Você está na página 1de 2

TGDC II | COISAS | OS MÓVEIS | Menezes Cordeiro, Tomo III | pp.

195-204 | Mariana Pedroza da Fonseca

Os Móveis
1- Categoria Geral

I  Nos termos do artigo 205º/1, a categoria das coisas móveis é residual: Abrange todas as coisas
que o Direito não considera imóveis. Ficam particularmente em causa:
1- Os objetos materiais;
2- A energia;
3- Os móveis sujeitos a matrícula e registo;
4- As coisas representativas – designadamente documentos.
Os bens intelectuais são coisas incorpóreas, ficando fora da contraposição entre móveis e imóveis:
Esta abre, apenas, no universo das coisas corpóreas. No entanto, na medida em que se deve fazer
apelo às regras gerais sobre coisas, para reger os bens intelectuais, relevam as relativas às coisas
móveis: Elas congregam as normas mais gerais relativas aos objetos das situações jurídicas.
Nota: Também os ordenados, vencimentos e salários serão móveis, outro tanto sucedendo com os
direitos sociais dos sócios.

II  A categoria dos semoventes aparece para designar os móveis que se movem por si próprios.
Reservada aos animais, ela poderia ser alargada, por interpretação atualista, a automóveis, navios e
a aeronaves. Esse alargamento é reforçado pela tendência atual de não considerar os animais como
coisas, mas, antes, como uma categoria própria, sem personalidade mas com uma tutela específica.

2- Móveis sujeitos a matrícula e a registo

I  Certos móveis, em função do seu valor económico, de razões de polícia ou da facilidade com
que mudam de localização, requerem um esquema público de identificação. Isso consegue-se,
comodamente, através da aposição de uma matrícula e da sujeição do móvel a um registo público.
Estão em causa, fundamentalmente, os automóveis, os navios e as aeronaves.
Os móveis sujeitos a matrícula e registo constituem, assim, uma categoria heterogénea.

3- Móveis sujeitos a matrícula e a registo

I  A energia, em muitas das suas formas, pode ser apreendida pelos sentidos. O código civil não
refere as energias entre as coisas, embora se lhe reporte, a propósito da responsabilidade e dos
privilégios creditórios.
A energia tem existência objetiva, podendo ser, nalguns casos, apropriada. Embora a aplicação do
regime dos direitos reais, à energia, suscite algumas dificuldades, ela tende hoje a ser considerada
como uma coisa corpórea móvel, pela doutrina e jurisprudência.
TGDC II | COISAS | OS MÓVEIS | Menezes Cordeiro, Tomo III | pp. 195-204 | Mariana Pedroza da Fonseca

II  Na jurisprudência nacional, o problema foi discutido sobretudo a propósito da subtração


fraudulenta de energia elétrica: entendeu-se que esta integrava o crime de furto de coisa móvel. Por
seu turno, o fornecimento de eletricidade seria um contrato de compra e venda de móvel.

III  A energia, neste sentido, apresenta-se como o produto de uma prestação de serviço – o de
fornecimento de energia – do que como algo de, diretamente aproveitável.

4- Coisas representativas; dinheiro; títulos de crédito e cartões

I  Coisas Representativas – É uma categoria especial de móveis. Representam, mercê de


convenção sociojurídica, seja um valor que as transcende, seja uma determinada posição jurídica.
Entendido como espécie monetária, o dinheiro é uma coisa móvel.

II  Os títulos de crédito são, grosso modo, documentos que exaram um determinado direito, a
favor do seu portador ou titular. Sendo um documento, é uma coisa corpórea móvel.

III  Finalmente, temos os cartões  retângulos normalizados de substancia plástica, que


exprimem um contrato celebrado com a entidade emitente.

Você também pode gostar