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BIBLIOTECA PARA O CURSO DE

MBA EXECUTIVO EM CIÊNCIAS POLÍTICAS

Selecionamos para você uma série de artigos, livros e endereços na Internet


onde poderão ser realizadas consultas e encontradas as referências necessárias
para a realização de seus trabalhos científicos, bem como, uma lista de sugestões
de temas para futuras pesquisas na área.
Primeiramente, relacionamos sites de primeira ordem, como:
www.scielo.br
www.anped.org.br
www.dominiopublico.gov.br

SUGESTÕES DE TEMAS

1. TEMAS EMERGENTES EM CIÊNCIAS POLÍTICAS

2. PARTIDOS POLÍTICOS;

3. MOVIMENTOS SOCIAIS;

4. CIBERDEMOCRACIA NO SÉCULO XXI;

5. TEORIA DOS JOGOS;

6. OS DIREITOS HUMANOS;

7. ARTE ENGAJADA;

8. POLÍTICAS PÚBLICAS;

9. IDEOLOGIA POLÍTICA;

10. ECONOMIA POLÍTICA.

11. O PROCESSO ELEITORAL


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12. CONVENÇÃO PARTIDÁRIA;

13. REGISTRO DE CANDIDATO;

14. PROPAGANDA PARTIDÁRIA/ELEITORAL;

15. PROPAGANDA PARTIDÁRIA;

16. PROPAGANDA INTRAPARTIDÁRIA;

17. PROPAGANDA POLÍTICA E ELEITORAL;

18. PRAZO INICIAL DA PROPAGANDA;

19. DA PROPAGANDA EXTEMPORÂNEA;

20. MODALIDADES DE PROPAGANDA ELEITORAL;

21. DIREITO DE RESPOSTA;

22. PESQUISAS ELEITORAIS;

23. ARRECADAÇÃO E PRESTAÇÃO DE CONTAS;

24. ARRECADAÇÃO;

25. PRESTAÇÃO DE CONTAS.

26. ESTRUTURA E PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS - TSE

27. AS REGRAS DEONTOLÓGICAS/MORAIS;

28. DEONTOLOGIA – A CIÊNCIA DOS DEVERES: BREVES REFLEXÕES;

29. DEONTOLOGIA NO CONTEXTO DO DIREITO ELEITORAL;

30. PROIBIÇÕES AO SERVIDOR;

31. DEVERES DO SERVIDOR;

32. COMUNICAR E APURAR IRREGULARIDADES;

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33. REPRESENTAR CONTRA ILEGALIDADE, OMISSÃO E ABUSO DE PODER;

34. ATOS ILÍCITOS E PROCESSO ADMINISTRATIVO;

35. ILÍCITO PENAL E ILÍCITO ADMINISTRATIVO;

36. SINDICÂNCIA;

37. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR;

38. AFASTAMENTO DO SERVIDOR;

39. INSTAURAÇÃO DA COMISSÃO;

40. FONTES E PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO PROCESSO ADMINISTRATIVO


DISCIPLINAR;

41. PENALIDADES;

42. RECURSOS E REVISÃO;

43. PROCESSO SUMARÍSSIMO;

44. NULIDADE;

45. ASSÉDIO MORAL;

46. ATOS OFICIAIS ADMINISTRATIVOS;

47. NORMAS BÁSICAS DE REDAÇÃO;

48. TIPOS DE ATOS OFICIAIS ADMINISTRATIVOS.

49. TÓPICOS ESPECIAIS DO DIREITO ELEITORAL

50. ABUSOS DO PODER NO PROCESSO ELEITORAL;

51. PRINCÍPIOS REGENTES DO PROCESSO ELEITORAL;

52. INVALIDADE DO PROCESSO E OS ILÍCITOS;

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53. AÇÕES ELEITORAIS;

54. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO AO REGISTRO DO CANDIDATO – AIRC;

55. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL – AIJE;

56. RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DO DIPLOMA – RCED;

57. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO – AIME;

58. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO;

59. AÇÃO RESCISÓRIA ELEITORAL;

60. AÇÕES PENAIS;

61. EVOLUÇÃO DO SUFRÁGIO;

62. DOS PRIMÓRDIOS AO VOTO ELETRÔNICO;

63. A BIOMETRIA;

64. SISTEMA DE AUTENTICAÇÃO POR BIOMETRIA;

65. A INFIDELIDADE PARTIDÁRIA E A JURISPRUDÊNCIA;

66. A PARTICIPAÇÃO FEMININA NA POLÍTICA.

67. ORGANIZAÇÃO, SISTEMAS E O CÓDIGO ELEITORAL NO BRASIL

68. A JUSTIÇA ELEITORAL;

69. COMPETÊNCIAS;

70. ATRIBUIÇÕES DA JUSTIÇA ELEITORAL;

71. TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL – TSE;

72. TRIBUNAIS REGIONAIS ELEITORAIS – TER;

73. JUÍZES ELEITORAIS;

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74. JUNTA ELEITORAL;

75. O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL;

76. A POLÍCIA JUDICIÁRIA ELEITORAL;

77. SISTEMAS ELEITORAIS;

78. SISTEMA MAJORITÁRIO;

79. SISTEMA PROPORCIONAL;

80. SISTEMA MISTO;

81. DIREITOS POLÍTICO-PARTIDÁRIOS;

82. O CÓDIGO E AS LEIS ELEITORAIS.

83. INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL

84. DIREITO ELEITORAL;

85. CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO;

86. OBJETO;

87. AUTONOMIA E RELAÇÕES;

88. FONTES;

89. PRINCÍPIOS DO DIREITO ELEITORAL;

90. NOÇÃO ESSENCIAL DE PRINCÍPIOS;

91. A IMPORTÂNCIA DOS PRINCÍPIOS;

92. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ESTRUTURANTES DO DIREITO


ELEITORAL;

93. O PRINCÍPIO DA ANUALIDADE;

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94. INELEGIBILIDADES; NULIDADES.

95. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: DIRETA E INDIRETA

96. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CLASSIFICAÇÃO E TIPOS;

97. ATOS ADMINISTRATIVOS;

98. LEI Nº 9.784/99 E O PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR;

99. O SERVIDOR PÚBLICO E A PROBIDADE ADMINISTRATIVA.

100. PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO PÚBLICO

101. PLANEJAMENTO PÚBLICO;

102. EVOLUÇÃO CONCEITUAL DO ORÇAMENTO PÚBLICO;

103. OS OBJETIVOS E O IMPORTÂNCIA DO ORÇAMENTO PÚBLICO PARA


ESTABILIZAÇÃO ECONÔMICA;

104. OS PRINCÍPIOS QUE REGEM O ORÇAMENTO PÚBLICO;

105. PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO-PROGRAMA;

106. OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO: PPA, LOA, LDO;

107. CLASSIFICAÇÃO DE RECEITA E DESPESA PÚBLICA;

108. A LEI COMPLEMENTAR 101/00 – LRF.

109. FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS POLÍTICAS

110. CIÊNCIA POLÍTICA;

111. CONCEITO DE POLÍTICA;

112. REFLEXÕES DE SCHMITTER;

113. FILOSOFIA POLÍTICA – A ANTIGUIDADE;

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114. SANTO AGOSTINHO E SANTO TOMÁS DE AQUINO;

115. FILOSOFIA POLÍTICA NA IDADE MEDIEVAL;

116. THOMAS MORUS E MAQUIAVEL;

117. O RENASCIMENTO.

118. TEORIA POLÍTICA MODERNA

119. O ABSOLUTISMO E A SOBERANIA EM JEAN BODIN;

120. A FILOSOFIA ESPINOSEANA;

121. O CONTRATO SOCIAL E OUTRAS TEORIAS EM HOBBES, LOCKE E


ROUSSEAU;

122. O ESPÍRITO DAS LEIS DE MONTESQUIEU;

123. ESTUDOS DA DEMOCRACIA POR ALEXIS DE TOCQUEVILLE;

124. TEORIA POLÍTICA EM MARX, ENGELS E GRAMSCI.

125. TEORIA POLÍTICA CONTEMPORÂNEA

126. MEDO, TERROR, INDIGNAÇÃO E LIBERDADE EM HANNAH


ARENDT;

127. TEORIA DA ESTRATÉGIA E PENSAMENTO INTERNACIONAL DE


RAYMOND ARON;

128. MICHEL FOUCAULT E A MICROFÍSICA DO PODER;

129. O ANTAGONISMO POLÍTICO DE CARL SCHMITT;

130. NIKLAS LUHMANN E SUA TEORIA DOS SISTEMAS SOCIAIS;

131. A TEORIA DA JUSTIÇA DE JOHN RALWS: LIBERDADE E


IGUALDADE;

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132. CLAUDE LEFORT E OS CONCEITOS ABERTOS.

133. TEMAS EMERGENTES EM CIÊNCIAS POLÍTICAS

134. PARTIDOS POLÍTICOS;

135. MOVIMENTOS SOCIAIS;

136. CIBERDEMOCRACIA NO SÉCULO XXI;

137. TEORIA DOS JOGOS;

138. OS DIREITOS HUMANOS;

139. ARTE ENGAJADA;

140. POLÍTICAS PÚBLICAS;

141. IDEOLOGIA POLÍTICA;

142. ECONOMIA POLÍTICA.

143. ORGANIZAÇÃO, SISTEMAS E O CÓDIGO ELEITORAL NO BRASIL

144. A JUSTIÇA ELEITORAL;

145. COMPETÊNCIAS;

146. ATRIBUIÇÕES DA JUSTIÇA ELEITORAL;

147. TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL – TSE;

148. TRIBUNAIS REGIONAIS ELEITORAIS – TER;

149. JUÍZES ELEITORAIS;

150. JUNTA ELEITORAL;

151. O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL;

152. A POLÍCIA JUDICIÁRIA ELEITORAL;

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153. SISTEMAS ELEITORAIS;

154. SISTEMA MAJORITÁRIO;

155. SISTEMA PROPORCIONAL;

156. SISTEMA MISTO;

157. DIREITOS POLÍTICO-PARTIDÁRIOS;

158. O CÓDIGO E AS LEIS ELEITORAIS.

159. INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL

160. DIREITO ELEITORAL;

161. CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO;

162. OBJETO;

163. AUTONOMIA E RELAÇÕES;

164. FONTES;

165. PRINCÍPIOS DO DIREITO ELEITORAL;

166. NOÇÃO ESSENCIAL DE PRINCÍPIOS;

167. A IMPORTÂNCIA DOS PRINCÍPIOS;

168. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ESTRUTURANTES DO DIREITO


ELEITORAL;

169. O PRINCÍPIO DA ANUALIDADE;

170. INELEGIBILIDADES;

171. NULIDADES.

172. ESTRUTURA E PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS

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173. AS REGRAS DEONTOLÓGICAS/MORAIS;

174. DEONTOLOGIA – A CIÊNCIA DOS DEVERES: BREVES REFLEXÕES;

175. DEONTOLOGIA NO CONTEXTO DO DIREITO ELEITORAL;

176. PROIBIÇÕES AO SERVIDOR;

177. DEVERES DO SERVIDOR;

178. COMUNICAR E APURAR IRREGULARIDADES;

179. REPRESENTAR CONTRA ILEGALIDADE, OMISSÃO E ABUSO DE


PODER;

180. ATOS ILÍCITOS E PROCESSO ADMINISTRATIVO;

181. ILÍCITO PENAL E ILÍCITO ADMINISTRATIVO;

182. SINDICÂNCIA;

183. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR;

184. AFASTAMENTO DO SERVIDOR;

185. INSTAURAÇÃO DA COMISSÃO;

186. FONTES E PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO PROCESSO


ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR;

187. PENALIDADES;

188. RECURSOS E REVISÃO;

189. PROCESSO SUMARÍSSIMO;

190. NULIDADE;

191. ASSÉDIO MORAL;

192. ATOS OFICIAIS ADMINISTRATIVOS;


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193. NORMAS BÁSICAS DE REDAÇÃO;

194. TIPOS DE ATOS OFICIAIS ADMINISTRATIVOS.

195. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DOS PODERES

196. ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA;

197. FORMAS DE ESTADO;

198. FORMAS DE GOVERNO;

199. SISTEMAS DE GOVERNO;

200. REGIMES DE GOVERNO;

201. O FEDERALISMO BRASILEIRO;

202. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS;

203. MÉTODOS DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS;

204. PODER LEGISLATIVO;

205. O CONGRESSO NACIONAL (ARTS. 44 A 50);

206. A CÂMARA DOS DEPUTADOS (ART. 51);

207. O PROCESSO LEGISLATIVO (ART. 59);

208. SENADO FEDERAL (ART. 52);

209. PODER EXECUTIVO;

210. INVESTIDURA;

211. RESPONSABILIDADES E TIPOS DE CRIMES;

212. DAS FUNÇÕES EXERCIDAS E DOS MINISTROS DE ESTADO;

213. OS CONSELHOS;

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214. PODER JUDICIÁRIO;

215. GARANTIAS DO PODER JUDICIÁRIO;

216. ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO;

217. DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS DA JUSTIÇA;

218. DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS;

219. ESTADO DE DEFESA;

220. ESTADO DE SÍTIO;

221. FORÇAS ARMADAS;

222. SEGURANÇA PÚBLICA.

223. TÓPICOS ESPECIAIS DAS CIÊNCIAS JURÍDICAS

224. ÉTICA COMO FILOSOFIA MORAL;

225. AS TEORIAS ÉTICAS;

226. DIREITO E MORAL;

227. EXPRESSÕES LATINAS DO COTIDIANO FORENSE;

228. VERBETES FUNCIONAIS DO DIREITO.

229. DIREITOS FUNDAMENTAIS DO SER HUMANO

230. TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;

231. EVOLUÇÃO DAS DECLARAÇÕES DE DIREITOS–FUNDAMENTOS


HISTÓRICO-FILOSÓFICOS;

232. DIGNIDADE E TRABALHO NA FILOSOFIA DO DIREITO;

233. INTRODUÇÃO AO DIREITO SOCIAL;

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234. AS FUNÇÕES E AS DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;

235. TRATADOS DECORRENTES DA CF/88;

236. NOÇÕES DE SOCIOLOGIA DO TRABALHO E OS VALORES SOCIAIS;

237. FILOSOFIA E PENSAMENTO JURÍDICO NA ATUALIDADE.

238. TÓPICOS ESPECIAIS DAS CIÊNCIAS JURÍDICAS

239. ÉTICA COMO FILOSOFIA MORAL;

240. AS TEORIAS ÉTICAS;

241. DIREITO E MORAL;

242. EXPRESSÕES LATINAS DO COTIDIANO FORENSE;

243. VERBETES FUNCIONAIS DO DIREITO.

244. ORIGENS, TEORIA E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

245. ORIGENS DA CONSTITUIÇÃO: CONCEITOS, OBJETO E FONTES


CONSTITUCIONAIS;

246. CONCEITO E SENTIDOS: MATERIAL, FORMAL, SOCIOLÓGICO,


POLÍTICO E JURÍDICO;

247. OBJETO;

248. FONTES DO DIREITO CONSTITUCIONAL;

249. PRINCÍPIOS DE HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL;

250. CLASSIFICAÇÕES;

251. CONSTITUIÇÕES FORMAIS E MATERIAIS – CONTEÚDO;

252. CONSTITUIÇÕES ESCRITAS E NÃO ESCRITAS – FORMA;

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253. CONSTITUIÇÕES RÍGIDAS E FLEXÍVEIS – ESTABILIDADE OU
ALTERABILIDADE;

254. CONSTITUIÇÃO GARANTIDA E PROGRAMÁTICA – FINALIDADE;

255. CONSTITUIÇÃO OUTORGADA E PROMULGADA – ORIGEM;

256. CONSTITUIÇÃO NORMATIVA, NOMINAL E SEMÂNTICA –


CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE;

257. CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA OU HISTÓRICA – ELABORAÇÃO;

258. CONSTITUIÇÃO ANALÍTICA E SINTÉTICA – EXTENSÃO;

259. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES;

260. A TEORIA DA NORMA CONSTITUCIONAL;

261. CLASSIFICAÇÃO DE JOSÉ AFONSO DA SILVA;

262. A CLASSIFICAÇÃO DE MARIA HELENA DINIZ;

263. A SANÇÃO IMPERFEITA;

264. PREÂMBULO E ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS


TRANSITÓRIAS (ADCT);

265. PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO;

266. O ADCT;

267. INTRODUÇÃO À INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO;

268. A ESTRUTURA;

269. AS AMBIGUIDADES;

270. INCOERÊNCIA NORMATIVA;

271. LACUNAS;

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272. MÉTODOS PARA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL;

273. PRINCÍPIOS PARA INTERPRETAR A CONSTITUIÇÃO;

274. AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS.

275. DIREITOS, GARANTIAS FUNDAMENTAIS E REMÉDIOS


CONSTITUCIONAIS

276. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS;

277. ORIGEM EVOLUTIVA E NATUREZA JURÍDICA DOS DIREITOS


FUNDAMENTAIS;

278. CLASSIFICAÇÃO E GERAÇÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;

279. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;

280. DIMENSÕES OBJETIVA E SUBJETIVA DOS DIREITOS


FUNDAMENTAIS;

281. TITULARES/DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;

282. EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES


PRIVADAS OU EFICÁCIA HORIZONTAL;

283. DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS;

284. DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS (ART. 5º);

285. DOS DIREITOS SOCIAIS (ART. 6º AO 11);

286. DA NACIONALIDADE (ART. 12 E 13);

287. DOS DIREITOS POLÍTICOS (ART. 14 A 16);

288. DOS PARTIDOS POLÍTICOS (ART. 17);

289. LIMITAÇÃO/RESTRIÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;

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290. ÂMBITO DE PROTEÇÃO;

291. RESTRIÇÕES;

292. TIPOS DE RESTRIÇÕES;

293. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS;

294. HABEAS CORPUS;

295. MANDADO DE SEGURANÇA;

296. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO;

297. HABEAS DATA;

298. MANDADO DE INJUNÇÃO;

299. AÇÃO POPULAR.

300. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE E AÇÕES


CONSTITUCIONAIS

301. O FENÔMENO DA INCONSTITUCIONALIDADE: CONCEITOS E


PRINCÍPIOS;

302. CONCEITO E PRESSUPOSTO DO CONTROLE DE


CONSTITUCIONALIDADE;

303. O FENÔMENO DA INCONSTITUCIONALIDADE;

304. SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE;

305. A INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE AS CONSTITUIÇÕES


FLEXÍVEIS;

306. A INCONSTITUCIONALIDADE PERANTE AS NORMAS


PROGRAMÁTICAS, SUPRAPROGRAMÁTICAS, IMEDIATAMENTE
PRECEPTIVAS E DE EFICÁCIA DIFERIDA;

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307. ESPÉCIES/FORMAS DE INCONSTITUCIONALIDADE;

308. CONDUTA DO PODER PÚBLICO:

309. AÇÃO/OMISSÃO;

310. NORMA CONSTITUCIONAL OFENDIDA: FORMAL/MATERIAL;

311. EXTENSÃO: TOTAL/PARCIAL;

312. MOMENTO: ORIGINÁRIA/SUPERVENIENTE;

313. PRISMA DE ATUAÇÃO: DIRETA OU ANTECEDENTE/INDIRETA;

314. AGENTE QUE DECLARA A INCONSTITUCIONALIDADE:


EXCLUSIVO/DIFUSO;

315. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE;

316. EVOLUÇÃO NO BRASIL;

317. FORMAS DE DECLARAR A INCONSTITUCIONALIDADE;

318. CONTROLE PREVENTIVO;

319. CONTROLE REPRESSIVO;

320. CONTROLE DIFUSO;

321. CONTROLE CONCENTRADO;

322. AÇÕES DE CONSTITUCIONALIDADE;

323. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – ADI;

324. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE – ADC;

325. AÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL ADPF;

326. RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL;

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327. HIPÓTESES DE CABIMENTO E DE NÃO CABIMENTO DA
RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL.

328. ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DOS PODERES

329. ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA;

330. FORMAS DE ESTADO;

331. FORMAS DE GOVERNO;

332. SISTEMAS DE GOVERNO;

333. REGIMES DE GOVERNO;

334. O FEDERALISMO BRASILEIRO;

335. REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS;

336. MÉTODOS DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS;

337. PODER LEGISLATIVO;

338. O CONGRESSO NACIONAL (ARTS. 44 A 50);

339. A CÂMARA DOS DEPUTADOS (ART. 51);

340. O PROCESSO LEGISLATIVO (ART. 59);

341. SENADO FEDERAL (ART. 52);

342. PODER EXECUTIVO;

343. INVESTIDURA;

344. RESPONSABILIDADES E TIPOS DE CRIMES;

345. DAS FUNÇÕES EXERCIDAS E DOS MINISTROS DE ESTADO;

346. OS CONSELHOS;

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347. PODER JUDICIÁRIO;

348. GARANTIAS DO PODER JUDICIÁRIO;

349. ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO;

350. DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS DA JUSTIÇA;

351. DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS;

352. ESTADO DE DEFESA;

353. ESTADO DE SÍTIO;

354. FORÇAS ARMADAS;

355. SEGURANÇA PÚBLICA.

356. DIREITO CONSTITUCIONAL APLICADO

357. VISÃO CONSTITUCIONAL DO DIREITO AMBIENTAL;

358. A URGENTE E NECESSÁRIA CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO


AMBIENTAL;

359. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL;

360. A TUTELA CONSTITUCIONAL DO/AO MEIO AMBIENTE;

361. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO;

362. ADMINISTRATIVO;

363. DIREITO ADMINISTRATIVO;

364. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; INDIRETA; DIRETA;

365. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA;

366. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS;

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367. OUTROS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS;

368. PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS;

369. A DEFESA DO CONSUMIDOR NO PLANO CONSTITUCIONAL;

370. OS DIREITOS DO CONSUMIDOR RECONHECIDOS PELA ONU OS


DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS;

371. OS PRINCÍPIOS REGENTES;

372. AS RELAÇÕES ENTRE O DIREITO PENAL E DIREITO


CONSTITUCIONAL.

373. TEMAS EMERGENTES EM MATÉRIA CONSTITUCIONAL

374. MEDIAÇÃO PARA SOLUÇÃO DE CONFLITOS;

375. NEOCONSTITUCIONALISMO;

376. DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL À ORDEM ECONÔMICA E


FINANCEIRA;

377. A EDUCAÇÃO BRASILEIRA A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL


DE 1988.

378. TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;

379. EVOLUÇÃO DAS DECLARAÇÕES DE DIREITOS–FUNDAMENTOS


HISTÓRICO-FILOSÓFICOS;

380. DIGNIDADE E TRABALHO NA FILOSOFIA DO DIREITO;

381. INTRODUÇÃO AO DIREITO SOCIAL;

382. AS FUNÇÕES E AS DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;

383. TRATADOS DECORRENTES DA CF/88;

384. NOÇÕES DE SOCIOLOGIA DO TRABALHO E OS VALORES SOCIAIS;


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385. FILOSOFIA E PENSAMENTO JURÍDICO NA ATUALIDADE.

386. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS;

387. A DIFERENÇA ENTRE OS PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO E OS


PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS;

388. OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS;

389. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA;

390. PRINCÍPIO DA IGUALDADE ABSOLUTA DE DIREITOS ENTRE OS


FILHOS;

391. PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE;

392. PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE FAMILIAR;

393. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO INTEGRAL À CRIANÇA E AO


ADOLESCENTE;

394. PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA E DO


ADOLESCENTE;

395. PRINCÍPIO DA PATERNIDADE RESPONSÁVEL;

396. OS DIREITOS DO SER HUMANO;

397. OS DIREITOS DO HOMEM;

398. AS DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;

399. BREVE APRESENTAÇÃO DOS FUNDAMENTOS FILOSÓFICO-


JURÍDICOS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS;

400. DOCUMENTOS INTERNACIONAIS DOS DIREITOS DA CRIANÇA;

401. DAS DECLARAÇÕES DE 1924 À CONVENÇÃO DE 1989;

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402. OUTROS DOCUMENTOS INTERNACIONAIS EM PROL DA DEFESA DA
CRIANÇA.

403. POLÍTICAS E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS;

404. ORIGEM DA “POLÍTICA PÚBLICA”;

405. POLÍTICAS PÚBLICAS NO ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL;

406. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS MINORIAS;

407. O CICLO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS;

408. O PROGRAMA NO PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL;

409. AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS;

410. BREVE HISTÓRIA DA PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE;

411. OS CÓDIGOS DE MENORES DE 1927 E 1979; A CONSTITUIÇÃO


FEDERAL DE 1988 – DE MENOR A CIDADÃO;

412. OS SISTEMAS BRASILEIROS DE ASSISTÊNCIA: LOAS, SUAS, BOLSA


FAMÍLIA E AFINS;

413. A DOUTRINA JURÍDICA PARA PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO


ADOLESCENTE;

414. POLÍTICA NACIONAL DA JUVENTUDE;

415. BENEFÍCIOS DIRETOS E SISTEMA NACIONAL DE JUVENTUDE;

416. AS DIMENSÕES DA POLÍTICA NACIONAL DE JUVENTUDE;

417. PROGRAMAS PARA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA;

418. PROINFÂNCIA;

419. PROJOVEM;

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420. PROJOVEM TRABALHADOR;

421. PROJOVEM URBANO;

422. PROJOVEM CAMPO;

423. PROJOVEM ADOLESCENTE;

424. PRONASCI;

425. PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR (PIM);

426. A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.

427. O SISTEMA DE GARANTIA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO


ADOLESCENTE – RES. 113 CONANDA;

428. O EIXO DA DEFESA;

429. O EIXO DA PROMOÇÃO;

430. O EIXO DO CONTROLE;

431. DESCRIÇÃO ILUSTRATIVA DOS EIXOS ESTRATÉGICOS;

432. MINISTÉRIO PÚBLICO;

433. INFORMAÇÕES TÉCNICAS;

434. ÁREAS DE ATUAÇÃO;

435. MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL – A QUESTÃO DO TRABALHO


INFANTIL;

436. PRINCIPAIS LINHAS DE ATUAÇÃO;

437. UMA PROPOSTA DE ATUAÇÃO DOS MINISTÉRIOS PÚBLICOS DO


ESTADO E DO TRABALHO;

438. CONSELHO TUTELAR;

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439. ESTRUTURA DO CONSELHO TUTELAR;

440. AS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO TUTELAR;

441. O RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DO CONSELHO TUTELAR;

442. CRIMES E INFRAÇÕES CONTIDAS NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO


ADOLESCENTE;

443. ATO INFRACIONAL;

444. ATO INFRACIONAL X MEDIDA SOCIOEDUCATIVA;

445. TEORIA DA PROTEÇÃO INTEGRAL;

446. CRIMES E INFRAÇÕES EM ESPÉCIE.

447. ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL

448. OS COSTUMES E A POSITIVAÇÃO DO DIREITO

449. FORMAÇÃO CULTURAL DO DIREITO BRASILEIRO

450. A SOCIEDADE CIVIL ENTRE CÔNJUGES E O NOVO CÓDIGO CIVIL

451. AS ASSOCIAÇÕES EM FACE DO NOVO CÓDIGO CIVIL

452. DIREITO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL

453. A DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA COMO INSTRUMENTO


DE COMBATE À FRAUDE E AO ABUSO DE DIREITO

454. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A PARTE GERAL DO NOVO


CÓDIGO CIVIL FACE AO DIREITO SOCIETÁRIO BRASILEIRO

455. A INSERÇÃO DAS AGÊNCIAS REGULADORAS NO DIREITO


BRASILEIRO – ASPECTOS ATUAIS E PERSPECTIVAS

456. FEDERALISMO E O PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE

457. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA

458. O INSTITUTO DA CONCILIAÇÃO NO DIREITO PROCESSUAL


BRASILEIRO

459. UMA VISÃO GERAL DO DANO MORAL

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460. OS DIREITOS DE PERSONALIDADE DO EMPREGADO EM FACE DO
PODER DIRETIVO DO EMPREGADOR

461. A SUCESSÃO TRABALHISTA: VISÃO CLÁSSICA E A NOVA


VERTENTE INTERPRETATIVA

462. REFORMA TRIBUTÁRIA BRASILEIRA

463. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA NOS CRIMES


AMBIENTAIS

464. DISPENSA DE LICITAÇÃO

465. O CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO

466. CRIMES ELETRÔNICOS

467. LICITAÇÕES

468. SUCESSÃO DO CÔNJUGE E SEUS REGIMES

469. AS PRINCIPAIS CONTROVÉRSIAS DOUTRINÁRIAS E


JURISPRUDENCIAIS ACERCA DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA NO
DIREITO CONSUMERISTA

470. REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

471. A INEXISTÊNCIA DO TRÂNSITO EM JULGADO NAS AÇÕES DE


INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE SEM EXAME DE DNA

472. FRANQUIA EMPRESARIAL: RESPONSABILIDADE CIVIL DO


FRANQUEADOR NA EXTINÇÃO DO CONTRATO

473. DAS NOVAS RELAÇÕES DE TRABALHO: DA JORNADA DE


TRABALHO

474. OS DIREITOS HUMANOS E A DISCRIMINAÇÃO NO LOCAL DE


TRABALHO

475. A ULTRATIVIDADE DAS NORMAS COLETIVAS DE TRABALHO -


LIMITES E POSSIBILIDADES

476. AMPLA DEFESA NO PROCESSO DA ADMINISTRAÇÃO FISCAL

477. DECRETO-LEI Nº 7.661/45 (LEI DE FALÊNCIAS) E (LEI 11.101/05 -


REGULA A RECUPERAÇÃO JUDICIAL, A EXTRAJUDICIAL E A FALÊNCIA
DO EMPRESÁRIO E DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA)

478. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO - SEGURANÇA JURÍDICA NO


DESEMBARAÇO ADUANEIRO

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479. RESPONSABILIDADE CIVIL DAS EMPRESAS DE ÔNIBUS E DO
TRANSPORTADOR CLANDESTINO

480. CRIMES NA INTERNET

481. A FIXAÇÃO DE MULTAS EM LIMINARES

482. PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA NAS RELAÇÕES VIRTUAIS

483. VIOLAÇÃO AO DIREITO ADQUIRIDO INSTITUÍDO PELA LEI Nº 11.358


DE 19 DE OUTUBRO DE 2006

484. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA E AS HIPÓTESES DE


INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO DO ART. 202 DO CÓDIGO CIVIL

485. TERCEIRO SETOR E DESENVOLVIMENTO URBANO

486. DANO MORAL E SUA APLICAÇÃO NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

487. A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E A POLÊMICA DO DANO


MORAL

ARTIGOS PARA LEITURA, ANÁLISE E UTILIZAÇÃO COMO


FONTE OU REFERÊNCIA

Revista de Sociologia e Política


versão On-line ISSN 1678-9873

Rev. Sociol. Polit. vol.18 no.37 Curitiba out. 2010

http://dx.doi.org/10.1590/S0104-44782010000300011

ARTIGOS

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Posições e divisões na Ciência Política brasileira
contemporânea: explicando sua produção acadêmica

Positions and divisions within contemporary Brazilian Political


Science: explaining its academic production

Les positions et divisions dans la Science Politique Bresilienne


contemporaine : explication de sa production academique

Fernando Baptista Leite

RESUMO

O artigo é um estudo preliminar, exploratório, da história da Ciência Política brasileira.


Buscamos fornecer subsídios para identificar as razões históricas por trás dos dois
princípios de divisão da produção acadêmica da Ciência Política contemporânea: o
contínuo teórico-empírico e o contínuo politicismo-societalismo. Em primeiro lugar,
apresentamos o esquema teórico utilizado para interpretar a história da Ciência Política
brasileira. Aproveitamos tal apresentação para discutir algumas questões teóricas
importantes, especialmente de ordem conceitual. Em segundo lugar, apresentamos a
hipótese de pesquisa, construída à luz daquele esquema, a fim de fornecer uma direção
para a elaboração da explicação histórica. Enfim, com essa hipótese em mãos e
utilizando algumas evidências bibliográficas, antecipamos uma interpretação provisória.
Essa interpretação baseia-se nos seguintes eixos: o processo de institucionalização e o
processo de autonomização do campo da Ciência Política, dividido em dois tipos, a
autonomização cultural (de valores, teorias, métodos etc.) e a institucional (que se refere
ao processo de institucionalização da disciplina), que envolvem um conflito mais ou
menos explícito entre distintas visões de ciência política.

Palavras-chave: Ciência Política brasileira; história da Ciência Política; intelectuais;


princípios de divisão; visões de ciência política.

ABSTRACT

This article represents a preliminary, exploratory study of the history of Brazilian Political
Science. We seek to aid in the identification of the historical roots underlying the two
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principles upon which the division of academic production in contemporary Political
Science is based: the continuums marked by the relationships between theory-empirical
reality and between the political- the societal. We begin with a theoretical scheme that
has been used to interpret the history of Brazilian political science. We then take
advantage of this presentation to discuss certain important empirical issues, particularly
those of a conceptual order. We then go on to present our research hypothesis, put
together in reference to this schema, in order to provide a direction for historical
explanation. Finally, through our hypothesis and making use of bibliographic evidence,
we suggest a tentative interpretation. This interpretation turns around the following
axes: the processes of institutionalization and autonomization of the field of Political
Science, divided into two types: cultural (values, theories, methods etc.) and institutional
(referring to the institutionalization of the discipline) autonomization, involving a conflict
that is more or less explicit between different perspectives in Political Science.

Keywords:Brazilian Political Science; history of Political Science; intellectuals; dividing


principles; perspectives on Political Science.

RESUME

L'article est une étude préliminaire, exploratoire, de l'histoire de la Science Politique


brésilienne. Nous cherchons à fournir des éléments auxiliaires pour identifier les raisons
historiques derrière les deux principes de division de la production académique de la
Science Politique contemporaine : le continu théorique et le continu de politique et de
société. Premièrement, nous présentons le schéma théorique utilisé pour interpréter
l'histoire de la Science Politique brésilienne. Nous profitons de cette présentation pour
discuter quelques questions théoriques importantes, spécialement d'ordre conceptuelle.
Deuxièmement, nous présentons l'hypothèse de recherche, construite à la lumière du
schéma, avec l'objectif de fournir une direction pour l'élaboration de l'explication
historique. Enfin, avec cet hypothèse dans les mains et en utilisant quelques évidences
bibliographiques, nous anticipons une interprétation provisoire. Cet interprétation est
basée sur les axes suivants : le processus d'institutionnalisation et le processus
d'autonomisation du domaine de la Science Politique, divisé en deux types ;
l'autonomisation culturelle (de valeurs, théories, méthodes etc.), et l'institutionnelle (qui
fait référence au processus d'institutionnalisation de la discipline), qui impliquent un
conflit plus ou moins explicite entre des visions distinguées de science politique.

Mots-cles: Science Politique brésilienne; histoire de la Science Politique; intellectuels;


principes de division; visions de Science Politique.

I. INTRODUÇÃO

Este trabalho é parte de uma pesquisa que tem por objetivo fazer uma "radiografia" do
campo da Ciência Política brasileira contemporânea, identificando sua estrutura, e
elaborar uma explicação desta, identificando fatores responsáveis por gerá-la. Tratando-
se de um longo e complexo empreendimento, dividimo-lo em duas etapas: a primeira, de
caráter predominantemente descritivo, consiste em identificar e descrever
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estatisticamente a estrutura da 'fração superior' da produção acadêmica1 da Ciência
Política brasileira contemporânea2; a segunda, de caráter predominantemente
explicativo, além de expandir o alcance descritivo da primeira, incluindo as principais
instituições acadêmicas, propõe uma explicação para a situação identificada.

Concluímos, no presente momento, a primeira etapa. Utilizando métodos estatísticos,


codificamos e mapeamos a produção acadêmica e, neste processo, identificamos a
existência de correspondências e correlações entre periódicos, abordagens teórico-
metodológicas e áreas temáticas (entre outros elementos). Os dados assim sugeriram-
nos que a produção acadêmica da Ciência Política brasileira segue padrões de
proximidade e distanciamento, a partir dos quais inferimos a existência de divisões e
oposições entre seus elementos culturais3. O gráfico a seguir é um fragmento
especialmente ilustrativo desse mapeamento. Nele, confere-se o grau de
correspondência entre periódicos, abordagens e áreas temáticas, representada por meio
de distâncias em um plano cartesiano.

Gráfico 1

Investigando esses padrões, inferimos que as dimensões da produção acadêmica da


Ciência Política brasileira sejam (1) o contínuo "teórico-empírico" e (2) o contínuo
"politicismo-societalismo"4, sendo estes, pois, entre outros possíveis, os fatores
responsáveis por organizar a produção.

Tal constatação é precisamente o ponto de partida do presente trabalho. Ele consiste em


um estudo exploratório da história da Ciência Política brasileira. Temos o intuito de
fornecer alicerces para uma interpretação que identifique as causas e motivos que deram
forma à sua produção acadêmica contemporânea, isto é, os fatores
históricos responsáveis por produzir os contínuos-dimensões que estão efetivamente
organizando a produção contemporânea em Ciência Política. Quais os
principais agentes, visões e circunstâncias objetivas responsáveis pelas dimensões atuais
da produção da Ciência Política brasileira?

Para isso, em primeiro lugar apresentamos o esquema teórico utilizado para interpretar a
história da Ciência Política brasileira; a "lente" utilizada para decodificar os documentos
consultados e atribuir significado a eles. Aproveitamos tal apresentação para discutir
algumas questões teóricas importantes, especialmente de ordem conceitual. Em segundo
lugar, apresentamos a hipótese de pesquisa, construída à luz daquele esquema, a fim de
fornecer uma direção para a elaboração de uma explicação histórica. Enfim, com essa
hipótese em mãos e utilizando algumas evidências bibliográficas, antecipamos uma
interpretação provisória. Essa interpretação baseia-se nos seguintes eixos: o processo
de autonomização do campo da ciência política, dividido em dois tipos, a
autonomização cultural (de valores, teorias, métodos etc.) e a institucional (que se refere
ao processo de institucionalização da disciplina), que envolve um conflito mais ou menos
declarado entre distintas visões de ciência política.

II. REFERENCIAIS TEÓRICOS

II.1. Elementos fundamentais


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Jean Leca (1982) fornece-nos um referencial teórico geral para estabelecer quais fatos
são relevantes e reconstruir os fatores determinantes. Em seu trabalho, Leca aplica um
esquema teórico de inspiração bourdiesiana no intuito de descobrir a dinâmica social que
rege a produção acadêmica da ciência política francesa e que determina sua situação no
"campo de produção cultural"5. Assim, seu artigo estrutura-se sobre três pilares: 1) a
aplicação do conceito de "mercado"6 para analisar a situação da ciência política francesa;
2) a descrição de elementos de sua história, considerados importantes para esclarecer
sua situação no "campo intelectual" francês; 3) uma breve análise de sua situação, feita
a partir de considerações sobre sua dinâmica interna e externa.

É essa idéia de "dinâmica interna e externa" que nos é fundamental. Grosso modo,
analisar a dinâmica internaconsiste em analisar o arranjo institucional sobre o qual o
campo se sustenta, a estrutura de agentes que o povoam e o conteúdo dos bens
simbólicos (valores; constructos sociais) correntes. Analisar a dinâmica externa, por sua
vez, consiste em analisar as relações com outros campos - relações que podem ser
de dependência(heteronomia) ou de independência (autonomia). Dá-se atenção àqueles
campos que, acredita-se, relacionam-se com o campo em questão (e. g., o da ciência
política), potencialmente influenciando-o. O terceiro passo consiste em articular a
dinâmica interna com a externa, no intuito de reproduzir teoricamente os movimentos
que ocorrem no interior dessas divisões sociais. Supõe-se que o que ocorre "dentro"
depende do que ocorre "fora", em função do grau de autonomia (ou heteronomia) do
campo em questão.

Assim, Leca defende que uma análise adequada da ciência política francesa precisaria
considerar as relações entre esta (seu "mercado" e sua "produção cultural") e (1) o
campo da ciência política internacional; (2) o "sistema nacional de pesquisa" do qual
depende (por meio de vínculos e constrangimentos institucionais); (3) os "bens culturais
gerais", especialmente o "campo intelectual" e (4) o campo político propriamente dito.

O raciocínio por trás da proposta de Leca pode ser aplicado ao caso brasileiro. Pensa ele
existir um "mercado" de ciência política, que este possui uma lógica ("economia")
específica, e que esta, por sua vez, está ligada a outros mercados que a influenciam,
podendo, no limite, depender deles. Acreditamos que esses princípios também se
apliquem ao caso da ciência política7 brasileira, variando, obviamente, a configuração de
campos com os quais ela relaciona-se (ou relacionou-se) e, possivelmente, a forma que
essas relações tomam (ou tomaram) ao decorrer do tempo. Variação esta que se daria
historicamente.

Uma tarefa dessa magnitude supera os recursos da primeira etapa. Por isso, utilizamos a
proposta de Leca para construir hipóteses de alcance mais limitado. Buscamos pensar
nos campos com os quais se relacionou a Ciência Política brasileira, em suas
circunstâncias específicas, e que contribuíram de alguma forma para determinar o que
ela é hoje. Assim, prestamos atenção (1) às relações entre frações estratégicas da
Ciência Política, à luz das influências de outras disciplinas acadêmicas, e (2) às
influências propriamente políticas, manifestadas por aquelas frações em seus
posicionamentos intelectuais e acadêmicos.

Ao analisar essas relações e influências, pensamos em termos de relações


de autonomia e heteronomia entre a Ciência Política e outros campos. Ou seja,
reconstruímos a história da Ciência Política brasileira nos termos de um processo
de autonomização social, que supõe, em paralelo, um processo de institucionalização.

II.1.1. Institucionalização, autonomização e profissionalização

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Uma palavra quanto ao sentido em que empregamos esses termos. Institucionalização é
o processo de estabelecimento de regularidades sociais, isto é, procedimentos tácitos ou
explícitos (codificados) que orientam a ação dos indivíduos, tais como regras, normas e
valores sociais. Em uma linguagem mais técnica, "princípios de visão" e de "divisão"
(BOURDIEU, 2003, p. 229-231). As organizações (corpos hierarquizados de funcionários
especializados) são formas burocratizadas de instituições. Autonomização é o processo
de institucionalização, adicionado das características da especificidade e irredutibilidade:
instituições que passam progressivamente a obedecer a uma lógica específica. E outras
palavras, que passam, progressivamente, a 'refratar', 'reprocessar' constrangimentos,
influências ou estímulos de campos externos.

No que se refere à relação entre institucionalização, profissionalização e grau de


autonomia: institucionalização e profissionalização são fenômenos necessários para que o
campo da Ciência Política seja relativamente autônomo em relação a outros campos, em
especial o campo político8, aos outros campos acadêmicos e ao campo intelectual.
Também não estabelecemos, em princípio, qualquer relação causal entre
institucionalização e profissionalização, mas supomos (1) que a ciência política não pode
profissionalizar-se sem institucionalizar-se em determinado grau e (2) que a
profissionalização contribui para a institucionalização da disciplina. Ambos são
necessários para aprofundar o processo de autonomização da Ciência Política, ou melhor,
para aumentar sua autonomia em relação a outros campos.

No que se refere à relação teórica entre autonomização e institucionalização, é preciso


sublinhar: um campo pode institucionalizar-se sem, contudo, tornar-se "autônomo". A
institucionalização de um campo é uma condição necessária para a "autonomia" de um
campo, mas não é por si só garantia disso: um campo pode autonomizar-se
institucionalmente, mas manter-se culturalmente dependente de campos externos.
Ademais, é impreciso dizer que um campo qualquer é "autônomo": um campo qualquer
é, sempre, relativamenteautônomo. Isso significa que o campo que julgamos ser
"autônomo" é irredutível aos valores e ao funcionamento de determinados campos
externos, bem com resistente às suas investidas. Esse cuidado de nomenclatura baseia-
se no pressuposto de que um campo é sempre autônomo em relação a um ou mais
campos. Assim, um campo x pode ser autônomo em relação ao campo y, mas
heterônomo em relação ao campo z; idealmente, autônomo em relação a todos os
campos exteriores. Assim, quando dizemos que um campo é autônomo, sem especificar
em relação a quê, sugere-se que ele parece "fechado em si mesmo", sendo altamente
resistente, tanto por sua "lógica imanente" como pelas resistências conscientes de seus
agentes, a quaisquer demandas ou constrangimentos externos.

II.2. Um esquema da produção acadêmica de Ciência Política

Apresentar-se-á, a seguir, um conjunto de hipóteses de trabalho9, a partir das quais


norteamos a pesquisa e construímos hipóteses de pesquisa10.

II.2.1. Dimensões principais da produção

A nosso ver, há, pelo menos, duas importantes dimensões responsáveis por dar forma à
produção acadêmica da Ciência Política, sendo imprescindíveis para compreendermos sua
trajetória, sua história.

A primeira é a definição do objeto de estudo, isto é, a maneira de se definir "político".


Trata-se da adesão a uma determinada visão do que deve ser o objeto legítimo da
ciência política. A segunda é a maneira de seabordar o objeto. Trata-se da eleição dos
métodos e abordagens considerados legítimos.

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Da segunda dimensão poderiam derivar n elementos potencialmente relevantes. No que
se refere à ciência política, achamos que ela compõe-se especialmente (1) de diferenças
relativas ao método e ao estilo de pensamento e (2) da ordem de fatos mobilizada para
explicar ou descrever o objeto. No que se refere ao primeiro elemento, podemos
mencionar diferenças de abordagem como a escolha de métodos quantitativos,
qualitativos ou ambos, e, dentro deles, de técnicas específicas; a predileção por um
determinado referencial teórico, um determinado autor; por uma abordagem de caráter
mais empírico ou mais teórico; por um determinado estilo, como o ensaístico, erístico ou
formal11, para mencionar alguns. Considerarmos esse conjunto de características na
hipótese de pesquisa e na análise histórica. Por enquanto, vamos ater-nos ao segundo
tópico.

Entendemos uma ordem como um conjunto determinado de fatos, de uma determinada


natureza em comum (ou assim suposto), que produzem outros fatos, isto é, são seus
fatores determinantes (ou, que conferem a estes fatos atributos reconstruídos pelo
analista). Como exemplo, poderíamos pensar nos "reinos" (biológico, psicológico e social)
dos quais fala Durkheim (2004).

O fato estudado é, portanto, o objeto, enquanto o fator de explicação ou compreensão


(fator analítico) é a ordem. Assim, pode-se dizer que a produção da Ciência Política tem
dependido de duas questões fundamentais: 1) o que se estuda e 2) como se estuda. 'O
que se estuda' refere-se ao objeto, enquanto 'como se estuda', à maneira como ele é
abordado, isto é, à ordem, em especial12. Esses dois elementos compõem o que
chamamos de visão de ciência política13.

II.2.1.1. Relação entre objeto e ordem: a questão da autonomia do objeto

Algo muito importante para a Ciência Política são as relações que se estabelecem entre a
definição do objeto e a escolha da ordem mobilizada para abordá-lo - o que nos conduz à
questão da "autonomia" concedida, pelo analista, a seu objeto de estudo.

Em primeiro lugar, é preciso sublinhar que tanto o objeto como a ordem são,
concretamente, conjuntos de fatos de uma determinada natureza. A única - e importante
- diferença reside em que, enquanto o objeto éabordado (o que se quer explicar ou
compreender) a ordem é o que se utiliza para abordar (o que explica ou o que permite
compreender).

Assim, na ocasião de a natureza dos fatos mobilizados para explicar corresponder à


natureza daqueles que se quer explicar, isto é, se o objeto constitui a própria ordem
mobilizada para abordá-lo, então se diz que o objeto é autônomo. Assim, a autonomia -
ou, na falta dela, heteronomia - de um objeto refere-se à localização da ordem de fatos
mobilizada em seu estudo: se tal ordem está no próprio objeto ou se está fora. Daí
sucede: se para um objeto x, a ordem mobilizada provém dele próprio (xx), então tal
objeto é autônomo; se vem de fora (xn), seja qual for a origem, é heterônomo.

Ilustremos. Nas ciências mais tradicionais o objeto é geralmente tratado como


autônomo. Na verdade, essa condição parece ser necessária para a própria legitimação
de uma disciplina científica. Assim, por exemplo, Durkheim dedicou grande parte de sua
carreira tentando demonstrar que o "social" é um "reino" autônomo em relação aos
demais, para exatamente justificar a existência de uma ciência especializada dedicada ao
seu estudo. Ademais, várias ciências naturais só se formaram por causa da separação
teórica dos fenômenos naturais da vontade divina, subtraindo os fenômenos naturais da
competência da religião e justificando, assim, a existência e a exclusividade da ciência.

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Na ciência política isso toma uma proporção singular, porque o objeto nem sempre é
tratado, também, como a ordem por meio da qual se faz a análise. Assim, duas frações
de cientistas políticos que estudam o mesmo objeto - a política institucional, por exemplo
-, podem analisá-la a partir de ordens diferentes: a partir da própria política institucional,
tratando como "variável independente", por exemplo, os arranjos institucionais (sendo o
objeto, neste caso, autônomo) ou a partir de fatores externos (heterônomo). Neste
último caso, poderíamos pensar em abordagens que tratam os fatos da política como
manifestações de fatores econômicos, psicológicos ou "societais" (isto é, externos à
política). Aliás, algumas visões de ciência política referem-se explicitamente ao que
chamam de "autonomia do político", em especial aquelas íntimas de abordagens
'politológicas', como a neo-institucionalista14. É desta questão que trataremos agora.

II.2.1.1.1. A questão da "autonomia do político"

Para dizer se o "político" está sendo tratado como "autônomo", em uma determinada
abordagem ou visão de ciência política, é necessário distinguir o objeto "político"
da ordem "política". O motivo é que, no caso da ciência política, eles não
necessariamente se confundem.

Ora, a definição do objeto precede a escolha da ordem, pois esta são os fatores que o
implicam. Sendo assim, a definição do objeto está, de alguma forma, contida na escolha
da ordem. Não se trata de sugerir que a ordem explicativa/compreensiva escolhida pelo
analista é pré-determinada quando o objeto é definido - mas que este pode condicionar a
ordem mobilizada e, mesmo, influenciar a maneira como o analisa relaciona a ordem ao
objeto.

A implicação disso para avaliar a "autonomia do político" é que, sendo autônomo o objeto
que consistir em sua própria ordem, ao variar a definição do objeto, varia
automaticamente a ordem que deve ser considerada para julgar seu grau de autonomia.
Desse modo, a autonomia de um objeto deve ser avaliada por sua relação com a ordem.

Assim, alguém pode dizer que determinado cientista político (ou abordagem) ignora a
"autonomia do político" quando tal cientista define "político" de forma diferente. Em sua
definição, o objeto "político" pode configurartambém uma ordem, autodeterminando-se -
sendo, portanto, autônomo15. Por exemplo: se "político" for um determinado tipo de
idéias e se o fator analítico estiver nelas próprias (sua estrutura semântica, por exemplo)
então o objeto é autônomo, pois não se está mobilizando uma ordem de fatores externos
ao fato: o fato é seu próprio fator. Analogamente, se "político" forem relações de força
entre grupos, e se o fator analítico forem essas relações agonísticas, então o objeto é
tratado, na verdade, como autônomo. Analogamente, quem define "político" como a
política institucional pode acusar esses acadêmicos de ignorarem a "autonomia do
político", quando estes tratam de coisa diferente ou mesmo ignoram-na, sejam quais
forem as razões. Então, o que se estaria acusando, na verdade, seria tal desinteresse
pela política institucional - e o conflito referir-se-ia a uma questão do objeto legítimo da
ciência política, em vez da maneira de abordá-lo16.

Por isso, quando falamos em 'societalista' e 'politicista', é preciso indicar a que nos
referimos: ao objeto (e.g.: 'societalista' por ser exterior à política institucional;
'politicista' por ser a política institucional) ou à ordem('societalista' por desconsiderar a
política institucional como fator analítico; 'politicista' por considerá-la). Portanto, a saída
é (1) estabelecer o objeto referencial que define "político" e (2) especificar a ordem em
função de sua posição (de influência ou causalidade) em relação ao objeto.

Tomamos a política institucional como referencial por acreditamos que ela desempenhe
um papel efetivo na organização do campo de produção da Ciência Política brasileira
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contemporânea - é elemento definidor do contínuo politicismo-societalismo. As definições
de societalista e politicista adotadas podem ser assim sintetizadas:

Figura 1

Assim, se o objeto é a política institucional e se ela determina a si própria, tratando-se


assim de um caso de autonomia, então temos a posição "politicismo de ordem e
objeto"17, também chamada de "politológica". Se o objeto é a política institucional, mas
determinado por algum fator externo, tratando-se, pois, de um caso de heteronomia,
temos "societalismo de ordem". Inversamente, se o objeto não é a política institucional,
mas também determina a si próprio, temos "societalismo de ordem e objeto" - também
um caso de autonomia, mas de outra definição de "político". Se, por sua vez, o objeto é
exterior à política institucional mas determinado por ela, então temos "politicismo de
ordem", isto é, a finalidade não é estudar a política institucional, mas ela é mobilizada
como fator determinante - e por esse motivo trata-se de um caso de heteronomia, ainda
que a política institucional seja considerada de alguma forma. Por fim, se o objeto não é
a política institucional e é determinado por um fator externo que também não é a política
institucional, então temos outra coisa, a definir (e, nesse caso, tratar-se-ia de uma
definição bastante exótica de "político" e de ciência política, podendo perguntarmo-nos se
não se trata, na verdade, de Sociologia, Economia, Psicologia etc.).

Sintetizemos o desenvolvimento até aqui. Tendo em vista o que precede, achamos que a
ciência política (brasileira e americana, pelo menos) depende de dois elementos: 1) a
definição de "político", do objeto de estudo e, dentro deste, do foco de análise; 2) a
maneira de abordar o objeto. A nosso ver, esses elementos estão na base das dimensões
que organizam efetivamente a produção acadêmica da ciência política brasileira (os
contínuos "empírico-teórico" e "politicismo-societalismo"), ainda que a determinação de
quem ou o quê assumirá tal ou qual posição dependa de fatores específicos, variáveis
historicamente, que abordaremos nos tópicos a seguir.

A ordem mobilizada para abordar o objeto parece-nos o principal elemento do segundo


elemento. Ela conduz-nos à questão da autonomia do "político". Daí decorre uma
importante divisão: aqueles que acreditam que o "político" determina a si mesmo
(autonomia) e aqueles que acreditam que ele depende de fatores externos
(heteronomia).

II.2.2. Fatores determinantes dessas posições

Voltamos a amparar-nos na proposta teórica de Leca para identificar os determinantes


das questões o que estudar e como estudar. Achamos que o posicionamento quanto a
elas depende (1) da dinâmica interna do campo da Ciência Política, considerado à luz de
sua relação com (2) as disciplinas próximas e (3) o campo político propriamente dito. As
relações com outros campos acadêmicos são extremamente importantes, a nosso ver,
para compreender-se a autonomização da ciência política. As relações com o campo
político (ou melhor, as possíveis influências deste, especialmente sobre a dimensão
simbólica) podem ter um papel central, tanto na institucionalização como na
autonomização e, a nosso ver, influenciam as tomadas de posições dos cientistas
políticos, em especial o modo como definem "político" e as ordens que mobilizam para
estudá-lo.

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Assim, a nosso ver, a escolha de determinado objeto e a escolha da maneira de abordá-
lo (e, nesta, a eleição de tal ou qual ordem de fatos como fatores explicativos), do ponto
de vista das determinações propriamenteacadêmicas, dependem da formação acadêmica
(sociólogo, economista, psicólogo, jurista, cientista político etc.) e da posição teórica
(culturalista, marxista, comportamentalista etc.) dos agentes (indivíduos, grupos,
frações), consideradas inclusive diacronicamente (i. e.: suas trajetórias). Além desses
condicionantes internos ao campo acadêmico, dependem também dos posicionamentos
propriamente políticos que tomam os cientistas políticos. Assim, do ponto de vista das
determinações políticas, se são liberais, comunistas, socialistas, socialdemocratas,
republicanos etc.

II.2.3. Elaborando uma hipótese de pesquisa. O exemplo da Ciência Política norte-


americana

No que se refere à dinâmica acadêmica, especificamente, a relação com outras


disciplinas, a tese de Lipset (1969) sobre a Ciência Política norte-americana ajudou-nos a
interpretar e a construir hipóteses para o caso brasileiro.

Lipset defende que, até então18, a trajetória acadêmica e cultural da Ciência Política
dependeu de sua relação com outras ciências humanas. Tudo deriva da questão da
"autonomia da política", ou seja, do próprio objeto de estudo: a política obedece a "leis"
próprias, isto é, ela autodetermina-se, ou depende das leis da economia, da psicologia ou
da "sociedade"? De onde deriva: deve a Ciência Política desenvolver um instrumental
teórico e metodológico próprio ou deve ela aplicar os modelos e esquemas de outras
ciências?

A relação entre a Ciência Política e outras ciências, especialmente as sociais, dependeria


do problema metodológico da autonomia de seu próprio objeto. A história da Ciência
Política estaria marcada, então, por sucessivas aproximações das outras ciências e, mais
recentemente, por tentativas de distanciamento de todas elas. Assim, de um lado estão
os que entendem que a política depende de ordens de fatores que não se encontram na
própria política (aproximação com alguma ciência), e, de outro, os que entendem que a
política dita suas próprias regras e que defendem uma Ciência Política culturalmente
(teórica e metodologicamente) autônoma, dedicada ao estudo da política
(distanciamento)19.

Assim, no fim do século XIX até meados da década de 1920, a Ciência Política norte-
americana estaria próxima da História, da Filosofia e do Direito, em especial, alemães.
Nos termos do referencial teórico que adotamos, essa proximidade seria de heteronomia,
especialmente de tipo cultural20. Havia departamentos de Ciência Política, uma disciplina
com esse nome e um objeto e objetivos delimitados. A visão de mundo que os cientistas
políticos mobilizavam para estudar a política, contudo, provinha daquelas disciplinas. O
método21 predominante era de caráter histórico, o estilo, o ensaístico. O foco das
atenções era o "Estado". Metodologicamente, não se distinguia entre conhecimento
positivo e conhecimento normativo. A Ciência Política, aliás, deveria ter como
finalidade educar os cidadãos, dentro dos valores democráticos; era vista, pelos próprios
cientistas políticos, como uma forma de melhorar a democracia norte-americana.
Posteriormente, essa "fase" ficaria conhecida como "institucionalista".

A seguir, em busca de cientificidade, a Ciência Política aproximar-se-ia de determinada


área da Psicologia: trata-se do que, posteriormente, viria a chamar-se de "behaviorist
revolution" (JENSEN, 1969, p. 4-7). A nova abordagem dominante, o behariovism22, seria
uma manifestação, na dimensão cultural, do novo estado da Ciência Política, agora
próxima da Psicologia (ibidem). Paralelamente, os métodos de caráter histórico perdem
força, a filosofia e o ensaísmo são combatidos, e, pelo menos explicitamente, passa-se a
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defender uma ciência neutra em seus valores. Tomam seus lugares os métodos
quantitativos e a linguagem técnica; a pesquisa empírica ganha mais força; os artigos e
os periódicos tornam-se os meios legítimos de produção e difusão; o estilo de trabalho
dominante passa a ser o coletivo, baseado em redes de pesquisadores, reunidos em um
sistema universitário altamente institucionalizado. O objeto da disciplina também muda:
a "política" não era mais o "Estado", mas o comportamento dos cidadãos - daí os estudos
eleitorais e as pesquisas de opinião (surveys) serem o novo foco analítico. O foco
desloca-se do interior das instituições estatais23, do "governo", para a "sociedade civil".

Entre o começo da década de 1940 e o fim da de 1950, aproximadamente,


o behaviorism seria a abordagem dominante (SOMIT & TANENHAUS, 1967; ALMOND,
1991). Com sua crise, durante a década de 1960, a Ciência Política fragmenta-se em
várias abordagens concorrentes, competindo para tomar o lugar do behaviorism e para
conferir uma nova unidade à disciplina24. Assim, alguns cientistas políticos voltam-se
para a Economia (teoria da escolha racional, teoria dos jogos); para a Sociologia (teoria
sistêmica, "neo-institucionalismo" sociológico); outros voltam-se novamente à História,
acusando os preconceitos de parte dos cientistas políticos em relação ao uso de métodos
e explicações históricas em Ciência Política ("neo-institucionalismo" histórico). Outros,
enfim, sustentam a idéia de que a Ciência Política deveria formular seus próprios
métodos e teorias (neo-institucionalismo).

Assim, no caso americano, a Ciência Política parece oscilar, no decorrer de sua história,
entre a História, a Filosofia, a Economia e a Sociologia (nos casos de heteronomia) e
posições que defendem o desenvolvimento de teorias e métodos próprios (no caso de
autonomia).

Poderíamos adicionar à equação os efeitos de um fator propriamente político operando


na Ciência Política norte-americana, utilizando como exemplo o caso do behaviorism.
Os behaviorists compartilham a definição de "política" das abordagens politológicas:
"político" é a política institucional. Eles deslocam seu foco para o voto, mas seu objeto
mantém-se dentro das fronteiras das instituições democráticas (JENSEN, 1969, p. 3-15;
ALMOND, 1991, p. 66-68). Por que, então, insistem na "sociedade civil", evitando até
mesmo tomar o "governo" e seus elementos (os políticos, por exemplo), como foco de
estudo? E por que tomam o processo decisório e o funcionamento das instituições
estatais como um reflexo das "preferências" dos eleitores (IMMERGUT, 1998, p. 6-7)? A
nosso ver, concordando com teses como a de Ricci (1984), porque são cientistas políticos
tacitamentecomprometidos com a democracia liberal norte-americana. Esse
comprometimento reflete-se não somente na atenção dada à "sociedade civil",
manifestando o que merece ser estudado, o que é importante, mas também
na maneira de abordá-la: uma visão liberal favorece a aceitação da tese de que o
"governo" e as instituições estatais são reflexos (ou, no máximo, traduções) das
preferências individuais dos eleitores. Isso não é uma hipótese a ser provada: é um
pressuposto. E um pressuposto estabelecido, a nosso ver, em função de motivações
políticas, e não por razões científicas. Observe-se que alguém poderia utilizar a mesma
abordagem teórica para estudar o comportamento de políticos ou de agentes das
instituições estatais, mostrando como fatores psicológicos influenciam os resultados
políticos (as "políticas públicas", em especial; o output do sistema político, para falar
como Easton). Vê-se, então, que fatores políticos podem influenciar as posições teórico-
acadêmicas dos cientistas políticos. Buscamos prestar atenção a isso em nossa
interpretação da história da ciência política brasileira.

Figura 2

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Em síntese, interpretando a tese de Lipset à luz do esquema de Leca e do
desenvolvimento teórico precedente, poderíamos especular que a produção acadêmica da
Ciência Política, organizada em torno de visões de ciência política concorrentes,
dependeria de (1) sua proximidade cultural, isto é, seu grau de autonomia segundo a
dimensão simbólica, em relação a outras ciências humanas e sociais, cujos fatores
seriam a formação acadêmica e a posição teórica e (2) de influências políticas
(transmitidas pelos cientistas políticos).

O esquema teórico aqui esboçado é, então, apresentado a seguir. Buscaremos aplicá-lo à


ciência política brasileira.

A partir desse esquema, a mobilização de ordens de fatores que constituem o objeto de


outras disciplinas, ou a importação de seus métodos, teorias e abordagens, seriam fortes
indícios de heteronomia cultural em relação aos campos dessas disciplinas. A visão de
ciência política em questão estaria condicionada, pois, pela proximidade cultural com
determinada(s) disciplina(s). Os prováveis fatores por trás disso seriam a formação
acadêmica e a posição teórica (consideradas diacronicamente). Influências políticas
somam-se a esses fatores. Então, o produto da concorrência entre as várias visões no
campo da Ciência Política (relacionando-se, assim, várias frentes de
autonomia/heteronomia com outras disciplinas, combinadas a certas posições políticas),
reincide sobre os fatores determinantes, reforçando, enfraquecendo ou conservando o
peso de cada um (e, eventualmente, adicionando novos).

Assim, por exemplo, a concorrência interna entre sociólogos marxistas e cientistas


políticos liberais politicistas (de objeto), por exemplo, pode favorecer os últimos,
enfraquecendo as posições dos sociólogos marxistas. E seus métodos, seu estilo, sua
forma de organizar o trabalho intelectual, enfim, sua visão de ciência e de ciência
política.

Como buscaremos mostrar, a ciência política brasileira também se relacionou com outras
áreas do conhecimento de modo a determinar sua dinâmica interna e as características
de sua produção acadêmica. Acreditamos que a heteronomia em relação às "ciências
sociais", e, especialmente, à Sociologia, em primeiro lugar, e em relação ao Direito e à
Filosofia, em segundo, tenha contribuído decisivamente para fazê-la ser o que é25.
Acreditamos que essas relações dêem-se, aliás, dentro do próprio campo da Ciência
Política brasileira: os agentes que carregam e transmitem características de outras
disciplinas constituem a própria Ciência Política, por causa do baixo grau de autonomia
desta - ligado, provavelmente, à sua prematuridade. Achamos que essas oposições intra-
acadêmicas estejam ligadas a profundas diferenças referentes às visões de ciência e de
ciência política de cada grupo ou fração.

É a partir dessa óptica que buscamos analisar a história da ciência política brasileira, na
busca pelas razões da forma atual de sua produção acadêmica. A seguir, apresentamos a
hipótese de pesquisa que direciona a interpretação histórica.

III. HIPÓTESE DE PESQUISA

III.1. Visões de ciência política e organização do campo da Ciência Política brasileira

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Acreditamos que a organização do campo de produção da Ciência Política brasileira
contemporânea, apoiada nos contínuos empírico-teórico e politicismo-societalismo, tenha
sido produzida por pelo menos três visões de ciência política concorrentes, próprias de
certos "grupos" e frações de cientistas políticos e sociais também concorrentes26, as
quais se desenvolveram no interior do campo acadêmico brasileiro, a partir de sua
institucionalização, e agremiaram-se progressivamente em um campo de Ciência Política
relativamente autônomo (do ponto de vista institucional) - algo que, inclusive, ajudaram
a constituir. Essas visões estariam condicionadas por outras três ordens de fatores mais
ou menos inter-relacionados que, por sua vez, influenciariam a ação dos grupos
envolvidos na construção da Ciência Política. A primeira, propriamente acadêmica,
consiste nas relações (de autonomia-heteronomia) entre a Ciência Política e o
pensamento político e outras ciências humanas (especialmente, sociais). A segunda,
propriamente intelectual, consiste em oposições teóricas e metodológicas. A terceira,
propriamente política, compõe-se pelas oposições entoadas por motivações e
constrangimentos políticos, mais ou menos transfigurados em oposições acadêmicas e
intelectuais.

A primeira dessas visões define-se pela figura do intelectual interessado pela política e é
a nosso ver herdeira dos intelectuais brasileiros das décadas de 1930 e 1940 que
dedicaram parte de suas vidas à reflexão de temas políticos, entre os quais poderíamos
citar Oliveira Vianna, Francisco de Oliveira, Alberto Torres, Azevedo Amaral, Nestor
Duarte, Pontes Miranda, entre outros (LAMOUNIER, 1982, p. 413; KUMASAKA &
BARROS, 1988a, p. 1-6). Apesar das profundas diferenças políticas entre eles, eram
marcados por semelhanças relativas a seuhabitus intelectual. Em vez
de especialistas ou profissionais são, antes de tudo, eruditos, a meio-caminho entre a
filosofia, as letras e a política propriamente dita. A nosso ver, esses intelectuais
contribuem para a constituição da Ciência Política pelo menos em duas frentes. Em
primeiro lugar, disseminam no campo intelectual brasileiro um interesse específico por
temas políticos, acumulando um corpo de conhecimento que influenciaria futuros
estudiosos, como os intelectuais do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) e,
por meio destes, o grupo de mineiros formados no curso de Sociologia e Política da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)27, entre as décadas de 1950 e 1960,
influenciando, assim, futuros responsáveis pela constituição de um campo de Ciência
Política institucionalmente autônomo. Podem ser vistos, portanto, como precursores da
Ciência Política brasileira. Nesse sentido, defende Bolívar Lamounier: "Essa tradição ou
'estoque' anterior de pensamento político tem, a meu ver, uma importância decisiva para
se compreender as características adquiridas pela Ciência Política que se vai aos poucos
institucionalizando. Não só existe entre ambas uma notável continuidade como,
sobretudo, parece-me possível afirmar que o prestígio dessa tradição legitimou (e,
talvez, exerceu certo efeito limitativo e canalizador sobre) o desenvolvimento da Ciência
Política, a partir de 1945. Sem esta referência histórica, parece-me difícil explicar porque
a Ciência Política - aliás as Ciências Sociais, de um modo geral - continuaram a se
expandir, após 1964, sob condições de acentuado autoritarismo político" (LAMOUNIER,
1982, p. 409).

Em segundo lugar, contribuem para a formação de uma visão de ciência política marcada
por uma posição acadêmica relativamente indiferenciada e subjetivamente próxima da
filosofia, baseada na figura do intelectuale do erudito, herdeira do habitus intelectual dos
intelectuais precursores. A obra dos adeptos desta visão contribuiria para instilar no
campo da Ciência Política um conjunto de disposições intelectuais que favoreceriam a
adoção de definições mais amplas e vagas de "político" e de abordagens eminentemente
teóricas. Assim, certos elementos presentes na Ciência Política contemporânea, como as
abordagens idealistas28 (a hermenêutica e a teoria democrática, por exemplo) e áreas
teóricas como a de Teoria Política teriam sido importadas para o campo e auxiliado sua
constituição, e renderiam o capital simbólico que rendem por causa da presença daquele
conjunto de disposições ligadas à figura do intelectual, ajustadas, por sua vez, a esses
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elementos. Trata-se, portando, de uma visão que não reivindica ou estimula a
autonomização cultural da Ciência Política, por (1) não focar a política institucional e/ou
(2) por considerar ordens externas a ela para explicar ou descrever o objeto, mantendo a
Ciência Política culturalmente heterônoma em relação a outras ciências sociais ou a
outras disciplinas das Humanidades - ainda que tenha contribuído para sua
autonomização institucional.

A segunda visão deriva especificamente das "ciências sociais"; da Sociologia, em


especial. Já se refere a um corpo de conhecimentos produzido em um campo acadêmico
institucionalizado - mas este campo é dominado pela Sociologia, ou, simplesmente, é ela
própria. Consiste na tomada de temas políticos (em especial aqueles ligados a uma
definição societalista) como objeto de estudo por parte de sociólogos. Como exemplo,
poderíamos citar o grupo de cientistas sociais da Universidade de São Paulo (USP),
formado em torno de Florestan Fernandes, que, no decorrer da década de 1960, em um
processo paralelo ao fortalecimento do marxismo29 (em que, aliás, foi o agente principal),
passa a tratar de temas políticos; além do grupo de cientistas sociais de orientação
marxista que se estabeleceu na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no
decorrer da década de 1970 (QUIRINO, 1994; ARRUDA, 2001; PEIXOTO, 2001;
TRINDADE, 2005). Relativamente próxima do habitus do intelectual, favorece o estilo de
pensamento acadêmico30, abordagens mais teóricas, os métodos qualitativos e o
ensaísmo. A nosso ver, essa visão passa a constituir a ciência política pelo motivo desta
ter progressivamente se afastado do Direito e se aproximado das "ciências sociais" e, a
partir da década de 1960, aproximadamente, ter começado a destacar-se - e ainda fazê-
lo - institucionalmente do campo maior das "ciências sociais", fortemente associado à
Sociologia, em um momento em que a atenção pela política e por temas políticos
aumentava nas ciências humanas no Brasil e no mundo. Assim, sociólogos de formação -
ou sociólogos no pensamento - interessados em temas políticos passariam a "migrar"
para a Ciência Política por meio de vínculos institucionais de docência e pesquisa ou a
fazer parte dela por meio do reconhecimento socialmente atribuído à sua produção
cultural, dedicada a temas "políticos", e das relações de comunicação progressivamente
estabelecidas, dialogando com cientistas políticos de formação (ou assim reconhecidos).
Deste modo, seja por vínculos institucionais, seja por vínculos culturais e comunicativos
com a Ciência Política, esses sociólogos passariam a fazer parte desta, ou melhor,
contribuiriam para a formação de seu campo de produção, ao mesmo tempo em que
suas disposições mentais incliná-los-ia a adotar temas e abordagens com a marca da
disciplina mãe - "societalistas", aos olhos dos cientistas políticos stricto sensu, como os
temas que envolvem o Estado e as classes sociais e as abordagens elitistas, as sócio-
históricas e "sociologismos" como o de Pierre Bourdieu e Anthony Giddens31, que
mobilizam ordens de fatores não propriamente políticos. Uma visão solidária, portanto,
com uma definição mais ampla de "político" - como estruturas de dominação e relações
de força, por exemplo. Implicando, assim, a manutenção de certa heteronomia cultural
da Ciência Política, desta vez em relação às "ciências sociais" e à Sociologia, em
particular.

A terceira visão é favorável a uma Ciência Política baseada na pesquisa empírica e


autônoma culturalmente, entendendo que seu objeto possui regras e uma lógica que lhe
são próprias, irredutíveis a determinantes externos. Dissemina-se a partir da ação do
"grupo" de cientistas políticos mineiros e cariocas formados na segunda metade da
década de 1950, que, em sua maioria, viriam a doutorar-se nos Estados Unidos, no
decorrer da década de 1960, e a fundar os primeiros programas de pós-graduação
especificamente em Ciência Política, no Departamento de Ciência Política da UFMG e no
Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), ambos em 1969.
Influenciados pelo modelo norte-americano de Ciência Política (seumainstream), cujas
abordagens teórico-metodológicas e cuja organização divulgam, esses cientistas políticos
mostram-se mais sensíveis à política institucional, inclusive como ordem de fatores
explicativos, além de objeto de estudo, opondo-se a orientações jurídicas,
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"economicistas", filosóficas e "sociologizantes". Sua posição teórico-metodológica
distancia-se dos métodos das humanidades e aproxima-se do método científico
tradicional, do estilo de pensamento erístico, dando-se atenção especial à pesquisa
empírica e ao teste rigoroso de hipóteses, em que a estatística tem papel central. Essa
visão também se define por privilegiar ou aderir a uma definição de "político" em sentido
estrito, isto é, a política institucional - uma característica que o "grupo" de mineiros e
cariocas do "eixo" UFMG-Iuperj também contribuiu para constituir. É, assim, uma visão
favorável a temas que focam a política institucional e a abordagens "politicistas", como,
entre outros, o neo-institucionalismo e as abordagens do ator racional.

Mas como essas visões agremiar-se-iam e constituiriam o campo da Ciência Política


brasileira contemporânea, organizando-o em função dos contínuos politicismo-
societalismo e empírico-teórico?

A nosso ver, a Ciência Política estabelece-se enredada com outras ciências humanas,
especialmente a Sociologia, em que várias disciplinas e regiões interdisciplinares das
"ciências sociais" aumentavam seu interesse por assuntos "políticos", incorporando uma
tradição de pensamento político que tem suas raízes nos letrados da época do Estado
Novo. Estimulada pela crescente importância desses assuntos no interior das "ciências
sociais", no decorrer da década de 1960, com a radicalização ideológica (FORJAZ, 1979,
p. 12; ARRUDA, 1995, p. 162-167 e p. 200-211; TRINDADE, 2005, p. 94-97), a Ciência
Política inicia sua institucionalização a partir da década de 1970 com as ações levadas a
cabo pelo 'grupo' de mineiros e cariocas do "eixo" UFMG-Iuperj que, inseridos naquele
processo geral de valorização do "político", são pioneiros na criação de espaços
institucionais e acadêmicos dedicados especificamente à Ciência Política32. Forma-se,
assim, um campo institucionalizado de Ciência Política em torno de um
grupo interessado na autonomia institucional e cultural dessa disciplina, que não se
vincula a ela somente por empatia de objeto e que defende (1) a pesquisa empírica, com
proeminência quantitativa, (2) a institucionalização de um conjunto de práticas e
disposições científicas e, em menor grau, (3) a autonomia do "político", geralmente da
política institucional.

O estabelecimento de um campo disciplinar distinto, com a institucionalização, contudo,


não confere à Ciência Política contornos claramente definidos, em virtude da proximidade
sociocultural em relação às "ciências sociais". Não há periódicos específicos33; os temas
"políticos" são abordados por várias ciências humanas; não há consenso quanto ao que
deve definir e distinguir a Ciência Política (REIS & ARAÚJO, 2005; SANTOS, 1980, p. 18).
Essa proximidade, associada ao crescimento da importância dos temas "políticos" na
academia, durante os anos 1970, contribui para a expansão do campo da Ciência Política,
que ganha corpo com a criação de novos programas de pós-graduação e de institutos
privados de pesquisa34. Tem-se então um crescimento aparentemente paradoxal, em que
a proximidade com outros campos favorece a expansão da própria Ciência Política. Nesse
contexto, à medida que cresce o campo institucional, o reconhecimento social e a
legitimidade da nova área, acadêmicos de formações das mais variadas vinculam-se a
cursos, disciplinas e a programas de Ciência Política e/ou escrevem trabalhos que
circulam em sua produção acadêmica. Assim, acadêmicos e abordagens "societalistas",
como o marxismo, assumem posições no novo espaço acadêmico de produção sobre o
"político", passando a compor o campo e tornando comum a ocorrência de cientistas
políticos vinculados intelectualmente a estilos de pensamento mais tradicionais do campo
intelectual brasileiro.

Assim, acadêmicos comprometidos com a autonomia cultural e institucional, com uma


visão de ciência política em sentido estrito, tipicamente norte-americana, inscrevem-se
em um campo de produção maior, largamente vinculado ao campo intelectual e ao
campo acadêmico das "ciências sociais", ao serem obrigados a dialogar com a tradição e
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a enfrentar as estruturas acadêmicas e intelectuais estabelecidas. Em virtude das
relações sociais e comunicativas entre os grupos, o campo da Ciência Política encontra-
se, assim, do ponto de vista da produção cultural, mergulhado em um campo maior. O
que faz o espaço institucional da Ciência Política não corresponder ao espaço cultural; o
campo institucional sendo menor que o campo de produção. Em outras palavras, a
Ciência Política (a disciplina) não corresponderia à ciência política (a prática).

Profundas diferenças políticas também viriam a contribuir para essas oposições, já que o
'grupo' mineiro-carioca abandona as posições políticas de esquerda radicais (i. e.,
marxistas, comunistas) em um momento em que essas posições fortalecem-se (décadas
de 1960 e 1970). Por outro lado, também durante as décadas de 1960 e 1970, a
primeira e a segunda visões tomariam em geral posições mais radicais, favorecendo o
comunismo ou tipos específicos de socialismo, manifestando sua intimidade com o
marxismo então em alta. O apoio da Fundação Ford à constituição da Ciência Política
como disciplina específica e a incursão de um modelo "empirista" de ciência social eram
vistos por grande parte do campo como "imperialismo" norte-americano (LAMOUNIER,
1982, p. 423; MICELI, 1990, p. 17-28). O fortalecimento do obscurantismo e de posições
anticientíficas - movimento acadêmico-intelectual correlato aos movimentos políticos em
curso - no campo das ciências sociais só teria contribuído para fortalecer uma oposição
que é, ao mesmo tempo, acadêmica, metodológica, teórica e política.

Os determinantes de ordem propriamente política talvez tenham uma importância ainda


maior. Ao que parece, o processo de institucionalização da Ciência Política, como
disciplina específica, manteve-se relativamente lento até meados da década de 1980,
acelerando-se a partir da década de 1990 - veja-se, por exemplo, a escassez de
programas de pós-graduação (CAPES, 2009b) anteriormente e a criação relativamente
tardia da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), que passou a atuar
efetivamente só a partir de 1996. Não achamos mera coincidência o fato de essa
expansão acadêmica ser paralela ao declínio do marxismo e do comunismo nos campos
político e acadêmico internacionais e o correspondente fortalecimento da democracia
liberal. Assim, se for verdade a tese de alguns cientistas políticos norte-americanos de
que a Ciência Política norte-americana é estreitamente ligada à "democracia liberal"
(RICCI, 1984; FARR, 1988; GUNNELL, 1988) e se for verdade que a Ciência Política
brasileira autonomiza-se largamente à imagem da irmã norte-americana, importando
algumas de suas características - entre elas, a relação entre a disciplina e regime e
valores democráticos - então ocrescimento da Ciência Política brasileira, e não somente o
posicionamento interno dos grupos, pode estar ligado a fatores políticos: internamente,
com a redemocratização e o retorno da experiência e das esperanças democráticas;
externamente, com o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) -
processo que estaria relacionado à decadência do marxismo nos campos acadêmicos e a
ascensão de abordagens e ideologias liberais. Tais fatores políticos podem ter favorecido,
também, o crescimento da importância da política institucional (e seus componentes) na
agenda de estudos da ciência política brasileira, incidindo o foco sobre as instituições
democráticas. Trata-se de uma hipótese a ser investigada com atenção em outro estudo.

Sintetizemos. Fazem parte do movimento geral de constituição do campo da Ciência


Política sociólogos (e outros cientistas sociais), intelectuais interessados em temas
políticos e cientistas políticos (stricto sensu) interessados na autonomia institucional e
cultural da Ciência Política, em geral atentos à autonomia da política institucional. No
próprio campo institucional de Ciência Política, e além dele, englobando todo o campo de
produção demarcado por temas "políticos", opor-se-iam em questões relativas à
autonomia-heteronomia cultural dessa disciplina, em função de suas posições e
trajetórias35. As visões a que nos referimos formar-se-iam nessas trajetórias e nos
conflitos acadêmico-intelectuais e políticos. Tais oposições históricas entre grupos e, por
meio deles, entre suas visões, estariam na base, pois, das duas oposições fundamentais

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verificadas na produção acadêmica contemporânea, a saber, o contínuo empírico-teórico
e o contínuo politicismo-societalismo. Estariam na base, aliás, de muitas das correlações
estatísticas identificadas entre essas dimensões propriamente teórico-acadêmicas e
dimensões extra-acadêmicas - a política, por exemplo, como sugerem as relações entre
"tomar a democracia liberal como objeto de estudo", "politicismo" e "apresentação de
evidências empíricas", de um lado, e "não tomar a democracia liberal como objeto",
"societalismo" e "tendência a não apresentar evidências empíricas", de outro. O campo
da Ciência Política dividir-se-ia, então, (1) entre posições favoráveis à visão stricto
sensu de Ciência Política - institucionalmente e culturalmente autônoma - e posições que
abordam o que definem por "político" a partir de abordagens de outras disciplinas, que
"importam" à economia simbólica do campo institucional da Ciência Política (mais ou
menos politicistas ou societalistas); (2) entre posições mais favoráveis a abordagens e
áreas empíricas e mais favoráveis a teóricas. Em um extremo do contínuo, estão as
posições que associam o politicismo (de ordem e de objeto) ao empirismo, mais
próximas do mainstream Ciência Política norte-americana e herdeiras do "grupo" de
mineiros e cariocas do "eixo UFMG-Iuperj", no outro, as que associam o societalismo (de
ordem e de objeto) ao teoricismo, mais próximas da Filosofia, da História e da Sociologia,
próprios da tradição européia de reflexão política; havendo uma série de combinações
intermediárias entre esses extremos36.

III.2. A ligação entre visões e agentes (grupos) na constituição do campo de produção

A nosso ver, tal situação deve largamente às transformações e perturbações acadêmico-


intelectuais desencadeadas pela tomada de posição do 'grupo' mineiro-carioca, isto é,
pelos intensos conflitos acadêmico-intelectuais que se desenrolaram entre estes (pró-
Ciência Política; "cientificistas"; "empiristas") e outras frações ou grupos de cientistas
sociais que abordavam (ou ignoravam) temas políticos à luz de disciplinas como a
Sociologia, a Filosofia, a Economia e o Direito, em especial a chamada "Escola Sociológica
Paulista" (a partir de uma visão e de abordagens anti ou pré-científicas e/ou demasiado
"societalistas", aos olhos do "grupo" mineiro-carioca e daqueles favoráveis à Ciência
Política stricto sensu). Tratar-se-ia de um conflito fundamental, envolvendo distintas
visões de ciência e de trabalho intelectual - métodos, teorias, abordagens; modos de
organizar e valorizar o trabalho acadêmico etc. -, forjadas em função de posições e
trajetórias acadêmicas e intelectuais distintas e conflituosas.

Assim, acreditamos que por meio das relações acadêmicas do "grupo" mineiro-carioca,
pode-se lançar luz sobre as relações da Ciência Política, em seu processo de
autonomização, com outras ciências sociais. Sucederia, pois, uma oposição a visões e
abordagens que a seu ver falhariam em perceber a especificidade do "político" (em
especial, o fato de que ele seria, também, uma ordem) e que ignorariam a política
institucional (não somente do ponto de vista científico, como um objeto interessante,
mas também sua capacidade de produzir efeitos sociais pertinentes). Em especial, a
sociologia paulista e suas orientações "durkheimiana" e (crescentemente) "marxista"
inviabilizariam, de partida, a possibilidade de uma Ciência Política autônoma37.

Na próxima seção tentamos articular visões e grupos para relacionar campos de idéias a
campos de agentes, tornando-os mais inteligíveis, além de ilustrar algumas
características dos posicionamentos daí derivados, cujas diferenças, a nosso ver, estão
na base das oposições acadêmico-intelectuais do campo. Antes, contextualizaremos
sucintamente a Ciência Política brasileira na ciência política internacional.

IV. INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA PRELIMINAR

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Poderíamos dividir a história da ciência política brasileira em três períodos. O primeiro,
da década de 1920 a meados da década de 1940, define-se pelo estudo não acadêmico e
não especializado da política. Trata-se de uma época em que eruditos e letrados
pensavam e escreviam sobre temas políticos sem estarem vinculados a uma estrutura
acadêmica ou universitária. Durante esse período não existe, na verdade, um campo de
Ciência Política, mas um campo de produção que tratava de temas "políticos". O segundo
período, da década de 1940 a meados da de 1960, aproximadamente, define-se pela
institucionalização do campo acadêmico brasileiro e, com ele, do estudo dos temas
políticos. O terceiro, a partir de 1969, pela criação dos primeiros programas de pós-
graduação em Ciência Política, marcando o início de seu processo de autonomização
institucional, em que se institui, de fato, um subcampo acadêmico próprio dessa
disciplina no interior do campo acadêmico brasileiro.

IV.2.1. Intelectuais, visão humanística e formação da Ciência Política

A visão de ciência política que chamamos de 'relativa à figura do intelectual', têm suas
raízes nos intelectuais da primeira metade do século XX, cujos trabalhos são muitas
vezes referidos como "pensamento político brasileiro". A nosso ver, vários elementos de
seu habitus intelectual seriam herdados por acadêmicos de ciências sociais, e, por meio
destes, transmitidos ao campo da Ciência Política, à medida que se entronizava no
campo de produção das "ciências sociais", favorecendo a adesão a abordagens e temas
de caráter teórico e ao estilo ensaístico no próprio campo de produção de Ciência Política.
Compreender esses elementos e como eles foram sendo transmitidos (e transformados)
ao longo do tempo deve ajudar-nos a entender a presença atual de disposições e valores
intelectuais, filosóficos e literários no campo da Ciência Política. Ainda que fazê-lo
integralmente supere os limites deste artigo, abordaremos a questão em um sentido
exploratório, apontando um caminho a seguir.

A abordagem dos intelectuais precursores era, como se sabe, inseparavelmente


normativa e analítica, comprometida com a modernização do Brasil, o que implicava em
geral na questão da "construção do Estado-Nação". Pode-se mencionar Francisco
Campos, Oliveira Vianna, Nestor Duarte, Alberto Torres e Azevedo Amaral, entre outros,
como representantes do conhecimento político produzido nesse período. Bolívar
Lamounier define essa "fase" da seguinte forma: "Do ponto de vista das condições
institucionais em que é produzido o conhecimento político, essa fase pode ser facilmente
caracterizada como um trabalho isolado depensadores; do ponto de vista da forma, pelo
recurso a amplos ensaios histórico-sociológicos que visavam substanciar propostas de
reforma constitucional. Era, pois, um trabalho essencialmente individual, sem apoio
universitário e sem crítica acadêmica sistemática" (LAMOUNIER, 1982, p. 413; grifos no
original).

No que se refere às características culturais da produção do período, Hélgio Trindade tece


os seguintes comentários: "As origens das diferentes formas de constituição dos saberes
associados ao campo das ciências sociais, especialmente da sociologia, remontam, como
em outros países da América Latina, à implantação dos cursos de 'ciências jurídicas e
sociais', à importação dos positivismos europeus e ao desenvolvimento do 'ensaísmo'
como estilo dominante das análises políticas, sociais, jurídicas e literárias" (TRINDADE,
2007, p. 73).

E quanto à situação dos "intelectuais" precursores das "ciências sociais" brasileiras: "O
período de 1920 a 1945 foi extremamente significativo para o surgimento de uma ciência
social avant la lettre. Os intelectuais entram na cena pública com a publicação de uma
série de ensaios em que propõem reformas políticas. Essa geração, que transformou o
papel cultural e político das oligarquias tradicionais, se 'confrontou com uma república
incapaz de dar corpo político à Nação'" (idem, p. 74-75).
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A situação desses "intelectuais" brasileiros assemelha-se a uma espécie de produtor
cultural (de literatura, filosofia, historiografia etc.) politicamente engajado, à maneira do
"intelectual total" francês, da figura do "erudito", do pensador eclético que se aventura
em vários domínios do conhecimento; alguns, mesmo, poderiam ser classificados como
membros de uma intelligentsia, no sentido reconstruído por Luciano Martins (1987).
Poucos documentos são tão valiosos para reconstruir-se o habitus dessa classe de
pensadores como a entrevista de Evaristo de Moraes Filho concedida a Hiro Barros
Kumasaka e Luitgarde Barros, em 8 de março de 1988. A certa altura, a entrevista passa
a versar sobre a história do antigo Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, abordando as características, personalidade e destinos de
alguns de seus quadros. Uma passagem especialmente significativa, para nossos
propósitos, é quando Evaristo é indagado sobre Rui Coelho: "Luitgarde - No caso da
resposta do professor Rui Coelho, trata-se então de um erudito e não de um professor.
Não lhe parece?

Evaristo - Não. Nada impede que o professor seja um erudito ou que um erudito seja
professor. Uma mesma pessoa pode fazer mais de um curso superior ou dedicar-se a
mais de um campo de estudos, para não chegar àquele caso extremo do especialista,
que sabe cada vez mais de cada vez menos... Eu próprio, para dar meu exemplo -
sempre antipático, segundo Pascal... - fiz os cursos de Direito e de Filosofia. Nesses
cursos tive oportunidade de estudar, não só filosofia propriamente dita, como: Psicologia,
Lógica, Estética, Ética, Economia, Sociologia, Psicologia Educacional, Administração
Escolar, Didática Geral e Especial. O universo de interesses foi bem amplo" (KUMASAKA
& BARROS, 1988a, p. 26).

Evidentemente, tal estilo de trabalho acadêmico afigura-se bastante improvável para


aqueles que precisam extrair seu sustento do trabalho intelectual e estão submetidos a
exigências acadêmicas de produção. A nosso ver, trata-se de um estilo de trabalho
marcado por um ethos aristocrático e pela liberdade econômica que garante ao indivíduo
as bases materiais e a perícia cultural para dedicar-se desinteressadamente pelas coisas
intelectuais. É compreensível, pois, que até o estabelecimento de um campo acadêmico
de Ciência Política, a partir da década de 1970, os estudiosos da política
fossem intelectuais em sua maioria formados em Direito, apoiados no capital (econômico,
social e cultural) herdado de suas famílias e elaborado em seus círculos sociais
(KUMASAKA & BARROS, 1988a, p. 6-7 e ss.; idem, 1988b, p. 1-7; ARRUDA, 2001, p.
168-174; MICELI, 2001, p. 103-132; CASTRO & OLIVEIRA, 2005, p. 178-182; JACKSON,
2007b, p. 34-37).

Hélio Jaguaribe é um caso arquetípico, já dentro do segundo período, em que começa a


formar-se um campo acadêmico de "ciências sociais". Forma-se em Direito e, assim,
inscreve-se no padrão da geração de "cientistas sociais" da primeira metade do século
XX, de formação jurídica. Intelectualmente, começa marxista, assimila o culturalismo-
historicismo neo-kantiano alemão e, finalmente, a "teoria crítica", que o permite reunir o
marxismo e o culturalismo neo-kantiano (KUMASAKA & BARROS, 1988b, p. 3).
Representa e defende uma visão de ciência social indiferenciada, entre a Economia,
Sociologia, Filosofia, política etc. e, concomitantemente, a figura do intelectual engajado,
do homem dedicado à cultura e engajado em projetos políticos. Nesse sentido, funda em
1953 o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (Ibesp) e, em 1955, o ISEB,
cujo quadro de intelectuais seria responsável pela elaboração e difusão do
"desenvolvimentismo", além de vários estudos teóricos em várias áreas das ciências
sociais e da economia (JAGUARIBE, 1979). Vejamos, a seguir, algumas passagens,
também extraídas de entrevista concedida pelo autor, para ilustrar essas proposições.

"Hiro - Mas o senhor exerceu Direito, isso é que espantou nessa entrevista.

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Hélio Jaguaribe - É verdade. Veja bem, a colocação é incorreta. Deveria dizer que, no
período que procedeu meu ingresso à Universidade, eu ainda não tinha uma preocupação
com consciência social. Comecei a vida intelectual pensando que iria ser escritor e
voltaria um pouco para a poesia e para a coisa literária. No final da adolescência esse
interesse transformou-se em interesse filosófico. Confesso que, no fundo, eu sou um
filósofo e espero voltar a uma cogitação filosófica nos anos de minha velhice. Mas,
circunstâncias várias, problemas no Brasil, desafio da compreensão de porque nós
funcionamos mal (como quem nasce em uma família de loucos tem tendência para ser
psiquiatra, quem nasce em sociedade subdesenvolvida e está angustiado com isso, tem
tendência à ciência social), isso me levou, a partir da minha formação jurídica - que,
naquele tempo, muito mais que hoje, era muito sociológica - a entrar na ciência social.
Mas eu tinha a preocupação de ter uma vida não miserável e poder combinar uma vida
razoável, de classe média, com uma vida intelectual. Então, a advocacia me abriu esse
caminho. Comecei minha carreira prática com a advocacia. [...] Isso me permitiu, nesse
tempo, financiar meus projetos, a revista 'Cadernos do Nosso Tempo'. Isso me deu,
enfim, essa entrada na vida pública" (KUMASAKA & BARROS, 1988b, p. 25-26).

E falando da relação do intelectual com a política: "Qual é a possibilidade do intelectual


de ser ouvido pelo militante se ele se torna um concorrente do militante, disfarçado de
intelectual? Não tem sentido. E as pessoas não são tolas e tudo que é falso não vinga. Eu
sustentava, então: 'Somos intelectuais, um intelectual pensa e propõe'. Propõe, defende,
tal tese, mas não disputa cargo, não pretende ser eleito. Ele está propondo uma
influência prática, mas desinteressadamente. É isso que torna possível um diálogo válido
entre um político militante e um intelectual. Mas esse pessoal, disfarçado de intelectual,
quer ser deputado, quer ser ministro. É razoável que o pretendam, mas não pensem
fazê-lo como titular de uma magistratura intelectual" (idem, p. 12).

As dimensões do trabalho intelectual são a "teoria" e a "prática", isto é, a práxis da


tradição marxista, a prática interessada, especialmente política. O "intelectual", então,
dedica-se "desinteressadamente" às idéias (à "teoria") para propor cursos de ação - que
ele, contudo, não leva e não deve levar a cabo.

"Luitgarde - Professor, do que eu ouvi, seria um equívoco eu entender que toda a sua
apropriação do conhecimento do mundo tem sido pela via teórica?

Hélio Jaguaribe - Bem, evidentemente o conhecimento teórico, o saber teórico, só se


pode obter por via teórica. Não nos façamos ilusões. Nenhuma praticidade conduz a
níveis superiores de elaboração, sem prévia armação teórica. Portanto, da praticidade
corrente à teoria dos quânta existe um intervalo da cultura, da praticidade corrente à
Einstein existe um intervalo de cultura, e assim por diante. A praticidade corrente não
conduz a níveis superiores de abstração. É uma ingenuidade do pragmatismo supor isso.
Mas, de outra parte, o homem puramente teórico fica sem o 'feedback' da experiência
prática" (idem, p. 5).

Trata-se, a nosso ver, de uma posição composta essencialmente por disposições


filosóficas (a "teoria") e políticas (a "prática"; a direção da teoria), com certas pitadas de
literatura. Isso fica claro nos próprios termos e qualificações usados por Jaguaribe,
quando se refere à sua situação, ao papel do cientista social (que chama, sempre, de
"intelectual") e quando fala sobre suas aspirações intelectuais. Seus temas prediletos são
"a sociedade", interessa-se especialmente pela filosofia da história e tem predileção pelo
grande ensaio teórico. É eminentemente 'teoricista' e adepto de uma visão humanística
de ciência social.

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"Luitgarde e Hiro - E como o senhor encara uma afirmação que tem sido feita,
geralmente pelo pessoal intelectual do Rio, de que era um intelectual só com intenção de
influenciar decisões, mas não preocupado com a institucionalização da prática científica?

Hélio Jaguaribe - Isso depende... O ISEB teve de tudo. Eu, pessoalmente, inclusive, sou
extremamente interessado em filosofia, tenho uma parcela da minha obra dedicada
exclusivamente à filosofia. Tenho um grande interesse em teoria social, em teoria do
desenvolvimento. Meu livro Desenvolvimento político e desenvolvimento econômico é um
livro totalmente teórico. Meu estudo Introdução à sociedade não repressiva é um livro
teórico. Minha produção teórica é grande, não sou de nenhuma maneira infenso à teoria.
Mas, por outro lado, essa minha angústia de contribuir para a modificação da sociedade
me leva a achar que tem tantas pessoas que estão na vida teórica pura, que há
suficiente espaço para aqueles que pensam a realidade contemporânea e a problemática
teórica com uma certa vista à transformação social" (idem, p. 18).

Observamos, nos documentos consultados, que Jaguaribe não se refere à pesquisa


empírica em nenhum momento: o trabalho do "intelectual" é teórico, trata de teoria e
gera mais teoria; o contato com a realidade, por sua vez, é sempre "prática", isto é,
prática política, de "transformação do mundo" orientada pela teoria. Prática que, aliás,
não compete ao "intelectual" executar: o 'contato com o real' não faz parte do trabalho
do "cientista social", não está dentro do âmbito do trabalho científico-acadêmico, já que
se trata do domínio da aplicação prática, do militante, do político. Há uma divisão do
trabalho intelectual-militante que confere a este último a obrigação de lidar com as
coisas da vida. Assim, o que há de "prático" no trabalho intelectual é, simplesmente, o
fato de constituir um projeto político, em vez de orientar-se exclusivamente por razões
lúdicas. Desse modo, as questões relativas à validade do conhecimento não envolvem o
teste e a verificação empírica, manifestando uma confiança absoluta na capacidade de
abstração do analista. O trabalho propriamente intelectual é essencialmente teórico -
quando não puramente teórico, como os trabalhos isebianos de teoria social e econômica
(JAGUARIE, 1979) -, estando distante de um modelo científico de trabalho acadêmico-
intelectual. Nessa visão, as "ciências sociais" distinguir-se-iam da filosofia somente pelo
objeto, a "sociedade", e pela orientação política da "teoria", resguardando a pureza da
disciplina mãe das marcas grosseiras do mundo real.

A nosso ver, tal gosto aristocrático pela cultura e pelas idéias é decisivo nos
posicionamentos metodológicos, epistemológicos e teóricos assumidos, como, por
exemplo, a distância ou mesmo desprezo pela pesquisa empírica ou pelo rigor lógico e a
atração por meios de produção mais espontâneos, individuais (teoria defulano;
estilo de sicrano) e carregados de virtudes espirituais, sendo, pois,
simbolicamente rentáveis em um universo social marcado pela distinção.

Tal visão humanística do trabalho intelectual seria "importada" para o campo acadêmico,
a partir de meados da década de 1930, e iria ajustar-se progressivamente a princípios de
organização e de avaliação do trabalho e a valores propriamente acadêmicos, formando
uma espécie de campo acadêmico-intelectual, próprio da área da filosofia e das ciências
humanas (ARRUDA, 1995; MICELI, 2001; PEIXOTO, 2001; JACKSON, 2007a; 2007b).
Sendo a autonomização de um campo acadêmico uma condição necessária para o
surgimento de um campo de Ciência Política relativamente autônomo e, com ele, de uma
forma mais profissionalizada, especializada e mesmo científica de estudo de temas
políticos, do ponto de vista da formação de um campo específico de Ciência Política,
acreditamos que essa visão da ciência política tenha contribuído em pelo menos duas
frentes: 1) instituindo uma forte tradição de pensamento e reflexão política, que se
transfere ao campo acadêmico e estimula a formação de novas posições acadêmico-
intelectuais especialmente interessadas em temas políticos; 2) a problemática do Estado-
nação, forte entre 1930 e 1950, colocaria o "Estado" no centro das atenções do
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pensamento político brasileiro, abrindo caminho para o estatismo, manifestado em
posições como os marxismos gramsciano e estruturalista (FORJAZ, 1997, p. 7), e, por
meio deles, para a "autonomia do político" e o "politicismo" (de ordem e objeto), próprio
da Ciência Política strictu sensu, como as abordagens neo-institucionalistas. Além disso,
impinge algumas marcas no campo de produção da Ciência Política, em função da
proximidade social e cultural deste em relação ao campo acadêmico-intelectual das
"ciências sociais", no qual se cria e do qual se destaca. Assim, do ponto de vista teórico-
metodológico, tal visão também estimulariadiretamente a constituição de posições
"teoricistas" e "societalistas" (de ordem e objeto) no campo de produção da Ciência
Política.

IV.2.2. A proximidade com as "ciências sociais" e o societalismo

A visão "societalista" de ciência política refere-se às "ciências sociais", mais


especificamente à sociologia. Toma forma no segundo período, em especial entre a
década de 1950 e o fim da de 1960, e depende da institucionalização acadêmica das
"ciências sociais" brasileiras, em que se institucionaliza em paralelo o estudo de temas
políticos, cada vez mais associado àquelas. Do início ao fim desse período, a ciência
política vai gradativamente afastando-se do Direito e aproximando-se ou mesmo
confundindo-se com a Sociologia, sob a rubrica das "ciências sociais", tanto
culturalmente, em suas abordagens, como institucionalmente, passando a instituírem-se
matérias de "política" ou de "ciência política" nas cátedras de Sociologia e nas faculdades
de Filosofia, nas quais os cursos de Ciências Sociais, em geral, inseriam-se (LAMOUNIER,
1982, p. 409-419; QUIRINO, 1994; ALMEIDA, 2001, p. 239-255; ARRUDA, 2001, p. 286-
318; JACKSON, 2007a, p. 119).

A reflexão política nas "ciências sociais" é relativamente tardia, vindo a surgir


esporadicamente durante a década de 1950 e a estabelecer-se em meados da década de
1960, enquanto os cursos de Ciências Sociais institucionalizam-se desde a década de
1930, a partir da criação, na USP, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e, nesta,
de duas cátedras de Sociologia. Alguns autores sugerem que a causa desse "atraso"
tenha sido o domínio das orientações durkheimiana e etnológica na Sociologia (que é o
foco das "ciências sociais")38(LAMOUNIER, 1982, p. 417; QUIRINO, 1994; FORJAZ,
1997), o que pode ter contribuído para manter os temas políticos associados ao Direito,
especialmente às áreas Direito Constitucional, Público e do Trabalho. Tal situação
mudaria subitamente durante a década de 1960, em função de dois processos
relacionados: o crescimento da importância de temas políticos no campo acadêmico
(brasileiro e internacional) e a radicalização ideológica no campo político.

Assim, ainda que a Ciência Política só aparecesse como tal na USP em 1974, temas
políticos passam a constituir as principais preocupações do grupo de sociólogos ligados à
cátedra de Sociologia I, de Florestan Fernandes. Curiosamente, a própria trajetória
intelectual de Florestan parece retratar o movimento intelectual geral que marcou o
campo das ciências sociais: inicia a carreira próximo da sociologia francesa, do
funcionalismo e do estruturalismo; interessa-se por temas etnológicos e posiciona-se
como um adepto de uma sociologia rigorosamente científica; progressivamente
aproxima-se de Marx e de Weber até, finalmente, elaborar uma espécie de sociologia
aplicada, de esquerda, profundamente preocupada com os problemas socioeconômicos
que afligiam o país (ARRUDA, 1995, p. 175-181). Florestan reúne em torno de sua
cátedra um grupo de sociólogos que realiza estudos em regime semi-profissional (idem,
p. 194). À medida que transcorrem os estudos, o marxismo torna-se a orientação de
maior influência (associado a certas pitadas de Weber) e, juntamente com os novos
temas de estudo, manifesta-se um deslocamento vigoroso de uma sociologia mais
gnosiológica e culturalista em direção a uma sociologia econômica e política. A formação
dos projetos de pesquisa "A empresa industrial em São Paulo" e o ambicioso "Economia e
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sociedade no Brasil" (JACKSON, 2007a, p. 122), entre outros, é um indício significativo
disso, bem como a produção do grupo, subseqüente a 1961, quando Fernando Henrique
Cardoso e Octávio Ianni defendem suas teses de doutorado, a qual se volta a problemas
estruturais da sociedade brasileira responsáveis por seu "subdesenvolvimento" (ARRUDA,
1995, p. 200-206).

Assim, no decorrer da década de 1960, a chamada "escola paulista" desloca o foco de


atenção a temas políticos e econômicos, mas conserva uma posição teórico-metodológica
"societalista" (de ordem), baseada em estruturas sociais e econômicas. A sociologia
política e econômica desenvolvida, contudo, passa a compor indubitavelmente o
pensamento político brasileiro e o campo de produção da Ciência Política, produzindo
efeitos neste, sejam eles positivos, influenciando cientistas políticos de formação ou
sociólogos interessados em temas políticos a adotarem elementos de sua abordagem,
sejam eles negativos, fazendo que sociólogos e cientistas políticos assumam
sistematicamente posicionamentos de crítica.

Além da USP, constituiu-se um forte núcleo de concentração marxista na Unicamp, no


decorrer das décadas de 1970 e 1980, com algumas figuras de proeminência nas
Ciências Sociais e na Ciência Política, como Décio Saes, Álvaro Bianchi e Armando Boito
Jr., fortalecendo a tradição já constituída de estudos envolvendo temas políticos nas
Ciências Sociais.

No Rio de Janeiro, a reflexão política ligada às "ciências sociais" é anterior à USP, talvez
pela ausência da orientação sociológica acadêmica e durkhemiana, proeminente nesta
até a década de 1960. No bojo do processo de institucionalização das "ciências sociais",
cria-se em 1953 o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (Ibesp),
reformulado em 1955 quando passou a se chamar Instituto Superior de Estudos
Brasileiros (ISEB). Os temas políticos propriamente ditos vigoravam no ISEB. Ainda
assim, o que se fazia do lado carioca lembra pouco o que se entende hoje por Ciência
Política: à maneira dos pensadores políticos do começo do século, os isebianos
produziam ensaios de teoria social e doutrinas político-econômicas, elaboradas para
produzir ou orientar a ação política (JAGUARIBE, 1979). Alguns autores apontam,
inclusive, para a proximidade do ISEB (e de outras instituições universitárias cariocas,
como a Universidade do Brasil) com o poder político federal, sugerindo a primazia do
comprometimento ideológico sobre a liberdade acadêmica e científica (MICELI, 2001, p.
113-114). Fato ou não, parece ser verdade que o ISEB não estava comprometido com a
formação e autonomização de um campo acadêmico de Ciências Sociais, sendo mais uma
espécie de intelligentsia39, ao contrário do que ocorrera paralelamente na USP40.

Forma-se, assim, uma tradição de pensamento que assimila temas políticos a


abordagens que mobilizam ordens das mais diversas para explicar, descrever ou
interpretar fatos de natureza também diversa. Tende-se a definir "político" de maneira
ampla, referindo-se a formas específicas de relação ou interação entre grupos, classes ou
frações do "mundo" ou da "totalidade" social, atravessadas por forças diversas, não
somente políticas. Nesse sentido, quando abordada, a política institucional tende a ser
entendida como um conjunto de fatos dependentes de fatores externos, especialmente
sociais, como a origem social, seu habitus, à dinâmica de classe, constrangimentos
econômicos etc. Apesar disso, a visão de ciência política vinculada à Sociologia não é
necessariamente "teoricista", havendo uma dispersão de abordagens "societalistas" no
contínuo empírico-teórico, manifestando, assim, a diversidade metodológica da própria
Sociologia41.

IV.2.3. O "grupo" mineiro-carioca e a auto-nomização da Ciência Política

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O período que se inicia com a institucionalização nacional da pós-graduação no campo
acadêmico brasileiro é marcado pelo aprofundamento da autonomização institucional da
Ciência Política, por meio da criação de programas de mestrado e doutorado específicos,
em que se institui, de fato, um subcampo acadêmico próprio dessa disciplina. A questão
da autonomia cultural (teórica, metodológica, de objeto), contudo, continuaria um
impasse, conservando-se posições desfavoráveis a ela, inclinadas à manutenção dos
vínculos de dependência cultural com outras ciências humanas e sociais. Não havendo,
portanto, consenso quanto à visão de ciência política que defina e distinga a disciplina.

A visão favorável a uma Ciência Política autônoma institucional e culturalmente,


estabelecendo-se nas décadas de 1960 e 1970, forjou-se em grande medida na trajetória
do grupo de cientistas políticos e sociais mineiros que se formaram no curso de
Sociologia e Política da antiga Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG e que,
juntamente com alguns cariocas, fundariam dois centros de Ciência Política relacionados,
o Departamento de Ciência Política, na UFMG, e o Iuperj42. A principal característica
deste "grupo" é o posicionamento sistemático a favor da pesquisa empírica nos estudos
da Ciência Política e das ciências sociais em geral. São distintivamente críticos do
"teoricismo" e infensos a qualquer postura acadêmico-intelectual, em ciências sociais,
que não submeta abstrações a um rigoroso controle empírico. Também significativa, mas
menos consensual entre os elementos do "grupo", é o posicionamento favorável ao
"politicismo" (de objeto e, em menor grau, de ordem e objeto). A nosso ver, sua tomada
de posição no campo das ciências sociais brasileiras produz os seguintes efeitos: 1) são
os responsáveis diretos da autonomização institucional da Ciência Política, destacando-a
oficialmente das "ciências sociais" e da Sociologia e demarcando um campo institucional
específico; 2) são os principais responsáveis pela introdução no campo de produção das
ciências sociais, especialmente na fração de Ciência Política, de áreas temáticas e
abordagens de orientação "empirista" e "politicista" (de objeto), abrindo um importante
precedente para que outros elementos dessas orientações desenvolvessem-se no Brasil.
Esses efeitos conjugados estimularam, a nosso ver, a autonomização
institucional e cultural da Ciência Política brasileira, fazendo o "grupo" mineiro-carioca e o
"eixo" UFMG-Iuperj os pioneiros desse processo.

Tomando os mineiros como referência, acreditamos que os seguintes fatores,


combinados, sejam responsáveis pelos posicionamentos do 'grupo' e seus efeitos.

No período de graduação, em meados da década de 1950, os mineiros formam-se em


um curso de "Sociologia e Economia" carregado de disciplinas jurídicas e econômicas,
além da presença da estatística e matemática, o que era incomum nos cursos vinculados
a faculdades de Filosofia43 (ARRUDA, 2001, p. 307-318). Os estudos partidários e
eleitorais já eram uma preocupação importante no curso, e do 'grupo' mineiro
(OLIVEIRA, FERREIRA & CASTRO, 1998, p. 364), o que, aliás, manifestava-se nos
conflitos com o grupo de Orlando de Carvalho, que também estudava partidos e eleições,
mas na Faculdade de Direito e sob prisma jurídico (Lamounier apud FORJAZ, 1997, p.
16). Há indícios na literatura de que esse conflito era motivado por fatores teórico-
ideológicos, em que os integrantes do "grupo" mineiro acusavam a abordagem dos
juristas de "formalista" e "conservadora" (FORJAZ, 1997, p. 15-16), e por um conflito
profissional oriundo da sobreposição de interesses de pesquisa envolvendo posições
acadêmicas próximas mas suficientemente distintas, engendrado, pois, pela competição
por um espaço profissional (idem, p. 13 e p. 15-16, em especial as declarações de
Bolívar Lamounier). A própria ocorrência de um conflito com essas características, em
torno dessas circunstâncias, indica-nos que os mineiros já se interessavam pela política
institucional, objeto à época tipicamente jurídico, com a diferença de que se vinculavam
institucionalmente - e culturalmente - a disciplinas das "ciências sociais".

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Assim, fora do eixo Rio-São Paulo e já em fins da década de 1950, algo relativamente
próximo de uma concepção atual de Ciência Política já era feito nas faculdades de Direito
e de Economia da UFMG. A Revista Brasileira de Estudos Políticos (RBEP), vinculada à
Faculdade de Direito e liderada por Orlando de Carvalho, publicou trabalhos de estudos
eleitorais, partidários e de análise institucional que em certa medida antecipam as
abordagens "politicistas" da Ciência Política contemporânea, mas a partir da óptica do
Direito Constitucional (LAMOUNIER, 1982, p. 417-418; FORJAZ, 1997; ARRUDA, 2001, p.
329).

Ainda que os mineiros tenham se oposto ao grupo de Orlando44, julgamos ser provável
que essa tradição de estudos, na qual eles inseriam-se, tenha contribuído para sua
predileção pela política institucional, a adesão a abordagens "politicistas" e o
posicionamento favorável à Ciência Política autônoma, depositando predisposições que
floresceriam com a pós-graduação na Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais
(Flacso) e nos Estados Unidos45. Assim, em um dos lados, temas políticos são tratados
estritamente à luz do Direito, implicando, teoricamente, uma "ciência política" totalmente
dependente deste. Do outro, a presença do Direito é menor, abrandada pela tradição
sociológica, além da presença de disciplinas econômicas e de administração. A nosso ver,
essa situação manifesta, no interior de uma só instituição, a situação ambivalente da
ciência política e o germe do aprofundamento de sua autonomização. Do outro lado, as
influências sociológicas46 e o pertencimento a uma posição acadêmica e profissional
ligada à "sociologia política" estimularia esses acadêmicos a distinguirem-se do Direito47.
Processando o objeto político oriundo de uma abordagem jurídica a partir de influências
sociológicas e econômicas, o desenlace seria a inclinação a uma Ciência Política de feição
contemporânea e a uma visão "politicista" (de objeto) desta, enfatizando a política
institucional.

Aliás, há na literatura indícios de que durante a graduação os mineiros tinham um forte


interesse políticoprático - muitos, inclusive, militavam na política estudantil (OLIVEIRA,
FERREIRA & CASTRO, 1998, p. 356-360) - e que esse interesse tenha estimulado a
tomada da política institucional como foco de estudo e tenha sido um fator de
aproximação entre o "grupo" mineiro e cientistas sociais cariocas deslocados ou que não
mais se encaixavam no padrão militante-intelectual das "ciências sociais" no Rio de
Janeiro. Nesse sentido, Forjaz propõe que a forte cultura política de Minas Gerais e a
cultura político-militante dos cariocas contribuiu para que se aproximassem - focando
temas políticos. Isso, também, estaria por trás da adesão a abordagens e
posicionamentos "politicistas" (de objeto e de objeto e ordem): "A inclinação para a
política dos mineiros, que os transforma em atores importantes do processo de afirmação
da Ciência Política brasileira, encontra eco na tradição intervencionista e militante das
ciências sociais no Rio de Janeiro, imensamente marcada pela experiência isebiana [é o
caso de Wanderley Guilherme dos Santos]. O intercâmbio e a comunicação fluem
facilmente entre esses dois grupos de intelectuais ancorados em uma concepção de
ciências sociais na qual a esfera da política é extremamente valorizada" (FORJAZ, 1997,
p. 12).

"Os nossos contatos intelectuais, que procuravam acentuar mais a análise política, eram
no Rio de Janeiro. O eixo era Minas-Rio. As revistas de Minas, a Brasileira de Estudos
Políticos e a Brasileira de Ciências Sociais tentavam publicar gente do país inteiro, mas
quem atraía mais a atenção era o pessoal do ISEB. Como Guerreiro Ramos e Hélio
Jaguaribe, que tinham muito o que dizer enquanto cientistas políticos"
(Lamounierapud FORJAZ, 1997, p. 13).

A seguir, com a intensa influência intelectual dos cursos de especialização e mestrado na


Flacso e do doutoramento nos Estados Unidos, acrescidos à desilusão política com o
golpe militar de 1964, deslocaria o interesse político à ciência da política: o foco
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continuaria sendo a política, mas a partir de uma abordagem positiva e eminentemente
empírica; esta última característica, aliás, tendo raízes na graduação.

Outro provável fator de influência sobre as posições acadêmico-intelectuais do "grupo"


mineiro é o regime de bolsas de estudo no curso de Sociologia e Economia, que conferiu
a este um caráter altamente competitivo e semiprofissionalizado, exercendo um forte
estímulo para que os graduandos bolsistas profissionalizassem-se e seguissem a carreira
acadêmica (ARRUDA, 2001, p. 304; OLIVEIRA, FERREIRA & CASTRO, 1998, p. 359-363;
MICELI, 1993, p. 59). De forma semelhante ao grupo de estudantes que se formou em
torno de Florestan Fernandes, na USP, tais circunstâncias de trabalho inclinariam os
mineiros à especialização e à profissionalização da atividade acadêmica que, por sua vez,
combinadas com o foco sobre a política institucional, incliná-los-ia a favorecer a
especialização da Ciência Política e mesmo, no caso de alguns, como Simon
Schwartzman, Bolívar Lamounier e Wanderley Guilherme dos Santos, a deliberadamente
buscá-la.

No que se refere especificamente à posição teórico-metodológica estabelecida na década


de 1970, o fato mais importante parece ter sido a experiência na Flacso. Após a
graduação, vários mineiros e cariocas vão ao Chile para pós-graduarem-se nessa
instituição, que então já era um núcleo em que as ciências sociais norte-americanas
exerciam forte influência. "De Minas, foram Fábio Wanderley, Bolívar Lamounier, Simon
Schwartzman, Amauri de Souza. Do Rio, Wanderley Guilherme, César Guimarães, Carlos
Hasenbalg. Posteriormente, foram também Renato Boschi, Elisa Reis, Olavo Brasil, os
três de Minas" (José Murilo de Carvalho apud OLIVEIRA, FERREIRA & CASTRO, 1998, p.
365). Lá, são fortemente influenciados pela ciência social norte-americana; seu
empirismo, sua forte atenção à pesquisa empírica, em especial. Diz a respeito Antonio
Octávio Cintra: "E a Flacso foi, literalmente, uma lavagem cerebral... a gente já estava
predisposta... realmente era uma orientação muito da Sociologia norte-americana. Então,
nós voltamos muito imbuídos daquilo tudo... Muito neo-positivismo... essa foi uma
grande influência" (Cintra apud ARRUDA, 2001, p. 321). A orientação metodológica
paralelamente empirista e quantitativa da Flacso (aliás, tipicamente norte-americana) e a
continuidade ante a formação adquirida na graduação manifestam-se claramente nas
palavras de José Murilo de Carvalho, que reproduzimos a seguir: "Ele [Johan Galtung,
discípulo de Paul Lazarsfeld e professor na Flacso] vinha para recrutar. Fui entrevistado
por ele para ir para a Flacso e fui aceito, mas sem bolsa, porque não consegui resolver
uma equação, imagino que bastante simples, que ele me mandou resolver na entrevista.
Minha álgebra não foi suficiente... Sem bolsa, como eu não tinha dinheiro, não pude ir.
Isso já mostra o estilo de orientação deles, particularmente do Galtung: uma orientação
muito matemática, muito quantitativa, que tinha muito a ver com a ciência social norte-
americana. O único gancho que esse tipo de estudo encontrou na Faculdade de Ciências
Econômicas foi via estudos eleitorais. Isso já existia lá, Orlando de Carvalho tinha isso
naRevista Brasileira de Estudos Políticos, e por aí não houve um corte significativo. Mas
do ponto de vista geral houve uma mudança importante, que na época, inclusive, gerou
debate. Eu me lembro de um artigo do Antônio Octávio Cintra que se chamava
"Sociologia: ciência fática". Wanderley Guilherme dos Santos, que então estava no Iseb,
respondeu com muita ênfase, como lhe é próprio. Posteriormente Wanderley também foi
para os Estados Unidos, mas certamente havia um conflito bastante grande entre a nova
orientação e o que se praticava em São Paulo e no Rio de Janeiro, particularmente no
Iseb" (Carvalho apud OLIVEIRA, FERREIRA & CASTRO, 1998, p. 362).

Nesses termos, é como se a experiência na Flacso atualizasse disposições previamente


adquiridas, direcionando os cientistas sociais mineiros a orientações empíricas e, com a
Ciência Política norte-americana, ao 'politicismo' (de objeto). O doutoramento nos
Estados Unidos, de meados dos anos 1960 a meados dos 1970, seria o prolongamento
natural dessa trajetória. Lá se doutoram Fábio Wanderley Reis (University of Harvard),

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Wanderley Guilherme dos Santos (Stanford University), Simon Schwartzman (University
of California, Berkeley), Antonio Octávio Cintra (Massachusetts Institute of Technology),
Bolívar Lamounier (University of California, Los Angeles), Renato Boschi (University of
Michigan), Gláucio Ary Dillon Soares (Washington University St. Louis) e José Murilo de
Carvalho (Stanford University), para mencionar alguns. Com a exceção de Gláucio, que
se doutora em Sociologia, todos o fazem em Ciência Política. Retornariam ao Brasil
prontos para tomar uma posição entre a elite do campo das ciências sociais, combatendo
as posições "anticientíficas" estabelecidas no campo - em especial, o marxismo. A nosso
ver, são as experiências na Flacso e nos Estados Unidos, somadas ao interesse em
política (em especial, a política institucional), que aproximariam cariocas e mineiros,
além da emigração de mineiros para o Rio de Janeiro no decorrer da década de 1970 -
em especial para o Iuperj - em virtude de problemas com o estabelecimento do
Departamento de Ciência Política na UFMG (ARRUDA, 2001, p. 321 e p. 362-365),
fortalecendo os laços.

A tomada de posição dos cientistas políticos mineiros e cariocas não decorre somente de
suas trajetórias acadêmicas: encontram condições objetivas propícias para realizar-se.
Em 1968 inicia-se um extenso processo de reforma do sistema universitário brasileiro e
um vigoroso programa de expansão da pós-graduação, em que as ciências sociais, antes
pouco consideradas pelas agências governamentais de fomento, passariam a ganhar
cada vez mais espaço, tanto no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), que em 1964 passara a ser a instituição responsável por formular a
política científico-tecnológica nacional, como na Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes), além de outras agências regionais, como a Fapesp. É
também na segunda metade da década de 1960 que a Fundação Ford, estimulada pelo
cenário político internacional de escalada da influência acadêmica e política do marxismo
e do comunismo, implantaria um amplo projeto de financiamento às ciências sociais na
América Latina e, em particular, no Brasil (MICELI, 1990; 1993; 2001; REIS, 1993).
Desconfiada das tendências ideológicas da Sociologia (não por menos, dado o
crescimento vigoroso do marxismo na academia latino-americana nos anos 1960), a
Fundação Ford focaria a Ciência Política e a Antropologia, em especial por tratarem-se,
então, de disciplinas pouco institucionalizadas no país. Tratou-se de uma oportunidade de
exportar os padrões americanos de organização do trabalho acadêmico e científico e suas
abordagens teóricas e metodológicas (MICELI, 1990; 1993) a campos acadêmicos
incipientes, ainda que, ao que parece, não ter exercido pressão sistemática para
controlar as orientações políticas e o pensamento dos grupos e instituições financiados48,
em parte, como sugere Miceli, pela orientação mais "liberal" do escritório latino-
americano, que se distinguia da matriz, mais "conservadora" e politicamente preocupada.
Assim, a Ford não só financiaria os doutoramentos de vários integrantes do 'grupo'
mineiro-carioca, como financiaria suas iniciativas no campo institucional, injetando
dinheiro no programa de mestrado em Ciência Política da UFMG (criado em 1969), no do
Iuperj (também em 1969), além de financiar o Centro Brasileiro de Análise e
Planejamento (Cebrap) (criado em 1969; como se vê, é uma data-chave), o Centro de
Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec) (de 1976) e o Instituto de Estudos
Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo (Idesp) (de 1980), para mencionar os
principais. Além disso, há o já mencionado processo de radicalização ideológica
generalizado, ancorado em fatos políticos significativos (ditaduras de direita na América
Latina; golpe militar de 1964 no Brasil; Revolução Cubana; Guerra do Vietnã etc.), que
colocaria a política na ordem do dia - inclusive nos campos acadêmicos. Sem a expansão
da pós-graduação, o apoio da Fundação Ford e o próprio cenário político internacional
(que influencia a ação da Ford) não vemos como a posição acadêmico-intelectual do
grupo mineiro-carioca poderia ter se convertido em posições institucionais, sem as quais
não seria possível produzir a influência que produziriam com o "eixo" UFMG-Iuperj.

Influenciados pelo modelo norte-americano de ciência social, altamente profissionalizada


e especializada, baseada na figura do scholar e na divisão do trabalho em redes de
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pesquisadores organizados em torno de temas comuns, na veiculação da produção a
partir de periódicos, favorável à pesquisa empírica e aos métodos quantitativos, grande
parte dos cientistas políticos mineiros e cariocas viria a acusar a falta de cientificidade
das "ciências sociais" brasileiras e das inconsistências que tal disposição produziria no
estudo do "político"; da política institucional, em especial. Estando as "ciências sociais" (i.
e., a Sociologia) da época marcadas pela ascensão de visões e abordagens humanísticas
e mesmo hostis à ciência, e estando interessados na política, a Ciência Política tornar-se-
ia, a nosso ver, uma espécie de "refúgio" para os cientistas políticos mineiros e cariocas.
O que não se reduziria a uma questão metodológica, estendendo-se também à maneira
de organizar e valorizar o trabalho acadêmico (MICELI, 1990, p. 34-35).

Contudo, na inexistência de um campo de produção autônomo, na fração do campo de


produção que abordava temas políticos havia posições estabelecidas diametralmente
contrárias às orientações teórico-metodológicas de mineiros e cariocas - na visão destes,
anticientíficas e demasiado "societalistas" (de ordem e objeto). O marxismo, como
praticado, seria a principal dessas abordagens. Novamente, o principal foco de tensão
ocorreria em relação à sociologia paulista, que, além de marcar-se cada vez mais por
uma suposta posição "anticientífica", caracterizava-se por sua organização e estilo de
trabalho à francesa, pela predominância do "ensaísmo" e da orientação "teoricista",
apesar do projeto "cientificista" de Florestan tocado no decorrer da década de 1950 e do
distanciamento relativo de seu grupo em relação à cultura literária que marcara as
primeiras gerações e as outras cátedras do curso de ciências sociais (ARRUDA, 1995;
MICELI, 2001, p. 127-133; PEIXOTO, 2001; JACKSON, 2007a).

Sucederia uma intensa luta acadêmico-intelectual, demarcada em torno do tema


"político", em que se buscava fundar de uma vez por todas uma ciência social positiva
(especialmente por parte de Fábio Wanderley Reis e Antonio Octávio Cintra) e a instituir
uma Ciência Política institucional e, em menor grau, culturalmente autônoma, baseando-
se na idéia de autonomia das instituições políticas (especialmente por parte de Simon
Schwartzman e Bolívar Lamounier). O que, por sua vez, não seria possível a partir das
abordagens "societalistas" (de ordem e objeto), em especial o marxismo, que por
princípio recusaria a especialização profissional baseando-se na idéia de "totalidade
social" (evita-se a especialização porque o mundo é um "todo" integrado; a
especialização profissional do trabalho acadêmico e a especialização dos métodos é
influência do sistema de produção capitalista etc.). Embora o marxismo fosse o principal
'alvo', também iria-se criticar certas orientações demasiado "sociologizantes" das
"ciências sociais", em especial a sociologia funcionalista e estruturalista, especialmente a
dukheimiana, cujo "desinteresse pela política" sabotaria de partida a possibilidade de
uma Ciência Política.

Essa oposição sistemática já se manifesta com clareza nos últimos números da Revista
Brasileira de Ciências Sociais49, em que os mineiros, de volta dos Estados Unidos, iniciam
seu posicionamento no campo, passando a assumir uma posição cada vez mais
cristalizada (ARRUDA, 2001, p. 338-339 e p. 354-356). Com o fim do periódico, em
1966, e o relativo insucesso do Departamento de Ciência Política na UFMG (idem, p. 321)
muitos mineiros migram para o Iuperj50, onde já estão importantes cientistas políticos
cariocas, como Wanderley Guilherme dos Santos, estabelecendo o "eixo" de intercâmbio
de pessoal e idéias UFMG-Iuperj. No Iuperj, por sua vez, é criado o principal veículo de
posicionamento acadêmico-intelectual do "grupo" mineiro-carioca, o periódico (com o
sugestivo nome) Dados. O "grupo" de cientistas políticos mineiros e cariocas ganha assim
uma expressão institucional, além das proximidades teórico-metodológicas e as
semelhanças acadêmicas que os aproxima no campo acadêmico e os une contra
adversários comuns.

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A posição de mineiros e cariocas transluz nos seguintes trechos, apontados contra o
marxismo (paulista). Começando pelo "cientificismo" e o "empirismo": "A idéia de
totalidade, como a encontrarmos desenvolvida e utilizada na produção sociológica
brasileira mais recente, e na forma pela qual tem curso nas discussões que se dão no
ambiente universitário ligado às ciências sociais, parece ter como fonte próxima as teses
de Gurvitch e/ou as teses marxistas. Haveria, também, uma certa correlação entre o
recurso heurístico à 'totalidade', 'método dialético' e os 'métodos intensivos' ou
'qualitativos' de coleta de evidências" (Antonio Octávio Cintraapud ARRUDA, 2001, p.
356).

"Conceitos como o de 'interesse objetivo de classe' (contraposto ao interesse empírico ou


fenomênico), de 'falsa consciência de classe' e 'alienação', de 'lógica do processo
histórico' etc., podem revelar-se efetivos ou não em nível supra-científico de indagação.
Não cabe aqui discuti-lo. No nível propriamente científico parecem paralisar a
investigação sociológica na tarefa de sempre confirmar qualquer que seja o
comportamento da realidade social, as previsões decorrentes do nível essencial, dos
inobserváveis. [...] se não se aceita o próprio método da ciência, e se foge ao âmbito do
conhecimento científico, recusando-se o critério da auto-correção do conhecimento pela
experiência controlada e comunicável, a solução só pode vir de pressupostos mais ou
menos irracionais: o argumento de autoridade, o dogma de classe ou de nação etc."
(idem, p. 356-357).

Maria Arminda do Nascimento Arruda sintetiza o argumento de Antonio O. Cintra: "Os


procedimentos inerentes ao saber empírico são, assim, contrapostos a concepções, como
a marxista, que pressupõem a negação da experiência como forma mais legítima para
construção do conhecimento" (ARRUDA, 2001, p. 357; sem grifos no original).

Wanderley Guilherme dos Santos faz eco às objeções de Antonio Octavio Cintra, mas
referindo-se a um "certo" marxismo: "Dada a influência incontestável que o marxismo
exerce na produção latino-americana é oportuno assinalar que, entre os entraves ao
conhecimento sobre política na América Latina, encontra-se uma variante escolástica do
marxismo caracterizada, exatamente como o positivismo do século passado, pelo
onanismo conceitual, pela obsessão definicional, pelo fanatismo do dogma. Ao lado da
produção marxista de boa qualidade que, juntamente com outras correntes, tem
contribuído para o avanço do conhecimento sobre a realidade política latino-americana,
amontoam-se volumes e mais volumes, ensaios, revistas e opúsculos estritamente
ocupados em decifrar o verdadeiro sentido dos ensinamentos do mestre, em esclarecer
conceitos e em distribuir passes de entrada para o círculo dos iluminados e verdadeiros
marxistas" (SANTOS, 1979, p. 25).

E no que se refere ao "societalismo", Wanderley Guilherme dos Santos sugere tratar-se


de uma tendência das ciências sociais latino-americanas: "A busca por um entendimento
mais globalizante, menos parcelado, da realidade política é uma característica visível na
produção latino-americana. Escassos são os trabalhos de peso que, ocupados somente
com uma dimensão apenas do sistema político - seja por exemplo o sistema partidário, o
papel do legislativo ou as políticas governamentais -, não procurem de alguma forma
referi-los à sociedade global a fim de que ganhem pleno sentido e inteligibilidade" (idem,
p. 18).

Direcionando-se ao alvo principal, a USP, Bolívar Lamounier acusa a falta de atenção com
a política institucional. Embora a crítica também possa ser direcionada ao marxismo
uspiano, tendente a ignorar a política institucional, tanto como objeto quanto
como ordem, trata-se essencialmente de uma crítica à tradição sociológica francesa,
baseada em Durkheim: "Não se trata aqui de discutir o acerto ou não dessa orientação
geral dos estudos sociológicos da USP. Afirma-se apenas que ela teve como
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conseqüência um sociologismo às vezes exagerado, na medida que [sic] não dirigia a
atenção aos temas propriamente políticos, ou político-institucionais. Esta impressão é
confirmada por um rápido levantamento da produção de ciências sociais da USP. De 37
teses de doutoramento apresentadas durante o período de 1945 a 1964, [n]o máximo 13
poderiam ser classificadas como estudos de Ciência Política. Dessas 13, duas tratam dos
empresários; três versam sobre relações de trabalho e sindicatos; duas sobre educação e
movimentos estudantis; uma sobre movimentos messiânicos; duas sobre crescimento
econômico e intervenção estatal; três sobre a história do pensamento político. Como se
vê, nenhuma focalizou os partidos políticos, em que pese a riqueza, hoje reconhecida da
experiência pluripartidária iniciada em 1945; nenhuma tratou do sistema eleitoral então
adotado, de suas transformações e implicações, ou dos padrões de comportamento
eleitoral; e nem mesmo do papel dos militares ou da estrutura das instituições militares.
A leitora sobre partidos e representação política dos anos cinqüenta foi quase toda
produzida nas escolas de Direito ou por pesquisadores isolados, freqüentemente fora do
eixo São Paulo-Rio. O próprio fenômeno do ademarismo e do janismo, paulista por
excelência, embora chamasse imediatamente a atenção dos jornalistas e de alguns
sociólogos fora de São Paulo, não foi abordado pela sociologia paulista até meados dos
anos sessenta" (LAMOUNIER, 1982, p. 417-418; grifos no original).

Não se trata somente de uma oposição teórico-metodológica, mas uma discordância mais
profunda, que alcança os princípios do trabalho intelectual, manifestando uma visão
radicalmente oposta da própria ciência social e, com ela, de ciência política: "Por uma
série de motivos que não nos cabe agora analisar, a sociologia brasileira busca ainda o
rigor científico necessário ao seu progresso e à sua eficácia. O gosto pelo ensaísmo e o
divórcio entre a pesquisa empírica e as sistematizações teóricas têm prejudicado ambos
os momentos do trabalho científico. Já é hora, portanto, constatada a deficiência, de se
tentar contribuir para superá-la. No nível teórico essa superação pode ser tentada
abandonando-se a pretensão de construir esquemas conceituais muito amplos,
desvinculados de toda possibilidade de pesquisa empírica comprobatória, para se tentar a
formulação de teorias específicas sobre aspectos mais modestos da realidade social.
Tecnicamente, abandonar as teorias gerais para concentrar esforços na elaboração de
"teorias de alcance médio" (Vilmar Faria apud ARRUDA, 2001, p. 358; sem grifos no
original).

Referindo-se aos trabalhos Empresário industrial e desenvolvimento econômico, de


Fernando Henrique Cardoso,Raízes sociais do populismo em São Paulo, de Francisco
Weffort e A crise do pensamento sociológico, de Octávio Ianni, Fábio Wanderley Reis
direcionaria, entre outras, a seguinte crítica, bastante ilustrativa: "Não se trata de guerra
à dialética, não se trata sequer de defesa do funcionalismo como 'enfoque' especial que
é: trata-se de propugnar um compromisso mais sério com padrões que orientem o
trabalho dos estudiosos dos fenômenos sociais em um sentido em que tal trabalho possa
ser fonte de conhecimentos e não reiteração indefinida de princípios gerais"
(Reis apud ARRUDA, 2001, p. 358).

Um debate interno ao "grupo" mineiro-carioca ajuda-nos a identificar a importância da


questão da "autonomia do político" e do foco sobre a política institucional, manifestando
também as oposições entre eles, indicando que o posicionamento no contínuo
"politicismo-societalismo" não era consensual - bem menos que no contínuo "empírico-
teórico" - ainda que, a nosso ver, assim como para Forjaz (1997), houvesse tendência
significativa ao "politicismo" de objeto, variando mais os posicionamentos quanto ao
"politicismo" de objeto e ordem. Nesse sentido, Simon Schwartzman representa uma
posição mais próxima da visão de Ciência Política stricto sensu, autônoma institucional e
culturalmente, enquanto Gláucio Ary Dillon Soares mantém-se um sociólogo, apesar de
tratar da política institucional, oscilando, portanto, entre o "politicismo" de objeto e o
"societalismo" de ordem. Os seguintes trechos, retirados de entrevista de Gláucio a

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Ângela de Castro Gomes e Maria Celina D'Araujo é extremamente esclarecedora a esse
respeito: "[Gomes e D'Araujo] - Sociedade e política no Brasil, ao sair, causou certo
impacto na academia. Era uma primeira sistematização do processo eleitoral no Brasil
durante um longo período.

[Gláucio] - Era sociologia política.

[Gomes e D'Araujo] - E aí veio o livro da Maria do Carmo Campello de Souza, Estado e


partidos políticos no Brasil,em 1976. Enquanto você estudava partidos e eleições, ela
estudava partidos e governo.

[Gláucio] - Sim. Antes de ler, encontrei com Simon Schwartzman, e ele disse: 'É contra a
gente!' Simon também me criticava muito por ser pela sociologia política. Ele tendia a
privilegiar o político na explicação do político. Àquela altura já tinha publicado São Paulo
e o Estado Nacional,com a história das coalizões entre o Sul e Minas contra São Paulo. O
que a Maria do Carmo dizia era: 'Olha, vocês esqueceram os partidos. Tem partido aí'. E
a verdade é que nós esquecemos os partidos, sim. Mas ela não escreveu isso em um
sentido hostil, simplesmente afirmou isso, e era verdade. [...]

Como disse há pouco, quem foi muito crítico com o Sociedade e política no Brasil foi o
próprio Simon, mas pessoalmente, verbalmente. Mandei o livro para o Antônio O[c]tavio
Cintra, que é um fantástico crítico, para o Simon e para mais alguém para que fizessem
comentários, e o do Simon foi que se de via explicar o político muito mais pelo político.
'Pára com esse negócio de urbanização, industrialização, classe'. Acho que Simon estava
negando o passado marxista dele, uma negação que começou na Flacso, porque por um
tempo ele se entusiasmou com a perspectiva do Peter Heintz. O problema com o Olavo
foi o detalhe de que a unidade de análise não devia ser aquela, enquanto Simon dizia que
o enfoque estava errado. Não podia ser sociologia política e afirmar que era ciência
política" (Soares apud GOMES & D'ARAUJO, 2008, p. 340-341).

A unidade desse "grupo" de acadêmicos é notável, mas, com efeito, não se pode dizer
que o "grupo" mineiro-carioca ou o "eixo" UFMG-Iuperj era monoliticamente favorável a
uma visão de Ciência Política autônomaculturalmente, sendo, portanto, "politicistas" de
ordem e objeto, como mostra a discussão entre Gláucio Ary Dillon Soares e Simon
Schwartzman. Acreditamos ser consensual a visão favorável a uma Ciência
Políticainstitucionalmente autônoma, a valorização da pesquisa empírica (sendo esta
mais forte do que a predileção por métodos quantitativos, que a nosso ver existe, mas
não é consensual51) e a importância da política institucional. A exata medida em que esta
é considerada autônoma varia de autor para autor, variando, portanto, os
posicionamentos quanto à autonomia cultural da Ciência Política. Desse modo,
consideramos correta a idéia de que o "grupo" mineiro-carioca e o "eixo" UFMG-Iuperj
tenha contribuído para a autonomização institucional da Ciência Política, por meio da
criação de pós-graduações específicas e, em menor grau, para sua autonomia cultural,
pela atenção cedida à política institucional, não abordada antes pelas ciências sociais, a
qual, combinada com o sucesso acadêmico logrado pelo grupo, pelo Iuperj e por Dados,
abre um precedente que favorece ou mesmo estimula o estabelecimento de abordagens
e áreas temáticas da Ciência Política stricto sensu, como o neo-institucionalismo,
vinculadas a uma visão de autonomia total da Ciência Política - que, aliás, instituiu-se
com força inclusive na USP, a partir de 1974, com um departamento e um programa de
pós-graduação especificamente de Ciência Política e com importantes cientistas políticos
vinculados a uma visãostricto sensu de ciência política, como Fernando Limongi.

V. CONCLUSÕES
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No intuito de direcionar a pesquisa para uma explicação dos padrões e oposições
identificados na produção acadêmica da Ciência Política brasileira contemporânea,
elaboramos uma hipótese para identificar as causas dos contínuos "empírico-teórico" e
"politicismo-societalismo", que acreditamos serem os principais responsáveis pela forma
da produção acadêmica.

Essa hipótese afirma que a produção depende de um conflito entre visões de ciência
política, a saber, a visão relativa à figura do "intelectual", a relativa a cientistas sociais
"societalistas" e a relativa à autonomia institucional e cultural da Ciência Política. Essas
oposições, por sua vez, provêm de uma combinação entre a trajetória acadêmica e as
posições teórico-metodológicas assumidas, acrescidas a influências propriamente
políticas. Assim, a proximidade social e cultural com o campo intelectual ou determinado
campo acadêmico, com determinada disciplina ou área, cumpre um papel central na
visão assumida. Cada visão, por sua vez, por meio da ação dos "grupos" e indivíduos que
as carregam, produz efeitos distintos sobre o processo de autonomização da Ciência
Política, desestimulando-o ou favorecendo-o. Neste último caso, dividindo-se entre o
estímulo à autonomia institucional, cultural ou ambas.

Nesse sentido, tentamos relacionar as visões a determinados grupos acadêmicos ou


intelectuais, no intuito de identificar, dentro daquele esquema teórico, os fatores
determinantes. A figura do "intelectual" é responsável pelas áreas temáticas e
abordagens ecléticas, dentro da orientação geral das Humanidades. Essa visão é a
principal responsável pelo estilo ensaístico e pela tradição de pensamento teórico (ou
"teoricista") nas "ciências sociais" e na Ciência Política. Além disso, estabeleceu as
condições culturais para a constituição da Ciência Política, a partir da forte tradição de
pensamento político e pelo foco conferido ao Estado (tanto o fato político como o
conceito). A visão "societalista", oriunda da heteronomia cultural com o campo das
"ciências sociais" e da Sociologia, mantém as fronteiras vagas entre "sociologia política" e
"ciência política", e é responsável pela forte presença da teoria e de abordagens
genuinamente sociológicas no campo de produção da Ciência Política, como a
problemática das classes, das elites sociais e de suas relações com o Estado. Já a visão
relativa à autonomia da Ciência Política, forjada a partir da trajetória e da ação do
"grupo" de cientistas políticos mineiros e cariocas pós-graduados na Flacso e nas
universidades norte-americanas, separa institucionalmente a Ciência Política das
"ciências sociais" e da Sociologia e contribui decisivamente para introduzir no campo de
produção abordagens e áreas temáticas "empiristas" e "politicistas" - variando, neste
caso, entre o "politicismo" de objeto e o "politicismo" de ordem e objeto.

Por fim, coloca-se uma importante questão, a nosso ver ainda não resolvida: se a
autonomia da disciplina depende da autonomia do objeto, como definir e tratar
o "político" na Ciência Política? E, caso não se acredite em sua autonomia, em que
medida faz-se necessária uma ciência da política institucionalmente e profissionalmente
destacada da Sociologia ou de outras ciências humanas?

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OUTRA FONTE

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Recebido em 3 de fevereiro de 2010.


Aprovado em 3 de junho de 2010.

Fernando Baptista Leite (ferngutz@gmail.com) é Mestre em Sociologia pela Universidade


Federal do Paraná (UFPR).
1 "Produção acadêmica" é uma forma específica de produção cultural (BOURDIEU, 2004,
p. 105), própria dos campos acadêmicos. Há vários meios por meio dos quais tal
produção é difundida, em especial, livros, artigos e trabalhos apresentados em
congressos. Por limitações operacionais, restringimo-nos, na primeira etapa, aos artigos
publicados em periódicos.
2 "Contemporâneo" refere-se ao período que vai do início de 2004 ao fim de 2008.
3 Os resultados completos, acompanhados de seu desenvolvimento, ainda serão
publicados. Até que isso ocorra, eles podem ser conferidos em minha dissertação de
mestrado (LEITE, 2010). Nesta, assim como no futuro trabalho, mostramos como a
produção organiza-se e provamos a hipótese dos contínuos "teórico-empírico" e
"politicismo-societalismo", que mencionaremos a seguir.
4 O contínuo "teórico-empírico" é formado pelas seguintes variáveis: (1) a natureza
do objeto estudado (que pode ser empírico, no caso de o objeto consistir em um
"observável direto" ou "indireto" (KAPLAN, 1964, p. 54-55) ou simbólico, no caso de
consistir em constructos mentais ou idéias); (2) a natureza das evidênciasapresentadas
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(que podem ser bibliográficas (textos ou idéias de outros autores) ou empíricas
(quantitativas e/ou qualitativas)). Rotulamos de teoricista o trabalho que apresentar
evidências bibliográficas e abordar um objeto simbólico e de empirista aquele que
apresentar evidências empíricas e abordar um objeto, também, empírico.
5 Refere-se ao conjunto de campos, em uma determinada sociedade, que se orientam
para a produção de bens propriamente simbólicos, sendo regidos por uma lógica não
econômica (em relação à lógica do campo econômico) (BOURDIEU, 1996, p. 168-198;
2004).
6 Um sistema de relações, de trocas de bens simbólicos e/ou materiais e de competição
entre agentes que determinam posições e valores em jogo e que condicionam a prática
desses agentes. Entendemos o termo como um sinônimo de "campo".
7 Quando usamos o termo "Ciência Política", em caixa alta, referimo-nos à disciplina
institucionalizada com este nome. Quando aplicamos o termo "ciência política", em caixa
baixa, referimo-nos ao estudo acadêmico do "político", que pode abarcar várias
disciplinas. Assim, o primeiro refere-se ao que existe e ocorre dentro de fronteiras
institucionais explícitas e o segundo a uma prática generalizada que possui algo em
comum (o estudo do "político"). Utilizamos também as expressões pensamento
político e reflexão política para indicar uma prática generalizada de abordagem erudita do
"político", mas não acadêmica. O mesmo vale para qualquer outra disciplina: Sociologia
para a disciplina institucionalizada, sociologia para a prática acadêmica dedicada ao
estudo da "sociedade" ou dos fenômenos sociais e pensamento social para a abordagem
erudita generalizada e não acadêmica destes. Quando aplicamos aspas em nomes de
disciplinas, ressaltamos o sentido de "o que se chama de". Essas distinções são
importantes, pois, como se verá no próprio caso brasileiro, um campo de ciência política
nem sempre corresponde ao campo de Ciência Política, pois este limita-se aos produtos
vinculados ao arranjo institucional acadêmico que leva esse nome.
8 Farr (1988) apresenta fortes indícios da relação entre maior profissionalização
acadêmica e menor influência política na Ciência Política.
9 "A hipótese de trabalho não é uma adivinhação a respeito do enigma, uma conjetura a
respeito de qual possa ser sua resposta. É uma idéia, não acerca do resultado da
investigação, mas acerca dos passos que seja conveniente dar em seguida. Por meio da
hipótese de trabalho formula-se uma convicção quanto ao curso da investigação,
convicção que, entretanto, não diz, necessariamente, respeito a seu fim último. Podemos
também fazer certas presunções - proposições que não correspondem absolutamente a
uma asserção - com referência à solução ou à situação problemática em si mesma. Uma
presunção é afirmada com o único propósito de testar suas conseqüências (quando
combinada a certos supostos e recursos). [...] Freqüentes vezes, os chamados 'modelos'
consistem, em boa porção, de presunções neste sentido" (KAPLAN, 1964, p. 88).
10 "Corresponde ao que imaginamos seja a verdade no que respeita à questão em foco
e, a partir daí, organizamos a investigação de modo a facilitar a decisão a respeito da
correção da conjetura. [...] Quando a hipótese de pesquisa é comprovada, diz-se que ela
constitui um fato ou uma lei, conforme seja particular ou geral o seu conteúdo.
Alcançamos, literalmente, uma conclusão: a investigação e o processo de deliberação
que desembocam no resultado estão concluídos" (ibidem).
11 Definimos o estilo ensaístico como um subtipo do "estilo acadêmico". Kaplan (idem, p.
259-260) caracteriza este como um estilo mais abstrato e geral que o estilo literário. É
marcado por uma preocupação com aprecisão conceitual, apresentando um uso mais
técnico das palavras, no qual assumem sentidos especiais e formam um vocabulário
técnico, gerando expressões padronizadas que formam "o jargão próprio da disciplina".
Os "materiais" com que se trabalha tendem a ser "ideados", antes de "observacionais",
sendo altamente "teórico", senão "puramente especulativo", partindo de grandes
princípios aplicados a casos específicos que ilustram as generalizações. No estilo erístico
(idem, p. 261), o foco de interesse consiste em provar proposições, e não "demonstrar
possibilidades cognitivas em perspectivas amplas" (que é característica do estilo
acadêmico). No estilo erístico é grande a importância de dados experimentais e da
estatística. Há atenção especial com as relações de dedução, havendo, eminentemente,
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"derivações lógicas estabelecidas a partir de proposições previamente colocadas ou
explicitamente admitidas" (ibidem). Tende-se a distinguir claramente entre enunciados
empíricos, substantivos ou puramente lógicos, e as definições são freqüentes e
geralmente apresentadas de forma explícita. Já o estilo formal é próprio das análises de
matemática pura, apresentando um alto grau de abstração, interessado estritamente nas
relações lógicas estabelecidas, em vez do conteúdo empírico das variáveis.
12 Reconhecemos que a passagem de 'maneira de abordar o objeto' para uma 'ordem de
fatos' não é uma passagem automática, algo que podemos necessariamente deduzir:
ora, há outras maneiras de abordar o objeto. Acreditamos que a 'ordem' seja o elemento
principal por causa de nossa pesquisa histórica, cujos resultados atuais serão
apresentados na seção IV. Rigorosamente, tal importância deve ser provada - o que
acreditamos não ter sido feito no estágio atual da pesquisa.
13 Outra forma de entender a questão, possivelmente mais esclarecedora, seja pensar
no objeto como o conjunto de fatos que constituem "variáveis dependentes" e na ordem
mobilizada para estudá-los como as "variáveis independentes".
14 Sobre a proximidade entre a problemática da "autonomia do político" e abordagens
"politológicas", cf. Forjaz (1997).
15 Não se coloca, contudo, a questão de se esse objeto é realmente autônomo.
Pensamos apenas em avaliar corretamente se ele é tratado ou não como autônomo pelos
cientistas políticos, levando em consideração sua própria visão de ciência política. Foge
aos nossos propósitos julgar se estão certos ou errados na definição e tratamento de seu
objeto.
16 Com isso em mente, seria interessante se os cientistas políticos, nos conflitos acerca
de sua disciplina, indagassem-se se o que estão chamando de "político" é a mesma
coisa, ou seja, se não estão na verdade divergindo em torno da questão do que
é ou deveria ser o objeto de sua atenção (o que vale a pena estudar; o que interessa),
em vez de estarem discutindo problemas teóricos ou metodológicos (como qual é o
método mais adequado ou qual a ordem de fenômenos [econômicos, sociais, psicológicos
etc.] mais relevante).
17 A definição que adotamos difere, portanto, da de Forjaz (1979), em que "politicismo"
indica somente o foco explicativo sobre o "político", sugerindo sua autonomia, não
especificando o objeto (podendo transcender ou não a política institucional) e não
especificando a origem e a direção do fator determinante (se aponta para o próprio
"político" ou para outros espaços sociais).
18 O texto é de 1969.
19 Sobre a relação com a História, v. Jensen (1969); com a Sociologia, Greer (1969) e
Sartori (1969); com a Economia, Mitchell (1969) e Olson (1969).
20 A partir deste ponto, dividiremos o conceito de autonomia-heteronomia em dois
tipos: cultural einstitucional. Um campo autônomo culturalmente em relação a outro é
irredutível aos produtos simbólicos (valores, idéias, teorias, métodos etc.) deste.
Inversamente, se heterônomo, é redutível ou altamente dependente (um importador de
idéias, teorias, métodos etc., por exemplo). Já um campo autônomo institucionalmente
possui um arranjo institucional próprio - podendo, contudo, continuar heterônomo
culturalmente (o inverso, isto é, autonomia cultural e heteronomia institucional, pode ser
possível, mas julgamos improvável). Acreditamos que essa situação acometa em larga
medida a Ciência Política brasileira.
21 Aplicamos o termo "método" no sentido atribuído por Abraham Kaplan: "Métodos são
técnicas suficientemente gerais para tornarem-se comuns a todas as ciências ou a uma
significativa parte delas. Alternativamente, são princípios filosóficos ou lógicos
suficientemente específicos a ponto de poderem estar particularmente relacionados com
a ciência, distinguida de outros afazeres humanos" (KAPLAN, 1964, p. 23).
22 Geralmente conhecido no Brasil como "comporta-mentalismo".
23 Os comportamentalistas viriam, mesmo, a recusar o conceito de "Estado" como uma
abstração sem fundamento empírico. Em seu lugar, passam a falar em "governo" e em
"instituições jurídico-formais" (JENSEN, 1964).
24 Para Lipset (1969) e outros autores, como Almond (1990, p. 13-31), nenhuma
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abordagem logrou êxito nessa empreitada, estando a Ciência Política fragmentada em
abordagens diametralmente opostas, mesmo quanto aos princípios, o objeto e os
objetivos da disciplina. Essa visão predomina entre os cientistas políticos americanos
consultados (RICCI, 1984; EASTON, 1985; SEIDELMAN & HARPHAM, 1985; FARR, 1988;
TOBIN GRANT, 2004).
25 Aliás, no caso brasileiro, a relação com outros campos acadêmicos e com o campo
intelectual é especialmente importante, dada sua institucionalização e diferenciação
relativamente recentes.
26 Entendemos que as fronteiras entre grupos, frações e visões são construções teóricas,
havendo na realidade uma massa de indivíduos e grupos que se assemelham,
aproximam-se, distinguem-se e distanciam-se em função de vários fatores. Nesse caos
aparente, a partir daqueles referenciais, construímos arquétipos de visões e frações, no
sentido de ressaltar alguns dos princípios de divisão correntes no campo.
27 A influência, nesse caso, seria principalmente temática, em vez de teórica,
metodológica ou político-ideológica.
28 Que entendem que os fenômenos políticos são, de alguma forma, um produto de
determinadas idéias, de seus efeitos, de sua ação no mundo etc. e/ou que tomam as
idéias políticas como objeto de estudo.
29 Sobre a proeminência do marxismo na USP, cf. Trindade (2005, p. 90) e
Pécaut apud Trindade (idem, p. 109).
30 Usamos a definição de Kaplan (1964, p. 259-260), sintetizada na nota 11.
31 Referindo-se, neste caso, a um tipo de Sociologia próxima da História ou dos métodos
históricos.
32 O Iuperj tornar-se-ia mais heterogêneo com a criação do mestrado em Sociologia, em
1977, e o doutorado com áreas de concentração em Ciência Política ou Sociologia, em
1980 (REIS, 1993, p. 120).
33 O periódico Brazilian Political Science Review viria a ser criado em 2007; Opinião
Pública, que a nosso ver também poderia ser considerado um periódico estritamente de
Ciência Política, foi criado em 1993.
34 Cebrap em 1969; Ufrgs em 1973 (mestrado em Sociologia e Política); USP em 1974
(mestrado e doutorado em Ciência Política); Cedec em 1976; Idesp em 1980; UFPE em
1982 (mestrado em Ciência Política); Unicamp em 1984 (mestrado em Ciência Política);
UnB em 1984 (mestrado em Ciência Política); UFSC em 1985 (mestrado em Sociologia
Política); UFF em 1994 (mestrado em Antropologia e Ciência Política); UFMG em 1994
(doutorado em Sociologia e Ciência Política); ABCP em 1996; Ufrgs em 1996 (doutorado
em Ciência Política); UFSC em 1999 (doutorado em Sociologia Política); UFRJ em 2001
(mestrado em Ciência Política); UFPE em 2002 (doutorado em Ciência Políitca); UFF em
2006 (doutorado em Ciência Política); UFMG em 2006 (doutorado em Ciência Política);
Ufscar em 2007 (mestrado em Ciência Política); UFPA em 2008 (mestrado em Ciência
Política); UFPR em 2009 (mestrado em Ciência Política); UFPI em 2009 (mestrado em
Ciência Política).
35 Pasquino sugere uma oposição semelhante na Ciência Política italiana, quando sugere
a dependência cultural da Ciência Política em relação à Sociologia como uma das
principais causas da fraqueza das áreas e abordagens que tratam da política institucional
e quando comenta a carreira de Sartori, em que ressalta a relação entre o foco analítico
sobre as instituições políticas e a autonomia da Ciência Política (PASQUINO, 1982, p.
366; ARRUDA, 1995, p. 167). Nesse sentido, dada a heteronomia da Ciência
Política, talvez o 'grupo' mineiro-carioca tenha favorecido a escolha da política
institucional como objeto principal e enfatizado a autonomia desta paraestimular o
processo de autonomização da Ciência Política brasileira (FORJAZ, 1997). Em geral,
acreditamos que posições mais favoráveis à autonomia da Ciência Política tendem a
tomar a política institucional como seu objeto de estudo. Talvez isso também explique a
predileção pelo "neo-institucionalismo" por aqueles mais identificados com uma Ciência
Política autônoma. Aliás, isso é uma possibilidade teórica de nosso esquema teórico, em
que a visão da disciplina depende da definição do objeto e do tratamento dado a ele. Daí,
como as dimensões cultural e institucional estão interligadas na realidade, compondo
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elementos indissociáveis do processo de autonomização, seria natural que pudessem
influenciar-se.
36 Essa divisão manifesta-se, aliás, na própria organização dos programas de pós-
graduação relativos ao objeto "político", os quais se dividem entre "Ciências Sociais",
"Sociologia e Política", "Sociologia Política" e "Ciência Política", deixando mais ou menos
claro o posicionamento da instituição e dos responsáveis pela criação dos respectivos
programas nos contínuos da Ciência Política.
37 Em geral, pela falta de atenção da primeira em relação ao "político" e à política
institucional e à tendência da segunda em entender a política institucional como pouco
relevante (importando a dominação de classe, em que essa não é mais que um
acessório) e o "político" como uma superestrutura, submetida a "níveis" mais
importantes.
38 No início, o "político" era abordado (se é que o era) na cátedra de Direito Público:
sucedendo-o, a cátedra de Política viria a ser criada em 1940 - vindo a ser ocupada por
Paul Arbousse-Bastide, um sociólogo durkheimiano (QUIRINO, 1994, p. 339-340;
TRINDADE, 2005, p. 88). A respeito da orientação teórica de Arbousse-Bastide e da
hegemonia da tradição durkhemiana na Sociologia e na Etnologia francesas, importada
para o curso de Ciências Sociais da USP por meio da missão francesa, cf. Quirino (1994)
e Peixoto (2001, p. 497-501).
39 Sobre os objetivos do ISEB, em especial sua orientação de produção de estudos
teóricos com vistas à aplicação por vias políticas, em vez de formar um quadro de
profissionais em ciências sociais, consultar a entrevista de Hélio Jaguaribe concedida a
Hiro Barros Kumasaka e Luitgarde Barros (KUMASAKA & BARROS, 1988b, p. 10-11, 19)
e seu balanço crítico da história e da produção isebiana, em Jaguaribe (1979).
40 Sobre as causas da formação de uma iniciativa comprometida com a autonomização
acadêmica das "ciências sociais" na USP, cf. Miceli (2001).
41 Os dados que suportam essa proposição serão apresentados, em breve, em um
próximo trabalho, dedicado à análise estatística da produção acadêmica da Ciência
Política brasileira de 2004 a 2008. Por enquanto, pode-se consultar o primeiro capítulo de
minha dissertação de mestrado (LEITE, 2010).
42 Os seguintes acadêmicos são as referências do "grupo" mineiro-carioca do "eixo"
UFMG-Iuperj: Wanderley Guilherme dos Santos, Fábio Wanderley Reis, Bolívar
Lamounier, Antonio Octávio Cintra, Simon Schwartzman, Amaury de Souza, Edmundo
Campos Coelho, Eli Diniz, Olavo Brasil de Lima Jr., Renato Boschi, Teotonio dos Santos,
Vinicius Caldeira Brandt, Herbert José de Souza, Ivan Ribeiro, Élcio Saraiva, Maurício
Cadaval, José Murilo de Carvalho e Vilmar Faria. Os mineiros são maioria, em número de
acadêmicos.
43 A proeminência dessas disciplinas pode ser atribuída ao objetivo inicial do curso, de
formar elites técnicas para compor cargos administrativos em instituições do Estado. Cf.
Arruda (2001, p. 207-303).
44 Sobre as afinidades entre a abordagem representada por Orlando de Carvalho e o
"neo-institucionalismo", cf. Lamounier (1982, p. 417-418). Aliás, o "acerto de contas" de
Bolívar Lamounier com a obra de Orlando de Carvalho é compreensível, já que ele seria
um dos mineiros a aderir a abordagens institucionalistas (seria, mesmo, um dos seus
pioneiros no Brasil) e a fazer estudos partidários e institucionais, à medida que passasse
a opor-se ao "societalismo" marxista.
45 Os trabalhos publicados pelo próprio grupo de Orlando, aliás, parecem ter chamado a
atenção do grupo mineiro à importância da política institucional (ARRUDA, 2001, p. 329;
LAMOUNIER, 1982, p. 415-416)
46 Elementos da formação sociológica dos mineiros podem ser conferidos na entrevista
de José Murilo de Carvalho concedida a Oliveira, Ferreira e Castro (1998), de Gláucio Ary
Dillon Soares concedida a Gomes e D'Araujo (2008), e em Arruda (2001, p. 356-360).
47 Bolívar Lamounier faz uma curiosa observação, sugerindo que, não fosse o conflito
profissional oriundo da competição entre a Faculdade de Direito e a de Economia e
Administração, provavelmente o grupo de cientistas políticos mineiros seria um grupo de
advogados (FORJAZ, 1997, p. 16).
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48 Veja-se, por exemplo, o caso do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea
(Cedec), um centro de pensamento de caráter fortemente de esquerda, criado e
sustentado com o financiamento da Ford.
49 Periódico publicado entre 1961 e 1966 pela Faculdade de Economia e Administração
da UFMG. Em 1986, a Associação de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais
(Anpocs) passaria a publicar um periódico com o mesmo nome.
50 Simon Schwartzman (em 1970), José Murilo de Carvalho (em 1978), Renato Boschi
(1976), Elisa Reis (1980), Olavo Brasil de Lima Jr., Bolívar Lamounier, Edmundo Campos
Coelho e Eli Diniz. Wanderley Guilherme dos Santos, carioca, seria um dos maiores
responsáveis pelo estabelecimento do Iuperj, em que também lecionariam Carlos Alfredo
Hasenbalg e Gláucio Ary Dillon Soares.
51 Ao que parece, a predileção quantitativa é mais forte naqueles acadêmicos que se
pós-graduaram na Flacso.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE: JURISPRUDÊNCIA DO STF

Paulo Vitor Jasckstet


Bárbara Rodrigues Peçanha Araújo
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O presente artigo busca fazer uma análise do controle de constitucionalidade adotado pelo
Supremo Tribunal Federal frente a casos emblemáticos enfrentados pela Corte, como foi o
caso dos Royalties, por meio do Mandado de Segurança impetrado por Luiz Fux.

1. INTRODUÇÃO
O controle de constitucionalidade representa um dos temas mais importantes do
constitucionalismo moderno, sendo de suma importância o seu estudo e o aprofundamento
acerca do tema, uma vez que a Jurisprudência do Direito Constitucional, ou seja, as decisões
proferidas pelo STF dizem respeito à atividade de controle da Constituição, tendo em vista à
proteção do disposto na Carta Magna. Nesse sentido, ao se trabalhar a questão do controle
preventivo de constitucionalidade no Brasil, vê-se que existe uma hipótese clássica para tal
controle, percebe-se que o controle feito pelo poder judiciário via de regra é um controle
repressivo, em que só se trabalha a possibilidade de retirada de uma norma do ordenamento
jurídico por inconstitucionalidade, uma vez que ela não está promulgada. Observam-se,
inclusive, precedentes mostrando que em ADI’s não há nem interesse de agir, é ação extinta
sem resolução de mérito, se ela é proposta antes do encerramento do trâmite do processo
legislativo. Mas, existe uma hipótese no nosso ordenamento em que isso é admitido, e já há
bastante tempo, que é o controle preventivo de constitucionalidade de emenda tendente a
abolir cláusula pétrea.

É mister fazer uma análise do mandado de segurança impetrado pelo Ministro Fux,
com relação à sua intervenção no âmbito do processo legislativo, interferindo em uma questão
interna corporis, e exigindo que haja um julgamento em ordem cronológica de todos os vetos
que o Poder Legislativo ainda não apreciou, antes que se toma alguma decisão com relação ao
veto da Presidente Dilma sobre os royalties do petróleo, por mais que seja uma questão mais
urgente e de uma importância mais acentuada.

2. DESENVOLVIMENTO

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Antes mesmo de analisar a decisão do Ministro Fux em si, faz-se importante realizar
uma pequena digressão na história jurisprudencial do STF, especialmente porque a questão
suscitada pelo Ministro já foi, anteriormente discutida pelo próprio tribunal, que teceu certo
entendimento sobre o assunto em pauta. A questão do controle preventivo de projeto de
emenda constitucional em mandado de segurança já foi analisada pelo STF, tendo em vista a
Constituição de 1967/69, através do Mandado de Segurança 20.257, proposto pelo Senador
Itamar Franco, onde o tribunal entendeu admissível a impetração de mandado de segurança
contra ato da Mesa da Câmara ou do Senado Federal, asseverando-se que quando “a vedação
constitucional se dirige ao próprio processamento da lei ou da emenda (...), a
inconstitucionalidade (...) já existe antes de o projeto ou de a proposta se transformarem em
lei ou em emenda constitucional, porque o próprio processamento já desrespeita,
frontalmente, a Constituição” [1].

Atualmente, a jurisprudência do Tribunal está pacificada no sentido de que “o parlamentar


tem legitimidade ativa pata impetrar mandado de segurança com a finalidade de coibir atos
praticados no processo de aprovação de leis e emendas constitucionais que não se
compatibilizam com o processo legislativo constitucional” [2].

Também aqui se afigura evidente que se cuida de uma utilização especial do mandado de
segurança, não exatamente pata assegurar direito líquido e certo de parlamentar, mas para
resolver peculiar conflito de atribuições ou "conflito entre órgãos".

Esse entendimento vem sendo seguido pelo Tribunal em diversos precedentes, o que
demonstra que se adota controle preventivo de constitucionalidade, na modalidade incidental
ou concreta. Trata-se de uma situação excepcional de controle preventivo de caráter judicial.

O MS 20.257 marcou no STF uma admissibilidade extremamente restritiva de possibilidade


em que você carregue o processo legislativo para dentro da jurisdição constitucional. Com
relação a esse caso o entendimento do STF foi de que era uma hipótese restritíssima em que o
próprio texto constitucional não só não admitia a tramitação de processo legislativo ou de
emenda constitucional, mas sequer admitia o debate parlamentar sobre tentativas de mudanças
das cláusulas pétreas, e que nesse sentido, então, teria dado aos parlamentares a possibilidade
de impetrar mandado de segurança no STF com vistas a impedir a tramitação desse processo.
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Alguns autores defendem que é necessário que o processo legislativo evolua em termos de
racionalidade, que a gente comece a criar um devido processo legislativo, e para isso seria
importante que a jurisdição constitucional fosse jogada para dentro do processo legislativo.
Há outros que defendem que não dá para querer se atribuir ao processo legislativo a mesma
racionalidade que se espera e não se alcança com o processo judicial.

Hoje o STF tem uma visão um pouco mais aberta. O Mandado de Segurança para parlamentar
não é só para impedir tramitação de emenda constitucional tendente a abolir cláusula pétrea,
mas também para fazer muitas vezes um controle qualificado do processo legislativo em si,
seja o processo legislativo sancionador, por exemplo o processo administrativo ou tendente a
causar punição a parlamentar, seja o processo legislativo normal. E muitas vezes o que o STF
vai averiguar nesse mandado de segurança é se há violação à norma constitucional decorrente
da aplicação do regimento interno, e aí vai criar um devido processo legislativo, superando
um dogma antigo que é da intangibilidade das questões interna corporis das casas legislativas
no que diz respeito ao controle do poder judiciário. Sendo importante a indagação a respeito
de haver ou não essa intangibilidade.

A jurisprudência foi assim firmada porque a inconstitucionalidade, se ocorrente, já existe


antes de o projeto ou de a proposta se transformar em lei ou em emenda constitucional, pois o
próprio processamento já desrespeita, frontalmente, a Constituição. A legitimidade ativa do
parlamentar advém de direito subjetivo decorrente da função, assim como existe o mandado
de segurança que pode ser interposto por câmara de vereadores contra prefeito. Como o
mandado de segurança é instrumento para resguardar direito líquido e certo que seja negado
ou ameaçado, considera-se que os cidadãos não parlamentares não sofrem ameaça concreta a
direito individual, particularizado em sua pessoa, durante o processo de aprovação da norma,
o que os impossibilita de impetrar mandado de segurança em tais casos.

A discussão sobre a suscitação de inconstitucionalidade de atos praticados no processo de


aprovação de lei ou emenda constitucional veio novamente a debate no último ano, mas agora
quanto a questões de regimento interno da casa legislativa:

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Lei que alterou a sistemática de divisão dos royalties do petróleo teve alguns dispositivos
vetados pela Dilma. Após o veto, deve ser feita uma nova deliberação pelo Congresso.
Acontece que há 3 mil vetos pendentes, então parlamentares do Rio de Janeiro (talvez por
estarem em posição que a mora na deliberação os favoreça) impetraram um mandado de
segurança perante o STF para que a votação ao veto à lei dos royalties só fosse realizada
depois que votassem os outros 3 mil pendentes, pois estão querendo votá-lo antes, de forma
incompatível com as disposições internas que disciplinam o processo legislativo.

Fux concedeu a liminar desse mandado de segurança, determinando que os vetos devam ser
analisados em ordem cronológica. Fux aduziu, sobre a possibilidade de análise judicial sobre
as disposições internas do Congresso: "É paradoxal que, em um Estado Democrático de
Direito, ainda existam esferas de poder imunes ao controle jurisdicional".

O ministro Luiz Fux esclareceu a decisão proferida no início da semana, suspendendo a


apreciação do veto presidencial ao projeto que redistribui os royalties do petróleo. “Minha
decisão limitou-se a suspender a votação do veto dos royalties antes que os 3.000 vetos
pendentes fossem apreciados”, disse o ministro.

Segundo Fux, “a decisão não se referiu à votação de outras matérias, como, por exemplo, a
votação do Orçamento, para as quais a pauta não está trancada judicialmente”.

Ainda de acordo com o ministro “qualquer outra interpretação é de exclusiva responsabilidade


dos membros do Congresso”.

Porém, parlamentares do Espírito Santo (que têm objetivo semelhante aos parlamentares do
RJ - fazer com que o veto à lei dos royalties não seja votado tão rápido) impetraram um novo
mandado de segurança, também com pedido liminar, pois, segundo a notícia do site do
próprio STF, alegam que após a decisão liminar do Fux "foi engendrado um verdadeiro
contorcionismo" consistente na análise dos 3 mil vetos em uma só sessão e queriam combater
tal ato.

Outro ponto para analisar junto com esse MS diz respeito à decisão do Min. Fux, que deferiu
o pedido de liminar do MS 31816, entendendo que a CF, no art. 30, impõe que o Senado
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analise os vetos em ordem cronológica. Na decisão, "o ministro Luiz Fux entende ainda que a
alegação de que se trata de matéria interna corporis (de interesse apenas do próprio órgão) não
deve impedir a análise judicial da questão debatida. A liminar foi deferida para impedir que o
Congresso delibere acerca do veto parcial antes que analise, em ordem cronológica da
respectiva comunicação ao Congresso Nacional, todos os vetos pendentes com prazo
constitucional já expirado, observadas as regras regimentais pertinentes.

Outro fato importante é que, se no primeiro julgado apenas os parlamentares podiam se


imiscuir num assunto interna corporis, por que no segundo o Judiciário pode intervir? Uma
pergunta mais ampla se destaca a partir desse questionamento, qual é a abrangência da
jurisdição constitucional, ou seja, qual o poder de gerência do STF sobre os outros Poderes
sob o discurso de "Guardião da Constituição". Diante disso tudo, há se questionar acerca da
invasão de competência alheia, e, mais importante, como ver a separação dos poderes diante
disso tudo.

O novo MS foi para Lewandowski, que considerou não caber ao judiciário interferir nesse
tipo de questão, que é interna corporis do Congresso, então indeferiu a liminar (o ponto
crucial é que ele diverge da posição de Fux, o qual considera que cabe, sim, ao judiciário,
analisar tais questões). Lewandowski afirma que: “o regime republicano partilha o poder, de
forma horizontal, entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, que são independentes e
harmônicos entre si”. E invoca “remansosa jurisprudência” do STF no sentido de que as
matérias relativas à interpretação de normas regimentais do Congresso Nacional revestem-se
de natureza interna corporis, ou seja, devem ser resolvidas exclusivamente no âmbito do
Poder Legislativo”.

Faz-se importante aqui transpor o voto dado pelo ministro Lewandowski:

Como se sabe, a jurisprudência deste Tribunal firmou-se no sentido de que os membros das
Casas Legislativas do Congresso Nacional – e somente eles – possuem legitimidade para
impetrar mandado de segurança objetivando a defesa de seu direito público subjetivo à
participação de um devido processo legislativo constitucional.

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Isso porque, na linha desse entendimento, o parlamentar faz jus a não ver processada ou
submetida à deliberação proposição legislativa que incorra nas hipóteses em que o próprio
Texto Constitucional impõe óbices ao seu prosseguimento, pois, nesses casos, “a
inconstitucionalidade (…) já existe antes de o projeto ou de a proposta se transformar em lei
ou em emenda constitucional, porque o próprio processamento já desrespeita, frontalmente, a
Constituição” (MS 20.257/DF, Rel. Min. Moreira Alves).

Reproduzo, por oportuno, a ementa do julgamento proferido no MS 24.642/DF, Rel. Min.


Carlos Velloso:

“CONSTITUCIONAL. PROCESSO LEGISLATIVO: CONTROLE JUDICIAL.


MANDADO DE SEGURANÇA.

I. - O parlamentar tem legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança com a


finalidade de coibir atos praticados no processo de aprovação de leis e emendas
constitucionais que não se compatibilizam com o processo legislativo constitucional.
Legitimidade ativa do parlamentar, apenas.

II. - Precedentes do STF: MS 20.257/DF, Ministro Moreira Alves (leading case), RTJ
99/1031; MS 21.642/DF, Ministro Celso de Mello, RDA 191/200; MS 21.303-AgR/DF,
Ministro Octavio Gallotti, RTJ 139/783; MS 24.356/DF, Ministro Carlos Velloso, 'DJ' de
12.09.2003.

III. - Inocorrência, no caso, de ofensa ao processo legislativo, C.F., art. 60, § 2º, por isso que,
no texto aprovado em 1º turno, houve, simplesmente, pela Comissão Especial, correção da
redação aprovada, com a supressão da expressão 'se inferior', expressão dispensável, dada a
impossibilidade de a remuneração dos Prefeitos ser superior à dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal.

IV. - Mandado de Segurança indeferido” (grifei).

Transcrevo, também por relevante, trecho da decisão proferida pelo Min. Celso de Mello nos
autos do MS 26.712/DF-MC-ED:
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“(...) A possibilidade extraordinária dessa intervenção jurisdicional, ainda que no próprio
momento de produção das normas pelo Congresso Nacional, tem por finalidade assegurar, ao
parlamentar (e a este, apenas), o direito público subjetivo - que lhe é inerente (RTJ 139/783) -
de ver elaborados, pelo Legislativo, atos estatais compatíveis com o texto constitucional,
garantindo-se, desse modo, àqueles que participam do processo legislativo (mas sempre no
âmbito da Casa legislativa a que pertence o congressista impetrante), a certeza de observância
da efetiva supremacia da Constituição, respeitados, necessariamente, no que se refere à
extensão do controle judicial, os aspectos discricionários concernentes às questões políticas e
aos atos 'interna corporis' (RTJ 102/27 – RTJ 112/598 - RTJ 112/1023).

Titulares do poder de agir em sede jurisdicional, portanto, tratando-se de controvérsia


constitucional instaurada ainda no momento formativo do projeto de lei ou da proposta de
emenda à Constituição, hão de ser os próprios membros do Congresso Nacional, a quem se
reconhece, como líquido e certo, o direito público subjetivo à correta observância da
disciplina jurídica imposta pela Carta Política em sede de elaboração das espécies normativas.
O parlamentar, fundado na sua condição de co-partícipe do procedimento de formação das
normas estatais, dispõe, por tal razão, da prerrogativa irrecusável de impugnar, em juízo, o
eventual descumprimento, pela Casa legislativa, das cláusulas constitucionais que lhe
condicionam, no domínio material ou no plano formal, a atividade de positivação dos atos
normativos. (...)” (grifos no original)

No entanto, tenho que esta impetração não merece seguimento.

Apesar de reconhecer a possibilidade de controle judicial do processo de elaboração dos atos


normativos, quando ocorre desrespeito às regras constitucionais, o STF tem se manifestado no
sentido de que o controle judicial não abrange os atos interna corporis, sob pena de ofensa ao
princípio da separação dos Poderes.

Desta forma, se a controvérsia versar sobre a interpretação de norma meramente regimental


(as normas regimentais são o maior exemplo de atos interna corporis), sem qualquer projeção
específica no plano do direito constitucional, torna-se inviável a possibilidade jurídica de

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qualquer atuação do Poder Judiciário, eis que proibido de interferir na intimidade dos demais
Poderes da República.

A correção ou controle de atos exclusivamente regimentais escapam ao controle judicial,


quando inexistente situação configuradora de transgressão da ordem constitucional. Isto
porque o princípio acima referido - muitas vezes tratado como um dogma da separação dos
Poderes - inibe a possibilidade de intervenção jurisdicional dos magistrados e tribunais na
indagação dos critérios interpretativos dos preceitos regimentais orientadores da resolução
emanada dos órgãos de direção das Casas do Congresso Nacional.

Assim, tratando-se de matéria sujeita à exclusiva esfera de interpretação de "normas de


regimento legislativo imune à crítica judiciária, circunscrevendo-se no domínio interna
corporis" (RTJ n.112/1023, Rel. Min. Francisco Rezek).

Mais ainda, afirma o STF (MS 23.920/DF, Rel. Min. Celso de Mello) que a interpretação
incidente sobre normas de índole meramente regimental, por se qualificar como típica matéria
interna corporis, suscita questão que se deve resolver exclusivamente no âmbito do Poder
Legislativo, sendo vedada sua apreciação pelo Poder Judiciário.

Entretanto, segundo o ministro Ricardo Lewandowski, este não é o caso do MS impetrado


pelo senador e pelos deputados federais do Espírito Santo e do Rio de Janeiro. “Tenho que
esta impetração não merece seguimento”, observou ele. “Isso porque, a meu sentir, os
impetrantes não lograram êxito em demonstrar de que forma o ato impugnado nesta via
mandamental (MS) afrontou os procedimentos legislativos previstos na Carta da República, o
que, como já mencionado, autorizaria a excepcional intervenção do Poder Judiciário”.

De acordo com o ministro, em sua impetração, os parlamentares partiram da premissa de que


a redução dos royalties devidos aos estados produtores para destinação a estados não
produtores violaria a autonomia daqueles e, por decorrência, constituiria afronta ao princípio
federativo, inscrito no artigo 60, parágrafo 4º, inciso I, da Constituição.

Mas, segundo o ministro Lewandowski, “da simples leitura da Carta Maior depreende-se que
o limite constitucional imposto ao legislador derivado previsto em seu artigo 60, parágrafo 4º,
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que impediria, inclusive, a própria tramitação do processo legislativo em curso, diz respeito
tão somente a propostas de emenda ao texto constitucional”. No caso presente, entretanto,
conforme observou o relator, trata-se de “mero projeto de lei, não havendo falar, pois, de
aplicação do referido preceito à espécie”.

Em apoio de sua decisão, o ministro citou decisão da Suprema Corte no julgamento do MS


24138, relatado pelo ministro Gilmar Mendes, em que ficou assentado que não existe, no país,
o controle judicial preventivo de constitucionalidade de lei. Este, segundo jurisprudência do
STF, somente pode ser exercido depois de editada a lei ou emenda à Constituição.

Por fim, o ministro observou que “em face dos estreitos contornos que caracterizam este
remédio constitucional (o MS), é imperativo que se demonstre, de maneira incontroversa, a
certeza e a liquidez do direito pleiteado, sob pena de incognoscibilidade do writ (processo). E
isso, segundo ele, não ocorreu no mandado de segurança apresentado. Nesse sentido, ele citou
decisão do STF no julgamento do MS 28882, relatado pelo ministro Gilmar Mendes.

3. CONCLUSÃO

Hodiernamente é muito comum que se estude a exaustão constitucional e deixe de lado o


legislativo, conforme pode se perceber no livro de Jeremy Waldron chamado “A dignidade da
legislação”, levando-nos até a ter uma percepção negativa em relação ao legislativo.

Não se está dizendo que se tem que abandonar o judiciário e louvar o legislativo, mas sim
que também é preciso perder um tempinho para estudar o poder legislativo. E essa decisão do
Ministro Fux é importante porque leva a gente a perceber muitas vezes o que acontece quando
o judiciário entra muito dentro das entranhas do legislativo.

Agora só para dar um pouco de uma revisão dogmática sobre isso, quando o STF decidiu que
cabia mandado de segurança pelos parlamentares para discussão sobre a possibilidade de
tramitação de emenda constitucional tendente a abolir cláusulas pétreas, foi um raciocínio
bastante torto. O motivo pelo qual se pode afirmar isso é em que consiste a legitimidade que
um parlamentar tem que um cidadão comum não tem que o legitima a entrar com mandado de
segurança sobre isso, se o interesse de agir é a tutela do texto constitucional? Então, na prática
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o que se permite é um controle de constitucionalidade extremamente poderoso, que pode
muitas vezes ficar na mão de um parlamentar, e pode travar todo o Congresso Nacional.
Exemplo claro foi o do Ministro Fux em que dois parlamentares entraram com mandado de
segurança e pararam uma deliberação. Tal assunto suscita diversos questionamentos, entre
eles, será que é legítimo e viável apresentar um mandado de segurança que visa a essa
finalidade: parar uma determinada deliberação que está ocorrendo no Legislativo. Quando se
está falando de ADPF foi mencionado que o Ministro Gilmar tem uma proposta de que esse
tema seja afeto à ADPF, porque a ADPF tem uma profundidade de cognição muito maior.
Mandado de Segurança não admite produção de prova, a rigor não deveria admitir a
participação de amicus curiae, embora admita na realidade, não pode se fazer audiência
pública e, mais do que isso, você vulgariza demais a política, porque você faz com que um
parlamentar só consiga se sobrepor à vontade de todo o restante do parlamento. E diversas
vezes com a percepção de que em muitos casos é necessário que o processo legislativo tenha a
mesma racionalidade que o processo judiciário, o que não é bem assim. O Ministro Jobim
sempre falava que os dispositivos dos regimentos internos das Casas Parlamentares servem
para o dissenso. Com o consenso, passa-se por cima. Então, pode-se levar isso com uma
racionalidade pura e simples para o processo legislativo.

Portanto, pode-se concluir, a respeito da discussão da questão do caráter interna corporis que
é possível o controle judicial do processo de elaboração das espécies legislativas, desde que
instaurado por um dos membros do Congresso, em sede de Mandado de Segurança perante o
STF, sendo que esse controle não alcança os atos interna corporis, proferidos nos limites da
competência dos órgãos legislativos, com eficácia interna, ligados à continuidade e disciplina
dos trabalhos, sem que se alegue afronta formal à Constituição, exceto quando causarem lesão
ou ameaça de direito constitucionalmente assegurado.

4. BIBLIOGRAFIA

Curso de Direito Constitucional. MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires;


BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. São Paulo: Saraiva, 2007;
MS 20.257, Rel. Moreira Alves, RTJ, 99 (3)/1040.
MS 31.816, Rel. Luiz Fux, MC/DF, 17/12/2012.
[1] MS 20.257, Rei. Moreira Alves, RTJ, 99 (3)/1040.

[2] MS 24.642, Rei. Carlos Velloso, DJ de 18-6-2004;MS 20.452/DF, Rei. Aldir Passarinho,

RTJ, 116 (l)/47; MS 21.642/DF, Rei. Celso de Mello, RDA, 191/200; MS 24.645/DF, Rei.
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Celso de Mello, DJ de 15-9-2003; MS 24-593/DF, Rei. Maurício Corrêa, DJ de 8-8-2003;

MS 24.576/DF, Rei. Eilen Gracie, DJ de 12-9-2003; MS 24.356/DF, Rei. Carlos Velloso,

DJ de 12-9-2003.

Sur. Revista Internacional de Direitos Humanos


versão impressa ISSN 1806-6445

Sur, Rev. int. direitos human. vol.6 no.10 São Paulo jun. 2009

http://dx.doi.org/10.1590/S1806-64452009000100005

Adoção internacional como medida de último recurso na


África: promover os direitos de uma criança ao invés do
direito a uma criança

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Benyam D. Mezmur

RESUMO

A crescente popularidade das adoções internacionais não é algo recente. Recente,


entretanto, é a atração que, cada vez mais, crianças africanas têm despertado em
potenciais pais adotivos que vivem em outras partes do mundo, como exemplificado
pelas adoções de Angelina Jolie e Madonna. As opiniões sobre a adoção internacional
estão divididas entre a necessidade e conveniência desta prática, mas a visão que a
considera uma panacéia para crianças sem pais e pais sem filhos prevalece. Por outro
lado, alguns países têm se mostrado resistentes à retirada de crianças do Terceiro Mundo
de seus ambientes familiares para serem alocadas em casas fora de seu país natal –
prática entendida como "imperialista". Atualmente, a idéia a qual a adoção internacional
está ligada é a de que esta seria uma medida de último recurso, mas pesquisas sobre
qual o seu verdadeiro significado (ou qual deveria sê-lo), e quais as suas implicações
para a política de bem-estar da criança e para a legislação africana são difíceis de
encontrar. Este artigo pretende contribuir para o preenchimento desta lacuna.

Palavras-chave: Adoção internacional – Princípio da Subsidiariedade – Medidas de


Último Recurso – Direito da Criança – África.

1. Introdução

A crescente popularidade da adoção internacional, desde sua introdução no cenário legal


internacional após a II Guerra Mundial, não é recente. Recente, entretanto, é crescente o
interesse que crianças africanas têm despertado em potenciais pais adotivos que vivem
em outras partes do mundo. Dentre outros fatores, não há dúvidas que esse recente
interesse tenha sido incentivado pelo aumento da cobertura midiática que continua a
sensacionalizar as condições de abandono e dos orfanatos de crianças africanas, notícias
apresentadas ao público de todo o mundo, seguidas de informações sobre as últimas
adoções internacionais com visibilidade na região. Logo, as adoções internacionais de
Angelina Jolie (da Etiópia) e Madonna (de Malauí) vêm à mente.

As opiniões sobre a necessidade e moralidade da adoção internacional são divergentes.


Entretanto, a visão que considera a prática uma panacéia para crianças sem pais e pais
sem filhos prevalece. A adoção internacional como oportunidade de resgatar crianças de
vidas destituídas é a percepção de muitos. Entretanto, a necessidade de alocar crianças
do Terceiro Mundo privadas de seu ambiente familiar em casas fora de seus países
nativos encontrou alguma resistência de seus Estados de origem, que consideram tal
procedimento uma prática "imperialista." Alguns países africanos decidiram restringir a
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adoção internacional para certas situações severamente definidas1 e, nos mais extremos,
prevaleceu a preferência pela proibição da adoção internacional como um todo2.

Enquanto está em curso o debate a favor e contra a prática, o entendimento legal que
tem surgido é de que a adoção internacional deve ser usada como medida de último
recurso. O Comitê dos Direitos da Criança (Comitê CRC, sigla em inglês) reafirmou essa
posição ao concluir que "a adoção internacional deve ser considerada à luz do Artigo 21,
especificamente como medida de último recurso." (COMITÊ CRC, 2004, §47).
Organizações influentes como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) coincidem com essa
posição. De acordo com um dos princípios fundamentais que sustentam a prática da
adoção internacional – o princípio de subsidiariedade – a adoção internacional é prevista
apenas quando estabelecido que não há disponível nenhuma família substituta ou outro
ambiente de cuidado no país de origem da criança.

Embora tenha se tornado um lugar comum dizer que a adoção internacional deve ser
entendida como medida de último recurso, o que realmente isto significa (ou deveria
significar) e quais são suas implicações nas políticas e leis de bem estar da criança na
África são assuntos raramente pesquisados, sobre os quais existem poucas informações.
Esse artigo é uma modesta tentativa de contribuir para o preenchimento dessa lacuna.
Com esse propósito, vários tópicos apresentam-se para serem comentados: a adoção
internacional deveria ser categoricamente uma medida de último recurso? O que afinal
significa último recurso? Levando em conta o contexto sócio-econômico e cultural, cabe
questionar como o "último recurso" deve ser compreendido e implementado no
continente africano? Os membros da família biológica (pais e/ou família estendida)
podem invocar o requisito de último recurso para repudiar a adoção internacional mesmo
quando estiver claro que não é do melhor interesse da criança permanecer com a família
biológica? Possíveis pais dos países de origem da criança podem invocar o requisito do
"último recurso" para conseguir preferência categórica sobre, e acima qualquer
perspectiva, de pais adotivos estrangeiros? Países africanos podem resistir a qualquer
adoção internacional sob a alegação da força da identidade cultural do país de origem da
criança? Sem nenhuma ordem específica, esse artigo tenta abordar esses tópicos.
Acompanhado por recomendações preliminares, uma sessão conclusiva resume o
trabalho.

2. Estrutura jurídica internacional

Sob o direito internacional, nem a Declaração dos Direitos da Criança de 1924 nem a de
1959, determinaram condições claras para o princípio de subsidiariedade no contexto de
cuidado alternativo para crianças privadas de seu ambiente familiar3. Entretanto, os três
instrumentos que fazem da adoção internacional tema de legislação internacional de
direitos humanos têm cláusulas ligadas ao princípio de subsidiariedade, incluindo a
adoção internacional. Esses instrumentos são a Convenção sobre os Direitos da Criança
(CDC), a Carta Africana dos Direitos e Bem Estar da Criança (ACRWC, sigla em inglês), e
a Convenção de Haia Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de
Adoção Internacional (Convenção de Haia).

Como identificado pelo Comitê CRC, os chamados "quarto pilares" da CDC conferem às
crianças o direito à não discriminação; direito a ter seus melhores interesses como
"consideração primária" em todas as ações relacionadas a elas; o direito inerente à vida;
e o direito daquela criança "que é capaz de formar seu próprio ponto de vista [...] a
expressar sua opinião livremente sobre todos os aspectos que afetem a criança." (CDC,
Art. 12). De acordo com o Artigo 21, a CDC procura assegurar, entre outras coisas, o uso
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padrão do princípio de "melhor interesse da criança". Na verdade, é válido notar que a
adoção é a única esfera amparada pela CDC na qual o melhor interesse da criança deve
ser a principal consideração4. A CDC considera apropriada a adoção internacional apenas
quando "a criança não pode ser colocada em uma família adotiva ou não pode, de
maneira alguma, ser amparada em seu país de origem." (CDC, Art. 21(b)). Também
existem outras garantias que a CDC não endereça diretamente à adoção, mas que ainda
assim possuem importantes implicações para a adoção internacional5. A CDC foi
ratificada por 193 Estados6.

No contexto Africano, a CDC é complementada pela ACRWC7. O Artigo 24 da ACRWC lida


com o tema da adoção internacional. A comparação entre o Artigo 24 da ACRWC e o
Artigo 21 da CDC destaca fortes semelhanças e poucas diferenças entre eles. É suficiente
para o propósito desse artigo mencionar que a ACRWC indica explicitamente que a
adoção internacional é uma medida de "último recurso". A ACRWC recebeu a ratificação
de 45 países.

A Convenção de Haia é o tratado mais diretamente aplicável na esfera da adoção


internacional. Ela afirma em seu preâmbulo que seus signatários "reconhecem que a
criança, para o desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, deve
crescer em um ambiente familiar, em uma atmosfera de alegria, amor e compreensão".
O preâmbulo também afirma que, para a criança que não pôde permanecer com sua
família de origem, a "adoção internacional pode oferecer as vantagens de uma família
permanente para aquelas crianças que não se pôde encontrar uma família adequada em
seu Estado de origem." De relevância mais direta para a hierarquia da adoção
internacional, dentro das opções de cuidado para as criança privadas de seu ambiente
familiar, temos o Artigo 4(b), que afirma que:

Uma adoção no escopo da Convenção pode acontecer apenas se as autoridades


competentes do Estado de origem; b)determinarem que, depois que outras
possibilidades de alocar a criança em seu Estado de origem foram levadas em
consideração, uma adoção internacional seja do melhor interesse da criança.
(CONVENÇÃO DE HAIA).

Mesmo que a CDC e a ACRWC tratem sobre a adoção internacional, esses instrumentos
parecem ter uma visão bastante limitada e não muito clara de quando essa adoção é
apropriada. Entretanto, é importante mencionar a compatibilidade da CDC e da ACRWC
com a Convenção de Haia, que dá preferência a adoção no país de origem frente a
adoção internacional. Contudo, a preferência justificada pela CDC e pela ACRWC para
lares adotivos temporários no país de origem [no original, in-country foster care] e para
a institucionalização frente a adoção internacional é mais controversa, e parece estar em
contradição com a Convenção de Haia.

3 Análise da adoção internacional como medida de último recurso

Visto que, sob o direito internacional, crianças privadas da convivência de suas famílias
devem se beneficiar de cuidado alternativo, como (para citar relevantes dispositivos da
CDC) "lares adotivos temporários, kafalah da legislação Islâmica, adoção ou, se
necessário, o encaminhamento para uma instituição adequada" (CDC, art. 20(3)), a
hierarquia a ser seguida e o lugar onde a adoção internacional deve figurar dentre essas
opções continuam pouco claros. Por exemplo, é a adoção internacional ou o
encaminhamento da criança aos cuidados de uma instituição que deverá ser considerada
como medida de "último recurso"? O que pode e deve realmente significar "último

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recurso" para o melhor interesse da criança? A adoção doméstica deve sempre ter
preferência sobre as outras opções de cuidado?

Tento em vista a diferente hierarquia entre as opções de cuidados alternativos conferidos


à adoção internacional na implementação do princípio da subsidiariedade sob a CDC e a
ACRWC de um lado, e a Convenção de Haia do outro, uma posição legal e finalmente
capaz de promover os melhores interesses da criança africana através da adoção
internacional deve ser encontrada.

3.1. Desdobramentos da adoção internacional como medida de último recurso:


algumas observações preliminares

À princípio, é importante destacar que a adoção internacional como um cuidado


alternativo foi ponto controverso durante a elaboração da CDC. Citando o travaux
preparatoires, Detrick ressaltou que o representante do Brasil havia indicado que a
delegação de seu país entendeu o Artigo 21(b) como a promoção de um meio alternativo
de cuidado "quando todas as outras possibilidades foram exauridas." (DETRICK, 1999;
COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DAS NAÇÕES UNIDAS [CDH] 1989, §369). Como
resultado, e acoplado ao não reconhecimento da prática sob a lei Islâmica, foi realizado
um esforço para que a CDC caracterizasse a adoção internacional como exceção, e não
como uma regra.

A idéia de fazer com que a adoção internacional estivesse geralmente subsidiária a


outras opções de cuidado alternativo possui razões específicas, que estão inerentemente
vinculadas à promoção dos melhores interesses da criança. A seguir apresento um breve
olhar para algumas dessas razões e suas implicações.

3.2. Ênfase na família biológica e na adoção doméstica

Uma das primeiras implicações de se tornar a adoção internacional geralmente


subsidiária com base na CDC, ACRWC, e Convenção de Haia, é pelo fato destes
instrumentos darem primazia à convivência familiar (COEK, 2006)8. E dada esta
preferência geral pelo ambiente familiar, supõe-se que as crianças crescerão melhor com
sua família biológica ou com outras pessoas com quem já tenha convivido no ambiente
familiar, se possível, e quando de acordo com o melhor interesse da criança9. Em
concordância com essas afirmações, Hodgkin e Newell afirmam que a CDC estabelece
uma "presunção […] de que os melhores interesses da criança estarão garantidos quando
ela estiver com seus pais, sempre que possível." (HODGKIN; NEWELL, 2002, p. 295). As
implicações disso são que, de acordo com o Comitê CRC, apenas quando todas as opções
para manter a criança com sua família se exaurirem e se provarem ineficientes ou
impossíveis, que a adoção (ou qualquer outro tipo de cuidado alternativo) deve ser
prevista (SYLVAIN; BOECHAT, 2008, p 25).

O provérbio que diz que "é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança" é mais
verdadeiro na África do que em qualquer outro lugar do mundo. Portanto, para o
contexto africano, reconhecer o papel da família estendida e da comunidade é ainda mais
pertinente. Como resultado, ao considerar a adoção internacional como geralmente
subsidiária, os esforços que reconhecem o papel da família estendida e da comunidade
para cuidar de suas crianças devem ser encorajados e apoiados.

Outra vantagem sobre o requisito de último recurso, de acordo com o princípio da


subsidiariedade, é encorajar a adoção doméstica ao invés da adoção internacional
(INTERNATIONAL REFERENCE CENTRE FOR THE RIGHTS OF CHILDREN DEPRIVED OF
THEIR FAMILY – ISS/IRC, 2006b, p. 1). A adoção doméstica normalmente está no alto da
hierarquia das opções disponíveis como cuidado alternativo para crianças privadas de seu
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ambiente familiar. O fato da adoção doméstica ser uma solução nacional, uma colocação
permanente da criança e, ainda, oferecer um ambiente familiar, a coloca na frente de
outras opções de cuidado alternativo. Além disso, existem evidências de que em países
onde a adoção é bem estabelecida, há um alto nível na taxa de sucesso nas colocações
permanentes, especialmente quando as decisões foram guiadas pelo melhor interesse da
criança e as crianças foram adotadas, preferencialmente, ainda pequenas (TRISELIOTIS;
SHIREMAN; HUNDLEBY, 1997).

3.3 Promovendo o uso de outras soluções domésticas

Tornar a adoção internacional subsidiária e como medida de último recurso possibilitaria


o desenvolvimento e uso de outras opções domésticas de cuidados alternativos. Lares
adotivos temporários, Kafalah da lei Islâmica/ lei Sharia, assim como a institucionalização
da criança, enquanto de natureza doméstica, estão previstas sob o direito internacional e
podem, algumas vezes, beneficiar crianças privadas dos cuidados de suas famílias.

Lares adotivos temporários, que deveriam ser realmente temporários, podem, no


entanto, continuar até a vida adulta, mas não devem impedir a criança de retornar aos
seus pais biológicos. Também não podem impedir a adoção (VAN BUEREN, 1998, p.
103). Entre as vantagens dos lares adotivos temporários está o fato de que ele oferece
um ambiente familiar, possibilita este ambiente para a criança temporariamente privada
dos cuidados de sua família e parece contribuir financeiramente para o sistema
encarregado do bem estar da criança10. Na África, como na maior parte do mundo menos
desenvolvido, o lar adotivo temporário tende a ser informal (frequentemente chamado
de kinship care – cuidado por parentes)11. É menos desenvolvido e altamente
desregulamentado por lei e por políticas públicas quando comparado às outras opções de
cuidados alternativos.

Relacionadamente, a prática de Kafalah sob as leis Islâmicas (lei Sharia) implica na


aceitação de crianças sem família no que é equivalente a uma forma permanente de lar
adotivo temporário, mas sem que a criança em questão receba o nome da família ou os
direitos à herança da família na qual foi colocada (HODGKIN; NEWELL, 2002, p. 295-
296). Uma boa parte da população de diversos países africanos aderiu às leis Sharia. Um
bom exemplo é a Nigéria. Países no continente (com exceção daqueles no Norte da
África) que aplicam as leisSharia em graus variados também incluem o Senegal, Somália,
Mali, Chade, Sudão, Djibuti, Eritréia, Etiópia, Tanzânia, Quênia e Uganda. Portanto, o
desenvolvimento do Kafalah como uma solução doméstica e familiar abarca a capacidade
de promover os direitos da criança no continente.

Finalmente, enquanto uma discussão detalhada relacionada à institucionalização é adiada


para uma sessão separada, vale mencionar que a institucionalização poderia
desempenhar um papel curto e temporário na promoção dos direitos da criança privada
do ambiente de sua família. Por exemplo, instituições podem servir como locais
transitórios para crianças que aguardam adoção.

3.4 Manter a identidade cultural do país de origem

Considerar a adoção internacional subsidiária a qualquer outro cuidado alternativo


possibilita a promoção da identidade cultural da criança. A identidade cultural é um tema
transversal que tende a enfatizar a preferência pela família biológica (tanto pais quanto
membros da família estendida) e pela adoção doméstica frente à adoção internacional.
As opções anteriores geralmente garantem a continuidade da identidade cultural da
criança quando ela cresce na cultura, língua e história de seu país de origem.

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Entretanto, alguns proponentes da adoção internacional preferem uma interpretação
mais ampla à noção de adoção internacional como último recurso. Em alguns momentos,
encobertos pela desculpa de promover o melhor interesse da criança, esse grupo pode
ter facilitado os interesses de possíveis pais adotivos internacionais e preferido dar pouca
ou nenhuma importância à identidade cultural (SIMON; ALTSTEIN, 2000, p. 45-47). É
importante lembrar que essa definição mais ampla pode não ser utilizada para fazer da
adoção internacional um "primeiro recurso" e age como um facilitador para tornar a
criança disponível para adoção internacional antes de considerar soluções domésticas,
como a adoção.

Tal abordagem não estaria de acordo com as provisões da CDC e da ACRWC. Como
Woodhouse (1995, p. 114) nota, "[...] a cultura de origem, não importa o quão difícil sua
definição com lógica satisfatória, interessa à criança e, portanto, deve importar para a
legislação de adoção". Mesmo porque, no Artigo 20(3) da CDC lê-se que, quando
consideramos soluções de cuidados alternativos, "devidas considerações devem ser
levadas em conta no que tange a vontade de continuidade da educação da criança e de
seu histórico étnico, religioso, cultural e lingüístico".

Curiosamente, algumas vezes o mesmo conceito de identidade cultural é usado pelos


oponentes da adoção internacional para negar um ambiente familiar à criança, mesmo
quando está claro que a adoção internacional seria o melhor para os interesses da
criança12. A idéia de que a adoção internacional permite que culturas dominantes e
desenvolvidas "arranque o recurso mais precioso do país em desenvolvimento, suas
crianças", (KLEEM, 2000, p. 325-326) prevalece nesse grupo. Porque o direito da criança
a um nome e nacionalidade são cruciais para sua identidade (CRC, Art. 7 e 8),
"oponentes da adoção internacional argumentam que, ao invés de promover a identidade
da criança, a prática a separa e a substitui por um nome e identidade escolhidos pelos
pais adotivos" (OLSEN, 2004, p. 510). Infelizmente, é fato que alguns grupos (algumas
vezes a nação como um todo) considera que reclamar o direito de custodia ou controle
sobre suas crianças é um assunto (WOODHOUSE, 1995, p. 112) que tem prevalência em
detrimento à proteção dos melhores interesses dessas crianças.

Entretanto, uma das realizações da CDC (e também da ACRWC) é elevar as crianças ao


patamar de portadoras de direitos. Justificam afirmando que Estados possuem o direito a
custodia e controle sob suas crianças, sem nenhuma consideração com os melhores
interesses delas, reduzindo-as à "criança objeto". Como corretamente advoga
Woodhouse, "uma perspectiva focada na criança sugeriria que o direito à preservação da
identidade de origem de um grupo é melhor analisada como direito da criança, e de
responsabilidade e tutoria do grupo." (WOODHOUSE, 1995, p. 112) Em alguns casos os
conceitos de "continuidade" e "história" do Artigo 20(3) da CDC e do Artigo 25(3) da
ACRWC são utilizados para justificar a primazia da identidade cultural, e servem como
base para a proibição ou menosprezo da adoção internacional como um meio alternativo
de cuidado. Entretanto, como Cantwell e Holzscheiter corretamente nos lembram:

[…] enquanto relacionadas, as questões da "continuidade" e da "história" não devem ser


vistas como únicas e nem como o mesmo assunto. O texto do artigo 20 não demanda
explicitamente "continuidade […] do histórico da criança […]", mas requer que devida
atenção seja dada tanto à continuidade da educação quanto ao histórico da criança.
(CANTWELL; HOLZSCHEITER, 2008, p. 61).

Este argumento adiciona clareza à posição de que a cultura não pode, e não deve, ser
usada como cortina de fumaça para negar o direito de uma crianças de crescer em um
ambiente familiar, quando uma família só puder ser encontrada fora de seus país de
origem. Além disso, "está claro no texto do Artigo 20 que não existe nenhuma
responsabilidade absoluta para assegurar a continuidade ou que a decisão sobre a qual o
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cuidado alternativo que será escolhido esteja baseado no histórico da criança, mas
apenas que seja dada a 'devida consideração' para cada um desses fatores" (CANTWELL;
HOLZSCHEITER, 2008, p. 63). Entretanto, em contraposição, não resolve nada legislar
que "Estados-membros devam assegurar cuidados alternativos de acordo com suas leis
nacionais" (CANTWELL; HOLZSCHEITER, 2008, p. 63).

À nível regional, interessantemente, a ACRWC expressa que devem ser consideradas "as
virtudes de suas [dos Estados-membros africanos] heranças culturais, contexto histórico
e dos valores da civilização africana, que deveriam inspirar e caracterizar suas reflexões
sobre o conceito dos direitos e do bem estar da criança." (ACRWC, 7ª cláusula do
preâmbulo). Entretanto, mesmo que o Artigo 20(3) copie da CDC quase que palavra por
palavra, a ACWC omite a palavra "cultural" quando lista as informações do passado da
criança que deverão ser levadas em conta quando considerado o cuidado familiar
alternativo (ACRWC, Art. 25(3)). Nesse sentido, se o melhor interesse da criança tem
algum significado real, ou possa ser uma "consideração primordial" (CDC, Art. 21;
ACRWC, Art. 4), a preservação da identidade cultural deve ser entendida como meio e
não necessariamente como um fim em si próprio, quando considerado o cuidado
alternativo de crianças privadas de seu ambiente familiar.

3.5 Protegendo crianças separadas de seus pais e refugiadas

O requisito de último recurso para a adoção internacional também tem implicações na


promoção e proteção dos direitos de crianças separadas de seus pais e refugiadas. Nesse
sentido, o Comentário Geral nº 6 do Comitê CRC sobre crianças separadas de seus pais e
refugiadas é de grande orientação. O Comitê primeiramente afirma que:

Estados devem respeitar completamente as condições previstas no Artigo 21 da


Convenção assim como as de outros instrumentos internacionais relevantes, incluindo,
particularmente, a Convenção de Haia para Proteção de Crianças e Cooperação em
Respeito da Adoção Internacional, de 1993, e suas Recomendações Relacionadas à
Aplicação a Refugiados e outras Crianças Internacionalmente Deslocadas, de 1994,
quando considerarem a adoção de crianças [...] desacompanhadas. (COMITÊ CRC, 2005,
§ 90).

Em seguida, destaca que os Estados devem, em particular, observar que a adoção de


crianças desacompanhadas ou separadas só pode ser considerada quando for
estabelecido que a criança está em condições para ser adotada. Na prática isso
significa, inter alia, que os esforços com o objetivo de encontrar e reunir sua família
falharam, ou que os pais consentiram com a adoção (COMITÊ CRC, 2005 § 91).

Claramente, crianças refugiadas desacompanhadas ou separadas de seus pais não


podem ser adotados com pressa, no auge de uma emergência. Na verdade, a adoção não
deve ser considerada onde ainda exista esperança de encontrar ou reunir a família, e a
não ser que um tempo razoável tenha passado, durante o qual todas as maneiras viáveis
para encontrar os pais ou outro membro familiar sobrevivente tenham sido utilizadas13.
Além disso, adoção em um país de asilo não deve acontecer quando existe a
possibilidade de, em um futuro próximo, repatriação voluntária sob as condições de
segurança e dignidade do país de origem.

Tanto com base na CDC quanto na ACRWC14, crianças refugiadas desacompanhadas ou


separadas devem ter acesso aos serviços básicos, a um procedimento de asilo e a
cuidado temporário e proteção. Portanto, as autoridades relevantes devem identificar e
determinar o melhor interesse da criança a longo prazo e seus cuidados. E, mesmo que a
adoção internacional seja identificada como uma opção que atenda aos interesses da
criança a longo prazo, não se deve recorrer a tal opção a não ser que todos os esforços
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para encontrar e reunir a família falhem, que sejam analisadas as opções de adoções
dentro do próprio país e que um período razoável de tempo tenha passado. Portanto, a
adoção internacional como medida de último recurso deve ser entendida como adoção
severamente restrita para crianças refugiadas e separadas.

3.6 Movendo a adoção internacional de ultimo recurso para "nenhum recurso"


em função do melhor interesse da criança

O simples fato de ser um Estado-membro da CDC e da ACRWC não torna


automaticamente impositiva a nenhum país uma obrigação internacional que permita a
adoção internacional como medida de cuidado alternativo. Uma leitura atenta da redação
cuidadosa do Artigo 21 da CDC (assim como do Artigo 24 da ACRWC) revela que a
advertência contida neste artigo determina que "Estados-membros que reconheçam e/ou
permitam o sistema de adoção [...]" (minha ênfase), enquanto o Artigo 24 da ACRWC
fala dos "Estados Partes que reconheçam o sistema da adoção [...]" (minha ênfase).

As travaux preparatoires da CDC indicam que essa condição foi adicionada durante as
negociações em resposta às intervenções de vários países muçulmanos (particularmente
Bangladesh), já que as leis islâmicas não reconhecem o conceito de adoção (CENTRO
DAS NAÇÕES UNIDAS PARA DIREITOS HUMANOS, 1995, p. 16). Portanto, adoção
internacional como último recurso é indicativa de sua natureza subsidiária e, por
extensão, que a prática não é necessariamente uma prioridade, ou por esse mesmo
motivo não significa que seja necessariamente aceita como um meio alternativo de
cuidado. Em outras palavras, a não existência da adoção internacional, ou a suspensão
da mesma, em um Estado membro da CDC e/ou da ACRWC como um meio alternativo de
cuidado não poderia ser uma violação desses instrumentos.

Baseado nesse fato, pode-se discutir que a possibilidade de mover a adoção internacional
como uma medida de último recurso para uma medida de "nenhum recurso" é possível, e
algumas vezes necessário. Porém, tal possibilidade (e algumas vezes necessidade) deve
ser explorada apenas para promover e proteger os melhores interesses da criança, e não
prejudicá-los. Em outras palavras, o fato de não existir obrigação que permita a adoção
internacional como meio de cuidado alternativo também implica, mesmo que
remotamente, na possibilidade de suspender a prática quando o melhor interesse da
criança estiver comprometido. Portanto, existe a necessidade e possibilidade de impor
uma suspensão das adoções internacionais em momentos nos quais um país é afetado
por uma catástrofe ou quando irregularidades estão comprometendo os melhores
interesses da criança. Como exemplo, a República do Congo, que ainda enfrenta em
algumas partes de seu território violência e conflitos armados, anunciou que estava
suspendendo todas as adoções internacionais por causa dos eventos ocorridos no Chade
(SERVIÇO SOCIAL INTERNACIONAL – ISS, 2008a, p. 3). O Ministério do Bem Estar Social
do Governo de Zâmbia, o Governo de Togo e, apenas recentemente, o Governo da
Libéria também suspenderam as adoções internacionais (ISS, 2008b, p. 3). As razões
oficiais fornecidas para a suspensão da adoção internacional nesses três países foram: a
necessidade de garantia que a prática atenda o melhor interesse da criança, e para
desvendar as disfunções do sistema de adoção que têm potencial para violar os direitos
da criança (ISS, 2008b, p. 3).

4. Quão último é o "último recurso"?

Central a esse artigo é a tentativa de, senão como resposta à, ao menos para explorar os
possíveis significados e implicações do que é, e o que deveria ser, entendido por adoção
internacional como medida de último recurso. Além das observações preliminares, tal
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exploração, dentre outras coisas, requer: pesar os valores das outras opções de cuidado,
em particular, comparar a adoção internacional com institucionalização; olhar a posição
do Comitê CRC referente a este assunto; e, finalmente, recorrer às regras da justiça
juvenil para desenhar uma possível, mas remota, similaridade com a linguagem do
"último recurso" no contexto de privação de liberdade, e investigar se alguma direção é
viável para alcançar um melhor entendimento do conceito que quer tornar a adoção
internacional como um "último recurso".

4. 1 A hierarquia das opções de cuidados alternativos

Inúmeros especialistas criticaram o fato da CDC ter falhado ao tentar esclarecer de


maneira bem sucedida a devida hierarquia das soluções a serem providas às crianças
privadas do ambiente de suas famílias (DILLON, 2008, p. 40). No Preâmbulo do projeto
do Protocolo para a Convenção das Nações Unidas para o Direito das Crianças (UNCRC)
em Orfanatos Sociais, Dillon destaca sua preocupação que "[...] os Artigos 20 e 21 da
UNCRC não sejam suficientemente claros sobre o relacionamento entre a criança em
desenvolvimento e a necessidade urgente pela permanência em uma situação familiar."
(DILLON, 2008, p. 85).

A UNICEF segue os seguintes princípios para hierarquizar as opções que geralmente


regem e asseguram a longo prazo os melhores interesses no cuidado da criança, uma
vez que a necessidade para tais cuidados tenha sido demonstrada:

soluções baseadas na família são geralmente preferidas frente às alocações


institucionais; soluções permanentes são geralmente preferidas frente às inerentemente
temporárias; e soluções nacionais (domésticas) são geralmente preferidas às envolvendo
outros países.
(FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA INFÂNCIA – UNICEF, 1998, p. 5).

Avaliada frente a essa lista, a adoção internacional preenche os requisitos dos dois
primeiros princípios, mas não do terceiro, enquanto os lares adotivos temporários
preenchem o primeiro e o terceiro, e muitas vezes não preenchem o segundo. O mesmo
não pode ser dito sobre a institucionalização15, já que esta medida não é nem baseada
na família, nem permanente (normalmente). Portanto, de acordo com estes princípios, a
adoção internacional e o lar adotivo temporário são invariavelmente considerados
subsidiários para qualquer outra solução prevista que corresponda aos três princípios –
em particular, a adoção doméstica. Entretanto, eles devem ser cuidadosamente pesados
contra qualquer outra solução que também encontre dois desses princípios básicos16, e
não devem ser automaticamente considerados excluídos em favor da institucionalização.
Essa abordagem se apóia no fato de que determinar o melhor interesse da criança não
pode ser restringido por fórmula legal mecânica ou através de um quadro hierárquico
rígido de opções de cuidado17.

É pertinente nesse momento expressar algumas palavras de cuidado. Primeiro, é


importante entender que o uso do termo último recurso é relativo e depende de quais
opções que estão disponíveis como cuidado alternativo. Pode-se discutir que todas as
opções de cuidado alternativo deveriam ser consideradas como medidas de último
recurso, se comparadas com a opção de manter a criança com sua família biológica.
Nesse sentido, o Comitê da CRC acredita que "[...] em muitos Estados-membros o
número de crianças separadas de seus pais e colocadas em situação de cuidado
alternativo está aumentando e em grau elevado" (COMITÊ CRC, 2006, § 654). Como
resultado desta constatação, o Comitê da CRC expressou preocupação com o fato de
"[...] essas colocações não serem sempre medidas de último recurso e, portanto, não
serem do melhor interesse da criança" (COMITÊ CRC, 2006, §654). A referência feita
pelo Comitê da CRC a "seus pais" implica a pais biológicos ou adotivos. Ainda, a
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referência à "essas colocações" inclui todas as opções de cuidado alternativo (como lares
adotivos, cuidado residencial e outras formas de cuidado alternativo), e destaca que
essas opções devem ser medidas de último recurso após todas as tentativas de manter a
criança com sua família biológica tenham falhado.

Mesmo quando a escolha é entre adoção internacional e outra opção de cuidado


alternativo, podem existir circunstâncias excepcionais que requeiram que a adoção
internacional seja medida de primeira instância. Para mencionar um exemplo, seria muito
difícil sustentar que uma criança privada do ambiente familiar que tenha a chance de ser
colocada em um novo lar com uma tia de fora de seu país deva ser institucionalizada
simplesmente porque a adoção internacional deve ser uma medida de último recurso. Em
outras palavras, o princípio de subsidiariedade deveria estar sujeito aos melhores
interesses da criança18.

Na verdade, a natureza não primordial do princípio da subsidiariedade está bem


articulada no julgamento da Corte Constitucional da África do Sul. O caso AD e Outro vs.
DW e Outros19 discutiu a custodia única e guarda única de cidadãos dos Estados Unidos
da América que queriam adotar uma criança sul africana, o Bebê R. Como interpretar e
aplicar esses princípios no caso do Bebê R foi debatido tanto nas instâncias inferiores,
quanto na Corte Constitucional. Em sua argumentação, mesmo que a Corte tenha
concordado que o princípio da subsidiariedade "tenha que estar ligado a diversos fatores
que regem os princípios da adoção internacional, uma investigação contextualizada caso
à caso deve ser conduzida por agentes responsáveis pela proteção infantil e por oficiais
judiciais peritos nos princípios envolvidos", e alertou em sua declaração que "não é para
ser dito que o princípio da subsidiariedade é o principal fator governante nas adoções
internacionais20" – no entanto, é o princípio do melhor interesse da criança que foi
acordado como sendo o principal fator governante21.

Um ponto que merece destaque no contexto da adoção internacional (ou por esse
motivo, qualquer outra opção de cuidado alternativo) é o papel da participação da
criança. Como mencionado acima22, o direito da criança "capaz de formular seu próprio
ponto de vista […] e de expressa-los livremente em todos os assuntos que afetem a
criança" (Artigo 12 do CDC e Artigo 7º do ACRWC) é um dos quatro princípios
fundamentais de ambas as convenções, CDC e ACRWC. Dependendo do desenvolvimento
gradual da criança, e da opinião da mesma, existe a necessidade de se reconhecer que a
adoção internacional pode ser tanto uma medida de primeiro quanto de último recurso.

Finalmente, o argumento de que a redação da CDC e da ACRWC prevê soluções nacionais


acima das soluções com base na família pode ser contraposto pela idéia de que esses
instrumentos precisam ser interpretados progressivamente. Mesmo porque a CDC, assim
como a ACRWC e todos os instrumentos de direitos humanos, devem ser considerados
instrumentos vivos, cujas interpretações se desenvolvem com o tempo. Somos
lembrados deste fato pelo Comitê da CRC (COMITÊ CRC, 2007a, § 20). Nesses termos, a
suposição inicial da CDC e da ACRWC de que a adoção internacional, sendo um cuidado
alternativo não nacional, deveria ser caracterizada como subsidiária à qualquer outra
opção nacional de cuidado alternativo tal como a institucionalização, não deveria ser
aceita como válida, especialmente com base na evidência contemporânea das sérias
deficiências desta última opção (EVERYCHILD, 2005; ISS/IRC, 2006a, p. 9).

4.2 Adoção internacional versus institucionalização

No contexto de cuidado alternativo para crianças, a palavra "instituições" aparece na


CDC (Art. 3(3)), na ACRWC (Art. 20(2)(b)), e na Convenção de Haia (Art. 4(c)(1)). Não
obstante, a referência a "instituições" deixa sem resposta a questão de qual é o alcance
desta palavra (CANTWELL; HOLZSCHEITER, 2008, p. 53). Considera-se que "'cuidado
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residencial' ou 'cuidado institucional' refere-se a grupos vivendo sob cuidado fornecido
por adultos pagos que em outros casos não seriam considerados tradicionalmente
responsáveis pelo cuidado destas crianças naquela sociedade." (UNICEF, 2006, p. 35). Se
"instituições" é usado apenas para se referir a orfanatos23, a questão então levantada é:
qual o papel das denominadas "opções de cuidado intermediário" como os "lares
coletivos"24?

Já que "lares coletivos" por definição constituem pequenas construções residenciais


localizadas em uma comunidade, projetados para servir as crianças, pode-se argumentar
que esse tipo de moradia é mencionado tanto na CDC (art. 20(3)) quanto no ACRWC
(Art. 25(2)) como "instituições adequadas". Portanto, enquanto a tendência atual é a de
colocar os orfanatos e os lares coletivos de diversos tamanhos sob o guarda-chuva do
"cuidado institucional" (DILLON, 2008, p. 40), em oposição aos orfanatos, esses
ambientes que lembram a família, como os lares coletivos, podem melhor resistir ao
minucioso exame das normas de direitos humanos.

A qualificação das instituições como "adequado" encontra sua motivação nas experiências
globais durante e antes a redação da CDC. Desde 1980 a comunidade internacional
começou a progressivamente entender o efeito prejudicial da institucionalização de
crianças (HUMAN RIGHTS WATCH - HRW, 1996). Assim, os efeitos deploráveis da
institucionalização nos aspectos emocionais, psicológicos e do desenvolvimento da
criança são bem documentados (ZEANAH, 2003, p. 886-88; MARSHALL; FOX; BEIP Core
Group, 2004, p. 1327).

As políticas da Convenção de Haia sobre a institucionalização não estão explícitas no


instrumento. Entretanto, é possível decifrar a posição do instrumento nesse assunto
através de sua interpretação. Uma vez que a Convenção de Haia reconhece a adoção
internacional como uma alternativa válida em situações nas quais a "família adequada"
(3ª cláusula do preâmbulo) não pode ser encontrada no Estado de origem da criança, a
institucionalização poderia ser discutida (não como um cuidado alternativo com base
familiar) sob a perspectiva da Convenção de Haia como uma medida de último recurso,
colocada logo após a adoção internacional. A posição exposta pela Secretaria da
Conferência de Haia afirma que "como uma regra geral, não é desejável deixar a criança
aguardando em uma instituição quando existe a possibilidade de colocá-la em uma
família permanente no exterior" (PERMANENT BUREAU OF THE HAGUE CONFERENCE ON
PRIVATE INTERNATIONAL LAW, 2008, p. 30) e é apoiada pelo texto da Convenção de
Haia.

A questão de como a noção de último recurso deve ser interpretada quando a opção é
entre institucionalização e adoção internacional tem sido sujeito de minucioso exame
judicial. No recente caso da Madonna no Malaui25sobre a adoção de uma criança que
estava em um orfanato, a definição acordada de "último recurso" foi colocada em
destaque pela Suprema Corte. O juiz, após citar todo o Artigo 24(b) da ACRWC e
enfatizar a noção de último recurso de sua decisão, determinou que:

Claramente a adoção internacional deve ser a última alternativa. [...] É evidente,


entretanto, que CJ não está mais sujeito às condições de pobreza de seu lugar de
nascimento como descrito pelo Oficial Probatório desde sua admissão no Orfanato
Kondanani. Nessas circunstâncias, podemos dizer que CJ não pode, de maneira
nenhuma, ser cuidada em seu próprio país de origem? As respostas para minhas
perguntas são negativas. No meu ponto de vista "qualquer maneira adequada" refere-se
ao estilo de vida nativo ou uma vida próxima à que a criança está levando desde o
nascimento26.

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Parcialmente baseado nessa argumentação, o juiz não deu provimento ao pedido de
adoção da criança.

Em recurso, entretanto, a Suprema Corte de Malauí corretamente discordou da decisão


da instância inferior. A Corte reconheceu que não houve nenhuma família em Malauí que
manifestou interesse em adotar a criança CJ, também não houve nenhuma tentativa de
colocar a criança CJ em uma família de lar adotivo temporário27. Isso, pela visão da
Corte, deixava duas opções – a criança "pode tanto continuar no Orfanato Kondanani e
não ter nenhuma vida familiar ou pode ser adotada pela Apelante e crescer com a família
que a Apelante está lhe oferecendo"28. Em uma clara preferência à adoção internacional,
em oposição à institucionalização, a Suprema Corte concluiu que "o bem estar da criança
CJ será melhor cuidado se adotado por pais estrangeiros do que se crescer em um
orfanato onde ela não terá vida familiar, não terá amor ou afeto dos pais"29 e declarou
procedente a apelação, permitindo, portanto, a adoção.

Na África, é documentado que a infeliz falta de desenvolvimento de opções de cuidado


alternativo baseados na família levou ao "desnecessário uso excessivo das colocações
residenciais" (ISS; UNICEF, 2008, p. 7). Em apoio a essa afirmação, um trabalho
conjunto da ISS e UNICEF (2008, p. 7) cita a experiência no Zimbábue. Adequadamente,

a ocupação média dos orfanatos do Zimbábue é de 106% ao todo, e 128% nas


instituições governamentais. A experiência deles é de não conseguir construir orfanatos
suficientes para a demanda do país – aqueles que são construídos sempre estão cheios
por atraírem crianças, mesmo que geralmente pelas razões erradas. Pesquisas mostram
que a maioria das crianças em instituições não precisariam estar lá [...] – apenas 25%
não tem nenhum parente conhecido [...],e pelo menos 45% tem a mãe viva. A maioria
das crianças pode ser reintegrada às suas famílias através de um bom serviço social.
(MEETING ON AFRICAN CHILDREN WITHOUT FAMILY CARE apud ISS; UNICEF, 2004, p.
7).

Também existem evidências empíricas de que o movimento para tornar as instituições a


primeira resposta, e a solução, para o cuidado alternativo é suscetível a ser contra-
producente. Por exemplo, ele pode enfraquecer a motivação da comunidade na resolução
dos problemas relativos aos órfãos e desviar recursos das soluções baseadas na família,
que são a melhor opção para a criança (OLSON; KNIGHT; FOSTER, 2006, p. 3).

Na prática, existe uma tendência em interpretar erroneamente a posição dos


instrumentos de direitos humanos para a institucionalização das crianças. Não é
incomum testemunhar o planejamento e desenvolvimento sistemático de novas
instituições como prioridade para a assistência às crianças privadas do ambiente de suas
famílias30. Algumas vezes tais políticas são justificadas com base no Artigo 18(2) da CDC
e no Artigo 20(2)(b) da ACRWC. Entretanto, a referência feita ao Artigo 18(2) da CDC (e
ao Artigo 20(2)(b) da ACRWC) que garante que os Estados-membros "assegurem o
desenvolvimento das instituições, estabelecimentos e serviços para o cuidado das
crianças" não significa a facilitação de uma política sistemática para o estabelecimento de
orfanatos como prioridade no cuidado das crianças. Ao invés disso, existe uma
necessidade em tornar essas instituições secundárias e permitir que sejam subsidiárias à
relação com os pais. Crianças não devem se tornar crianças do Estado sem necessidade.

Toda essa discussão tende a apontar em uma direção – existe uma crescente tendência
em apoiar a instituicionalização generalizada (e não necessariamente a adoção
internacional) como medida de último recurso. Enquanto a institucionalização deveria
continuar a ter um papel temporário, como plataforma de transição para crianças
privadas de ambiente familiar, seu uso como medida de longo prazo demanda sérias
considerações.
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4.3 "Último recurso" através das lentes do Comitê CRC: esclarecimento ou
confusão?

O Comitê CRC, enquanto órgão supervisor da implementação da CDC, tem manifestações


de autoridade na interpretação das provisões da Convenção. Infelizmente, o Comitê da
CRC tem enviado mensagens confusas (senão contraditórias) no que tange ao que deve
ser considerado como medida de último recurso para o cuidado alternativo de crianças
privadas de seu ambiente familiar.

Para ilustrar: já foi mencionado acima que o Comitê CRC rotulou em inúmeras ocasiões a
adoção internacional como medida de ultimo recurso31. Em contraposição a essa posição,
através das observações conclusivas dos relatórios sobre os Estados membros, e no
Comentário Geral No. 3, intitulado "HIV/AIDS e os direitos da criança", o mesmo Comitê
declarou que:

[…] qualquer forma de cuidado institucionalizado para as crianças deveria servir apenas
como medida de último recurso, e essas medidas devem estar de total conformidade com
a proteção dos direitos da criança e salvaguarda-las de todas as formas de abuso e
exploração (COMITÊ CRC, 2003, § 35).

No contexto de crianças com deficiências, o Comitê CRC reiterou uma posição similar32.

Portanto, a posição do Comitê CRC no que tange à questão se "a adoção internacional ou
a institucionalização deverão ser consideradas medida de último recurso?" continua sem
resposta33. Neste meio tempo, entretanto, o Comitê CRC esclarece que a
institucionalização pode ser considerada como medida de último recurso. Também é
indicativo a necessidade do Comitê CRC em articular com clareza sua posição sobre o
assunto (talvez através de um Comentário Geral) e, assim, contribuir para a
compreensão dos Estados membros sobre qual o lugar da adoção internacional como
medida de cuidado alternativo.

4.4 Compreendendo o "último recurso": alguma lição pode ser extraída dos
princípios de justiça da infância e juventude?

Como tentativa de estabelecer o significado de último recurso, uma orientação pode


(remotamente) ser solicitada no Artigo 37(b) da CDC, que é a única provisão da
Convenção que usa essa frase. Nos termos do Artigo 37 (b) da CDC:

Nenhuma criança deve ser privada de sua liberdade de maneira arbitrária ou ilegal. A
prisão, detenção ou aprisionamento da criança deve estar em conformidade com a lei e
deve ser usada apenas em medida de último recurso para o mais curto período de tempo
apropriado.

Para começar, entretanto, é pertinente considerar alguns tópicos gerais sobre o contexto.
Esmiuçar o significado e as implicações do critério do "último recurso" na esfera da
justiça da infância e juventude não presume que o propósito das buscas por cuidado
alternativo, por um lado, e a privação de liberdade como uma medida de último recurso
no contexto de justiça da infância e juventude, por outro, sejam os mesmos. Com base
nos chamados 3Ps (proteção, provisão e participação do CDC e da ACRWC), pode-se
afirmar que o primeiro – cuidados alternativos - seja melhor definido como uma
combinação de proteção e provisão, ao passo que o último – privação de liberdade - tem
a proteção como mantra. Em segundo lugar, frequentemente são as crianças menores as
mais afetadas pela adoção internacional, enquanto a justiça da infância e juventude é
dirigida para crianças mais velhas. Em terceiro lugar, a privação de liberdade é uma

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medida jurídica criminal enquanto a adoção internacional não é. Tirando essas
diferenças, tanto a busca por cuidados alternativos para crianças privadas de ambiente
familiar quanto a privação da liberdade como medida de último recurso no contexto da
justiça da infância e juventude, devem supostamente ser aplicadas de acordo com os
melhores interesses da criança. Tal igualdade – a promoção e proteção dos interesses da
criança – deve criar uma plataforma lógica e útil para a comparação.

O padrão para privação de liberdade como medida de último recurso requer que
consideremos "a intenção de privação de liberdade realmente como a última opção (sem
que haja outras alternativas que interfiram menos nos direitos da criança)." (SCHABAS;
SAX, 2006, p. 84). No cuidado alternativo, portanto, isso poderia significar recorrer à
adoção internacional quando este for considerado o último cuidado alternativo adequado,
após constatarem que não existam outras alternativas que se adaptem melhor à situação
da criança em questão. Apenas recentemente, em 2008, Lieffard argumentou que o
princípio do último recurso não implicaria que todas as outras alternativas devam ser
procuradas primeiro, antes que a privação de liberdade seja imposta34. Se "último
recurso" for interpretado da mesma maneira com relação à adoção internacional, ou
seja, se todas as opções de cuidado alternativo não forem necessariamente consideradas
primeiro e, se aquelas autoridades que exercem algum nível de deliberação ao acessar as
diferentes opções finalmente decidir qual dessas provavelmente terá o efeito desejado,
então o uso do termo parece manter seu potencial de promover o melhor interesse das
crianças que foram privadas de seu ambiente familiar.

Portanto, a interpretação no âmbito da justiç da infância e juventud de que o critério de


último recurso não necessariamente determina que todas as alternativas possíveis sejam
consideradas antes de se decidir pela privação de liberdade encaixa bem com os
melhores interesses da criança. Nesse esquema de cuidado alternativo, também, tal
interpretação tem um melhor potencial para a promoção dos direitos das crianças
privadas de seu ambiente familiar. Se para poder cumprir com o requisito de último
recurso deveria ser adotada uma abordagem que determinasse tentar todos os cuidados
alternativos disponíveis de maneira inflexível, antes de considerar a adoção internacional
uma opção válida, implicaria que, dentre outras coisas, crianças esperariam
desnecessariamente por mais tempo que o normal antes que um ambiente familiar
pudesse ser encontrado.

Além disso, se este argumento, de que sob a perspectiva da justiça da infância e


juventude o critério do último recurso implica que a privação de liberdade não pode ser
"imposta sem uma avaliação adequada que leve em consideração as circunstâncias
específicas do caso e das necessidades individuais daquela criança" (LIEFFARD, 2008, p.
195), for considerado em outro contexto, as decisões pelas opções de cuidado alternativo
poderão ter implicações positivas. Principalmente por estar implícita nesta conotação de
cuidado alternativo que uma abordagem verdadeiramente centrada na criança exigirá um
exame próximo e individualizado, que precise sua situação real de vida. Portanto, uma
regra que prevê categoricamente a adoção internacional como medida de último recurso
não deveria ser usada de maneira que comprometa os melhores interesses da criança.

5. Observações Finais

Existe uma vasta literatura que testemunha a tendência de interpretar a adoção


internacional categoricamentecomo uma medida de último recurso. Também sustentam
que, baseado no princípio de subsidiariedade, a adoção internacional é um último
recurso. Na África, o fato do Artigo 24 da ACRWC requerer explicitamente que a adoção

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internacional seja uma medida de último recurso, poderá dar aos Estados africanos
espaço para tratar a prática como tal.

Com base na discussão prévia, é possível chegar a algumas conclusões e


recomendações. A idéia de fazer a adoção internacional geralmente subsidiária a
qualquer outro tipo de cuidado alternativo tem seus próprios méritos, que são
inerentemente focados na promoção dos melhores interesses da criança. No contexto
africano, isso pode significar, por exemplo, dar à familiar estendida (e comunidades) um
papel maior no cuidado da criança privada do ambiente de sua família antes de aceitar
outra opção de cuidado alternativo. Ademais, na África, a pobreza financeira e material,
ou condições direta e unicamente imputáveis a tal pobreza, nunca deveriam servir como
justificativa para a remoção da criança do cuidado paternal, para receber a criança em
cuidado alternativo, ou para coibir que ele ou ela reintegre a família35.Esses cenários
devem ser vistos como um sinal para a necessidade de prover apoio adequado à família.
Também deveriam ajudar a promover soluções domésticas, que poderiam contribuir para
a manutenção da identidade cultural da criança.

Entretanto, enquanto nós africanos nos orgulhamos de nossa cultura, é importante que
os direitos individuais das crianças africanas não sejam atrapalhados por discussões
acerca do rumo da história, se a adoção internacional constitui "essencialmente um
vestígio do colonialismo", e discussões sobre orgulho nacional. Tendo nomeado crianças
como portadoras de direitos, nenhuma idéia de orgulho nacional ou de crianças como
"recursos" nacionais poderia ser usada para negar às crianças uma forma adequada de
cuidado alternativo, mesmo se tal cuidado adequado pudesse apenas ser encontrado na
adoção internacional. "Adoção internacional como uma medida de último recurso" deveria
ser entendida como "adoção internacional geralmente subsidiáriaa outro meio alternativo
de cuidado", mas sujeito a exceções. Além disso, "último recurso" não deveria significar
quando todas as outras possibilidades forem exauridas36.

Uma abordagem detalhada, na qual todas as opções de cuidado disponíveis seriam


pesquisadas antes de se considerar a adoção internacional, contrariaria a suposição de
que é importante destinar um lar à criança ainda muito nova. Deveria ser estimulada
uma idéia de "último recurso" que não impeça a destinação legal apropriada da criança a
um lar ainda no início de sua vida. Além disso, ao entender a adoção internacional como
medida de último recurso, a participação da criança, dependendo da sua capacidade
evolutiva, deveria ser permitida.

A falta de uma fórmula clara no que tange à hierarquia das opções de cuidados
alternativos tem também seu próprio, entretanto não-intencional, lado positivo. Esse
argumento é validado pelo fato de que determinar o melhor interesse da criança não
pode estar circunscrito por fórmulas legais mecânicas ou através de uma rígida
hierarquia de opções de cuidados. Como discutido acima37, uma abordagem centrada
verdadeiramente na criança requer um exame próximo e individualizado da situação real
de vida da criança envolvida. Aplicar uma fórmula inflexível e predeterminada com o
único objetivo de prover uma diretriz clara, independentemente das circunstâncias,
poderia ser contrária aos melhores interesses da criança em questão.

Países africanos deveriam unir-se à tendência internacional que entende a


institucionalização, particularmente a de longo prazo, como uma medida de último
recurso. É aconselhável que o Comitê CRC ou o Comitê Africano de Especialistas no
Direito e Bem Estar da Criança sob a ACRWC dê uma direção mais clara nesse sentido.

Concluindo, deve-se ter precaução (incluindo certo grau de auto-restrição) para evitar o
uso indevido da expressão "último recurso", seja para promover os interesses dos
prováveis pais adotivos nacionais e internacionais, organizações de bem-estar da criança,
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seja para promover os interesses nacionalistas de um estado. Em outras palavras, as
necessidades políticas, sociais, culturais e econômicas do continente africano não entram
em conflito com os melhores interesses da criança africana que tenha sido privada do
ambiente familiar ou do devido cuidado alternativo. Portanto, onde a adoção
internacional for identificada como o melhor interesse da criança, deveria ser considerada
como um cuidado alternativo, independentemente do requisito de último recurso.
Estados devem ser prudentes para não fornecer provas às criticas daqueles que olham a
adoção internacional como uma operação que visa atender o interesse de uma família
que procura por uma criança, ao invés de atender ao interesse prevalente da criança que
esteja procurando por uma família.

AGRADECIMENTO

Parte da pesquisa utilizada para a composição deste artigo foi conduzida enquanto
bolsista (Short Stay Fellow) do Utrecht Centre for European Research in Family Law,
localizado no Molengraaff Institute for Private Law (Utrecht University). Gostaria de
destacar, portanto, que o artigo contou com subsídios da pesquisa financiada pela
National Research Foundation.

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NOTAS

1. Alguns países como Botswana, Malauí, Serra Leoa e Zâmbia possuem um requisito de
residência para possíveis pais adotivos.

2. Por exemplo, a Nigéria.

3. O que mais se aproxima do princípio de Subsidiariedade sob a Declaração de 1959 é o


Princípio 6 que, em parte pertinente, afirma que a criança deve, sempre que possível,
crescer sob os cuidados e responsabilidade de seus pais e, em todos os casos, em uma
atmosfera de afeição e segurança moral e material.

4. Isso é em oposição a ser simplesmente consideração primária em todos os outros


campos.

5. Essas incluem o Artigo 8 que preserva o direito da criança a sua identidade,


nacionalidade, nome e relações familiares sem interferência ilegal. Ainda, o Artigo 18 que
legisla sobre a responsabilidade parental enquanto o Artigo 20 se relaciona às crianças
privadas de suas famílias.

6. Dois países, a Somália e os Estados Unidos, ainda não a retificaram.

7. Foi para dar à CDC aplicação específica dentro do contexto africano que a ACRWC foi
adotada pela OUA (agora União Africana ou UA)

8. O Doek (2006) descreve esse princípio como o "princípio líder na implementação do


CDC".

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9. "A remoção da criança do cuidado da família deve ser visto como medida de último
recurso e pela menor duração possível. A decisão de remoção deve ser revista
regularmente e o retorno da criança aos cuidados dos pais deve ser assegurado quando
as causas originais de remoção tenham sido resolvidas ou tenham desaparecido."
(NAÇÕES UNIDAS, 2007, Art. 13)

10. Uma pesquisa sugere que o custo do cuidado em ambiente familiar residencial
demonstrou ser três vezes o custo da adoção em lares temporários (BROWNE, 2005, p.
1-12).

11. Fornecendo algumas contribuições ao debate e à pratica de adoção em lares


temporários, esse estudo destaca informações sobre a experiência da adoção em lares
temporários em países em desenvolvimento, que tende a ser informal e não
documentado.

12. Veja, por exemplo, a entrevista com a Baronesa Emma Nicholson, Relatora do
Parlamento Europeu pela Romênia (CENTRUL ROMAN PENTRU JURNALISM DE
INVESTIGATIE - CRJI, 2001).

13. Esse período de tempo pode variar por várias circunstâncias, em particular, aquelas
relativas à habilidade de conduzir uma investigação adequada; entretanto, o processo de
procura deve estar completo dentro de um tempo razoável.

14. Veja o Artigo 22 da CDC e o Artigo 23 da ACRWC para checar alguns dos direitos das
crianças refugiadas.

15. Mesmo que parcialmente discutível, como, em circunstâncias excepcionais, a


institucionalização pode ser considerada permanente para as crianças, conhecidas como
"difíceis de adaptar" a outros lares.

16. Naturalmente, a solução encontrada, e o efeito que causará tal decisão, deve sempre
respeitar totalmente os direitos e o melhor interesse da criança.

17. AFRICA DO SUL. M. Corte Constitucional v Sentença Estadual. 26 set. 2007a, § 24.

18.É debatido que a posição que o princípio da subsidiariedade assume é por si só


subsidiário – subsidiário à defesa do melhor interessa da criança (NICHOLSON, 2000, p.
248).

19. ÁFRICA DO SUL. CORTE CONSTITUCIONAL. AD e Outro v DW e Outros. CT48/07

20. ÁFRICA DO SUL. CORTE CONSTITUCIONAL. AD e Outro v DW e Outros. CCT48/07.


Sentença. 7 dez. 2007b, § 48.

21. ÁFRICA DO SUL. CORTE CONSTITUCIONAL. AD e Outro v DW e Outros. CCT48/07.


Sentença. 7 dez. 2007b, § 49-50.

22. Veja a sessão dos "Mecanismos legais internacionais" acima.

23. Deve-se notar que normalmente são as instituições residenciais de cuidado para
crianças pequenas que são conhecidas como "orfanatos".

24. Por definição, grupo de casas são pequenas construções residenciais localizadas em
uma comunidade e projetadas para servir as crianças.
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25. MALAWÍ, ALTA CORTE. No caso de Ato de Adoção de Crianças CAP. 26:01 e no caso
de Chifundo James (uma menina) do C/O Mr. Peter Baeti. Caso de Adoção no 1 de 2009.
Sentença 2009a p.6

26. MALAWÍ, ALTA CORTE. No caso de Ato de Adoção de Crianças CAP. 26:01 e no caso
de Chifundo James (uma menina) do C/O Mr. Peter Baeti. Caso de Adoção no 1 de 2009.
Sentença 2009a p.6

27. MALAWÍ, ALTA CORTE. No caso de Ato de Adoção de Crianças CAP. 26:01 e no caso
de Chifundo James (uma menina) do C/O Mr. Peter Baeti. Caso de Adoção no 1 de 2009.
MSCA Apelação da Adoção no 28 de 2009. 2009b, p. 18.

28. Ibid.

29. Ibid

30. E ainda, pesquisa conduzida em 2006 encontrou que, na África, existe uma
preocupação crescente sobre a quantidade de novos orfanatos que estão sendo
construídos em resposta às necessidades identificadas de crianças afetada com HIV e
AIDS (NAÇÕES UNIDAS, 2006)

31. Veja a sessão de introdução acima.

32. Sob o Comentário Geral n. 9, § 47, é estabelecido que o Comitê CRC "urge a todos
os Estados Membros a alocar em instituições apenas como medida de último recurso,
quando for absolutamente necessário e no melhor interesse da criança." (COMITÊ CRC,
2007b).

33. "Geralmente" porque são os casos convencionais (não excepcionais) que estão sendo
levados em consideração quando determinamos a preferência geral a ser adotada em
tomar decisões entre as opções de cuidado alternativos.

34. De acordo com Lieffard, é imperatico que as autoridades competentes exerçam


algum nível de discrição ao acessar as diferentes opções e finalmente decidir qual dessas
opções é provável ter o efeito desejado. O efeito intencionado é o resultado que pode ser
considerado como apropriado e uma resposta adequada ao comportamento criminal da
criança (LIEFFARD, 2008, p. 195).

35. Para uma discussão de pobreza no contexto da adoção internacional, veja SMOLIN
(2007).

36. Por exemplo, sob o Artigo 31 do Estatuto da Criança e do Adolecente Brasileiro,


adoção internacional é uma medida excepcional depois de todas as tentativas de adoção
no país de origem foram exauridas e garantido então o direito da criança de viver em seu
próprio país.

37. Veja a sessão "Entendendo o 'último recurso': Alguma lição dos princípios de justiça
juvenil?" acima.

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Recebido em: fevereiro de 2009.
Aprovado em: junho de 2009.

Versão Original em Inglês. Traduzido por Raquel Mozzer.

BENYAM D. MEZMUR

Pesquisador, Community Law Centre, Universidade de Western Cape (UWC). Bacharel em


Direito (Addis Ababa), Mestre em Direito (Pretória), Candidato a Doutorado (UWC).
Email: benyamdawit@yahoo.com

Direito empresarial à luz do Código Civil brasileiro


Celso Marcelo de Oliveira
http://jus.com.br/revista/texto/3807/direito-empresarial-a-luz-do-codigo-civil-brasileiro#ixzz1rpRlEO1n

INTRODUÇÃO.
O Novo Código Civil Brasileiro, que entrou em vigor em janeiro de 2003, está trazendo
profundas mudanças no Direito das Empresas e na regulamentação das sociedades em geral,
inclusive seus tipos societários, dentre eles a Sociedade por Quotas de Responsabilidade
Limitada, Conta de Participação, Nome Coletivo, Comandita Simples, Sociedade Anônima,
Comandita por Ações, Cooperativa e Dependente de Autorização.
Devemos expor nas observações do Prof. Benjamim Garcia de Matos, do curso de Direito da
UNIMEP, Piracicaba –SP, que "a revogação da primeira parte do Código Comercial de 1º de
junho de 1850, com a introdução do Direito de Empresa no novo Código Civil, é um avanço,
que merece destaque especial, até porque torna o comerciante um empresário voltado para a
atividade econômica, que é a nova leitura que se deve fazer nos tempos modernos ".

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ANTEPROJETO DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO.
Em 1967, formou-se uma comissão, coordenada por Miguel Reale, que apresentou o
anteprojeto de Código Civil em 1972, em que há proposta de novo regime das sociedades
limitadas. Compunham a comissão os juristas: José Carlos Moreira Alves, encarregado da
Parte Geral; Agostinho de Arruda Alvim, incumbido do Direito das Obrigações; Sylvio
Marcondes, com o Livro do Direito de Empresa; Ebert Vianna Chamoun, incumbido do
Direito das Coisas; Clóvis do Couto e Silva, cuidando do Direito de Família; e Torquato
Castro, trabalhando o Direito das Sucessões. Segundo dados apresentados por Miguel Reale:
"O projeto de Código Civil foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 1984, após
cuidadoso estudo e debate de 1063 emendas, o que não deve causar estranheza por tratar-se de
uma lei com cerca de 2100 artigos. Além de haver muitas emendas repetidas, a maioria delas
não foi aceita pelo plenário. [1]"
Muita coisa mudou de lá para cá, conforme lembra Newton de Lucca: "É preciso reconhecer-
se, em suma, que os desafios de nossa época assumem aspecto tão preocupante e assustador,
que não deixa de soar curiosa e pitoresca a negação de que os valores da Parte Geral do
Direito Civil estejam em evidente fase de transformação, quando já não migraram para outras
paragens do Direito de que a Constituição da República é o melhor paradigma. [2]"
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E como bem delimitou o Relator Geral do Anteprojeto do Novo Código Civil Brasileiro onde
utilizando as explicações do Prof. Miguel Reale que foi " empregada a palavra "empresa" no
sentido de atividade desenvolvida pelos indivíduos ou pelas sociedades a fim de promover a
produção e a circulação das riquezas. É esse objetivo fundamental que rege os diversos tipos
de sociedades empresariais, não sendo demais realçar que, consoante terminologia adotada
pelo projeto, as sociedades são sempre de natureza empresarial, enquanto que as associações
são sempre de natureza civil. Parece uma distinção de somenos, mas de grande conseqüências
práticas, porquanto cada uma delas é governada por princípios distintos. Uma exigência
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básica de trabalho norteia, portanto, toda a matéria de Direito de Empresa, adequando-o aos
imperativos da técnica contemporânea no campo econômico-financeiro, sendo estabelecidos
preceitos que atendem tanto à livre iniciativa como aos interesses do consumidor [3]"
Prossegue o referido catedrático, à guisa de enumerar as principais alterações advindas com o
novo livro, aduzindo que "foi dada uma nova estrutura muito mais ampla e diversificada à lei
da sociedade por cotas de responsabilidade limitada, sendo certo que a lei especial em vigor
está completamente ultrapassada, sendo a matéria regida mais segundo princípios de doutrina
e à luz de decisões jurisprudenciais. A propósito desse assunto, para mostrar o cuidado que
tivemos em atender à Constituição, lembro que a lei atual sobre sociedades por cotas de
responsabilidade limitada permite que se expulse um sócio que esteja causando danos à
empresa, bastando para tanto mera decisão majoritária. Fui dos primeiros juristas a exigir que
se respeitasse o princípio de justa causa, entendendo que a faculdade de expulsar o sócio
nocivo devia estar prevista no contrato, sem o que haveria mero predomínio da maioria.
Finalmente o jurista vem em afirmar: " Ora, a Constituição atual declara no artigo 5° que
ninguém pode ser privado de sua liberdade e de seus bens sem o devido processo legal e o
devido contraditório. Em razão desses dois princípios constitucionais, mantivemos a
possibilidade da eliminação do sócio prejudicial, que esteja causando dano à sociedade,
locupletando-se às vezes com o patrimônio social, mas lhe asseguramos, por outro lado, o
direito de defesa, de maneira que o contraditório se estabeleça no seio da sociedade e depois
possa continuar por vias judiciais. Está-se vendo, portanto, a ligação íntima que se procurou
estabelecer entre as estruturas constitucionais, de um lado, e aquilo que chamamos de
legislação infraconstitucional, na qual o Código Civil se situa como ordenamento
fundamental".

UNIFICAÇÃO DO DIREITO PRIVADO.


Há muito os doutrinadores comercialistas vem discutindo sobre a unificação do direito
privado. Quem primeiro iniciou essa discussão foi Cesare Vivante, professor renomado da
Universidade de Roma, ainda no fim do século passado. Seu esforço pela unificação do
direito civil e comercial resultou, em 1942 na promulgação do Código Civil italiano contendo
a matéria comercial. Mas consta que Vivante, depois de se envolver com os estudos de direito
comercial, voltou atrás em sua posição dizendo que a unificação acarreta um grave prejuízo
para o direito comercial, e passou a justificar a autonomia em razão da diferença de métodos
do direito civil e do direito comercial, sustentando que o direito comercial tem índole
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cosmopolita, decorrente da natureza do próprio comércio, regulando os negócios em massa,
ao passo que o direito civil se ocupa de atos isolados dos particulares [4].
Destarte entretanto que Cesare Vivanti, jurista italiano, maior comercialista dos tempos
modernos, era considerado o renovador do Direito Comercial italiano, antes da reforma
legislativa de 1942. Era o mais respeitado defensor desta unificação até o momento que foi
incumbido de elaborar o anteprojeto de reforma do Código Comercial italiano. Frente a frente,
com os desafios da elaboração positiva do direito comercial, deu-se conta, Vivanti, de que
cometera grave erro e com a humildade que só habita os espíritos mais altaneiros, retratou-se
publicamente renegando a unificação e afirmando a partir daí, que a unificação acarretaria
grave prejuízo para o Direito Comercial. O comercialista brasileiro, o inesquecível professor
Rubens Requião [5], sobre o assunto, assim se pronunciou: Justifica-se a autonomia pela
diferença de método entre o direito civil e o direito comercial: neste prevalece o método
indutivo, naquele o dedutivo. O direito comercial tem, de fato, uma índole cosmopolita que
decorre do próprio comércio. A disciplina dos títulos de crédito, a circulação, o portador de
boa fé, são institutos que dão uma feição diferente da que prevalece no direito civil.

CONSIDERAÇÕES DE ORDEM JURÍDICA AO DIREITO EMPRESARIAL NO


NOVO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO.
Assim, o Novo Código Civil Brasileiro, dotado de técnica e regras indispensáveis, cria a
possibilidade, não a obrigatoriedade, da constituição de uma Sociedade Limitada com regras,
direitos e obrigações previamente delimitados, afastando as inseguranças jurídicas causadas
pelas insuficientes disposições do Decreto n.º 3.708/19.
Assim, com a presente obra jurídica vamos fazer uma análise minuciosa da nova temática :
Regulamentação Geral da Sociedade Limitada, Regência Supletiva da Sociedade Limitada,
Responsabilidade Solidária dos Sócios, Existência do Conselho Fiscal, Possibilidade de
Exclusão do Sócio, Resolução Parcial da Sociedade, Cessão de Quotas Sociais, Assembléia
Geral de Sócios Cotistas e a Penhora de Bens dos Sócios, Modificação de Contrato,
Incorporação, Fusão ou Dissolução da Sociedade Limitada e a Aplicação Supletiva das
normas da Sociedade Simples/Sociedade Anônima vis a vis e participação de Acionista
Estrangeiro.
Assim o nosso trabalho jurídico tem por objeto o estudo de aspectos relevantes da sociedade
limitada no Novo Código Civil Brasileiro, bem como proporcionar uma visão geral do tema
envolvendo a sociedade limitada. Ao longo do desdobramento das questões que revestem o
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tema, será feita uma análise do atual regime das limitadas, em atenção às recentes posições
doutrinárias e jurisprudenciais. Assim, a finalidade primordial da presente obra jurídica é
orientar a elaboração e a alteração de contratos sociais das sociedades por quotas de
responsabilidade limitada, sugerindo a sua pronta adequação às regras e aos princípios
constantes no Novo Código Civil Brasileiro que são meros reflexos das tendências
doutrinárias e jurisprudenciais manifestadas quando da apreciação do Decreto n.º 3.708/19.

DIREITO DAS EMPRESAS NOVO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO.


O Novo Código Civil Brasileiro [6] (Lei 10.406/02) que entrou em vigor em janeiro de 2003
possui uma parte especial intitulada como Livro II Do Direito da Empresa. Devemos expor
que o objetivo do legislador era a unificação dos temas do ramo do direito privado
envolvendo o Código Comercial Brasileiro no campo da sociedade comercial e do direito
empresarial e algumas leis comerciais especiais como o Decreto 3708/19, Decreto 916/1890,
Decreto 486/69 para uma nova e moderna visão no Novo Código Civil Brasileiro [7].

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES DO DIREITO DAS EMPRESAS.


Os artigos referentes ao livro II que tratam sobre o direito de empresa que disciplina sobre a
vida do empresário e das empresas, com nova estrutura aos diversos tipos de sociedades
empresariais contidas no novo Código Civil, possui como paradigma o Código Civil italiano.
Traz profundas modificações no direito pátrio como por exemplo, o fim da bipartição das
obrigações civis e comerciais. No livro I referente ao direito das obrigações se desdobra a
disciplina do direito de empresa, regendo o primeiro os negócios jurídicos e no segundo a
atividade enquanto estrutura para exercício habitual de negócios, representada pela empresa.

DIREITO DA EMPRESA E DO EMPRESÁRIO.


O Livro II trata do Direito da Empresa, sendo que no Título I temos a figura do empresário
(Arts. 966 á 980). No artigo 966 temos a definição jurídica do empresário, aquele que "exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou
de serviços".

REGISTRO DA SOCIEDADE EMPRESARIAL.


Destarte que no artigo 967 temos que " É obrigatória a inscrição do empresário no Registro
Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade." A
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sociedade empresarial somente adquire personalidade jurídica com a inscrição de seus atos
constitutivos. Sem essa inscrição, ter-se-á sociedade irregular ou de fato. O registro está
regulado nos artigos 1.150 e seguintes do novo Código Civil.
Em síntese, "o empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de
Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil
das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a
sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária." [8]

SOCIEDADE COMERCIAL ENTRE CÔNJUGES.


Devemos expor que o Novo Código Civil Brasileiro retrata no artigo 977 que " Faculta-se aos
cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no
regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.". No artigo segunte
temos que " O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que
seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los
de ônus real." Para tanto se faz necessário conforme determina o artigo 979 que " Além de no
Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os
pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de
bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade." E ainda temos no artigo 980
que " A sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de
reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro
Público de Empresas Mercantis." Portanto, o Novo Código Civil Brasileiro permite a
sociedade comercial entre marido e mulher, porém, condicionalmente; que desde não tenham
casado no regime de comunhão universal de bens ou da separação de bens.

SOCIEDADE COMERCIAL.
O Título II trata da questão da sociedade (Arts. 981 á 985) onde " Celebram contrato de
sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para
o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados." [9] Com a unificação
do Direito Comercial com o Direito Civil, no Novo Código Civil Brasileiro, desaparece a
distinção entre sociedade civil e comercial. Neste desiderato, o Código contemplou a
existência das sociedades "não personificadas", divididas entre "sociedades comuns" e
"sociedades em conta de participação, e das "sociedades personificadas", divididas em
"sociedades simples" e "sociedade empresarial".
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SOCIEDADE NÃO PERSONIFICADA E SOCIEDADE EM COMUM.
No subtítulo I temos a figura da sociedade não personificada como a sociedade em comum
(Arts. 986 á 990) [10]. Alguns das restrições das sociedades não personificadas comuns já
estavam contempladas em leis esparsa. Assim, vedava-se-lhes que interpusessem pedido de
falência ou impetrassem concordata. Outrossim, sua escrituração não tinha força probante. E,
com a edição do novo Código Civil, restou consolidada a responsabilidade ilimitada e
solidárias dos sócios, perante a sociedade e terceiros, sequer lhes sendo de direito o uso do
benefício de ordem. Neste desiderato o artigo 990, que prevê: "Todos os sócios respondem
solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto
no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade."

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS SÓCIOS.


Devemos destacar que no artigo 988 temos que " os bens e dívidas sociais constituem
patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum.". No que tange aos " bens
sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios, salvo pacto
expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o terceiro que o conheça ou
deva conhecer." E finalmente no artigo 90 temos que " Todos os sócios respondem solidária e
ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art.
1.024, aquele que contratou pela sociedade".

SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO.


No subtítulo I temos a figura da sociedade em conta de participação (Arts. 991 á 996) [11]. A
sociedade em conta de participação é considerada uma verdadeira sociedade "anônima".
Temos o Sócio oculto que não aparece, nem pode aparecer como sócio, de forma alguma, em
qualquer sociedade. Trata-se de uma sociedade sui generis. Diversas peculiaridades
distinguem-na das demais. Apresenta duas categorias de sócios: ocultos, que não aparecem
nem tratam com terceiros, e ostensivos, girando os negócios sob a firma individual destes
últimos, únicos responsáveis perante terceiros. Não possui personalidade jurídica, patrimônio
próprio nem firma ou razão social, pois todos os negócios, como visto, são efetuados em
nome do sócio ostensivo.
A sociedade em conta de participação, dado seu caráter especial, de existir apenas entre
sócios, não está sujeita, para constituição às formalidades exigidas para as demais sociedades
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comerciais, ou seja, a ter um contrato escrito, quer por instrumento público ou particular, e
arquivado no Registro de Comércio. Pode ela, na verdade, constituir-se mediante contrato,
mas esse não deverá ser arquivado no Registro de Comércio, sob pena de deixar de ser a
sociedade uma participação, já que com o arquivamento do seu ato constitutivo adquire ela
personalidade jurídica.

SOCIEDADE SIMPLES.
No subtítulo II temos a sociedade simples (Arts. 997 á 1000) devendo "constituir-se mediante
contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes" [12]. O
Código Comercial francês define a sociedade, com rigor e método, como um acordo de
vontades, isto é, como un "contrat" par lequel "deux" ou plusieurs personnes... Consagrou-se,
pois, com o alto prestígio do Código Napoleão e o apoio logístico deste, que a sociedade
supõe um mínimo de duas partes, porque nasce de um contrato, que, por sua vez, supõe uma
pluralidade de partes.

DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS SÓCIOS.


Na Segunda seção temos os Direitos e Obrigações dos Sócios (Arts. 1001 á 1009). Devemos
expor que em conformidade com o artigo 1001, " As obrigações dos sócios começam
imediatamente com o contrato, se este não fixar outra data, e terminam quando, liquidada a
sociedade, se extinguirem as responsabilidades sociais."
Por outro lado temos no artigo 1.003, " A cessão total ou parcial de quota, sem a
correspondente modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios, não
terá eficácia quanto a estes e à sociedade." Novamente devemos em expor que a lei anterior
era omissa sobre o assunto, deixando sua disciplina ao contrato social, que tanto poderia
permitir livremente a cessão, vedá-la ou ainda estabelecer um direito de preferência em favor
dos demais sócios. No silêncio do contrato, duas posições antagônicas eram defendidas:
possibilidade de livre cessão das quotas, a outros sócios ou a terceiros; impossibilidade de
cessão a terceiros, dado o caráter personalíssimo da sociedade. Agora, não havendo
disposição diversa no contrato, um sócio poderá ceder sua quota a outro, independentemente
de audiência dos demais; se a cessão for a terceiros, será possível, após consulta aos demais
sócios, apenas se não houver oposição de titulares de mais de 25% (vinte e cinco por cento)
do capital social.

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ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE.
Na Terceira Seção temos a Administração da Sociedade (Arts. 1010 á 1021). Um grande
passo do legislador na elaboração do Novo Código Civil Brasileiro foi a criação do
administrador da sociedade comercial. A esse respeito, a Lei n.º 6.404/76 reserva os cargos de
administradores das sociedades para pessoas físicas, excluindo as pessoas morais. Devemos
expor que "Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os
condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por
crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a
economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da
concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto
perdurarem os efeitos da condenação." Com respeito à responsabilidade da sociedade pelos
atos dos administradores, o Código é inovador, pois conforme o artigo 1016 "Os
administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os terceiros prejudicados,
por culpa no desempenho de suas funções".
As atribuições dos administradores, desde que constem de contrato devidamente arquivado,
são oponíveis contra todos, o que reduz sensivelmente o campo de incidência da teoria da
aparência. Os administradores só podem atuar nos limites de seus poderes contratuais e nada
além. A atuação fora de seus limites gera sua responsabilização pessoal. Mais recentemente, o
Prof. Rubens Requião, ao analisar o problema do abuso e do uso indevido da razão social pelo
administrador na sociedade por cotas, observou: "Pode ele, todavia, usar da razão social,
dentro dos objetivos da sociedade, mas para fins pessoais, o que caracteriza seu uso indevido.
Tanto no caso de abuso como no de uso indevido da firma social, cabe ação de perdas de
danos contra ele, promovida pela sociedade ou pelos sócios individualmente, sem prejuízo da
responsabilidade criminal".
RELAÇÕES COM TERCEIROS.
Na Quarta Seção temos a questão das Relações com Terceiros (Arts. 1022 á 1027). No art.
1.023 disciplina a responsabilidade da sociedade e dos sócios perante terceiros, respondendo
os sócios, pelo saldo das dívidas da empresa, na proporção de suas participações, salvo
cláusula de responsabilidade solidária. No artigo 1024 temos que " os bens particulares dos
sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os
bens sociais.
Necessidade não havia de disposição expressa, arredando a constrição sobre bens da
sociedade e bens particulares dos sócios por dívidas particulares. Garantia das dívidas da
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sociedade, as quotas não podem responder por dívidas dos sócios; se o pudesse, aberta estaria
a burla, em detrimento de terceiros de boa fé. Incisiva, a propósito, o excelente magistério de
Rubens Requião: "... o que se precisa ter em mente, na hipótese em exposição, é a certeza de
que os fundos sociais não pertencem ao quotista, mas à sociedade. Sustentar-se o contrário é
pôr-se abaixo toda a teoria da personificação jurídica e negar-se a autonomia do seu
patrimônio em relação aos seus componentes"; e noutro lance: "Entre o sócio e a sociedade
ergue-se a personalidade jurídica desta, com a sua conseqüente autonomia patrimonial. Por
isso, pertencendo o patrimônio à sociedade, não pode o credor particular do sócio penhorá-lo
para o pagamento de seu crédito".

RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE EM RELAÇÃO A UM SÓCIO E A EXCLUSÃO DE


SÓCIO.
Na Quinta Seção temos a questão da Resolução da Sociedade em Relação a um Sócio (Arts.
1028 á 1032). Devemos expor que o artigo 1028 retrata que no caso de morte de sócio,
liquidar-se-á sua quota. Sob o tema, comenta Fran Martins [13]: "No nosso ponto de vista,
havendo ou não cláusula contratual, reduzindo-se o número de sócios a apenas um, poderá o
mínimo de dois ser reconstituído no prazo de um ano, a contar da data em que foi constatada a
existência do único sócio, aplicando-se ao caso, por força do art. 18 do Decreto nº 3708/19, a
regra de letra d do art. 206 da Lei das sociedades anônimas, que permite tal procedimento a
essas sociedades quando se constata que há apenas um acionista. A Lei das sociedades
anônimas, acompanhando o desenvolvimento das empresas e reconhecendo o alto valor
dessas nas atividades das sociedades, sempre facultou a continuação das atividades da
companhia quando o número de sócios se tornava inferior ao mínimo estabelecido na lei. E a
lei atual, permitindo que a anônima se forme e funcione regularmente com apenas dois sócios
(artigo 80, I), expressamente dispôs que, reduzida a sociedade a um único acionista, o mínimo
do dois seja reconstituído no prazo de um ano, sob pena de ser a companhia dissolvida. O
mesmo deve acontecer com as sociedades que se formam de acordo com o art. 302 do Código
Comercial entre as quais a sociedade por quotas."
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 A tributação e a concorrência desleal
 A desconsideração da personalidade jurídica na Lei nº 12.529/2011 (Lei de Defesa da
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 Os agentes marítimos e as multas oriundas do Tribunal Marítimo
 As propostas para regulamentação do uso da Internet no Brasil e os direitos autorais
Nesse sentido, confira-se o Acórdão proferido pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal,
quando do RE nº 104.596-PA, relator o eminente Ministro Cordeiro Guerra, resumindo em
sua ementa: "Sociedade limitada constituída de dois sócios. Deferimento de dissolução parcial
com a apuração exata dos haveres do sócio falecido, sem prejuízo da continuidade da empresa
pelo sócio sobrevivente. Recurso Extraordinário conhecido e parcialmente provido."

DA EXCLUSÃO DO SÓCIO NA SOCIEDADE COMERCIAL.


Ao tratar da exclusão de sócio, o novo Código Civil menciona no art. 1.030 que pode o sócio
ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave
no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente. E Será de
pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou aquele cuja quota tenha sido
liquidada..

DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE COMERCIAL NO NOVO CÓDIGO CIVIL


BRASILEIRO.
Na Seção VI temos a forma de dissolução da sociedade comercial ( Arts. 1033 á 1038): A
dissolução societária total foi tratada nos artigos 1.033 e seguintes do novo Código Civil, sem
maiores inovações, sendo oportuno lembrar que neste caso será nomeado um liquidante, com
os poderes previstos nos artigos 1.102 e seguintes. A dissolução tanto poderá ser amigável
como judicial. Quando amigável opera-se através de um distrato, que não é senão um
instrumento firmado pelos sócios, disciplinando o encerramento da sociedade. Quando
judicial dependerá de sentença, a ser proferida em função do requerimento do interessado e
após comprovação do motivo alegado. Portanto, da mesma forma que a sociedade se constitui
e funciona, também pode extinguir-se. Contudo, para que isso ocorra, não basta, em geral, um
processo tão simples como a constituição da sociedade, ou seja, a elaboração do contrato ou
da escritura, ou a assembléia geral de constituição, será necessário uma série de providências
para a apuração dos haveres da sociedade, o pagamento dos credores e a distribuição do saldo.
Entretanto o artigo 1033 do Novo Código Civil Brasileiro retrata as seguintes formas de
dissolução de sociedade: I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem
oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo
indeterminado; II - o consenso unânime dos sócios; III - a deliberação dos sócios, por maioria
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absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; IV - a falta de pluralidade de sócios, não
reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; V - a extinção, na forma da lei, de autorização
para funcionar.

SOCIEDADE EM NOME COLETIVO.


Devemos expor ainda a existência do Capítulo II sobre a constituição da sociedade em nome
coletivo (Arts. 1039 á 1044) onde "somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade
em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações
sociais" [14]. Sociedade comercial constituída de uma só categoria de sócios - solidária e
ilimitadamente responsáveis pelas obrigações sociais - sob firma ou razão social [15]. Tal como
a sociedade em comandita simples, a sociedade em nome coletivo surgiu na Itália, na Idade
Média. Originariamente denominada sociedade geral, foi, depois, chamada sociedade em
nome coletivo pelo Código Comercial francês, de 1807. A sociedade em nome coletivo que
também se denominava, e no direito francês continua a denominar-se, sociedade geral ou
sociedade livre, tem suas origens no comercio medieval italiano. As famílias residentes nas
grandes cidades, consagrando ao comercio o seu patrimônio hereditário ainda indiviso, os
irmãos continuando o tráfico paterno sob o mesmo teto, constituiriam o marco inicial dessa
sociedade, cujo primeiro sinal externo se encontra precisamente nesta comunhão doméstica.

SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES


O Capítulo III vem em tratar da sociedade em comandita simples (Arts. 1045 á 1051) onde
"tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis
solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente
pelo valor de sua quota." [16]
Modernamente, a sociedade em comandita simples é formada por duas espécies de sócios:
comanditados, com responsabilidade solidária e ilimitada, e comanditários, com
responsabilidade limitada. A firma ou razão social deve cumprir os requisitos sobre registro
de firmas ou razões comerciais, quais sejam: nome ou firma de um ou mais sócios pessoal e
solidariamente responsáveis com o aditamento por extenso ou abreviado - e companhia, sem
que se inclua o nome completo ou abreviado de qualquer comanditário, podendo a que tiver o
capital dividido em ações qualificar-se por denominação especial ou pela designação de seu
objeto seguida das palavras - Sociedade em comandita por ações, e da firma.

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Raramente constitui-se uma sociedade em comandita simples. Trata-se de uma forma jurídica
que permite a prestação de capitais por um ou alguns, sem qualquer outra responsabilidade ou
participação na administração do negócio, pois para outros estará reservada esta situação. É
constituída por sócios que possuem responsabilidade subsidiária, ilimitada e solidária, que são
os chamados sócios comanditados, a estes é dada a capacidade de gerenciar e dão nome a
Empresa; e sócios que têm responsabilidade limitada e restringida a importância com que
entram para o capital, são os sócios comanditários. Portanto, é uma sociedade de pessoas, de
responsabilidade mista, porque tanto aparecem sócios ilimitada e solidariamente responsáveis
e outros de responsabilidade limitada.

SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES.


Devemos expor que o Capítulo VI vem em tratar nos artigos 1090 á 1092 da Sociedade em
Comandita por Ações. Sociedade em que o capital é dividido em ações, respondendo os
sócios ou acionistas, tão-somente, pelo preço das ações subscritas ou adquiridas, com
responsabilidade subsidiária, solidária e ilimitada dos diretores ou gerentes pelas obrigações
sociais. Tal como a sociedade por cotas de responsabilidade limitada, pode utilizar-se de firma
ou denominação. Na primeira hipótese, os acionistas cujos nomes constarem na firma terão
responsabilidade solidária e ilimitada. Os gerentes ou diretores são nomeados por prazo
ilimitado, sendo, necessariamente, recrutados entre os sócios ou acionistas, vedada a escolha
de pessoas estranhas à sociedade.

SOCIEDADE COOPERATIVA.
O Capítulo VII vem em tratar nos artigos 1093 á 1096 da Sociedade Cooperativa. As
Cooperativas são sociedades de pessoas, com personalidade jurídica própria e de natureza
civil, não objetivando lucro e sim a prestação de serviços aos seus associados. As
características dominantes desse tipo de sociedade estão inseridas no artigos 3º, 4º e incisos,
da lei 5.764/71.

SOCIEDADES COLIGADAS.
O Capítulo VIII vem em tratar nos artigos 1097 á 1101 das Sociedades Coligadas onde
acompanhando o fenômeno da globalização, onde as empresas passam a se associarem umas
participando das outras, visando a ampliação das sua atividades, com maior produtividade e
menores custos, além de procurarem ampliar seu domínio no mercado. Diz-se coligada ou
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filiada a sociedade de cujo capital outra sociedade participa com dez por cento ou mais, do
capital da outra, sem controlá-la.

SOCIEDADE LIMITADA.
Finalmente temos o Capítulo IV do Novo Código Civil Brasileiro que trata da sociedade
limitada (Arts. 1052 á 1087). Assim devemos descrever os artigos que retratam a nova
constituição da sociedade limitada em substituição ao Decreto 3708, de 10 de janeiro de 1919.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES.
Devemos expor sobre as normas gerais da sociedade limitada no projeto de Código Civil
unificado, onde Waldírio Bulgarelli [17], afirma: "Quanto aos tipos de sociedades,
principalmente, as sociedades que o Projeto denominou de limitadas (as atualmente, por
quotas de responsabilidade limitada), vale lembrar que o número de emendas apresentadas ao
Projeto, a maioria de elaboração do Prof. Egberto Lacerda Teixeira e a série de críticas
recebidas estão a demonstrar que as alterações procedidas não foram de molde a agradar a
doutrina. Temos para nós, que sendo as sociedades por quotas de responsabilidade limitada,
um produto híbrido, que se situa entre as sociedades de pessoas e as de capital, tem servido
como um modelo dúctil, capaz de albergar desde as simples sociedades entre marido e mulher
até as holdings e que portanto não mereceria em princípio alterações, até porque a doutrina e a
jurisprudência têm sabido com galhardia enfrentar e resolver os problemas que apresenta.
Certamente, que perante um regime empresarial, haveria que se atentar para alguns aspectos
que atuam contra a preservação da empresa, e lembraria aqui, como exemplo contundente, o
valor a ser pago ao sócio retirante."

REGÊNCIA SUPLETIVA DA SOCIEDADE LIMITADA


A Regência supletiva da Sociedade Limitada onde o Novo Código Civil Brasileiro estabelece
como regra geral,, na omissão do capítulo próprio das limitadas, a aplicação das normas da
sociedade simples, podendo, entretanto, o contrato social contemplar a regência supletiva
pelas normas da Lei das Sociedades Anônimas " (art. 1.053).

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS SÓCIOS.


A Responsabilidade solidária pela avaliação dos bens integrantes do capital social. O Novo
Código Civil Brasileiro estabelece que todos os sócios respondem solidariamente pela exata
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estimação dos bens conferidos ao capital social até o prazo de cinco anos da data do registro
da sociedade (§ 1 do art. 1055).

EXISTÊNCIA DO CONSELHO FISCAL.


O Novo Código Civil Brasileiro faculta aos sócios instituir um Conselho Fiscal composto de
três ou mais membros e respectivos suplentes eleitos em assembléia. Havendo o Conselho
Fiscal os sócios minoritários que representam 20 % (vinte por cento) do capital social, terão o
direito de eleger um membro e respectivo suplente do Conselho. (Art. 1066).

POSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO DO SÓCIO.


O Novo Código Civil Brasileiro determina que a exclusão possa ser via judicial mediante
iniciativa da maioria dos sócios por falta grave no cumprimento das obrigações do sócio ou
ainda por incapacidade superveniente ou ainda a via extrajudicial onde aplica-se ao sócio que
colocar em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade
mediante deliberação da maioria dos sócios. Pode ainda ser por justa causa. (Arts. 1030 e
1085).

RESOLUÇÃO PARCIAL DA SOCIEDADE.


O Novo Código Civil Brasileiro estabelece no Artigo 1086 a exclusão do sócio. No Artigo
1032 temos que é pertinente à sociedade simples, que estabelece que a exclusão do sócio, não
exime da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a
resolução da sociedade, nem pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não for requerido a
averbação.

CESSÃO DE QUOTAS SOCIAIS.


O Novo Código Civil Brasileiro estabelece no artigo 1057 que na omissão do contrato, o
sócio poderá ceder suas quotas, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente
de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de 20 %
(vinte por cento) do capital social. Até 2 anos depois de averbada a modificação do contrato,
responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas
obrigações que tinha como sócio ( parágrafo único do art. 1.003).
ASSEMBLÉIA GERAL DE SÓCIOS COTISTAS E A PENHORA DE BENS DOS
SÓCIOS.
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Destarte que no Novo Código Civil Brasileiro temos a obrigatoriedade da realização de
assembléia geral anual de cotistas, o que deve ocorrer quatro meses depois do fim do
exercício social, a previsão expressa de que os bens dos sócios podem ser penhorados para o
pagamento de compromissos da empresa, nos casos de fraude e atos irregulares de
administração, que para realizar operações de reorganização societária, como fusões,
incorporações, cisões, bem como pedido de concordata, modificação do contrato social e
designação de administradores, passa a ser obrigatória uma assembléia geral prévia.

MODIFICAÇÃO DE CONTRATO, INCORPORAÇÃO, FUSÃO OU DISSOLUÇÃO


DA SOCIEDADE.
Outrossim temos no Novo Código Civil Brasileiro que as deliberações sobre modificação de
contrato, incorporação, fusão ou dissolução da sociedade, ou cessação do estado de
liquidação, exigem aprovação de ¾ do capital social, ou quanto a empresa decidir aumentar o
capital social, deve ser dado um prazo de trinta dias para os cotistas decidirem se irão
subscrever as novas quotas ou ainda em caso de redução do capital das empresas, será
obrigatória a publicação da operação em jornais de grande circulação.

SOCIEDADE LIMITADA E A ADMINISTRAÇÃO GERAL.


Na Terceira Seção envolvendo os artigos 1060 á 1065 o Novo Código Civil Brasileiro vem
em retratar a administração da sociedade limitada com uma nova figura jurídica a do
administrador designado no contrato social ou em ato separado mediante termo de posse no
livro de atas da administração

SOCIEDADE LIMITADA E AS DELIBERAÇÕES DOS SÓCIOS.


Na Quinta Seção envolvendo os artigos 1071 á 1080 do Novo Código Civil Brasileiro temos
as deliberações dos sócios a respeito de aprovação das contas da administração, da designação
e da destituição dos administradores, do modo de remuneração, de modificação do contrato
social, da incorporação, fusão e a dissolução da sociedade, da nomeação e destituição dos
liquidantes e o julgamento das quotas e do pedido de concordata
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SOCIEDADE LIMITADA E O AUMENTO OU REDUÇÃO DO CAPITAL SOCIAL.


Na Sexta Seção envolvendo os artigos 1081 á 1084 do Novo Código Civil Brasileiro temos as
questões envolvendo o aumento e a redução do capital social

SOCIEDADE LIMITADA E OS SÓCIOS MINORITÁRIOS.


Na Sétima Seção envolvendo os artigos 1085 e 1086 do Novo Código Civil Brasileiro temos
as questões envolvendo a resolução da sociedade em relação a sócios minoritários, com a
possibilidade de exclusão em caso de risco da continuidade da empresa

SOCIEDADE LIMITADA E A DISSOLUÇÃO.


Na Oitava Seção envolvendo o artigo 1087 do Novo Código Civil Brasileiro temos a questão
da dissolução onde " a sociedade dissolve-se, de pleno direito, por qualquer das causas
previstas no art. 1.044. Portanto é bastante inovador o Novo Código Civil Brasileiro no que
retrata a constituição da sociedade limitada com as principais mudança envolvendo a regência
supletiva, a responsabilidade solidária pela avaliação dos bens integrantes do capital social, da
existência do Conselho Fiscal, da possibilidade de exclusão de sócio e da resolução parcial da
Sociedade, da cessão de quotas, da deliberação dos sócios e do quorum qualificado

SOCIEDADE ANÔNIMA.
Devemos expor da existência do Capítulo V que vem em tratar da S.A. A Sociedade Anônima
brasileira é uma forma societária que se assemelha bastante à joint-stock company ou à
corporation. Ela é regida pela Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e modificações
posteriores, incluindo-se aquelas introduzidas pela recente Lei nº 10.303, de 31 de outubro de
2001 ("Lei das Sociedades por Ações"). No artigo 1088 temos que na sociedade anônima ou
companhia, o capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo
preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir. E que a sociedade anônima rege-se
por lei especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as disposições deste Código.

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LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE.
O Capítulo IX vem em tratar nos artigos 1102 á 1112 da Liquidação da Sociedade. O
procedimento de liquidação das sociedades deve ser simplificado e instaura-se após a
ocorrência de uma das causas dissolutórias previstas na lei ou no contrato. O supra artigo
1102 define que " Dissolvida a sociedade e nomeado o liquidante, procede-se à sua
liquidação, ressalvado o disposto no ato constitutivo ou no instrumento da dissolução".
A dissolução e a extinção, esta resultante de liquidação regular, devem ser traduzidas no
distrato, cujo arquivamento na Junta Comercial importa na eficácia das operações, perante
terceiros. J. X. CARVALHO DE MENDONÇA, critica o sistema legal porque declara
dissolvida a sociedade antes da liquidação, apontando que a verdadeira dissolução só ocorre
depois daquela (liquidação), mas se vê nesta crítica que o citado autor considerou a dissolução
como a "extinção" da sociedade e não como causa que a leva ao fim, ou ainda como
procedimento [18].
Como bem descreve o Código, consiste a liquidação na apuração do ativo da sociedade e no
pagamento de seu passivo, podendo ser extrajudicial ou judicial, sem relação direta com a
forma em que se deu a dissolução da sociedade; ou seja, os sócios podem ter chegado à
conclusão da causa dissolutória mas terem divergido quanto ao procedimento liquidatório, ou,
ainda, a sociedade pode ter sido alcançada por dissolução judicial, não obstante seus
integrantes chegam a adotar a liquidação amigável. Devemos expor que a regra é a seguinte:
Os sócios podem resolver, por maioria de votos, antes de ultimada a liquidação, mas depois
de pagos os credores, que o liquidante faça rateios por antecipação da partilha, à medida em
que se apurem os haveres sociais. È de se retratar que " no caso de liquidação judicial, será
observado o disposto na lei processual " e " no curso de liquidação judicial, o juiz convocará,
se necessário, reunião ou assembléia para deliberar sobre os interesses da liquidação, e as
presidirá, resolvendo sumariamente as questões suscitadas."

TRANSFORMAÇÃO, INCORPORAÇÃO, FUSÃO E CISÃO DAS SOCIEDADES.


O Capítulo X vem em tratar nos artigos 1113 á 1122 da Transformação, da Incorporação, da
Fusão e da Cisão das Sociedades.

TRANSFORMAÇÃO SOCIETÁRIA.
A Transformação societária é uma forma de alteração contratual pela qual uma sociedade
passa, independentemente de dissolução ou liquidação, de uma espécie para outra. Não se
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confunde com a incorporação, a fusão, a cisão ou a sucessão. Devemos expor que " A
transformação depende do consentimento de todos os sócios, salvo se prevista no ato
constitutivo, caso em que o dissidente poderá retirar-se da sociedade, aplicando-se, no silêncio
do estatuto ou do contrato social, o disposto no art. 1.031."

INCORPORAÇÃO SOCIETÁRIA
No que tange a Incorporação societária temos uma operação em que uma ou mais sociedades
são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e encargos. A incorporação
(merger, no direito inglês) é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por
outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. A incorporação não dá origem a uma
nova sociedade, pois a incorporadora absorve e sucede a uma ou mais sociedades. Por outro
lado não ocorre, na incorporação, uma compra e venda, mas a agregação do patrimônio da
sociedade incorporada ao patrimônio da incorporadora, com sucessão em todos os direitos e
obrigações.

FUSÃO.
No Novo Código Civil Brasileiro temos que a fusão determina a extinção das sociedades que
se unem, para formar sociedade nova, que a elas sucederá nos direitos e obrigações. A fusão
será decidida, na forma estabelecida para os respectivos tipos, pelas sociedades que
pretendam unir-se. Em reunião ou assembléia dos sócios de cada sociedade, deliberada a
fusão e aprovado o projeto do ato constitutivo da nova sociedade, bem como o plano de
distribuição do capital social, serão nomeados os peritos para a avaliação do patrimônio da
sociedade. Apresentados os laudos, os administradores convocarão reunião ou assembléia dos
sócios para tomar conhecimento deles, decidindo sobre a constituição definitiva da nova
sociedade. É vedado aos sócios votar o laudo de avaliação do patrimônio da sociedade de que
façam parte. Constituída a nova sociedade, aos administradores incumbe fazer inscrever, no
registro próprio da sede, os atos relativos à fusão.

CISÃO SOCIETÁRIA
Finalmente temos a cisão societária onde uma sociedade transfere parcelas de seu patrimônio
para outra(s) sociedade(s), constituída(s) para tal fim ou já existente(s), extinguindo-se a
sociedade cindida, em caso de versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital,
se parcial a versão [19]. Do latim scindere, cortar; daí scissionis, separação, divisão.
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Reorganização de sociedades na qual a companhia transfere parcelas de seu patrimônio a
outras sociedades já existentes ou criadas para tal fim, extinguindo-se a companhia cindida, se
houver transferência total do patrimônio ou dividindo-se seu capital se a transferência for
parcial. A cisão, bem como a incorporação e a fusão, tem seus requisitos apontados no Art.
223 e seguintes da L-006.404-1976 (Lei de Sociedades por Ações). O acionista dissidente da
deliberação que aprovar a cisão tem direito a retirar-se da companhia, mediante reembolso do
valor de suas ações [20].

SOCIEDADE NACIONAL, DEPENDENTE DE AUTORIZAÇÃOE SOCIEDADE


ESTRANGEIRA
O Capítulo XI vem em tratar nos artigos 1123 á 1141 da Sociedade Dependente de
Autorização. Devemos expor que As sociedades estrangeiras passam a depender de
autorização do Poder Executivo para poderem funcionar no território brasileiro. Impõe a lei
que a empresa tem de funcionar no prazo de l2 meses, sob pena de ser considerada caduca a
autorização.(arts. l.123 e 1.124). Fica ressalvado que, o Poder Executivo pode, a qualquer
tempo, cassar a autorização concedida a sociedade nacional ou estrangeira se infringir
disposição de ordem pública ou praticar atos contrários aos fins declarados no seu estatuto.
(art.l.l25) Conceitua "Sociedade Nacional" como aquela organizada de conformidade com a
lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração (art. l.l26). Por outro lado,
"Sociedade Estrangeira" é aquela que qualquer que seja seu objeto, não pode funcionar no
Pais, ainda que por estabelecimento subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos
expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira (art. l.l34).

DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL.
O Título III trata do Estabelecimento especialmente 1142 ´1 1149 do Novo Código Civil
Brasileiro. Devemos expor que matéria esta incorporada do Código Civil Italiano de l.942.
Conforme dispõe o art. 1.142 – estabelecimento é o complexo de bens organizado, para o
exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. Pode ser objeto unitário
de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a
sua natureza.(art. l.l43). Contempla-se ainda, a possibilidade de sua alienação, as
conseqüências, e os direitos e deveres do adquirente.(arts. l.l44 a l.l49). Enfim, o
estabelecimento comercial, agora denominado de estabelecimento empresarial [8], é todo o

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complexo dos elementos, o conjunto de bens que o empresário ou a sociedade empresarial
organiza para a atividade da empresa. É o instrumental da atividade do empresário.

DOS INSTITUTOS COMPLEMENTARES COMO O REGISTRO, O NOME


EMPRESARIAL, OS PREPOSTOS E GERENTES, O CONTABILISTA E A
ESCRITURAÇÃO.
O Título IV trata dos Institutos Complementares como o Registro nos artigos 1150 á 1154, do
Nome Empresarial nos artigos 1155 á 1168, dos Prepostos nos artigos 1169 á 1171, dos
Gerentes nos artigos 1172 á 1176, do Contabilista e outros Auxiliares nos artigos 1177 á 1178
e da Escrituração nos artigos 1179 á 1195 do Novo Código Civil Brasileiro.

REGISTRO DAS SOCIEDADES EMPRESÁRIAS


No que tange ao Registro das sociedades empresárias que fica a cargo das Juntas Comerciais e
as Sociedades Simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas (art. l.l50). Estas disposições já
eram tratadas em legislação específica, lei 8.934 de 18/11/1994 e regulamentada pelo Decreto
n.º 1.800 de 30/01/1996, que cuida do Registro Público das empresas mercantis e atividades
afins.

NOME EMPRESARIAL.
Devemos expor que o artigo 1.155 retrata que considera-se nome empresarial a firma ou a
denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa. E
ainda que equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação
das sociedades simples, associações e fundações. No supra artigo 1156 temos que o
empresário opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se
quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade
João da Gama Cerqueira [21] define que : "Em nossa opinião, o direito sobre o nome comercial
constitui uma propriedade em tudo idêntica a das marcas de fábrica e de comércio, que se
exerce sobre uma coisa incorpórea, imaterial, exterior à pessoa do comerciante ou industrial, e
encontra seu fundamento no direito natural do homem aos resultados de seu trabalho. Essa
propriedade abrange não só o nome do comerciante singular, como, também, a firma das
sociedades em nome coletivo, as denominações das sociedades anônimas e por quotas, a
insígnia dos estabelecimentos e os demais elementos que entram no conceito do nome
comercial (n. 780, supra), considerados como objetos autônomos de direito". De seu turno,
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Fábio Ulhoa Coelho [22], professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, registra
que: "Com efeito, enquanto o nome civil está ligado à personalidade do seu titular, sendo
discutível seu caráter patrimonial, em relação ao nome comercial, a sua natureza de elemento
integrativo do estabelecimento comercial afasta quaisquer dúvidas quanto à sua natureza
patrimonial."
DOS PREPOSTOS, DOS GERENTES E DO CONTABILISTA.
Destarte no capítulo III onde se trata a questão dos Prepostos, dos Gerentes e Do Contabilista
e outros Auxiliares. Os artigos 1.169 e seguintes do Código Civil tratam da figura do
preposto. Diz, por exemplo, que a preposição não pode ser transferida a terceiros, salvo com
autorização expressa, sob pena de responder pessoalmente pelos atos do substituído. Também
se lhe veda que participe de operação do mesmo gênero que lhe foi concedida, ou que negocia
por conta própria, perante terceiro.
Por conseguinte temos no artigo 1169 que o preposto não pode, sem autorização escrita,
fazer-se substituir no desempenho da preposição, sob pena de responder pessoalmente pelos
atos do substituto e pelas obrigações por ele contraídas. E no artigo 1170 temos que o
preposto, salvo autorização expressa, não pode negociar por conta própria ou de terceiro, nem
participar, embora indiretamente, de operação do mesmo gênero da que lhe foi cometida, sob
pena de responder por perdas e danos e de serem retidos pelo preponente os lucros da
operação.
Daí o ensinamento de J. X. Carvalho de Mendonça [23] de que "a preposição comercial ou
contrato de emprego no comércio participa tanto do mandato como de locação de serviços;
não reúne, porém, os caracteres exclusivos de nenhum destes contratos. A preposição
comercial constitui figura típica de contrato. A subordinação ou dependência do preposto em
relação ao preponente arreda-lhe a qualidade de mandatário, para lhe imprimir a de locador de
serviços; a representação, que, muitas vezes, o preposto exerce relativamente a terceiros,
afasta-o da posição de locador de serviços para o elevar a mandatário. Conciliando as regras
desses dois contratos obteve-se nova figura: o contrato de preposição comercial, ou de
emprego no comércio".

DA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL.
Finalmente no Capítulo IV temos a questão da Escrituração. Contábil.O Código exige que o
empresário e a sociedade empresarial sigam um sistema de contabilidade, com base na
escrituração de seus livros, além de anualmente promover o balanço, salvo no caso do
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pequeno empresário.O Diário, contudo, é livro necessário a todos os empresários, inclusive os
pequenos, Nele serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização do documento
respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao
exercício da empresa.estende-se ao pequeno empresário.
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 Os agentes marítimos e as multas oriundas do Tribunal Marítimo
 As propostas para regulamentação do uso da Internet no Brasil e os direitos autorais
A contabilidade deverá ser confiada a contabilista legalmente habilitado.Importante
consideração é a trazida no artigo 1.190, que prevê que "nenhuma autoridade, juiz ou tribunal,
sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a
sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas
em lei." Por seu turno, o artigo 1.191 completa dizendo que "o juiz só poderá autorizar a
exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões
relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou
em caso de falência."
Portanto de forma resumida apresentamos as principais mudanças no Direito das Empresas
com o Novo Código Civil Brasileiro, sob a égide em nossa obra Manual das Empresas á Luz
do Novo Código Civil Brasileiro.

NOTAS
01. REALE, Miguel. Visão geral do projeto de código civil: tramitação do projeto
02. LUCCA, Newton de. A atividade empresarial no âmbito do projeto de código civil. In:
SIMÃO FILHO, Adalberto e LUCCA, Newton de (Org.). Direito empresarial
contemporâneo. São Paulo: Juarez de Oliveira, p. 29-83, 2000, p.37.
03. VISÃO GERAL DO PROJETO DE CÓDIGO CIVIL, artigo do Prof. Dr. Miguel Reale
04. Rubens Requião, 1977:17-19
05. REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. v. 1. São Paulo: Saraiva, 1998, p.369
06. Em 1967, formou-se uma comissão, coordenada por Miguel Reale, que apresentou o
anteprojeto de Código Civil em 1972, em que há proposta de novo regime das sociedades
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limitadas.Compunham a comissão os juristas: José Carlos Moreira Alves, encarregado da
Parte Geral; Agostinho de Arruda Alvim, incumbido do Direito das Obrigações; Sylvio
Marcondes, com o Livro do Direito de Empresa; Ebert Vianna Chamoun, incumbido do
Direito das Coisas; Clóvis do Couto e Silva, cuidando do Direito de Família; e Torquato
Castro, trabalhando o Direito das Sucessões.
07. A exemplo do Código Civil Italiano, de 1942, o projeto ora em tramitação tem a pretensão
de unificar o Direito Privado Brasileiro. Quando se fala em unificação, deve-se pensar,
primeiramente, na estruturação do Direito Privado sobre a base de um único direito
obrigacional, ou seja, o ponto nodal da unificação é a elaboração de um único Direito das
Obrigações, comum a todos os sujeitos, não distinguindo entre comerciantes e não-
comerciantes.
08. Código Civil, artigo 1.150
09. TÍTULO II Da Sociedade CAPÍTULO ÚNICO Disposições Gerais
10. SUBTÍTULO I Da Sociedade Não Personificada CAPÍTULO I Da Sociedade em Comum
11. CAPÍTULO II Da Sociedade em Conta de Participação
12. SUBTÍTULO II Da Sociedade Personificada CAPÍTULO I Da Sociedade Simples Seção I
Do Contrato Social
13. (in Curso de Direito Comercial, 12ª ed., 1987, págs. 299/300
14. CAPÍTULO II Da Sociedade em Nome Coletivo
15. Amador Paes de Almeida, Manual das Sociedades Comerciais, São Paulo, Saraiva, 2ª ed.,
1979, pp. 113 e segs.).
16. CAPÍTULO III Da Sociedade em Comandita Simples
17. BULGARELLI, Waldirio. Tratado de direito empresarial. São Paulo: Editora Atlas,
2000, pp.266/267.
18. Mendonça, J. X. Carvalho de, in ob. cit., 222.
19. Ananias Neves, Márcia Cristina, Sociedades por Cotas, São Paulo, Hemus Editora Ltda.,
s-d, p. 65.
20. Tavares Paes, P. R., Fraude contra Credores, São Paulo, Revista dos Tribunais, nota 42,
1978, p. 57; do mesmo autor, Manual das Sociedades Anônimas, São Paulo, Revista dos
Tribunais, 1981, pp. 66-67
21. Tratado da Propriedade Industrial, pág. 1.173, vol. 2, 2ª ed.
22. Manual de Direito Comercial, pág. 28, ed. 1988

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23. J. X. Carvalho de Mendonça, Tratado de Direito Comercial Brasileiro, São Paulo, 1911,
Cardozo Filho & Comp., vol. II, pág. 450, nº 453

Celso Marcelo de Oliveira


consultor empresarial, membro do Instituto Brasileiro de Direito Empresarial, do Instituto
Brasileiro de Direito Bancário, do Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor, do
Instituto Brasileiro de Direito Societário, do Instituto Brasileiro de Direito Tributário, da
Academia Brasileira de Direito Constitucional, da Academia Brasileira de Direito Tributário,
da Academia Brasileira de Direito Processual e da Associação Portuguesa de Direito do
Consumo também escreveu as obras: "Tratado de Direito Empresarial Brasileiro", "Direito
Falimentar", "Comentários à Nova Lei de Falências", "Processo Constituinte e a
Constituição", "Cadastro de restrição de crédito e o Código de Defesa do Consumidor",
"Sistema Financeiro de Habitação e Código de Defesa do Cliente Bancário".
Leia mais: http://jus.com.br/revista/texto/3807/direito-empresarial-a-luz-do-codigo-civil-
brasileiro/4#ixzz1rpSatsKC

Ano 1- Nº 1 - ISSN 1676-8213

O DIREITO EMPRESARIAL SUPERANDO O ARCAICO SISTEMA DOS


ATOS DE COMÉRCIO

Lucíola Fabrete Lopes Nerilo

Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, professora de Direito


Comercial na UNOESC, Campus de São Miguel do Oeste (SC)

Resumo.

O direito comercial brasileiro está em crise. Diante de um sistema positivado absolutamente


arcaico traçamos um histórico das três teorias que explicam a incidência do direito comercial
nas diferentes épocas, dando-nos a noção de quem eram os sujeitos que faziam jus aos
benefícios que só o direito comercial confere, quais sejam, a falência e a concordata. A teoria

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subjetiva considerava sujeito do direito comercial o comerciante matriculado em uma das
corporações de ofício. A teoria dos atos de comércio, inspirada nos ideais da Revolução
Francesa, deslocou o âmbito do direito comercial para a atividade dos atos de comércio, as
quais nunca foram muito bem definidas em virtude da evolução contínua e frenética das
atividades comerciais. A principal lacuna dessa teoria – que se verifica hoje - é não
contemplar as atividades de prestação de serviços como sujeitas ao direito comercial e,
conseqüentemente, merecedoras das prerrogativas acima mencionadas. Com o surgimento da
teoria da empresa, o sujeito do direito comercial é o empresário – pessoa física ou jurídica –
que exerce atividade econômica organizada, não importando a natureza dessa atividade.
Incompatível com o princípio da isonomia não contemplar as empresas prestadoras de serviço
como sujeitos merecedores dos benefícios da concordata e da falência.

1.Introdução.

O objetivo deste trabalho é traçar um histórico do campo de aplicação do direito comercial


através das três teorias que explicam o âmbito de atuação desse ramo do Direito: teoria
subjetiva, teoria dos atos de comércio e teoria da empresa. A importância desta delimitação
está em que, atualmente a resistência à adoção da teoria da empresa redunda em negação de
benefícios que só o direito comercial concede a quem está sob sua égide. Assim, as empresas
prestadoras de serviço não têm acesso ao benefício da concordata por não estarem
contempladas pela teoria dos atos de comércio, a qual demonstraremos ultrapassada e
absolutamente incoerente com o sistema de organização econômica atual.

O estudo das três teorias a que este trabalho se propõe tem por finalidade resgatar
historicamente o âmbito de incidência do direito comercial em diferenciação ao direito civil.
Sendo dois ramos muito próximos no que respeita aos princípios norteadores e dentro daquilo
que se costuma chamar de ramos do direito privado,(1) urge distinguir que tipo de relação
jurídica será regulamentada pelo direito civil e pelo direito comercial.

A importância de se delimitar exatamente quem é o sujeito que se submete às regras do direito


comercial está em que, somente esse ramo do Direito oferece duas prerrogativas ímpares a
quem está sob sua regulamentação: a falência e a concordata. A falência, muitas vezes
encarada como um castigo ao empresário impontual no pagamento de suas obrigações, não
deixa de ser também um privilégio na medida em que possibilita ao falido a liberação total
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após o pagamento de mais de quarenta por cento de suas obrigações. Se seu patrimônio
arrecadado por ocasião da falência só puder alcançar pouco mais de 40% de seus débitos ele
será declarado reabilitado.(2) O que não acontece com o devedor civil cuja quitação só será
possível com o pagamento de 100% de suas obrigações ou após serem essas alcançadas pela
prescrição.

A concordata é um benefício pelo qual o empresário poderá postergar o pagamento de suas


dívidas, ou obter redução para pagá-las de imediato.(3) Tanto uma quanto outra dependem de
pronunciamento judicial.

Assim, a proposta deste escrito é tratar do campo de aplicação do direito comercial, superando
o conceito arcaico de que somente aqueles que praticam atos de comércio podem acessar a
concordata e a falência, bem como questionar a incompatibilidade da negação da concordata e
da falência às empresas que não praticam atos de comércio.

2.A Teoria Subjetiva.

O Direito comercial surgiu por obra de seus próprios interessados, ou seja, foram os
comerciantes que começaram a editar as normas reguladoras de sua atividade. Isto se explica
pela gênese do comércio. Na Idade Média a intensificação das feiras nas cidades medievais
fez surgir a profissão de comerciante e conseqüentemente a classe burguesa em contraposição
à classe feudal. O direito comum não regulamentava a atividade comercial, posto que a
profissão de mercador era discriminada e considerada indigna pela Igreja.

Os comerciantes então passaram a se organizar em corporações de mercadores cujas


principais funções eram dirimir conflitos envolvendo os comerciantes que nelas estivessem
matriculados. Para tanto aplicavam as normas provindas dos costumes mercantis. "É nessa
fase histórica que começa a se cristalizar o direito comercial, deduzido das regras corporativas
e, sobretudo, dos assentos jurisprudenciais das decisões dos cônsules, juízes designados pela
corporação, para, em seu âmbito, dirimirem as disputas entre os comerciantes"(4). Infere-se
que os comerciantes faziam as leis que lhes seriam aplicadas pelos cônsules (também
comerciantes), com função jurisdicional dentro da corporação de ofício. "Tem-se aí a origem
do Direito Comercial: um direito de cunho subjetivo (dos comerciantes) e de
feição eminentemente classista, porque criado e aplicado pelos comerciantes para resolver
suas relações de negócio"(5).
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Esta fase é classificada de teoria subjetiva porque só aqueles que estavam matriculados nas
corporações é que eram considerados comerciantes, e somente estes tinham acesso aos
tribunais especiais, bem como aos privilégios da falência e da concordata.

3.Conceito Objetivo ou Teoria dos Atos de Comércio ou Sistema Francês

A proposta da teoria dos atos de comércio é alterar o modo de classificar o comerciante de


subjetivista (aquele que estava matriculado), para um critério objetivista (atividade
comercial). É a atividade que fará com que o comerciante seja sujeito do direito comercial,
independentemente de estar ligado a uma corporação de ofício, tendo então acesso às
prerrogativas já mencionadas: falência e concordata.

Fábio Ulhoa Coelho explicando a passagem da teoria subjetiva para a teoria objetiva diz que
"a sua [do direito comercial] transformação em disciplina jurídica aplicável a determinados
atos e não a determinadas pessoas, relaciona-se não apenas com o princípio da igualdade dos
cidadãos, mas também com o fortalecimento do estado nacional ante os organismos
corporativos."(6)

Contextualizando o aparecimento desta segunda fase do direito comercial devemos nos


reportar às mudanças do Estado medieval, dividido em feudos com poder fracionado, para o
Estado centralizado onde o poder estava todo ele nas mãos de um monarca. Transformar o
direito comercial em um direito regulador de certas atividades significava o fortalecimento do
estado nacional perante as corporações de ofício. Deslocar o âmbito do direito comercial fazia
parte da estratégia de abolição do corporativismo.(7)

O marco histórico desta teoria é a entrada em vigor do Código Mercantil Napoleônico em


1807. A proposta deste Código foi objetivar o tratamento jurídico da atividade mercantil com
a adoção da teoria dos atos de comércio.(8) Inspirados nos ideais da Revolução Francesa –
liberdade, igualdade e fraternidade – a proposta dessa teoria é abarcar com o direito comercial
todos aqueles que se dedicassem à atividade mercantil, independentemente de estarem ou não
afiliados a alguma corporação de classe. Pela teoria dos atos de comércio, comerciante era
aquele que praticava atos de comércio.

É preciso lembrar que as corporações legislavam livremente para disciplinar as atividades dos
comerciantes, além disso, dispunham de uma atividade jurisdicional especializada, pois os
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conflitos comerciais eram levados aos Tribunais do Comércio ligados às corporações e
compostos por comerciantes.

Estamos então diante de um sistema que classifica o sujeito do direito comercial de acordo
com sua atividade, não importando se ele está ou não ligado a uma corporação. Quais são as
atividades que credenciam alguém a ser sujeito do direito comercial? Pela teoria dos atos de
comércio, são os atos de comércio. E o que são atos de comércio? Não há quem ouse dizer,
simplesmente por ser impossível traçar uma definição capaz de abranger todas as atividades
comerciais. Fábio Ulhoa Coelho fala sobre essa indefinição: "a teoria dos atos de comércio
resume-se rigorosamente falando, a uma relação de atividades econômicas, sem que entre elas
se possa encontrar qualquer elemento interno de ligação, o que acarreta indefinições no
tocante à natureza mercantil de algumas delas.(9)" Da mesma forma Rubens Requião afirma
que "o sistema objetivista, que desloca a base do direito comercial da figura tradicional
do comerciante para a dos atos de comércio, tem sido acoimado de infeliz, de vez que até hoje
não conseguiram os comercialistas definir satisfatoriamente o que sejam eles"(10).

O código napoleônico enumerou as atividades consideradas mercantis. O nosso Código


Comercial não elencou os atos de comércio, porém, eles foram normatizados pelo
Regulamento 737, de 1850, no intuito de definir quais atividades estariam afetas aos
Tribunais do Comércio.

Na tentativa de contemporizar a indefinição do que seriam os atos de comércio, parte da


doutrina utiliza uma fórmula pela qual o "ato de comércio é aquele praticado habitualmente
com o fito de lucro para a mediação dos bens e serviços.(11)"

No Brasil a edição do Código Comercial de 1850 – em vigor até hoje – foi totalmente
inspirado no Code de Commerce francês, adotando então a teoria dos atos de comércio, meio
misturada à teria subjetiva, pois o art. 4.º deste diploma dispõe que comerciante é aquele que
esteja matriculado em algum Tribunal do Comércio do Império e que faça da mercancia sua
profissão habitual. Como se vê, ao exigir a matrícula no Tribunal do Comércio(12), nosso
Código está retornando ao sistema subjetivo, bem como, ao dizer que é comerciante aquele
que faz da mercancia sua profissão, está contemplando a teoria dos atos de comércio. Por isso
Waldírio Bulgarelli chama nosso sistema de misto.

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Não podemos acusar o nosso Código de ser anacrônico ao adotar a teoria dos atos de
comércio, pois tendo ele nascido em meados do Século XIX, sob forte influência do Código
de Napoleão, não poderia ser de outra forma.

Atualmente as dificuldades proporcionadas pela adoção – agora sim anacrônica – dos atos de
comércio em nosso sistema, consistem justamente na indefinição das atividades ou dos
sujeitos que estariam sob a égide do direito comercial e, por conseqüência, sendo beneficiados
pela possibilidade de pedir concordata e desfrutar das prerrogativas que só a falência confere
aos insolventes. Alfredo de Assis Gonçalves Neto arremata da seguinte forma: "O principal
argumento contrário ao sistema objetivo é justamente a precariedade científica da base em que
se assenta – uma enumeração casuística de atos de comércio, feita pelo legislador ao acaso (de
acordo com aquilo que a prática mercantil considerava, à época, pertencer ao Direito
Comercial). Com isso, sequer se consegue encontrar o conceito de seu elemento fundamental,
o ato de comércio.(13)"

A atividade de prestação de serviços também não poderia ser contemplada por esta teoria,
posto que no século XIX não existia a prestação de serviços em massa e explorada de forma
empresarial como temos hoje. Assim, por tradicionalismo e apego àquilo que diz a lei, até
hoje tem gente que considera a atividade de prestação de serviços (prestada em massa) como
de natureza civil. Combatendo essa idéia obsoleta, Alfredo Assis Gonçalves Neto pondera:
"Ora, o que o Código Civil regulou foi o contrato de prestação de serviços isoladamente
considerado; não a atividade que se identifica pela intermediação de um profissional que se
dedica a recrutar trabalho alheio para coloca-lo à disposição de terceiros"(14).

Não é mais sustentável negar o caráter empresarial das atividades econômicas de prestação de
serviços efetuadas repetidamente e em cadeia. São atividades lícitas e de grande importância
na economia sendo questionável (adiante discutiremos isso mais a fundo) arrebatar desses
setores os benefícios concedidos aos comerciantes, quais sejam, falência e concordata.(15)

4.Teoria da Empresa ou Sistema Italiano ou Conceito Subjetivo Moderno.

A teoria da empresa é fruto da unificação dos direitos civil e comercial ocorrido na Itália, em
1942 com o surgimento do Códice Civile. Conforme dito acima a principal lacuna da teoria
dos atos de comercio consiste em não abranger atividades econômicas tão ou mais

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importantes que o comércio de bens, tais como a prestação de serviços, a agricultura, a
pecuária e a negociação imobiliária, prestados de forma empresarial.

O cerne da teoria da empresa está nesse ente economicamente organizado que se


chama empresa,(16) a qual pode se dedicar tanto a atividades eminentemente comerciais como
a atividades de intermediação de serviços ou de compra e venda de bens imóveis,
tradicionalmente excluída do direito comercial por motivos históricos(17). Para esta teoria,
todo empreendimento organizado economicamente para a produção ou circulação de bens ou
serviços, está submetido à regulamentação do direito comercial.

Waldírio Bulgarelli fala da dificuldade da doutrina em trabalhar com o conceito de empresa:


"Essa concepção – que é alvo de intensas discussões pela doutrina, tendo em vista as
dificuldades para conceituar juridicamente as empresas e de abranger juridicamente os seus
vários tipos, que adotam por objeto atividades tradicionalmente fora do âmbito do direito
comercial (como agricultura), (...) – tomou extraordinária importância, constituindo hoje o
fulcro do direito comercial.(18)"

Esta teoria é denominada também de conceito subjetivo moderno porque descolou a


incidência do direito comercial de uma atividade para uma pessoa: o empresário
(empreendedor) seja ele pessoa física ou jurídica.

À imagem e semelhança do que dispõe o Código Civil Italiano de 1942, o nosso projeto de
Código Civil, em seu artigo 969, define o empresário como aquele que "exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou
de serviços."

Assim, enquanto aquele projeto não se convolar em lei buscamos na doutrina os instrumentos
de utilização da teoria da empresa: "A doutrina trabalha com a designação ‘empresário’ a
partir daquilo que a ciência econômica oferece, segundo a qual o empresário é o profissional
do mercado de bens e de serviços, vale dizer, o que se dedica ao ofício da produção e
circulação de bens e de serviços..."(19).

Qualquer atividade econômica pode ser organizada sob a forma de empresa.

5. A desordem atual.

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Não tendo sido ainda adotada legalmente a teoria da empresa, estamos diante de muitas
perplexidades no que diz respeito ao âmbito de incidência do direito comercial. Para tentar
adequar as lacunas de um sistema legal inservível algumas leis esparsas têm, simplesmente,
declarado certas atividades como sendo comerciais para incluí-las sob a ingerência do direito
comercial. Tendo em vista que os imóveis passaram a ser objeto de compra e venda em
massa, tendo inclusive empresas especializadas em sua construção, locação e venda, como é o
caso das empresas de construção civil e imobiliárias, a Lei 4.068, de 1962 declarou como
comerciais as empresas que se dedicam ao ramo da construção civil, bem como, a Lei 4.591
de 1964 tratou o incorporador profissional como comerciante sujeito à falência.

Para não deixar dúvidas a respeito do caráter comercial das sociedades por ações o art. 2.º §
1.º da Lei 6.404/76 declara qualquer atividade exercida por empresa constituída sob a forma
de Sociedade por Ações é considerada mercantil.

As empresas de trabalho temporário também foram declaradas por lei (Lei 6.019, de 1974)
como sujeitas à falência.

Deste modo percebe-se a barafunda em que se encontra o direito comercial hoje. Se nós
dissermos que é urgente uma atitude do legislador para sanear essas disfunções, estaríamos a
provocar risos nos estudiosos do direito. Primeiro porque é sabido que o direito não depende
da lei e, segundo porque é de conhecimento geral que, para aguardar uma posição do nosso
legislador é necessário esperar sentado.

Deste modo o que se propõe é buscar os argumentos que sustentam a adoção imediata da
teoria da empresa pelos nossos julgadores, de modo a estender a todos aqueles que exercem
atividade economicamente organizada, as benesses do direito comercial.

A doutrina já se inclina para este sentido. Waldírio Bulgarelli afirma que "nos dias que
correm, transmudou-se [o direito comercial] de mero regulador dos comerciantes e dos atos
de comércio, passando a atender àatividade, sob a forma de empresa, que é o atual fulcro do
direito comercial"(20).

6.A fundamentação dos privilégios.

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O que ser quer neste tópico é levantar os motivos pelos quais o Estado, através da lei, confere
aquelas prerrogativas. Façamos primeiramente uma distinção salutar para o desenvolvimento
deste tópico. Quando se fala em mercado não se está falando em sistema capitalista. O
mercado é locus de troca promovendo a circulação do capital, e propiciando também a sua
pulverização e distribuição. O capital que circula e se espalha não se acumula, evitando má
distribuição de renda. Deste modo as atividades empresariais são importantes na medida em
que promovem a circulação do capital.

Neste sentido o comércio é considerado o motor da economia proporcionando trabalho,


arrecadação por parte do Estado e acesso aos bens e serviços a serem consumidos.(21) Por isso
pode-se dizer que, se o Estado proporciona um tratamento diferenciado aos empresários,
conferindo-lhes a possibilidade de obterem a concordata e a falência, é justamente por
reconhecer a importância da atividade de produção e circulação de bens e serviços.

Fábio Konder Comparato faz uma importante consideração sobre o papel do Estado mediante
a atuação das empresas privadas, diz ele: "A instituição do Estado social impôs, no entanto,
duas conseqüências jurídicas da maior importância para a organização das empresas. De um
lado, o exercício da atividade empresarial já não se funda na propriedade dos meios de
produção, mas na qualidade dos objetivos visados pelo agente; sendo que a ordem jurídica
assina aos particulares e, especialmente, aos empresários, a realização obrigatória de objetivos
sociais, definidos na Constituição".(22) Sendo assim, o Estado exige, através das normas
jurídicas, atuação voltada aos objetivos sociais o que dá cor e forma à função social da
empresa.

O empresário tem consciência da função social de sua atividade. Porém, muitas vezes,
manifesta-a quando precisa do Estado para algum tipo de incentivo fiscal ou até mesmo para o
livramento dos pagamentos de ordem tributária.

Reforçando o caráter social da atividade empresarial a Lei n. 6.404, de 1976, em seu art. 154,
dispôs expressamente sobre a função social da empresa:

Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe conferem para
lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as exigências do bem público e da
função social da empresa.

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A Constituição Federal de 1988 tem na ordem econômica as diretrizes de valorização do
trabalho humano e na livre iniciativa, com finalidade de assegurar a todos existência digna
conforme os ditames da justiça social. No parágrafo único do artigo 170 a CF fala
em atividade econômica, quando declara que todos são livres para o exercício de qualquer
atividade econômica, sem distinguir sua natureza civil ou mercantil. Neste sentido se
pronuncia Alfredo Assis Gonçalves Neto, dizendo que "a regra constitucional mostra que a
tutela especial é determinada para quem quer que, na iniciativa privada, exerça atividade
econômica, o que significa que qualquer distinção que não deflua desses princípios
referenciais assentados em nossa Constituição fere o princípio da isonomia, que impõe
tratamento igual a quem se encontre em situação de igualdade (art. 5.º e incisos).(23)"

A empresa congrega em si qualidades e atribuições que a fazem um centro gravitacional de


interesses. Se prestarmos atenção ao sistema normativo vigorante perceberemos a posição de
destaque da empresa. Assim, não só o direito comercial, que regulamenta as relações de
produção e circulação dos bens e serviços, mas também outros ramos do direito, estão
gravitacionando ao redor das empresas. Neste sentido podemos citar: o direito do trabalho
cuja relação empregatícia está em grande parte alocada para atividades empresariais; o direito
civil quando regulamenta as relações de garantias creditícias; o direito tributário pelo qual o
Estado arrecada seus recursos, sendo a maioria deles provindos de pagamentos de tributos por
parte de empresas; o direito Constitucional, quando trata dos princípios da Ordem Econômica
cujo objetivo é proporcionar melhor distribuição de renda e acesso aos bens e serviços, e
assim sucessivamente.

Conclui-se que as prerrogativas conferidas pelo direito comercial têm fundamento na


importância da atividade econômica para o desenvolvimento social.

7. O papel do profissional do Direito neste impasse.

Há dificuldade em se estender àqueles que não praticam atos de comércio, mas que explorem
atividade econômica organizada em forma de empresa, os benefícios da concordata e da
falência. Isso se deve ao fato de ter o nosso Código Comercial adotado a Teoria dos Atos de
Comércio. Ora, como já visto acima, pela sua idade o Código Comercial não poderia ter feito
diversamente. Mas agora nós temos uma realidade não contemplada por aquele diploma, por
isso ele não satisfaz aos anseios dos empresários. Então por que esse apego ao Código

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Comercial como se ele ainda fosse um instrumento capaz de oferecer as normas aplicáveis aos
problemas da empresa moderna? Bobbio explica o que ele chama de fetichismo da lei,
dizendo que "a cada grande codificação desenvolveu-se entre os juristas e juízes a tendência
de ater-se escrupulosamente aos códigos (...)"(24).

Bem, estamos diante de uma situação para a qual não há regulamentação jurídica satisfatória.
O que se quer é incluir no âmbito de um benefício uma categoria que está excluída por
motivos históricos, qual seja, os empresários (pessoas físicas ou jurídicas) que não pratiquem
atos de comércio. Os motivos históricos a que aludo são a idade do nosso Código Comercial,
e a insipiência da atividade de prestação de serviços de forma empresarial (em massa) na
ocasião da edição do Código.

Já sabemos que os empresários recebem tratamento diferenciado da lei porque o Estado


reconhece a importância da atividade econômica para a sociedade humana. Já sabemos que as
empresas prestadoras de serviços são tão (ou mais) importantes para a economia quanto
aquelas que praticam atos de comércio. Sabemos que estas duas categorias de empresas estão
materialmente em situação igualitária, e que a lei está deficitária, porém, não podemos ficar
esperando por ela.

Como pode o profissional do direito equalizar essa questão com o fito de estender aos
empresários a possibilidade de receber o mesmo tratamento dos comerciantes stricto
sensu? Podemos aplicar a interpretação teleológica, a analogia, o princípio da isonomia ou a
interpretação extensiva para fundamentarmos a extensão do beneficio da falência e da
concordata a todas as categorias de empresários. Vejamos.

A interpretação teleológica consiste em identificarmos a finalidade da lei. A ratio legis da


concordata e da falência é justamente a importância da empresa (como atividade econômica
organizada) hábil geradora de trabalho, arrecadadora de tributos, geradora de bens e serviços,
promotora da circulação do capital, etc. Diz o princípio geral de direito: "Onde houver o
mesmo motivo, há também a mesma disposição de direito"(25).

Já sabemos que os benefícios têm a finalidade de estimular a atividade empresarial que é


considerada salutar para a sociedade. Bem, se a finalidade da lei é fomentar a economia, os
empresários prestadores de serviços merecem tratamento igualitário, pois cumprem esse
mesmo objetivo que a lei visa implementar.
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Podemos aplicar a analogia ou a interpretação extensiva para dilatar os benefícios aos
empresários prestadores de serviço. A analogia e a interpretação extensiva estão muito
próximas, sendo que a primeira consiste em um "procedimento mediante o qual se explica a
assim chamada tendência de cada ordenamento jurídico a expandir-se além dos casos
expressamente regulamentados"(26).

Ora, não seriam as empresas prestadoras de serviço agentes econômicos tais como o são as
empresas praticantes de atos comerciais stricto sensu ? A qualidade comum a ambas é de
importantes agentes econômicos, o que determina a extensão dos benefícios de uma para
outra.

Se preferirmos utilizar o princípio da isonomia podemos invocar a preceito geral pelo qual um
benefício legal só é legítimo à medida em que alcance todos os indivíduos daquela categoria
que se encontrem na mesma situação material: todos os empresários são agentes econômicos,
logo, todos aqueles que exploram atividade econômica organizada de forma empresarial estão
aptos a participar dos mesmos benefícios.

8. Conclusão

Finalizando nossas argumentações podemos concluir que não há mais nenhum sustento na
afirmação de que somente aqueles que praticam atos de comércio podem ter acesso à falência
e à concordata, pois isso fere os princípios mais caros ao Direito de que duas pessoas em
situação igualitária merecem o mesmo tratamento jurisdicional.(27) A teoria dos atos de
comércio, ao restringir o direito comercial, não atende mais aos novos modelos de
empreendimento, cujas atividades fogem do ato de comércio, mas que participam da produção
e circulação de bens e serviços com tanta força que chegam a representar um setor
significativo na geração de empregos, arrecadação tributária, melhoria da qualidade de
serviços e bens consumidos, etc. Assim, podemos aplicar a interpretação teleológica buscando
a ratio legis da existência daqueles benefícios, que existem para estimular a atividade
empreendedora; podemos ainda utilizar a analogia ou a interpretação extensiva, bem como o
princípio da isonomia para incluirmos os empresários prestadores de serviços como aptos a
obterem a concordata e a falência.

9.Notas

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1.Bobbio diz que a originária diferenciação entre o direito público e o privado é acompanhada
pela afirmação da supremacia do público sobre o privado. Costuma-se dizer que o direito
privado regulamenta as relações entre iguais, e o direito público, as relações entre
desiguais. In BOBBIO, Norberto. Estado Governo Sociedade. Para uma teoria geral da
política. 6.ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. pgs. 15 e 16. Sendo uma relação
(supostamente) entre iguais vigoram os princípios da autonomia e da igualdade, pelos quais
dá-se às pessoas o poder de negociação.

2.O artigo 135, II do Decreto-lei n. 7.661 de 1945 assim dispõe: "Extingue as obrigações do
falido: (...) II – o rateio de mais de 40% (quarenta por cento), depois de realizado todo o ativo,
sendo facultado o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem, se para tanto
não bastou a integral liquidação da massa".

3.Vide artigo 156 e incisos do Decreto-lei n. 7661, de 1945.

4.REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. Vol. 1. 23. ed. Atual. São Paulo:
Saraiva, 1998. pgs. 10 e 11.

5.GONÇALVES NETO, Alfredo Assis. Manual de Direito Comercial. 2.ª ed. Revisada e
atualizada. Curitiba: Juruá, 2000. p. 42.

6.COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Vol 1. São Paulo: Saraiva, 1998. p.
14.

7.COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Vol 1. São Paulo: Saraiva, 1998.
p.14

8.COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Vol 1. São Paulo: Saraiva, 1998. p.
12.

9.COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Vol 1. São Paulo: Saraiva, 1998. p.
15.

10.REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. Vol. 1. 23. ed. Atual. São Paulo:
Saraiva, 1998. pg. 13.

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11.BULGARELLI, Waldirio. Direito Comercial. 15 edição. São Paulo: Atlas, 2000. p. 66.

12.Como foi dito acima os comerciantes do Século XII fundaram suas corporações de ofício
com a função de regulamentar sua atividade bem como processar e julgar os comerciantes em
litígio, formando assim uma espécie de justiça especial, pois os Tribunais do Comércio
tinham exclusividade na jurisdição de contendas envolvendo os comerciantes e seus juízes
(chamados cônsules) eram também comerciantes. No Brasil, o Tribunal do Comércio existiu
até 1875 quando, por Decreto, sua função judicante foi transferida para a Justiça Comum.

13.GONÇALVES NETO, Alfredo Assis. Manual de Direito Comercial. 2.ª ed. Revisada e
atualizada. Curitiba: Juruá, 2000. p. 47.

14.GONÇALVES NETO, Alfredo Assis. Manual de Direito Comercial. 2.ª ed. Revisada e
atualizada. Curitiba: Juruá, 2000. p. 76.

15.Outro problema apontado recentemente por essa distinção é a exclusão das empresas
prestadoras de serviços do SIMPLES – sistema integrado de pagamento de impostos, que
reduz a carga tributária para as microempresas e empresas de pequeno porte. A Lei 9.317/96
em seu art. 9.º, XIII deixou de fora dos prestadores de serviços cuja atividade estivesse
relacionada a profissões regulamentadas ou que exigissem um pouco mais de qualificação de
seus sócios ou empregados.

16.A palavra empresa tem o significado de empreendimento, aquilo que se empreende;


Porém, para a economia essa palavra assume uma conceituação mais complexa, designando a
organização econômica destinada a produção ou venda de mercadorias ou serviços, tendo em
geral como objetivo o lucro.

17.O direito comercial, em sua gênese, excluiu de seu âmbito a compra e venda de bens
imóveis porque na Idade Média somente os senhores feudais eram detentores da propriedade
da terra. Os comerciantes, mesmo com dinheiro não podiam negociar esses bens, por serem
negócios típicos dos senhores feudais. Daí o desinteresse dos comerciantes em regulamentar
uma atividade da qual eles não participavam.

18.BULGARELLI, Waldirio. Direito Comercial. 15 edição. São Paulo: Atlas, 2000. p. 67.

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19.GONÇALVES NETO, Alfredo Assis. Manual de Direito Comercial. 2.ª ed. Revisada e
atualizada. Curitiba: Juruá, 2000. p. 74.

20.BULGARELLI, Waldirio. Direito Comercial. 15 edição. São Paulo: Atlas, 2000. p. 19.

21.Devemos lembrar que o consumo não é uma opção mas sim uma necessidade.

22.COMPARATO, Fábio Konder. O poder de controle na sociedade anônima. 3.ed.


[revista, atualizada e corrigida] Rio de Janeiro : Forense, 1983. p. 296.

23.GONÇALVES NETO, Alfredo Assis. Manual de Direito Comercial. 2.ª ed. Revisada e
atualizada. Curitiba: Juruá, 2000. p. 79

24.BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. 10.ª edição. Brasília: Editora


Universidade de Brasília, 1997. p. 121.

25.In BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. 10.ª edição. Brasília: Editora
Universidade de Brasília, 1997. p. 154.

26.BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. 10.ª edição. Brasília: Editora


Universidade de Brasília, 1997. p. 151.

27.Pode-se dizer o mesmo tratamento legal, porém como escrevo na perspectiva de não
aguardar o legislador remeto ao poder jurisdicional a atribuição de aplicação dos princípios
basilares do Direito.

10. Referências bibliográficas.

BOBBIO, Norberto. Estado Governo Sociedade. Para uma teoria geral da política. 6.ª edição.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

________. Teoria do Ordenamento Jurídico. 10.ª edição. Brasília: Editora Universidade de


Brasília, 1997.

BULGARELLI, Waldirio. Direito Comercial. 15 edição. São Paulo: Atlas, 2000.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Vol 1. São Paulo: Saraiva, 1998.

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COMPARATO, Fábio Konder. O poder de controle na sociedade anônima. 3.ed. [revista,
atualizada e corrigida] Rio de Janeiro : Forense, 1983. p. 296.

GONÇALVES NETO, Alfredo Assis. Manual de Direito Comercial. 2.ª ed. Revisada e
atualizada. Curitiba: Juruá, 2000.

REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. Vol. 1. 23. ed. Atual. São Paulo: Saraiva,
1998

Direito Empresarial
Por Emerson Santiago
Direito Empresarial ou ainda Direito Comercial são nomes dados a um mesmo ramo
das ciências jurídicas, constituindo uma subdivisão do chamado Direito Privado. Tal divisão
irá cuidar da atividade empresarial e de seu executante, o empresário, estabelecendo um corpo
de normas disciplinadoras importantes na condução harmônica da atividade com os interesses
do coletivo.

O principal documento do direito empresarial no Brasil é o Código Civil, que prevê as


disposições importantes para empresários e empresas, em uma parte dedicada especialmente à
matéria o Livro II, “do Direito de Empresa” que se estende do artigo 966 ao 1195.

Como mencionado, o principal ator dentro do direito empresarial é o empresário, e este possui
uma definição específica no mesmo artigo 966:

“Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada


para a produção ou a circulação de bens ou de serviços“
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Importante lembrar que sócios de sociedade empresária não são empresários, sendo
considerados empreendedores ou investidores. Por sua vez, o empresário distingue-se da
sociedade empresária, pois um é pessoa física (empresário) e o outro pessoa jurídica
(sociedade empresária).

Já a empresa deve ser entendida como atividade revestida de duas características singulares,
ou seja: é econômica e é organizada. Tecnicamente, o termo empresa deve ser utilizado como
sinônimo de “empreendimento”.

De acordo com o Código Civil, as empresas podem se organizar de cinco formas distintas:

• sociedade por nome coletivo – é empresa por sociedade, onde todos os sócios
respondem pela dívidas de forma ilimitada.
• sociedade comandita simples – organizada em sócio comanditários, de
responsabilidade limitada e comanditados de responsabilidade ilimitada
• sociedade comandita por ações – sociedade onde o capital está dividido em ações,
regendo-se pelas normas relacionadas às sociedades anônimas.
• sociedade anônima (companhia), conforme reza o artigo 1088 do Código Civil,
sociedade onde o capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista
apenas pelo preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.
• sociedade limitada – prevista no Código Civil, no seu artigo 1052, em tal sociedade a
responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, sendo que todos
respondem solidariamente pela integralização do capital social, dividindo-se este em
quotas iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio.

Além destas sociedades, o direito empresarial prevê a figura da sociedade simples, aquela que
não é registrada em Registro Público de Empresas Mercantis (requisito obrigatório a todas as
cinco modalidades previstas acima), sendo por isso, impedida de postular direitos perante a
justiça comum. Na prática, as empresas no Brasil estão distribuídas entre sociedades limitadas
ou anônimas, sendo que as outras modalidades existem praticamente apenas no papel.

Não está relacionado ao mundo empresarial, mas é citado no Código Civil, a figura do
Profissional Liberal, exatamente no parágrafo primeiro do primeiro artigo no Código Civil
dedicado ao direito empresarial, o 966:

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“Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica,
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o
exercício da profissão constituir elemento de empresa”.

Bibliografia
PINHEIRO, Adriano Martins. Noções básicas acerca do Direito Empresarial. Disponível em
<http://www.artigonal.com/doutrina-artigos/nocoes-basicas-acerca-do-direito-empresarial-
1360124.html>. Acesso em: 07 set. 2011.

EMPRESA COMO PESSOA JURÍDICA

Principais teorias sobre a pessoa jurídica vinculadas às empresas


As empresas como tal, antes de qualquer ato, sobretudo no que se refere ao seu
funcionamento, devem ser constituídas dentro dos ditames contratuais, societários e legais.
Segundo Douglass North apud..(A Era da Economia: 304-305), na visão da Economia
institucional, as instituições são “regras” de um jogo de trocas, como o do mercado, em que os
“jogadores” são as organizações, tais como as firmas e os consumidores. As organizações são
projetadas e administradas com o objetivo claro de “ganhar” o jogo dentro das regras
estabelecidas. Na medida em que perseguem seus objetivos, os jogadores acabam atuando,
muitas vezes, de forma involuntária, como agentes de mudança institucional. A trajetória das
mudanças institucionais é, segundo North, a chave para a compreensão das mudanças
históricas.
A pessoa jurídica como empresa, é a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios,
constituída como sujeito de direitos e obrigações na modalidade de sociedade, segundo a
ordem jurídica, objetivando a obtenção de resultado econômico.

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Sobre o estudo da pessoa jurídica, existem várias teorias dentre as quais destacamos: a) a
teoria do patrimônio de afetação, que diz ser a pessoa jurídica um patrimônio destinado a um
fim, defendida por Brinz; b) a teoria da ficção, que as considera como puras criações
artificiais da lei, defendida por Savigny; c) a teoria de Ihering, que a considera tão-só como
um expediente técnico que oculta os homens, que são sempre os verdadeiros sujeitos do
direito; d) a teoria lógico-formal de Kelsen, que considera os atos da pessoa jurídica como
sendo na verdade atos humanos que são imputados a um sujeito fictício mediante um
processo, de "imputação central": o seu ordenamento jurídico geral deixa que direitos e
deveres tenham o seu titular determinado por um ordenamento jurídico parcial que é
justamente a pessoa jurídica, sendo ela em suma uma expressão unitária para um conjunto de
normas (Enciclopédia Jurídica - Leib Soibelman, verbete: “teorias sobre a pessoa jurídica”).

A empresa inserida na classificação das pessoas jurídicas no novo código civil

O código classifica as pessoas jurídicas sob o aspecto da sua função e capacidade. O seu
artigo 40 estabelece que as pessoas jurídicas são: a) de direito público e b) de direito privado.
As pessoas jurídicas de direito público por sua vez são: de direito público externo (os Estados
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público); e de
direito público interno (a União; os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; os
Municípios; as autarquias; e as demais entidades de caráter público, criadas por lei).
As pessoas jurídicas de direito privado, conforme estabelece o artigo 44 do código, são
classificadas em três grupos: a) as associações; b) as sociedades; e c) as fundações. As
associações são aquelas entidades sem fins lucrativos, a exemplo dos sindicatos, associações
dos servidores de uma determinada entidade pública, etc. As fundações são instituições
constituídas através de patrimônio livre doado por seu instituidor para uma finalidade
específica. As sociedades, objeto foco do nosso estudo, são constituídas quando duas ou mais
pessoas celebram um contrato em que reciprocamente se obrigam a contribuir, com Bens ou
serviços, para o exercício de Atividade Econômica e a partilha, entre si, dos resultados.

A Sociedade empresária como pessoa jurídica e sua administração

Ensina Douglass North apud.(A Era do Economista:305), as instituições podem ser restrições
formais (leis), informais (culturais), ou ainda adimplemento (dispositivos de aplicação) de
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contratos e de direito de propriedade. A função delas é reduzir a incerteza por meio do
estabelecimento de uma estrutura estável, mas não necessariamente, para a interação humana.
As restrições legais e o adimplemento dos contratos estão na essência da criação e gestão das
empresas. A formalização da organização na formatação de pessoa jurídica é essencial ao
negócio, considerando que as relações de mercado e com terceiros interessados são
asseguradas pela sua condição jurídica. Neste sentido, pessoa jurídica na acepção ampla do
termo, pode não representar o mesmo que sociedade, pode esta existir (sociedade em comum
ou "de fato") independente daquela. A pessoa jurídica sob o aspecto societário, é a Sociedade
legalmente constituída através de instrumento escrito, público ou particular, devidamente
registrado no órgão competente.
Sua existência começa legalmente a partir do momento em que seus atos constitutivos
(contrato ou estatuto) são registrados no órgão competente (arts. 45, 985 e 1.150 do código
civil). Este registro poderá, quando necessário, ser precedido de autorização ou aprovação do
Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato
constitutivo.
Com o registro, aqueles que exploram a atividade empresarial - o empresário e a Sociedade
empresária, vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas
Comerciais. Para os que exploram a atividade não empresária - a Sociedade simples, a
vinculação se faz no ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
O poder de administração da pessoa jurídica garante aos respectivos administradores o direito
e a obrigação de representar a organização em todos os atos, inclusive em questões judiciais.
Os administradores devem zelar pelos interesses da pessoa jurídica, agindo sempre sob o
amparo da lei e de procedimentos éticos. Assim, obrigam a pessoa jurídica os atos dos
administradores, exercidos e efetivamente praticados nos limites de seus poderes previstos no
ato constitutivo.
Coelho (2002:438) fala da designação dos administradores, que pode ser feita por prazo
indeterminado ou determinado. Afirma Fábio Ulhoa Coelho:
“Em qualquer caso, ressalte-se, os administradores exercem função de confiança dos sócios
(ou, mais precisamente, da parte dos sócios com poderes para removê-los da diretoria), e
podem, por isso, ser destituídos, a qualquer tempo, mesmo que seu mandato seja a prazo
determinado".
No que se refere às decisões, quando houver necessidade de deliberação coletiva, como regra
geral, serão estas tomadas pela maioria de votos dos administradores presentes na reunião ou
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assembleia, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.

POR: Oscar Leandro de Oliveira


SITE: http://www.leandroecia.com.br/direito.php?id=10

Fonte: http://pt.shvoong.com/law-and-politics/corporate-law/2242677-empresa-como-pessoa-jur%C3%ADdica/#ixzz1rpWHjiK2

A Desconsideração da Personalidade Jurídica


Resumo do Artigo
por: Renata_Breves
Autor : Renata Oliveira Breves

A Pessoa Jurídica trata-se de um artifício Jurídico criado com a finalidade de estimular e


facilitar a concretização de determinadas empreitadas úteis à sociedade. Elas são consideradas
seres finalísticos, por serem constituídas para fins específicos, que são seu objeto social, razão
pela qual a ela é permitido o artifício jurídico de ter atribuída personalidade própria, distinta
de seus sócios ou administradores.
A aquisição da Personalidade Jurídica se dá com a inscrição de seus atos constitutivos no
registro próprio e na forma da lei. Sendo Sociedade Empresária, o arquivamento dos Atos
Constitutivos deve ser feito na Junta Comercial, enquanto na Sociedade Simples, a inscrição
do Contrato Social deverá ser feita no Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Já sua extinção, só
se dá de fato após a partilha do acervo remanescente entre os sócios e ultimada a fase de sua
liquidação, uma vez que durante o procedimento de liquidação a sociedade dissolvida mantém
sua personalidade jurídica, justamente para que se procedam aos atos de liquidação e os
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concluam, com a realização do ativo e pagamento do passivo da sociedade.
A partir da aquisição da Personalidade Jurídica, ocorre a Personificação, a sociedade passa a
ter existência distinta de seus membros, tornando-a capaz de ser titular de direitos e
obrigações, o que confere autonomia de personalidade entre os sócios e a sociedade. Dentre
os efeitos oriundos da Personificação, podemos citar o patrimônio próprio, entretanto,
dependendo do tipo societário, os sócios poderão vir a responder de forma subsidiária e
ilimitada pelas dívidas sociais, porém o alcance dos bens particulares fica condicionado à
exaustão do patrimônio social. Como efeito, temos também o nome próprio da sociedade,
diverso do nome dos sócios, exercendo direitos e se vinculará a obrigações sob o nome social,
nacionalidade própria e domicílio próprio, ambos distintos do patrimônio pessoal dos sócios.
Contudo, do mesmo modo que o Direito pode conferir personalidade à sociedade para a
prática de determinados Atos, ele também pode desconsiderá-la em certas situações, onde se
verifica a intenção de utilizar-se do “véu” da empresa para cometer atos ilícitos ou
fraudatórios, lesando terceiros em benefício próprio. Não se trata de declarar nula a
personificação, mas de torná-la ineficaz para a apuração de determinados atos, sem que isso
importe na dissolução da pessoa jurídica.
A Teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica refere-se, portanto, a uma hipótese
excepcional, na qual se permite superar a distinção entre a personalidade da pessoa jurídica e
a personalidade de seus sócios, associados ou administradores, sendo possível alcançar o
patrimônio particular dos membros da sociedade, a fim de responsabilizá-los pessoalmente
pelos prejuízos causados a terceiros, desde que configuradas e devidamente comprovadas a
fraude e a má-fé. A aplicação da teoria não suprime a sociedade nem a considera nula, apenas
declara-se determinado ato ineficaz ou regula-se a situação de modo diferente do habitual,
dando-se mais destaque à pessoa do sócio do que à própria sociedade, para com isso
responsabilizar quem realmente praticou o ato fraudulento ou abusivo.
Somente verificando a prova cabal e incontroversa da fraude ou do abuso de direito, praticado
pelo desvio de finalidade da pessoa jurídica, é que se admite sua aplicação como forma de
reprimir o uso indevido e abusivo da entidade jurídica. Não basta haver uma obrigação não
satisfeita pela sociedade para que se possa exigir que seus sócios ou membros respondam por
ela, uma vez que a desconsideração está diretamente ligada ao mau uso da personalidade
jurídica com o aferimento de dolo, abuso de direito, fraude ou desvio de finalidade. Simples
indícios ou incapacidade econômica da pessoa jurídica, por si só, não autorizam a aplicação
de tal instituto, devendo o Judiciário, quando necessário à repressão de fraude e à má
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utilização da pessoa jurídica, obrigatoriamente fundamentar seu ato, apontando fatos e provas
que demonstrem estar presentes as condições para desconsiderar a personalidade jurídica no
caso concreto.
No Brasil, o primeiro registro que se tem da adoção dessa teoria por diplomas legais encontra-
se na Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), em seu Art. 28, que prescreve que “O
Juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do
consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou
violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando
houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração”. Outra abordagem legal da Teoria da Desconsideração é
identificada no Art. 18 da Lei 8.884/94, que determina que “A personalidade jurídica do
responsável por infração da ordem econômica poderá ser desconsiderada quando houver da
parte deste abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação
dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver
falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados
por má administração”.
Como se observa no Art. 50 do Novo Código Civil, que dia que “Em caso de abuso da
personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial,
pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber
intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”.
Publicado em: 06 abril, 2011

Fonte: http://pt.shvoong.com/law-and-politics/corporate-law/2144315-desconsidera%C3%A7%C3%A3o-da-personalidade-
jur%C3%ADdica/#ixzz1rpWicOmK

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DIREITO EMPRESARIAL: aplicação e características

Silvio Aparecido Crepaldi

Resumo:
No atual cenário econômico tomado pelo processo da globalização e pelos avanços
tecnológicos, é importante destacar a crescente influência e participação da empresa, estando,
ela, sem dúvida, no centro da economia moderna, constituindo a célula fundamental de todo o
desenvolvimento empresarial.
A Lei nº 10.406, promulgada em 10 de janeiro de 2002, entrou em vigor a partir de 11 de
Janeiro de 2003, trouxe mudanças em vários pontos do ordenamento jurídico relativo a atos
civis em território brasileiro. Foi batizada "Do Direito da Empresa" a parte que estipula as
normas relativas ao comércio. Com a atualização da nomenclatura e adoção expressa da teoria
da empresa, realidade fática indiscutível após a evolução das relações comerciais brasileiras,
os dispositivos do Livro II da Lei nº 10.406/02 corrigem a rota da matéria jurídica comercial,
em substituição ao entendimento vigente na época do Império, calcado no Code de
Commerce da França, onde vigorou a teoria dos atos de comércio. Assim, faz-se necessário
analisar os vários aspectos da Teoria da Empresa. A carência de bibliografias voltadas ao
assunto que incluam o estudo do Direito Empresarial motiva o estudo de novas análises
visando sanar as ineficácias na sua aplicação.

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Em consequência do cenário exposto, a problemática pode ser sintetizada na seguinte questão:
o que é a teoria da empresa no Direito Empresarial? Procurou-se discutir os posicionamentos
contraditórios existentes na sua aplicação, as suas características e finalidades, apontando a
sua aplicabilidade no ordenamento pátrio, e verificando seus fundamentos e implicações. A
observação dos aspectos metodológicos procura indicar os meios a serem utilizados para
atingir os objetivos estabelecidos. As informações referentes ao tema teoria da empresa foram
obtidas mediante pesquisa bibliográfica.
Do mesmo modo, foram obtidas as informações sobre a sua conceituação. O conceito
proposto destina-se a analisar a teoria da empresa no Direito Empresarial e sua interferência
no sistema empresarial. Todavia, pode-se realizar e identificar as operações mais complexas e
de maior incerteza e que justifiquem maior detalhamento desta teoria para a sua adequada
aplicação. Pode-se concluir que a empresa está caracterizada pelo exercício da sua
organização, pois se todos os elementos construtivos da empresa estiverem organizados, mas
não se efetivar o exercício dessa organização, não se pode falar em empresa.
Esta é a função do empresário, ou seja, organizar sua atividade, coordenando seus bens
(capital) com o trabalho aliciado de outrem. Esta é a organização e o motivo do conceito de
empresa se firmar na ideia de que ela é o exercício da atividade produtiva.
Atualmente a empresa exerce indiscutivelmente, importante função econômica na sociedade,
pois é considerada a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens
ou serviços. Com o surgimento da teoria da empresa, o sujeito do direito comercial é o
empresário – pessoa física ou jurídica – que exerce atividade econômica organizada, não
importando a natureza dessa atividade. Incompatível com o princípio da isonomia não
contemplar as empresas prestadoras de serviço.
Palavras chaves: Teoria da Empresa. Direito Empresarial.

1 - INTRODUÇÃO
No atual cenário econômico tomado pelo processo da globalização e pelos avanços
tecnológicos, é importante destacar a crescente influência e participação da empresa, estando,
ela, sem dúvida, no centro da economia moderna, constituindo a célula fundamental de todo o
desenvolvimento empresarial. A Lei nº 10.406, promulgada em 10 de janeiro de 2002, entrou
em vigor a partir de 11 de Janeiro de 2003, trouxe mudanças em vários pontos do
ordenamento jurídico relativo a atos civis em território brasileiro. O diploma tem por
característica a unificação do direito privado brasileiro, uma vez que abrange, além de matéria
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de ordem civil propriamente dita, matéria de direito comercial. Revoga expressamente a Lei
nº 3.071/16 (Código Civil) e a Parte Primeira da Lei nº 556, de 1850 (Código Comercial), que
versa sobre o "Comércio em Geral".
Foi batizada "Do Direito da Empresa" a parte que estipula as normas relativas ao comércio.
Com a atualização da nomenclatura e adoção expressa da teoria da empresa, realidade fática
indiscutível após a evolução das relações comerciais brasileiras, os dispositivos do Livro II da
Lei nº 10.406/02 corrigem a rota da matéria jurídica comercial, em substituição ao
entendimento vigente na época do Império, calcado no Code de Commerce da França, onde
vigorou a teoria dos atos de comércio. Configurada nos artigos 632 e 633 do Código Francês
de 1807, a teoria dos atos de comércio adstringe o comerciante às práticas elencadas no texto
legal, vale dizer, comerciante vem a ser aquele que pratica atos de comércio dispostos na lei
como tal. Impossível, portanto, coadunar-se a teoria dos atos de comércio com o processo de
desenvolvimento verificado desde então, caindo por terra a limitação taxativa das práticas
comerciais dado a dinâmica empresarial verificada através dos tempos.
Em 1942 foi promulgado o Código Civil Italiano, dispondo com força de lei a teoria da
empresa, formulada a partir da observação do panorama evolutivo do direito comercial.
Segundo esta teoria, atividade comercial é aquela que visa a obtenção de lucro mediante a
organização da força de trabalho, capital e matéria-prima, produzindo e circulando bens e
serviços. Este pensamento teórico gradativamente tomou vulto entre juristas dos países
participantes do sistema jurídico legalista.
A partir da prevalência desta teoria entre os doutrinadores, a figura do comerciante passa a ser
melhor traduzida pela palavra empresário.
Assim, faz-se necessário analisar os vários aspectos da Teoria da Empresa. A carência de
bibliografias voltadas ao assunto que incluam o estudo do Direito Empresarial motiva o
estudo de novas análises visando sanar as ineficácias na sua aplicação.
Em consequência do cenário exposto, a problemática pode ser sintetizada na seguinte questão:
o que é a teoria da empresa no Direito Empresarial? Procurou-se discutir os posicionamentos
contraditórios existentes na sua aplicação, as suas características e finalidades, apontando a
sua aplicabilidade no ordenamento pátrio, e verificando seus fundamentos e implicações.
A observação dos aspectos metodológicos procura indicar os meios a serem utilizados para
atingir os objetivos estabelecidos. As informações referentes ao tema teoria da empresa foram
obtidas mediante pesquisa bibliográfica. Do mesmo modo, foram obtidas as informações
sobre a sua conceituação. O conceito proposto destina-se a analisar a teoria da empresa no
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Direito Empresarial e sua interferência no sistema empresarial. Todavia, pode-se realizar e
identificar as operações mais complexas e de maior incerteza e que justifiquem maior
detalhamento desta teoria para a sua adequada aplicação.

2 - CONCEITO
É o conjunto de normas jurídicas (direito privado) que disciplinam as atividades das empresas
e dos empresários comerciais (atividade econômica daqueles que atuam na circulação ou
produção de bens e a prestação de serviços), bem como os atos considerados comerciais,
ainda que não diretamente relacionados às atividades das empresas, conforme MAMEDE
2007.
Abrange a teoria geral da empresa; sociedades empresariais; títulos de crédito; contratos
mercantis; propriedade intelectual; relação jurídica de consumo; relação concorrencial;
locação empresarial; falência e recuperação de empresas.
Portanto, o Direito de Empresa passa a ser regulado pela codificação civil na Parte Especial
do Livro II (arts. 966 a 1.195). Este livro, por sua vez, é assim dividido: Título I - Do
empresário; Título II - Da Sociedade; Título III - Do Estabelecimento; e Título IV - Dos
Institutos Complementares.
Este é o período correspondente ao Direito Empresarial contemplado no Código Civil. Leva
em conta a organização e efetivo desenvolvimento de atividade econômica organizada.
Os empresários individuais e as sociedades empresárias são considerados agentes econômicos
fundamentais, pois geram empregos, tributos, além da produção e circulação de certos bens
essenciais à sociedade, por isso, a legislação garante a estes uma série de vantagens. Assim é
que são deferidos institutos que dão efetividade ao princípio da preservação da empresa, de
origem eminentemente neoliberal em razão da necessidade de proteção ao mercado, relevante
para o desenvolvimento da sociedade em inúmeras searas, a exemplo da falência, da
possibilidade de produção de provas em seu favor por meio de livros comerciais regularmente
escriturados e demais medidas protetivas.

3 - AUTONOMIA
É assegurada pela Constituição Federal, no art. 22, I, que ao tratar da competência privativa
da União em legislar sobre diversas matérias, explicitou dentre elas distintamente o Direito
Civil e o Direito Comercial, que atualmente é melhor chamado de Direito Empresarial, pois a
preocupação da disciplina também se refere à prestação de serviços.
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Em verdade, o direito empresarial possui um conjunto sistematizado de princípios e normas
que lhe dão identidade, bem como institutos exclusivos como a recuperação de empresas e a
falência, o que faz com que se diferencie de outros ramos do direito.

4 - FONTES
4.1 Formais (primárias ou principais)
São os meios pelos quais as normas jurídicas se manifestam exteriormente: Constituição da
República Federativa do Brasil; Leis Comerciais – CC, Lei 10.406/2002, arts. 966 a 1195; Lei
6404/76 – S A; Lei 11.101/2005 – Falência e Recuperação Judicial e Extra-judicial; Lei
9179/96 – Propriedade Industrial; Lei 5474/68 – Lei das Duplicatas; Código Comercial – Lei
556/1850, que trata do Comércio Marítimo e que não foi revogada pelo CC.; Tratados e
Convenções Internacionais (Lei Uniforme de Genebra).

4.2 Secundárias
Na ausência de norma específica de direito empresarial deve-se recorrer a essas fontes (leis
extravagantes). Compõem-se de: Leis civis – fonte direta no caso de obrigações, considerando
a unificação do CC 2002; Usos e costumes – podem ser: Secundum legem: previstos em
lei; Praeter legem – na omissão da lei; e Contra legem: contra lei (cheque pós-datado).
No que tange a costumes locais, exemplo: art. 111 do CC., tem-se: Analogia; Costumes;
Princípio Gerais do Direito; e a Jurisprudência.

5 - RELACIONAMENTO DO DIREITO EMPRESARIAL COM OS OUTROS


RAMOS DO DIREITO PÚBLICO OU PRIVADO
Embora seja um ramo autônomo do direito privado, mantém íntimas relações com outras
áreas do direito. As principais são:
a) Direito Civil – direito obrigacional único para os dois ramos do direito privado. São
inúmeras as relações, a começar do atual compartilhamento do CC, que reservou dispositivos
dedicados à matéria comercial, seja sobre títulos de crédito, empresa, empresário, registro de
empresa, etc.
b) Direito Público: relaciona-se especialmente na parte relativa à sociedade anônima, aos
transportes marítimos, aeronáuticos e terrestres.
c) Direito Tributário – influência marcante nos lançamentos da contabilidade mercantil e seus
efeitos quanto à incidência dos tributos e à circulação de mercadorias. A responsabilização
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dos sócios-gerentes por obrigações da sociedade de natureza tributária, à exegese do art. 135,
III, CTN, ou mesmo da imposição de algumas espécies de livros fiscais aos empresários.
d) Direito do Trabalho – liga-se à disciplina das relações entre os empregados e os
empregadores, que são os empresários individuais e coletivos. Basta vermos as causas
trabalhistas sendo decididas no âmbito da Justiça do Trabalho para, em seguida, habilitarem-
se no Quadro Geral de Credores admitidos na falência. Também os débitos de natureza
trabalhista sendo cobrados dos sócios das sociedades anônimas ou limitadas.
e) Direito Econômico: envolve as atividades comerciais ao limitar o preço de mercadorias,
proibir a comercialização de certos produtos importados, enfim, ao interferir na vontade das
partes.
f) Direito Penal e Processual: aproxima-se desses ramos do direito, particular manete no que
se refere aos crimes falimentares e concorrência desleal.
g) Direito Internacional – o Brasil é seguidor de convenções internacionais que tratam de
títulos de crédito e propriedade industrial, dentre outros. Para inserção das normas em nosso
Ordenamento Jurídico, utilizam-se procedimentos afeitos ao Direito Internacional.

6 - TEORIA DA EMPRESA
De acordo com o Código Civil, o Direito brasileiro adota a Teoria da Empresa. Substituiu a
teoria dos atos de comércio pela teoria da empresa, deixou de cuidar de determinadas
atividades (as de mercancia) para disciplinar uma forma específica de produzir ou circular
bens ou serviços: a empresarial. Isto ocorre em razão da evolução operada no comércio
mundial, notadamente com a difusão e aquisição de importância da prestação de serviços.
Para tanto foi criada a Teoria da Empresa, que nasceu na Itália e desenvolveu-se para corrigir
falhas da teoria dos atos de comércio, vindo, atualmente, a nortear a legislação pátria.
Considera-se empresa a atividade econômica organizada. Sendo:
- Objetiva – o estabelecimento – um conjunto de bens corpóreos e incorpóreos reunidos pelo
empresário, para o desenvolvimento de uma atividade econômica;
- Subjetiva – o empresário – sujeito de direitos que organiza o estabelecimento para o
desenvolvimento de uma atividade econômica;
- Funcional – atividade econômica desenvolvida por vontade do empresário por meio do
estabelecimento;
- Corporativo – empresário + empregados e colaboradores (recursos humanos utilizados na
execução da atividade econômica a que a empresa se propõe).
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Abrange as atividades de comércio, indústria e serviço. É facultativo para a atividade rural.
São excluídos: profissionais liberais regulados por lei especial e profissionais intelectuais de
natureza científica, literária ou artística.
A Teoria da Empresa desenvolveu-se para corrigir falhas da teoria dos atos de comércio. Para
identificar o empresário, desconsidera-se a espécie de atividade praticada e passa-se a
considerar a estrutura organizacional, relevância social e a atividade econômica organizada, a
fim de colocar em circulação mercadorias e serviços. O atual sistema jurídico passou a adotar
uma nova divisão que não se apoia mais na atividade desenvolvida pela empresa, isto é,
comércio ou serviços, mas no aspecto econômico de sua atividade, ou seja, fundamenta-se na
teoria da empresa, conforme RAMOS 2008.
De agora em diante, dependendo da existência ou não do aspecto econômico da atividade, se
uma pessoa desejar atuar individualmente (sem a participação de um ou mais sócios) em
algum segmento profissional, enquadrar-se-á como empresário ou autônomo, conforme a
situação, ou, caso prefira se reunir com uma ou mais pessoas para, juntos, explorar alguma
atividade, deverão constituir uma sociedade que poderá se tornar uma sociedade empresária
ou sociedade simples, conforme veremos as diferenças entre uma e outra, mais adiante.
O Código Civil de 2002, revogou expressamente a primeira parte do Código Comercial pelo
art. 2.045, a qual era dedicada ao comércio em geral (mantido os contratos marítimos). O
Código Civil adota a Teoria da Empresa, e atualmente só existe o Empresário. (art. 2.037,
CC).

7 - APLICAÇÃO DO DIREITO EMPRESARIAL


O Direito Empresarial é, portanto, o conjunto de normas jurídicas que regulam as transações
econômicas privadas empresariais que visam à produção e à circulação de bens e serviços por
meio de atos exercidos profissional e habitualmente, com o objetivo de lucro, consoante
REQUIÃO 2007.
Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica,
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o
exercício da profissão constituir elementos de empresa, conforme SILVA 2007.
Desse dispositivo duas situações pode-se extrair:
- As profissões regulamentadas por leis especiais que não permitem o enquadramento
profissional na qualidade de empresário, mesmo que os elementos de empresa estejam
presentes. Exemplo – Advogado.
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- O produtor rural – cuja adesão ao regime jurídico empresarial é facultativa, art. 971, CC.

8 - CARACTERÍSTICAS DO DIREITO EMPRESARIAL


Embora o direito empresarial em termos legislativos passe a ter seu principal regramento
inserido no bojo do Código Civil, continua a possuir características próprias como:
- Universalismo, Internacionalidade ou Cosmopolitismo – De Cosmópolis, cidade
caracterizada por vultuosa dimensão e pelo grande número de habitantes. Significa “aquele
que recebe influência cultural de grandes centros urbanos”, ou, sob ótica estritamente jurídica,
a possibilidade de aplicação de leis e convenções internacionais ao direito comercial. O
direito empresarial vive de práticas idênticas ou semelhantes adotadas no mundo inteiro,
principalmente com o advento da globalização da economia, transcendendo as barreiras do
direito pátrio, mas nem sempre exigindo legislação a respeito. É o caráter universal intrínseco
ao Direito Empresarial, que o acompanha desde os primórdios. Exemplo: Lei Uniforme de
Genebra, que dispõe sobre letras de câmbio, notas promissórias e cheque.
- Individualismo – O lucro é a preocupação imediata do interesse individual.
- Onerosidade – em se tratando de uma atividade econômica organizada, a onerosidade estará
sempre presente no elemento lucro almejado pelo empresário. Às vezes, é comum
encontrarmos promoções que oferecem produtos gratuitamente, o que retira o caráter de
onerosidade, haja vista que normalmente são promoções com o objetivo de gerar sinergia nas
vendas, em que o consumidor leva o produto gratuito junto com outros produtos em que não
exista a mesma promoção.
- Simplicidade ou Informalismo – em suas relações habituais no mercado permite o exercício
da atividade econômica sem maiores formalidades, pois, se contrário fosse, o formalismo
poderia obstar o desenvolvimento econômico. Exemplo: circulação de títulos de crédito
mediante endosso.
- Fragmentarismo – consiste justamente na existência de um direito empresarial vinculado a
outros ramos do direito, pois ainda que com características próprias (autonomia), sua
existência depende da harmonia com o conjunto de regras de outros diplomas legislativos.
- Elasticidade – o direito empresarial, por transcender os limites do território nacional, precisa
estar muito mais atento aos costumes empresariais do que aos ditames legais. Permanece em
constante processo de mudanças, adaptando-se à evolução das relações de comércio.
Exemplo: contratos de leasing e franchising.

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- Dinamismo – está relacionado com o desenvolvimento empresarial, fazendo com que as
normas comerciais estejam sempre em constante mudança, aderindo a novas tecnologias que
certamente acarretarão a existência de novas práticas comerciais.
Diferenças substanciais antes existentes entre o direito comercial e o direito civil.
DIREITO COMERCIAL DIREITO CIVIL
· Universalismo, internacionalismo, · Regionalismo;
cosmopolitismo; ·Função social;
· Individualismo; · Existência de contratos gratuitos;
· Onerosidade; · Formalismo;
· Informalismo; · Completude;
· Fragmentarismo; · Solidariedade decorre da lei ou da vontade das
· Solidariedade presumida nas obrigações. partes.

9 - ATIVIDADE RURAL COMO ATIVIDADE EMPRESARIAL


Mesmo os adeptos da "Teoria da Empresa" não aceitam a atividade rural como atividade
empresarial.
Contudo, pelo Código Civil, tais atividades são consideradas empresariais. O art. 970 diz
inclusive que, a lei lhes assegurará tratamento diferenciado e simplificado no tocante à
inscrição e aos efeitos, sendo seguido pelo art. 971, que dispõe que o empresário rural poderá
requerer sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, "caso em que, depois de
inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro".
E terminante é o art. 984, que assegura ao empresário rural, inscrito no Registro Público de
Empresas Mercantis de sua sede, equiparação às sociedades empresárias, para todos os
efeitos.
Assim, a atividade rural, depois de inscrita no Registro Público de Empresas Mercantis,
ganha status de atividade empresarial.

10 - PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE EMPRESARIAL, ART. 170, CRFB/88:


Segundo o que estabelece o art. 170 da Constituição da República Federativa do Brasil são: a
livre iniciativa; a dignidade da pessoa humana; a boa-fé; a soberania nacional; a propriedade
privada; a função social da empresa; a defesa do consumidor; e o tratamento favorecido à
micro empresa.

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10.1 Não são atividades empresárias
As fundações (fins religiosos, morais, culturais e assistenciais), art. 62, CC; as associações
sem fins econômicos, art. 53, CC; as sociedades simples - § único, art. 966, CC “não se
considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou
artística, ainda com concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão
constituir elemento da empresa”.

11 - CONCLUSÃO
Pode-se concluir que a empresa está caracterizada pelo exercício da sua organização, pois se
todos os elementos construtivos da empresa estiverem organizados, mas não se efetivar o
exercício dessa organização, não se pode falar em empresa. Esta é a função do empresário, ou
seja, organizar sua atividade, coordenando seus bens (capital) com o trabalho aliciado de
outrem. Esta é a organização e o motivo do conceito de empresa se firmar na idéia de que ela
é o exercício da atividade produtiva.
O conceito empresa, sob o aspecto jurídico, adquire diversos perfis em relação aos diversos
elementos que o integram. Por isso, a definição legislativa de empresa não existe, esta é a
razão da falta de encontro das diversas opiniões até agora manifestadas na doutrina. Um é o
conceito de empresa, como fenômeno econômico. Diversas são as noções jurídicas relativas
aos aspectos do fenômeno econômico que ela representa. Quando fala-se da empresa em
relação à disciplina jurídica, tem-se em mente os diversos aspectos jurídicos do fenômeno
econômico.
Empresa, portanto, não é coisa corpórea, e sim abstrata, porque significa a atividade ou o
conjunto de atividades do empresário. Empresa é o organismo que, através de alguns
elementos ou, fatores, exercita um comportamento repetitivo e metódico, exteriorizando a
atividade do empresário. Empresa é a atividade do empresário, que objetiva o atendimento do
mercado e a obtenção de lucro.
Atualmente a empresa exerce indiscutivelmente, importante função econômica na sociedade,
pois é considerada a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens
ou serviços.
Com o surgimento da teoria da empresa, o sujeito do direito comercial é o empresário –
pessoa física ou jurídica – que exerce atividade econômica organizada, não importando a
natureza dessa atividade. Incompatível com o princípio da isonomia não contemplar as
empresas prestadoras de serviço.
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Referências bibliográficas
MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro: empresa e atuação empresarial, volume
1. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 370 p.
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Curso de Direito Empresarial. Salvador: Editora Podium.
2008, 671 p.
REQUIÃO, Rubens Edmundo. Curso de Direito Comercial. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
2 vols.
SILVA, Bruno Mattos e. Direito de Empresa: teoria da empresa e direito societário. São
Paulo: Atlas, 2007. 533 p.

Informações Sobre o Autor:


Silvio Aparecido Crepaldi
Docente do Curso de Direito da UNIPAC – Uberlândia-MG e Coordenador de Planejamento e
Desenvolvimento Institucional do CESVALE
Informações Bibliográficas
CREPALDI, Silvio Aparecido. Direito empresarial: apliação e características. In: Âmbito
Jurídico, Rio Grande, 53, 31/05/2008 [Internet].
Disponível em http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2772. Acesso em
12/04/2012

O Âmbito Jurídico não se responsabiliza, nem de forma individual, nem de forma solidária,
pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade
de seu(s) autor(es).

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DIREITO EMPRESARIAL: NOME EMPRESARIAL NO NOVO CÓDIGO CIVIL

por Joseph Robert Terrell

RESUMO
Com o Novo Código Civil em vigor, ocorreram algumas modificações quanto ao nome
empresarial. Quanto à formação, por exemplo, tendo em vista que alguns tipos societários não
podem adotar determinas terminologias. Não obstante, esta regra possui exceções, impostas
pela própria legislação. Com o Novo Código Civil em vigor, alguns tipos societários
desapareceram. A respeito do registro da sociedade é possível dividi-lo em duas categorias:
As sociedades que devem ser registradas na Junta Comercial e as sociedades que devem ser
registradas no Cartório de Pessoas Jurídicas.

PALAVRAS-CHAVE
Nome empresarial. Novo Código Civil. Lei nº 10.406/02. Formação. Registro.

1. INTRODUÇÃO
Com o Novo Código Civil1 em vigor, ocorreram algumas modificações quanto ao nome
empresarial. Neste sentido, o presente texto demonstra de forma clara e direta as principais
alterações ocorridas.
Primeiramente, abordaremos sua definição e seu conceito. A posteriori, trataremos de sua
formação, bem como dos tipos societários que existiam, anteriormente ao novo Código Civil,
e que existem atualmente. Por fim, falaremos do nome do sócio que falece e do registro do
nome empresarial.

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2. DEFINIÇÃO
Segundo a Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994, que dispõe sobre o registro público de
empresas mercantis e atividades afins e dá outras providências2 , em seu artigo 4º confere ao
Departamento Nacional de Registro de Comércio (DNRC) poderes para dispor normas sobre
a ementa da lei supra. Assim, o Diretor do DNRC, no uso das atribuições que lhe são
conferidas, na Instrução Normativa nº 53, de 06 de março de 1996, resolve, em seu artigo 1º,
que nome empresarial “é aquele sob o qual a empresa mercantil exerce sua atividade e se
obriga nos atos a ela pertinentes”. Adiante, no parágrafo único do mesmo artigo, está
expresso que “o nome empresarial compreende a firma individual, a firma ou razão social e
a denominação”.
Ao passo que conforme o Novo Código Civil dispõe em seu artigo 1.155 “considera-se nome
empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o
exercício de empresa”.
Percebe-se que o novo texto legal não expressa o termo razão social, que embora seja
sinônimo de firma social, foi, de certa forma, abolido pelo legislador.

3. CONCEITO
Com as duas definições acima expostas, observamos que a Lei nº 8.934/94 é mais abrangente
que o Novo Código Civil. Pois este deixa lacunas, como, por exemplo, não expressa que é
pelo nome empresarial que a empresa exerce sua atividade e nem que seus atos praticados
estão vinculados ao seu nome.
Por isso, devemos nos atentar ao conceito de nome empresarial, que é mais amplo do que suas
definições.
O conceito de nome empresarial não é muito diferente de sua definição legal3 . Todavia, como
visto anteriormente, o nome empresarial compreende alguns tipos, sendo eles a firma
individual, firma ou razão social e a denominação social.
Entende-se por firma individual o nome empresarial utilizado pelo comerciante individual,
sendo formada somente pelo nome do sócio, por extenso ou abreviadamente, sendo permitido
o uso da expressão no final do nome, que melhor identifique o objeto da empresa ou também
para diferenciar de outro já existente.
Em relação à firma ou razão social, estes são formados pela combinação dos nomes de todos
os sócios, alguns, ou somente um sócio. Sendo que, se na formação do nome empresarial for
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omitido um ou mais sócios, deverá ser acrescida no final do nome a expressão “& Cia” por
extenso ou abreviadamente.
Os nomes dos sócios também podem ser expressos por extenso ou abreviadamente. Conforme
ensinaWALDIRIO BULGARELLI4 “a expressão & Cia. significa a existência de outros
sócios”.
A respeito de denominação social, compreende-se que será formado com o uso de qualquer
palavra ou expressão de fantasia, sendo facultado o uso de expressão que caracterize o objeto
da sociedade. Quando se usa algum nome de pessoa física na formação do nome entende-se
que se está prestando homenagem a alguém, sendo está de inteira responsabilidade dos
contratantes.
Assim, para FÁBIO ULHOA COELHO :
“A firma e a denominação se distinguem em dois planos, a saber: quanto à estrutura, ou seja,
aos elementos linguísticos que podem ter por base; e quanto à função, isto é, a utilização que
se pode imprimir ao nome empresarial. No tocante à estrutura, a firma só pode ter por base
nome civil, do empresário individual ou dos sócios da sociedade empresarial. O núcleo do
nome empresarial dessa espécie será sempre um ou mais nomes civis. Já a denominação deve
designar o objeto da empresa e pode adotar por base nome civil ou qualquer outra expressão
linguística (que a doutrina costuma chamar de elemento fantasia). Assim, “A. Silva & Pereira
Cosméticos Ltda” é exemplo de nome empresarial baseado em nomes civis; já “Alvorada
Cosméticos Ltda” é nome empresarial baseado em elemento fantasia”.

4. FORMAÇÃO
Quanto à formação do nome empresarial também ocorreram modificações, tendo em vista que
alguns tipos societários não podem adotar determinas terminologias.
A respeito do empresário individual e de cada tipo de sociedade empresarial, a legislação
contém regras específicas relativas à formação do nome empresarial. Possibilitando que
alguns tipos de sociedades empresárias adotem firma ou denominação, conforme a vontade de
seus sócios, e outros tipos sejam obrigados a adotarem uma ou outra espécie de nome
empresarial.
Segundo FRAN MARTINS6 “a firma é o nome comercial formado do nome patronímico ou de
parte desse nome de um comerciante ou de um ou mais sócios de sociedade comercial,
acrescido ou não, quando se trata de sociedade, das palavras e companhia”. Por outro lado,
deve-se entender por denominação como o nome empresarial formado por qualquer palavra
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ou expressão de fantasia, sendo facultado o uso de expressão que caracterize o objeto da
sociedade.
Como explanado a pouco, as sociedades empresariais podem optar pelo uso da firma, razão
social ou da denominação, de acordo com o tipo de sociedade. Via de regra, as sociedades que
possuem sócios de responsabilidade ilimitada, de forma subsidiária, pelas obrigações sociais,
utilizarão uma firma ou razão social, pois a firma tem a peculiaridade de demonstrar aos
terceiros que as pessoas que nela figuram possuem, na sociedade, essa responsabilidade
ilimitada.7

Por fim, existem sociedades em que todos os sócios limitam a sua responsabilidade pelas
obrigações sociais, ou apenas às importâncias do capital social. Nesses casos, sem a existência
de sócios de responsabilidade ilimitada, não poderão usar de firma ou razão social. Ao invés,
usarão de um nome fantasia ou tirado do seu objeto social, nome esse que tem a designação
específica de denominação.8
Contudo, existem algumas exceções ao princípio geral da formação do nome empresarial.
A priori, o empresário individual e as sociedades em que existem sócios de responsabilidades
ilimitadas utilizam, como nome empresarial, firma ou razão social, contendo o nome civil, por
extenso ou abreviado, do empresário individual, e o nome ou nomes civis do sócio ou sócios
de responsabilidades ilimitada, nas firmas das sociedades, adicionados, ou não, da locução
“e Companhia”.
Não obstante, esta regra possui exceções, impostas pela própria legislação, existindo
sociedades nas quais os sócios têm responsabilidade limitada, que podem compor seu nome
empresarial usando firmas ou razões sociais. Enquadrando-se nesta ressalva as sociedades
limitadas e as sociedades em comandita por ações.
Nas primeiras, de acordo com a lei brasileira, a responsabilidade dos sócios é limitada ao total
do capital social. Todavia, permitiu o sistema que tais sociedades possuíssem denominação ou
firma, entretanto, para que não causasse confusão, a terceiros, sobre a responsabilidade
adquirida pelos sócios, determinou que junto à firma ou à denominação fosse adicionada a
expressão “limitada”, que no caso tornou-se o elemento específico caracterizador desse tipo
de sociedade.9
Igualmente a sociedade em comandita por ações pode utilizar firma ou denominação, porém
justificada esta possibilidade por ela contar com sócios de responsabilidade limitada e sócios
que respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais. Adotando uma firma, só poderão
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compô-la, os sócios que assumem responsabilidade ilimitada. No entanto, deverão incluir,
sempre, junto à firma ou à denominação, a locução “comandita por ações”, para que os
terceiros possam identificar o tipo de sociedade e o grau de responsabilidade assumido pelas
pessoas integrantes da mesma.10

5. TIPOS SOCIETÁRIOS E SEUS RESPECTIVOS NOMES


Com o Novo Código Civil em vigor, alguns tipos societários desapareceram. A seguir
veremos quais eram os tipos societários existentes e como se compunham seus respectivos
nomes e quais são, atualmente, e como se compõem hoje.
Os tipos societários existentes no Código Comercial e Lei específica são:
1. Sociedade em nome coletivo – artigos 315 e 316, do Código Comercial;
2. 2. Sociedade de capital e indústria – artigos 317 à 324, do Código Comercial;
3. 3. Sociedade em comandita simples – artigos 311 à 314, do Código Comercial;
4. 4. Sociedade de conta em participação – artigos 325 à 328, do Código Comercial;
5. 5. Sociedade por cotas de responsabilidade limitada – Decreto-Lei nº 3.708/1911 ;
6. 6. Sociedade anônima – Lei nº 6.404/76 ;
7. 7. Sociedade em comandita por ações – Lei nº 6.404/76.

No tocante ao empresário individual só poderá adotar firma, baseado em seu nome civil.
Sendo-lhe facultado abrevia-lo, ou ainda, agregar ao seu nome empresarial o ramo de
atividade a que se destina. Exemplos: Sócio – João Pedro Antunes: “João Pedro Antunes”; “J.
Pedro Antunes”; “João P. Antunes”; “João Pedro Antunes – Relojoeiro”. Segundo FÁBIO
ULHOA COLEHO13 “quando se trata de empresário individual, o nome empresarial pode
não coincidir com o civil; e, mesmo quando coincidentes, têm o nome civil e o empresarial
naturezas diversas”.
Já a sociedade em nome coletivo está liberada a adotar firma ou razão social, com a qual se
obrigam nas suas relações com terceiros, podendo ter por base o nome civil de um, alguns ou
todos os seus sócios, visto que neste tipo de sociedade todos os sócios assumem
responsabilidade ilimitada. Esses nomes poderão ser aproveitados por extenso ou
abreviadamente, conforme a vontade de seus titulares. Se o nome empresarial for composto
somente pelo nome de um de seus sócios, deverá ser acrescida da expressão, “e Companhia”
ou “& Companhia”, por extenso ou abreviadamente. Exemplos: Sócios – Alberto Antunes e
Luiz Gomes: “Antunes & Gomes”; “Alberto Antunes & Cia”; “A. Antunes & Cia”; “Luiz
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Gomes & Cia”; “Gomes & Cia”; “L. Gomes & Cia”; entre outras combinações.
Com relação a sociedade em comandita simples, esta também pode adotar a firma ou razão
social, da qual conste nome civil de sócio ou sócios comanditados, sendo obrigatória a
utilização da partícula “eCompanhia” ou “& Companhia”, por extenso ou abreviadamente,
para fazer menção aos sócios dessa categoria. O nome civil do sócio comanditado pode ser
usado por extenso ou abreviadamente, podendo ser agregado a ele o ramo de negócio
explorado pela sociedade. Vale lembrar que os nomes dos sócios comanditários não podem
ser utilizados na composição do nome empresarial, posto que não têm responsabilidade
ilimitada e solidária pelas obrigações da sociedade. Exemplos: Sócios comanditados – Alberto
Antunes e Luiz Gomes: “Alberto Antunes, Luiz Gomes & Cia”; “A. Antunes & Companhia”;
“Antunes, Gomes & Cia – Peças Automotivas”.
Em se tratando de sociedade em conta de participação, não poderá adotar nome empresarial,
em virtude de sua natureza de sociedade secreta. Agirá, em suas relações com terceiros,
mediante a firma ou denominação do sócio ostensivo, seja esse comerciante individual ou
sociedade comercial.
No que tange a sociedade de capital e indústria, esta poderá adotar ou não uma firma social,
sendo que se escolher a primeira opção, será constituída pelos nomes dos sócios capitalista,
visto que somente eles possuem responsabilidade ilimitada, conforme disposto no artigo 318,
do Código Comercial.
Sendo a sociedade por quotas de responsabilidade limitada, poderá usar de uma firma ou
razão social ou de uma denominação. Se optar pela firma, esta terá que se compor pelo nome
de um, alguns ou todos os sócios; e se optarem pela denominação, será de livre escolha dos
que a constituem. Porém, independentemente da escolha, seu nome empresarial será acrescido
da expressão “limitada” ou “sociedade de responsabilidade limitada”, por extenso ou
abreviadamente. Caso contrário todo sócio será considerado ilimitadamente responsável pelas
obrigações sociais. Exemplos: “Antunes & Cia. Ltda”; “Antunes, Gomes & Cia. Ltda”;
“Auto Peças Tamarins, Ltda”; “Indústria de Auto Peças Tamarins, sociedade de
responsabilidade limitada”.
No que concerne a sociedade anônima, esta poderá usar somente uma denominação, devendo
ser acrescida no início, no meio ou no fim, da expressão “sociedade anônima”, por extenso
ou abreviadamente, ou antecipada da expressão “Companhia”, podendo também ser
abreviada ou por extenso, conforme disposto no artigo 3º, da Lei nº 6.404/7614 . Existe a
possibilidade de, por exemplo, homenagear alguém, utilizando nomes civis de pessoas que
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fundaram a companhia ou concorreram para o êxito da mesma.15 Exemplos: “S/A Tamarins –
Auto Peças”; “Tamarins S/A – Auto Peças”; “Tamarins Auto Peças Sociedade Anônima”;
“Companhia Luiz Gomes de Auto Peças”.
Quando se trata de sociedade por ações, poderá se utilizar firma ou denominação, em
qualquer caso, sempre acrescida da locução “comandita por ações”. Na primeira opção, só
poderão figurar os nomes civis dos gerentes ou diretores, que respondem ilimitadamente pelas
obrigações sociais. Na segunda, se fundado em nome civil de um ou mais acionistas com
responsabilidades ilimitada, é obrigatória a inserção da palavra “e Companhia”, por extenso
ou abreviada. Exemplos: “Alberto Antunes e Companhia, Comandita por Ações”; “Tamarins
Auto Peças C.A.”; “Comandita por Ações Antunes, Gomes & Cia”.
Por fim, deve-se citar que o empresário, sendo pessoa física ou jurídica, ao se registrar como
microempresário ou empresário de pequeno porte, terá acrescido ao seu nome as locuções ME
ou EPP, respectivamente, conforme disciplina o artigo 11, da Lei nº 8.864/94.16
Alguns tipos societários desapareceram. Assim, hoje, em decorrência das alterações
promovidas pela entrada em vigor do Código Civil os tipos societários são os seguintes:

1. Regulares personificadas:
1.1. Sociedade em nome coletivo – artigos 1.039 à 1.044, do Código Civil;
1.2. Sociedade em comandita simples – artigos 1.045 à 1.051, do Código Civil;
1.3. Sociedade limitada – Artigos 1.052 à 1.054, do Código Civil;
1.4. Sociedade Anônima – Artigos 1.088 à 1.089, do Código Civil c/c Lei nº 6.404/76;
1.5. Sociedade em comandita por ações – artigos 1.090 e 1.091, do Código Civil c/c Lei nº
6.404/76.

2. Sociedades não personificadas:


2.1. Sociedade em comum – artigos 986 à 990, do Código Civil;
2.2. Sociedade em conta de participação – artigos 991 à 996, do Código Civil.

3. Sociedade simples – artigos 997 à 1.037, do Código Civil.


Com relação aos nomes dos tipos societários contidos no Código Civil, não houve
modificações, ou seja, as espécies de sociedades que continuaram a existir obedecem às
mesmas regras de antes.

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6. NOME DO SÓCIO QUE FALECE
Anteriormente, o nome do sócio que falecia, era excluído ou se retirava da sociedade poderia
ser conservado na firma social. Agora, isto não é mais possível de acordo com o artigo 1.165,
do Código Civil “o nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser
conservado na firma social”.
Cabe ressaltar que se a marca da empresa for registrada no nome de um dos sócios, ele pode
levá-la ou deixa-lo ao sair da sociedade.

7. REGISTRO
A respeito do registro da sociedade é possível dividi-lo em duas categorias: As sociedades que
devem ser registradas na Junta Comercial e as sociedades que devem ser registradas no
Cartório de Pessoas Jurídicas. As primeiras são as sociedades empresárias (mercantis) e as
mistas; as segundas são as sociedades simples (civis) e as cooperativas.

8. CONCLUSÃO
Com o Código Civil – Lei nº 10.406/02 - em vigor desde 11 de janeiro de 2.003, ocorreram
algumas alterações em relação às sociedades, tendo em vista que este novo Diploma Legal
incorporou o direito societário.
Embora o legislador, na melhor de suas intenções, tenha idealizado uma maneira mais simples
e atual para tratar do direito societário conjuntamente com o direito civil em si, não alcançou
suas expectativas. Haja visto que o Código Civil em vigor não é uma Lei específica às
sociedades, deixando por muitas vezes lacunas à serem preenchidas; o que certamente
ocorrerá através dos Tribunais com seus Julgados e, as vezes, faltando inclusive termos
técnicos que já existiam no Código Comercial.
Sem esquecer dos tipos societários que desapareceram, o que faz com as empresas, por
exemplo, de Capital e Indústria, tenham de se adequar à nova legislação; assim como os
profissionais do direito.

Notas de rodapé convertidas em notas de fim


1 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o código civil. Diário Oficial [da
República Federativa do Brasil], Brasília, 11 jan. 2002, p. 1.

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2 BRASIL. Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994. Dispõe sobre o registro público de
empresas mercantis e atividades afins e dá outras providências. Diário Oficial [da República
Federativa do Brasil], Brasília, 21 nov. 1994, p. 17.497.
3 Nome Empresarial. In: Departamento Nacional de Registro de
Comércio, http://www.dnrc.gov.br/ Serviços_dnrc/CAES1100.HTM; em 11-08-2002
4 Sociedades Comerciais, p. 46.
5 Manual de Direito Comercial, p. 74.
6 Curso de Direito Comercial, p. 72.
7 Fran Martins, op. cit., p. 74-75.
8 Ibid., mesma página.
9 Fran Martins, op. cit,. p. 336.
10 Ibid., mesma página.
11 BRASIL. Decreto nº 3.708, de 10 de janeiro de 1919. Regula a constituição de sociedades
por quotas, de responsabilidade limitada. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil],
Brasília, 15 jan. 1919, p. 820.
12 BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispões sobre as sociedades por
ações. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, 17 dez. 1976, p. 1.
13 Op. cit., p. 74.
14 BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por
ações. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, 14 dez. 1976, p. 1.
15 Fran Martins, op. cit., p. 234.
16 BRASIL. Lei nº 8.864, de 28 de março de 1994. Estabelece normas para as microempresas
– ME, e empresas de pequeno porte - EPP, relativas ao tratamento diferenciado e
simplificado, nos campos administrativo, fiscal, previdenciário, trabalhista, crediticio e de
desenvolvimento empresarial (artigo 179 da Constituição Federal). Diário Oficial [da
República Federativa do Brasil], Brasília, 29 mar. 1994, p. 4.554.

Referências bibliográficas:

BULGARELLI, Waldirio. Sociedades comerciais. 8ª ed., São Paulo: Atlas, 1999.

COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial. 13ª ed., São Paulo: Saraiva, 2002.

DORIA, Dylson. Curso de direito comercial. 14ª ed., São Paulo: Saraiva, 2000.
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Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
Nome empresarial. In: Departamento Nacional de Registro de Comércio
[Internet], http://www.dnrc.gov.br; Acesso em 11.Ago.2002.

PORTAL santajus. Legislação brasileira. <http://www.santajus.unisanta.br>. Acesso em 29


jan 2003.

SENADO federal. Legislação brasileira. <http://www.senado.gov.br/legbras/>. Acesso em 29


jan 2003.

Fonte: Cedido pelo autor via online.

Revista Jus Vigilantibus, Sexta-feira, 8 de agosto de 2003

A MUDANÇA DO DIREITO EMPRESARIAL NO DIREITO BRASILEIRO

25/jun/2005

Breve explicação de como funciona o sistema subsidiário de gestão de pessoas jurídicas,


depois do advento do novo código, assim como opiniões da doutrina sobre o interessante
tema.

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Função social da empresa

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Por Elias Jacobsen Bana

Com o advento do novo Código Civil em 2002, todo o sistema societário que antes existia
passou a vigorar com mudanças significativas, gerando mudanças que abrangem desde a
estrutura básica das sociedades até sua administração.

O Direito brasileiro contempla cinco espécies de sociedades empresárias. Merecem maior


destaque as duas primeiras, pois a importância que estas exercem se deve a sua influência na
economia brasileira, diretamente proporcional ao número de cada uma existente. As três
restantes, não constituem um número expressivo, nem tem um impacto relevante sobre a
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economia.

As sociedades empresárias admitidas pelo ordenamento jurídico nacional são: Sociedade por
Quotas de Responsabilidade Limitada; Sociedade Anônima; Sociedade em nome Coletivo;
Sociedade em Comandita Ações; Sociedade em Comandita Simples.

Não se admite outras formas de constituição de sociedades empresárias, senão estas, mas,
existe ainda a Sociedade em conta de Participação, que não é considerada propriamente uma
sociedade em função de suas peculiaridades.

Podemos citar como exemplo o artigo 966 do Código Civil Vigente, que conceitua o que seja
o empresário, por exemplo, onde se atribui caráter econômico a sua atividade. Superou-se a
idéia de atos de comércio, que era fruto de debate doutrinário por mais de um século dentro
do ordenamento brasileiro. O empresário, ante a lei atual, tem uma conceituação fechada, e
tem seu lugar definido no universo do mercado.

Menciona Rubens Requião [1] que na empresa moderna o gerente constitui apenas uma peça
da máquina de produzir riqueza e gerar dividendos. No mesmo tópico, o jurista, de modo
profético, aponta a tendência de se permitir a participação dos empregados no conselho
diretor da administração da empresa.

Em relação ao Código vigente, o professor paranaense Clayton Reis [2] explica o artigo 966,
ou melhor, de qual atividade se refere o artigo: “(...) uma atividade voltada exclusivamente
para a produção de bens de consumo, que tenham como objeto central o interesse econômico,
ou seja, o animus de conferir ao empresário o lucro na exploração do setor produtivo, no
âmbito das relações de consumo”.

Lembrando que o profissional liberal, não se encaixa na categoria de empresário, por estar
vinculado aos respectivos códigos de ética, como por exemplo, o advogado, que não pode ser
considerado um empresário propriamente dito.

A doutrina de modo geral critica a junção feita pelo legislador, no novo Código, do direito
civil e do direito comercial, compondo um livro inteiro no Código, o segundo, pois as
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disposições do código civil desvirtuam o sentido do direito comercial, que necessita ser mais
dinâmico, diferente do direito civil.

As mudanças no direito comercial, ainda mais quando inseridas dentro do Código Civil, tem
grande influência na aplicação do direito material dentro de uma demanda judicial. As novas
disposições, que substituem dentro do código a nomenclatura de direito comercial para direito
empresarial, fazem sombra sobre todas as atividades econômicas ou empresariais, ou seja,
atividade mercantil privada.

Nos dizeres de Paulo Roberto Colombo Arnoldi [3]:

O novo Código neste novo livro, em linhas gerais, traz grandes inovações no que diz respeito
ao Direito Comercial, substitui a figura do comerciante pela do empresário, seguindo a linha
do Código Civil italiano de 1942, onde adota a moderna teoria da empresa, como modelo de
disciplina da atividade econômica. Inova sensivelmente na parte relacionada as sociedades,
agora denominadas de empresárias. Regulamenta de forma mais explícita e complementa o
instituto do estabelecimento. Deu tratamento mais claro e moderno a alguns institutos como: o
registro das sociedades empresária, o seu nome, dos prepostos da empresa, da escrituração
mercantil que agora pode adotar os instrumentos modernos da tecnologia da informática. O
Código inova e consagra práticas já consagradas na doutrina e jurisprudência. Ajusta normas
de uso comum e normas concebidas para os agentes de atividade empresarial.

De maneira geral, podemos apontar a mudança do sistema subsidiário, no caso de lacuna de


especificação no contrato social, do sistema da sociedade dita de responsabilidade limitada
pelo sistema, vindo do direito italiano, de sociedade simples.

A doutrina italiana delimita os fundamentos dessa sorte de sociedade como uma sociedade de
fins não empresariais [4], sendo a mais simplificada das formas societárias encontradas no
ordenamento, no aludido ordenamento alienígena e no ordenamento pátrio. No sistema
italiano, este instituto se estabeleceu em 1942, só agora sendo adotado no Brasil.

Essa mudança alterou todas as diretrizes fundamentais da tratativa do direito empresarial, que
coloca outros parâmetros na presente pesquisa, que são aspectos a serem analisados. Os sócios
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agora têm outras responsabilidades, se comparados os sistemas do Código de 1916 e do Novo
Código Civil de 2002. A doutrina nacional ainda não proferiu vasta produção, mas já existem
manifestações que servem de crítica e de orientação para o aprofundamento no assunto.

No antigo Código Civil, o ponto de partida era a sociedade limitada, que tinha um sistema de
gestão mais simples, e que era utilizado subsidiariamente em caso de lacuna em outras
espécies de sociedade. Tanto na administração, quanto na formação societária, a sociedade
limitada apresentava certa segurança ao sócio, que estava limitado à sua cota de capital social,
assim como o gerente tinha uma maior liberdade na gestão dos negócios.

No sistema atual, abandonou-se o regime da comercialidade para um regime de


empresariedade, portanto, conforme o artigo 982 do Código Civil Vigente. A empresa que
agora serve de paradigma é a sociedade simples, que já existe no sistema Italiano e Suíço,
onde regulamenta diretamente as atividades econômicas, e as sociedades que exclusivamente
se dedicam a essa atividade ou a atividades de natureza civil de natureza econômica.
Trataremos desta primeiramente.

A bem da verdade, o legislador optou por não definir os contornos exatos do que seja a
sociedade simples, apenas que seus participantes, em se escolhendo esse tipo societário,
obrigam-se com a totalidade de seu patrimônio, solidária e ilimitadamente e que, ainda, essa
sociedade não se presta à condução de empresas comerciais. Substitui, portanto, as antigas
associações civis.

Tem-se que, com nos modelos estrangeiros todos os sócios são responsáveis, solidariamente,
por todo o capital social, e assim, repartem a responsabilidade perante outros diante de
relações com sua empresa. É um conceito mais aproximado de uma empresa de pessoas, do
que uma sociedade de Capital.

O Deputado Ricardo Fiúza [5] assim se manifestou, à ocasião:

se adotarmos um paralelismo simétrico, a antiga sociedade comercial passou a ser


denominada sociedade empresária, enquanto a sociedade empresária , enquanto a sociedade
civil, regulada pelo Código de 1916, passou a ser definida como sociedade simples.
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E não foi só o sistema subsidiário que se modificou. Desta mesma forma, onde se preza pelo
empresariedade, a principal sociedade comercial teve modificações profundas, qual seja, a por
cotas de responsabilidade limitada.

Esta sociedade limitada ganhou contornos de sociedade anônima, com a incorporação de


elementos como a necessidade, e não mais a faculdade, da convocação de assembléia geral
(artigo 1069. Inciso V), assim como a possibilidade de se instituir um conselho fiscal (artigo
1066), e ainda, da necessidade de fazer o balanço anual de resultado econômico (artigo 1065).
Os contornos gerais da sociedade anônima aqui se fizeram presentes, pois o legislador quis
atribuir a complexidade e transparência da sociedade anônima para a limitada.

A teoria da desconsideração tem, então, aplicação direta no ramo empresarial, sem a


necessidade de subterfúgios, como por exemplo, vasta comprovação dentro de um processo,
dentro de um litígio judicial. Substituiu-se, portanto, o modelo padrão de sociedade civil da
limitada pela simples, sem fins comerciais, dando à sociedade limitada uma transparência que
já existia na sociedade anônima. Enfim, o escopo do atual código civil é empresarial.

Deste modo, a responsabilidade que tinha o administrador no antigo sistema não é mais o
mesmo que o atual. Existe também a possibilidade de se atribuir o cargo de administrador da
empresa para uma pessoa fora do quadro societário. É a figura do administrador profissional.

Apesar de ter um sistema truncado, repudiado pela maioria dos comerciantes por ter certos
ônus e procedimentos obrigatórios, e uma transparência que torna o empreendimento mais
trabalhoso, mas é essa mesma transparência que almejou o legislador ao promulgar as
mudanças no novo código. Mas de qualquer maneira, a aproximação entre a sociedade
limitada e anônima abre espaço para a aplicação da teoria da desconsideração de forma mais
clara, além de ter tornado a sociedade limitada mais profissional, ainda sem a determinação de
um conselho de administração, que na verdade serve uma estrutura maior do que as empresas
normais.

Mais importante que delimitar a nova empresa no ordenamento nacional é entender como isso
pode ser benéfico, à sombra da teoria da desconsideração da personalidade jurídica. O
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funcionamento da empresa comercial não é mais restrito ao quadro societário, ou ainda, à
esfera hermeticamente fechada formada pelo grupo idealizador e investidor, que deu origem a
essa pessoa jurídica.

Com a entrada em vigor deste novo livro dentro do Código Civil, do direito de empresa, a
responsabilidade pela direção da empresa limitada não é mais necessariamente de um sócio.
Como já dito anteriormente, pode-se utilizar um administrador profissional, fora do quadro
societário. Em se conjugando a disregard doctrine com essa nova realidade, temos que a
responsabilização, grosso modo, deve recair sobre que de fato administra e rege a sociedade,
assim como mais acertadamente, deve recair sobre que cometeu o abuso de direito, que
deformou sua função de administrador.

Na antiga sistemática, elegia-se, dentro do corpo societário, a diretoria da empresa, tomando


para si os poderes de representação da sociedade, em juízo ou no mercado, perante todos que
se apresenta, e de poderes de direção e administração.

Novamente citando o professor Paulo Roberto Colombo Arnoldi [6]:

O comerciante era visto como aquele que apenas praticava atos de intermediação com
finalidade lucrativa, hoje é aquele que exerce atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou serviços.

Ressalva, por outro lado que, não se considera empresário quem exerce profissão intelectual,
de natureza científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou
colaboradores (art.966, parágrafo único). Visou neste aspecto, os profissionais liberais, que
somente serão alcançados pela regulamentação da atividade econômica, se de fato for provado
que exercem sua profissão numa organização empresarial. Se não for possível identificar o
elemento empresa, a atividade será regulada de acordo com o regime próprio de cada
categoria profissional específica.

Atualmente, deve se averiguar quem de fato faz parte do órgão diretor da sociedade, pois é
por demais importante a figura do gestor profissional, agora admitido em absoluto em nosso
ordenamento.
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Este aspectos de mudança, criticados por uns e festejados por outros, muda completamente a
incidência da desconsideração da personalidade jurídica, conforme vimos, quanto ao seu
pedido judicial, ou ainda, quanto a sua forma de demanda. No Brasil, a teoria da
desconsideração, assim como em outros paises, começou a ser aplicada por meio de
entendimento jurisprudencial, ou seja, sem que uma regra de caráter positivo tivesse
incidência sobre o caso concreto.

Assim sendo, a jurisprudência sobre o assunto, principal fonte de estudo da teoria, trata do
modelo de sociedades do Código Civil de 1916, sendo de bom alvitre perceber suas diferenças
para a sua aplicação no atual contexto e estrutura do direito empresarial.

Dentro dessa nova realidade, então, de empresários considerados profissionais e sociedades


ditas civis, ou simples, com uma responsabilidade ilimitada e solidária, assim como a própria
diretoria eleita na empresa.

[1] REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. V.1, 21ed. São Paulo: Saraiva, 1995,
p159.

[2] REYS, Clayton et al. Direito empresarial & cidadania : questões contemporâneas.
Curitiba: Juruá, 20004. p 66.

[3] ARNOLDI, Paulo Roberto Colombo, et al. Jurisprudencia Brasileira 196 –


Desconsideração da Personalidade Jurídica. Curitiba : Juruá, 2002. p. 74.

[4] AULETTA, Giuseppe. Dirito Commerciale. Milão, 9ª ed, Dott. A. Giufferè Editore. 1994.
p. 115/126.

[5] et al. Novo Código Civil Comentado. 1 ed, São Paulo: Saraiva, 2002.

[6] Op. cit, p. 75.


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... Herausgeber, Renovar. Archiv, BDJur no STJ (Brazil).
Keywords, Direito empresarial, Brasil, Direito comercial, Brasil, Sociedade
comercial, regime jurídico, Brasil, Pessoa jurídica de direito privado, Brasil,
Estabelecimento comercial, Brasil. Typ, Livro. Sprache, Portugisisch. ...
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Aborda questões instigantes do direito comercial. O autor dividiu a obra em dois
blocos principais onde no primeiro, teceu considerações iniciais acerca do
estabelecimento empresarial, aprofundando-se nos elementos imateriais que o
compõem. No segundo, ...
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[CITAÇÃO] Direito tributário e empresarial: pareceres


A Xavier - 1982 - Forense
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 175
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
Citado por 5 - Artigos relacionados

[CITAÇÃO] Direito empresarial: à luz do novo código civil


CM de Oliveira - 2003 - LZN
Citado por 6 - Artigos relacionados

Desconsideração Inversa da Personalidade Jurídica


[TXT] de fgv.br
AROM Souza - Direito Empresarial, 2010 - bibliotecadigital.fgv.br
Constitui prática comum dos tribunais em geral, não somente no Brasil, mas ao redor
do mundo, desconsiderar-se a personalidade jurídica de empresas para atingir os
bens de seus sócios, quando verificada fraude, abuso de direito ou desvio de
finalidade, aliadas à ...
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[CITAÇÃO] Direito Empresarial


JC FORTES - Fortaleza: Editora Fortes, 2004
Citado por 6 - Artigos relacionados

[CITAÇÃO] Tratado de direito empresarial


JS Pacheco - Direitos Negociais e, 1979
Citado por 6 - Artigos relacionados

[CITAÇÃO] A filantropia empresarial: nem caridade, nem direito


N Beghin - 2004 - Cortez Editora
Citado por 46 - Artigos relacionados

[CITAÇÃO]Direito empresarial: estudo unificado


[PDF] de stj.jus.br
R Negrão - 2008 - bdjur.stj.jus.br
Descrição: Divulgação dos SUMÁRIOS das obras recentemente incorporadas ao
acervo da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva do STJ. Em respeito à lei de Direitos
Autorais, não disponibilizamos a obra na íntegra. STJ00076153 347.7 (81) N385d
STJ00089639 3. ed

[CITAÇÃO] Sociedades comerciais: empresa e estabelecimento


W Bulgarelli - 1985 - Atlas
Citado por 81 - Artigos relacionados

[CITAÇÃO] Estudos e pareceres de direito empresarial:(o direito das


empresas)
W Bulgarelli - 1980 - Editora Revista dos Tribunais
Citado por 13 - Artigos relacionados

[CITAÇÃO] Tratado de direito empresarial brasileiro


CM de Oliveira - 2004 - LZN
Citado por 17 - Artigos relacionados
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 176
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
[CITAÇÃO]O novo direito societário
[PDF] de stj.gov.br
C Salomão Filho - 2011 - bdjur.stj.gov.br
... C APiTULO I - DIREITO EMPRESARIAL P ÚBLICO I. Introduçiio: uma crítica ao
neoliberalismo .....
15 2. Crítica aos determinismos econômicos ..... ... 17 4. Direito empresarial público
..... ...
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[CITAÇÃO] Direito empresarial


ME Finkelstein - 2005 - Atlas
Citado por 15 - Artigos relacionados

[CITAÇÃO] Direito empresarial


M Gusmão - 2005 - Impetus
Citado por 12 - Artigos relacionados

[CITAÇÃO] Novos ensaios e pareceres de direito empresarial


FK Comparato - 1981 - Forense
Citado por 11 - Artigos relacionados

[CITAÇÃO] Direito empresarial aplicado


JC Fernandes - 2007 - del Rey Editora
Citado por 9 - Artigos relacionados

[CITAÇÃO] O novo direito empresarial


W Bulgarelli - 1999 - Renovar
Citado por 14 - Artigos relacionados

[CITAÇÃO] Introdução ao direito inglês e norte-americano

Manual de direito empresarial


[PDF] de stj.gov.br
G Mamede - 2008 - en.scientificcommons.org
Abstract Divulgação dos SUMÁRIOS das obras recentemente incorporadas ao
acervo da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva do STJ. Em respeito à lei de Direitos
Autorais, não disponibilizamos a obra na íntegra. STJ00080847 347.7 (81) M264m 4.
ed.
Citado por 68 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 4 versões

[CITAÇÃO] Direito empresarial: estudos e pareceres


FK Comparato - 1990 - Editora Saraiva
Citado por 71 - Artigos relacionados

[CITAÇÃO] Tratado de direito empresarial


W BULGARELLI - São Paulo: Atlas, 1995
Rua Dr. Moacir Birro, 663 – Centro – Cel. Fabriciano – MG CEP: 35.170-002 177
Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
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[CITAÇÃO] Ensaios e pareceres de direito empresarial


FK Comparato - 1978 - Forense
Citado por 30 - Artigos relacionados

[CITAÇÃO] Curso de direito empresarial


[PDF] de stj.gov.br
M Tomazette - 2011 - bdjur.stj.gov.br
Descrição: Divulgação dos SUMÁRIOS das obras recentemente incorporadas ao
acervo da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva do STJ. Em respeito à lei de Direitos
Autorais, não disponibilizamos a obra na íntegra. 347.7 (81) T655c STJ00081336 2.
ed. STJ00084234 ...
Citado por 24 - Artigos relacionados - Todas as 2 versões

[CITAÇÃO] Direito empresarial brasileiro


G Mamede - 2006 - Editora Atlas
Citado por 31 - Artigos relacionados

Direito empresarial brasileiro


[PDF] de stj.jus.br
G Mamede - São Paulo: Atlas, 2004 - en.scientificcommons.org
Abstract Divulgação dos SUMÁRIOS das obras recentemente incorporadas ao
acervo da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva do STJ. Em respeito à lei de Direitos
Autorais, não disponibilizamos a obra na íntegra. STJ00080655 347.72 (81) M264d
3. ed
Citado por 28 - Artigos relacionados - Em cache - Todas as 4 versões

[PDF] Direito empresarial


[PDF] de unesp.br
LAS Hentz - São Paulo: Ed. de Direito, 1998 - franca.unesp.br
O aluno estará habilitado a dissertar e solucionar questões sobre o conteúdo
programático em provas escritas e orais, no Exame Nacional de Cursos do MEC, no
Exame de Habilitação Profissional da OAB e em concursos públicos das carreiras
jurídicas ( ...
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[CITAÇÃO] Direito societário: sociedades simples e empresárias


[PDF] de stj.gov.br
G Mamede - 2008 - bdjur.stj.gov.br
... 6.2 Constituição, 26 Page 2. xü Direito Empresarial Brasileiro 6.3 Ténnino e
liquidação, 30 2 PERSONIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES ... do sócio, 158 xüi Page
4. xiv Direito Empresarial Brasileiro 4.1 Incapacidade superveniente, 160 ...
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[CITAÇÃO] A teoria jurídica da empresa: análise jurídica da empresarialidade


W Bulgarelli - 1985 - Editora Revista dos Tribunais
Citado por 32 - Artigos relacionados
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ORIENTAÇÕES PARA BUSCA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS NO
SCIELO

Após a escolha do tema do TCC, pertinente ao seu curso de Pós-graduação,


você deverá fazer a busca por artigos científicos da área, em sites especializados,
para a redação do seu próprio artigo científico. O suporte bibliográfico se faz
necessário porque toda informação fornecida no seu artigo deverá ser retirada de
outras obras já publicadas anteriormente. Para isso, deve-se observar os tipos de
citações (indiretas e diretas) descritas nesta apostila e a maneira como elas devem
ser indicadas no seu texto.
Lembre-se que os artigos que devem ser consultados são artigos científicos,
publicados em revistas científicas. Sendo assim, as consultas em revistas de ampla
circulação (compradas em bancas) não são permitidas, mesmo se ela estiver
relatando resultados de estudos publicados como artigos científicos sobre aquele
assunto. Revistas como: Veja, Isto é, Época, etc., são meios de comunicação
jornalísticos e não científicos.
Os artigos científicos são publicados em revistas que circulam apenas no
meio acadêmico (Instituições de Ensino Superior). Essas revistas são denominadas
periódicos. Cada periódico têm sua circulação própria, isto é, alguns são publicados
impressos mensalmente, outros trimestralmente e assim por diante. Alguns
periódicos também podem ser encontrados facilmente na internet e os artigos neles
contidos estão disponíveis para consulta e/ou download.
Os principais sites de buscas por artigos são, entre outros:
SciELO: www.scielo.org
Periódicos Capes: www.periodicos.capes.gov.br
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Bireme: www.bireme.br
PubMed: www.pubmed.com.br
A seguir, temos um exemplo de busca por artigos no site do SciELO.
Lembrando que em todos os sites, embora eles sejam diferentes, o método de
busca não difere muito. Deve-se ter em mente o assunto e as palavras-chave que o
levarão à procura pelos artigos. Bons estudos!

Siga os passos indicados:


Para iniciar sua pesquisa, digite o site do SciELO no campo endereço da
internet e, depois de aberta a página, observe os principais pontos de pesquisa: por
artigos; por periódicos e periódicos por assunto (marcações em círculo).

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Ao optar pela pesquisa por artigos, no campo método (indicado abaixo),
escolha se a busca será feita por palavra-chave, por palavras próximas à forma que
você escreveu, pelo site Google Acadêmico ou por relevância das palavras.

Em seguida, deve-se escolher onde será feita a procura e quais as palavras-


chave deverão ser procuradas, de acordo com assunto do seu TCC (não utilizar “e”,
“ou”, “de”, “a”, pois ele procurará por estas palavras também). Clicar em pesquisar.

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Lembre-se de que as palavras-chave dirigirão a pesquisa, portanto, escolha-
as com atenção. Várias podem ser testadas. Quanto mais próximas ao tema
escolhido, mais refinada será sua busca. Por exemplo, se o tema escolhido for
relacionado à degradação ambiental na cidade de Ipatinga, as palavras-chave
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poderiam ser: degradação; ambiental; Ipatinga. Ou algo mais detalhado. Se nada
aparecer, tente outras palavras.
Isso feito, uma nova página aparecerá, com os resultados da pesquisa para
aquelas palavras que você forneceu. Observe o número de referências às palavras
fornecidas e o número de páginas em que elas se encontram (indicado abaixo).

A seguir, estará a lista com os títulos dos artigos encontrados, onde constam:
nome dos autores (Sobrenome, nome), título, nome do periódico, ano de publicação,
volume, número, páginas e número de indexação. Logo abaixo, têm-se as opções
de visualização do resumo do artigo em português/inglês e do artigo na íntegra, em
português. Avalie os títulos e leia o resumo primeiro, para ver se vale à pena ler todo
o artigo.

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Ao abrir o resumo, tem-se o nome dos autores bem evidente, no início da
página (indicado abaixo). No final, tem-se, ainda, a opção de obter o arquivo do
artigo em PDF, que é um tipo de arquivo compactado e, por isso, mais leve, Caso
queria, você pode fazer download e salvá-lo em seu computador.

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Busca por periódicos

Caso você já possua a referência de um artigo e quer achá-lo em um


periódico, deve-se procurar na lista de periódicos, digitando-se o nome ou
procurando na lista, por ordem alfabética ou assunto. Em seguida, é só procurar
pelo autor, ano de publicação, volume e/ou número.

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Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: diretoria@institutoprominas.com.br
É preciso ressaltar que você deve apenas consultar as bases de dados e os
artigos, sendo proibida a cópia de trechos, sem a devida indicação do nome do
autor do texto original (ver na apostila tipos de citação) e/ou o texto na íntegra.
Tais atitudes podem ser facilmente verificadas por nossos professores, que
farão a correção do artigo.

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