Você está na página 1de 12

COORDENAÇÃO

HENRIQUE CORREIA
LEANDRO BORTOLETO

TRF E TRE
Técnico e Analista
6ª edição
Revista, ampliada e atualizada

2019
Direito
Administrativo
Leandro Bortoleto
e Luís Felipe Cirino

TABELA DE INCIDÊNCIA DE QUESTÕES


NÚMERO DE
ASSUNTO PESO
QUESTÕES
CONCEITO E FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO 2 0,52%
REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO 11 2,85%
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E TERCEIRO SETOR 38 9,84%
AGENTES PÚBLICOS: DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS 11 2,85%
REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS FEDERAIS: LEI Nº 8.112/90 75 19,43%
CARREIRAS DO PODER JUDICIÁRIO DA UNIÃO (LEI Nº 11.416/2006) 6 1,55%
PODERES ADMINISTRATIVOS 30 7,77%
ATO ADMINISTRATIVO 37 9,59%
PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL: LEI Nº 9.784/99 34 8,81%
LICITAÇÃO E CONTRATO ADMINISTRATIVO 62 16,06%
SERVIÇOS PÚBLICOS 13 3,37%
BENS PÚBLICOS 8 2,07%
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE 6 1,55%
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO 21 5,44%
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 10 2,59%
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: LEI Nº 8.429/92 22 5,70%
TOTAL 386 100%

A) lei em sentido amplo e estrito, doutrina, jurispru-


QUESTÕES dência e costumes.
B) lei em sentido amplo e estrito, jurisprudência e
1. CONCEITO E FONTES DO DIREITO ADMI- normas.
NISTRATIVO C) costumes, jurisprudência e doutrina.
D) lei em sentido amplo, doutrina e costumes.
01. (Cespe  – Analista Judiciário  – Área Administra- E) lei em sentido estrito, jurisprudência e doutrina.
tiva – TRE – TO/2017) O direito administrativo consiste
em um conjunto de regramentos e princípios que regem COMENTÁRIOS.

a atuação da administração pública, sendo esse ramo do ›› Nota do Autor: A questão exige do candidato
direito constituído pelo seguinte conjunto de fontes: conhecimento específico sobre as fontes de Direito
360 Leandro Bortoleto e Luís Felipe Cirino

Administrativo, que, em outras palavras, são as ‘for- contenciosas, ordenando, assim, o próprio Direito
mas que revelam’ o Direito, motivo pelo qual o seu Administrativo.
estudo é de suma importância. d) tanto a Constituição Federal como a lei em senti-
Alternativa correta: letra “a” (responde as de- do estrito constituem fontes primárias do Direito
mais alternativas). Como é inerente a um Estado Administrativo.
de Direito, a principal fonte normativa do Direito é e) tendo em vista a relevância jurídica da jurisprudên-
a lei, que deve ser considerada em seu sentido am- cia, ela sempre obriga a Administração Pública.
plo, abrangendo todas as espécies de atos legislati-
vos. A lei, no sentido empregado, é a principal fonte COMENTÁRIOS.
de direito administrativo, pois nos atos legislativos é
que está presente, ao menos em tese, o real interes- ›› Nota do autor: A questão exige do candidato
se público. Assim, são fontes primárias do Direito conhecimento específico sobre as fontes de Direito
Administrativo a Constituição Federal, as Emendas Administrativo, que, em outras palavras, são as ‘for-
à Constituição, as Constituições Estaduais, a Lei  Or- mas que revelam’ o Direito, motivo pelo qual o seu
gânica do Distrito Federal e dos Municípios, as leis estudo é de suma importância.
complementares, ordinárias e delegadas, as medidas Alternativa correta: letra “d”. Como é inerente
provisórias, os decretos legislativos e as resoluções a um Estado de Direito, a principal fonte normativa
legislativas. A doutrina, por seu turno, é o estudo de- do Direito é a lei, que deve ser considerada em seu
senvolvido pelos juristas, e tem papel especialmen- sentido amplo, abrangendo todas as espécies de atos
te importante no direito administrativo como um legislativos. A lei, no sentido empregado, é a princi-
todo – principalmente pelo fato deste não estar em pal fonte de direito administrativo, pois nos atos le-
um único código  – e contribui para a correta inter- gislativos é que está presente, ao menos em tese, o
pretação dos estudos administrativos. Nesse sentido, real interesse público. Assim, são fontes primárias
conforme Hely Lopes Meirelles, a doutrina “influi não do Direito Administrativo a Constituição Federal, as
só na elaboração da lei como nas decisões conten- Emendas à Constituição, as Constituições Estaduais,
ciosas e não contenciosas, ordenando, assim, o pró- a Lei  Orgânica do Distrito Federal e dos Municípios,
prio Direito Administrativo”1.A jurisprudência possui, as leis complementares, ordinárias e delegadas, as
em regra, caráter meramente orientador; ou seja, as medidas provisórias, os decretos legislativos e as re-
decisões dos tribunais servem de parâmetro e orien- soluções legislativas.
tação para os juízes das instâncias inferiores na hora Alternativa “a”. Muito embora haja divergência
do julgamento. Todavia, há casos em que a jurispru- doutrinária se o costume é ou não fonte de direito
dência tem força vinculante, e obrigam a Administra- administrativo, prevalece a corrente que o entende
ção Pública, como é o caso da súmula vinculante, por como tal. O costume é a prática reiterada, unifor-
exemplo. Enfim, muito embora haja divergência dou- me, de um comportamento que é considerado uma
trinária se o costume é ou não fonte de direito admi- obrigação legal. Não pode ser confundido com a
nistrativo, prevalece a corrente que o entende como praxe administrativa – que, por ser a simples rotina
tal. O costume é a prática reiterada, uniforme, de um administrativa, não constitui fonte do direito admi-
comportamento que é considerado uma obrigação nistrativo.
legal. Não pode ser confundido com a praxe adminis-
trativa – que, por ser a simples rotina administrativa, Alternativa “b”. Ao contrário do contido na alter-
não constitui fonte do direito administrativo. nativa, uma das características da jurisprudência é o
nacionalismo, porque enquanto “a doutrina tende a
universalizar-se, a jurisprudência tende a nacionalizar-
02. (Analista Judiciário  – Área Judiciária TRE/PE
-se, pela contínua adaptação da lei e dos princípios
2011 – FCC) No que concerne às fontes do Direito Ad-
teóricos ao caso concreto. Sendo o Direito Adminis-
ministrativo, é correto afirmar que:
trativo menos geral que os demais ramos jurídicos,
a) o costume não é considerado fonte do Direito Ad- preocupa-se diretamente com a Administração de
ministrativo. cada Estado, e por isso mesmo encontra, muitas ve-
b) uma das características da jurisprudência é o seu zes, mais afinidade com a jurisprudência pátria que
universalismo, ou seja, enquanto a doutrina tende com a doutrina estrangeira”2.
a nacionalizar-se, a jurisprudência tende a univer- Alternativa “c”. A doutrina é o estudo desen-
salizar-se. volvido pelos juristas, e tem papel especialmente
c) embora não influa na elaboração das leis, a doutri- importante no direito administrativo como um to-
na exerce papel fundamental apenas nas decisões do  – principalmente pelo fato deste não estar em

1. Direito Administrativo Brasileiro. 36  ed. São Paulo: Malheiros, 2. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.
2010. p. 47. 36. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 47.
Direito Administrativo   •  Questões 361

um único código  – e contribui para a correta inter- controle, a administração direta controla, fiscaliza
pretação dos estudos administrativos. Nesse sentido, as atividades das entidades da administração in-
conforme Hely Lopes Meirelles, a doutrina “influi não direta (autarquias, fundações públicas, sociedades
só na elaboração da lei como nas decisões contencio- de economia mista, empresas públicas, etc). Assim,
sas e não contenciosas, ordenando, assim, o próprio na administração indireta, não é possível se falar
Direito Administrativo”3. em hierarquia. A entidade criadora tem por dever fis-
Alternativa “e”. A jurisprudência possui, em re- calizar a entidade criada para verificar se o objetivo
gra, caráter meramente orientador; ou seja, as deci- da criação está sendo atendido. Mas, não se trata de
sões dos tribunais servem de parâmetro e orientação controle hierárquico, pois o que existe é um controle
para os juízes das instâncias inferiores na hora do de finalidade, um controle finalístico. O princípio
julgamento. Todavia, há casos excepcionais em que da tutela não deve ser confundido com o princípio
a jurisprudência tem força vinculante, e obrigam a da autotutela, pelo qual é dever da Administração
Administração Pública, como é o caso da súmula vin- Pública o controle de seus próprios atos, quanto à le-
culante, por exemplo. galidade e quanto ao mérito.

2. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO 04. (Cespe – Técnico Judiciário – Área Administra-


tiva – TRF 1/2017) Não existe na Constituição Federal
`` CF, art. 37, caput hipótese expressa que determine o necessário es-
`` Lei nº 9.784/99, art. 2º gotamento da via administrativa para se recorrer ao
Poder Judiciário, devido ao princípio da inafastabili-
dade da jurisdição e à determinação de que a lei não
03. (FCC  – Técnico Judiciário  – Área Administra- excluirá a apreciação pelo Poder Judiciário de lesão ou
tiva  – TRE  – SP/2017) O controle exercido pela Ad- ameaça de direito.
ministração direta sobre a Administração indireta
denomina-se COMENTÁRIOS.
(A) poder de tutela e permite a substituição de atos “Errado”. O art. 217, §1º, da Constituição Federal,
praticados pelos entes que integram a Adminis-
estabelece que “o Poder Judiciário só admitirá ações
tração indireta que não estejam condizentes com
relativas à disciplina e às competições desportivas
o ordenamento jurídico.
após esgotarem-se as instâncias da justiça despor-
(B) poder de revisão dos atos, decorrente da análise tiva, regulada em lei”. Desse modo, há hipótese ex-
de mérito do resultado, bem como em relação aos pressa que determina o necessário esgotamento
estatutos ou legislação que criaram os entes que da via administrativa para que seja possível recor-
integram a Administração indireta. rer ao Poder Judiciário.
(C) controle finalístico, pois a Administração direta
constitui a instância final de apreciação, para fins 05. (FCC  – Técnico Judiciário  – Área Administrati-
de aprovação ou homologação, dos atos e recur- va – TRE – SP/2017) Considere a lição de Maria Syl-
sos praticados e interpostos no âmbito da Admi- via Zanella Di Pietro: A Administração não pode atuar
nistração indireta. com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas deter-
(D) poder de tutela, que não pressupõe hierarquia, minadas, uma vez que é sempre o interesse público
mas apenas controle finalístico, que analisa a que tem que nortear o seu comportamento. (Direito
aderência da atuação dos entes que integram Administrativo, São Paulo: Atlas, 29a edição, p. 99).
a Administração indireta aos atos ou leis que os Essa lição expressa o conteúdo do princípio da
constituíram.
(A) impessoalidade, expressamente previsto na
(E) poder de autotutela, tendo em vista que a Admi-
Constituição Federal, que norteia a atuação da
nistração indireta integra a Administração direta
Administração pública de forma a evitar favore-
e, como tal, compreende a revisão dos atos pra-
cimentos e viabilizar o atingimento do interesse
ticados pelos entes que a compõem quando não
público, finalidade da função executiva.
guardarem fundamento com o escopo institucio-
nal previsto em seus atos constitutivos. (B) legalidade, que determina à Administração
sempre atuar de acordo com o que estiver ex-
COMENTÁRIOS. pressamente previsto na lei, em sentido estrito,
admitindo-se mitigação do cumprimento em prol
Alternativa correta: letra “d” (responde as de-
do princípio da eficiência.
mais alternativas). Pelo princípio da tutela ou do
(C) eficiência, que orienta a atuação e o controle da
Administração pública pelo resultado, de forma
3. Direito Administrativo Brasileiro. 36  ed. São Paulo: Malheiros, que os demais princípios e regras podem ser rela-
2010. p. 47. tivizados.
362 Leandro Bortoleto e Luís Felipe Cirino

(D) supremacia do interesse público, que se coloca de estabilidade pelos servidores nomeados para car-
com primazia sobre os demais princípios e inte- go de provimento efetivo, após três anos de efetivo
resses, uma vez que atinente à finalidade da fun- exercício – tal qual dispõe o caput do dispositivo –, é
ção executiva. obrigatória a avaliação especial de desempenho por
(E) publicidade, tendo em vista que todos os atos comissão instituída para essa finalidade.
da Administração pública devem ser de conheci- Alternativa “d”. Pelo princípio da supremacia do
mento dos administrados, para que possam exer- interesse público, havendo conflito entre o inte-
cer o devido controle. resse público e o privado, aquele deverá prevale-
cer. É o princípio que confere autoridade à atuação
COMENTÁRIOS. administrativa.
›› Nota do Autor: O regime jurídico adminis- Alternativa “e”. Por esse princípio, a atuação ad-
trativo é o conjunto de princípios que atribuem à ministrativa não pode ser secreta. Ao contrário, deve
Administração Pública, em um extremo, prerroga- ser transparente, para que assim, o titular do poder –
tivas e, no outro, sujeições. Dentre os que diversos que é o povo  – possa verificar se, realmente, a con-
princípios que o compõem, há dois que são conside- duta do administrador estava pautada no interesse
rados chamados de pedras angulares ou pedras de público. O princípio da publicidade é materializado
toque4 do direito administrativo, quais sejam, o prin- pela publicação dos atos administrativos. A regra,
cípio da supremacia do interesse público e o princí- portanto, é que todo ato administrativo deve ser pu-
pio da indisponibilidade do interesse público. blicado, exceto quando, nos termos do art. 5º, XXXIII
da Constituição Federal, o “sigilo seja imprescindível à
Alternativa correta: letra “a”. O princípio da im-
segurança da sociedade e do Estado”.
pessoalidade deve ser visto sob dois aspectos: em
relação ao administrado e em relação à própria
06. (Cespe – Técnico Judiciário – Área Administra-
Administração. No que se refere ao administrado,
tiva – TRE – PI/2016) O regime jurídico-administrati-
a impessoalidade se faz presente na busca pela fi-
vo caracteriza-se
nalidade pública e nunca de interesse particular.
No outro sentido – em relação à própria Administra- A) pelas prerrogativas e sujeições a que se submete a
ção – significa que não é o agente público, enquanto administração pública.
pessoa física, que pratica o ato administrativo, pois, B) pela prevalência da autonomia da vontade do in-
na verdade, quem o faz é a pessoa jurídica à qual per- divíduo.
tence o órgão em que o servidor está lotado. É exem-
C) por princípios da teoria geral do direito.
plo de aplicação do princípio da impessoalidade, na
primeira acepção acima, a exigência constitucional D) pela relação de horizontalidade entre o Estado e
de concurso público. os administrados.
Alternativa “b”. O princípio da legalidade não E) pela aplicação preponderante de normas do direi-
apresenta conteúdo idêntico para o particular e pa- to privado.
ra a Administração Pública. Para esta, significa que a COMENTÁRIOS.
atuação administrativa deve se dar em conformi-
dade com a lei, com o direito. Assim, ao administra- Alternativa correta: letra “a” (responde as de-
dor somente é permitido agir de acordo com a lei, mais alternativas). O regime jurídico-administrativo
não vigorando a autonomia da vontade, prevalente é um conjunto de princípios que impõem prerrogati-
na esfera privada, em que o particular não é obrigado vas e sujeições à Administração Pública. O interesse
senão em virtude de lei. público primário é o interesse público propriamente
dito; é o interesse da coletividade; está estabelecido
Alternativa “c”. O princípio da eficiência faz com
na Constituição Federal. O interesse público secun-
que se espere da atuação do agente público o me-
dário é o interesse do ente estatal (União, Estados,
lhor desempenho possível de suas atribuições, de
etc.); é o interesse individual do Estado, como pessoa
forma a atingir os melhores resultados. Além disso,
jurídica5. Entretanto, na atuação administrativa os
o referido princípio também se presta à mesma fina-
princípios são de obediência obrigatória, indepen-
lidade no que diz respeito à organização, à estrutu-
dentemente da espécie de interesse público. Desse
ração e à disciplina da Administração Pública. Diante
modo, em relação às prerrogativas, é possível a Ad-
disso, a Emenda Constitucional nº 19/1998 fez incluir,
ministração, por exemplo, apreender mercadoria,
no artigo 41, em seu parágrafo 4º, da Constituição
interditar estabelecimento, desapropriar, instituir ser-
Federal, o requisito segundo o qual, para a aquisição

4. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito adminis- 5. MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito adminis-
trativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 55 e 57. trativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 65-66.
Direito Administrativo   •  Questões 363

vidão, requisitar bens e, para tanto, não necessita da atuação administrativa deve se dar em conformi-
intervenção do Poder Judiciário, podendo fazê-lo por dade com a lei, com o direito. Assim, ao administra-
seus próprios meios (autoexecutoriedade). Por outro dor somente é permitido agir de acordo com a lei,
lado, deve agir, sempre, sem se afastar do interesse não vigorando a autonomia da vontade, prevalente
público e respeitando os direitos fundamentais. na esfera privada, em que o particular não é obrigado
senão em virtude de lei.
07. (FCC  – Analista Judiciário  – Área Judiciária  – Alternativa “b”. O princípio da moralidade pre-
TRE – PR/2017) Dentre os princípios que regem a Ad- ceitua que a atuação administrativa além de ser
ministração pública, aplica-se aos servidores públicos, legal tem que ser moral. Tem que estar de acordo
no exercício de suas funções, a com a boa-fé, com a moral, com a ética, com a ho-
(A) legalidade, como princípio vetor e orientador dos nestidade, com a lealdade, com a probidade. Mes-
demais, tendo em vista que os todos os atos dos mo que determinada situação seja respaldada pelo
servidores têm natureza vinculada, ou seja, de- ordenamento jurídico, o ato pode ser considerado
vem estar previstos em lei, assim como todas as viciado por afrontar o princípio da moralidade.
infrações disciplinares e respectivas penalidades. Alternativa “c”. Pelo princípio da publicidade, a
(B) moralidade, que orienta todos os atos pratica- atuação administrativa não pode ser secreta. Ao
dos pelos servidores públicos, mas cuja violação contrário, deve ser transparente para que, assim, o
não pode ser imputada à Administração pública titular do poder  – que é o povo  – possa verificar se,
realmente, a conduta do administrador estava pau-
enquanto pessoa jurídica, porque sua natureza é
tada no interesse público. A regra, portanto, é que
incompatível com a subjetividade.
todo ato administrativo deve ser publicado, exceto
(C) publicidade, que exige a publicação de todos os quando, nos termos do art. 5º, XXXIII, da Constituição
atos praticados pelos servidores, vinculados ou Federal, o “sigilo seja imprescindível à segurança da
discricionários, ainda que não dependam de mo- sociedade e do Estado”.
tivação, não atingindo, contudo, os atos que se
Alternativa “d”. Pelo princípio da eficiência, a
refiram aos servidores propriamente ditos, que
Administração Pública deve atuar de maneira a
prescindem de divulgação, porque surtem efeitos
buscar resultados e não simplesmente agir. É uma
apenas internos.
exigência constitucional que se manifesta, especial-
(D) eficiência, como finalidade precípua da atuação mente, em relação aos serviços públicos, pois esses
da Administração pública, obrigando os servido- devem ser, cada vez mais, executados da melhor ma-
res públicos a prezar pela sua aplicação em prefe- neira possível e devem alcançar todos os administra-
rência aos demais princípios, que a ela passaram dos, de maneira eficiente.
a se subordinar após sua inclusão na Constituição
Federal. 08. (Cespe – Analista Judiciário – Área Administra-
(E) impessoalidade, tanto no que se refere à escolha tiva – TRF 1/2017) A autotutela é entendida como a
dos servidores, quanto no exercício da função pe- possibilidade de a administração pública revogar atos
los mesmos, que não pode favorecer, beneficiar ilegais e anular atos inconvenientes e inoportunos sem
ou perseguir outros servidores e particulares que a necessidade de intervenção do Poder Judiciário.
mantenham ou pretendam manter relações jurí-
dicas com a Administração pública. COMENTÁRIOS 

COMENTÁRIOS.
›› Nota do Autor: A assertiva inverte os institu-
tos da revogação (que se aplica a atos inconvenientes
Alternativa correta: letra “e”. O princípio da im- e inoportunos) e anulação (dever da Administração
pessoalidade deve ser visto sob dois aspectos: em Pública diante de atos eivados de vícios, ilegais).
relação ao administrado e em relação à própria “Errado. Pelo princípio da autotutela, é dever da
Administração. No que se refere ao administrado, Administração Pública o controle de seus próprios
a impessoalidade se faz presente na busca pela fi- atos, quanto à legalidade e quanto ao mérito. A
nalidade pública e nunca de interesse particular. autotutela significa, assim, que a Administração tem
No outro sentido – em relação à própria Administra- de cuidar de si própria e, com fundamento nesse
ção – significa que não é o agente público, enquanto princípio, ela anula seus atos, quando eivados de ví-
pessoa física, que pratica o ato administrativo, pois, cios de legalidade, ou os revoga, quando se tornarem
na verdade, quem o faz é a pessoa jurídica à qual per- inconvenientes ou inoportunos em face do interesse
tence o órgão em que o servidor está lotado. público.
Alternativa “a”. O princípio da legalidade não
apresenta conteúdo idêntico para o particular e pa- 09. (Cespe  – Analista Judiciário  – Oficial de Just.
ra a Administração Pública. Para esta, significa que a Avaliador – TRF 1/2017) Para os autores que defen-
364 Leandro Bortoleto e Luís Felipe Cirino

dem o princípio da subsidiariedade, a atividade pú- jurídico perfeito e a coisa julgada, prezando pela es-
blica tem primazia sobre a iniciativa privada, devendo tabilidade nas relações jurídicas. Contudo, no aspec-
o ente particular se abster de exercer atividades que to subjetivo, o princípio da segurança jurídica guarda
o Estado tenha condições de exercer por sua própria relação com a proteção à confiança, significando que
iniciativa e com seus próprios recursos. ao Estado é vedado agir de modo contraditório, de
modo que todos os administrados possam aguardar
COMENTÁRIOS. decisões administrativas sem sobressaltos e mudan-
ças repentinas de posicionamento. A incidência do
“Errado”. O princípio da subsidiariedade rela-
princípio da proteção à confiança pressupõe a boa-
ciona-se com os níveis de poder, em um extremo, e
-fé do particular. Existe, outrossim, a teoria do fato
no outro com os respectivos níveis de interesses a
consumado. Para esta teoria, o decurso do tempo,
serem satisfeitos, prevendo um escalonamento de
em situações excepcionais, tem idoneidade para con-
atribuições entre órgãos ou entes, conforme a com-
validar relações jurídicas em virtude de decurso do
plexidade do atendimento dos interesses sociais,
tempo. Um bom exemplo é o caso do candidato que,
cabendo aos indivíduos a decisão e a ação quanto
reprovado em uma das fases, consegue liminar para
aos interesses individuais, e ao Estado, de maneira
prosseguir no certame, até que eventualmente seja
subsidiária, a decisão referente aos interesses coleti-
aprovado. Existem servidores que ficam amparados
vos, destacando-se que essa concepção transpassa,
por liminares durante muitos anos, ultrapassando até
também, para a organização política, na forma em mesmo um decênio. A grande pergunta era se esses
que o poder político local deve satisfazer as necessi- servidores deveriam permanecer no cargo com base
dades coletivas por meio de decisões e ações locais, na teoria do fato consumado.
cabendo ao órgão político regional as que extra-
polem as necessidades locais e, por fim, devendo o “Errado”. Segundo decisão do Supremo Tribu-
poder político central ou nacional cuidar das neces- nal Federal (Plenário. Re 608482/ RN, julgado em
sidades coletivas de maior amplitude6. Prescreve o 01/08/2014), a teoria do fato consumado não é aplicá-
escalonamento de atribuições entre os indivíduos e vel ao candidato que assumiu o cargo em virtude de
órgãos político-sociais. Em princípio, cabe aos indi- decisão precária (liminar em mandado de segurança)
víduos decidir e agir na defesa de seus interesses que posteriormente não foi confirmada. Segundo a
pessoais, restando ao Estado a proteção precípua Corte, não se pode invocar o princípio da confiança
dos interesses coletivos7. Desse modo, consoante legítima, uma vez que o candidato sabe da preca-
aponta Diogo de Figueiredo Moreira Neto, cabe ao riedade da medida judicial. Observe, ademais, que a
princípio da subsidiariedade informar “a articulação posse não se dá por iniciativa da Administração. Ocor-
das atribuições administrativas afetas ao Estado e a dis- re, isto sim, por força de medida judicial liminar. Por-
tribuição delas entre seus respectivos entes e órgãos”8. tanto, não há conduta da Administração Pública que
despertaria confiança legítima no candidato.
10. (Cespe – Analista Judiciário – Área Administra-
tiva – TRF 1/2017) Sérgio foi reprovado em concur- 11. (Cespe – Analista Judiciário – Área Judiciária –
so público, mas, por força de decisão liminar obteve TRE-MS/2013) Em relação ao objeto e às fontes do
sua nomeação e tomou posse no cargo pretendido. direito administrativo, assinale a opção correta.
Seis anos depois, a medida foi revogada por decisão a) O Poder Executivo exerce, além da função ad-
judicial definitiva e Sérgio foi exonerado pela admi- ministrativa, a denominada função política de
nistração. Nessa situação, ao exonerar Sérgio a admi- governo  – como, por exemplo, a elaboração de
nistração violou o princípio da proteção da confiança políticas públicas, que também constituem obje-
legítima. to de estudo do direito administrativo.
b) As decisões judiciais com efeitos vinculantes ou eficá-
COMENTÁRIOS.
cia erga omnes são consideradas fontes secundárias
›› Nota do Autor: O princípio da segurança ju- de direito administrativo, e não fontes principais.
rídica, no aspecto objetivo, estabelece limites a re- c) São exemplos de manifestação do princípio da
troatividade dos atos do Estado, impedindo, desta especialidade o exercício do poder de polícia e as
forma, que seja prejudicado o direito adquirido, o ato chamadas cláusulas exorbitantes dos contratos
administrativos.
d) Decorrem do princípio da indisponibilidade do in-
6. MOREIRA, NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito admi-
nistrativo: parte introdutória, parte geral e parte especial. Rio
teresse público a necessidade de realizar concurso
de Janeiro: Forense, 2009. p. 96. público para admissão de pessoal permanente e as
7. Idem, p. 123.
restrições impostas à alienação de bens públicos.
8. Curso de direito administrativo: parte introdutória, parte geral e) Dizer que o direito administrativo é um ramo do
e parte especial. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 97. direito público significa o mesmo que dizer que
Direito
Administrativo
Leandro Bortoleto

DICAS sões bipolaridade do direito administrativo2 ou


binômio3 do direito administrativo.
1. CONCEITO E FONTES DO DIREITO AD- • Síntese dos princípios da Administração Pública4:
MINISTRATIVO
• O direito administrativo é o “conjunto harmônico PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
de princípios jurídicos que regem os órgãos, os • prerrogativa
agentes e as atividades públicas tendentes a Supremacia
• interesse público prevalece
realizar concreta, direta e imediatamente os fins do interesse
sobre privado
desejados pelo Estado”1. público
• interesse público primário
• A principal fonte do direito administrativo é a lei,
mas deve ser concebida em sentido amplo, isto é, Indisponibili­ • sujeição
abrange todos os atos legislativos. Nesse sentido, dade do inte­
resse público • interesse público é indisponível
além das leis ordinárias, complementares e dele-
gadas, inclui, ainda, as medidas provisórias, os • atuação de acordo com a lei e o
decretos legislativos, as resoluções legislativas, a direito
Constituição Federal, as Emendas à Constituição, Legalidade
• esfera pública: não vigora
as Constituições estaduais, a Lei Orgânica do Dis-
autonomia da vontade
trito Federal e as Leis Orgânicas dos Municípios.
São as chamadas fontes primárias. De todos os • busca da finalidade pública
atos legislativos apontados, por óbvio, a Cons- • atos imputados à Administra-
tituição Federal é a principal fonte, na qual há Impessoalidade
ção: imputação
diversos dispositivos aplicados ao direito admi-
• proibição de promoção pessoal
nistrativo (por exemplo, art. 5º, 21, 23, 37).
• A jurisprudência em regra, caráter orientador, • honestidade, boa-fé, lealdade,
Moralidade
mas há casos em que tem força vinculante. Exem- padrões morais e éticos
plos: as decisões proferidas pelo STF na ação • transparência; publicação dos
direta de inconstitucionalidade, na ação declara- Publicidade
atos administrativos
tória de constitucionalidade (CF, art. 102, § 2º) e a
súmula vinculante. • rendimento; atuação eficiente;
Eficiência
organização eficiente
2. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO Continuidade
• Os princípios são normas e vinculam a Adminis- do serviço • serviço público não pode parar
tração Pública. STF (RE 579.951): a vedação do público
“nepotismo não depende de lei formal para coibir
• administração anula e revoga
a prática. Proibição que decorre diretamente dos Autotutela
seus próprios atos
princípios contidos no art. 37, caput, da Constitui-
ção Federal”.
• O regime jurídico administrativo é o conjunto
de princípios que confere prerrogativas e impõe 2. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administra-
sujeições à Administração Pública. É a interação tivo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 62.
de dois polos opostos. Por isso, o uso das expres- 3. Fernando Garrido Fala apud Celso Antônio Ban-
deira de Mello (Curso de direito administrativo. 27.
ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 56).
1. Direito administrativo brasileiro. 36. ed.São Paulo: 4. BORTOLETO, Leandro. Direito administrativo. Salva-
Malheiros, 2010. p. 40. dor: Juspodivm, 2012. p. 50.
Direito Administrativo   •  Dicas 551

dade administrativa; quem faz a atividade admi-


PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
nistrativa); b) sentido objetivo, material ou fun-
• administração direta controla cional (é a atividade administrativa, que compre-
Tutela ou
finalidade da administração ende o serviço público, a polícia administrativa, o
controle
indireta fomento e a intervenção; o que é realizado).
• criação de pessoa específica • Há várias formas de desempenho da atividade
Especialidade administrativa5:
para atuação específica

Presunção de • regra: ato administrativo é legal FORMAS DE DESEMPENHO DA ATIVIDADE


legitimidade • produz efeitos até ser extinto ADMINISTRATIVA
• atividade é realizada por
Controle
Concentrada um único órgão
judicial dos atos • sistema de jurisdição única
administrativos (concentração) • pessoa jurídica sem divisão
interna
• aspecto objetivo: princípio da
segurança jurídica. Tentativa • atividade é realizada por
de preservação do ato. Nova vários órgãos
interpretação não retroage Desconcentrada • pessoa jurídica com divisão
Segurança (desconcentração) interna
jurídica • aspecto subjetivo: princípio da
proteção à confiança. Expec- • distribuição interna de
tativa do administrado de que competência
Administração respeitará os
• atividade é realizada direta-
atos por ela praticados. Centralizada
mente pela pessoa política,
(centralização)
Motivação ou • indicação dos pressupostos de por meio de seus órgãos
fundamentação fato e direito • atividade é realizada por
• meios devem ser adequados Descentralizada outra pessoa jurídica
aos fins do ato (descentralização) • distribuição externa de
Razoabilidade competência
• utilidade, necessidade, propor-
cionalidade
• Administração direta: conjunto de órgãos que
• coordenação, organização, compõem a pessoa política.
Hierarquia
delegação, avocação
• Administração indireta: conjunto das pessoas
administrativas, com personalidade de direito
público ou de direito privado, patrimônio próprio
3. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E TERCEIRO e autonomia administrativa, vinculadas à admi-
nistração direta, criadas para o desempenho de
SETOR determinada atividade administrativa.
• Função administrativa: exercida pelo Poder Exe- • Classificação dos órgãos públicos:
cutivo, de forma típica, e pelo Poder Legislativo e
pelo Poder Judiciário, de maneira atípica. a) Quanto à posição estatal ou hierarquia: inde-
pendentes (representam as funções principais do
• Administração Pública: conjunto de pessoas Estado; não estão subordinados a nenhum outro);
jurídicas, órgãos públicos e agentes públicos que autônomos (estão situados abaixo dos órgãos
realizam a atividade administrativa, consistente independentes; possuem autonomia administra-
em serviços públicos, fomento, polícia adminis- tiva, financeira e técnica.); superiores (subordinados
trativa e intervenção. aos autônomos e independentes; possuem poder
• Administração Pública em sentido amplo: de direção, mas não têm autonomia administrativa
engloba a atividade política e a atividade admi- nem financeira); subalternos (possuem pequeno
nistrativa, incluindo tanto os órgãos gover- poder de decisão; atividades de execução).
namentais quanto os órgãos administrativos. b) Quanto à estrutura: simples (não se subdivi-
Administração Pública em sentido estrito: cor- dem em outros); compostos: (subdividem-se em
responde, exclusivamente, à função adminis- outros órgãos)
trativa exercida pelos órgãos administrativos.
Subdivide-se em: a)sentido subjetivo, formal ou
orgânico (conjunto de pessoas jurídicas, órgãos 5. BORTOLETO, Leandro. Direito administrativo. Salva-
públicos e agentes públicos que realizam a ativi- dor: Juspodivm, 2012. p. 69.
552 Leandro Bortoleto

c) Quanto à atuação funcional ou composição: Depende de autorização legal: criação de


singulares ou unipessoais (a atuação do órgão é empresa pública ou de sociedade de economia
realizada de acordo com a decisão de um único mista; criação de suas subsidiárias; participação
agente); coletivos ou pluripessoais (a atuação do de qualquer delas em empresa privada, cujo
órgão é decidida por vários agentes). objeto social deve estar relacionado ao da inves-
d) Quanto à esfera de atuação: centrais (atuam em tidora
toda a área territorial da pessoa); locais (atuam Empresa pública (art. 3º): entidade dotada de
apenas em parte do território da pessoa que inte- personalidade jurídica de direito privado, com
gram) criação autorizada por lei e com patrimônio pró-
• São características dos órgãos públicos: a) cria- prio, cujo capital social é integralmente detido
ção e extinção por lei; b) resultado da descon- pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal
centração; c) despersonalizados; d) não possuem ou pelos Municípios. Podem participar no capital
patrimônio próprio; e) não possuem capacidade social outras pessoas jurídicas de direito público
processual; f ) alguns órgãos podem ser parte em interno, bem como as entidades da administra-
processo para defesa de prerrogativa; g) podem ção indireta da União, dos Estados, do Distrito
celebrar contrato de gestão; h) órgãos gestores Federal e dos Municípios, desde que pessoas
de orçamento devem ser inscritos no CNPJ. jurídicas de direito público interno, bem como
• O candidato deve se atentar para não confundir de entidades da administração indireta da União,
as definições das entidades da administração dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
indireta. Ter personalidade jurídica, patrimônio Sociedade de economia mista (art. 4º): entidade
próprio, autonomia administrativa, submeter-se dotada de personalidade jurídica de direito pri-
a controle da administração direta, por exemplo, vado, com criação autorizada por lei, sob a forma
não identificam nenhuma das pessoas e o que de sociedade anônima, cujas ações com direito
deve ser observado é se a personalidade é de a voto pertençam em sua maioria à União, aos
direito público ou de direito privado, se é criada Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a
por lei ou se a lei autoriza a criação e qual a ativi- entidade da administração indireta.
dade desempenhada.
• Agência reguladora: estão sendo criadas como
• Autarquia: lei cria; personalidade de direito
autarquia em regime especial; maior autonomia;
público; atividade típica do Estado.
deve ter personalidade de direito público.
• Fundação Pública: lei cria (personalidade de
direito público) e lei autoriza (personalidade • Agência executiva: é uma qualificação, um título,
de direito privado); atividade não exclusiva do que é dado a uma autarquia ou a uma fundação
Estado (interesse público). pública. São requisitos (art. 51 da Lei nº 9.649/98)
a existência de plano estratégico de reestrutura-
• Sociedade de economia mista e Empresa ção e de desenvolvimento institucional em anda-
Pública: lei autoriza; personalidade de direito pri- mento e a celebração de contrato de gestão com
vado; prestação de serviço público ou exploração
o ministério supervisor. A qualificação se dá por
de atividade econômica.
ato do Presidente da República.
Lei 13.303/16 (estatuto das estatais) “estatuto
• Consórcio público: está regulado pela Lei nº
jurídico da empresa pública, da sociedade de
11.107/05. Trata-se de uma nova pessoa adminis-
economia mista e de suas subsidiárias, abran-
gendo toda e qualquer empresa pública e socie- trativa que surge da união entre pessoas políticas
dade de economia mista da União, dos Estados, (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Em
do Distrito Federal e dos Municípios que explore um primeiro momento, há o protocolo de inten-
atividade econômica de produção ou comer- ções, que é uma espécie de ajuste preliminar
cialização de bens ou de prestação de serviços, entre as pessoas políticas, no qual há a definição
ainda que a atividade econômica esteja sujeita ao do objeto do consórcio, quais são seus partici-
regime de monopólio da União ou seja de presta- pantes, qual sua duração, qual a forma de eleição
ção de serviços públicos” (art. 1º, caput). do representante legal. Depois, o protocolo de
intenções deve ser publicado na imprensa oficial
Exploração de atividade econômica pelo Estado
e, na sequência, ele deve ser ratificado por lei em
será exercida por meio de empresa pública, de
cada um dos entes consorciados.
sociedade de economia mista e de suas subsidi-
árias. Lei precisa indicar de forma clara a presença • Consórcio público poderá ter personalidade de
de relevante interesse coletivo ou imperativo de direito público (associação pública; conhecido
segurança nacional, nos termos do caput do art. como autarquia interfederativa ou autarquia
173 da Constituição Federal. multifederada) ou de direito privado.
Direito Administrativo   •  Dicas 553

• Contrato de consórcio: formaliza a constituição h) escolas privadas dedicadas ao ensino formal não
do consórcio. gratuito e suas mantenedoras;
• Contrato de rateio: formaliza a entrega de recur- i) organizações sociais;
sos dos entes consorciados para o consórcio.
j) cooperativas;
• Contrato de programa: instrumento usado
quando um dos consorciados assumir a obriga- k) fundações públicas;
ção de prestar serviço por meio de seus órgãos
l) fundações, sociedades civis ou associações de
ou entidades.
direito privado criadas por órgão público ou por
TERCEIRO SETOR fundações públicas;
• Marco regulatório: Lei 13.019/14. Disposições da
m) organizações creditícias que tenham qualquer
nova lei não se aplicam às organizações sociais,
tipo de vinculação com o sistema financeiro
reguladas pela Lei nº 9.637/98, nos termos do art.
3º, III. Quanto às organizações da sociedade civil, nacional a que se refere o art. 192 da Constituição
objeto da Lei nº 9.790/99, as disposições aplicam- Federal.
-se, no que couber. • Diferenças entre OS e Oscip: a) a OS opera a
Parcerias são formalizadas: absorção de determinada atividade que o Estado
a) quando houver transferência de recursos: esteja fazendo e, com frequência, leva à extinção
termo de colaboração (para a realização de do órgão público que realizava a mesma ativi-
atividades de interesse público propostas pela dade e, por outro lado, a Oscip representa verda-
Administração Pública, nos termos do art. 16) deira parceria e não há extinção de órgãos; b) a
e por termo de fomento (para a realização outorga da qualificação é ato discricionário na OS
de atividades de interesse público propostas e ato vinculado na Oscip; c) o vínculo na OS é con-
pela organização da sociedade civil, conforme trato de gestão e na Oscip é termo de parceria;
o art. 17); em ambos os casos: exigência de
d) na OS, há exigência de que tenha a presença
escolha da entidade do Terceiro Setor por
meio de um processo seletivo denominado de representantes do poder público no órgão de
Chamamento Público, salvo as exceções pre- administração, o que não ocorre com a Oscip; e)
vistas em lei; no caso de desqualificação, os bens adquiridos
com recursos públicos serão revertidos ao Poder
b) quando não houver transferência de recursos:
acordo de cooperação. Público, no caso da OS e, se for Oscip, será transfe-
rida à outra Oscip, de preferência, na mesma área
• Organização social (OS) e Organização da
de atuação.
Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip): são
entidades civis sem fins lucrativos, integrantes • Sistematização da Administração Pública e do
do setor privado, que recebem a qualificação do Terceiro Setor6:
Poder Público. Oscip: deve estar em funciona-
mento regular há, no mínimo, 3 anos. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
• Não podem ser qualificadas como Oscip (art. 2º):
ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRAÇÃO
a) sociedades comerciais; INDIRETA DIRETA
b) sindicatos, associações de classe ou de represen-
Conjunto das pessoas Conjunto dos órgãos
tação de categoria profissional;
administrativas, com públicos que integram as
c) instituições religiosas ou voltadas para a dissemi- personalidade de direito pessoas jurídicas políticas
nação de credos, cultos, práticas e visões devo- público ou de direito pri-
cionais e confessionais; vado, patrimônio próprio Pessoas jurídicas de
d) organizações partidárias e assemelhadas, inclu- e autonomia administra- direito público
sive suas fundações; tiva, vinculadas à admi-
nistração direta, criadas
e) entidades de benefício mútuo destinadas a pro- para o desempenho de União, Estados, Distrito
porcionar bens ou serviços a um círculo restrito determinada atividade Federal e Municípios
de associados ou sócios; administrativa
f ) entidades e empresas que comercializam planos
de saúde e assemelhados;
g) instituições hospitalares privadas não gratuitas e 6. BORTOLETO, Leandro. Direito administrativo. Salva-
suas mantenedoras; dor: Juspodivm, 2012. p. 106.
554 Leandro Bortoleto

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA TERCEIRO SETOR

ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRAÇÃO pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrati-


vos, pertencentes ao setor privado, que desenvolvem
INDIRETA DIRETA
atividade de interesse público.
Autarquia: direito público Marco regulatório (Lei nº 13.019/14): parcerias firma-
das por: a) termo de fomento ou por termo de colabo-
Agência reguladora: autar-
ração, quando envolverem transferência de recursos
quia em regime especial
financeiros; entidades são escolhidas por meio de
Agência Executiva: autar- chamamento público, exceto os casos de dispensa e
quia que recebeu a qualifi- inexigibilidade; b) acordo de cooperação, quando não
cação (contrato de gestão) envolver transferência de recursos financeiros.
Serviço social autônomo
Fundação Pública: direito
Entidade de apoio
público ou direito privado
Organização Social (OS)
Agência Executiva: fun-
Vínculo jurídico com a administração direta: contrato
dação pública que rece-
de gestão
beu a qualificação (con-
trato de gestão) Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
(Oscip)

Empresa Pública: direito Vínculo jurídico com a administração direta: termo de
privado; prestadora de parceria
serviço público ou explo-
radora de atividade eco-
4. AGENTES PÚBLICOS: DISPOSIÇÕES
nômica
CONSTITUCIONAIS
Sociedade de Economia
• Regime jurídico único: STF (ADI 2135): foi defe-
Mista: direito privado;
rida medida liminar para suspender a eficácia do
prestadora de serviço
art. 39, caput, da Constituição, por vício formal
público ou exploradora
na aprovação da Emenda nº 19/98, com efeitos
de atividade econômica ex nunc, “subsistindo a legislação editada nos ter-
Consórcio Público: direito mos da emenda declarada suspensa”, mantendo-
público (associação -se, “assim, o então vigente caput do art. 39, que
pública) ou direito privado tratava do regime jurídico único, incompatível
com a figura do emprego público”.
• Cronologia do regime jurídico único:
REGIME JURÍDICO ÚNICO
05/10/1988 12/12/1990 04/06/1998 23/02/2000 02/08/2007
CF, art. 39, EC 19, art. 39,
Lei nº 8.112 Lei nº 9.962 ADI 2135
caput caput
   Emprego 
RJU Fim retorno do
Regime Público
Jurídico Único Servidores Regime Regime
União, aut. e
federais Jurídico Único Jurídico Único
fund.

• Síntese sobre concurso público7: CONCURSO PÚBLICO


CONCURSO PÚBLICO - Cargo em comissão: existência de
lei declarando de livre nomeação e
Regra: realização para provimento de cargo efetivo exoneração; atribuições de direção,
- Contratação temporária: neces- de chefia e de assessoramento
Exceção:
sidade temporária e excepcional Pode ser ocupado por ocupante
não realização Exceção:
interesse público de cargo efetivo (lei definirá casos,
não realização
condições e percentuais) e por não
ocupante. Função de confiança: só
ocupante de cargo efetivo
- Agentes públicos de saúde e agen-
7. BORTOLETO, Leandro. Direito administrativo. Salva-
tes de combate a endemias
dor: Juspodivm, 2012. p. 142.

Você também pode gostar