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Respostas

1 - Conforme proposto pela questão, realizaremos as devidas distinções sobre


as temáticas propostas:

(i) Decadência do Direito de lançar:

Importante lembrar que uma vez ocorrido o fato hipoteticamente previsto em


lei, definido como fato gerador, surge a obrigação tributária, tendo o sujeito
passivo o dever de pagar e o sujeito ativo o direito de receber o tributo devido.

Porém para que esse crédito torne- se exigível, faz-se necessário, ter o
respectivo lançamento, o qual formaliza o vínculo obrigacional.

Nesse passo podemos definir o lançamento como sendo o procedimento


administrativo, realizado na maioria das vezes pelo fisco o qual verificará a
existência do fato gerador e assim calcular o quanto devido a ser recolhido pelo
sujeito passivo. Portanto, trata-se de um ato administrativo vinculado e
obrigatório.

Porém o lançamento está sujeito a decadência, visto que o fisco não poderá o
fazer quando bem entender, deverá respeitar o prazo que em tese é de até 05
anos. Pois, se assim não fosse, estaria colocando em risco a Segurança
Jurídica.

Conforme já falamos, o lançamento não é uma discricionariedade do fisco e


sim uma obrigação, sendo que se não for feito, o agente poderá responder por
responsabilidade funcional. (art 142 CTN).

(ii) Prescrição do direito do Fisco cobrar o crédito tributário:


Importante primeiramente definirmos o que trata-se o instituto da prescrição, o
qual seja a perda do direito de requerer-se a satisfação de algo em razão de
um lapso temporal.

Desta forma, uma vez lançado o crédito tributário, surge o direito de receber
por parte do fisco, bem como a obrigação de pagar por parte do contribuinte.

Assim sendo, em caso de inadimplemento, constituirá uma Certidão de Dívida


Ativa, podendo a Fazenda Pública, ingressar com a competente ação de
execução fiscal, para exigir coercitivamente o pagamento por parte do
contribuinte.

No entanto, referida ação deve ser ingressada no prazo de até 05 (cinco) anos
a contar da constituição definitiva do crédito, conforme determinado pelo artigo
174 do Código Tributário Nacional1, respeitadas as causas de interrupção,
prevista no mesmo dispositivo legal.

(iii) Decadência do direito do contribuinte pleitear a restituição do


indébito tributário.

Tendo o contribuinte, o direito de receber a restituição do indébito tributário,


esta também está sujeita ao prazo decadencial de 05 (cinco) anos para ser
realizada, contados a partir da extinção do crédito tributário, o qual tenha
acarretado o pagamento a maior. Ou ainda da data do transito em julgado da

1
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua
constituição definitiva.

Parágrafo único. A prescrição se interrompe:

I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;

II - pelo protesto judicial;

III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo
devedor.
decisão administrativa/judicial, a qual tenha anulado, reformado ou revogado o
auto de infração.

Tais diretrizes, estão devidamente previstas no artigo 168 do CTN.

(iv)

2 – Considerando o disposto na Constituição Federal, no artigo destacado na


presente questão, podemos concluir que a matéria sobre prescrição e
decadência tributaria é reservada exclusivamente a lei complementar.

Para aprovação de lei complementar, deverão ser observados, os requisitos da


Constituição Federal, sendo que esta disciplinará as questões expressamente
determinadas no texto constitucional.

Portanto, se um dos entes federativos, através de lei ordinária, tratar de


prescrição e decadência, estaremos diante de uma inconstitucionalidade, pois
referido dispositivo legal, estará afrontando a Constituição Federal.

Nesse exato sentido, podemos destacar, o entendimento do Anexo I 2, o qual


entende como inconstitucional os artigos 45 e 46 da lei N° 8.212/1991, tal
questão já encontra-se sedimentada na Súmula Vinculante N° 83 do Supremo
Tribunal Federal.

Em contrapartida, uma lei complementar Estadual ou Municipal, podem


disciplinar sobre prescrição e decadência.

3 – Para os casos de lançamento na modalidade de oficio, os quais são


regulamentados pelo artigo 149 do Código Tributário Nacional, possui o prazo
decadencial de 05 (cinco) anos.

2
RE N° 559.943/RS
3
São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da
Lei 8.212/1991, que tratam da prescrição e decadência do crédito tributário.
Desta forma, a contagem do prazo de decadência do lançamento de oficio,
segue as regras determinadas no artigo 1734 também do Código Tributário
Nacional, onde abaixo destacamos o marco inicial de referido prazo:

(i) Do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento


poderia ter sido efetuado; ou

(ii) Da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado,


por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.

No entanto, em se tratando de lançamento da modalidade por homologação,


onde o próprio contribuinte imputa as informações em sistema, realiza o
pagamento e apenas aguarda a aprovação por parte do fisco, conforme dispõe
o artigo 150 do Código Tributário Nacional, terá também o prazo de decadência
de 05 (cinco) anos, tendo o prazo inicial regulamentado no §4° de referido
artigo, que abaixo destacamos:

Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos
cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o
pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se
pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da
atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.

(...)

§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a


contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a
Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o

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Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;

II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento
anteriormente efetuado.

Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo
nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao
sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.
lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a
ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (grifos nossos).

Desta forma, passado o prazo e não tendo a Fazenda Pública se manifestado,


estaremos diante de uma homologação tácita, ou ainda decadência do direito
em questionar o valor devido e o que foi antecipado pelo sujeito passivo.

Vale pontuar, que o prazo decadencial, inicia a sua contagem na data da


ocorrência do fato gerador.

Outro ponto que merece destaque, são nos casos em que não houver o
lançamento realizado pelo contribuinte, assim o prazo decadencial, seguirá a
regra geral do artigo 173 I do Código Tributário Nacional.

Tal entendimento, encontra-se sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça,


com a edição da súmula 5555.

Corroborando com tal entendimento, destacamos ainda os julgados constantes


no anexo II6 e III7, ofertados com a presente questão, onde reconhece que nos
casos em que não houver o que homologar, a contagem do prazo decadencial,
iniciará no primeiro dia do exercício financeiro seguinte.

Por fim, para os casos em que houver fraude constatada, o prazo decadencial
do fisco também seguirá a regra geral do artigo 173, inciso I do Código
Tributário Nacional.

Seguindo tal premissa, destacamos o entendimento do doutrinador Paulo de


Barros Carvalho8:

5 Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário

conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o

dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa.

6
RESP n° 973.733/SC
7
AgRg no RESP n° 1448906/MG
8
Página 570.
“Diante da lacuna causada pela omissão do legislador ordinário em
disciplinar esse prazo, entendemos que a regra que mais condiz com o
espirito do sistema é a do art. 173, I do Código Tributário Nacional, isto
é, havendo dolo, fraude ou simulação, adequadamente comprovados
pelo Fisco, o tempo de que dispõe para efetuar o lançamento de ofício é
de cinco anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em
que poderia ter praticado o ato.”

Portanto, concluímos que nestes casos, a contagem do prazo também segue a


regra geral.

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