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Marília
2015
SECRETARIA DO ESTADO DA SAÚDE
PROGRAMA DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL
Marília
2015
C532i Chiararia, Débora de Oliveira
Inserção da Psicologia no contexto hospitalar
sob a ótica do matriciamento / Débora Oliveira Chiararia -
- Marília, 2015.
00 f.
Comissão de Aprovação:
____________________________
Profa. Ms. Danielle Abdel Massih Pio
Supervisora/Orientadora
____________________________
Profa. Ms. Camila Mugnai Vieira
Coordenadora PAP (SES/Fundap) – FAMEMA - Área
____________________________
Profa. Dra. Roseli Vernasque Bettini
Coordenadora PAP (SES/Fundap) – FAMEMA
O presente trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica acerca dos estudos sobre
a atuação da Psicologia Hospitalar, sob o enfoque de uma reorganização do modelo
de cuidado e de gestão dos processos em saúde. O modelo implantado baseia-se
nos referenciais de gestão colegiada, equipe multiprofissional, equipes de apoio e de
referência, que buscam fortalecer o olhar biopsicossocial, proporcionando assim
uma assistência integral. Observa-se a importância de preparar os profissionais para
atuarem nesse modelo de cogestão e de uma clínica ampliada, visto os mesmos
ainda terem resquícios do modelo biomédico/curativista de cuidado. Para isso, se
faz necessário propostas de educação permanente, reuniões de equipe semanais e
esclarecimento sobre os novos conceitos empregados pelo SUS. Tais proposições e
ações auxiliam na troca de saberes e percepções acerca do paciente, bem como na
construção de resoluções dos problemas levantados de forma eficaz e realmente
efetivas, com a elaboração de projetos terapêuticos e continuidade dos cuidados ao
paciente na Rede de Atenção à Saúde. O papel do psicólogo dentro da equipe é
contribuir para a construção e ativação de espaços para comunicação ativa e o
compartilhamento de conhecimento entre profissionais de referência e apoiadores,
buscando potencializar a prática da interdisciplinaridade, humanização e qualidade
do cuidado, auxiliando assim na melhor condução de demandas relacionadas à
saúde mental.
The current paper work is about a bibliographic review of the studies of a proposal on
Psychological performance made based on a reorganization of a hospital service.
The model implemented is based on the collegiate management frameworks, multi-
professional team, support and referral teams that seek to strengthen the
biopsychosocial look, providing comprehensive care. Note the importance of
preparing professionals to work in this model of co-management and a broader clinic,
since they still have remnants of the biomedical model / curative care. For this, it is
necessary proposals for continuing education, weekly team meetings and clarification
of the new concepts employed by SUS. Such propositions and actions assist in the
exchange of knowledge and perceptions of the patient as well as the construction of
resolutions of the problems effectively and really effective, with the development of
therapeutic projects and continuity of patient care in the Health Care Network. The
psychologist's role within the team is to contribute to the construction and activation
of spaces for active communication and knowledge sharing between reference
professionals and supporters, seeking to enhance the practice of interdisciplinarity,
humanization and quality of care, thus helping to better driving demands related to
mental health.
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 8
2 JUSTIFICATIVA................................................................................................ 13
3 OBJETIVOS...................................................................................................... 14
3.1 Objetivo Geral .............................................................................................. 14
3.2 Objetivos Específicos.................................................................................. 14
4 MÉTODO.......................................................................................................... 15
5 DESENVOLVIMENTO...................................................................................... 16
5.1 O pensamento biomédico e o olhar biopsicossocial: interfaces na
prática e na promoção da saúde ..................................................................... 16
5.2 A implantação do trabalho interdisciplinar no contexto hospitalar
através dos conceitos de clínica ampliada e cogestão ................................ 21
5.3 Clínica ampliada e matriciamento: propostas de atuação para a
psicologia hospitalar ...................................................................................... 30
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 39
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 42
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1 INTRODUÇÃO
2 JUSTIFICATIVA
3 OBJETIVOS
4 MÉTODO
5 DESENVOLVIMENTO
"... nada mudará a menos que, ou até que, aqueles que controlam os
recursos tenham a sabedoria de se aventurar fora do caminho já batido da
exclusiva dependência da biomedicina como a única abordagem para o
cuidado em saúde" (George L. Engel, 1977).
variar de doença para doença, de um indivíduo para outro e até mesmo entre dois
episódios diferentes da mesma doença, no mesmo indivíduo (SILVA et al., 2011).
Com estas informações, nota-se que este modelo está mais voltado à
prevenção de doenças e promoção da saúde, sendo que esses dois conceitos agem
de forma dialética, ou seja, promovendo saúde se previne doenças e vice-versa.
Para atingir tal objetivo, o modelo biopsicossocial considera um conceito de saúde
que como o conceito de doença tem um lado biológico, hereditário, quase não
manipulável, mas também existem alguns fatores psicológicos, sociais, econômicos,
culturais, étnicos/raciais e comportamentais que podem ser moldados pela pessoa,
como hábitos saudáveis, ambiente favorável ou acesso aos serviços de saúde,
conhecidos como Determinantes Sociais de Saúde (SCILIAR, 2007).
Pesquisas realizadas têm demonstrado que o comportamento e o estilo de
vida dos indivíduos podem ter um impacto significativo sobre o desenvolvimento ou
a exacerbação das doenças. Muitos comportamentos que auxiliam na promoção e
na manutenção da saúde são geralmente desenvolvidos durante a infância e a
adolescência, como hábitos alimentares saudáveis e prática de atividades físicas
(MIYAZAKI; DOMINGOS; CABALLO, 2001).
Além dos comportamentos, outro fator que pode influenciar no
desenvolvimento de doenças está relacionado à rede de conexão
psiconeuroimunoendócrina, que faz parte de um dos mecanismos básicos das
enfermidades. A partir dela podemos compreender como os fatos da vida cotidiana e
as emoções (raiva, ódio, culpa, arrependimento, insegurança, amor, tristeza,
depressão e outras) podem romper o equilíbrio frágil do processo saúde/doença
[respostas biopsicossociais] (BATEMAN et al., 1989).
Pode-se dizer que uma disfunção e/ou enfermidade é multifatorial. O médico
não pode escolher um ou outro fator ao cuidar do enfermo. A atenção deve ser
dirigida às necessidades da pessoa e não do médico. Procedendo assim, a ação do
médico se fará no eixo da integralidade. Podemos afirmar que o ser humano é a
unidade mente/corpo em interação com o meio ambiente. O ser total se realiza no
encontro das dimensões biológica [corpo], psicológica [mente] e social [meio
ambiente] (TSUJI; SILVA, 2010).
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Após as reflexões feitas nos capítulos anteriores, torna-se claro que o pensar
e fazer saúde não se esgota apenas com os saberes médicos de doença e de cura.
Com o passar dos anos, foi necessária uma evolução que envolvesse os aspectos
totais que compõem a vida de um ser humano.
Pensando em termos de Brasil, o caminho da saúde e doença também
percorreu o pensar e o fazer biomédicos, chegando, finalmente, ao pensar e o fazer
biopsicossocial. Um marco dessa mudança ocorreu com a Reforma Sanitária em
1986, onde sempre pretendeu ser mais do que apenas uma reforma setorial.
Almejava-se, desde seus primórdios, que pudesse servir à democracia e à
consolidação da cidadania no País (BRASIL, 2006).
Ainda segundo o Ministério da Saúde (MS), na esteira deste processo
democrático constituinte, o chamado movimento sanitário tinha proposições
concretas. A primeira delas, a saúde como direito de todo o cidadão, independente
de ter contribuído, ser trabalhador rural ou não trabalhador. Não se poderia excluir
ou discriminar qualquer cidadão brasileiro do acesso à assistência pública de saúde.
A segunda delas é a de que as ações de saúde deveriam garantir o acesso da
população às ações de cunho preventivo e/ou curativo e, para tal, deveriam estar
integradas em um único sistema. A terceira, a descentralização da gestão, tanto
administrativa, como financeira, de forma que se estivesse mais próximo da quarta
proposição, que era a do controle social das ações de saúde (BRASIL, 2006).
O MS, também postula que a consolidação da reforma sanitária veio através
da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), fundamentado na Constituição
Federal de 1988, regulamentado na Lei Federal n.º 8.080, de 19 de setembro de
1990, que dispõe sobre a organização e regulação das ações de saúde, e na Lei
Federal n.º 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que trata do financiamento da saúde
e da participação popular. A promulgação da Lei Orgânica da Saúde - Lei Federal nº
8.080, de 19 de setembro de 1990, dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes e dá outras providências. Em seu artigo 2º garante que a saúde é
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trabalhadores na gestão é fundamental para que eles, no dia a dia, reinventem seus
processos de trabalho e sejam agentes ativos das mudanças no serviço de saúde.
Incluir usuários e suas redes sociofamiliares nos processos de cuidado é um
poderoso recurso para a ampliação da corresponsabilização no cuidado de si.
Dentre os arranjos e materiais de trabalhos interdisciplinares propostos
também pela PNH, tem-se a Clínica Ampliada, como sendo um instrumento para que
os trabalhadores e gestores de saúde possam enxergar e atuar na clínica para além
dos pedaços fragmentados, sem deixar de reconhecer e utilizar o potencial desses
saberes. Este desafio de lidar com os usuários enquanto sujeitos buscando sua
participação e autonomia no projeto terapêutico é tanto mais importante quanto mais
longo for o seguimento do tratamento e maior for a necessidade de participação e
adesão do sujeito no seu projeto terapêutico. Ou seja, exceto as situações de
atenção à emergência e os momentos de procedimentos em que os sujeitos estão
sedados, é cada vez mais vital para qualificar os serviços dialogar com os sujeitos. O
que é um desafio também em vários sistemas públicos de saúde no mundo. É na
interação entre os diferentes sujeitos da equipe (justamente valorizando essas
diferenças) que se poderá mais facilmente fazer uma clínica ampliada (BRASIL,
2003).
Assim, para que se realize uma clínica adequada é preciso saber, além do
que o sujeito apresenta de igual, o que ele apresenta de diferente, de singular,
inclusive, um conjunto de sinais e sintomas que somente nele se expressam de
determinado modo. Com isso, abrem-se inúmeras possibilidades de intervenção, e é
possível propor tratamentos muito melhores com a participação das pessoas
envolvidas (BRASIL, 2008).
Além disso, considera-se essencial a ampliação também do objetivo ou da
finalidade do trabalho clínico: além de buscar a produção de saúde, por distintos
meios – curativos, preventivos, de reabilitação ou com cuidados paliativos –, a
clínica poderá também contribuir para a ampliação do grau de autonomia dos
usuários. Autonomia entendida aqui como um conceito relativo, não como a
ausência de qualquer tipo de dependência, mas como uma ampliação da
capacidade do usuário de lidar com sua própria rede ou sistema de dependências. A
idade, a condição debilitante, o contexto social e cultural, e, até mesmo, a própria
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ENGEL, G. L. The need for a new medical model: a challenge for biomedicine.
Science, Washington, v. 196, n. 4286, p. 129-136, 1977. Disponível em:
<http://meagherlab.tamu.edu/MMeagher/Health%20360/Psyc%20360h%20articles/E
ngel%201977%20360h.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2014
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