. CONCEITO E NOMENCLATURA
1
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal: Parte Geral, p. 343.
Anteriormente a Reforma Penal de 1984, o Código Penal
disciplinava o concurso de pessoas pelo Título IV, art. 25, sob o nome de
na forma de participação” 2 .
pessoas”, novamente no título IV, mas pelo art. 29. A reforma também
2
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral, p. 510.
3
O anteprojeto do professor Nélson Hungria era disciplinado pelo Decreto-Lei n.º 1.004/69 que
sequer entrou em vigor, sendo que teve seu vacatio legis protelado por diversas vezes até que foi
finalmente revogado pela Lei n.º 6.578 de 11 de outubro de 1978.
fenômenos naturais, pois agentes físicos também podem produzir
as palavras de René Ariel Dotti, desta vez citado por Julio Fabrinni
do direito” 5 .
4
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Ob. Cit., p. 510; DOTTI, René Ariel. Concurso e Pessoas In
Reforma Penal Brasileira, p. 352.
5
MIRABETE, Julio Fabrinni. Manual de direito Penal: Parte geral, p. 223; DOTTI, René Ariel.
O Concurso de Pessoas: Ciência Penal, p. 100.
6
JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal, p. 406.
unissubjetivos que são aqueles que podem ser tanto praticados por um só
agente, como por mais de um. Exemplos: Homicídio (art. 121), lesão
corporal (art. 129), furto (art. 155), entre outros. Neste caso, o concurso de
pessoas só será reconhecido por conta do art. 29 que, por ser uma norma
Assim aduz o art. 29, caput, do Código Penal, após a Lei 7.209 de
1984:
culpabilidade.
bando (art. 288), Rixa (art. 137), bigamia (art. 235), entre outros.
admitindo, assim, que seja praticado por uma só pessoa. Desta forma, não
7
FERRAZ, Esthér de Figueiredo. A Co-delinqüência no Direito Penal Brasileiro, p. 19.
8
NUCCI, Guilherme de Souza. Ob. Cit., p. 345.
9
MARQUES, José Frederico, Tratado de Direito Penal: da Infração Penal, p. 339.
10
FRAGOSO, Heleno Cláudio, Lições de Direito Penal: Parte Geral, p. 325.
determinados agentes do concurso necessário, e consumado para outros, já
11
Idem, ibidem.
12
FERRAZ, Esthér de Figueiredo, Ob. Cit., p. 19.
O concurso necessário de condutas convergentes, segundo a
que, segundo Paulo José da Costa Jr., ocorre quando todos os concorrentes
TEORIAS
13
Idem, Ibidem.
14
COSTA JÚNIOR, Paulo José da. Curso de Direito Penal, p. 311.
15
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p. 406.
São três as teorias que buscam demonstrar a natureza do concurso
de pessoas, sendo que a aplicação de cada uma delas traz como resultado a
16
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral, p. 460.
17
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p. 412.
18
PRADO, Luis Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro: Parte Geral, p. 471
19
MIRABETE, Julio Fabbrini. Ob. Cit., p. 224.
resultado delitivo, mas apenas um, trazendo, assim, como conseqüência, a
crítica apontada a esta teoria por, entre tantos autores, Cezar Roberto
20
Idem, p. 225.
21
FERRAZ, Esther de Figueiredo. Ob. cit., p. 30.
A teoria Monista, também chamada de Unitária, Igualitária ou
é a teoria que foi adotada pelo atual Código Penal Brasileiro e por certo
nas penas a este cominadas”. Dessa forma, conclui-se que a adoção dessa
22
MIRABETE, Julio Fabbrini. Ob. cit., p. 225.
23
GRECO, Rogério. Ob. cit., p. 460.
diferenciando, assim, autores de partícipes, bem como punindo todos os
das Condições adotada pelo nosso Código Penal, uma vez que não havia
produção do resultado 25 .
críticas doutrinárias naquela época, uma vez que não seria justo punir
Ora, pode se pegar como exemplo o dado pelo professor Rogério Greco,
24
FERRAZ, Esther de Figueiredo. Ob. Cit., p. 32
25
COSTA JÚNIOR, Paulo José da. Ob. Cit., p. 124.
26
GRECO, Rogério. Ob. Cit., p. 500.
27
PRADO, Luiz Regis. Ob. Cit., p. 265.
Isto porque, conforme ensina Bittencourt, seus rigores foram atenuados,
Isto se traduz pela modificação encontrada no art. 29, caput (antigo art.
culpabilidade”.
aplicadas aos dois concorrentes deverão ser diversas, sendo que, a conduta
28
BITTENCOURT, Cézar Roberto. Ob. Cit., p. 512.
29
A culpabilidade foi aqui tratada de acordo com a Teoria Finalista da ação adotada pelo atual
Código Penal.
30
GRECO, Rogério. Ob. Cit., p.500.
Cezar Roberto Bittencourt e Paulo José da Costa Júnior, afirmam que,
individualizada 31 .
31
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Ob. Cit. , p. 512; COSTA JÚNIOR, Paulo José da.
Comentários ao Código Penal, p. 232.
experiência passada, curva-se, contudo, o Projeto ao críticos desta teoria,
ao optar, na parte final do art. 29, e em seus dois parágrafos, por regras
reconhecidamente injustas” 32 .
crime do autor e outro do partícipe, sendo que ambos são descritos pelas
da gestante, e aborto provocado por terceiro (art. 124, segunda parte e art.
126 do Código Penal). O art. 124, em sua segunda parte, descreve o fato
da gestante”. Se for retirado o art. 124, segunda parte, a gestante será co-
32
Exposição de Motivos da Nova Parte Geral do Código Penal, item n.º 25.
33
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p. 413.
autora ou partícipe do crime tipificado no art. 126. Se for excluído, por
§1º do art. 235. Se este não existisse a mulher solteira responderia como
por corrupção ativa (art. 333), enquanto o servidor público responderá por
34
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p. 413.
35
Idem, Ibidem.
testemunha visual do delito para que ela minta em seu depoimento.
343).
infração penal” 37 .
de forma atípica, sendo que, neste caso, os agentes são punidos a título de
partícipes por força do art. 29, caput, do Código Penal, como já afirmado
anteriormente.
36
DELMANTO. Celso. Código Penal Comentado, p. 58.
37
GRECO, Rogério. Ob. Cit., p. 514.
38
FERRAZ, Esther de Figueiredo. Ob. Cit., p. 25.
b-) Nexo de causalidade material
matar seu desafeto. Mévio, ao ouvir isto, afirma que possui uma arma de
fogo em casa, e que, caso ele (Tício) precise da mesma para cometer o
crime.
39
NUCCI, Guilherme de Souza. Ob. Cit., p. 348.
40
DOTTI, René Ariel. Curso de Direito Penal: Parte Geral, p. 354.
41
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p. 420.
dele, não será Mévio responsabilizado. Isto porque é necessária uma
ocorrência.
que “se a conduta levada a efeito por um dos agentes não possuir
Tício a sua arma de fogo. Contudo, nesta hipótese, Tício resolve comprar
uma arma de fogo para ele por achar que a arma de Mévio estava com
42
GRECO. Rogério. Ob. Cit., p. 458.
O nexo psicológico, também chamado de liame subjetivo, consiste
basta que apenas um dos agentes tenha o liame subjetivo para aderir à
imóvel, ouviu dizer que a região pela qual trabalha está sendo alvo de
existência.
43
DELMANTO, Celso. Ob. Cit., p. 58.
44
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p . 421.
Destaca-se que, mesmo que a participação for recusada pelo autor
crime, e estes tenham recusado tal ajuda. Mesmo assim Tício seria
delito vai ser praticado, salvo quando tiver o dever jurídico de impedir o
45
Idem, Ibidem.
46
MIRABETE, Julio Fabbrini. Ob. Cit., p. 228.
47
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Ob. Cit. , p. 515.
resultado 48 . Exemplo: Transeunte que ouve uma conversa entre traficantes
que organizam a venda de entorpecentes, e nada faz por ter medo. Neste
48
MIRABETE, Julio Fabbrini. Ob. Cit., p. 228.
49
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Ob. Cit., p. 515.
d-) Unidade do crime
traduz pela própria teoria monista, regra geral adotada pelo atual Código
Penal. Então, pela redação do art. 29, caput, do Código Penal, conclui-se
Destaca Damásio que tal requisito foi mitigado 50 pelo art. 29, § 2º
oportuno.
“existência de fato punível”. Afirma que “se o crime não é mais punível,
50
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p. 424.
Ora, por certo que assiste razão o exemplo dado pelo ilustre autor.
circunstância se entenderá aos demais. Contudo, tal situação não pode ser
doloso.
sobre elementos do tipo (art. 20, caput, do Código Penal). Como bem
51
NUCCI, Guilherme de Souza. Ob. Cit., p. 349.
52
O presente trabalho adotou o conceito analítico de crime, segundo o Finalismo de Welzel.
terceiro para a prática do crime, sendo que este último o pratica
que dizia o vidro. Neste caso, há dois crimes, um homicídio doloso pelo
existem dois crimes, o que vai contra a regra geral da teoria monista.
correntes doutrinárias.
53
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p.422.
54
GRECO, Rogério. Ob. Cit., p.512.
O primeiro entendimento, que é amplamente majoritário na
uma pessoa 56 . A solução é que ambos são co-autores, uma vez que suas
55
JESUS, Damásio Evangelista. Ob. Cit. , p. 422.
56
JESUS, Damásio Evangelista. Ob. Cit., p. 423.
alcançar alguma finalidade ilícita, era-lhe previsível, nas circunstâncias,
dos operários que, juntos, arremessam a tábua por sobre o tapume? Autor
57
GRECO, Rogério. Ob. Cit., p. 516.
CAPÍTULO II
AUTORIA E PARTICIPAÇÃO
1. ASPECTOS GERAIS
2. AUTORIA
que autor é quem realiza a figura típica. Ou seja, “é aquele que pratica o
atos que não se amoldam à figura típica. Esta teoria, muito embora
Fabbrini Mirabete.
ela não distingue autor e partícipe, uma vez que todos aqueles que, de
58
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Ob. Cit., p. 516.
autores 59 . Dentre as críticas apontadas a esta teoria, destaca a de Mirabete,
sempre é autor aquele que contribui com uma causa para o resultado e
que a própria lei prevê distinção no tratamento penal daquele que quis
Dessa forma, o autor seria aquele que deseja o fato como próprio, agindo
com vontade de ser autor (animus auctuoris), e o partícipe, por sua vez,
socii).
sempre o autor pratica o crime desejando o fato como próprio, bem como
59
GRECO, Rogério. Ob. Cit., p. 464.
60
MIRABETE, Julio Fabbrini. Ob. Cit., p. 229.
dado pelo professor Rogério Greco 61 : o matador de aluguel que causa a
morte da vítima, não porque a desejava, mas, sim, porque fora pago para
tanto.
que autor é todo aquele que tem o controle final do fato, domina
que este não tem o domínio final do fato, sendo responsável apenas por
como meio para a realização do crime uma pessoa que não tem dolo nem
61
GRECO, Rogério, Ob. Cit., p. 465.
62
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p. 407.
63
MIRABETE, Julio Fabbrini. Ob. Cit., p. 229.
quais, mencionam-se Damásio Evangelista de Jesus, Luis Régis Prado,
se justamente pela falta de domínio do fato pelo agente 64 , uma vez que
considerado autor.
adotou a teoria restritiva, uma vez que há nítida distinção entre autores e
64
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Ob. Cit., p. 519.
65
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p. 408.
partícipes (art. 29, §§ 1º e 2º; art. 62, III, do Código Penal). Contudo,
CP, na reforma penal de 1984, adotou a tese finalista, como pode ser
3. CO-AUTORIA
66
Idem, Ibidem.
67
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Ob. Cit., p. 523.
Em se tratando da co-autoria, o domínio final do fato ocorre pelo
co-autoria, não basta que todos sejam executores, mas sim que tenham
Não é necessário que a conduta de todos esteja prevista no tipo penal, mas
68
Idem, Ibidem.
69
GRECO, Rogério, Ob. Cit., p. 468.
70
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p.410.
71
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p.410.
ameaça, vigilância e direção do veículo de fuga; em um estupro, um
funcional do fato).
4. AUTORIA MEDIATA
que atua sem dolo ou culpa, para executar o delito” 72 . O autor mediato
trás” 73 .
domínio sobre o fato, e realiza o crime por intermédio de outrem que não
72
NUCCI, Guilherme de Souza. Ob. Cit., p. 349.
73
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Ob. Cit., p. 521.
pode ser responsabilizado penalmente, que é chamado de autor imediato,
Exemplos: Mévio, com o escopo de não correr risco de ser preso, ordena a
mas apenas uma espécie de autoria. Neste mesmo sentido afirma com
na prática do crime. Caso o autor imediato seja culpável não será autoria
uma joalheria. Tício realiza o roubo, contudo ele era maior de dezoito
74
MIRABETE, Julio Fabbrini. Ob. Cit., p. 232.
75
MIRABETE, Julio Fabbrini. Ob. Cit., p. 232.
anos na época da conduta. Neste caso Mévio é partícipe, e Tício é autor,
a saber:
(arts. 26, caput, e 27, do Código Penal) – Exemplos: O pai que dá a arma
ao filho menor e determina que ele mate seu desafeto; O servidor público
b-) erro de tipo escusável determinado por terceiro (art. 20, § 2º, do
código Penal).
AUTORIA DESCONHECIDA
atuam unidos pelo liame subjetivo 77 . Ou seja, ocorre autoria colateral pela
76
GRECO, Rogério. Ob. cit. , p. 471.
77
GRECO, Rogério. Ob. Cit., p. 479.
O exemplo dado pela doutrina clássica corresponde ao seguinte:
em direção à ele, causando sua morte. Nesta situação, fala-se que ambos
Penal), mesmo que apenas um dos agentes tenha atingido a vítima. Isto
item específico.
a bala que acertou Caio partiu do revolver de Tício, enquanto Mévio, por
homicídio tentado (art. 121, caput, c/c art. 14, II, do Código Penal).
homicídio (art.121, caput, c/c art. 14, II, do Código Penal). Isto tem por
base o princípio do in dubio pro reo, uma vez que, se punidos ambos por
indício de autoria.
6. AUTORIA INTELECTUAL
pela qual o delito será executado pelos outros criminosos. Ele é o chamado
78
NUCCI, Guilherme de Souza. Ob. Cit., p. 350.
79
GRECO, Rogério. Ob. Cit., p.481.
80
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p. 409.
81
GRECO, Rogério. Ob. Cit., p. 475.
A autoria intelectual também é abrangida pela teoria do domínio do
fato, pois não se faz necessário que o autor intelectual pratique qualquer
conduta típica para ser assim considerado. Ele é tido como autor por ter o
Penal).
7. PARTICIPAÇÃO
realização do crime, ato este diverso do realizado pelo autor ou pelos co-
autores” 82 . Destaca-se, ainda, que é aquele que, além de contribuir para o
crime sem praticar a conduta típica, o faz sem o poder de decisão sobre a
ao do autor. Isto porque ela só tem relevância jurídica quando o autor (ou
co-autor) pratica a conduta descrita no tipo penal, fazendo com que, dessa
seja, a conduta do partícipe, por si só, não tem relevância porque não é
art. 29.
82
NORONHA, Edgard Magalhães. Ob. Cit., p. 212.
83
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p. 411.
Para a configuração da participação, mister se faz que o partícipe
empresta a faca a outro para cortar peixe, quando na verdade, este irá
amigo, dizendo que irá utilizá-la para matar alguém, e o amigo a empresta.
resultado criminoso, não será ele partícipe, mas possível autor de uma
produto do crime para que não haja provas de materialidade delitiva contra
seu filho. Neste exemplo, o pai será autor do crime de favorecimento real
84
TP FRAGOSO, Heleno Cláudio. Ob. Cit., p. 317.
7.2 Natureza Jurídica da Participação
seja, a teoria causal apenas considera a causa do crime, sendo esta causa a
“o partícipe não é responsável pelo fato do crime alheio, mas por crime
próprio, pois este delito é tão próprio em relação àquele que executa
85
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p. 414.
86
Idem, Ibidem.
não se pode falar em participação sem que haja autoria. Como já afirmado
que aquele só será punido por algo se a conduta típica for praticada.
a teoria da acessoriedade, uma vez que, por ela, existe a distinção entre
muito embora o fato praticado pelo autor não seja antijurídico, a conduta é
não seria punido, pois estaria tutelado pela legítima defesa, enquanto o
partícipe seria punido pelo homicídio, uma vez que a conduta do autor foi
típica.
pois o partícipe não seria punido nos casos em que o autor fosse não
culpável. Exemplo: sujeito que, sem o domínio do fato, empresa uma faca
caso, por ser inimputável o autor, o partícipe também não seria punido.
Ainda, não resta dúvida sobre a inaplicabilidade da teoria da
arma.
caso concretos. Para que o partícipe seja punido, basta que o autor tenha
87
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p. 416.
A participação pode ocorrer por diversas modalidades, tal como
desolado, diz a Mévio que está completamente insolvente e não sabe o que
seu amigo, diz a Tício que a solução para esta situação é roubar o banco
time de futebol de ambos havia sido derrotado. Em uma das estações surge
um torcedor do time adversário que visualizado por Caio, este afirma que
88
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Ob. Cit., p. 524.
89
GRECO, Rogério. Ob. Cit., p. 483.
90
Idem, Ibidem
91
FERRAZ, Esther de Figueiredo, Ob. Cit., p. 174.
deseja agredir aquele torcedor. Ao ouvir isto, Tibúcio afirma a Caio que
ele deveria fazer isto mesmo, porque é isto que aquele torcedor merece.
partícipe instigador.
92
GRECO, Rogério. Ob. Cit., p. 486
93
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Ob. Cit., p. 524.
Sujeito que empresta a arma a outro para que este cometa um crime roubo;
que têm por finalidade evitar que o autor que desiste voluntariamente de
contra Caio, dispara contra ele todas as balas de seu revolver, contudo,
sem produzir o resultado pretendido. Caio foi atingido por duas vezes, e
sua vida.
À respeito deste assunto destacam-se duas correntes:
Conforme afirma Rogério Greco, quando o autor ingressa na fase dos atos
94
BATISTA, Nilo. Concurso de Agentes. p. 135; GRECO, Rogério. Ob. Cit. , p. 487.
95
FERRAZ, Esther de Figueiredo. Ob. Cit., p. 173-174.
96
A referência aos arts. 13 e 15 correspondem, respectivamente, aos atuais arts. 15 e 25 da nova
parte geral modificada pela Lei n.º 7.209/84.
iniciados os atos de execução, ali nasce a possibilidade de se punir o
Código Penal.
Código Penal após à sua reforma em 1984 passou a adotar uma teoria
fazendo com que não exista crime. Portanto, é mais cabível a aplicação do
primeiro entendimento.
97
GRECO, Rogério. Ob. Cit. , p. 488.
98
DOTTI, René Ariel. Ob. Cit., p. 358.
prestada não impediria a realização do crime 99 . O crime ocorreria mesmo
Mévio uma arma de fogo para que este cometa um crime de roubo. Mévio,
quando dos atos de execução, ameaça a vítima utilizando a arma que Tício
I – [...];
99
TP MIRABETE, Julio Fabbrini. Ob. Cit., 237.
como já afirmado no presente trabalho, o Código Penal, antes da Reforma
Com redação dada pela Lei n.º 7.209/84, assim disciplina o art. 29,
sexto a um terço.
o delito” 100 .
grave que o efetivamente produzido pelo autor 101 . Exemplo: Caio solicita
100
MIRABETE, Julio Fabbrini. Ob. Cit., p. 237.
101
DOTTI, René Ariel. Ob. Cit., p. 358.
102
A responsabilidade objetiva é aquela que ocorre independentemente de culpa. Atualmente é
aceita em outros ramos do Direito, tal como o Civil e o do Consumidor.
Há de se lembrar, porém, que antes da Reforma Penal de 1984,
partícipe, já que ele era punido por um crime cujo resultado não desejou.
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até
com o que quis, isto é, de acordo com seu dolo ( não de acordo com o
dolo diverso do autor)” 103 . Pelo exemplo acima, agora com a aplicação do
suponha-se que Caio soubesse do ódio que Tício sentia pela vítima. Seria
pena aumentada até metade. Destaca-se que o partícipe não pode ter
ele atuando com dolo eventual, fazendo ele também responder pelo
resultado.
CAPÍTULO III
AS CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNÍCÁVEIS
1. Aspectos Gerais
7.209/84:
“Circunstâncias Incomunicáveis”
dispositivo correspondente no antigo art. 26, que, por sua vez disciplinava:
“Circunstâncias Incomunicáveis”
103
TP DELMANTO, Celso. Ob. Cit., p. 60.
“Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias de caráter pessoal,
culpabilidade 105 .
Incomunicabilidade
104
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p. 438.
105
Idem, Ibidem.
106
DELMANTO, Celso. Ob. Cit., p. 63.
107
COSTA JÚNIOR, Paulo José da. Ob. Cit., p. 127.
Dois co-autores traçam um plano para matar um desafeto em comum,
ficando estabelecido que um deles fique de tocaia para dar o sinal quando
qualificado pelo meio explosivo (art. 121, § 2º, III, do Código Penal).
Caso o co-autor responsável pela tocaia não soubesse que o outro utilizaria
citada qualificadora.
quase que integralmente o texto do art. 26, agora art. 30, o entendimento
interpretado à luz do art. 29, ‘caput’, parte final, do CP, segundo o qual a
circunstância.
108
HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal, p. 436 e nota 20; JESUS, Damásio
Evangelista de. Ob. Cit., p.440 e nota 54.
109
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p. 442
110
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Ob. Cit., p. 324.
conforme bem lembra Paulo José da Costa Júnior tal acréscimo é
condições que integram determinadas figuras típicas 112 . Com isso, criam-
se duas conclusões:
com um amigo, mata o pai. A este amigo não recai a agravante genérica
de crime praticado contra ascendente (art. 61, II, “e”, do Código Penal); O
111
COSTA JÚNIOR, Paulo José da. Ob. Cit., p. 127.
112
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Ob. Cit., p. 536-537.
adentra na repartição e subtrai o computador, indo até o encontro de
Mévio que o aguarda do lado de fora, a fim de que ambos possam carregar
pelo crime de peculato (art. 312, § 1º, do Código Penal). Contudo, a maior
ou por furto (art. 155 do Código Penal). Ora, ser funcionário público é
por peculato.
113
NUCCI, Guilherme de Souza. Ob. Cit., p. 354.
114
GRECO, Rogério. Ob. Cit., p. 501.
Segundo o professor Pedro Franco de Campos, conceitua-se o
Penal, em seu item n.º 40, é a loucura emotiva das parturientes 117 .
ocorre nas mulheres durante e após o parto, que torna o tratamento penal
ao concorrente, uma vez que este não estaria sob o efeito desse estado de
115
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. Cit., p. 443.
116
CAMPOS, Pedro Franco. Direito Penal Aplicado, p. 16.
“personalíssima”. Apenas a parturiente está sob este estado de psiques,
117
Exposição de Motivos da Nova Parte Geral do Código Penal, item n.º 40.
evitar-se o contra-senso, que orçaria pelo irrisório de imputar-se a
Heleno Cláudio Fragoso 120 , o qual também era seguidor dessa primeira
corrente:
homicídio.
a matar o filho e também executa o crime a seu pedido, por lhe faltarem
118
HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal. p. 266; RIBEIRO, Gláucio Vasconcelos.
Infanticídio. p. 120.
119
Os arts. 25 e 26 correspondem, respectivamente, aos atuais arts. 29, “caput” e 30 do Código
Penal, alterados por força da Lei n.º 7.209/84.
120
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal: Parte Especial, p. 79.
inadmissível. O privilégio se funda numa diminuição da imputabilidade,
crime de homicídio.
121
TP O art. 26 corresponde ao atual art. 29 do Código penal, alterado por força da Lei n.º 7.209/84.
Assim expõe José Frederico Marques 122 acerca de seu
posicionamento:
122
MARQUES, José Frederico, Ob. Cit., p. 141; RIBEIRO, Gláucio Vasconcelos. Ob. Cit., p.124.
123
MARQUES, José Frederico. Ob. Cit., p. 410
corrente, o estado puerperal também é transmissível ao co-autor, e não
Evangelista de Jesus.
Para nós, diante da lei, tanto faz que pratique o núcleo do tipo ou
abaixo aduzido:
art. 123 do nosso, Logoz (op. cit., p. 26) e Hafter (op. cit., p. 22),
124
JESUS, Damásio Evangelista de. Ob. cit., p.448-449.
puerperal’ é incomunicável. Nas anteriores edições deste volume,
Código pátrio (também art. 26) é feita uma ressalva: ‘Salvo quando
homicídio”125 .
125
TP HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal, p. 266;
Nelson Hungria no sentido da quebra da unidade do crime, contudo, o que
crime do art. 123 foi criado justamente porque se entende que o grau de
dessa forma, que alguém receba este benefício legal não estando
relação ao crime de infanticídio e o art. 30, falha esta que nem a Reforma
para o crime do art. 123, embora não militando em seu favor a condição
[...]
[...]
126
O art. 26 corresponde ao atual art. 29 do Código penal, por força da Lei n.º 7.209/84.
Esse absurdo provém de sensível falha técnica legislativa,
127
GARCIA, Basileu. Instituições de direito Penal. 1952, p. 382-385; RIBEIRO, Gláucio
Vasconcelos. Ob. Cit., p. 138-139.
CAPÍTULO IV
CASOS DE IMPUNIBILIDADE
1. ASPECTOS GERAIS
128
RIBEIRO, Gláucio Vasconcelos. Ob. Cit., p. 128.
“art. 31. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo
Tal norma cuida apenas da participação, a qual não será punível se,
instigação e auxílio.
correspondente no antigo art. 27. Este possuía igual redação ao do art. 31,
ressalvando-se, contudo, em sua parte final que fazia alusão ao antigo art.
II – a periculosidade do agente.
Sobre este assunto, importante destacar o que afirma Paulo José da Costa
art. 27, que cuidou dos mesmos casos de impunibilidade. Uma diferença
129
COSTA JÚNIOR, Paulo José da. Ob. Cit., p. 128.
130
O antigo art. 14 expressava o crime impossível agora previsto no atual art. 17 em decorrência da
Lei 7.209/84.
131
O Código Penal passou a adotar o sistema Vicariante após a Lei n.º 7.209/84.
132
COSTA JÚNIOR, Paulo José da. Ob. Cit., p. 127.
impossível, a reforma penal aboliu por completo a aplicação da medida.
2. PARTICIPAÇÃO IMPUNÍVEL
atípico.
responsabilizado por força da norma de ligação do art. 29, uma vez que o
para o autor, não faria sentido que para o partícipe também não haveria.
Exemplo: Mévio induz Tício a roubar um banco, contudo, este, por medo,
autor, mesmo quando ele ainda não iniciou atos de execução. Exemplos:
133
NUCCI, Guilherme de Souza. Ob. Cit., p. 357.
134
NUCCI, Guilherme de Souza. Ob. Cit., p. 357.
CAPÍTULO V
PESSOAS
1. ASPECTOS GERAIS
61 no Código Penal.
pena, ficando apenas a seu critério o quantum a ser agravado. Isto pode ser
sua aplicabilidade pelo juiz, a lei teria utilizado a expressão “pode ser
agravada”.
2. HIPÓTESES DE AGRAVANTES
O rol de agravantes encontra-se prevista no atual art. 62 do Código
Penal. Trata-se de rol taxativo, portanto não pode o juiz agravar a pena por
uma hipótese que não esteja expressa neste dispositivo. São as seguintes:
do artigo 45.
135
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Ob. Cit., p. 430.
136
COSTA JÚNIOR. Paulo José. Ob. Cit., p. 190.
Coagir significa obrigar alguém a fazer algo que não queira. A
coação aqui tratada pode ser tanto resistível como irresistível. Se for
coator agravada, enquanto que a do coagido será atenuada (art. 65, III, do
Código Penal).
pela Lei n.º 7.209/84. Anteriormente a sua vigência o art. 45, II, do
137
Exposição de Motivos da Nova Parte Geral do Código Penal, item n.º 53.
Há de se lembrar que, conforme afirma Paulo José da Costa Júnior,
agravante” 138 .
138
COSTA JÚNIOR, Paulo José da Costa, Ob. Cit., p. 190.
139
COSTA JÚNIOR, Paulo José da Costa, Ob. Cit., p. 190.
vez que nesta é necessário que exista uma ordem manifestamente legal
outrem 140 . Também não se confunde com autoria mediata, já que também
dizendo que “deve mesmo matá-lo, pois assim ele poderá ser considerado
normal”.
45, III do Código Penal, permaneceu com mesma redação. Não houve
140
DELMANTO, Celso. Ob. Cit., p. 117.
“IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou
promessa de recompensa”.
patrimonial.
dispositivo atual.
141
CAMPOS, Pedro Franco de. Ob. Cit., p. 08.
142
DELMANTO, Celso. Ob. Cit., p. 117.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
no crime de infanticídio.
concurso;
evoluiu bastante com a Lei n.º 7.209 de 1984, já que esta foi responsável
do crime tem direito à diminuição de sua pena. Assim, não se tratará mais
mais será punido pelo resultado delitivo que não previa, mas sim pelo
pessoas.
Por fim, há de se destacar que a Reforma Penal não conseguiu
homicídio.
Bibliografia
COSTA JÚNIOR, Paulo José da. Curso de Direito Penal. 8ªa edição, São
Paulo: DPJ, 2005.
DOTTI, René Ariel. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 2ªa edição, Rio
de Janeiro: Forense, 2004.
JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal, Volume 1. 28ª edição, São
Paulo: Saraiva, 2006.