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Laranja Mecânica - Psicofarmacologia
Laranja Mecânica - Psicofarmacologia
LARANJA MECÂNICA
Feira de Santana
18/05/2018
VANESSA LACERDA
LARANJA MECÂNICA
Feira de Santana
18/05/2018
Parte da discussão
1. Contextualização do filme
Em uma tentativa frustrada de latrocínio, quando comete seu primeiro assassinato, Alex
é surpreendido pela polícia e encaminhado ao Presídio Parkmoor. Escolhido dentre
todos os demais presos, passa a participar de um “programa revolucionário” de
modificação de comportamentos criminosos (denominado como “reflexo criminal”),
que promete tirar o criminoso do presídio de forma rápida e com garantias de que ele
não volte mais. Ele, então, é encaminhado ao Centro Médico Ludovico, onde tem início
seu processo de reabilitação. Durante o tratamento, uma determinada droga é injetada
em Alex e, em seguida, ele é levado a uma sala de cinema. Lá, é amarrado com uma
camisa de força e grampos são colocados em seus olhos, obrigando Alex a permanecer
com os olhos abertos e direcionados à tela, na qual são exibidas situações de grande
violência. Devido à droga administrada, Alex começa a sentir-se mal, com náuseas e
sensações de vômito. Nos 15 dias seguintes, é submetido a duas sessões diárias nas
quais as cenas e algumas músicas (incluindo a IX Sinfonia de Beethoven) eram sempre
emparelhadas à droga e às consequentes sensações desagradáveis até finalizar o
tratamento. Após esse período, Alex é apresentado a uma plateia que deveria comprovar
a eficácia do tratamento. Neste momento, o protagonista é exposto a situações
humilhantes (insultos verbais e violência física, como tapas e pontapés) e à presença de
uma mulher nua. Ao tentar emitir comportamentos de revidar aos atos agressivos e tocar
a mulher, tem náuseas e vômitos, impossibilitando os ataques e a aproximação sexual.
Após esse episódio, Alex é sedado e levado a um cômodo, onde acorda ouvindo
músicas de Beethoven e sentindo dores e náuseas. Com a continuidade da música e das
sensações desagradáveis, tenta o suicídio, jogando-se de uma janela e perdendo a
consciência. Ao ser internado em um hospital, dá-se conta de que já não existem os
efeitos do tratamento aplicado no Centro Médico Ludovico (ao responder de forma
agressiva a um teste feito pela psiquiatra, observa que sensações de náuseas não mais
aparecem). O filme termina com Alex ouvindo Beethoven e imaginando cenas de
violência, sem experimentar sensações desagradáveis.
2. Análise Comportamental
O diretor Stanley Kubrick retrata um mundo futurista, onde uma gangue aterroriza a
sociedade, com vandalismo, brigas com outras gangues, estupro e outros crimes.
O líder da gangue (Alex) é preso, e através de um programa de condicionamento, volta
às ruas modificado. Quando pensa ou tenta algum ato violento, o seu organismo reage
com crises de pânico, vômito, tontura. Esse condicionamento foi realizado através de
sugestões visuais, onde ele assistia a cenas de violência sem sequer poder piscar os
olhos, que se mantinham abertos à força, sendo molhados com colírio.
Em seu retorno à sociedade, ele encontra todas as suas vítimas, que se vingam dele, que
não consegue reagir por causa do seu condicionamento. É espancado por um de seus ex-
colegas que se tornou policial e, em seu caminho, cruza com um senhor que ficou
paralítico e que teve a esposa estuprada e morta ao serem agredidos por ele. Esse senhor
o reconhece somente quando ele está na banheira e canta uma música, a mesma que ele
cantou quando o estava agredindo. Como as outras vítimas, vinga-se, mandando um
empregado agredi-lo.
Depois de passar por todos os percalços, Alex volta ao seu estado normal através de
uma cirurgia no cérebro, pelas mãos de um congressista que quer utilizá-lo como vítima
do sistema para sua campanha eleitoral. Tem então, “lindas visões”, recheadas de
violência e morte.
Assim como aponta Skinner (1972), a busca por diferentes estratégias de ensino é de
grande relevância: “Nós não podemos melhorar significativamente a educação
encontrando melhores professores e melhores alunos. Nós precisamos encontrar práticas
que permitam a todos os professores ensinar bem e a todos os alunos aprender tão
eficientemente quantos seus talentos permitirem” (p. 210).
Como era de se esperar o tratamento teve alcance limitado, pois logo as respostas
reflexas de náusea foram se extinguindo, e as cenas de violência que sinalizavam a
possibilidade de punição acabam perdendo esta função de sinalização, ou seja, perdem a
função de serem estímlos discriminativos que sinalizam a ocorrência de punições. Se
tais cenas perdem a função de estímulos condicionados no eliciamento das respostas
reflexas de náusea, os comportamentos de violência têm a chance de ocorrerem sem
serem punidos, pois também perdem a função de eliciarem as sensações de desconforto
que atuavam como punição. Esta é uma questão clássica, ou seja, estímulos aversivos
condicionados vez ou outra precisam ser pareados com o estímulo punidor
incondicionado, caso contrário perdem a função de punidores ou de sinalizadores de
punição.