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VANESSA LACERDA

LARANJA MECÂNICA

Feira de Santana
18/05/2018
VANESSA LACERDA

LARANJA MECÂNICA

Trabalho acadêmico apresentando


à Faculdade Nobre de Feira de
Santana, enquanto avaliação da
disciplina Psicofarmacologia
ministrada pela professora Neila
Reis.

Feira de Santana
18/05/2018
Parte da discussão

1. Contextualização do filme

O que significa o título “Laranja Mecânica”? Ao pé da letra, o título original


(Clockwork Orange), significa “Laranja com Mecanismo de Relógio”. O título alude,
pois a um “mecanismo de relógio” – clockwork – algo que nos remonta a uma visão
mecânica, artificial, robótica, programável. Orange – laranja, nos leva, particularmente,
a ver semelhança, no inglês, com a palavra “orang – utan“, ou seja, um macaco (no caso
alaranjado, mesmo), uma criatura, um animal. No final das contas, seria uma alusão ao
procedimento behaviorista utilizado pelos cientistas do filme para reintegrar à sociedade
o jovem Alex, considerado como um “animal” e, por isso mesmo, “domesticável”.

Um filme relativamente antigo destaca-se ao se discutir aplicações da Análise do


Comportamento sendo, inclusive, indicado como exemplo da visão e das práticas desta
abordagem (ver, por exemplo, Bock, Furtado, & Teixeira, 1999). Baseado no
livro de Anthony Burgess, o filme “Laranja Mecânica”, produzido e dirigido por
Stanley Kubrick, recebeu quatro indicações ao Oscar® (incluindo melhor filme e
melhor direção), em 1971 . Este filme conta a história do protagonista Alex (vivido por
Mal 1 - colm McDowell) e sua gangue: rebeldes que se divertiam cometendo atos
criminosos, tais como uso de drogas, roubo, espancamentos e estupro. Alex era um
rapaz violento (tanto no que se refere a seus comportamentos públicos quanto a eventos
privados – como fica claro nos momentos em que sonha/imagina cenas de grande
violência, em casa, ao som da IX Sinfonia de Beethoven).

Em uma tentativa frustrada de latrocínio, quando comete seu primeiro assassinato, Alex
é surpreendido pela polícia e encaminhado ao Presídio Parkmoor. Escolhido dentre
todos os demais presos, passa a participar de um “programa revolucionário” de
modificação de comportamentos criminosos (denominado como “reflexo criminal”),
que promete tirar o criminoso do presídio de forma rápida e com garantias de que ele
não volte mais. Ele, então, é encaminhado ao Centro Médico Ludovico, onde tem início
seu processo de reabilitação. Durante o tratamento, uma determinada droga é injetada
em Alex e, em seguida, ele é levado a uma sala de cinema. Lá, é amarrado com uma
camisa de força e grampos são colocados em seus olhos, obrigando Alex a permanecer
com os olhos abertos e direcionados à tela, na qual são exibidas situações de grande
violência. Devido à droga administrada, Alex começa a sentir-se mal, com náuseas e
sensações de vômito. Nos 15 dias seguintes, é submetido a duas sessões diárias nas
quais as cenas e algumas músicas (incluindo a IX Sinfonia de Beethoven) eram sempre
emparelhadas à droga e às consequentes sensações desagradáveis até finalizar o
tratamento. Após esse período, Alex é apresentado a uma plateia que deveria comprovar
a eficácia do tratamento. Neste momento, o protagonista é exposto a situações
humilhantes (insultos verbais e violência física, como tapas e pontapés) e à presença de
uma mulher nua. Ao tentar emitir comportamentos de revidar aos atos agressivos e tocar
a mulher, tem náuseas e vômitos, impossibilitando os ataques e a aproximação sexual.

Satisfeitos com o resultado do tratamento, cientistas e representantes do governo


liberam-no da prisão, julgando que ele estava “curado”. Alex retorna à casa de seus pais
que, para sua surpresa, não o aceitam. Sem emprego, sem dinheiro e sem apoio, passa
por uma série de situações nas quais suas ex-vítimas vingam-se dele. A mais drástica
dessas “vinganças” é realizada por um escritor, com visão contrária ao tratamento
aplicado, que abriga Alex a fim de comprovar, com fins políticos, que o tratamento não
teria sido bem-sucedido. Entretanto, este homem havia ficado paraplégico após apanhar
de Alex e sua gangue. Nessa ocasião, teve sua casa saqueada e viu sua mulher sendo
estuprada e morta. Ao ouvir Alex cantando à mesma música que cantara durante a
invasão de sua casa (I’m singing in the rain), a vítima de Alex sente náuseas, dores,
tremores pelo corpo. Recorda-se da situação e decide aplicar maus-tratos a Alex. Ele
não havia reconhecido Alex anteriormente, pois na ocasião da invasão, Alex estava
usando uma máscara.

Após esse episódio, Alex é sedado e levado a um cômodo, onde acorda ouvindo
músicas de Beethoven e sentindo dores e náuseas. Com a continuidade da música e das
sensações desagradáveis, tenta o suicídio, jogando-se de uma janela e perdendo a
consciência. Ao ser internado em um hospital, dá-se conta de que já não existem os
efeitos do tratamento aplicado no Centro Médico Ludovico (ao responder de forma
agressiva a um teste feito pela psiquiatra, observa que sensações de náuseas não mais
aparecem). O filme termina com Alex ouvindo Beethoven e imaginando cenas de
violência, sem experimentar sensações desagradáveis.

2. Análise Comportamental

O diretor Stanley Kubrick retrata um mundo futurista, onde uma gangue aterroriza a
sociedade, com vandalismo, brigas com outras gangues, estupro e outros crimes.
O líder da gangue (Alex) é preso, e através de um programa de condicionamento, volta
às ruas modificado. Quando pensa ou tenta algum ato violento, o seu organismo reage
com crises de pânico, vômito, tontura. Esse condicionamento foi realizado através de
sugestões visuais, onde ele assistia a cenas de violência sem sequer poder piscar os
olhos, que se mantinham abertos à força, sendo molhados com colírio.
Em seu retorno à sociedade, ele encontra todas as suas vítimas, que se vingam dele, que
não consegue reagir por causa do seu condicionamento. É espancado por um de seus ex-
colegas que se tornou policial e, em seu caminho, cruza com um senhor que ficou
paralítico e que teve a esposa estuprada e morta ao serem agredidos por ele. Esse senhor
o reconhece somente quando ele está na banheira e canta uma música, a mesma que ele
cantou quando o estava agredindo. Como as outras vítimas, vinga-se, mandando um
empregado agredi-lo.
Depois de passar por todos os percalços, Alex volta ao seu estado normal através de
uma cirurgia no cérebro, pelas mãos de um congressista que quer utilizá-lo como vítima
do sistema para sua campanha eleitoral. Tem então, “lindas visões”, recheadas de
violência e morte.

 O controle do comportamento social é feito através da técnica Ludovico que,


com princípios psicológicos behavioristas de condicionamento, introduz em
Alex o mal-estar físico ligado a qualquer comportamento violento.

 Como na caixa de Skinner, Alex vincula o seu sofrimento físico a atos de


violência introduzidos através de vídeos que ele assistiu exaustivamente, sem ao
menos poder fechar os olhos. Esse tipo de condicionamento – ou técnica
behaviorista –, relacionando um efeito (seu mal-estar) a uma causa (violência),
se faz presente através da teoria comportamental. Seu comportamento é moldado
de acordo com os propósitos de outrem.
3. Análise do experimento a partir da perspectiva comportamental

O filme “Laranja Mecânica” possibilita a discussão de algumas questões:


comportamento e condicionamento reflexo, comportamento e condicionamento
operante, determinantes do comportamento agressivo, intervenção comportamental, e
aspectos éticos (de-Farias, Ribeiro, Coelho, & Sanabio-Heck, 2004; Hanna, &
AbreuRodrigues, 2001). Vale frisar que tais assuntos são abordados em diferentes
disciplinas ministradas por analistas do comportamento, principalmente as iniciais (e.g.,
Psicologia Geral e Experimental I, Processos Básicos de Aprendizagem, Processos
Psicológicos Básicos) ou aquelas de conteúdos relacionados à prática clínica. A seguir,
cada um desses temas será abordado de forma mais detalhada.

 Comportamentos Respondente e Operante

A Análise do Comportamento aborda duas grandes categorias comportamentais,


caracterizadas por diferentes relações entre eventos ambientais (os estímulos, que
consistem em aspectos do mundo que atingem os órgãos sensoriais, incluindo aqueles
que ocorrem no próprio corpo) e eventos comportamentais (as respostas, que ocorrem
com o organismo, incluindo ações, sensações, sentimentos, pensamentos). Ambas as
categorias são analisadas por meio do conceito de contingência, que descreve relações
de dependência entre dois ou mais estímulos, ou entre estímulos e respostas, na forma
se... então... (Skinner, 1953/1994, 1974/1993; Todorov, 1985, 1989). Deve-se observar
que o termo estímulo não tem a mesma acepção da linguagem cotidiana, isto é, não
impulsiona o comportamento. Além disso, os estímulos adquirem “sobrenome” (e.g.,
eliciador, discriminativo, reforçador, condicional), dependendo de suas respectiva
funções nas contingências (Baum, 1994/1999; Catania, 1998/1999; Keller, &
Schoenfeld, 1950/1971; Moreira, & Medeiros, 2007).

Na primeira categoria, estão os comportamentos reflexos (ou, mais amplamente, os


comportamentos respondentes), que são eliciados pela apresentação de estímulos
antecedentes. Na segunda, encontram-se os comportamentos operantes, que consistem
de classes de respostas que, ao serem emitidas, modificam o meio ambiente;
modificação esta que, por sua vez, altera a probabilidade futura dessa resposta.

Entre os comportamentos respondentes, é possível observar dois tipos. No respondente


incondicionado, a apresentação de eventos ambientais leva à ocorrência de respostas
eliciadas, independentes de aprendizagem anterior (como no caso das sensa- ções
corporais associadas ao medo/susto após a ocorrência de um som alto). Nos
respondentes condicionados, primeiramente descritos por Pavlov (1927/1982), um
estímulo neutro, isto é, um evento ambiental que não elicia a resposta sob a observação,
é emparelhado a um estímulo que já elicia essa resposta. Depois de sucessivos
emparelhamentos, a resposta passa a ser eliciada pelo estímulo anteriormente neutro, o
qual gradualmente adquiriu uma função de eliciador condicionado, ou estímulo
condicionado.

Em várias situações do filme, a multideterminação do comportamento fica evidente.


Quando Alex e sua gangue roubaram a casa, estupraram e mataram a esposa do escritor,
e o deixaram paraplégico, pode-se dizer que a própria agressão funcionou como um
estímulo eliciador de respondentes como dor, tremores e mudança na pressão sanguínea
do escritor, dentre outros. Essa agressão foi emparelhada a diversos outros estímulos,
tais como a visão das roupas brancas usadas pelos invasores, da voz de Alex e da
música I’m singing in the rain. Anos depois, quando o escritor se deparou com a mesma
música cantada por aquela mesma voz (pode-se acrescentar as pausas realizadas por
Alex como outra propriedade relevante desse conjunto de estímulos), as respostas que
foram condicionadas reapareceram.

4. Áreas acionadas no sistema nervoso

Como os fatores genéticos e ambientais infl uenciam a estrutura e o funcionamento


cerebral por toda a vida, através de seus efeitos sobre os sistemas de neurotransmissores
e hormônios, o produto fi nal dessas infl uências poderá ser observado nos traços de
personalidade e comportamento dos psicopatas. A sensibilidade cerebral aos hormônios
esteroides inicia-se precocemente, desde a embriogênese, passando pela infância e
adolescência. Crianças que apresentam a combinação de baixos níveis de cortisol,
insensibilidade emocional e comportamento antissocial grave parecem ter um risco mais
elevado de desenvolver psicopatia na idade adulta4-6. Os hormônios são mensageiros
químicos, facilitadores de diversas funções necessárias à sobrevivência humana,
participando da mobilização corporal diante do perigo, da busca por recompensas, como
alimentos ou parceiros sexuais, e das habilidades sociais.

Eles também afetam a capacidade de aprender após a punição ou premiação e a


tendência a se arriscar. Sendo endofenótipos, ou seja, mecanismos biológicos
intermediários, em nível molecular, que ligam os genes às manifestações dos
transtornos mentais, os hormônios, quando desregulados, podem contribuir para a
sintomatologia verifi cada na psicopatia. As dosagens hormonais são realizadas, em
geral, através da saliva ou do sangue, e os hormônios podem ser medidos em repouso ou
em resposta a algum tipo de estressor ou evento, a fi m de se obter informações sobre a
reatividade daquele sistema. Desse modo, os hormônios representam marcadores
biológicos viáveis para uma variedade de cenários e investigações, podendo encontrar
concordância com a versatilidade da apresentação clínica dos psicopatas. Diversas
pesquisas apontam para a associação entre alterações nos níveis de determinados
hormônios e efeitos no desenvolvimento e na manutenção de traços psicopáticos. Os
dois hormônios primariamente implicados nessa questão são o cortisol e a testosterona.
Outro hormônio cuja importância vem sendo investigada é a deidroepiandrosterona
(DHEA). A alfa-amilase, uma enzima salivar que pode ser medida de maneira
semelhante aos hormônios, também vem sendo estudada, pois possivelmente refl ete o
funcionamento do sistema nervoso simpático (SNS).

A busca pela ampliação dos conhecimentos sobre as bases biológicas da psicopatia


persiste, e os hormônios representam um meio de acesso a essas informações. Níveis
baixos de cortisol e elevados de testosterona podem explicar a problemática tomada de
decisões, a embotada reatividade ao estresse, a postura destemida e a agressividade
instrumental observada nos psicopatas. Ainda não se sabe se os hormônios podem ser
alterados pelo ambiente em alguma fase vital, ou se níveis anormais são preexistentes.
Por fi m, o mais importante: futuras terapias hormonais podem ter implicações para essa
população, melhorando o funcionamento de áreas cerebrais, como a amígdala, e
reduzindo os riscos individuais e sociais promovidos pela psicopatia.

5. Reflexão: Por que o tratamento perdeu efeito?


Cirino (2001) descreve estudos, realizados nas décadas de 1970 e 1980, que
demonstravam um disparate entre a produção de conhecimento dos analistas do
comportamento e a percepção que estudantes tinham em relação a essa abordagem. Para
este autor (o que pode ser confirmado por atuais professores da área), essa situação não
mudou nos últimos anos. O cuidado com a escolha dos recursos didáticos tem se
juntado à discussão acerca da escolha de conteúdos a serem ministrados nas poucas
disciplinas nas quais os estudantes de graduação têm acesso à Análise do
Comportamento. Em outras palavras, é necessária a discussão referente aos
conteúdos/conceitos mais relevantes ao graduando, assim como às melhores estratégias
de ensino destes conteúdos. A análise do filme “Laranja Mecânica”, aqui apresentada,
demonstra a multiplicidade de temas que podem ser ilustrados e discutidos em sala de
aula, congressos e grupos de estudo. A Análise do Comportamento pode passar a se
configurar, do ponto de vista dos alunos, uma abordagem capaz de responder a questões
individuais diárias, complexas, que envolvem contextos socioculturais bem mais
diversificados que os presentes em uma situação planejada de laboratório. Isto pode
aumentar a motivação, e a aprendizagem como um todo, dos alunos. O que se propõe,
portanto, é uma diversificação dos meios de interação professor-aluno e aluno-conteúdo.
Dentro dessa perspectiva, o presente trabalho apresenta uma alternativa aos recursos
didáticos comumente utilizados no ensino da Análise do Comportamento.

Assim como aponta Skinner (1972), a busca por diferentes estratégias de ensino é de
grande relevância: “Nós não podemos melhorar significativamente a educação
encontrando melhores professores e melhores alunos. Nós precisamos encontrar práticas
que permitam a todos os professores ensinar bem e a todos os alunos aprender tão
eficientemente quantos seus talentos permitirem” (p. 210).

Como era de se esperar o tratamento teve alcance limitado, pois logo as respostas
reflexas de náusea foram se extinguindo, e as cenas de violência que sinalizavam a
possibilidade de punição acabam perdendo esta função de sinalização, ou seja, perdem a
função de serem estímlos discriminativos que sinalizam a ocorrência de punições. Se
tais cenas perdem a função de estímulos condicionados no eliciamento das respostas
reflexas de náusea, os comportamentos de violência têm a chance de ocorrerem sem
serem punidos, pois também perdem a função de eliciarem as sensações de desconforto
que atuavam como punição. Esta é uma questão clássica, ou seja, estímulos aversivos
condicionados vez ou outra precisam ser pareados com o estímulo punidor
incondicionado, caso contrário perdem a função de punidores ou de sinalizadores de
punição.

No caso de Alex, seus comportamentos de cometer violência eram ao mesmo tempo


estímulos condicionados para as respostas reflexas de náusea, sinalizadores de
ocorrência da punição (náusea) e também eram punidores e geradores da punição que
era sentida com o grande desconforto que acompanhava as crises de náusea. Quando é
desfeito o condicionamento respondente, ou seja, quando as cenas de violência e os
comportamentos de se engajar em violência perdem a função de eliciarem as respostas
reflexas de náusea, os comportamentos violentos perdem também a função de punidores
e sinalizadores de punição, ao mesmo tempo em que cometer violência deixa de ser
punido pela ocorrência dos desconfortos. Neste sentido, o filme evidencia duas coisas
muito importantes: 1) Um programa de modificação de comportamentos não deve se
limitar à ocorrência dos comportamentos respondentes e nem deve 2) fazer uso de
punição. A punição tem efeitos colaterais nocivos, e a sua eficácia em suprimir
comportamentos dura enquanto o estímulo aversivo estiver presente. Além do mais, os
estímulos aversivos condicionados precisam ser pareados habitualmente com estímulos
aversivos incondicionados para não perderem a função de punidores.

Portanto, o tratamento ao qual Alex foi submetido revelou-se um fracasso total.


Também pudera, pois além de coercitivo foi desprovido da realização de qualquer
análise funcional dos comportamentos de se engajar em violência. Sem uma boa análise
funcional qualquer procedimento utilizado para modificar quaisquer comportamentos
tem uma grande chance de ser ineficaz.
Referências:

Organizado por RANGEL, Ana K. C. de Farias; BRASILIA, Michela R. ET AL.


Skinner vai ao cinema (Volume 1), 2a ed., Instituto Walden4, 2014. P 24-44.

RIBEIRO, Bruno Alvarenga. LARANJA MECÂNICA: UMA ANÁLISE


COMPORTAMENTAL. http://cafe-com-ciencia.blogspot.com. Disponível em: <
http://cafe-com-ciencia.blogspot.com/2013/04/analise-comportamental-do-filme-
laranja-mecanica.html> Acesso em: 18 de maio de 2018.

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