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Curso: ENGENHARIAS
Disciplina: ESTATÍSTICA
Apostila 2 – Estatística Descritiva Parte 1
Turno: NOTURNO
PROFESSORA: Viviane de Souza Garrido

REFLEXÃO...
Os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação apontam para a importância da Estatística,
ressaltando inclusive que ela deve estar diluída em toda a formação básica, desde as primeiras
séries até a formação universitária. Isso com razão, pois é por meio de dados estatísticos que,
muitas vezes, nós temos acesso a números e a quantificações em geral. Ensinar a interpretá-
los corretamente é uma tarefa importante na educação de todo cidadão. Então, como
contextualizar?

1 – Introdução

Em primeiro lugar, usando criticamente a mídia: jornais, revistas, internet, TV, todos estão
cheios de tabelas, gráficos e dados interessantes, motivadores e que permitirão, com solidez,
enfoques didáticos que privilegiem o desenvolvimento e o conhecimento das técnicas
estatísticas para tratamento de dados em geral.

Em segundo lugar, utilizando os instrumentos tecnológicos disponíveis: “calculadoras de dez


reais” que têm funções estatísticas básicas, programas acessíveis de computadores como a
“Calculadora” da Microsoft e o Excel, ou mesmo programas mais sofisticados, quando possível,
como o SPSS.

1.1 - ETAPAS DA ESTATÍSTICA

ESTATÍSTICA DESCRITIVA: A coleta, a organização, a descrição dos dados, o cálculo e a


interpretação de coeficientes. Esta parte está associada a cálculos de médias, variâncias,
estudo de gráficos, tabelas, etc.. É a parte mais conhecida.

População e Amostra

Para se coletar uma amostra é preciso usar técnicas eficientes denominadas Técnicas de
Amostragem que veremos mais adiante.

População: População estatística é a coleção completa e total dos elementos (pessoas,


medidas, itens, etc.) a serem considerados em um estudo estatístico.

Amostra: é um subconjunto de uma população de interesse.

ESTATÍSTICA INDUTIVA ou INFERENCIAL: a análise e a interpretação dos dados, associado a


uma margem de incerteza, cujos métodos que se fundamentam na teoria da probabilidade.
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Nela encontramos a Estimação de Parâmetros, Testes de Hipóteses, Modelagens, etc.

O diagrama seguinte mostra o contexto em que se situa o estudo da Estatística subdividido em


Estatística Descritiva e Estatística Indutiva (ou Inferencial).

Análise exploratória dos dados


A inferência estatística permite chegar a conclusões amplas (gerais, sobre o universo
estudado) a partir de uma série mais restrita (amostra) de informações (dados estatísticos).
Daí a importância do ensino da estatística na formação de quase todas as categorias
profissionais de nível superior.
Por meio da estatística fazemos, por exemplo, melhor análise dos conflitos e contradições que
estamos pesquisando no momento e, assim, nós tomamos decisões que irão influenciar a
resolução dos conflitos.
Para tanto a estatística usa o método (pesquisa) estatístico composto basicamente de 5 fases:

1º) Coleta de dados - Esta pode ser direta ou indireta. A coleta direta é feita sobre registros
diversos: nascimento, casamento, óbitos, importação, registros escolares; ou ainda quando os
dados são coletados diretamente pelo pesquisador através de questionários (ex: censo).

A coleta direta pode ser: contínua; periódica (censos); ocasional

A coleta indireta é uma coleta feita sobre dados colhidos de uma coleta direta (ex: mortalidade
infantil)

2º) Apreciação ou crítica dos dados - Os dados coletados devem ser observados, à procura de
falhas e imperfeições, a fim de não causarem erro nos resultados.

Exemplo 1 : Perguntas tendenciosas. Foi realizada a seguinte pesquisa:


O tráfego contribui em maior ou menor grau do que a indústria para a poluição atmosférica?
Resposta: 45 % para o tráfego e 32 % para a indústria.
A indústria contribui em maior ou menor grau do que o tráfego para a poluição atmosférica?
Resposta: 24 % para o tráfego e 57 % para a indústria.

Exemplo 2: Preservação da auto-imagem. Em uma pesquisa telefônica 94 % dos entrevistados


disseram que lavam as suas mãos após usar o banheiro, mas a observação em banheiros
públicos esse percentual cai para 68 %.

Exemplo 3: Más Amostras. As pessoas devem ser escolhidas aleatoriamente para a pesquisa,
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como por exemplo, numa pesquisa de opinião na rua, deve-se entrevistar somente quem
pisou em uma determinada marca pré-determinada na calçada.

Exemplo 4. Más perguntas. A pergunta deve conter o ¨linguajar¨ próprio do entrevistado.


Geralmente, se o entrevistado não entender a pergunta, ele responderá qualquer coisa, pois
tem vergonha de perguntar.

3º) apuração dos dados – É o processamento dos dados obtidos.

4º) exposição dos dados – Através de tabelas ou gráficos, tornando mais fácil seu exame e
aplicação de um cálculo estatístico.

5º) análise dos Resultados - Através de métodos de estatística indutiva ou inferencial obtêm-
se conclusões e previsões de um todo através do exame de apenas uma parte desse todo.
Os erros e inconsistências ocorridos na coleta de dados devem ser corrigidos. As amostras de
dados devem ser agrupadas de forma que seu manuseio, visualização e compreensão sejam
simplificados.

Exemplos de onde empregar o método estatístico:

- Indústrias realizam pesquisa entre os consumidores para o lançamento de um novo produto;


- As pesquisas eleitorais fornecem elementos para que os candidatos direcionem a campanha;
- Emissoras de tevê utilizam pesquisas que mostram a preferência dos espectadores para
organizar sua programação;
- A pesquisa do desempenho dos atletas ou das equipes em uma partida para planejamento
dos treinamentos;
- Pesquisa sobre o aumento do usuários de drogas e motivação;
- Análise do aumento da violência contra mulher numa comunidade;
- Apuração do número de óbitos nas unidades de saúde, etc...

Resumindo:

2 - Como organizar os dados numa tabela para uma


melhor apresentação e análise?

Os dados estatísticos coletados podem ser apresentados em forma tabular (através


de tabelas) ou gráfica (através de gráficos ). Podem também ser classificados em séries
estatísticas de dados grupados (distribuições de freqüências: com e sem intervalos de
classes) ou não grupados ( séries temporais, históricas e geográficas ).
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Antes de apresentar os dados nas mais diferentes formas cabe descrever quais são
as normas técnicas de apresentação.

2.1 - NORMAS PARA APRESENTAÇÃO TABULAR DE DADOS

Tabela é um quadro, não fechado nas extremidades, que resume um conjunto de


observações.

Uma tabela compõem-se de:

a. corpo – conjunto de linhas e colunas que contêm informações sobre a variável


em estudo;
b. cabeçalho – parte superior da tabela que especifica o conteúdo das colunas;
c. coluna indicadora – parte da tabela que especifica o conteúdo das linhas;
d. casa ou célula – espaço destinado a um só número;
e. título – conjunto de informações, as mais completas possíveis, respondendo às
perguntas: O quê?, Quando?, Onde?, localizado no topo da tabela;
f. fonte – indicação da entidade responsável pelo fornecimento dos dados ou
pela sua elaboração.

2.2 - DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIA

Os dados em distribuições de freqüências são uma maneira de apresentar


informações grupadas. Neste caso a variável pode ser expressa por ponto ( um único valor ) ou
por intervalo ( dentro de um intervalo de valores ). Ao se constituir uma distribuição de frequências,
precisa-se descrever alguns componentes da mesma.

Ex1: Matrículas nas escolas da cidade de Boiporã -BA

O número de alunos é a frequência absoluta e a porcentagem é a frequência relativa

Calculemos as porcentagens dos alunos de cada grau:


1º grau : (19.286 x 100)/21.201 = 90,96 = 91,0
2º grau: (1.681 x 100)/21.201 = 7,92 = 7,9
3º grau : (234 x 100)/21.201 = 1,10 = 1,1

Com esses dados, podemos formar uma nova coluna na série em estudo:
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Matrículas nas escolas da cidade de Boiporã –BA ( % )

2.2.1 - Agrupamentos de Dados e Distribuição de Freqüências

Quando se vai fazer um levantamento de uma população, um dos passos é retirar uma
amostra desta população e obter dados relativos à variável desejada nesta amostra.
Cabe à Estatística sintetizar estes dados na forma de tabelas e gráficos que contenham,
além dos valores das variáveis, o número de elementos correspondentes a cada variável.
A este procedimento está associado o conceito de:

• Dados brutos: É o conjunto de dados numéricos obtidos e que ainda não foram
organizados.
• Rol: É o arranjo dos dados brutos em ordem crescente (ou decrescente).
• Amplitude (H): É a diferença entre o maior e o menor dos valores observados.

- Tipos de Freqüências

– Freqüência Simples ou Absoluta ( fi ): É o número de observações correspondentes a


uma classe. A soma de todas freqüências é representada por:
( Obs:  = somatório ou soma )

n  fi ( amostra )

– Freqüências Relativas simples (fri) : São os valores da razão entre as freqüências simples e
a freqüência total.
fi
fri  x 100
n
– Freqüência Acumulada ( Fi ): Fi  f 1  f 2  ...  fi

– Freqüência Acumulada Relativa ( Fri ): É a freqüência acumulada da classe, dividida


pela freqüência total da distribuição.
Fi
Fri 
n

2.2.1.1 – Distribuição de Freqüência sem Intervalos de Classe

Quando se trata de variáveis discretas de variação relativamente pequena, cada valor pode
ser tomado como um intervalo de classe.
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Exemplo 1: População = Número de acertos numa prova de concurso público com 10 candidatos
inscritos.
Dados brutos: { 168, 164, 164, 163, 165, 168, 165, 164, 168, 168 }
Rol : { 163, 164, 164, 164, 165, 165, 168, 168, 168, 168 }

Amplitude: H = 168 - 163 = 5 ( amplitude )

Os dados ficaram organizados numa tabela sem intervalos de classes:

Exemplo 2 : Se X a variável é o número de filhos do sexo masculino de 34 famílias de quatro


filhos pesquisadas, complete a tabela:

Nº de fi fri fr (%) F Fr
filhos
0 2 0,0588 5,88 2 0,0588
1 6 0,1765 17,65 8 0,2353
2 10 0,2941 29,41 18 0,5294
3 12 0,3529 35,29 30 0,8824
4 4 0,1176 11,76 34 1,0000
total 34 1 100 -

2.2.1.2 – Com Intervalos de Classe

Passos para colocar os dados numa tabela com intervalos de classes:


1º) Amplitude Total ( H ): É a diferença entre o valor máximo e o valor mínimo da
amostra.
2º ) Classe ( k ): classes são intervalos de variação da variável e ¨k¨ é o número total de
classes da distribuição.
K = n , n = nº de elementos da amostra

3º ) Intervalos de Classes ( h ) :
H
h
K
– Limites de Classe: determina-se limites de classes os extremos de cada classe.

O menor número é o limite inferior da classe ( li ) e o maior número, o limite superior da


classe ( ls ).

– Amplitude de um Intervalo de Classe ( h ): É a medida de intervalo que define a classe.


Ela é obtida pela diferença entre os limites superior e inferior.
Assim:
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h  ls  li

– Ponto Médio de uma Classe ( Xi )

É o ponto que divide o intervalo de classe em duas partes iguais.

li  ls
Xi 
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Exemplo: Supondo uma coleta amostral de dados relativos aos SALÁRIOS SEMANAIS EM
REAIS DE UMA AMOSTRA DOS SALÁRIOS RECEBIDOS PELOS FUNCIONÁRIOS

166 160 161 150 162 160 165 167 164 160
162 161 168 163 156 173 160 155 164 168
155 152 163 160 155 155 169 151 170 164
154 161 156 172 153 157 156 158 158 161

A esse tipo de tabela, cujos elementos não foram numericamente organizados,


denominamos tabela primitiva ou dados brutos.

O rol é uma lista em que os valores estão dispostos em uma determinada ordem,
crescente ou decrescente. Veja a seguir:
150 154 155 157 160 161 162 164 166 169
151 155 156 158 160 161 162 164 167 170
152 155 156 158 160 161 163 164 168 172
153 155 156 160 160 161 163 165 168 173

Salários organizados na tabela com intervalos de classes:


Salários semanais (R$) Freqüências
150 |--- 154 4
154 |--- 158 9
158 |--- 162 11
162 |--- 166 8
166 |--- 170 5
170 |--- 174 3
Total 40
FONTE: PESQUISA DO SETOR DE PESSOAL

SIMBOLOGIA ENTRE OS VALORES DE CLASSE:

 Inclui o valor da esquerda mas não o da direita.


 Inclui o valor da direita mas não o da esquerda.
 Não inclui nem o valor da direita, nem o da esquerda.
 Inclui tanto o valor da direita quanto o da esquerda.

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