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HENRIQUE CORREIA
LEANDRO BORTOLETO
TRF E TRE
Técnico e Analista
6ª edição
Revista, ampliada e atualizada
2019
Direito
Administrativo
Leandro Bortoleto
e Luís Felipe Cirino
a atuação da administração pública, sendo esse ramo do Nota do Autor: A questão exige do candidato
direito constituído pelo seguinte conjunto de fontes: conhecimento específico sobre as fontes de Direito
360 Leandro Bortoleto e Luís Felipe Cirino
Administrativo, que, em outras palavras, são as ‘for- contenciosas, ordenando, assim, o próprio Direito
mas que revelam’ o Direito, motivo pelo qual o seu Administrativo.
estudo é de suma importância. d) tanto a Constituição Federal como a lei em senti-
Alternativa correta: letra “a” (responde as de- do estrito constituem fontes primárias do Direito
mais alternativas). Como é inerente a um Estado Administrativo.
de Direito, a principal fonte normativa do Direito é e) tendo em vista a relevância jurídica da jurisprudên-
a lei, que deve ser considerada em seu sentido am- cia, ela sempre obriga a Administração Pública.
plo, abrangendo todas as espécies de atos legislati-
vos. A lei, no sentido empregado, é a principal fonte COMENTÁRIOS.
de direito administrativo, pois nos atos legislativos é
que está presente, ao menos em tese, o real interes- Nota do autor: A questão exige do candidato
se público. Assim, são fontes primárias do Direito conhecimento específico sobre as fontes de Direito
Administrativo a Constituição Federal, as Emendas Administrativo, que, em outras palavras, são as ‘for-
à Constituição, as Constituições Estaduais, a Lei Or- mas que revelam’ o Direito, motivo pelo qual o seu
gânica do Distrito Federal e dos Municípios, as leis estudo é de suma importância.
complementares, ordinárias e delegadas, as medidas Alternativa correta: letra “d”. Como é inerente
provisórias, os decretos legislativos e as resoluções a um Estado de Direito, a principal fonte normativa
legislativas. A doutrina, por seu turno, é o estudo de- do Direito é a lei, que deve ser considerada em seu
senvolvido pelos juristas, e tem papel especialmen- sentido amplo, abrangendo todas as espécies de atos
te importante no direito administrativo como um legislativos. A lei, no sentido empregado, é a princi-
todo – principalmente pelo fato deste não estar em pal fonte de direito administrativo, pois nos atos le-
um único código – e contribui para a correta inter- gislativos é que está presente, ao menos em tese, o
pretação dos estudos administrativos. Nesse sentido, real interesse público. Assim, são fontes primárias
conforme Hely Lopes Meirelles, a doutrina “influi não do Direito Administrativo a Constituição Federal, as
só na elaboração da lei como nas decisões conten- Emendas à Constituição, as Constituições Estaduais,
ciosas e não contenciosas, ordenando, assim, o pró- a Lei Orgânica do Distrito Federal e dos Municípios,
prio Direito Administrativo”1.A jurisprudência possui, as leis complementares, ordinárias e delegadas, as
em regra, caráter meramente orientador; ou seja, as medidas provisórias, os decretos legislativos e as re-
decisões dos tribunais servem de parâmetro e orien- soluções legislativas.
tação para os juízes das instâncias inferiores na hora Alternativa “a”. Muito embora haja divergência
do julgamento. Todavia, há casos em que a jurispru- doutrinária se o costume é ou não fonte de direito
dência tem força vinculante, e obrigam a Administra- administrativo, prevalece a corrente que o entende
ção Pública, como é o caso da súmula vinculante, por como tal. O costume é a prática reiterada, unifor-
exemplo. Enfim, muito embora haja divergência dou- me, de um comportamento que é considerado uma
trinária se o costume é ou não fonte de direito admi- obrigação legal. Não pode ser confundido com a
nistrativo, prevalece a corrente que o entende como praxe administrativa – que, por ser a simples rotina
tal. O costume é a prática reiterada, uniforme, de um administrativa, não constitui fonte do direito admi-
comportamento que é considerado uma obrigação nistrativo.
legal. Não pode ser confundido com a praxe adminis-
trativa – que, por ser a simples rotina administrativa, Alternativa “b”. Ao contrário do contido na alter-
não constitui fonte do direito administrativo. nativa, uma das características da jurisprudência é o
nacionalismo, porque enquanto “a doutrina tende a
universalizar-se, a jurisprudência tende a nacionalizar-
02. (Analista Judiciário – Área Judiciária TRE/PE
-se, pela contínua adaptação da lei e dos princípios
2011 – FCC) No que concerne às fontes do Direito Ad-
teóricos ao caso concreto. Sendo o Direito Adminis-
ministrativo, é correto afirmar que:
trativo menos geral que os demais ramos jurídicos,
a) o costume não é considerado fonte do Direito Ad- preocupa-se diretamente com a Administração de
ministrativo. cada Estado, e por isso mesmo encontra, muitas ve-
b) uma das características da jurisprudência é o seu zes, mais afinidade com a jurisprudência pátria que
universalismo, ou seja, enquanto a doutrina tende com a doutrina estrangeira”2.
a nacionalizar-se, a jurisprudência tende a univer- Alternativa “c”. A doutrina é o estudo desen-
salizar-se. volvido pelos juristas, e tem papel especialmente
c) embora não influa na elaboração das leis, a doutri- importante no direito administrativo como um to-
na exerce papel fundamental apenas nas decisões do – principalmente pelo fato deste não estar em
1. Direito Administrativo Brasileiro. 36 ed. São Paulo: Malheiros, 2. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.
2010. p. 47. 36. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 47.
Direito Administrativo • Questões 361
um único código – e contribui para a correta inter- controle, a administração direta controla, fiscaliza
pretação dos estudos administrativos. Nesse sentido, as atividades das entidades da administração in-
conforme Hely Lopes Meirelles, a doutrina “influi não direta (autarquias, fundações públicas, sociedades
só na elaboração da lei como nas decisões contencio- de economia mista, empresas públicas, etc). Assim,
sas e não contenciosas, ordenando, assim, o próprio na administração indireta, não é possível se falar
Direito Administrativo”3. em hierarquia. A entidade criadora tem por dever fis-
Alternativa “e”. A jurisprudência possui, em re- calizar a entidade criada para verificar se o objetivo
gra, caráter meramente orientador; ou seja, as deci- da criação está sendo atendido. Mas, não se trata de
sões dos tribunais servem de parâmetro e orientação controle hierárquico, pois o que existe é um controle
para os juízes das instâncias inferiores na hora do de finalidade, um controle finalístico. O princípio
julgamento. Todavia, há casos excepcionais em que da tutela não deve ser confundido com o princípio
a jurisprudência tem força vinculante, e obrigam a da autotutela, pelo qual é dever da Administração
Administração Pública, como é o caso da súmula vin- Pública o controle de seus próprios atos, quanto à le-
culante, por exemplo. galidade e quanto ao mérito.
(D) supremacia do interesse público, que se coloca de estabilidade pelos servidores nomeados para car-
com primazia sobre os demais princípios e inte- go de provimento efetivo, após três anos de efetivo
resses, uma vez que atinente à finalidade da fun- exercício – tal qual dispõe o caput do dispositivo –, é
ção executiva. obrigatória a avaliação especial de desempenho por
(E) publicidade, tendo em vista que todos os atos comissão instituída para essa finalidade.
da Administração pública devem ser de conheci- Alternativa “d”. Pelo princípio da supremacia do
mento dos administrados, para que possam exer- interesse público, havendo conflito entre o inte-
cer o devido controle. resse público e o privado, aquele deverá prevale-
cer. É o princípio que confere autoridade à atuação
COMENTÁRIOS. administrativa.
Nota do Autor: O regime jurídico adminis- Alternativa “e”. Por esse princípio, a atuação ad-
trativo é o conjunto de princípios que atribuem à ministrativa não pode ser secreta. Ao contrário, deve
Administração Pública, em um extremo, prerroga- ser transparente, para que assim, o titular do poder –
tivas e, no outro, sujeições. Dentre os que diversos que é o povo – possa verificar se, realmente, a con-
princípios que o compõem, há dois que são conside- duta do administrador estava pautada no interesse
rados chamados de pedras angulares ou pedras de público. O princípio da publicidade é materializado
toque4 do direito administrativo, quais sejam, o prin- pela publicação dos atos administrativos. A regra,
cípio da supremacia do interesse público e o princí- portanto, é que todo ato administrativo deve ser pu-
pio da indisponibilidade do interesse público. blicado, exceto quando, nos termos do art. 5º, XXXIII
da Constituição Federal, o “sigilo seja imprescindível à
Alternativa correta: letra “a”. O princípio da im-
segurança da sociedade e do Estado”.
pessoalidade deve ser visto sob dois aspectos: em
relação ao administrado e em relação à própria
06. (Cespe – Técnico Judiciário – Área Administra-
Administração. No que se refere ao administrado,
tiva – TRE – PI/2016) O regime jurídico-administrati-
a impessoalidade se faz presente na busca pela fi-
vo caracteriza-se
nalidade pública e nunca de interesse particular.
No outro sentido – em relação à própria Administra- A) pelas prerrogativas e sujeições a que se submete a
ção – significa que não é o agente público, enquanto administração pública.
pessoa física, que pratica o ato administrativo, pois, B) pela prevalência da autonomia da vontade do in-
na verdade, quem o faz é a pessoa jurídica à qual per- divíduo.
tence o órgão em que o servidor está lotado. É exem-
C) por princípios da teoria geral do direito.
plo de aplicação do princípio da impessoalidade, na
primeira acepção acima, a exigência constitucional D) pela relação de horizontalidade entre o Estado e
de concurso público. os administrados.
Alternativa “b”. O princípio da legalidade não E) pela aplicação preponderante de normas do direi-
apresenta conteúdo idêntico para o particular e pa- to privado.
ra a Administração Pública. Para esta, significa que a COMENTÁRIOS.
atuação administrativa deve se dar em conformi-
dade com a lei, com o direito. Assim, ao administra- Alternativa correta: letra “a” (responde as de-
dor somente é permitido agir de acordo com a lei, mais alternativas). O regime jurídico-administrativo
não vigorando a autonomia da vontade, prevalente é um conjunto de princípios que impõem prerrogati-
na esfera privada, em que o particular não é obrigado vas e sujeições à Administração Pública. O interesse
senão em virtude de lei. público primário é o interesse público propriamente
dito; é o interesse da coletividade; está estabelecido
Alternativa “c”. O princípio da eficiência faz com
na Constituição Federal. O interesse público secun-
que se espere da atuação do agente público o me-
dário é o interesse do ente estatal (União, Estados,
lhor desempenho possível de suas atribuições, de
etc.); é o interesse individual do Estado, como pessoa
forma a atingir os melhores resultados. Além disso,
jurídica5. Entretanto, na atuação administrativa os
o referido princípio também se presta à mesma fina-
princípios são de obediência obrigatória, indepen-
lidade no que diz respeito à organização, à estrutu-
dentemente da espécie de interesse público. Desse
ração e à disciplina da Administração Pública. Diante
modo, em relação às prerrogativas, é possível a Ad-
disso, a Emenda Constitucional nº 19/1998 fez incluir,
ministração, por exemplo, apreender mercadoria,
no artigo 41, em seu parágrafo 4º, da Constituição
interditar estabelecimento, desapropriar, instituir ser-
Federal, o requisito segundo o qual, para a aquisição
4. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito adminis- 5. MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito adminis-
trativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 55 e 57. trativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 65-66.
Direito Administrativo • Questões 363
vidão, requisitar bens e, para tanto, não necessita da atuação administrativa deve se dar em conformi-
intervenção do Poder Judiciário, podendo fazê-lo por dade com a lei, com o direito. Assim, ao administra-
seus próprios meios (autoexecutoriedade). Por outro dor somente é permitido agir de acordo com a lei,
lado, deve agir, sempre, sem se afastar do interesse não vigorando a autonomia da vontade, prevalente
público e respeitando os direitos fundamentais. na esfera privada, em que o particular não é obrigado
senão em virtude de lei.
07. (FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – Alternativa “b”. O princípio da moralidade pre-
TRE – PR/2017) Dentre os princípios que regem a Ad- ceitua que a atuação administrativa além de ser
ministração pública, aplica-se aos servidores públicos, legal tem que ser moral. Tem que estar de acordo
no exercício de suas funções, a com a boa-fé, com a moral, com a ética, com a ho-
(A) legalidade, como princípio vetor e orientador dos nestidade, com a lealdade, com a probidade. Mes-
demais, tendo em vista que os todos os atos dos mo que determinada situação seja respaldada pelo
servidores têm natureza vinculada, ou seja, de- ordenamento jurídico, o ato pode ser considerado
vem estar previstos em lei, assim como todas as viciado por afrontar o princípio da moralidade.
infrações disciplinares e respectivas penalidades. Alternativa “c”. Pelo princípio da publicidade, a
(B) moralidade, que orienta todos os atos pratica- atuação administrativa não pode ser secreta. Ao
dos pelos servidores públicos, mas cuja violação contrário, deve ser transparente para que, assim, o
não pode ser imputada à Administração pública titular do poder – que é o povo – possa verificar se,
realmente, a conduta do administrador estava pau-
enquanto pessoa jurídica, porque sua natureza é
tada no interesse público. A regra, portanto, é que
incompatível com a subjetividade.
todo ato administrativo deve ser publicado, exceto
(C) publicidade, que exige a publicação de todos os quando, nos termos do art. 5º, XXXIII, da Constituição
atos praticados pelos servidores, vinculados ou Federal, o “sigilo seja imprescindível à segurança da
discricionários, ainda que não dependam de mo- sociedade e do Estado”.
tivação, não atingindo, contudo, os atos que se
Alternativa “d”. Pelo princípio da eficiência, a
refiram aos servidores propriamente ditos, que
Administração Pública deve atuar de maneira a
prescindem de divulgação, porque surtem efeitos
buscar resultados e não simplesmente agir. É uma
apenas internos.
exigência constitucional que se manifesta, especial-
(D) eficiência, como finalidade precípua da atuação mente, em relação aos serviços públicos, pois esses
da Administração pública, obrigando os servido- devem ser, cada vez mais, executados da melhor ma-
res públicos a prezar pela sua aplicação em prefe- neira possível e devem alcançar todos os administra-
rência aos demais princípios, que a ela passaram dos, de maneira eficiente.
a se subordinar após sua inclusão na Constituição
Federal. 08. (Cespe – Analista Judiciário – Área Administra-
(E) impessoalidade, tanto no que se refere à escolha tiva – TRF 1/2017) A autotutela é entendida como a
dos servidores, quanto no exercício da função pe- possibilidade de a administração pública revogar atos
los mesmos, que não pode favorecer, beneficiar ilegais e anular atos inconvenientes e inoportunos sem
ou perseguir outros servidores e particulares que a necessidade de intervenção do Poder Judiciário.
mantenham ou pretendam manter relações jurí-
dicas com a Administração pública. COMENTÁRIOS
COMENTÁRIOS.
Nota do Autor: A assertiva inverte os institu-
tos da revogação (que se aplica a atos inconvenientes
Alternativa correta: letra “e”. O princípio da im- e inoportunos) e anulação (dever da Administração
pessoalidade deve ser visto sob dois aspectos: em Pública diante de atos eivados de vícios, ilegais).
relação ao administrado e em relação à própria “Errado. Pelo princípio da autotutela, é dever da
Administração. No que se refere ao administrado, Administração Pública o controle de seus próprios
a impessoalidade se faz presente na busca pela fi- atos, quanto à legalidade e quanto ao mérito. A
nalidade pública e nunca de interesse particular. autotutela significa, assim, que a Administração tem
No outro sentido – em relação à própria Administra- de cuidar de si própria e, com fundamento nesse
ção – significa que não é o agente público, enquanto princípio, ela anula seus atos, quando eivados de ví-
pessoa física, que pratica o ato administrativo, pois, cios de legalidade, ou os revoga, quando se tornarem
na verdade, quem o faz é a pessoa jurídica à qual per- inconvenientes ou inoportunos em face do interesse
tence o órgão em que o servidor está lotado. público.
Alternativa “a”. O princípio da legalidade não
apresenta conteúdo idêntico para o particular e pa- 09. (Cespe – Analista Judiciário – Oficial de Just.
ra a Administração Pública. Para esta, significa que a Avaliador – TRF 1/2017) Para os autores que defen-
364 Leandro Bortoleto e Luís Felipe Cirino
dem o princípio da subsidiariedade, a atividade pú- jurídico perfeito e a coisa julgada, prezando pela es-
blica tem primazia sobre a iniciativa privada, devendo tabilidade nas relações jurídicas. Contudo, no aspec-
o ente particular se abster de exercer atividades que to subjetivo, o princípio da segurança jurídica guarda
o Estado tenha condições de exercer por sua própria relação com a proteção à confiança, significando que
iniciativa e com seus próprios recursos. ao Estado é vedado agir de modo contraditório, de
modo que todos os administrados possam aguardar
COMENTÁRIOS. decisões administrativas sem sobressaltos e mudan-
ças repentinas de posicionamento. A incidência do
“Errado”. O princípio da subsidiariedade rela-
princípio da proteção à confiança pressupõe a boa-
ciona-se com os níveis de poder, em um extremo, e
-fé do particular. Existe, outrossim, a teoria do fato
no outro com os respectivos níveis de interesses a
consumado. Para esta teoria, o decurso do tempo,
serem satisfeitos, prevendo um escalonamento de
em situações excepcionais, tem idoneidade para con-
atribuições entre órgãos ou entes, conforme a com-
validar relações jurídicas em virtude de decurso do
plexidade do atendimento dos interesses sociais,
tempo. Um bom exemplo é o caso do candidato que,
cabendo aos indivíduos a decisão e a ação quanto
reprovado em uma das fases, consegue liminar para
aos interesses individuais, e ao Estado, de maneira
prosseguir no certame, até que eventualmente seja
subsidiária, a decisão referente aos interesses coleti-
aprovado. Existem servidores que ficam amparados
vos, destacando-se que essa concepção transpassa,
por liminares durante muitos anos, ultrapassando até
também, para a organização política, na forma em mesmo um decênio. A grande pergunta era se esses
que o poder político local deve satisfazer as necessi- servidores deveriam permanecer no cargo com base
dades coletivas por meio de decisões e ações locais, na teoria do fato consumado.
cabendo ao órgão político regional as que extra-
polem as necessidades locais e, por fim, devendo o “Errado”. Segundo decisão do Supremo Tribu-
poder político central ou nacional cuidar das neces- nal Federal (Plenário. Re 608482/ RN, julgado em
sidades coletivas de maior amplitude6. Prescreve o 01/08/2014), a teoria do fato consumado não é aplicá-
escalonamento de atribuições entre os indivíduos e vel ao candidato que assumiu o cargo em virtude de
órgãos político-sociais. Em princípio, cabe aos indi- decisão precária (liminar em mandado de segurança)
víduos decidir e agir na defesa de seus interesses que posteriormente não foi confirmada. Segundo a
pessoais, restando ao Estado a proteção precípua Corte, não se pode invocar o princípio da confiança
dos interesses coletivos7. Desse modo, consoante legítima, uma vez que o candidato sabe da preca-
aponta Diogo de Figueiredo Moreira Neto, cabe ao riedade da medida judicial. Observe, ademais, que a
princípio da subsidiariedade informar “a articulação posse não se dá por iniciativa da Administração. Ocor-
das atribuições administrativas afetas ao Estado e a dis- re, isto sim, por força de medida judicial liminar. Por-
tribuição delas entre seus respectivos entes e órgãos”8. tanto, não há conduta da Administração Pública que
despertaria confiança legítima no candidato.
10. (Cespe – Analista Judiciário – Área Administra-
tiva – TRF 1/2017) Sérgio foi reprovado em concur- 11. (Cespe – Analista Judiciário – Área Judiciária –
so público, mas, por força de decisão liminar obteve TRE-MS/2013) Em relação ao objeto e às fontes do
sua nomeação e tomou posse no cargo pretendido. direito administrativo, assinale a opção correta.
Seis anos depois, a medida foi revogada por decisão a) O Poder Executivo exerce, além da função ad-
judicial definitiva e Sérgio foi exonerado pela admi- ministrativa, a denominada função política de
nistração. Nessa situação, ao exonerar Sérgio a admi- governo – como, por exemplo, a elaboração de
nistração violou o princípio da proteção da confiança políticas públicas, que também constituem obje-
legítima. to de estudo do direito administrativo.
b) As decisões judiciais com efeitos vinculantes ou eficá-
COMENTÁRIOS.
cia erga omnes são consideradas fontes secundárias
Nota do Autor: O princípio da segurança ju- de direito administrativo, e não fontes principais.
rídica, no aspecto objetivo, estabelece limites a re- c) São exemplos de manifestação do princípio da
troatividade dos atos do Estado, impedindo, desta especialidade o exercício do poder de polícia e as
forma, que seja prejudicado o direito adquirido, o ato chamadas cláusulas exorbitantes dos contratos
administrativos.
d) Decorrem do princípio da indisponibilidade do in-
6. MOREIRA, NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito admi-
nistrativo: parte introdutória, parte geral e parte especial. Rio
teresse público a necessidade de realizar concurso
de Janeiro: Forense, 2009. p. 96. público para admissão de pessoal permanente e as
7. Idem, p. 123.
restrições impostas à alienação de bens públicos.
8. Curso de direito administrativo: parte introdutória, parte geral e) Dizer que o direito administrativo é um ramo do
e parte especial. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 97. direito público significa o mesmo que dizer que
Direito
Administrativo
Leandro Bortoleto
• Contrato de consórcio: formaliza a constituição h) escolas privadas dedicadas ao ensino formal não
do consórcio. gratuito e suas mantenedoras;
• Contrato de rateio: formaliza a entrega de recur- i) organizações sociais;
sos dos entes consorciados para o consórcio.
j) cooperativas;
• Contrato de programa: instrumento usado
quando um dos consorciados assumir a obriga- k) fundações públicas;
ção de prestar serviço por meio de seus órgãos
l) fundações, sociedades civis ou associações de
ou entidades.
direito privado criadas por órgão público ou por
TERCEIRO SETOR fundações públicas;
• Marco regulatório: Lei 13.019/14. Disposições da
m) organizações creditícias que tenham qualquer
nova lei não se aplicam às organizações sociais,
tipo de vinculação com o sistema financeiro
reguladas pela Lei nº 9.637/98, nos termos do art.
3º, III. Quanto às organizações da sociedade civil, nacional a que se refere o art. 192 da Constituição
objeto da Lei nº 9.790/99, as disposições aplicam- Federal.
-se, no que couber. • Diferenças entre OS e Oscip: a) a OS opera a
Parcerias são formalizadas: absorção de determinada atividade que o Estado
a) quando houver transferência de recursos: esteja fazendo e, com frequência, leva à extinção
termo de colaboração (para a realização de do órgão público que realizava a mesma ativi-
atividades de interesse público propostas pela dade e, por outro lado, a Oscip representa verda-
Administração Pública, nos termos do art. 16) deira parceria e não há extinção de órgãos; b) a
e por termo de fomento (para a realização outorga da qualificação é ato discricionário na OS
de atividades de interesse público propostas e ato vinculado na Oscip; c) o vínculo na OS é con-
pela organização da sociedade civil, conforme trato de gestão e na Oscip é termo de parceria;
o art. 17); em ambos os casos: exigência de
d) na OS, há exigência de que tenha a presença
escolha da entidade do Terceiro Setor por
meio de um processo seletivo denominado de representantes do poder público no órgão de
Chamamento Público, salvo as exceções pre- administração, o que não ocorre com a Oscip; e)
vistas em lei; no caso de desqualificação, os bens adquiridos
com recursos públicos serão revertidos ao Poder
b) quando não houver transferência de recursos:
acordo de cooperação. Público, no caso da OS e, se for Oscip, será transfe-
rida à outra Oscip, de preferência, na mesma área
• Organização social (OS) e Organização da
de atuação.
Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip): são
entidades civis sem fins lucrativos, integrantes • Sistematização da Administração Pública e do
do setor privado, que recebem a qualificação do Terceiro Setor6:
Poder Público. Oscip: deve estar em funciona-
mento regular há, no mínimo, 3 anos. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
• Não podem ser qualificadas como Oscip (art. 2º):
ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRAÇÃO
a) sociedades comerciais; INDIRETA DIRETA
b) sindicatos, associações de classe ou de represen-
Conjunto das pessoas Conjunto dos órgãos
tação de categoria profissional;
administrativas, com públicos que integram as
c) instituições religiosas ou voltadas para a dissemi- personalidade de direito pessoas jurídicas políticas
nação de credos, cultos, práticas e visões devo- público ou de direito pri-
cionais e confessionais; vado, patrimônio próprio Pessoas jurídicas de
d) organizações partidárias e assemelhadas, inclu- e autonomia administra- direito público
sive suas fundações; tiva, vinculadas à admi-
nistração direta, criadas
e) entidades de benefício mútuo destinadas a pro- para o desempenho de União, Estados, Distrito
porcionar bens ou serviços a um círculo restrito determinada atividade Federal e Municípios
de associados ou sócios; administrativa
f ) entidades e empresas que comercializam planos
de saúde e assemelhados;
g) instituições hospitalares privadas não gratuitas e 6. BORTOLETO, Leandro. Direito administrativo. Salva-
suas mantenedoras; dor: Juspodivm, 2012. p. 106.
554 Leandro Bortoleto