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Como lidar com a agressividade de seu filho

Falta de limites, maus exemplos dados pelos adultos, situações de estresse: são muitos os
motivos que podem levar uma criança a ter comportamentos agressivos. Brigas, chutes,
socos e xingamentos algumas vezes são uma forma de a criança expressar suas
angústias e seus medos. Em outras ocasiões, são um reflexo da falta de orientação e
firmeza dos pais na aplicação de regras e combinados.

Podem ser ainda um comportamento de imitação do modelo dado pelos adultos, quando
estes também são agressivos em suas relações com outras pessoas e diante de situações
que os desagradam.
É importante que os pais identifiquem quais as causas das manifestações de
agressividade das crianças e procurem ajudá-la a compreender que há maneiras melhores
de resolver seus problemas ou de expressar seu desagrado diante de uma decepção. Veja
as dicas dos especialistas.

Para ler, clique nos itens abaixo:

1) Pode não parecer, mas a agressividade é uma linguagem, uma forma de expressar
sentimentos e desejos. "Não é a maneira mais correta, mas talvez seja a única
forma que o filho aprendeu a usar nos momentos de angústia, ansiedade e
principalmente de frustração, diz Quézia Bombonatto, psicopedagoga e presidente
da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).
2) Os pais não devem atender aos desejos dos filhos quando eles tomam atitudes
agressivas, porque isso só vai reforçar a ideia de que é pela força, pela agressão e
pelo grito que conseguimos o que queremos. "Os pais não podem reforçar esse
comportamento. No caso da birra, não se pode atender ao pedido enquanto o filho
não tiver um comportamento adequado", diz Quézia Bombonatto, psicopedagoga e
presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).
3) A criança sem limite sofre com a falta de direção e gestão dos pais e aprende que
para comunicar ou conseguir o que quer, precisa apelar para a agressividade,
conforme explica a psicóloga Eliana de Barros Santos, diretora pedagógica do
Colégio Global. "Um exemplo: a criança quer ir ao parque, mas os pais dizem que
é hora de ir ao restaurante. Então ela se joga, chora e grita para conseguir o que
quer. Os pais continuam negando, mas então ela voa nos pais e os agride de
forma verbal e/ou física". Ela dá outro exemplo do que pode acontecer quando os
pais não tomam atitudes diante das agressões dos filhos: "A criança pode ficar
acostumada a obter resultados positivos em suas investidas sobre um irmão ou
sobre a babá, batendo e brigando. Como acostuma com este comportamento, ao
chegar à escola ela fará o mesmo com os amigos e os professores sempre que for
contrariada, tentando obter o mesmo resultado que tem em casa. Essa criança
agride para conseguir seu objetivo e esse comportamento, se não for corrigido a
tempo, vai provocar muito sofrimento a ela e aos que convivem com ela", explica.
4) As crianças aprendem, de uma forma geral, por imitação. Por isso, é preciso
atenção: muitos dos comportamentos agressivos dos pais e adultos são
aprendidos pelas crianças. "Criança vê, criança faz: não temos dúvida de que a
criança apresenta comportamentos copiados dos seus pais ou cuidadores. Para se
evitar que a criança se comporte de forma agressiva é preciso que os pais revejam
o seu próprio comportamento e identifiquem situações onde costumam se
comportar de forma agressiva", diz a psicóloga Eliana de Barros Santos.
5) Segundo Quézia Bombonatto, psicopedagoga e presidente da Associação
Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), jogos ou filmes violentos podem, sim,
influenciar o comportamento das crianças, mas não são os fatores que mais
incentivam a agressividade. De acordo com ela, proibir simplesmente a criança de
assistir ou jogar o que tem conteúdo violento não é a solução. "Não podemos
proibir nossas crianças de terem uma participação na vida em sociedade, mas
podemos participar e ensiná-los a refletir sobre o que é bom e o que não é tão bom
nos filmes e jogos. O importante é haver diálogo e reflexão: incentivar a criança a
se colocar no lugar ora do agredido, ora do agressor e fazê-la pensar sobre isso.
Isso fará do futuro adulto uma pessoa mais responsável por si", diz.
6) A agressividade também pode estar vinculada a situações que geram estresse na
criança tais como luto, separação dos pais, chegada dos irmãos mais novos. "Para
lidar com a situação de forma tranquila é necessário tomar consciência do
problema e acolher a criança em seus sentimentos de receio, medo, angústia.
Para isto é preciso olhar para ela com cuidado e atenção, buscando ver além do
gesto que a criança está utilizando para se fazer entender. Boas horas de
intimidade e aconchego verdadeiro são os melhores remédios", afirma a psicóloga
Eliana de Barros Santos.
7) Sim, essa também pode ser uma das possíveis causas das atitudes agressivas.
"Podemos imaginar que os filhos têm um potinho que precisa ser cheio com
carinho e atenção dos pais diariamente. Quando esse potinho estiver vazio, ela vai
ficar triste e buscar outra forma de obter a atenção dos pais", diz a psicóloga Eliana
de Barros Santos. Ela sugere que ao encontrar a criança, depois de um período
separado, seja pelo trabalho ou por uma simples noite de sono, os pais se
preocupem em encher o potinho com atenção verdadeira. "Você verá que a
criança, satisfeita em sua necessidade, estará tranquila e somente voltará a
requisitar sua atenção muito tempo depois, quando sentir seu potinho vazio. Em
sua fome de atenção, ela precisa ser bem alimentada para se desenvolver
saudável e tranquila. Lembrando sempre do potinho e cuidando dele, você vai
perceber que agressividade, palavrão, birra, serão assuntos pouco lembrados em
sua família", diz a psicóloga.

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