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COLEGIADO DE PSICOLOGIA
“RELAÇÕES INTERPESSOAIS E
DINÂMICAS DE GRUPO”
ALUNO TURMA
Maria Luiza Freire Santos 2º Período/Cal

FICHAMENTO

“A REVOLUÇÃO DOS BICHOS”

Critérios de Avaliação
Estrutura, formatação 1,5
Credenciais e referência da obra 0,5
Citações por capítulo ou parte 2,0
Parecer crítico 6,0
Resultado Final 10,0

Observações do professor:
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PARIPIRANGA/2017-2
CREDENCIAIS DO AUTOR E REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA DA
OBRA FICHADA

George Orwell (1903-1950) é o pseudônimo de Eric Arthur Blair, escritor e jornalista inglês,
conhecido pelo livro “1984”, cujo enredo se passa num país fictício onde há um regime
político totalitário. George Orwell nasceu em Motihari, na índia Britânica. Veio de família
aristocrata. Seu pai trabalhava no Departamento de ópio do Serviço Civil indiano e sua mãe
teve grande influência em sua carreira literária. Os estudos de Orwell foram feitos na Escola
São Cipriano e posteriormente no Eton College. Em 1922, Orwell trabalhou em Burma, atual
Myanmar, assumindo posto na polícia do império. Em Twante, atuou como oficial sub-
divisional e foi promovido a Assistente de Superintendência Distrital. A experiência em
Burma gerou o romance “Burnese Days” (1934) e vários ensaios. De volta a Londres, Orwell
resolveu viver experiência como mendigo, o que também fez em Paris e serviu de material
para o livro “Down out In Paris and London”, (1933). Mas seus livros mais famosos foram “A
Revolução dos Bichos” (1945) e “1984” (1949), uma das publicações mais vendidas do
século 20.
Referência: https://www.ebiografia.com/george_orwell/

ORWELL, George. A Revolução dos Bichos. 5. Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

CITAÇÕES REPRESENTATIVAS DA OBRA

[...] A granja estava profundamente dividida com respeito ao moinho de vento. Bola-
de-Neve não negava que sua construção resultaria em uma empresa difícil. Seria
necessário quebrar pedras e transformá-las em paredes; depois, construir as pás;
haveria necessidade de dínamos e fios (onde seriam encontrados, Bola-de-Neve não
dizia). Mas afirmava que tudo poderia ser feito dentro de um ano. Depois disso —
dizia — os bichos economizariam tanta energia, que seriam necessários apenas. três
dias de trabalho por semana. Napoleão, por outro lado, argumentava que a grande
necessidade do momento era aumentar a produção de alimentos e que morreriam de
fome se perdessem tempo com o moinho de vento. Os animais dividiram-se em duas
facções que se alinhavam sob os slogans: “Vote em Bola-de-Neve e na semana de
três dias” e “Vote em Napoleão e na manjedoura cheia”. Benjamim foi o único
animal que não aderiu a lado nenhum. Recusava-se a crer, tanto em que haveria
fartura de alimento, como em que o moinho de vento economizaria trabalho.
Moinho ou não moinho, dizia ele, a vida prosseguiria como sempre fora — ou seja,
mal. (p. 32 e 33)

Foi mais ou menos por essa época que os porcos, de repente, mudaram-se para a
casa-grande, onde fixaram residência. Novamente os bichos julgaram lembrar-se de
que havia uma resolução contra isso, aprovada nos primeiros dias, e novamente
Garganta conseguiu convencê-los do contrário. Era absolutamente necessário que os
porcos, disse ele, sendo os cérebros da granja, tivessem um lugar calmo onde
trabalhar. Além disso, viver numa casa era mais adequado à dignidade do Líder (nos
últimos tempos dera para referir-se a Napoleão pelo título de “Líder”) do que viver
numa simples pocilga. Mesmo assim, alguns animais se aborreceram ao ouvir dizer
que os porcos não só faziam as refeições na cozinha e utilizavam a sala como local
de recreação, mas ainda dormiam nas camas. Sansão resolveu o assunto com seu
“Napoleão tem sempre razão”, porém Quitéria, que tinha a impressão de lembrar-se
de uma lei específica contra camas, foi até o fundo do celeiro e tentou decifrar os
Sete Mandamentos que lá estavam escritos. Sentindo-se incapaz de ler mais do que
algumas letras separadamente, foi chamar Maricota. (p.41 e 42)

Todas as ordens, agora, eram transmitidas por meio de


Garganta ou de outro porco. Napoleão não era visto em público mais do que uma
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vez cada quinze dias. E, quando aparecia, era acompanhado, não só pela sua
matilha de cães, mas também por um garnisé preto que marchava à sua frente,
atuando como arauto, soltando um cocoricó antes de cada fala de Napoleão.
Mesmo na casa grande, diziam, ele habitava um apartamento separado dos
demais. Fazia as refeições sozinho, com dois cachorros para servi-lo, e comia
no serviço de jantar de porcelana da cristaleira da sala. Anunciou-se também
que a espingarda seria disparada anualmente na data do aniversário de
Napoleão, assim como nos outros dois aniversários. (p.54 e 55)

Quanto aos outros, sua vida, ao que sabiam, continuava a mesma. Geralmente
andavam com fome, dormiam em camas de palha, bebiam égua no açude e
trabalhavam no campo; no inverno, sofriam com o frio; no verão, com as moscas.
De vez em quando, os mais idosos rebuscavam a apagada memória e tentavam
determinar se nos primeiros dias da Revolução, logo após a expulsão de Jones, as
coisas haviam sido melhores ou piores do que agora. Não C9nseguiam lembrar-se.
Nada havia com que estabelecer comparação: não tinham em que basear-se, exceto
as estatísticas de Garganta, que invariavelmente provavam estar tudo cada vez
melhor. Os bichos consideravam o problema insolúvel; de qualquer maneira,
dispunham de muito pouco tempo para essas especulações. Apenas o velho
Benjamim afirmava lembrar-se de cada detalhe de sua longa vida e saber que as
coisas nunca haviam estado e nunca haveriam de ficar nem muito melhor nem muito
pior, sendo a fome, o cansaço e a decepção, assim dizia, a lei imutável da vida.
(p.75)

Doze vozes gritavam cheias de ódio e eram todas iguais. Não havia dúvida, agora,
quanto ao que sucedera à fisionomia dos porcos. As criaturas de fora olhavam de um
porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem
outra vez; mas já se tornara impossível distinguir quem era homem, quem era porco.
(p.82)

PARECER CRÍTICO DA OBRA

A obra A Revolução dos Bichos, criada pelo autor George Orwell no ano de 1945, é
considerada uma sátira, ou seja, uma construção livre e repleta de ironias que se opõem aos
costumes, ideias ou instituições da época em questão. É possível perceber seu gênero satírico,
pois faz alusão aos processos históricos em que a obra foi publicada, compreendido por um
momento de grande tensão ao qual o mundo passava dividido em dois blocos: o bloco
socialista e capitalista. O contexto da obra se dá numa fazenda chamada Granja do Solar, qual
tem como proprietário o Sr. Jones, dono de animais de diversas espécies, cujo os mesmos
eram na maioria das vezes explorados e não viviam de forma digna, dado que Sr. Jones os
deixava com fome principalmente em dias que encontrava-se bêbado e indisposto a cuida-los
como deveria. Já fatigados da exploração a qual eram submetidos, após um dia de bebedeira,
Jones deixou-os com fome por quase um dia inteiro, foi a partir daí que inicia-se a grande
revolução, quando os animais decidem invadir o local onde era guardada a comida visto que
não suportavam mais as condições vividas. Após o dono da fazenda perceber o acontecido e
impõe-se sobre os animais, os mesmos inspirados por Bola-de-Neve e Napoleão arrebentam a
porta do celeiro e colocam os humanos para fora da fazenda.
De início os animais sentem-se felizes, pois conseguiram livrar-se do proprietário
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tirano e tinham agora a certeza de não serem mais explorados pelos humanos. Inicialmente os
porcos tomam frente da liderança e das decisões da fazenda, com destaque para Major, com
ideais de igualdade, qual vem a falecer. Após o falecimento de Major, o porco que ganha
destaque pelas suas ideias e planos para o bem de todos é Bola-de-Neve, entretanto é
perceptível ao decorrer da história que Napoleão e Garganta não estão a favor dos planos de
Bola-de-Neve. São criados sete mandamentos quais devem ser seguidos por todos os animais
da granja com o objetivo do bem comum entre todos e para tornar a convivência facilitada.
Após algumas confusões, percebe-se que os bichos dividem-se devido a ideais diferentes.
[...] Os animais dividiram-se em duas facções que se alinhavam sob os slogans:
“Vote em Bola-de-Neve e na semana de três dias” e “Vote em Napoleão e na
manjedoura cheia”. Benjamim foi o único animal que não aderiu a lado nenhum.
Recusava-se a crer, tanto em que haveria fartura de alimento, como em que o
moinho de vento economizaria trabalho. Moinho ou não moinho, dizia ele, a vida
prosseguiria como sempre fora — ou seja, mal. (p. 32 e 33)

Em seguida aos desentendimentos, Bola-de-Neve é expulso da fazenda e então


Napoleão e Garganta tornam-se os líderes da fazenda. A partir daí muitas mudanças passam a
ocorrer na granja, e já aproveitando do analfabetismo da grande maioria dos animais,
modificam os mandamentos, passam a ludibriar os bichos com discursos de forte persuasão e
estatísticas, além de fazerem uso do discurso do medo, sempre relembrando aos mesmos que
pior seria se vivessem como antes com o Sr. Jones. Devido ao poder do discurso, mesmo com
algumas remotas lembranças dos antigos mandamentos, os animais deixam passar algumas
modificações.
Foi mais ou menos por essa época que os porcos, de repente, mudaram-se para a
casa-grande, onde fixaram residência. Novamente os bichos julgaram lembrar-se de
que havia uma resolução contra isso, aprovada nos primeiros dias, e novamente
Garganta conseguiu convencê-los do contrário. Era absolutamente necessário que os
porcos, disse ele, sendo os cérebros da granja, tivessem um lugar calmo onde
trabalhar. Além disso, viver numa casa era mais adequado à dignidade do Líder (nos
últimos tempos dera para referir-se a Napoleão pelo título de “Líder”) do que viver
numa simples pocilga. Mesmo assim, alguns animais se aborreceram ao ouvir dizer
que os porcos não só faziam as refeições na cozinha e utilizavam a sala como local
de recreação, mas ainda dormiam nas camas. Sansão resolveu o assunto com seu
“Napoleão tem sempre razão”, porém Quitéria, que tinha a impressão de lembrar-se
de uma lei específica contra camas, foi até o fundo do celeiro e tentou decifrar os
Sete Mandamentos que lá estavam escritos. Sentindo-se incapaz de ler mais do que
algumas letras separadamente, foi chamar Maricota. (p.41 e 42)

Durante a leitura da obra, é possível identificar conceitos criados pelos autores René
Lourau e George Lapassade, como o de grupo sujeitado, que fica em consonância com a
estrutura de poder, são grupos que abandonam seus próprios desejos e substituem pelo desejo
institucionalizado. Ou seja, a partir do momento que os porcos tomam a liderança, os animais
tornam-se um grupo de sujeitados, satisfazendo as normas da instituição. É notável que os
líderes do grupo são autoritários em suas relações com os demais animais, visto que os grupos
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autoritários são caracterizados por terem eficiência imediata e seus membros dependem de
seu líder, apesar de serem pouco produtivos pois funcionam a partir da demanda do líder e os
membros cumpridores de tarefas, o que acontece de forma bem clara na fazenda com os
porcos e o restante dos animais. Na obra A Revolução dos Bichos a categoria de produção
identificada seria a de dominação, já que nesta categoria o grupo tende a reproduzir as formas
sociais de dominação, ou seja, a todo o momento desde a revolução os bichos tendem a
reproduzir as regras sociais impostas pelos porcos, e em sua grande maioria de forma alienada
e ausente de reflexões sobre as atitudes tomadas e as mudanças realizadas a cada dia.
Ao final do livro, é observado que mesmo com todas as regras e mandamentos
instituídos para os animais, os mesmos não foram cumpridos por parte dos porcos ao ponto de
não haver possibilidade de diferenciar quem realmente eram, se eram porcos, ou se eram
humanos, devido a extrema semelhança de atitudes vistas pelos animais da fazenda.
Por fim, pode-se concluir que a leitura da obra A Revolução dos Bichos é essencial
para o profissional da psicologia, uma vez que possibilita ao mesmo compreender a noção da
formação de grupos e a sua importância para os participantes. Ao mesmo tempo, é possível
perceber caminhos de discursos que tem o poder de facilitar a coesão do grupo, de maneira
que o mesmo tenha objetivos e que os mesmos sejam cumpridos de forma plena.

BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 14. Ed.
São Paulo: Saraiva, 2008.

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