Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A imagem só existe para ser vista, por um espectador historicamente definido (isto é,
que dispõe de certos dispositivos de imagens) e é pensada e produzida de maneira
deliberada, calculada, para certos efeitos sociais, e recebido como momento de um
ato — social, comunicacional, expressivo, artístico. (p. 197)
Será tudo, na imagem, produzido para tais efeitos? (p. 197)
Ele considera a imagem, neste capítulo, como a fonte de processos, de afetos, de
significações, mas limita estritamente ao seu valor representativo e sua relação com a
realidade sensível. (p. 197)
1. A analogia:
Ele retoma a questão da analogia, mas evidenciando desta vez a própria imagem,
sua relação com a realidade que ela supostamente representa considerando a
representação não tanto como resultado, a ser apreciado por um espectador, mas
sim como processo, produção, a ser obtido por um criador. (p. 198)
A partir daí Aumont sugere relativizar o que ele considera uma concepção
“absolutista” da analogia sem renunciá-la. Para isso ele cita o Ernst
Gombrich para nos explicar de que forma isso ocorre. A princípio ele
divide sua tese em duas partes segundo as quais:
1. toda representação é convencional, mesmo a mais analógica como o
caso da fotografia.
2. mas há convenções mais naturais do que outras, as que agem sobre as
propriedades do sistema visual (especialmente a perspectiva).
Ou seja, para Gombrich, a analogia pictórica (ou, em geral, a analogia
icônica) tem sempre duplo aspecto:
— o aspecto espelho: a analogia redobra [certos elementos de] a
realidade visual; aliás a prática da imagem figurativa talvez seja imitação
da imagem especular, a que se forma naturalmente em uma superfície
d'água, em uma vidraça, no metal polido;
— o aspecto mapa (map): a imitação da natureza passa por esquemas
múltiplos: esquemas mentais vinculados a universais, que visam tornar a
representação mais clara ao simplificá-la; esquemas artísticos oriundos da
tradição e cristalizados por ela etc.
O que diz. Gombrich, nesses termos figurados retomados de seu artigo
"Mirror and map" (1974), é que há sempre mapa no espelho: apenas os
espelhos naturais são puros espelhos. (p. 199)