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Aula Nº 2
Nos seres vivos encontram-se numerosos ácidos orgânicos incluídos nas diversas séries
de compostos, em particular gordos e aromáticos, umas vezes no estado livre mas
geralmente em combinações diversas com outros constituintes da matéria. Referem-se
grupos peculiares no estudo dos corpos gordos, das essências, das resinas, taninos,
glícidos, alcalóides, etc.
Uma classe restrita de ácidos alifáticos encontra-se com uma distribuição ampla nos
vegetais desempenhando um papel importante nos fenómenos vitais, especialmente na
respiração. Dissolvidos no citoplasma, no estado livre ou em parte sob a forma de sais
de sódio, potássio, magnésio e cálcio.
Certos frutos distinguem-se pelas quantidades elevadas de alguns destes ácidos
orgânicos e seus sais alcalinos ou alcalinos terrosos (cítrico, málico, tartárico, etc.) que
lhes conferem sabor acídulo e propriedades terapêuticas refrescantes e laxativas. É
assim como se estabelece a primeira família de fármacos constituída por frutos definida
por aquela actividade farmacológica e pelos componentes químicos que a determinam.
Se utilizam vários frutos neste grupo de fármacos, como matéria-prima na preparação
de xaropes para dissimular sabores, amargo ou salgado de certas drogas medicinais. A
existência destes ácidos naturais pode provocar reacções com outros princípios
medicinais da mesma fórmula farmacêutica.
Outros constituintes:
Os açúcares encontram-se em quantidades variáveis, maiores no período de maturação,
num sentido inverso ao conteúdo dos taninos. Conhecem-se os açúcares característicos:
glicose, frutose e sacarose, mas outros já foram identificados: arabinose, xilose e
manose. Tem a vantagem de serem facilmente absorvidos e transformados. As pectinas
são substâncias características dos frutos amadurecidos. Na água formam soluções
coloidais mas dela precipitam por adicionamento de álcool resultando a formação de
massas gelatinosas características. A presença de esta nos sumos concorre para que
estes se apresentem turvos, viscosos e dificilmente filtráveis. Podemos citar alguns
outros glícidos que são comuns nos vegetais: celulose, pentosanas, hexosanas, etc.
Atribui-se à celulose, abundante nos frutos e nas hortaliças, a propriedade de avolumar
as fezes e estimular as contracções intestinais.
Métodos de isolamento:
Estabeleceram-se numerosas técnicas de análise, adaptadas aos vegetais: métodos
químicos, resinas de trocas iónicas e métodos cromatrográficos.
-Métodos químicos: Baseadas nas propriedades particulares; na precipitação sob a
forma de sais insolúveis de chumbo, cálcio ou bário, solubilidade na água ou etanol dos
ácidos e seus sais, destilação fraccionada, no vazio, dos ácidos ou dos seus ésteres
metílicos. As técnicas de purificação, isolamento e ate de identificação e dosagem
progrediram nos últimos anos de maneira notável.
-Resinas de trocas iónicas: Se utilizam hoje com frequência para purificar as soluções
extractivas. São resinas sintéticas, porosas, a fim de aumentar a capacidade de trocas
iónicas, estáveis, insolúveis nos solventes usados e possuindo iões lábeis que podem ser
trocados pelos iões de cargas opostas contidos nas soluções em analise, sem se alterar a
estrutura fundamental das resinas.
-Métodos cromatrográficos: Preferem-se hoje os métodos cromatrográficos, nas suas
diversas modalidades, baseados em fenómenos de adsorção (em colunas, em camadas
delgadas de adsorventes ou de gases em adsorventes sólidos) ou de partilha em fase
líquida (em colunas sobre um suporte inerte sólido, líquida-líquida em contracorrente e
também sobre um suporte de papel ou pulverulento e, por fim, a de partilha gás-
líquido).
Em relação ao estado físico das fases operantes, podem também classificar-se: sólido-
sólido, líquido-líquido, sólido-gás, líquido-gás.
Estas diversas técnicas utilizam-se com frequência nos ensaios farmacognósticos.
Os ácidos
Acido cítrico: (3-pentanol-dióico-3-metilóico), considera-se o mais frequente na
natureza, quer no estado livre (particularmente no limão, groselhas vermelhas, ananás)
quer sob a forma de sais de potássio, cálcio e magnésio.
Acido succínico: (butanodióico), encontra-se em numerosos táxones, distribuído por
toda a planta, quer no estado livre quer sob a forma de sais de cálcio e magnésio;
geralmente aparece, nos frutos, de mistura com outros ácidos, principalmente cítrico e
málico.
Acido málico: (2-butanol-dióico), possui um átomo de carbono assimétrico, por tanto
existe sob duas formas estereoisométricas, dextrogira e levogira. No reino vegetal
encontra-se o isómero levogiro, livre ou combinado com o potássio, cálcio e magnésio
em numerosas Angiospérmicas (também em algumas algas, fungos e fetos, com maior
frequência e abundância nos frutos.
Acido fumárico: (trans-butenodióico), encontra-se em varias famílias de plantas
superiores e de fungos. Forma-se nos caldos de cultura de alguns fungos à custa dos
açúcares que aqueles contem. Admite dois isómeros geométricos, cis e trans,
conhecidos pelos nomes de maleico e fumárico.
Acido tartárico: (butanodioldióico), Possui dois átomos de carbono assimétricos, mas,
em consequência de simetria molecular, existem só três estereoisómeros,
respectivamente, o dextrogiro, levogiro, e o chamado acido mesotartárico. Encontra-se
em numerosas Angiospérmicas, mas também em alguns fungos e líquenes, encontramos
o isómero dextrogiro, o mais frequente, distribuído por toda a planta,
predominantemente nos frutos, no estado livre e de sais de potássio e de cálcio.
Acido oxálico: (etanodióico), é o ácido mais frequente na natureza, desde as bactérias
às Angiospérmicas mais evolucionadas, em microcristais numerosos e ocupando todo o
conteúdo celular, nas chamadas células de areia (Beladona) e como é mais frequente nos
vegetais, em maclas formadas de cristais compostos irradiando de um centro comum
(Ruibarbo), aparecem por toda a planta, mas principalmente nas folhas e cascas, nos
tecidos parenquimatosos. Os oxalatos solúveis são tóxicos, irritam as mucosas do
estômago e intestinos e depois de absorvidos promovem a hipocalcemia, com sintomas
tetânicos e lesões renais devidas à obstrução dos canais com depósitos de oxalato de
cálcio.
Os sucos dos frutos: Os sucos não fermentados de frutos, alimento de uso diário,
preparado por uma industria especializada y que também se utilizam na preparação de
medicamentos, como excipientes e correctivos do sabor desagradável de algumas
substâncias medicamentosas. A produção de cada um dos principais sucos avalia-se em
milhões de hectolitros: de laranja e outros citrinos, tomates, ananás, maracujá, uvas,
maças, etc. Alguns deles possuem interesse particular no campo da Farmacognosia, por
se utilizarem na Terapêutica pelas suas propriedades refrescantes e pelo seu conteúdo de
vitamina C e na Farmácia na preparação de certos medicamentos.
Preparam-se a partir de frutos bem desenvolvidos, maduros e recentes, pela dificuldade
de se conservarem sem se alterarem as suas qualidades tão apreciadas. Actualmente a
indústria é mecanizada e dispõe de numerosos modelos de aparelhos. A extracção
realiza-se por processos adequados à natureza dos frutos; usa-se a prensagem para os
carnudos como groselhas e uvas; no caso dos hesperídios, separa-se a parte carnuda
sucosa, que depois é espremida ou centrifugada; as drupas como as cerejas e ginjas,
devem ser previamente privadas dos caroços; as maças são primeiro transformadas
numa massa, em moinhos adequados, etc. Algumas vezes aquecem-se os frutos para
rebentem as células e escorra melhor e seu conteúdo, deste modo resultam sucos mais
corados e, como acontece com as groselhas e framboesas, mais convenientes para a
preparação de xaropes. Para se obterem bebidas mais do agrado do consumidor,
seleccionam-se as variedades dos frutos; para o melhorar o aroma e o sabor usam-se
diferentes variedades ou misturam-se os seus sucos de modo a beneficiá-los. Por vezes,
nestas correcções eliminam-se alguns dos seus constituintes naturais, como se observa
no suco de uvas, privado da maior parte dos seus ácidos e respectivos sais, que
prejudicavam o sabor e o tornavam laxativo. Podem usar-se vários processos para
clarificar os sucos, um deles é baseado na hidrólise da pectina, que provocava um
aspecto turvo e dificultava a filtração. A indústria utiliza hoje um processo pelo qual se
simplifica o problema da armazenagem e transporte. Consiste em concentra-los a um
pequeno volume, melhor ainda, desidrata-los totalmente. Para regenerar o respectivo
suco, junta-se ao resíduo a parcela de água eliminada, resultando um líquido com as
mesmas qualidades do produto inicial, a técnica encontra-se muito evolucionada com a
maquinaria eficiente e numerosa. As qualidades e a composição química dos sucos
relacionam-se directamente com as dos frutos originais: ácidos orgânicos e seus sais,
açucares, substâncias aromáticas, pépticas, proteicas e tánicas, vitaminas, fermentos,
etc. De modo geral, pode dizer-se que a maturidade aumenta a quantidade de suco, de
açucares e de substâncias aromáticas e pécticas e diminui a de ácidos, taninos e
princípios amargos, constituintes estes prejudiciais à sua qualidade. A análise
compreende: exame dos seus caracteres organolépticos como sabor, cor, aroma,
limpidez, etc. e determinação de índices físicos e químicos gerais como índice de
refracção, acidez, substâncias separáveis por centrifugação, extracto seco, cinzas,
açucares, pectina, etc.
Os corpos gordos
As diferentes propriedades dos corpos gordos, independentemente de sus origem
vegetal ou animal, os definem em untuosos ao tacto, mancham o papel de nódoa
gordurosa, densidades inferior à da água e nela insolúveis, solubilizam-se nos solventes
orgânicos mas vulgares e nas soluções aquosas alcalinas, em virtude de se
transformarem em sabões.
Os ácidos gordos naturais: Os ácidos típicos dos corpos gordos pertencem, regra
geral, a séries acíclicas saturadas ou insaturadas e monocarboxiladas, com cadeias
normais e um número par de átomos de carbono.
Citam-se outros ácidos naturais de cadeias ramificadas e com número impar de átomos
de carbono, saturados e insaturados, contidos nos óleos vegetais e animais, ceras,
gorduras de lãs e de microrganismos.
Os ácidos saturados:
Os ácidos gordos monocarboxilados e saturados mais frequentes nos corpos gordos
possuem um número par de átomos de carbono, dispostos em cadeia linear, normal.
Ultimamente isolaram-se, graças aos novos métodos de análise, dos óleos de fígados de
peixes, gorduras animais, produções sebáceas, de ceras de origens animal e vegetal, etc.,
ácidos gordos com número impar de átomos de carbono.
Mencionam-se, também, ácidos saturados com cadeias laterais, os primeiros conhecidos
foram os ácidos isovalérico dos óleos de golfinho, e o isopalmítico da lanolina.
Exemplos: (Quadro p-70)
Acido butírico – butanóico (manteigas)
Acido capróico – hexanóico
Acido laúrico – dodecanóico (gorduras e óleos)
Acido palmítico – hexadecanóico
Acido cerótico – hexacosanóico (ceras)
Acido mirícico – triacontanóico
Ácidos hidroxilados:
Conhecem-se diversos ácidos hidroxilados naturais, em particular isolados de ceras
animais e vegetais, lanolina, cerebrósidos, também de alguns óleos de origem vegetal.
São muitas vezes ácidos mono-hidroxilados saturados de cadeias normais, como ceras
das folhas de coníferas, ou ramificadas, reconhecidos mais recentemente na lanolina.
As propriedades físicas:
- Possuem pesos moleculares médios e elevados
- A presença de hidroxilos confere-lhes maiores solubilidades na água e pontos de fusão
mais elevados
- Dissolvem-se mal no éter de petróleo.
Exemplo: Ácido ricinoleico (Óleo de ricino)
Ácidos cetónicos:
O óleo secativo de oiticica, obtido da Licani rígida Benth, Rosácea de flora do Brasil,
contém quantidade apreciável de acido licânico, distinto de todos os anteriormente
referidos pelo seu grupo funcional carbonilo.
Na natureza encontram-se outros ácidos cetónicos saturados nas ceras da cortiça de
varias espécies arbóreas.
São pouco frequentes, e menos ainda os das séries insaturadas.
As vitaminas:
São substâncias orgânicas específicas capazes de actuar sobre o organismo em
concentrações muito pequenas, desempenhando papel de relevo nos fenómenos vitais,
no crescimento e funcionamento normal dos órgãos.
Vitamina A: Conhecida também por retinol é um isómero totalmente trans que pode
obter-se pela decomposição dos carotenos provitamínicos. Acumula-se principalmente
nos fígados.
Designa-se também por antixeroftálmica, pois a sua carência causa a xeroftalmia,
inflamação da conjuntiva, com manchas, denominada também vitamina protectora dos
epitelios e factor de crescimento, a sua carência revela secura da pele.
É uma substância cristalina, insolúvel na água, solúvel nos óleos e nos seus solventes,
facilmente oxidável, alterando-se pela acção do calor, da ar e da luz, em particular as
radiações ultravioletas, estável em meio ácido ou básico, na ausência de ar e luz.
Destrutível pelo ranço, mas os antioxidantes, como os tocoferóis, preservam-na desta
alteração.
Facilmente adsorvida pela aluminia, magnésia e outros adsorventes neutros e alcalinos
de uso comum na cromatografia em colunas, porem, os adsorventes ácidos destroem-na.
Isolada mediante a cromatografia em papel, em camadas delgadas de adsorventes, com
o tricloreto de antimónio.
Actualmente se prepara hoje por síntese química a partir de beta-ionona, de quem
depende sua actividade vitamínica. Naturalmente encontra-se nos fígados animais
terrestres e marinhos como bacalhau, tubarão, atum, baleia, etc.
As necessidades diárias no adulto estão calculadas em 1 a 3 mg (a taxa normal é de 0,07
mg).
Hidrocarbonetos:
Encontram-se nos corpos gordos em quantidades muito pequenas, exceptuam-se as
ceras e alguns óleos, mais ricos.
Isolaram-se hidrocarbonetos saturados e insaturados naturais, distinguimos o esqualeno,
hidrocarboneto triterpénico, alifático, e simétrico. Primeiramente identificou-se nos
óleos de fígados de esqualos, em quantidades muito elevadas, depois em outros animais
marinhos e, mais recentemente, nos vegetais.
O estudo dos hidrocarbonetos dos lípidos progrediu com a prática de novos métodos de
isolamento e de identificação, identificaram-se assim, numerosos hidrocarbonetos da
série alifática, saturados de cadeias normais e ramificadas, e também insaturados, com
seus isómeros cis e trans.
Efectua-se neste momento, o estudo de hidrocarbonetos como cera de abelhas,
espermacete, lanolina, etc.
Outros constituintes: Alguns corpos gordos contem certas substâncias como essências
(manteiga de loureiro, de noz-moscada), resinas purgativas (óleo de cróton), alcalóides
(óleo de meimendro), compostos sulfurados (óleos de crucíferas), etc.
Biogénese: A síntese dos ácidos gordos se realiza nos próprios tecidos adiposos dos
seres vivos, dependendo directamente do coenzima A. Os ácidos gordos saturados por
varias fases que repetem-se sucessivamente aumentando de cada vez, a cadeia
carbonada de mais dois átomos de carbono, predominam em estado físico sólido, nas
manteigas e sebos e é muito mais aparente nas ceras sólidas. Os ácidos gordos
insaturados se explica por dessaturação oxidativa e por novas desidrogenações, realiza-
se principalmente nos óleos de fígados de peixes e das sementes de certas espécies
vegetais.
Isolamento dos ácidos gordos: Na análise dos corpos gordos exige-se o isolamento,
umas vezes dum conjunto de constituintes reunidos por uma propriedade comum e
outras vezes de alguns de seus próprios componentes, quer para estabelecerem as
características dos corpos gordos, quer no reconhecimento da natureza química dos seus
constituintes. Algumas técnicas são a de transformação dos ácidos gordos nos seus
ésteres metílicos por aquecimento com metanol, outras baseadas na oxidação dos
ácidos, transformação em sais metálicos. Outras baseadas no conhecimento do índice de
iodo, baseadas na solubilidade dos vários sabões metálicos nos diversos solventes,
destilação fraccionada dos ácidos gordos, técnica baseada na propriedade dos
compostos alifáticos de cadeias lineares formarem complexos cristalinos, estáveis com a
ureia, baseando-se nas diferentes velocidades de precipitação. Também métodos físicos
como temperatura de dissociação térmica determinada no microscópio, espectros de
difracção dos raios X.
Identificação:
A identificação dos ácidos isolados realiza-se pelos métodos habituais, com o concurso
de algumas propriedades físicas como: pontos de fusão e de ebulição, densidades, ponto
de refracção, viscosidade, tensão superficial, calor específico, etc; e químicas como:
índices de acidez, solubilidade dos sabões metálicos, fusibilidade de derivados
característicos, como anilidas, hidrazidas, ureídos, ésteres diversos, etc.
As técnicas cromatográficas:
São métodos mais rápidos e exactos que aliás puderam adaptar-se à microanálise;
associados às técnicas espectrofotométricas puderam resolver diversos problemas de
estruturação: existência de cadeias normais ou ramificadas com número par ou ímpar de
átomos de carbono, posição de ligações duplas, presença de hidroxilos, tipos de
isomeria, estudo dos constituintes lipídicos como glicéridos, esteróis, vitaminas,
fosfátidos, hidrocarbonetos, etc. Existem diversas técnicas como a de adsorção, os
adsorventes em pó acondicionam-se em colunas cilíndricas de vidro e sobre elas
lançam-se os corpos gordos dissolvidos num solvente apolar; em camadas delgadas, é
uma adaptação do método anterior à microanálise; em papel, o papel serve de suporte à
fase lipófila e promove-se o desenvolvimento com a fase hidrófila; de partilha na fase
gasosa, uma fase líquida imobilizada sobre um suporte sólido, poroso, contida numa
coluna aquecida a temperatura regulável, a fase móvel constituída por vapores dos
ácidos gordos ou seus ésteres metílicos.
Alterações dos corpos gordos:
Ranço: Resulta da oxidação ao ar e à luz dos corpos gordos e revela-se pelo sabor e
cheiro que adquirem em consequência dos compostos carbonílicos de pesos moleculares
baixos produzidos.
Antioxidantes:
Com o estudo para resolver este problema isolaram-se diversos antioxidantes naturais
como: tocoferóis, sesamol, gossipol, etc. e diferentes produtos químicos como fenóis,
aminas aromáticas, etc. Na preparação de medicamentos, os óleos e gorduras usadas
podem proteger-se com antioxidantes não sendo assim nos alimentos, por ser proibido
adiciona-los.
- Ceras
Caracterizadas pela reacção negativa da acroleína e pelo elevado teor de
insaponificável. Quanto ao estado físico, distinguem-se as ceras sólidas das líquidas
pelos valores do índice de iodo, nas primeiras quase nulos, mas elevados nas segundas.
Óleo de Coco: é uma substância extraída dos frutos do Cocos nucifera e de outras
palmeiras nas regiões tropicais. Emprega-se na saboaria pelas qualidades dos ácidos de
pesos moleculares baixos, mais solúveis na água e capazes de formar espuma
rapidamente, também na preparação de champôs. Na alimentação sobre a forma de
margarinas; a estearina na industria de chocolates e a oleína, no fabrico de biscoitos. Na
farmácia para preparar pomadas facilmente absorvidas pela pele e elimináveis por
lavagem rápida.
Banha: Gordura obtida por fusão do tecido conjuntivo adiposo do abdómen do porco.
Apresenta-se em massas untuosas, ordinariamente de aspecto homogéneo, de cor branca
ou pérola, e de aroma e sabor próprios. Solúvel nos solventes orgânicos usuais, quase
insolúvel no álcool. Rança com facilidade, tomando cor amarela e cheiro especial.
Empregada na preparação de pomadas, unguentos, etc., justificado por facilitar a
absorção dos medicamentos pela pele, hoje cedeu seu lugar a outras substâncias.
Sebo: É a gordura obtida do tecido adiposo de diversos mamíferos domésticos: o de
vaca constitui o sebo comestível de maior interesse, devido a seu aroma e sabor mais
agradáveis, o de carneiro, de cheiro enjoativo, geralmente é mais duro; ainda prepara-se
o de cabra, cavalo, etc. Pode provir da região abdominal, do peritoneu, dos tecidos a
volta dos rins, que fornecem os melhores tipos de sebos; dos intestinos; da limpeza das
carnes. Insolúvel no álcool frio, mais solúvel no fervente e, ainda, no éter, clorofórmio,
benzeno, etc. Rançam com facilidade. Sua utilidade no campo da farmácia é
restritíssima, na preparação de pomadas.
Azeite: O azeite, o corpo gordo tradicional dos povos da Ásia ocidental e do sul da
Europa, extrai-se dos frutos da Olea europea. É um dos óleos comestíveis de preço mais
elevado, preferido pelo seu sabor muito agradável e pelo uso tradicional em diversos
países. Obtém-se diversos tipos de azeite, o virgem o superfino, obtido de frutos
desenvolvidos e moídos após a colheita, preparado a frio; o azeite comum ou de
consumo, preparado a quente a pressões maiores. É o óleo alimentar por excelência,
também utilizado no fabrico de conservas. Pequeno interesse terapêutico, todavia
indicado como laxativo, colagogo nos casos de litiasis biliar, sedativo nas cólicas
gastrointestinais, na pele como emoliente, sedativo nas queimaduras pelo sol. Na
Farmácia, utiliza-se em diversas formas farmacêuticas: óleos, linimentos, unguentos,
emplastros, sabões, etc.
Óleos de fígados de bacalhau: Provém, como seu nome o indica, dos fígados frescos
do bacalhau, tipicamente do Gadus morrhua, das costas atlânticas do norte de Europa e
da América. Os fígados extraordinariamente gordos alteram-se com rapidez e, por tal
motivo, ou se utilizam pouco tempo após a morte, ou se conservam de modo a evitar a
sua decomposição. Revelam-se ricos em vitaminas A e D, oferecem a vantagem de a
dose medicinal administrada pode ser diminuída proporcionalmente. Devem conservar-
se ao abrigo da luz e o ar, por se formaram peróxidos e ácidos livres que promovem a
oxidação da vitamina A. O óleo medicinal usa-se nos casos de avitaminoses A e D e
como preventivo. Utiliza-se também, para preparar concentrados que se destinam ao
mesmo fim ou para vitaminar certos alimentos.