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67 Introdução
O arroz (Oryza sativa L.) é uma das mais antigas espécies cultivadas,
ocupando aproximadamente 10% do solo agricultável do planeta. Para
atender a demanda por alimentos, devido ao rápido crescimento da
população mundial, a produção de arroz deve ser incrementada nos
próximos 25 anos. Com a redução das áreas disponíveis para produção,
será necessário conciliar cultivos intensivos com elevadas produtividades,
mas em bases sustentáveis.
altas. Apesar de sua produtividade ser inferior resistência varietal, controle biológico, quími-
ao do arroz irrigado, este sistema apresenta co, cultural, dentre outros.
vantagens devido ao seu baixo custo de produ-
ção e reduzido consumo de água. No Brasil, o total de ingredientes ativos de
agrotóxicos comercializado para uso no
cultivo do arroz irrigado por inundação,
Principais problemas ambientais resultan- passou de 4.597 t, em 1997, para 3.146 t,
tes da rizicultura em 2002, correspondente a uma redução de
A degradação ambiental deve ser entendida 31,6%. Desse total, 93,2% correspondeu a
como o resultado de um conjunto de ações e venda de herbicidas, 3,8% de fungicidas e
processos que causam efeitos adversos sobre 3% de inseticidas. Para o arroz de terras
o ambiente que, não respeitando a sua capa- altas, o total comercializado passou de 307 t
cidade de suporte e/ou aptidão, compromete para 612 t, no mesmo período, um acréscimo
os recursos naturais e, conseqüentemente, a de 99,4%. Desse total, 78,9% correspondeu
qualidade de vida da população. A atividade a venda de herbicidas, 16,4% de fungicidas e
agrícola tem contribuído muito para redução 4,8% de inseticidas.
dos recursos naturais e da qualidade
ambiental no Brasil, tanto nas áreas de fron- O consumo médio dos principais agrotóxicos é
teira agrícola, como é o caso da Região maior no cultivo irrigado do que no de terras
Centro-Oeste, como nas áreas tradicional- altas. Contudo, no cultivo do arroz irrigado
mente exploradas, como a Região Sul. observou-se um decréscimo contínuo no
consumo destes produtos, o que pode ser
O arroz é cultivado em solos secos e atribuído a adoção de técnicas mais adequa-
inundados, em ambientes de baixa e alta das de manejo. Esse decréscimo deveu-se
temperatura e em muitos tipos de solo, sendo principalmente aos herbicidas, que passaram
os parâmetros ambientais mais relevantes de 4.349 t, em 1997, para 2.902 t, em 2002.
para a cultura o regime de água, a Já no cultivo de terras altas ocorreu um au-
temperatura e o tipo de solo, incluindo mento significativo de consumo devido princi-
textura, drenagem e topografia. Os principais palmente à elevação do nível tecnológico da
impactos ambientais negativos decorrentes cultura. Esse aumento deveu-se também ao
das atividades na rizicultura são: uso de herbicidas, que passou de 163 t em
1997, para 508 t em 2002. Pelo fato de o
! redução de ecossistemas naturais devido abertura arroz de terras altas ser cultivado, predominan-
de novas áreas; temente, em áreas recém-desmatadas, por
! redução da capacidade produtiva do solo, em muito tempo não se deu importância ao
decorrência de práticas culturais inadequadas; controle de plantas daninhas. A carência de
! redução da qualidade do ar devido a emissão do gás produtos e tecnologia para o controle de
metano (gás de efeito estufa); plantas daninhas em arroz de terras altas,
! redução da quantidade e qualidade da água em somada à baixa capacidade de competição do
virtude de processos como assoreamento, arroz com as mesmas constitui um dos princi-
eutrofização e uso de agrotóxicos. pais obstáculos para a introdução desta cultu-
ra em sistemas agrícolas intensivos. Somente
Consumo de agrotóxicos na cultura do nos últimos anos, o arroz de terras altas tem
arroz sido cultivado em rotação com a soja, em
Considerando a competitividade e a áreas com irrigação suplementar e no Sistema
sustentabilidade da agricultura, um dos Santa Fé (consórcio de culturas anuais com
principais pontos que deve ser considerados é pastagem), em que essas áreas são cultivadas
o manejo de pragas e doenças que, de um por vários anos e apresentam alta diversidade
modo geral, tem sido focado atualmente mais e infestação de plantas daninhas. Pode-se
no aspecto econômico que no ambiental. dizer que o controle químico passou a ser uma
Assim, o ideal seria que a escolha do método prática mais utilizada, por ter custo mais baixo
a ser empregado estivesse pautada em avalia- e apresentar maior eficiência, quando compa-
ções sócioeconômica e ambiental, utilizando- rado a outros métodos de controle de plantas
se da associação de várias técnicas como daninhas.
Agrotóxicos no cultivo do arroz no Brasil... 3
Tabela 1. Toneladas de ingredientes ativos de agrotóxicos, por categoria, comercializados, no Brasil, para uso nas lavouras
de arroz irrigado e de terras altas, no período de 1997 a 2002.
Tabela 2. Consumo médio de agrotóxicos, por hectare, e produtividade média da cultura do arroz irrigado e terras altas, no
Brasil, no período de 1997 a 2002.
É importante considerar que redução no para controle são elevadas, foram substi-
consumo de herbicidas por unidade de tuídos por outros mais modernos cujas
área observada pode não expressar um quantidades aplicadas são muito menores
decréscimo real no seu uso uma vez que para alcançar a mesma eficiência de con-
muitos produtos, cujas doses necessárias trole.
4 Agrotóxicos no cultivo do arroz no Brasil...
com qualidade ambiental e segurança do cuidados exigidos para seu manuseio, bem
alimento. No manejo biointensivo, além dos como seu comportamento no ambiente.
procedimentos tradicionalmente usados
como monitoramento e uso do nível de dano
econômico, são enfatizadas as medidas
proativas no estabelecimento do
agrossistema que desfavoreçam a praga em
favor de seus parasitas e predadores.
Medidas proativas incluem métodos culturais
como, rotação de culturas e a criação e
preservação de habitats para os organismos
benéficos. O agroecossistema de arroz
irrigado é um ambiente que predomina
grande biodiversidade (Figura 1).
Circular Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Comitê de Presidente: Carlos Agustin Rava
Técnica, 67 Embrapa Arroz e Feijão publicações Secretário-Executivo: Luiz Roberto R. da Silva
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E-mail: sac@cnpaf.embrapa.br Revisão de texto: Marina A. Souza de Oliveira
Tratamento das ilustrações: Fabiano Severino
1a edição Diagramação-: Fabiano Severino
1a impressão (2003): 1.000 exemplares
CGPE 5178