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OBJETO
O reflexo do tabu da menstruação das campanhas “Aderente à
Calcinha” com participação de Marilia Pera, de 1973 e
“#TheSleepingTest” de 2016, das marcas, respectivamente,
Sempre Livre e Always.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Entender o tabu como elemento de manutenção de uma
ordem social;
2. Compreender como o tabu se manifesta na mulher, na sua
relação com seu corpo e construção de identidade;
3. Compreender a construção do tabu da menstruação;
4. Entender a presença do tabu da menstruação nas narrativas
publicitárias.
Esse estudo considera os dois lados do processo de Ao mesmo tempo, seu corpus valoriza e tem a intenção de
comunicação, mas define uma prioridade: seu problema e iniciar a compreensão da influência dessas construções nas
objetivo englobam os discursos de marcas de absorvente mulheres, consumidoras constituídas de identidade e
com suas narrativas e construções de sentido detentoras subjetividade.
de uma ideologia.
PRINCIPAIS METODOLOGIAS APLICADAS
• Revisão bibliográfica
Temas constitutivos do projeto foram compreendidos a partir
de autores relevantes
• Análise de Discurso
Principal ferramenta para a compreensão da carga
ideológica dos dois objetos selecionados.
Conceito de tabu e Historicidade dos A feminilidade como Terceira Onda do Construção Foi a principal
sua ressignificação tabus femininos desde um mecanismo feminismo e a identitária em um ferramenta de
nos tempos atuais o Brasil Colonial social de vigilância e vertente dos contexto de análise dos objetos
opressão chamados “radicais modernidade tardia selecionados.
da menstruação”
CONTEXTUALIZAÇÃO
No processo inicial de leituras, percebi que o meu estudo não poderia desvincular o tabu da
menstruação dos outros tabus estabelecidos social e culturalmente sobre o corpo feminino.
Todos eles nascem de uma mesma percepção sobre a figura da mulher como um ser reprodutor,
explicada mais a frente, e todos eles têm o mesmo resultado: o ciclo de opressão.
CONTEXTUALIZAÇÃO
corpo e, posteriormente, da
menstruação.
OPRESSÃO
Dividi, portanto, o meu corpus em
quatro principais partes:
CORPO IDENTIDADE
TABU FEMININO TABU DA
FEMININA
COMO TABU MENSTRUAÇÃO
TABU
Criou-se exigências, regras e expectativas sobre Associação da mulher com dois papéis –doméstico e
a postura, comportamento e disciplina reprodutivo- que vive até hoje e que ratifica as exigências
da feminilidade.
femininas e o problema é que isso se estende
até hoje. Mesmo após a conquista da esfera
pública pelas mulheres, suas identidades RITUAIS DE
TABUFEMINILIDADE
DA
continuam a ser percebidas a partir desse MORALIDADE/
CONCEITO DE MENSTRUAÇÃO
MULHER
conceito. FEMINILIDADE
CICLO DE
OPRESSÃO
Antigamente, a feminilidade atingia as
atividades das mulheres no dia-a-dia, mas
depois que essas possibilidades foram abertas,
ela passou a atingir o corpo feminino e sua
CORPO FEMININO
sexualidade. Por isso, questões como assédio,
estupro e aborto ganharam força na Segunda
Onda do Feminismo.
CORPO FEMININO
COMO TABU
Podemos compreender que uma vez que a Existe uma simetria de responsabilidade entre todos os atores
na construção identitária.
feminilidade, seus rituais e o estereótipos
passam a fazer parte dos nossos discursos e
não são questionados, é construído um
TABU DA
meio social em que as reais necessidades OPRESSÃO SEM
MENSTRUAÇÃO
CENTRO DE
das mulheres ficam em segundo plano e MORALIDADE/ IDENTIDADE EMISSÃO
que identidades são construídas em prol de CONCEITO DE FEMININA +
FEMINILIDADE
um formato, ignorando individualidades. OPRESSÃO
INTERNALIZADA
ESTEREÓTIPOS
TABU DA MENSTRUAÇÃO
Mas como isso entra na questão da
menstruação? A partir da compreensão
dessa construção sobre a mulher e o corpo
feminino, fui capaz de compreender como a
menstruação como processo biológico foi
A “etiqueta da menstruação” garante que a mulher
socialmente significado e se tornou tabu. menstruada não transgrida a feminilidade.
Essa análise permitiu que eu encontrasse pontos comuns nos discursos das
marcas, apresentados mais ao fim dessa apresentação como conclusão.
A partir dele fui capaz também de realizar o recorte dos meus objetos.
ANOS 30 ANOS 40 ANOS 1950 1973 1976
MAPEAMENTO
DE NARRATIVAS
PUBLICITÁRIAS
DE MARCAS DE
ABSORVENTE
1973
2016
OBJETOS CONTEXTO
1973
Terceira Onda
Ambiente digital
OBJETOS CONTEXTO
Já #TheSleepingTest foi veiculada em um contexto de Terceira Onda
1973 do feminismo. Se trata de um momento do movimento em que existe
uma pluralidade inédita de vertentes. A partir da percepção de que a
diversidade de perfis femininos gera um diversidade de lutas,
Segunda Onda ramificações do movimento foram sendo criadas, de modo a criar uma
Ditadura Militar
grande rede do feminismo. Dentro dessa rede, inclusive, existe a
vertente dos “menstruadores”, cujos discursos me auxiliaram muito
nesse estudo: são pessoas que acreditam que a percepção sobre a
menstruação deva ser desvinculada do conceito de gênero, de modo
a fazer a sociedade perceber que nem toda mulher menstrua e nem
PROBLEMA
Como o tabu da menstruação é refletido na comunicação das marcas de
absorvente?
OBJETIVO GERAL
Compreender a construção das duas narrativas publicitárias: “Aderente à
Calcinha” de Sempre Livre e veiculada em 1973, e “#TheSleepingTest” de
Awalys, de 2016, e seus discursos de marca.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Entender o tabu como elemento de manutenção de uma ordem
social;
2. compreender o como tabu se manifesta na mulher, na sua relação
com seu corpo e construção de identidade;
3. Compreender a construção do tabu da menstruação;
4. Entender a presença do tabu da menstruação nas narrativas
publicitárias.
femininos causadores de
opressão.
Como vimos nesse estudo, o tabu da menstruação faz parte de um grupo maior de tabus que são construídos em cima do
corpo feminino e cujas transgressões resultam em opressão. Os rituais precisam ser questionados, assim como a tradição.
Há a necessidade de desvincular a figura feminina do seu corpo e do seu papel reprodutivo, aceitando as individualidades
das mulheres como elementos mor em suas construções identitárias. .
As sexualidades e sistemas reprodutivos ainda estão aquém da perspectiva e validação do olhar masculino e, por isso,
prevalece a necessidade da remoralização da vida social: o corpo da mulher precisa ser compreendido por todos e o
coletivo precisa ser construído garantindo a sua liberdade.
3. A opressão presente nos
discursos publicitários
ratifica tabus, influenciando .
a identidade de cada
mulher.
Ao ser responsável por iniciar diálogos que não apenas atingem os consumidores, mas interferem em suas construções
identitárias, a publicidade deixa de ter um acesso limitado ao meio social e passa exercer uma força na vida de cada
indivíduo.
A oferta de produtos através de construções discursivas que ratificam os tabus relacionados ao corpo feminino influencia
a vida de cada mulher presente no ambiente social e contribui para a construção de uma esfera pública opressora que .
lhes priva de certas liberdades.
A publicidade de absorventes, um dos elementos responsáveis pela abertura da discussão sobre a menstruação no
espaço público, possui o dever de iniciar diálogos que construam mulheres fortes, conhecedoras de seus próprios corpos.
.
4. Não se pode assumir
uma postura maniqueísta:
publicidade e mulheres .
têm a mesma
responsabilidade.
Ao estudar o processo de comunicação, sabe-se que a construção de discursos e narrativas publicitárias acontece a
partir de dois lados de um diálogo: marca e consumidor. O planejamento estratégico tem a função de realizar tais
construções a partir de análises de mercado e comunicação, mas também de pesquisas com o público-alvo.
O retrato não-realista da menstruação presente hoje na esfera pública e comunicação nos obriga a questionar a
responsabilidade das empresas, mas também a perspectiva das consumidoras sobre os seus próprios corpos.
Por isso, é importante que estudos como esse proponham diálogos construtivos tanto para as mulheres
quanto para as marcas presentes no Brasil visando que os tabus analisados neste estudo, espeficiamente o
da menstruação, não sejam ratificados.