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RELAXAMENTO

E STRESS
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ÍNDICE

INTRODUÇÃO
O que é o Stress? ............................................................................................... 3
Para que serve o Stress? .................................................................................... 3
Stress do Ponto de Vista Biológico ................................................................... 4
Stress do Ponto de Vista Emocional ................................................................ 5
Como lidar melhor com o Stress ..................................................................... 6

DEFINIÇÃO DO STRESS
Adaptação Comportamental durante o Stress .................................................. 8
Adaptação Física durante o Stress ................................................................... 9
Distúrbios Associados com a Desregulação do Sistema de Stress .................... 9

UTILIZAÇÃO DO STRESS
Reação Aguda de Stress .................................................................................. 10
Reação Crônica de Stress ................................................................................. 11
Estágios de Stress ............................................................................................. 11
Estímulos Desencadeantes de Stress ................................................................ 13

PLANO DE COMBATE AO STRESS ........................................................................ 14


Relaxamento – Proteção Específica do Stress ................................................. 15
Medida Terapêutica – Prevenção Secundária do Stress ................................... 17
Manutenção do Bem-Estar – Prevenção Terciária do Stress ........................... 19

QUESTIONÁRIO ....................................................................................................... 20

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 20

COORDENAÇÃO ....................................................................................................... 20
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RELAXAMENTO E STRESS

INTRODUÇÃO

O que é o Stress?

Stress, no sentido mais amplo da palavra, afeta a nossa capacidade de planejar,


agir, avaliar. Nos afeta por inteiro, em nossa produtividade no trabalho, em nossa
afetividade em todos os relacionamentos, em nossa auto-estima e auto-imagem.

Em outras palavras, nosso nível de stress se reflete em tudo e todos à nossa


volta, família, filhos, trabalho, funcionamento sexual, nossos amigos. Gradualmente, se
desenvolve uma sensação vaga, difusa, de mal-estar, com sintomas orgânicos os mais
diversos, que variam desde dor na coluna a dores de cabeça, suores frios nas mãos, falta
de interesse, impotência, a fins-de-semana dormindo sozinho.

Todos estes sintomas podem ser resumidos a uma frase: perda da sensação do
prazer. Essa é talvez a manifestação mais clara do stress e também a mais negada,
infelizmente.

Para que serve o Stress?


O stress nada mais é do que um sinal de alerta, para nos informar de que algo
não está funcionando bem no nosso organismo ou na esfera emocional.

Em relação à dor física, fomos ensinados a vivenciá-la como algo


necessariamente ruim ou pejorativo, que deve ser simplesmente eliminado, na realidade
é um sinal de alerta benéfico, positivo, que nos permite a sobrevivência.

Do ponto de vista emocional, a mesma coisa acontece. Assim, por exemplo, a


depressão nos obriga a uma parada para fazermos um inventário do nosso
funcionamento global, com uma posterior reavaliação, e conseqüente crescimento.
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Stress do ponto de vista biológico

É uma reação neuroquímica farmacológica, em que, no sistema nervoso central,


o hipotálamo envia impulsos elétricos para a hipófise, que envia hormônios para a
libertação de outros hormônios como a cortisona e a adrenalina.

Essas substâncias têm a finalidade de preparar o animal para uma situação de


perigo e lhe facilitar a sobrevida. Assim, por exemplo, um gato, que se vê frente a um
cão, só tem 2 opções: lutar ou fugir.

Em ambas as situações, lutar ou fugir, podemos observar que:

 O ritmo do batimento cardíaco fica acelerado, para que ocorra uma circulação
maior de sangue, com uma oxigenação melhor dos músculos periféricos, que possa
aumentar o rendimento físico (“o coração quase me sai pela boca”)
 Os vasos sanguíneos periféricos desenvolverão uma constrição para que, se houver
um corte, o sangramento seja menor (“fiquei com as extremidades frias e comecei a
suar nas palmas das mãos”)
 Ocorrerá um aumento do ritmo respiratório, para que melhore a oxigenação
sanguínea (“fiquei com falta de ar”)
 Ocorrerá uma diminuição do fluxo sanguíneo no abdômen (“senti um frio na
barriga”)
 Ocorrerá uma elevação dos pelos, para aumentar o tamanho do animal (“fiquei de
cabelos em pé”)
 Ocorrerá também uma contração dos esfíncteres ou mais raramente um
relaxamento (“me borrei todo”)
 As pupilas se dilatarão (“para lhe enxergar melhor”, como na estória do lobo mau)

A mesma reação que observamos nesse caso acontece a nós, seres humanos,
quando somos assaltados ou na iminência de um desastre de carro. Só que ambas as
situações, as manifestações físicas de stress são apropriadas, construtivas, saudáveis, e
levam à sobrevivência.
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Stress – do ponto de vista emocional


Porém, o problema do ser humano civilizado atual, é que ele leva essa reação
saudável de lidar com o perigo para, por exemplo, seu escritório, onde a ameaça não é a
sua integridade física, mas sim emocional, ou seja, ele reage na área de trabalho com a
mesma reação orgânica de perigo iminente, frente a uma situação emocional abstrata, e
com isto sobrecarrega o seu organismo, desgastando-o desnecessariamente.

O stress, que tinha, pois, uma função essencialmente protetora e que levaria à
sobrevivência, passa a ser um risco à nossa integridade física. Em outras palavras, o
stress na nossa cultura nada mais é do que a noção ou idéia de falta de opção, que
objetivamente não é real.

Essa visão distorcida da realidade dos fatos vem da falsa noção de que as
relações humanas ocorrem de intelecto para intelecto ou de cérebro para cérebro.

Na realidade, não é bem assim, um bebê de seis meses relaciona-se com o


mundo externo através do coração, ou seja, ele expressa o que sente: fome, sede, frio,
calor, etc. O seu diminuto cérebro não se faz tão presente assim. A mãe relaciona-se
com ele também através do coração, com uma participação ativa do seu cérebro.
Gradualmente, ocorre um crescimento e uma expansão do cérebro dessa criança.
A relação dela com outros adultos passa a ser mais intelectual. Porém, a mola mestra
continua sendo a parte afetiva, emocional, ou seja, o coração. Na nossa criação, porém,
somos programados para hipervalorizar a parte intelectual, o cérebro, em detrimento da
parte afetiva e emocional. Quanto mais inteligente e brilhante formos melhor.
Então, para sermos bem sucedidos temos que suprimir, sufocar, apagar, omitir e
escamotear as nossas emoções, ou seja, o coração, que ocupa praticamente todo nosso
ser (como o bebê) passa a ter uma posição extremamente diminuta no nossa dia-a-dia,
enquanto a parte intelectual explode.
Passamos aí, a cometer uma série de enganos, pois queremos controlar
intelectualmente o nosso lado intuitivo-emocional, o que é obviamente impossível.
Negamos o lado emocional e nos surpreendemos quando sentimos alguma emoção mais
forte. Isso provoca problemas importantes, pois passamos a decidir baseados em
informações intelectuais, descartando o nosso lado afetivo-emocional e
conseqüentemente humano, que nos fornece informações fundamentais.
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Agravando um pouco mais, o nosso lado intelectual está calcado no referencial


certo ou errado, preto e branco, oito ou oitenta, e isto efetivamente não condiz com a
realidade. Na realidade não é bem assim: tudo que acontece depende. As emoções são
sensações que fogem totalmente a esse referencial binário e há então um conflito entre
intelecto e sentimento, entre “razão” e realidade.
O stress vem da nossa não percepção de que as interações podem ser muito mais
amplas do que possa alcançar o nosso intelecto.

Como lidar melhor com o stress?


O melhor caminho é à volta ao natural, ou seja, uma normalização no nosso
funcionamento, com redimensionamento das nossas metas. Uma reavaliação do que
realmente é importante para nós, em termos de vida, ou seja, o que é que realmente
desejamos.
Nesse esquema, redimensionar as nossas cobranças é sem dúvida de grande
valia. Pois essas cobranças, muitas vezes sobrecarregam o nosso circuito e vivemos
cronicamente estressados para poder atendê-las.
Uma consultoria visando redimensionar o funcionamento de nosso
comportamento é desenvolver o devido distanciamento, levando a uma apreciação
melhor do que está a sua volta.
A capacidade de tomar uma atitude, de atuar sobre uma situação conflitante,
com responsabilidade, em vez de apenas reagir a ela, ajuda, ou seja, na primeira
situação somos ativos participantes, já na segunda estamos na defensiva.
Mais importante do que tudo isso, é a capacidade de desenvolver uma sensação
de prazer. Prazer com o sucesso, prazer com as realizações, prazer com o crescimento,
ou seja, prazer nas áreas as mais diversas, mas de novo fomos ensinados a sonegar ou
minimizar essa sensação sob o risco de sermos acusados de narcisistas ou egocêntricos.

A capacidade de vivenciar e transmitir prazer aumenta o funcionamento, não só


nosso, mas de todos à nossa volta. De um ponto de vista específico, existem técnicas de
relaxamento, que sem dúvida ajudam sobremodo, além de ocuparem pouco tempo e
serem facilmente aprendidas.
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À medida que vamos crescendo, principalmente no setor profissional, aumenta o


nosso nível de competitividade e, conseqüentemente, também o do stress, que podem
implicar num certo comportamento obsessivo-compulsivo e também de rigidez.

Essas características, que de certa maneira asseguram o sucesso, também são as


mesmas que lhe dificultam a vida e lhe diminuem a flexibilidade, a tolerância para com
os outros, a maleabilidade e o “jogo de cintura”, tão importantes numa área que
necessita de continua readaptação a forças externas. Além disso tudo, poderá se
desenvolver uma sensação de solidão, e conseqüentemente depressão. Obviamente se
refletirá em todos os setores de sua vida.

E, conforme já observamos tudo lhe é permitido, menos falar de suas emoções,


dos seus sentimentos e de sua vida afetiva, o que seria um sinal de fraqueza.

Exatamente é isso que precisa ser discutido, colocado à tona, pois é o que nos
impulsiona para frente e para cima. Em resumo, primeiro as emoções vindas do coração,
depois o intelecto, a razão e a lógica e todas as suas distorções. Nas nossas relações
interpessoais o que primeiro entra em cena são os nossos afetos, e só depois a parte
intelectual.

As pessoas que mais sofrem com o stress, acham que devem ser absolutamente
competentes, inteligentes e merecedoras de todo o respeito. E que também devem ter o
controle absoluto sobre todas as coisas. Mas o problema é que nem todas as pessoas
conseguem ser absolutamente competentes o tempo todo, ou ter um controle absoluto
sobre todas as coisas. E como não conseguem, acabam estressadas.

A resolução do problema do stress não está na simples redução do ritmo da


rotina, mas fundamentalmente numa reestruturação desta rotina e da própria vida.
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DEFINIÇÃO DE STRESS
Os organismos vivos sobrevivem através da manutenção de um equilíbrio
dinâmico imensamente complexo e harmonioso, ou da homeostase, que é
constantemente desafiada ou gravemente ameaçada através de forças perturbadoras
intrínsecas ou extrínsecas ou de estressores.

O estado de estabilidade necessário para a adaptação bem sucedida é mantido


através de forças de reação / restabelecimento, ou de respostas de adaptação, consistindo
de um extraordinário repertório de reações físicas ou mentais que tentam reagir contra
os efeitos dos agentes estressores no sentido de restabelecer a homeostase.

Nesse contexto, definimos stress como um estado de desarmonia ou de


homeostase ameaçada. As respostas adaptativas podem ser específicas ao estressor ou
generalizadas e não-específicas. A última pode ser estereotipada e geralmente ocorre
apenas se a magnitude da ameaça à homeostase exceder um certo limiar.

Adaptação Comportamental durante o Stress


Redirecionamento adaptativo do comportamento
Facilitação aguda das vias neurais (adaptativa e não-adaptativa):

 Aumento do despertar, estado de alerta


 Aumento da cognição, vigilância e atenção focalizada
 Supressão do comportamento alimentar
 Supressão do comportamento reprodutivo
 Supressão do comportamento reprodutivo
 Refreamento da resposta ao stress
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Adaptação Física durante o Stress


Redirecionamento adaptativo de energia:

 Oxigênio e nutrientes dirigidos para o sistema nervoso central e local do corpo


estressado
 Tônus cardiovascular alterado, aumento da pressão sanguínea e da freqüência
cardíaca
 Aumento da freqüência respiratória
 Aumento da glicogênese e da lipólise
 Desintoxicação de produtos tóxicos
 Inibição dos sistemas de crescimento e reprodutivo
 Refreamento da resposta ao stress
 Refreamento da resposta inflamatória / imune

Distúrbios Associados com a Desregulação do Sistema de Stress


Aumento da Atividade do Sistema de Stress

 Doença crônica grave


 Anorexia nervosa
 Depressão melancólica
 Distúrbio de pânico
 Distúrbio obscessivo-compulsivo
 Alcoolismo crônico ativo
 Abstinência a álcool ou narcóticos
 Exercício excessivo crônico
 Desnutrição
 Hipertireoidismo
 Síndrome de tensão pré-mentrual
 Vulnerabilidade a hábitos
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Diminuição da Atividade do Sistema do Stress

 Obsessão atípica
 Depressão sensorial
 Depressão sazonal
 Síndrome de fadiga crônica
 Hipotireoidismo
 Obesidade (formas hiposerotoninérgicas)
 Distúrbios de stress pós-traumático
 Abstinência à nicotina
 Vulnerabilidade à doença inflamatória

UTILIZAÇÃO DO STRESS

Situações estressantes
Todos os estímulos do meio ambiente podem ser estressantes quando adotam
características de aversão e/ou punição. Esses estímulos, para se tornarem
estressantes, dependem ainda da sua intensidade, freqüência e qualidade.

Reação Aguda de Stress


O estímulo com características aversivas e/ou punitivas, na dependência de sua
quantidade e qualidade, provoca uma reação orgânica, basicamente em 3 níveis
distintos.

 Nível motor: relacionado com a tensão muscular estriada, constatável com a


eletromiografia e, subjetivamente, por sensações de tensão no rosto, ombros, nuca,
etc.
 Nível vegetativo: com a liberação de catecolaminas e a excitação do sistema nervoso
autônomo com predomínio simpático, e conseqüente taquicardia, sudorese, aumento
da glicemia, incremento das funções respiratórias, estimulação tireoidiana e outras
reações, que teriam como objetivo preparar o organismo para um ataque ou fuga.
 Nível subjetivo-cognitivo: quando afeta a vivência subjetiva de uma situação, com
reações emocionais como a vergonha, ansiedade, insegurança ou pânico e que
afetam também a concentração e a memória.
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Reação Crônica de Stress


Uma superdose de stress pode acontecer e, nesse caso, as conseqüências
dependerão da predisposição individual: o organismo mais sensível teria umbral de
excitação maior que os mais estáveis, sendo a formação reticular implicada nesse
mecanismo.

ESTÁGIOS DE STRESS
Estágio de Alarme: com reação de alarme (reação aguda de stress) reagudizada
a cada novo episódio estressante, somando ao stress inicial.

Estágio de Resistência: quando se encontra aumentada a disposição a novas


excitações gerais. As várias reações de alarme não alcançadas com maior facilidade têm
sua intensidade aumentada e seus efeitos perduram por mais tempo.

Estágio de Esgotamento: o stress, finalmente, consegue quebrar todas as


resistências orgânicas, com sintomas psíquicos em que predominam a apatia e a
sensação de desamparo. O desequilíbrio da formação reticular afeta toda a formação
límbica, além de alterações humorais, entre os quais:

 Diminuição do número de leucócitos e anticorpos circulares


 Retardo na cicatrização
 Inibição tireoidiana
 Inibição do hormônio do crescimento
 Secreção diminuída de testosterona
 Ciclo Menstrual desregulado
 Diminuição do peso uterino
 Desaparecimento de ovulação
 Incapacidade de nidação
 Diminuição ou desaparecimento da lactação
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Algumas outras alterações são especialmente interessantes, já que possivelmente


participam da etiopatogenia da hipertensão arterial e da doença isquêmica do coração:

 Colesterol sérico elevado


 Pressão arterial elevada
 Elevação da agregação plaquetária – com possível importância na trombogênese e
aterogênese – lesões miocárdicas e arteriais são aceleradas através da ação das
catecolaminas
 A estimulação de áreas cerebrais afeta a atividade da renina plasmática.

Devemos salientar aqui, que o trabalho árduo não predispõe ao stress, até o
momento se comprovou alguma relação entre a doença com pessoas incapazes de
aceitar frustrações e que são submetidos a forte stress.

Mesmo que o indivíduo não atinja grau máximo de desequilíbrio, que só é


alcançado em condições excepcionais (por exemplo: em campos de concentração), as
alterações humorais e psíquicas são encontradas em graus menos dramáticos que,
mesmo assim, ocasionam danos consideráveis, como as doenças psicossomáticas.

A intensidade e a freqüência estão em relação com o umbral de excitabilidade


individual, que, por sua vez, depende da suscetibilidade geneticamente determinada, e
da quantidade de exposição anterior a situações estressantes. Dessa forma, cada
organismo, responde de determinada maneira a um stress muito intenso ou muitas vezes
repetido.

A exposição por longo período a uma situação estressante provoca o fenômeno


da adaptação, com sensação subjetiva de que o estímulo é menos intenso e aversivo do
que realmente é, o que não impede que o organismo esteja objetivamente sofrendo as
conseqüências desarmonizadoras.
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Estímulos Desencadeantes do Stress

Estímulos físicos: o ruído representa indubitavelmente um dos grandes


causadores de stress, em menor incidência, o frio e o calor extremados, as mudanças de
temperatura, a umidade do ar.

Estímulos químicos: além dos vapores tóxicos e outros contaminantes sólidos e


líquidos, a carência de oxigênio e os maus odores são fortes causadores de stress.

Estímulos bioquímicos: substâncias exógenas, como a cafeína, nicotina e o


álcool podem sem lembradas como exemplo.

Estímulos psíquicos: esta classe de estímulos se refere a todas as formas de


acontecimentos concretos ou simbólicos, expectativas e atitudes, enfim, toda a gama de
emoções que possam afetar o ser humano.

A análise de todos esses fatores é importante para o enfoque do stress


patológico, já que:

 os estímulos atuam de modo somatório.


 as 4 classes de estímulos são inespecíficas, sendo que o organismo não os
diferencia, basicamente, no que diz respeito, aos efeitos aversivos ou punitivos.
Dessa forma, o ruído pode assumir as características de ansiedade, tanto quanto um
conflito não resolvido.
 um estímulo pode estar atuando de modo subliminar, após a ocorrência do
fenômeno da adaptação, quando não é apreciado de modo subjetivo como agradável
ou penoso, mas que pode estar atuando em somatória e de modo inespecífico a outro
estímulo. Assim, a título de exemplo, um contaminante (estímulo químico) pode
pelo seu mau odor provocar uma diminuição do apetite com conseqüente anemia
(estímulo bioquímico), que, somado a um ambiente com baixa concentração de
oxigênio (estímulo físico), pode desencadear sintomatologia de depressão (estímulo
psíquico) e, dessa forma, em conjunto, alcançar as proporções de uma Reação
Crônica de Stress, com todas as suas conseqüências.
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PLANO DE COMBATE AO STRESS

A análise cuidadosa de toda essa gama de fatores envolvidos irá possibilitar a


determinação hierárquica de quais estímulos têm prioridade para um Plano de Combate
ao Stress.

Dentro de nossa realidade, torna-se necessário que os recursos disponíveis sejam


aproveitados e que apresentem as seguintes características:

 Rápida em seu efeito.


 Bem sucedida.
 De eficaz auxílio, apesar das condições ambientais contrárias.
 Atingir também a etiologia dos sintomas.
 Proporcionar resultados prolongados.
 Ser um método passível de uso na maior parte das pessoas.
 Necessitar ter um mínimo de colaboradores em sua aplicação.

Os estímulos psíquicos podem participar na gênese do stress por:

 Ação primária – quando os distúrbios emocionais se responsabilizam, diretamente


pelo stress.
 Ação participante – atuando em conjunto com outros estímulos.
 Ação secundária – como sintoma do stress, que provoca um ciclo vicioso,
agravando o próprio stress.

A perda de experiência da auto-significação, na sociedade atual, onde o


“espírito de coletividade”, com o intuito de aumentar a produtividade, produz a médio e
longo prazo o stress, onde a característica básica é que cada um deve abdicar um pouco
da sua significação e individualidade; conduz a um tipo especial de ansiedade, chamado
por vezes de “angústia da insignificação”, ou ainda, de “medo do nada”. Para a
resolução deste aspecto, é necessário uma orientação dos fatores, que aumentem a auto-
estima e a significação individual.
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RELAXAMENTO – PROTEÇÃO ESPECÍFICA DO STRESS

A reação de emergência, característica no stress, é possivelmente integrada em


áreas hipotalâmicas específicas (anterior e lateral), comprovada experimentalmente no
gato. No mesmo animal, a estimulação ou extirpação de áreas do hipotálamo postrior,
provoca hipodinamia, queda de P.A., freqüência respiratória reduzida e outras reações,
que foram interpretadas como um mecanismo protetor ao stress excessivo, e que
promovem processos restauradores. Essa resposta aparentemente existe no homem e for
denominada de “resposta de relaxamento”.

Ela pode ser obtida por técnicas específicas, cuja maior característica é a
promoção de atividade reduzida do sistema nervoso simpático. Tem a vantagem de ser
ensinada em massa, necessitar de poucos minutos por dia e de poder ser adequada à
sintomatologia predominante.

Seus 3 elementos básicos são:

 Relaxamento da musculatura estriada.


 Mudança da atividade do sistema nervoso antônomo.
 Estreitamento da consciência, que possibilita a auto-sugestão e a
introspecção.

O relaxamento é um método de recondicionamento psicofisiológico, indicado


como processo restaurador e reconstituinte na medicina geral e suas várias
especialidades, na psicoterapia, na fonoaudiologia, na enfermagem, na reabilitação, na
terapia ocupacional e já tem seu lugar na pedagogia, na assistência social, nas belas
artes, no teatro, no esporte, na vida religiosa e também, nos exercícios contemplativos e
meditativos.

Uma manifestação básica da bionomia é ritmo vital, ondulante, que palpita em


freqüências diferentes em cada escala, retornando de modo semelhante em intervalos
também semelhantes (não iguais!), com cunho formativo e produtividade espontânea.
Indica a atuação de uma lei biológica, sempre entre dois pólos, de excitação e de
inibição, com o resultado de aceleração e refreamento funcionais, respectivamente. A
perturbação do ritmo vital pode ser observada então, no aparecimento de:
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 Hiperfunção ou Hipofunção.
 Sensibilidade ou Insensibilidade.
 Rigidez ou Flacidez.

Que, no atingir a cadência, amplitude, intensidade, qualidade, modulação e


condução do ritmo, e retardar ou desviar a realização do “sentido de si mesmo” da
pessoa, que não saberá afirmar-se, pela predominância dos fatores neuropsíquicos
descoordenados, chegando ao ponto de “NÃO SER” ou “NÃO QUERER” MAIS
VIVER.

O relaxamento ocupa posição de destaque, naturalmente porque pela comutação


dos processos fisiológicos, de suas auto-regulações, ritmos, “memórias”, reagibilidade e
coordenações, retroage sobre a afetividade, alterando de modo intenso, também as
reações da personalidade. O resultado será, além do “descanso”, o “desatar interno”, a
introspecção e a reprodução construtiva das antigas vivências, atingindo-se assim, novas
coordenações e estruturações psicobiológicas.

Desenvolveram-se técnicas de relaxamento que permitem às pessoas se


expressar livremente mesmo durante a experiência. Na maioria dos casos, aparecem
regularmente os mesmos sintomas iniciais ao entrar no estado hipnagógico
(característico do estado de transição entre a vigília e o sono e entre o sono e a vigília):

 Sensação de peso e de calor.


 Aquietamento da respiração e do batimento cardíaco.
 Esquentamento das diversas áreas do corpo (por ex: abdômen)
 Um frescor especial na testa.

O exercício pode ser feito em 4 posições:

 Deitado.
 Sentado numa poltrona confortável.
 Sentado num banquinho ou numa cadeira simples.
 Sentado em posição de meditação oriental (em lótus).
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MEDIDAS TERAPÊUTICAS – PREVENÇÃO SECUNDÁRIA DO STRESS

A prevenção secundária é individual e visa a diminuir a prevalência do stress,


com diagnóstico precoce e tratamento efetivo. O diagnóstico, diante do stress,
dependerá da forma como o mesmo se apresentar, seja agudamente ou, então, na
cronicidade.

As medidas terapêuticas podem ser resumidas em:

 Proporcionar oportunidades para evitar o stress.


 Tentativa de modificação da fonte do stress.
 Transformar a atitude e a reação frente ao stress.

Reação Aguda ao Stress

A sintomatologia abrupta pode predominar em uma das três áreas principais


(subjetiva-cognitiva, vegetativa ou motora) ou, o que é mais comum ser uma mescla das
diversas áreas.

O tratamento é inicialmente sindrômico, encarado como uma crise e não deve


ser protelado. Ao contrário, a crise é um momento extremamente propício para medidas
terapêuticas de curto, médio e longo alcances, já que:

 As pessoas são muito influenciáveis nesses momentos.


 A “dor emocional” propicia reforço para transformações.
 As crises resultantes de condições externas mais poderosas do que as resultantes
de causas intrapsíquicas podem ser coadjuvantes por pessoal com menor treino
em saúde mental.

As medidas psicoterápicas têm como objetivo básico o alívio do paciente e sua


volta ao estado anterior à crise. A psicoterapia é então focal, de curta duração e sem
necessariamente investigar a personalidade pré-mórbida do paciente, exceto quando esta
pode elucidar a crise atual.
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As medidas acessórias, durante o transcorrer da psicoterapia, serão avaliadas


indicações e possibilidade de uso de algumas, tais como:

 Relaxamento Profundo – encontra plena indicação junto à terapia de emergência,


facilitando o “insight” e possibilitando reforços positivos para mudanças de conduta
mais proveitosas. Seu uso é facilitado para os pacientes com treino anterior em
“relaxamento corporal simples” (ou outras técnicas semelhantes) e possibilita o
ensino, durante a terapia, do “relaxamento autógeno” (ou seja, auto-induzido), com
fins profiláticos e terapêuticos.
 Terapia Ocupacional – na crise aguda, especial atenção deve ser dada às atividades
recreativas, porém, e sempre que possível, sem desviar-se da rotina diária normal.
 Terapia de Grupo – pode funcionar após o rendimento da crise, como complemento
da psicoterapia individual.

Reação Crônica ao Stress

O tratamento preconizado estaria concentrado na:

 Retirada ou mudança dos estímulos agressivos.


 Transformação da atitude e reação frente ao stress.
 Eliminação da sintomatologia somática.

Salientamos, porém, que os exercícios de “auto-relaxamento” adquirem


importância especial, dados seus efeitos benéficos, que, em muito, auxiliam qualquer
outra medida terapêutica.

Dadas as características da sintomatologia psíquica, com predomínio da apatia


e depressão (depressão esta que pode estar escondida por sintomatologia somática
dominante): a “depressão mascarada”, as medidas psicoterápicas terão oportunidade
de incluir medidas que enfoquem estas características.
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As medidas operacionais poderiam incluir:

 Abrandamento da depressão e apatia com procedimentos, tais como:


 Elevar a auto-estima.
 Reversão da auto-agressão, com catarse de preferência mediada pelo
terapeuta.
 Interrupção do ciclo de looping emocional.
 Restauração da autoconfiança.
 Mobilização efetiva com recursos emocionais.
 Elaboração com o paciente de uma hipótese operacional dos fatores envolvidos.
 Estimular a compreensão própria.
 Desenvolver uma filosofia construtiva de vida, reconstruindo a confiança social do
paciente, incentivando a vida “interior” e o desfrutar da vida (concentrando-se nas
coisas boas e construtivas a respeito de si próprio e da situação).

Algumas atividades podem aumentar a auto-estima e significação individual,


independente da fonte de stress. Alguns exemplos poderiam incluir:

 Incentivo a atividades sociais (como festas, excursões, etc.)


 Informar-se com leitura, periódicos, internet, cursos, etc.
 Escolher um (ou vários) passa-tempo (fotografia, trabalhos manuais, esporte, etc.)

MANUTENÇÃO DO BEM-ESTAR – PREVENÇÃO TERCIÁRIA DO STRESS

Em realidade, tanto quanto possível, a prevenção terciária deve iniciar-se antes


mesmo que qualquer patologia esteja instalada, já que os “distúrbios emocionais”
provocam obstáculos à reintegração pelo caráter preconceituoso disseminado. Esses
preconceitos podem e devem ser abordados e eliminados em conjunto com outras
medidas comunitárias.

Seja após episódio de stress agudo ou crônico, a manutenção do paciente no


ambiente e na rotina anteriores é a meta principal. A mudança para outro tipo de rotina
acentua a baixa auto-estima, desmotiva o paciente e só deve ser efetuada quando se
esgotarem todas as medidas terapêuticas.
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O princípio básico que deve ser lembrado a cada hipótese de afastamento é a de


que a capacidade de assumir responsabilidade é passível de atrofia, como um músculo
que não é utilizado.

E o esforço maior ao tratar do stress é não só capacitar o ser humano para a sua
rotina, levando-se em conta que a capacidade de assumir responsabilidade está
estreitamente relacionada à vida como um todo.

QUESTIONÁRIO

1. O que, em sua vida atual, lhe traz maior stress?


2. Que tipo de respostas de adaptação ao stress você desenvolve?
3. Analise os estímulos internos (conflitos emocionais) e externos (aspectos
ambientais) desencadeantes do seu stress.
4. Que plano de combate ao stress você adotaria para seu reequilíbrio e bem-estar?
5. Comentários finais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 Revista Clínica Médica, agosto 1986, vol 4, nr 7, Artigos: “Stress e o Médico Bem
Sucedido”, e “Os Executivos e o Stress”.
 Revista CT – Revista Brasileira de Clínica e Terapêutica, ano XVII, nr 3, março
1988, Artigo: “Stress no Trabalho: Um Desafio à Medicina Moderna”.
 Revista Ars Curandi, jan/fev 1993, Manual de Conduta da Clínica Médica, Artigo:
“Os Conceitos e Distúrbios do Sistema de Stress” (Panorama Completo da
Homeostase Física e Comportamental)
 Livro, de Pethö Sandor, “Técnicas de Relaxamento”, 1982, 4ª edição, Ed. Vetor.

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