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APRESENTAÇÃO
A RECRIAÇÃO DA EMPRESA
POR INOVAÇÃO E
FORÇA EMPREENDEDORA
U m número grande de empresas contenta-se com o “mais ou menos”, com o
razoável, com o medíocre. Seus executivos dão-se por satisfeitos ao assegurar a
sobrevivência da empresa por mais um ano. Em geral, esses executivos passam
boa parte do tempo reclamando do governo, das condições econômicas, da com-
petência das próprias pessoas que compõem os quadros da empresa, de tudo em
geral. Porém dificilmente eles reclamam deles mesmos… Sua visão pessimista
em relação ao futuro e às perspectivas da empresa nesse futuro os leva a uma
única preocupação: manter o nariz acima da linha d’água…
Um número bem menor de empresas visam a muito mais que sua mera sobrevi-
vência ou ao crescimento acelerado de seus lucros nos próximos anos. Os líderes
dessas empresas desejam prosperidade, evolução, progresso. Esses são líderes
que buscam desenvolvimento.
sas por visões nobres (por exemplo, “levar a tecnologia de ponta ao alcance das
pessoas comuns”, “transformar as necessidades não-satisfeitas da sociedade em
oportunidades de negócio”), que não mencionam quaisquer atingimentos materiais.
Paradoxalmente são essas as empresas que têm experimentado crescimento mais
acelerado e resultados consistentemente superiores aos de seus competidores.
Produzir inovação de forma consistente exige, porém, muito mais do que apenas
uma boa compreensão do conceito de inovação. É preciso superar um conjunto de
premissas geralmente aceitas que levam as empresas a procrastinarem a ação. O
Coletânea A Recriação da Empresa Apresentação
“Desenvolvimento” por Inovação e Força Empreendedora
43) mostra como empresas estão investindo na melhoria da relação com seus
clientes por meio da aplicação de inovação. Esse representa um dos desafios mais
importantes para as empresas, inclusive as que atuam no setor industrial.
Inovação não acontece de forma abstrata em empresas. São as pessoas que produ-
zem inovações. Na vida das organizações modernas a figura que mais tem se
destacado na produção de inovação é o executivo empreendedor. Esta coletânea
dedica quatro artigos a esse verdadeiro herói da busca de desenvolvimento. “O
Executivo Empreendedor” (página 56) descreve a emergência do fenômeno da
força empreendedora nas organizações e aponta os caminhos para empresas que
desejam desenvolver um quadro de executivos empreendedores competentes,
talentosos e criativos. “Mantenedores X Empreendedores” (página 58) descreve as
diferenças entre o executivo mantenedor e o executivo empreendedor em relação a
seu perfil, postura e estilo gerencial. Conhecer essas diferenças é importante para
que os pontos fortes de ambos sejam valorizados e a empresa mantenha em seus
quadros gerenciais um equilíbrio adequado entre ambos os estilos/perfis.
“Intrapreneurship” (página 59) descreve a explosão da força empreendedora nas
empresas e detalha as necessidades que motivam empreendedores, um conheci-
mento vital para empresas que pretendem retê-los em seus quadros. Por fim o
check list “Força Empreendedora” (página 61) traz um conjunto de questões que
visa a auxiliar executivos e empresas a fazerem um exame do atual estágio de sua
empresa nessa dimensão e desenhar planos de ação que permitam chegar a um
estágio que assegure desenvolvimento permanente.
Esse processo contínuo de mudanças exige formar executivos que saibam lidar
com mudanças rápidas e constantes. O artigo “Lidando com Mudanças de Forma
Coletânea A Recriação da Empresa Apresentação
“Desenvolvimento” por Inovação e Força Empreendedora
INOVAÇÃO
H oje no Brasil muitas organizações e o próprio país parecem estar presos a
vários tipos de círculo vicioso:
• Não é possível pensar no longo prazo porque os problemas de curto prazo estão
ameaçando a própria sobrevivência da empresa. Por não se planejar a longo
prazo quando chega-se ao amanhã a empresa está atolada de problemas... de
curto prazo.
• O governo sente que não consegue administrar o país porque os cidadãos não
se envolvem e não participam o suficiente. Muitos cidadãos não se envolvem,
nem participam, porque sentem que o governo não está administrando.
• A economia não entra nos eixos porque muitos especulam em vez de produzir.
Muitos “ficam na retranca” – especulando porque a economia não vai bem.
• Não se investe porque a empresa vai mal. A empresa vai mal porque não tem
investido e está perdendo competitividade.
Idéias Amana procura trabalhar o que está na base destes aparentes paradoxos,
fundamentando-se na tese de que inovação é função única da força das pessoas e
pode acontecer independentemente das dificuldades conjunturais, dos problemas
econômicos e das situações de crise. Aliás, não seria a própria inovação um pode-
roso instrumento para superar dificuldades/problemas/ crises?
Não fosse assim, como explicar o fato de empresas tecnicamente falidas (na
opinião de especialistas) conseguirem reverter a posição, em certos casos após
troca dos executivos de cúpula, em outros sem mudar um executivo sequer?
Como explicar os casos de empresas que conseguem crescer e ter sucesso, mes-
mo durante épocas muito difíceis? Como explicar os exemplos de empresas no-
vas, pequenas, que chegam a desafiar e superar empresas há muito instaladas no
mercado e de grande porte?
A solução dos problemas que se vivem hoje (qual o país ou empresa que não os
A solução de problemas e o
aproveitamento de oportu- tem?) e o aproveitamento otimizado de seu potencial dependem exclusivamente
nidades só dependem da da força das pessoas e da vontade de inovar; dependem da disposição de
força das pessoas e do dese- efetivamente resolver o problema, do “pique” e persistência de todos, da capacida-
jo de inovar. de de harmonizar interesses/negociar/dialogar, da competência das pessoas, de
garra em superar barreiras, de atitudes construtivas e de alto envolvimento, da
criatividade de todas as pessoas envolvidas. Há uma forte tendência, nos dias de
hoje, a valorizar o lado ruim das coisas, a fazer prognósticos negros, a queixar-se
do que não vai bem e esperar que alguém resolva tudo isso um dia. Enquanto
isso, espera-se...
Inovar exige humildade. Humildade para reconhecer que o futuro trará possibili-
dades com as quais nem sonhamos e nem compreendemos hoje. Humildade para
ouvir idéias, para explorar o desconhecido, para aprender tentando. Humildade
para reconhecer que mudanças estão em curso queiramos ou não, e que é preciso
Coletânea Inovação Idéias Amana • Ano I Nº 8 • Novembro 1988
“Desenvolvimento” Copyright Amana-Key Editora 1988
agir em relação a elas. Humildade para não subestimar os concorrentes, para não
dormir sobre os louros, para não se acomodar sobre as conquistas de hoje.
Inovar, enfim, exige pessoas que acreditam que existem caminhos novos que
levarão a superar as barreiras existentes e que conduzirão aos objetivos almejados.
Inovação não é gerada por análises racionais calcadas no que existe, no que se vê.
Inovação é gerada por fé (convicção de que será possível) e muito, muito trabalho.
Os artigos a seguir são dedicados a essas pessoas de fé que efetivamente geram
evolução e constroem o amanhã de organizações e da sociedade como um todo.
Coletânea Novo em relação a quê? Idéias Amana • Ano I Nº 8 • Novembro 1988
“Desenvolvimento” Copyright Amana-Key Editora 1988
CONCEITUANDO INOVAÇÃO
Empresas excessivamente I novação é um conceito relativo. Embora muitos usem a expressão como se seu
introspectivas podem estar significado fosse absoluto e único, é preciso saber, em se tratando de inovação, antes
“reinventando a roda” ou de mais nada, em relação a quê o que se tenta fazer é novo.
sendo as últimas a “inovar”
no mercado. Inovação es- • O novo dentro da empresa: toda inovação é, obviamente, algo inédito para a
trategicamente útil requer empresa que a implementa. Entretanto, nem tudo é inovação em relação àquilo que
acompanhamento cuidado-
se faz fora da organização. Outras empresas do ramo podem estar muito à frente,
so do que se faz dentro e
fora da empresa não só em termos de tempo (podem estar usando a inovação há muito tempo),
como em termos de estágio de desenvolvimento (já evoluíram muito tecnologica-
mente a partir da experiência/vivência anterior).
O extremo aqui é a empresa que é uma das últimas a introduzir determinada inova-
ção: embora efetivamente implantando algo novo, ela pode, paradoxalmente, estar em
deterioração/declínio no mercado...
Dentro de uma empresa podem existir, ainda, setores que estejam inovando com
maior vigor que outros. Dentro do raciocínio desenvolvido acima, inovações introduzi-
das em certas áreas (algo novo para a área) podem estar sendo utilizadas em outras já
há algum tempo.
INFORMAÇÃO E INOVAÇÃO
CONCEITUANDO INOVAÇÃO
OS OBJETIVOS DA INOVAÇÃO
“Para que inovar?” e “Em E m última instância, inova-se à busca da realização da visão maior (o que se
que inovar?” são questões quer construir, onde se quer chegar) dos líderes/dirigentes e para assegurar a
básicas que definem a quali- perpetuação da empresa em ambientes em contínuo processo de mudança. Inova-
dade e eficácia do manage- se para otimizar os resultados quantitativos e qualitativos da empresa, num ade-
ment da inovação nas em-
quado equilíbrio entre curto, médio e longo prazos.
presas. Examiná-las em pro-
fundidade também aju- Na busca desses objetivos maiores, há sub-objetivos importantes, que devem ser
da a definir melhor o pró-
prio conceito de inovação perseguidos ao longo do tempo. Nesse sentido, inova-se visando a:
nas organizações.
• tornar-se mais competitivo e eficaz no embate com concorrentes;
• fazer com que a qualidade do produto atinja os padrões dos clientes-alvo, numa
percepção custo-benefício (por parte dos clientes) mais favorável que aquela
conseguida pelos concorrentes;
Coletânea Os Objetivos da Inovação Idéias Amana • Ano I Nº 8 • Novembro1988
“Desenvolvimento” Copyright Amana-Key Editora 1988
EM QUÊ INOVAR?
– inovação nas necessidades do cliente que o produto visa a atender (por exem-
plo, transporte ou diversão/lazer);
– inovação em marketing;
CONCEITUANDO INOVAÇÃO
INOVAÇÃO E TEMPO
Inovar é algo intrinsecamen- Q ualquer que seja a postura básica da empresa face à inovação, o conceito de
te vinculado a tempo, prin- tempo está fortemente presente:
cipalmente se examinado
dentro de um contexto de • conquistar vantagem competitiva por conseguir inovar primeiro (a vantagem do
acirrada competição. Enten- atacante), conseguir força competitiva por ser o melhor, chegar ao recorde
der esse vínculo ajuda a antes que qualquer outro;
melhor definir o próprio
conceito de inovação. • ser o primeiro a enxergar as oportunidades que mudanças no ambiente estão
abrindo;
• ser o primeiro a explorar uma invenção recente, “criando uma nova aplicação/
necessidade” junto ao mercado.
• O dispêndio de energia necessário para ser o segundo não seria até maior do
que para ser o primeiro?
• O risco aqui não seria de, na tentativa de controlar as coisas para ser o segundo,
acabar sendo um dos últimos?
Coletânea Inovação e Tempo Idéias Amana • Ano I Nº 8 • Novembro 1988
“Desenvolvimento” Copyright Amana-Key Editora 1988
• A cautela inerente à estratégia para ser o segundo não mataria a força de inova-
ção das pessoas da organização?
Inovação e tempo caminham juntos. Assim como não podemos fazer o tempo
voltar atrás, o terreno perdido por causa de inovações não feitas jamais será
recuperado.
Coletânea Premissas Falaciosas Idéias Amana • Ano I Nº 8 • Novembro 1988
“Desenvolvimento” sobre Mudança e Inovação Copyright Amana-Key Editora 1988
Com base neste tipo de premissas as empresas deixam de fazer qualquer esfor-
ço no estudo de tendências ou na busca de inovações. Elas sempre esperam
chegar o amanhã para fazer o que for necessário. Contudo, muitas vezes quando
o amanhã chega, com as mudanças já em curso e os concorrentes com suas
inovações, não há mais nada a fazer. Já é tarde demais para reagir.
Coletânea Premissas Falaciosas Idéias Amana • Ano I Nº 8 • Novembro 1988
“Desenvolvimento” sobre Mudança e Inovação Copyright Amana-Key Editora 1988
A história mostra que as mudanças estão acontecendo a ritmos cada vez mais
acelerados, nos mais variados campos e de forma sinérgica, o que potencializa
seus efeitos sobre as empresas. Certas mudanças estão em curso já há vários
anos. Ataques “silenciosos” através de nichos de mercado podem estar em de-
senvolvimento há muito tempo. Quando “estouram” e aparecem, já adquiriram
enorme força de momentum. Neste ponto, já não há mais tempo para contra-
atacar.
“Em time que está ganhando não se mexe.” Ao buscar a preservação do que se
construiu, evitando correr os riscos da inovação, a empresa na verdade acaba
assumindo um outro tipo de risco: o de não inovar/estagnar. São esses dois
tipos de riscos (inovar versus não-inovar) que o executivo precisa colocar na
balança ao decidir.
Essa é uma premissa/barreira muito comum, que deixa de lado o fato de que
mudanças e inovações têm tudo a ver com a luta do dia-a-dia de amanhã. A
incapacidade de lidar com coisas não concretas/não imediatas acaba aleijando a
empresa do amanhã, por absoluta falta de preparação e excesso de improvisações.
Monitoração dos concorrentes não é algo novo. Menos comum é olhar a con-
corrência através de prismas mais coerentes com o que vem ocorrendo nesta
era de transição e mudança acelerada. Fornecedores e clientes poderão vir a se
tornar concorrentes? Ou talvez competidores virão de setores totalmente dife-
rentes? De que forma a globalização da economia virá a gerar novos tipos de
concorrentes e novas formas de concorrência?
Coletânea Inovação e Idéias Amana • Ano I Nº 8 • Novembro 1988
“Desenvolvimento” o Longo Prazo Copyright Amana-Key Editora 1988
(3) Poderá a estrutura organizacional da empresa ter que ser alterada em função
dessas mudanças? A estrutura do futuro manterá semelhança com atual?
(4) Como serão as relações entre pessoas nessa organização do futuro? Como
será a relação chefe-subordinado? E os processos de comunicação?
(5) Como serão tomadas as decisões nos diferentes escalões da organização? Com
que recursos poderá o executivo contar para otimizar suas decisões?
(6) Como as áreas funcionais hoje existentes (marketing, finanças, produção etc.)
serão afetadas pelas mudança? Novas funções poderão emergir?
Questões como essas chocam-se com as preocupações de curto prazo que pressi-
onam o tempo dos executivos. É o clássico conflito entre o curto e o longo prazos,
na verdade, um conflito aparente.
Coletânea Inovação e Idéias Amana • Ano I Nº 8 • Novembro 1988
“Desenvolvimento” o Longo Prazo Copyright Amana-Key Editora 1988
Empresas que procuram alta coerência entre curto e longo prazos estão prepara-
das a introduzir mudanças imediatas, a curto prazo, em função do longo prazo. É o
caso da empresa que decide ajustar sua estratégia hoje em função de tendências
de longo prazo. Ou então de empresas que decidem assumir liderança a curto
prazo, em termos de aplicações pioneiras em tecnologia, para assegurar vanta-
gens competitivas de grande impacto nos anos que se seguirão.
Frases feitas como “não consigo sequer planejar os próximos dias; quanto mais
alguns anos à frente” não podem estar presentes no discurso de executivos de alta
administração. Cabe a esses dirigir a organização de forma segura nas turbulênci-
as de curto prazo em direção a objetivos maiores, de longo prazo. Para isso, é
preciso know-how sobre gestão do elo de ligação permanente existente entre
curto e longo prazos.
BARREIRAS À INOVAÇÃO:
DESAFIOS AO MANAGEMENT
1. AUSÊNCIA DE SENSO DE DIREÇÃO
O potencial de inovação e
desenvolvimento de empre- Empresas que não sabem para onde ir permanecem andando em círculos,
sas é limitado por um con-
mesmo que estejam introduzindo inovações. O que estamos querendo cons-
junto comum de deficiênci-
as em sua estrutura, cultura truir a longo prazo? Onde queremos chegar? O que visamos a conquistar?
e liderança. Encarar essas Onde exatamente estamos hoje em relação àquilo que desejamos? O que estamos
deficiências como desafios fazendo hoje está nos levando na direção certa? E o que não está no caminho
permite a líderes bem inten- correto? Questões como essas, respondidas adequadamente pelos líderes da
cionados reverter – em pou-
co tempo – a postura nega- organização, dão um senso positivo de direção que canaliza a força de inovação
tiva da empresa em relação no sentido apropriado. É importante observar que a organização deve sentir
à inovação e acelerar seu muita segurança/convicção por parte dos líderes no que se refere à direção a
desenvolvimento. seguir. Se houver instabilidade, conflitos na cúpula, saídas bruscas de executi-
vos etc. não haverá força na direção
2. ESTRUTURA DESAJUSTADA
3. CLIMA INADEQUADO
A força de inovação de uma organização pode estar sendo inibida pelo clima
vigente: excessiva preocupação com os resultados imediatos, proteção do negó-
cio existente, punições exageradas a quem erra desencorajando novas iniciativas
etc. As pessoas na empresa sentem-se à vontade para tentar coisas novas, experi-
mentar? Erros e fracassos são encarados naturalmente como parte do processo e
como fonte de aprendizagem? O clima da empresa é de censura ou de apoio/
encorajamento a idéias novas? Que tipo de mensagens o comportamento do dia-
a-dia da alta administração passa à organização como um todo: empenho total na
busca de melhores maneiras de fazer as coisas na empresa ou fazer as coisas
funcionarem sem problemas e sem surpresas? Um ponto-chave dessa dimensão:
o clima é reflexo do que a alta administração efetivamente quer.
4. FALTA DE INCENTIVOS
“Inovar ou não – nesta empresa não faz diferença...”. Essa frase ilustra bem a
barreira da falta de incentivos à inovação. Os dirigentes podem até estar
enfatizando a importância da inovação em suas comunicações. Entretanto, na
medida em que novas idéias são tentadas e nada acontece (nenhum reconheci-
mento, nenhum incentivo), o processo de inovação não decola. Há inúmeros
tipos de incentivos que uma empresa pode usar para motivar as pessoas a
inovar: reconhecimento por parte dos superiores quando as pessoas procuram
inovar (mesmo que não tenha dado certo), elogios públicos, promoções vincu-
ladas a posturas positivas de busca de inovação e a inovações implantadas.
Incentivos materiais poderiam incluir gratificações, bônus, prêmios, participa-
ções. Programas formais de incentivo à inovação (campanhas, concursos) po-
dem também ser criados sob medida para áreas específicas e/ou para a empre-
sa como um todo.
5. FALTA DE DESAFIOS
6. COMUNICAÇÃO DEFICIENTE
8. RACIOCÍNIO INCREMENTAL
9. INTROSPECÇÃO EXCESSIVA
10.FALTA DE HABILIDADE
INOVAÇÃO E UTOPIA
Muitas vezes barreiras e pre- “I sso é utopia”. Quantas idéias brilhantes são barradas todos os dias com esta
conceitos culturais bloque- frase simples, mas de assustador impacto! É tamanha sua força que outras explica-
iam a capacidade de inovar ções nem se fazem necessárias para justificar a avaliação e a sentença! Tudo fica
de pessoas e organizações. dito: a idéia é definitivamente irrealizável e seu autor um “sonhador.”
Uma mudança profunda
nessas atitudes é indispen- Usam essa frase com freqüência os que se julgam pragmáticos por excelência e os
sável para organizações que céticos, os “vividos” que, “escaldados” muitas vezes, profetizam fracassos a cada
desejem prosperar em tem-
pos de mudanças. movimento não rotineiro na empresa.
Se, por um lado, existem muitos que desistem à primeira acusação de “utópico”
(na cultura vigente no país isso às vezes soa como “baixo calão...”), felizmente
ainda existem os que não só ousam sonhar, como também perseguem paciente,
persistente e obstinadamente a efetiva concretização do que sonham.
(l) muitas pessoas tendem a negar o sonho por não conhecerem caminhos que
levem à sua concretização; ou seja, só acreditam no que vêem, no que já existe;
(2) há, em geral, pouquíssima fé na capacidade criativa das pessoas; existe uma
tendência à rejeição da capacidade de se criarem soluções completamente
inéditas ao se buscar a realização de um sonho.
Idéias Amana é dirigida aos executivos de vanguarda que ousam sonhar com
empresas e sociedades excepcionais e que estão sempre proativamente à busca
de inovações que levem as pessoas cada vez mais próximas da perfeição e da
excelência com a qual todos sonham!
Coletânea Cultura: Barreira à Inovação? Idéias Amana • Ano II Nº 2 • 1989
“Desenvolvimento” Copyright Amana-Key Editora 1989
CULTURA: BARREIRA
À INOVAÇÃO?
A CULTURA “DOENTE”
Empresas à busca de inova- Um número considerável de empresas encontra-se, porém, numa situação intermedi-
ção e desenvolvimento pre- ária, mais complexa: elas sentem necessidade de inovar para sobreviver e ter suces-
cisam desenvolver uma cul- so, mas possuem uma cultura “doente”, que bloqueia o processo. Há algumas varia-
tura organizacional saudá- ções desta situação:
vel que privilegie a cria-
tividade e a execução com- • a alta administração demanda inovação, mas não altera os componentes de cultura
petente e veloz. que bloqueiam inovações, por não conseguir enxergar a relação existente entre eles.
Mensagens contraditórias são transmitidas à empresa: o discurso da alta administra-
ção é “a favor” de inovação, mas outros elementos da cultura (critérios de inclusão/
exclusão, estrutura organizacional, critérios de compensação etc.) são “contra”. Re-
sultado: uma forma de “paralisia” e, obviamente, ausência de inovação;
• a alta administração procura introduzir uma “nova cultura” para incentivar inova-
ção, porém não trabalha a cultura existente. A cultura em vigor “anula” a nova
cultura, e praticamente nada acontece;
• a alta administração quer mudar a cultura existente, mas limita-se mais às intenções e
discursos, não agindo o suficiente. A cultura não muda e resultados não aparecem;
Essa é uma opção viável para empresas que pensam a longo prazo. Organizações
orientadas pelo curto prazo tendem a entrar em círculos viciosos em termos de
construção/destruição/construção, por “espasmos”, de partes de sua cultura, ao
buscar soluções instantâneas para os problemas que vão surgindo. O resultado
desse tipo de processo é o enfraquecimento da cultura e da estrutura da empresa.
Evitar que a cultura bloqueie a inovação e, além disso, seja um propulsor onipresente
e natural de inovações, requer um trabalho consciente, refinado e cuidadoso, abran-
gendo inúmeros aspectos da vida organizacional de maneira contínua e integra-
da. Não basta trabalhar apenas parte dessas dimensões. O que se consegue em uma
dimensão acabará sendo anulado pela falta de cuidados em outras, e o objetivo final
não será atingido. O artigo “Compatibilizando Cultura e Inovação” a seguir tem por
objetivo dar uma idéia da amplitude dos aspectos que precisam ser trabalhados ao se
buscar evolução da cultura para transformá-la numa das principais molas propulsoras
da inovação/renovação na empresa.
Coletânea Compatibilizando Cultura e Inovação Idéias Amana • Ano II Nº 2 • 1989
“Desenvolvimento” Copyright Amana-Key Editora 1989
COMPATIBILIZANDO
CULTURA E INOVAÇÃO
1. CULTURA TRANSMITIDA POR MATERIAIS FORMAIS: MANUAIS DE POLÍTICAS,
Nas empresas em que a cul-
tura atinge grau elevado de DECLARAÇÕES DE FILOSOFIA, RESOLUÇÕES DA PRESIDÊNCIA ETC.
“estabilidade/maturidade”,
inovação pode ser vista Quando cultura é barreira à inovação
como fonte de riscos e pro-
• Predominância de diretrizes como: “manter o que já existe”, “evitar riscos desne-
blemas: se inovação tornar-
se algo essencial às estraté- cessários”, “investir com muita cautela” etc, que passam mensagens indiretas (“ino-
gias da empresa, é preciso vação não é prioridade”, “inovação é risco” etc.), inibindo novas idéias/projetos.
trabalhar as dimensões que
definem essa “maturidade • Excessiva quantidade de diretrizes burocratizantes que privilegiam controle e
estagnadora” visando a neu- prevenção de erros.
tralizar as forças negativas e
transformá-las em vetores • Ausência de diretrizes voltadas especificamente à inovação.
pró-inovação. Este quadro
tem por objetivo ilustrar o • Planejamento baseado em projeções lineares do passado.
que pode ser feito na prática
nesse sentido. Transformando em uma cultura pró-inovação
• Segregação física entre áreas que supostamente devem criar/inovar (por exem-
plo design, produtos etc.) e áreas que supostamente “não precisam” inovar (por
exemplo finanças, operações etc.).
• Crença de que talentos custam caro e tendem a “criar distúrbios, podendo até
estragar aquilo que anda bem”. Crença de que pessoas medianas, “normais”,
são suficientes (e ideais) para “tocar” a empresa.
• Criar sistemas mais flexíveis que acomodem variações situacionais e dêem es-
paço para a criatividade e engenhosidade das pessoas.
• Tendência, quando há problemas, a demitir pessoas que têm entre suas atribui-
ções projetos de longo prazo e geração/implantação de inovações.
• Reação emotiva e precipitada dos líderes da empresa às crises, uma vez que
estes não encontram-se preparados para enfrentá-las de maneira eficaz, afetando
profundamente a qualidade das decisões.
SABEDORIA E INOVAÇÃO
Aparentemente contraditó- S abedoria não é algo normalmente associado à inovação. Para muitas pessoas,
rios, os conceitos de sabe- sabedoria está mais vinculada a cautela, prudência, moderação, comedimento. Por
doria e inovação na verdade seu lado, inovação parece estar preponderantemente associada a risco, experi-
complementam-se na busca mentação, ousadia, impetuosidade.
que organizações e pessoas
empreendem em direção a Sabedoria e inovação estariam, dentro desse contexto, em pólos opostos? “Inovar
missões nobres. com sabedoria” seria um paradoxo? Algo que, por natureza, implica em contradi-
ção? Inovação seria algo mais próprio dos jovens e sabedoria uma seara dos
veteranos?
A busca por inovação – algo essencial para a administração voltada aos desafios
dos anos 90 – pressupõe inúmeros riscos. Tanto é que inúmeras tentativas de
inovação não atingem os resultados almejados. Não seria válido pressupor que os
fracassos são mais freqüentes quando há carência de sabedoria na base do proces-
so de inovação? Talvez inovações de sucesso sempre tragam em seu bojo uma boa
dose de sabedoria que dê equilíbrio ao ímpeto que impele as pessoas em direção
ao novo, ao inédito e a um constante evoluir.
Bom senso não no sentido de ser conservador, de agarrar-se tão somente ao conhe-
cido e às soluções já testadas anteriormente. Mas no sentido da sensatez de reco-
nhecer a necessidade de mudar, de renovar-se, de inovar continuamente, para po-
Coletânea Sabedoria e Inovação Idéias Amana • Ano II Nº 12 • 1989
“Desenvolvimento” Copyright Amana-Key Editora 1989
Assim como alto envolvimento e ímpeto para inovar não são privilégio dos jovens,
sabedoria também não significa tempo de experiência. Se, de uma um lado, há os
que evoluem a cada dia, extraindo sabedoria de tudo que vivenciam, há muitos
outros que permanecem estagnados como meros espectadores passivos de suas
próprias vidas…
Mas… sabedoria para quê? Para levar a organização a que objetivos? Certamente
não para a realização de objetivos obscuros, não para a conquista de maior poder.
Sabedoria não se sintoniza com esse tipo de objetivos, nem tampouco com a busca
indiscriminada de lucro, realização de objetivos não nobres, missões sem signifi-
cado. Sabedoria parece exigir algo maior. Talvez seja sobre isso que as empresas
devam estar refletindo e agindo nestes tempos de transição e mudanças acelera-
das. Porque as inovações talvez sejam conseqüências naturais de uma sintonia
precisa da organização com esse algo maior… Não estaria aí a verdadeira conexão
entre sabedoria e inovação?
Coletânea O Binômio Idéias Amana • Ano II Nº 1 • 1989
“Desenvolvimento” Qualidade/Inovação Copyright Amana-Key Editora 1989
ESTRATÉGIA DE BASE
O BINÔMIO QUALIDADE/
INOVAÇÃO
Hoje em dia é impossível O conceito de que qualidade é algo a ser visto pelo prisma do cliente parece
pensar-se em qualidade sem disseminado e aceito pelos executivos em geral: para chegar-se a padrões ótimos
associá-la à inovação. Se de qualidade é preciso saber o que o cliente (e não a empresa) considera excelen-
qualidade depende dire- te nos variados atributos do produto ou serviço. Esse conceito tem, no entanto,
tamente do grau de sintonia
entre a empresa e seus cli- uma série de complexas implicações práticas.
entes, a manutenção do ní-
Na prática produzir produtos em perfeita sintonia com as especificações definidas
vel de excelência dessa sin-
tonia depende da capacida- pelos clientes não é suficiente, pois “o que o cliente acha excelente” não é consti-
de de inovação. tuído apenas por aspectos objetivos. Há muitos outros, de caráter subjetivo, que
têm alta relevância na percepção – pelo cliente – da qualidade do produto. Por
exemplo:
Isso significa que é inútil investir energia e recursos buscando melhorar a qualida-
de, se essa não for percebida de forma adequada pelos clientes.
Coletânea O Binômio Idéias Amana • Ano II Nº 1 • 1989
“Desenvolvimento” Qualidade/Inovação Copyright Amana-Key Editora 1989
É possível que uma empresa impecável, que gere produtos igualmente impecá-
A busca de maior valor para
veis, de forma perfeitamente ajustada às necessidades dos clientes, possa perder
o cliente leva naturalmente
a uma busca constante por qualidade e mercado da noite para o dia?
inovações que forneçam
esse valor. Por isso qualida- Decididamente, sim. Basta que a empresa se acomode, mesmo que por pouco
de e inovação são indis- tempo. As exigências dos clientes, em constante e rápida evolução, podem se
sociáveis. distanciar significativamente dos produtos da empresa. Ou, mais sério ainda, con-
correntes poderão introduzir inovações revolucionárias, que alterem instantanea-
mente os padrões de qualidade dos clientes, fazendo com que a percepção do
nível de qualidade dos produtos da empresa seja alterada de forma igualmente
instantânea, com grande impacto na relação empresa-cliente.
A estratégia básica de gerar mais valor para os clientes leva cada vez mais natu-
ralmente a uma busca constante de inovação. É nesse sendo que é impossível
pensar-se em qualidade sem pensar em inovação. E, conseguir fazer com que a
empresa como um todo busque inovação de forma contínua, consistente e natu-
ral, representa hoje um dos grandes desafios para executivos de cúpula à busca
de resultados excepcionais.
Coletânea Inovação em Serviços Idéias Amana • Ano II Nº 1 • 1989
“Desenvolvimento” Copyright Amana-Key Editora 1989
INOVAÇÃO EM SERVIÇOS
Inovação em serviços não O consumidor é uma entidade em permanente mutação, exigindo níveis conti-
somente é possível, como nuamente mais elevados dos atributos que busca nos serviços que necessita. Essa
representa um dos desafios transformação é causada não apenas por mudanças sociais amplas, mas também
mais importantes para as por ação dos próprios concorrentes, que por meio de inovações criam novos
empresas, inclusive as que
padrões de qualidade para serviços específicos.
atuam no setor industrial.
É pela inovação que as empresas conseguem atender – e até mesmo superar – às
necessidades e expectativas dos consumidores em transformação, num padrão
acima dos concorrentes, assegurando atração e retenção de clientes e força de
competição.
Esse esforço de inovação pode, em uma empresa de serviços, ser canalizado para
duas áreas, com implicações e impactos diferenciados. A primeira, em geral mais
lembrada, é a própria tecnologia central do negócio. É o caso, por exemplo, da
automação bancária e dos caixas eletrônicos, da “revelação instantânea” de filmes,
da introdução da editoração eletrônica (desktop publishing) e outros. São inovações
que estabelecem uma verdadeira revolução, alterando a própria estrutura do ne-
gócio.
Isso não significa que empresas de menor poder econômico não possam inovar
com sucesso. Existe outra área de fantásticas oportunidades para inovação em
serviços, com alto potencial estratégico. São inovações em práticas gerenciais, na
Coletânea Inovação em Serviços Idéias Amana • Ano II Nº 1 • 1989
“Desenvolvimento” Copyright Amana-Key Editora 1989
ESTIMULANDO A INOVAÇÃO
• elevar a proximidade com o mercado por meio de contatos “ao vivo” de executi-
vos e colaboradores-chave com clientes atuais e potenciais. Instituir “dias de
venda” nos quais vendas/atendimentos sejam feitos por eles para geração de
“experiências de primeira mão”. Trabalhar os insights gerados em seminários/
debates internos;
assumindo proporções cada vez mais amplas, incluindo a venda de pacotes inte-
grados, que aliam aos produtos serviços como instalação, treinamento, consultoria
e outros. São serviços que acabam constituindo-se em fontes de resultados tão ou
até mais importantes que os próprios produtos. A propósito, “quais são os produ-
tos e quais os serviços inerentes ao negócio de sua empresa?” Essa é uma questão
básica a ser formulada com freqüência, em cujo bojo repousa um grande desafio
para os executivos, na medida em que respostas refinadas serão diferentes a cada
momento, cada qual a exigir mais e melhores inovações.
Além daquelas barreiras comuns aos processos de inovação e mudança, como falta
Empresas/atividades de ser-
viços precisam atentar a al- de efetiva vontade de inovar, comodismo, tendência à manutenção do status quo,
gumas barreiras à inovação problemas políticos etc., o setor de serviços apresenta alguns bloqueios à inovação
que são típicas/peculiares a bastante peculiares e, no geral, fruto de suposições infundadas e preconceitos.
esse tipo de organização.
1. “Só dá para inovar usando tecnologia”: é a suposição de que só será
possível inovar com uso de tecnologia, levando a uma ênfase excessiva a essa
fonte de inovação em detrimento a outras. Como decorrência a empresa se-
quer leva em conta as inovações não tecnológicas possíveis por meio de apri-
moramentos criativos nas práticas do dia-a-dia, especialmente aquelas mais
soft, que envolvem pessoas e alguma forma de gerenciamento.
contrário (“é ilimitado o espaço para inovação em serviços”) para que o espírito
criador seja liberado e a empresa consiga inovar sempre. Na verdade, existem
vários exemplos no dia-a-dia de inovações altamente criativas em áreas nas quais
imaginava-se impossível criar algo novo (o setor de fast-food é um deles).
A ESSÊNCIA DA INOVAÇÃO
Q ue mudanças de valores estão afetando o management das organizações?
Quais os novos paradigmas
• Que tipo de estrutura de poder e liderança irá emergir para substituir a atual?
das transformações pesso-
ais, organizacionais e soci- • Qual será a forma de organização da sociedade que irá prevalecer no futuro?
ais que caracterizam os dias
de hoje? São os valores emer- • A sociedade de consumo irá perdurar? Que tipo de sociedade tende a substituí-la?
gentes que exigem das em-
presas inovações estratégicas? • A que se atribui esse sentimento de declínio da sociedade, de governos, das
estruturas tradicionais? O que explica a aparente alienação de vasta parte da
sociedade?
Um número cada vez maior de líderes de negócios parece estar em busca de uma
Entender o que está mudan-
do será mais fácil se capta- nova perspectiva que responda às questões de caráter fundamental. A obra de
mos a essência das transfor- Marilyn Ferguson fornece aos executivos um quadro de referência que responde
mações em curso. a essas inquietações, indo ao cerne, à essência das questões.
Uma vez que se capte a essência das transformações em curso, muitos dos fenô-
menos e tendências aparentemente inexplicáveis parecerão encaixar-se no lugar
certo. Ficará mais fácil entender o que está mudando a nível das pessoas, das
organizações e do ambiente maior. Cada um terá mais confiança em si e, como
conseqüência, nos outros.
Como declara Ferguson: “Não podemos ficar esperando que o mundo se transfor-
me e nos mude. Nos somos a própria força transformadora do mundo.”
OS NOVOS PARADIGMAS
Inovação como estratégia pode trazer benefícios e resultados para a empresa muitas
vezes não tão óbvios: imagem positiva perante o governo e a comunidade em geral,
respeito e admiração de fornecedores e competidores, admiração da imprensa e dos
meios de comunicação, imagem favorável nos meios financeiros e entre investido-
res etc. São resultados “paralelos” que transformam-se em resultados econômico-
financeiros ao longo do tempo. As organizações que têm na inovação uma de suas
forças estratégicas não têm deixado de tornar públicas suas inovações: em artigos
em publicações especializadas, na própria propaganda dos produtos, em propagan-
da institucional etc. São inúmeras as alternativas de que as empresas dispõem para
comunicar sua força inovativa à sociedade. Cabe à alta administração alocar recur-
sos e atenção ao gerenciamento dos importantes sub-produtos do processo de ino-
vação nas empresas.
A IMPORTÂNCIA DA EXPERIMENTAÇÃO
INOVAÇÃO EM EQUIPE
A ERA DA INFORMAÇÃO
des fantásticas não são perdidas por preconceitos e falta de abertura para inovações/
formas criativas de ajustamento às mudanças na sociedade?
O EXECUTIVO EMPREENDEDOR
A força empreendedora é
I novação, um dos mais importantes geradores de vantagem competitiva e
algo latente em todas as pes- desenvolvimento, está intimamente ligada ao chamado espírito empreendedor ou
soas e pode ser despertada, força empreendedora (entrepreneurship).
desde que exista real inten-
ção da alta administração A força empreendedora é a capacidade de fazer algo “decolar do zero”, de fazer
em fazê-lo. novas idéias concretizarem-se e serem bem sucedidas.
Embora esse germe esteja presente nas pessoas, nem todos sentem-se confortá-
veis e à vontade no papel de empreendedores. Muitos preferem desempenhar
outros papéis com os quais aparentemente conseguem compatibilizar melhor suas
características pessoais. Um papel normalmente contraposto ao do executivo em-
preendedor é o do executivo mantenedor, que é eficaz e sente-se à vontade admi-
nistrando algo já estruturado, já em andamento, já “decolado”.
A caracterização desses extremos traz à tona alguns pontos importantes para reflexão:
• o executivo ideal para a realidade que as empresas estão enfrentando não seria
alguém que tivesse ambas as capacidades bem desenvolvidas (ou seja, ser ca-
paz de “decolar coisas do zero”, de inovar em pequenos detalhes do trabalho
que desenvolve etc., e, ao mesmo tempo, ser capaz de administrar eficazmente
empreendimentos já “decolados”)?
(2) Clima de confiança: fornecer suporte/apoio que passe mensagens do tipo “vá
em frente e tente, que ajudaremos a fazer funcionar.”
(2) Compensação por inovação: “donos” de idéias bem sucedidas são recompensa-
dos financeiramente, podem progredir verticalmente ou lateralmente na carrei-
ra e recebem vários tipos de reconhecimento pela alta administração e pela
empresa como um todo.
(3) Inovação incluída entre objetivos de áreas e da empresa como um todo: objeti-
vos expressos não só em números, mas também em termos qualitativos (no-
vos produtos, novas conquistas e inovações em áreas específicas).
Coletânea O Executivo Empreendedor Idéias Amana • Ano I Nº 2 • Maio 1988
“Desenvolvimento” Copyright Amana-Key Editora 1988
(1) Recursos específicos para inovação: cada executivo pode investir, a cada ano,
uma determinada porcentagem dos lucros de sua unidade em novas idéias.
MANTENEDORES X
EMPREENDEDORES
ERROS Esforça-se em evitar erros e poster- Procura fazer dos erros experiênci-
ga o reconhecimento de falhas as de aprendizagem e segue em
frente.
DECISÃO Concorda com aqueles que têm Segue sua visão pessoal tentando
poder. Adia decisões até ter per- fazer os demais concordarem com
cepção do que os chefes quererem. ela. Decisivo, orientado para a ação.
Coletânea Intrapreneurship Idéias Amana • Ano I Nº 7 • Outubro 1988
“Desenvolvimento” Copyright Amana-Key Editora 1988
INTRAPRENEURSHIP
• Na medida em que capital não é mais o fator estratégico chave e sim o talento e
a informação, abrem-se amplas perspectivas à força empreendedora;
não durarão para sempre. O risco de perder o emprego dentro das empresas
cresceu, estimulando as pessoas a buscar oportunidades fora, por meio de seus
próprios negócios;
AS NECESSIDADES DO EMPREENDEDOR
FORÇA EMPREENDEDORA
• A organização tem praticado a inovação como forma de obter vantagem compe-
Assegurar capacidade de
inovação/renovação da em- titiva frente a seus concorrentes? O planejamento estratégico prevê espaço ao
presa como um todo; asse- desencadeamento de projetos de inovação/renovação sob forma de novos pro-
gurar força empreendedora dutos e processos, novas práticas administrativas, de marketing etc? Ou predo-
da organização; assegurar
mina na cúpula o sentimento de que a empresa já domina uma tecnologia e um
“decolagem” de novos pro-
jetos e programas estrategi- mercado “maduros”, e por isso não precisa inovar?
camente relevantes – todas
• Existe, acima das políticas e objetivos, uma visão maior, fruto do espírito empre-
essas são responsabilidades
importantes do manage- endedor dos fundadores/iniciadores do negócio? Ou as coisas caminham roti-
ment. Utilize as questões neiramente e não há mais o desejo de empreender e buscar algo maior? O
apresentadas neste artigo sentimento de pioneirismo e o orgulho empreendedor dos fundadores ainda
para avaliar como está a
existem na empresa? Os executivos de cúpula identificam-se com esse senti-
qualidade da administração
de sua empresa em relação mento, ou julgam-se apenas responsáveis parciais pelos destinos do negócio?
a essas dimensões.
• A empresa investe planejadamente no desenvolvimento de sua força empreen-
dedora? Esse assunto é trazido à tona de forma sistemática nos processos de
planejamento anual? Quais formas de investimento a empresa mais utiliza para
desenvolver sua forma empreendedora? Em que áreas a empresa deveria inves-
tir mais pesadamente para potencializar essa força?
IDÉIAS IRRESPONSÁVEIS
São idéias criativas, que podem receber aprovação imediata (em função de seu
Coletânea Ter Boas Idéias não Basta Idéias Amana • Ano I Nº 1 • Abril 1988
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“brilho próprio”), mas que pouco contribuem para os objetivos da empresa. Quan-
do os objetivos de uma organização não estão claramente definidos, nem tampouco
adequadamente disseminados, é comum que ocorram verdadeiras “avalanches”
de idéias desse tipo, trazendo até uma sensação de “sufoco.”
Situação mais freqüente do que se imagina, esse problema está associado a uma
capacidade/habilidade não facilmente encontrável nas empresas: a capacidade de
criar, “do zero”, um processo eficaz de transformação de idéias em ação e resulta-
dos (algo crítico nos novos empreendimentos e em projetos inéditos).
(1) Fazer com que os criadores de idéias caminhem, mesmo que conceitualmente,
É possível equilibrar plane-
jamento e ação – asseguran- até a execução, evitando idéias irresponsáveis que se limitem a simples con-
do a implantação efetiva de cepções genéricas. Incentivar treinamento cruzado on-the-job para compreen-
inovações que gerem desen- são cruzada da realidade das áreas que executam.
volvimento – por meio da
prática persistente de algu- (2) Assegurar investimento de energia em planejamento da execução. Disseminar
mas idéias simples. amplamente esse conceito na empresa. Treinar as pessoas-chave da empresa
especificamente quanto a essa capacidade/habilidade.
Coletânea Ter Boas Idéias não Basta Idéias Amana • Ano I Nº 1 • Abril 1988
“Desenvolvimento” Copyright Amana-Key Editora 1988
(3) Assegurar objetivos claros para a empresa e suas áreas-chave, visando a evitar
desperdícios pela geração de idéias não prioritárias, não relevantes. Treinar as
pessoas quanto à disciplina de um dia-a-dia focado nos objetivos.
RECRIANDO ORGANIZAÇÕES
Empresas que são verdadeiramente inovadoras buscam soluções que fazem senti-
do, independentemente de rótulos, da ortodoxia de sua base conceitual ou do
nível de “aprovação de mercado.” Por meio do sucesso e de um contínuo “dar
certo”, são empresas que hoje, pela sua prática inovadora, criam os paradigmas da
administração do futuro.
Coletânea Lidando com Mudanças de Forma Natural Idéias Amana • Ano I Nº 9 • Dezembro 1988
“Desenvolvimento” Copyright Amana-Key Editora 1988
Contrasta com os que encaram mudança como uma “irregularidade” algo problemá-
tico, que ocorre de tempos em tempos, ad hoc e que traz – inerente – grande
potencial de geração de coisas ruins, negativas, destrutivas e de alto risco. Vêem nas
mudanças ameaças àquilo que a empresa possui/conquistou. Consideram o
gerenciamento de mudanças como obrigação indesejável e que atrapalha a fluidez do
trabalho do executivo. Sentem-se “vítimas” das mudanças.
Coletânea Lidando com Mudanças de Forma Natural Idéias Amana • Ano I Nº 9 • Dezembro 1988
“Desenvolvimento” Copyright Amana-Key Editora 1988
Contrasta com aqueles que tendem a “tapar o sol com a peneira” procrastinando o
próprio reconhecimento das mudanças. Pessoas que são fundamentalmente reativas
que demoram para começar a agir, deixando as ações para a última hora e agindo
sob pressão. Ao agir, fazem-no com pressa e impaciência como se quisessem “livrar-se
logo do problema”. Buscam mudar as coisas de vez, rapidamente. Tendem a dedicar
tempo e recursos insuficientes ao processo.
Considera mudança como algo complexo, profundo, que mexe – mesmo ocorren-
do em parte da empresa – com o seu todo: sua cultura, seus sistemas, as diretrizes
formais e informais, as relações entre as pessoas etc., numa forma “biológica” de
evolução/ajustamento contínuo. Sabe distinguir aspectos de conteúdo (das mu-
danças em si) dos de processo (forma de as mudanças ocorrerem), gerenciando
adequadamente o todo.
Contrasta com aqueles que vêem mudança como algo simples, linear, tipo ação-
reação em áreas isoladas/localizadas. Pessoas que consideram as mudanças como
algo de fácil implantação, “só dependente da boa-vontade e compreensão das pessoas
envolvidas”. Algo que praticamente só requer uma decisão firme da cúpula. Vêem as
mudanças exclusivamente em termos de conteúdo (aspectos de processo são conside-
rados simples “atrapalhantes” a evitar).
Contrasta com aqueles que consideram mudança como algo fundamentalmente lógi-
co, de natureza estritamente racional – uma questão de fazer as pessoas entenderem
as razões que justificam. Um processo que exige racionalidade/frieza de todos os
Coletânea Lidando com Mudanças de Forma Natural Idéias Amana • Ano I Nº 9 • Dezembro 1988
“Desenvolvimento” Copyright Amana-Key Editora 1988
Contrasta com o executivo que não dá atenção à transição por achar que a mudan-
ça irá efetivamente ocorrer, “de um jeito ou de outro” Sua impaciência em “acabar a
coisa” o faz assumir uma postura de ignorar a transição, num verdadeiro faz-de-
conta (“para mim, já esta implantado; já não é meu problema; isso agora é com o
pessoal de baixo.…”). Não busca feedback sobre o processo de forma proativa. Quan-
do recebe notícias sobre eventuais problemas de transição, tende a irritar-se e buscar
“os culpados.”
Investir no aperfeiçoamen-
A reação das pessoas em relação a mudanças introduzidas na empresa varia
to da capacidade de negoci- consideravelmente. Algumas delas acharão extremamente necessário mudar e
ar de todos os colaborado- serão verdadeiros agentes de mudança. Outras verão os riscos inerentes, terão
res cria melhores condições medo e hesitarão. Haverá também pessoas que irão posicionar-se fortemente
para a implantação de mu- contra as mudanças e resistirão a elas com convicção e persistência.
danças na empresa e, con-
seqüentemente, para uma Mesmo entre os próprios agentes de mudança, haverá diferenças quanto às estra-
transformação mais suave tégias a seguir, forma de implantar, velocidade do processo etc. Pode-se também
das premissas, sem dis-
rupções, num processo pro- verificar, nos processos de mudança, outros tipos de diferença dentro do grupo de
dutivo de desenvolvimento pessoas envolvido:
contínuo.
• diferenças de opinião quanto à avaliação/qualidade das alternativas existentes
e sua adequação em relação aos objetivos da empresa;
Essas são diferenças naturais, que trazem grande complexidade aos processos de
mudança. Nas organizações que conseguem implantar as mudanças necessárias
com sucesso – com alto envolvimento de todos – diferenças como essas são
trabalhadas por meio da conciliação de interesses, entendimentos, acordos,
harmonização de objetivos. Em suma, por meio de negociação.
NEGOCIAÇÕES EFICAZES
• negociação seja vista na empresa como algo legítimo, nobre, inerente à própria
natureza humana e que possibilita às pessoas harmonizarem seus interesses e
resolverem situações de conflito de forma construtiva e nutriente para todas
partes envolvidas. É preciso evitar que negociação seja vista na empresa como
algo “mercantil”, não nobre, equivalente a pressão/barganha e típico de pessoas
excessivamente competitivas, que só pensam em suas próprias necessidades e
desejos. É preciso que na cultura da empresa negociação não se contraponha a
cooperação, mas sim a omissão, ausência de diálogo, falta de abertura, medo de
se expor, envolvimento baixo, conformismo – enfim a um não-exercício do
direito de ter opiniões/idéias/necessidades diferentes;
EXECUÇÃO
• Existe consenso na cúpula quanto à importância da execução? Ou alguns execu-
Assegurar implantação efi-
caz das estratégias idealiza- tivos acham que execução e busca refinada de formas de implantar decisões não
das; assegurar gerencia- passam de “perfumaria”, enquanto outros acham que essa é uma parte central
mento refinado dos proces- do sucesso empresarial? Como têm sido trabalhados esses conflitos?
sos de mudança por meio de
uma compreensão profun- • A consciência da importância da execução está arraigada na cultura da organi-
da da cultura da organiza- zação como um todo? Ou predomina a consideração de execução como algo
ção e de estratégias de de-
não nobre, secundário? Existem diretrizes ou políticas que visem a assegurar a
senvolvimento organizacio-
nal – essas, são responsabi- qualidade da execução, dando-lhe o devido valor? Os programas de treinamen-
lidades fundamentais para to e desenvolvimento têm abordado habilidades de execução, ou têm se limita-
o sucesso de processos de do apenas ao aprimoramento de capacidades criativas ou de planejamento?
inovação que gerem desen-
Existe algum programa especificamente voltado à execução refinada, em que
volvimento contínuo. Utili-
ze as questões apresentadas pessoas sejam preparadas para colocar em ação com eficácia idéias e planos,
neste artigo para avaliar inclusive partindo do zero (empreendedores)?
como está a qualidade da
administração de sua em- • Existem programas e atividades de Desenvolvimento Organizacional que vi-
presa em relação a essas di- sem à mudança planejada da qualidade de execução? Os planos e projetos
mensões. caminham até o planejamento da execução, procurando trabalhar resistências
e barreiras que impeçam a boa execução, dentro do conceito de mudança
planejada de D.O?
TEMPO DE RENASCER
A evolução da humanidade é pontilhada de inovações extraordinárias, fantásti-
cas realizações. Ao refletirmos sobre elas, porém, poucas vezes pensamos sobre
como foram geradas: Iniciativas de “estalo”? De uma só pessoa? De uma equipe?
Como começaram? Em que condições e circunstâncias foram conseguidas?
Cada uma dessas realizações tem uma história. Ou mesmo várias histórias,
intrincadamente encadeadas. Histórias de pessoas. Inventores, empresários, téc-
nicos, trabalhadores das mais variadas origens e profissões.
Conquistas de seres humanos normais. Seres humanos que inclusive têm seus
momentos de fraqueza, de cansaço, dúvidas, inseguranças. Momentos em que se
pergunta se tudo efetivamente vale a pena...Quantos degraus ainda a superar?...Para
que tudo isso afinal?...Momentos de esmorecimento e de desistências...
Conquistas de pessoas que superam esses momentos e não desistem. Buscam reser-
vas armazenadas no fundo de suas almas e chegam ao objetivo almejado. São pessoas
que renascem nesses momentos. E tornam-se — no processo — pessoas especiais.
Pessoas que acreditam que vão conseguir. Pessoas que acreditam na força infinita
do ser humano em superar-se. Pessoas que apostam numa visão e crescem no
processo de realizá-la.
Mais do que nunca, é tempo de criar. De estar o tempo todo alerta a tudo que
ocorre à nossa volta e buscar novas soluções, com alto espírito empreendedor. É
hora de iniciativa máxima. Iniciativa para gerar produtos ajustados aos novos
tempos. Para atender a necessidades autênticas da sociedade. Para criar
formas de incrementar qualidade, melhorar produtividade, conservar/econo-
mizar dentro dos novos paradigmas. Iniciativa para contribuir ativamente ao
processo de construção de um mundo cada vez melhor, em linha com os
valores dos novos tempos.
Hoje, mais do que nunca, não podemos nos acomodar, dormir sobre os
louros. Mesmo porque mudanças repentinas sempre poderão alterar as condi-
ções externas significativamente, mudando toda a base do que foi conquistado... É
preciso fortalecermo-nos o tempo todo, a fim de estarmos sempre prontos para os
desafios que estão por vir. Atualizando-nos constantemente, desenvolvendo habi-
lidades essenciais para o amanhã, aperfeiçoando-nos tanto profissionalmente
como a nível pessoal. E, principalmente, sem esperar estímulos e orientação que
venham de fora. Nunca foi tão importante adotar uma postura de busca e
autodesenvolvimento.
É tempo de dar um salto à frente como ser humano, como indivíduo. Mas é tempo
também de trabalho em equipe, ajuda mútua. Tempo de cooperação e alianças.
De generosidade no dar, no oferecer ao outro, quebrando círculos viciosos que
mantêm as pessoas isoladas. É hora de dar o primeiro passo.
É preciso estar acima das mesquinharias do dia-a-dia e buscar uma ordem maior.
Um desenvolvimento harmonioso e equilibrado de todos, balanceando valores
humanos e qualidade de vida com realizações econômicas. É preciso rever mis-
sões e objetivos. É preciso perguntar-se mais freqüentemente: “Por quê?”, “Para
quê?”; “O que estou fazendo para ajudar a melhorar o que está à nossa volta?”.
Vivemos hoje uma era na qual a força de cada pessoa, de cada ser humano, é
crucial para a evolução da sociedade. Temos, cada um de nós — nesse sentido —
uma enorme responsabilidade.