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Apostila de Estratigrafia Geral PDF
Apostila de Estratigrafia Geral PDF
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
ESTRATIGRAFIA
GERAL
Código da disciplina – GEL005
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01. INTRODUÇÃO, DEFINIÇÃO E RELAÇÃO COM OUTROS RAMOS DA
GEOLOGIA
Weller, 1960.
A estratigrafia é o ramo da geologia que estuda as rochas estratificadas e
sedimentares, considerando, para as diversas unidades estratigráficas, a descrição
da seqüência vertical e horizontal, as correlações e o mapeamento.
Fase Tradicional
• PRÉ 1950.
• Descrição.
• Correlação.
• Nomenclatura.
• Cronoestratigrafia / litoestratigrafia.
• Paleontologia estratigráfica.
• Interpretação geral dos fenômenos deposicionais.
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Fase dos Modelos do Holoceno (3d)
• 1950
• Relaciona: ambiente, processo, litofácies.
• Executa sondagens rasos em fácies recentes.
• Estabelece modelos de deposição de siliciclásticos e carbonatos (fluvial,
deltáico, costeiro, planícies de marés, recifes...)
• A estratigrafia tradicional orienta-se mais em direção a sedimentologia.
Fase dos Sistemas Deposicionais
• 1960/1970
• Relaciona análogos recentes e antigos.
• Infere processos para fácies antigos.
• Define sistemas deposicionais antigos a partir das relações tridimensionais
entre fácies.
• Desenvolvimento dos sistemas deposicionais.
• Infere a paleogeografia e prevê reservatórios de hidrocarbonetos e camadas
impermeáveis.
Estratigrafia Sismica.
• 1970/1980
• Interpreta a litoestratigrafia a partir da sísmica.
• Define limites entre seqüências: são as descontinuidades importantes na
sedimentação.
• Reconhece os componentes das fácies sísmicas (configuração ou tipo de
estratificação, continuidade da estratificação, forma externa ou geometria).
• Introduz o conceito de trato deposicional (system tract).
• Identifica variações do nível do mar.
Estratigrafia Seqüencial
• 1980/1990
• Tratos deposicionais relacionados com as variações do nível do mar.
• Ciclicidade das seqüências.
• Relaciona as variações da lâmina d'água com a tectônica e a eustasia, e com
a fonte do sedimento.
• Controvérsia com relação a globalidade dos fenômenos.
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• Sedimentologia, petrologia sedimentar. Descrição dos sedimentos e rochas
sedimentares (textura e estruturas sedimentares), diagnóstico do ambiente de
sedimentação, estudo da diagênese que é relacionada com a evolução da
bacia (soterramento e soerguimento).
• Geoquímica. Idade absoluta pelo estudo dos isótopos radioativos. Variações
de ambiente ou de clima definidos pelo estudo de alguns isótopos estáveis.
Estudo da matéria orgânica (em geologia do petróleo) informa sobre a
evolução térmica da bacia.
• Geologia Econômica, do Petróleo, e Hidrogeologia. Aproveita-se bastante de
um bom conhecimento das bacias sedimentares (boa análise de bacia).
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de habitantes atuais da Terra deveriam transferir-se para áreas mais elevadas, o
que não deixaria de provocar graves problemas econômicos, sociais e políticos.
Por outro lado, porém utópico, este imenso volume de água doce congelada
corresponde a um consumo potencial diário, de 150 litros por habitante do Planeta,
durante 100.000 anos. (Ver: C. Lorius, Glaces de l 'Antarctique, ed. Odile Jacob,
1991, p. 86.).
Algumas instituições científicas, como a SEPM (Society for Sedimentary
Petrology), incentivam o aproveitamento do conhecimento das bacias sedimentares
para o estudo dos lençóis de água subterrânea e a prevenção dos vários tipos de
poluição.
O maior aqüífero (camada subterrânea rica em água) chama-se Aqüífero
Guarani, constitui-se de um arenito eólico poroso, da Formação Botucatu (Bacia do
Paraná).
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02. REVISÃO SOBRE AMBIENTES E FÁCIES SEDIMENTARES
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Parâmetros Químicos
Composição da atmosfera. Variação de composição há escala geológica ou
histórica.
Composição da água. Sais em solução. Gases em solução. Matéria orgânica
particulada e em solução. Zonas de mistura de águas (estuários). pH, Eh.
Parâmetros Biológicos
Flora. Cobertura vegetal. Fauna. Microorganismos.
INTEMPERISMO TRANSPORTE
e / ou em DEPOSIÇÃO
EROSÃO EQUILÍBRIO
Dominante:
- Nas montanhas
- Nos desertos (deflação)
- Nas costas rochosas
(falésias) - Nos desertos, migração Rara.
- Intemperismo químico de dunas. Ambiente eólico:
CONTINENTAL libera elementos e - Regiões continentais - Dunas
AÉREO compostos em solução. baixas e planas estão em - Loess
Os resíduos são solos equilíbrio.
diversos. Desenvolvimento
de voçorocas
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Na figura 1, aparece bem, na superfície topográfica dos blocos diagramas, a
grande variedade de ambientes sedimentares, que podem ser, tanto de deposição,
mais também de erosão ou de transporte. Nos cortes verticais dos blocos, nos
locais de deposição, aparece claramente o resultado da acumulação vertical dos
sedimentos. Esta representação, bem simples, já permite observar os conceitos de
sedimentação isócrona, linha (ou superfície) de tempo e variação lateral de fácies.
Estes conceitos são bem visíveis, tanto no bloco de cima representando
sedimentação principalmente siliciclástica, quanto no bloco de baixo representando
ambientes carbonáticos.
Estes conceitos serão aprofundados no item do curso dedicado ao estudo da
litoestratigrafia e das seqüências transgressivas e regressivas.
Fig. 1
Conceitos
Conjunto de feições que caracteriza uma rocha sedimentar. É o produto da
deposição em um determinado ambiente sedimentar, caracterizado por vários
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parâmetros. Sensu stricto, uma fácies sedimentar deve apresentar uma certa
homogeneidade.
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FÁCIES
F1 – argila (Planície de Inundação)
Ambiente fluvial meandrante F2 – silte (Planície). Sistema
(local geográfico), processos F3 – areia (Barra Pontal) deposicional
F4 – conglomerado (Canal) fluvial meandrante
FÁCIES
F1 – argila (pró-delta)
Ambiente deltaico F2 – areia (frente deltáica)
(Processos) F3 – areia/pelito planície
F4 – carvão deltáica
Associação de fácies
• Identificar as fácies que ocorrem juntas ou próximas, numa sucessão
sedimentar.
• Observar, também, a freqüência da ocorrência de uma determinada fácies na
sucessão.
• A associação de fácies vai permitir a identificação do sistema deposicional e,
conseqüentemente, confirmar a interpretação ambiental.
Por exemplo
Arenito com estratificação cruzada acanalada (fácies) pode ocorrer em vários
ambientes como fluvial, deltáico, planície de maré, praia, glacial, como resultado da
passagem de correntes sobre um fundo arenoso. Somente a associação de fácies é
que determinará o ambiente com segurança.
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1. São interpretados com base em critérios sismoestratigráficos (padrões
de empilhamento e terminações estratais), posição dentro da
seqüência e tipos de superfícies limitantes.
2. O timing de tratos de sistemas é relacionado à curva de variação do
nível do mar.
Ex: Progradação
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FONTE: Fávera, 2001. Fundamentos de Estratigrafia Moderna.
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2.6 - Classificação dos Ambientes Sedimentares e Fácies / Sistemas
Sedimentares
Ambientes Continentais
• Fluviais.
• Leque aluvial.
• Eólico.
• Glacial.
• Lacustres.
Ambientes Transicionais
• Deltaicos (Lobos)
• Lineares (litorâneos): Terrígenos
Terrígenos/carbonatados.
Carbonatados.
Ambientes Marinhos
• Plataformas continentais (até aprox. 200m)
Terrígenos
Terrígenos/carbonatados
Carbonatados.
• Taludes continentais e oceano próximo.
Depósitos por gravidade, leques submarinos, turbiditos.
• Marinho profundo/oceânico.
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fácies glaciais resultam de processos climáticos especialmente frios, durante os
quais a água se transforma em gelo e regiões tanto continentais quanto marinhas
podem registrar estes episódios de processos climáticos frios.
No mesmo sentido, fácies eólicas podem encontrar-se tanto em um deserto
afastado de centenas de km do mar, ao longo das praias ou em certas partes de
áreas deltáicas.
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03. NOÇÕES DE CLASSIFICAÇÃO ESTRATIGRÁFICA
Ordem Hierárquica
Supergrupo
Grupo → união de 2 ou mais formações;
Formação (requisitos)
• Apresenta elevado grau de homogeneidade litológica;
• Mapeável na escala 1:25.000
• Extensão lateral significativa;
• Expressão fisiográfica;
• Espessura variável, mas com representatividade em seções geológicas;
• Limites basal e superior da Formação devem corresponder a mudanças
litológicas expressivas;
• Deve-se indicar uma seção-tipo;
• Para o nome, utiliza-se um referencial geográfico importante (rio, cidade, etc.).
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Problema dos limites da Formação: contato
gradativo.
1. Zona de associação
(Cenozonas);
2. Zona de amplitude;
3. Zona de concorrência;
4. Zona de intervalo.
Zona de associação
Unidade bioestratigráfica onde o grupo de fósseis
difere dos grupos situados acima e abaixo.
Zona de amplitude
Distribuição espacial total do fóssil.
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3.3 – Unidades cronoestratigráficas
Exemplos:
Éon → Arqueano, Proterozóico, Fanerozóico;
Era → Paleozóica, Mesozóica, Cenozóica;
Período → Ca, O, Si, De, Ca, Pe (Paleoz.); Terciário, Quaternário (Cenoz.);
Época → Pa, E, O, Mi, Pli (Terciário); Holoceno, Pleistoceno (Quaternário);
Andar→ Cenomaniano (K sup.), Albiano, Aptiano (K inf.).
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04. ESTRATIGRAFIA TRADICIONAL (LITOESTRATIGRAFIA) E ESTRATIGRAFIA
GENÉTICA (OU DE SEQUÊNCIAS DEPOSICIONAIS)
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Exemplo:
LEIA MAIS:
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05. PERFIS ESTRATIGRÁFICOS
Conceitos
Representação gráfica em forma de coluna com litofácies, indicando granulometria,
estruturas sedimentares, geometria, espessura, conteúdo fossilífero, etc.
Camadas verticais.
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Representação das litologias, estruturas sedimentares, texturas, contatos,
paleocorrentes, fósseis (ver exemplos).
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5.2 - Seções Estratigráficas de Sub-Superfície
SONDAGEM
1 – Revestimento do poço;
2 – Coluna de perfuração;
3 – Broca;
4 – Bomba de lama;
5 – Lama ascendente com amostras;
6 – Tanque de lama;
7 – Coletor de gás;
8,9 – Peneira p/ amostras de calha;
10 – Controle da operação.
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PERFILAGEM DE POÇO DE FURO DE SONDAGEM
Exemplo de
perfilagem
de poço:
resistividade
e
raios gama.
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5.3 - Estudo Estratigráfico de Bacia Sedimentar
LEIA MAIS:
MENDES, J.C. 1984 – Elementos de Estratigrafia. Edusp. 566p.
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06. EVENTOS DE SEDIMENTAÇÃO
Transgressão Regressão
Causas:
• Subsidência → afundamento da crosta devido a tectônica, contração térmica
da crosta, sobrecarga sedimentar;
• Glaciações / deglaciações → umidade é retirada do oceano pela evaporação
e o clima torna-se árido glacial.
• Movimento de placas tectônicas → geração de basaltos na cadeia meso-
oceânica (T); subducção / orogênese (R).
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6.2 – Sedimentação episódica
Histórico:
Uniformitarismo x Catastrofismo
Hutton, Lyell Cuvier
• Explica o passado através do • Quebras bruscas no registro
presente; estratigráfico;
• Gradualismo; • Extinções em massa;
• Leis naturais invariáveis no • Sedimentação episódica –
espaço e no tempo. Kenneth HSü, Robert Dott Jr.
– década de 1970.
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6.3 - Interrupções na Sedimentação: Discordância e Hiato
Origem da discordância:
• Reativação da área fonte;
• Abaixamento do nível do mar.
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Superfície de contato entre rochas do embasamento e rochas sedimentares mais
jovens.
Discordância:
Superfície de erosão ou não
deposição, que separa estratos
mais jovens de antigos e repre-
senta um hiato significativo.
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Evolução lateral de uma discordância.
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esquerda corresponde a erosão (vazio erosional) na base (camadas 5 até 10) e não
deposição ( hiato) no topo ( camadas 11, 12 e parte de 13).
A discordância B-B ocorre a esquerda do perfil e passa para a continuidade
de sedimentação na sua parte direita. A discordância representa não deposição
(hiato). Esta não deposição pode ser subdividida em duas partes. Na base, faltam
as camadas 18 e 19 da seqüência central, e no topo, faltam as camadas 20 até 24
da seqüência superior.
Abaixo, está apresentado o perfil original e sua transformação “distância /
tempo”. O segundo perfil, chamado também de cronoestratigráfico (distância - tempo
geológico) consegue representar além da posição lateral das discordâncias, a
variação lateral dos seus intervalos de tempo geológico e o tipo de falta de registro
geológico (por erosão ou por não deposição). Esta técnica cresceu muito com o uso
rotineiro dos perfis sísmoestratigráficos, na década de 80.
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ESTRATOS X TEMPO
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07. LITOESTRATIGRAFIA E AS VARIAÇÕES LATERAIS EM SEQUÊNCIAS
TRANSGRESSIVAS, REGRESSIVAS OU PROGRADANTES.
Calcário
Lutito
Arenito
Fig. 3.1
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tradicional – layer cake). Nesta interpretação parecem coincidir os limites litológicos
e os limites de tempo (isócronos). Esta interpretação não explica porém porque os
siliciclásticos mostram uma granulometria decrescente na base da seqüência e uma
granulometria crescente no topo.
Formação D
Formação C
Formação B
Formação A
Fig. 3.2.
areia
P1
Argila
calcário
T1 Fig. 3.3.
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progressivo da linha de praia em direção ao mar é chamado progradação, porque o
nível do mar fica constante durante o processo. Com um rebaixamento progressivo
do nível do mar depois da transgressão máxima, ocorreria uma regressão que
resultaria na mesma sucessão vertical calcário - argila - areia.
Nivel do mar 2
P2
Nivel do mar 1
Areia P1
T2
Argila
Calcário
T1
dimensões, A B C
correspondem
a superfícies Pn+2 Pn+1
Nível do mar n+2 Pn
de tempo e Areia 1 Areia
Tn+
superfícies de Tn+2 Argila Tn
transição de Calcário P2
fácies. T2 Areia
Argila
T1 P1
Fig. 3.5 Relação entr e linhas de tempo e limites de fácies dur ante um evento tr ansgr essivo / r egr essivo
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1 e 3 milímetros de espessura. Com este exagero vertical, os ângulos entre as
linhas de tempo e os limites de fácies são muito exagerados, também. Eles, na
realidade, têm apenas uma pequena fração de grau.
Este tipo de perfil espaço X espessura pode ser transformado em perfil onde
a horizontal corresponde ao espaço geográfico e a vertical ao tempo geológico. No
caso as linhas de tempo passam a ser paralelas, horizontais e eventualmente
eqüidistantes, quando os intervalos de tempo geológico são iguais. Esta
representação cronoestratigráfica será bastante útil quando serão desenhadas
várias seqüências superpostas e separadas por lacunas sedimentares.
Pode perguntar-se se as linhas de tempo são sempre obliquas com relação
às linhas de transição de fácies. Mais uma vez é bom lembrar que esses dois
conjuntos isócronos e de limite de fácies são na verdade superfícies que se cruzam.
Uma seção perpendicular às antigas linhas de praia mostrará o cruzamento entre os
dois conjuntos de superfícies, enquanto uma seção paralela às paleopraias mostrará
o paralelismo entre os dois tipos de linhas.
Este caso de transgressão-progradação é um exemplo da lei de Walther,
formulada, por ele, em alemão, em 1894.
Fig. 3.6
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uma linha, mas por uma superfície na qual a espessura vertical indica o intervalo de
temo durante o qual, naquela vertical, nenhum registro estratigráfico foi depositado
ou conservado.
Fig. 3.7
Fig. 3.8
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08. CORRELAÇÃO ESTRATIGRÁFICA
8.1 – Conceito
• Determinação da correspondência entre colunas estratigráficas ± afastadas
entre si;
• Definição da extensão e equivalência de unidades estratigráficas;
• Permite uma visão do quadro estratigráfico regional.
8.2 – Tipos
• Litocorrelação → correlação entre unidades litoestratigráficas (membros,
formações, grupos).
Critérios → litologia, espessura, granulometria, estruturas.
Identificação e definição de camada-guia → horizonte de fácil identificação e
grande persistência lateral.
Ex: conglomerado, camada de carvão, calcário com fósseis, etc.
LEIA MAIS:
MENDES, J.C. 1984 – Elementos de Estratigrafia. Edusp, 566p.
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8.3 – Gráficos de correlação – EXEMPLOS
Bacia do Paraná
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09. SISMOESTRATIGRAFIA
Um dos ramos mais dinâmicos da estratigrafia e da geofísica é a estratigrafia
sísmica. Com ela, hoje é possível determinar, não apenas horizontes estratigráficos,
mais também a geometria das seqüências e sua história deposicional, reconhecer
discordâncias, reconstituir a história transgressiva-regressiva de uma área, e mesmo
detectar a presença de fluidos e caracterizar acumulações de hidrocarbonetos. A
estratigrafia sísmica permite estudos bi e tridimensionais de geologia de
subsuperfície, com resolução entre dezenas e centenas de metros. A técnica é
também cada dia mais acessível economicamente, e bem mais barata que de furar
um poço exploratório.
9.1 - Metodologia
De maneira simples, a sísmica de reflexão consiste em produzir uma onda e
registrar os ecos. Em terra, a onda é produzida por explosão de dinamite ou por
emissão de vibração possante a partir de instalação montada sobre caminhão - o
sistema vibroseis desenvolvido pela Conoco é o mais conhecido. No mar, a onda
é produzida a partir de um canhão a ar que explode uma bolha de gás debaixo
d’água. Em terra, o retorno da onda é registrado por geofones e na água por
hidrofones.
Um geofone (fig. 8.2) é constituído de uma caixinha contendo
um imã e uma bobina suspensos por uma mola e ligados a um fio
elétrico. O conjunto é plantado firmemente no chão. Com a volta da
onda na superfície, o geofone movimenta-se proporcionalmente à força
da sacudidela. O imã fica parado devido à inércia. O movimento Geofone
relativo entre as duas partes gera uma corrente elétrica proporcional a
força da onda refletida, que é registrada em outro caminhão laboratório Fig. 8.2.
equipado com sofisticado equipamento eletrônico.
A figura 8.3 mostra como é registrado um horizonte de reflexão, onde, no
exemplo, existe um pequeno rejeito por falha de gravidade. A figura mostra como é
registrada a posição do refletor, no ponto P, para cada posição diferente do
vibroseis.
Fig. 8.3.
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que representa um tremendo trabalho de computação. No final, resultará uma única
linha vertical, sem ruído, e com o horizonte de reflexão na posição certa, na escala
vertical. A figura 8.4 mostra as transformações ocorridas para cada linha vertical nos
pontos de observações do perfil sísmico.
Fig. 8.4.
Este registro pontual aparece como uma linha vertical impressa em papel,
mostrando um desvio para a direita, na posição de cada refletor (Fig. 8.5). Para
realçar sua localização, o desvio fica automaticamente preenchido por tinta preta. A
escala vertical deste registro é o tempo necessário, em fração de segundo, para a
onda bater no refletor e voltar na superfície. Esta característica dos perfis sísmicos já
foi mencionada quando foram comparados os vários tipos de perfis usados em
estratigrafia. A identificação de cada posição vertical de reflexão e a justaposição
lateral da seqüência de linhas tratadas permite finalmente traçar os horizontes
refletores (Fig. 8.6).
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Os horizontes de reflexão são, na maior parte das vezes, superfícies de
acamamento. Conseqüentemente, são superfícies isócronas.
Para existir reflexão, é indispensável que a superfície separe corpos de rocha
com impedância diferentes (densidade da rocha x veloc. de propagação da onda).
A maior impedância deve pertencer ao corpo rochoso inferior.
ρ2 v2 - ρ1 v1 ρ = densidade
Coeficiente de reflexão = C. R. =
ρ2 v2 + ρ1 v1 v = velocidade da
onda
1 : rocha sup. 2 : rocha inferior
Fig. 8.7.
Para cada limite, tanto inferior quanto superior, os refletores podem ser:
• ou concordantes
• ou discordantes.
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Limite inferior da seqüência
Concordância
Onlap
Camada originalmente horizontal termina
contra uma superfície originalmente inclinada, ou
camada originalmente inclinada termina, no ponto
mais alto, contra uma superfície com inclinação
original maior.
Downlap
Camada originalmente inclinada termina, no
ponto mais baixo, sobre uma superfície
originalmente horizontal ou inclinada.
Concordância
Toplap
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configuração, a amplitude, a continuidade, a freqüência e a velocidade da onda no
intervalo, a geometria.
Configuração
Mostra o padrão da estratificação dentro da seqüência sedimentar. Informa a
respeito dos processos de deposição, relacionados com a paleogeografia.
Paralela Divergente
Progradante
• Sigmoidal
• Obliqua tangencial
• Obliquo paralelo
Caótica
A configuração caótica representa
deformação sinsedimentar no pacote
investigado.
Sem reflexão
É o caso de um pacote de sedimento homogêneo, por
exemplo argilito.
Velocidade de propagação.
Pode ser determinada, com aparelhagem adequada, depois de furar um poço
de exploração. Dá uma estimativa da litologia, da porosidade e do conteúdo em
fluidos.
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9.4 - Geometria da unidade sísmica
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47
Exemplo prático.
Para colocar as mãos na massa, propõe-se interpretar um perfil sísmico de
35 km de comprimento, onde refletores com boa continuidade e configuração
paralela repousam sobre uma seqüência deformada e falhada por acidentes
sinsedimentares (Fig. 8.23).
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10. ESTRATIGRAFIA DE SEQÜÊNCIAS
10.2 – Controles
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relativas do nível do mar podem entrar em jogo. Mas, apenas a curva mostrando a
taxa de acréscimo de novo espaço regulará o empilhamento das seqüências com
episódios de deposição e erosão (Fig. 8.24).
Alta
Eustasia
Baixa
Soerguimento
Subsidência
Subsidência
(+)
Taxa de variação eustática
(-)
Taxa de variação da
subsidência
(-)
resulta
DEPOSIÇÃO (+)
Taxa de acrescimo de novo
espaço
EROSÃO (-)
Fig. 8.24
52
Figura 8.25 influxo de sedimento e: retrogradação, progradação ou agradação.
O
trabalho de Van Wagoner, J.C. Mitchum, R.M. Campion, K.N. Rahmanian, V.D.,
geólogos da Exxon, publicado em 1990 como o No 7 da AAPG Methods in
Exploration Series e o título: Siliciclastic sequence stratigraphy in well logs, cores
and outcrops, mostra como a estratigrafia de seqüência pode ser aplicada
estudando afloramentos, perfilagens de poços e testemunhos de sondagens. O
trabalho ilustra muito claramente como a estrutura interna de uma seqüência pode
ser analisada separando-a nos seus constituintes observados em escalas cada vez
maiores até chegar ao nível da camada e da lâmina. Assim, observada em escalas
cada vez mais detalhadas, uma seqüência é subdividida sucessivamente em:
System tracts - Tratos de sistemas
Parasequence sets - Conjunto de paraseqüências
Parasequences - Paraseqüências
Bed sets - Conjuntos de camadas
Beds - Camadas
Lamina set - Conjunto de lâminas
Laminas - Lâminas
O processo mais importante responsável pela diferenciação vertical destas
unidade é a variação eustática do nível do mar que oscila periodicamente segundo
ciclos de vários comprimento de onda. São vários os fenômenos que permitem
fazer variar ciclicamente a lâmina d'água, incluindo vários ciclos eustáticos de
comprimento de onda diferentes, a subsidência tectônica, a isostasia, as
deformações do geóide, o estresse na litosfera.
O preenchimento sedimentar de uma bacia costeira (margem continental)
mostra superfícies deposicionais inclinada para o oceano, delineando formas
sigmoidais (clinoformas) e constituindo horizontes cronoestratigráficos (linhas de
tempo).
A relação entre a taxa do suprimento sedimentar e a taxa de variação do
nível relativo do mar controla a arquitetura do preenchimento do espaço de
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acomodação, ou seja, se o empilhamento dos estratos será agradacional,
progradacional ou retrogradacional.
Fácies verticais;
sem migração
lateral de fácies
54
Retrogradação
Ocorre quando a taxa de suprimento é baixa e a taxa de elevação do nível
do mar é alta (transgressão). Clinoformas se superpõem, com deslocamento das
fácies em direção ao continente. Esta arquitetura produz um perfil vertical onde
fácies litorâneas são recobertas por fácies marinhas.
Retrogradação nível do mar sobe rapidamente;
linha de costa migra para o continente.
55
Discordância na borda da bacia → queda do nível relativo do mar e erosão da
antiga plataforma.
56
Fig. 8.26
57
“Fan”
A foto mostra arenitos de leque submarino, Membro Venado, Formação Cortina, do Turoniano,
na represa Monticelo, Califórnia.
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Fotografias. Esquerda. Arenito e lutito turbidíticos de Lowstand wedge.Formação Boxer,
Sacramento Valey, Califórnia. Direita. Arenito e conglomerado de leque submarino (com limite de
seqüência na sua base), reposando sobre os lutitos do Lowstand wedge ( a seção condensada não
apareceria nesta foto). Sacramento Valley, California.
Sistema deltáico
progradante
1 – Leque de assoalho
(turbiditos).
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Wedge
Esquerda: Arenito estuarino (arenito sujo) de preenchimento de vale inciso - Bacia Wind River,
Wyoming. Direita: Arenitos turbidíticos e mudstones de Lowstand wedge, Espanha.
61
• A taxa de subida eustática chega a um mínimo e passa a ser negativa.
• As taxas de deposição são maiores que a taxa de subida do nível do mar. As
paraseqüências depositam-se, bacia adentro, com padrão agradacional ou
progradacional, no conjunto.
• As paraseqüências reposam em downlap, sobre a seção condensada.
Exemplo de uma seqüência deposicional completa, com três tratos (mar baixo,
transgressivo e mar alto) e indicações dos principais sistemas deposicionais.
1 – TSMA (progradacional);
2 – TST com SIM (retrogradacional);
3 – TSMB final (delta);
4 – TSMB inicial (turbiditos).
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Fotografia. Mostra 3 fácies distintas. 1 - Seção condensada: oólitos fosfáticos. 2. Conjunto de
paraseqüências progradacionais. Fácies fina recoberta por fácies arenosa. Highstand Systems
Tract, Membros Castlegate, Buck tongue e Sego, Formação Price River, Book Cliffs, Douglas Creek
Arch,Colorado.
10.6 - Parassequências
Ciclos de menor duração, sucessão de estratos limitados por SIM, pode ter
padrão textural de granodecrescência / granocrescência ascendente.
Exemplos:
granodecrescência
granocrescência ascendente
63
Parasseqüência e conjunto de parasseqüëncias
Parasseqüência é uma sucessão concordante de camadas geneticamente
relacionadas, limitadas por superfícies de inundação marinhas e suas superfícies
correlatas. Conjunto de parasseqüencias podem ser progradacionais,
retrogradacionais ou agradacionais.
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Fig. 8.27. Dois tipos de empilhamento de conjunto de Paraseqüências
65
Em cada perfil sísmico, a transformação em perfil cronoestratigráfico fornece, para
a região, a evolução das variações relativas do nível do mar. (ver figura)
66
LEIA MAIS
Descontinuidade : 700 km
68
tanto continental quanto oceânica. A litosfera é constituída da crosta e da parte
superior do manto superior. O manto superior quimicamente homogêneo divide-se
em duas partes superpostas, de reologia diferente. A parte superior mais fria, junto
com a crosta, constitui as placas tectônicas. A parte inferior, mais quente, tem um
comportamento mais viscoso e é chamada astenosfera, o que significa
etimologicamente: esfera sem força. É sobre ela que deslizam, separam-se e
entram em colisão, as placas tectônicas. A figura 7.1. mostra o detalhe da crosta e
do manto superior em região continental e oceânica.
Seguem alguns dados relativos a espessura da crosta e da litosfera.
Eustasia
A eustasia é uma mudança geral ou global do nível dos oceanos, sem
deslocamento vertical dos continentes. A eustasia é positiva quando sobe o nível
dos oceanos e negativa quando desce o nível dos oceanos. Eustasia positiva
provoca transgressão geral e eustasia negativa resulta em regressão geral. As
variações eustáticas podem resultar de dois fenômenos diferentes: variação do
tamanho ou formato das bacias oceânicas, ou variação do volume total da água dos
oceanos.
70
niveau de la mer), pesquisador francês das variações atuais do nível do mar e dos
fenômenos de erosão costeira, defende que durante os 100 últimos anos, teria
ocorrido uma subida eustática media de 15 centímetros, o que corresponde a uma
taxa anual de 1,5 milímetros. Teria resultado principalmente do recuo das geleiras
de montanhas do hemisfério Norte. O desgelo completo das calotas da Antártida e
da Groenlândia resultaria em uma subida suplementar de 80 metros do nível do
mar.
Uma curva geral de variação do nível do mar, nos últimos 130.000 anos é
apresentada acima. É publicada no livro de A Berger “Le climat de la Terre” De
Boeck 1992. A linha cheia foi compilada por Berger e a linha tracejada, por
Chappell e Shackleton. A escala da esquerda representa a variação do volume do
gelo continental, em milhões de km3, e a da direita, a variação do nível dos mares
em m.
O detalhe da curva entre 10.000 anos atrás e o presente, é apresentado no
livro de Paskoff, “Côtes en danger” 1992, Masson. A partir desta curva, várias taxas
de subida da água foram computadas. Seguem abaixo.
71
O mapa da Europa, abaixo, mostra o novo contorno dos litorais, com o
derretimento de todo o gelo continental, e uma subida eustática resultante de 80m.
Isostasia
Regula o ajuste da crosta terrestre a uma carga. A altura de sedimento
que pode acumular-se (A) depende da altura útil (lamina d’ água para sedimento
subaquático), e da densidade do sedimento.
72
ρm - ρW
____________
A = h
ρm - ρs
A = altura do sedimento que pode acumular-se
h = altura útil (lamina d’água)
ρm = Densidade do manto superior 3,3
ρs = Densidade do sedimento : 2,0 cascalho ; 2,0
sedimento comum.
ρW = Densidade da água : 1
Tectônica global
Diversas placas litosféricas, com espeesura de 70 km nos oceanos e 150 km nos
continentes. Dimensões variáveis: 104 a 108 km2.
7 maiores placas → Americana, Africana, Antártica, Índica, Euroasiática,
73
Pacífica.
3 tipos de margens
A) Margem construtiva DORSAL OCEÂNICA;
(divergente) (acresção) RIFT CONTINENTAL → margem
continental passiva.
B) Margem destrutiva ZONA DE SUBDUCÇÃO Tipo Andino;
(convergente) Tipo Arco
(consumo litosfera) de Ilhas.
COLISÃO CONTINENTAL
C) Margem conservativa Falhas transformantes.
(nem geração nem consumo de litosfera)
Limbo ascendente
Fusão parcial, < d
Limbo descendente
Temperatura baixa, rigidez
aumenta, > d
A lava sob pressão nas dorsais meso-oceânicas EMPURRA a placa, assim como o
afundamento da listosfera fria e densa PUXA a outra extremidade da placa
tectônica. Modelo empurra → puxa.
• Litosfera → baixa temperatura, alta viscosidade, não participa da convecção.
• Astenosfera → baixa viscosidade: comporta-se como fluido quando submetido a
longos esforços. Camada que vai gerar magma por fusão parcial.
Compensação litostática
Efeito de carga sobre a litosfera (p. ex. capa de
gelo sobre os continentes) ou desequilíbrio
térmico associado com densificação da litosfera
provoca um fluxo astenosférico, gerando um
mecanismo de compensação isostática. Ex:
Bacias relacionadas a um arco magmático
(forearc); bacias cratônicas.
74
Subsidência mecânica
Afinamento e ruptura da crosta ou litosfera por
estiramento crustal e desenvolvimento de
falhamentos normais rúpteis e dúcteis. Ex:
Bacias do tipo rift.
Subsidência flexural
Soerguimento de escamas tectônicas
devido a colisão entre continentes gera
sobrecarga na crosta ± rígida, que
afunda ou flexiona, gerando uma bacia
sedimentar. A largura e a espessura da
bacia varia conforme a rigidez da placa.
Ex: Bacia foreland (ante-país).
Subsidência térmica-flexural
Contração termal com adensamento
da litosfera durante o resfriamento
da placa. Ex: Bacia de margem
passiva.
Margens divergentes
75
Margens convergentes
Andino (Cordilheirano) Arcos de Ilhas e Bacia Marginal (Mar do Japão)
Colisão continental
1 – Cinturão de empurrão;
2 – Zona de sutura (ofiolito);
3 – Pós-país (placa cavalgante);
4 – Bacia Foreland.
Margens conservativas
Falhas transformantes
Falhas de movimento
horizontal que afetam a
litosfera e transferem o
movimento de um limite
para o outro da placa.
76
Bacias em Margens Convergentes
• ZONA DE SUBDUCÇÃO
2 – Bacia atrás do arco
(backarc)
1 – Bacia na frente do arco
(forearc)
Sedimento água profunda na
base passando para água
rasa no topo.
Vulcanismo freqüente.
Arenito lítico / wacke.
Alto gradiente geotermal.
• COLISÃO CONTINENTAL
1 – Bacia foreland (tardi a
pós-orogênica)
Sedimentos de ambiente
marinho raso a continental
derivados da erosão da
cadeia de montanhas (área
orogênica).
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77
11.4 – Bacias em Margens Divergentes
•
• Depressões alongadas onde a litosfera foi deformada sob a influência de forças
extensionais (falhas normais);
• Perfil topográfico semelhante, com ombreiras elevadas e depressão (vale)
central;
• Complexa rede de falhas normais rúpteis a dúcteis, com estiramento distensivo
variável;
• Sismicidade ativa (hipocentros rasos), adelgaçamento crustal, alto fluxo térmico;
• Tipos → gráben, rifte continental, rifte oceânico e margem passiva.
79
• Folhelhos orgânicos escuros. Podem conter entre 2 e 15% de carbono
orgânico. A produção alta de microorganismos, aliada a uma circulação
restrita no fundo, por causa dos blocos falhados e das elevações vulcânicas,
permitem uma acumulação importante de matéria orgânica no fundo e sua
conservação. Poderá gerar petróleo, posteriormente.
• Recifes e carbonatos. São controlados pela topografia do embasamento.
Características principais:
• Espessa acumulação de sedimentos, com grande subsidência termal;
• Falhas de crescimento, instabilidade gravitacional, deslizamentos;
• Diapirismo e domos de sal.
80
Neste estágio existem poucas falhas normais.
A subsidência resultando da fase de resfriamento (subsidência térmica), que
pode ter iniciado na fase golfo, continua atuando, depositando formações marinhas
“onlapando” as margens subsidentes e progradando mar adentro. Podem formar
grandes cunhas clásticas e plataformas carbonáticas.
O esquema seguinte, mostra a sucessão vertical dos sedimento da fase rifte, na
base, e dos sedimentos da
fase flexural, gerada pela
subsidência térmica, no topo.
O Espinhaço de Minas
Gerais, entre Diamantina e a
Serra do Cabral é
interpretado por muitos
autores da UFMG e da
UFOP, como o
preenchimento de uma bacia
rifte, com sequências basais
da fase rifte, seqüência
transicional e seqüência
superior resultando da
subsidência termal.
Subsidência termal - Fase
flexural.
Grupo Conselheiro Mata, Fm. Galho do Miguel (transição).
Subsidência mecânica - Fase rifte.
Seq. Sopa Brumadinho, Seq. São João da Chapada, Seq. Natureza, Seq. Olaria.
A espessura de sedimentos do Supergrupo Espinhaço não ultrapassa 3.000
m. É um rifte pouco espesso. Normalmente, uma bacia rifte pode acumular até
16.000 m de sedimento.
A taxa de subsidência, durante a evolução de um rifte, diminui gradualmente
entre a fase rifte e a fase flexural. Conhecendo o registro vertical da espessura de
sedimento em função das idades geológicas sucessivas, é possível desenhar um
gráfico de subsidência versus tempo, para cada bacia. Estes diagramas são
chamados diagramas de Bubnoff. Evidentemente, cada bacia mostrará espessuras
de sedimento e intervalos de subsidência diferentes.
A partir dos diagramas de Bubnoff, pode-se calcular uma média de 0,05mm
de sedimento/ano, como taxa resultante de sedimentação por ano. Se admitimos
81
que este valor é comparável com o valor médio da subsidência anual nas bacias
de rifte, observamos que a subsidência tectônica é bastante mais lenta que as
variações eustáticas repetidas a seguir.
Entre -10.000 e -8.000 subida de 50m ou 25,00 mm / ano
Entre - 8.000 e hoje subida de 10m ou 1,25 mm / ano
Nos 100 últimos anos subida de 0,15m ou 1,50 mm / ano
Até 2.100 (IPCC) Pior cenário. subida de 0,60m ou 6.00 mm / ano
82
Andino (Cordilheirano) Arcos de Ilhas e Bacia Marginal (Mar do Japão)
• Bacia atrás do arco (backarc basin) ou bacia marginal → ocorre sobre crosta
continental ou oceânica, sendo extensional. Sedimentos de ambiente marinho
profundo, exceto nas margens (leque submarino com detritos vulcânicos) e argilas
pelágicas. Falhas normais com sedimentação diferencial lateral.
Sulfetos sedimentar – exalativo e vulcanogênicos (tipo Chipre); Fe - Mn
vulcanogênico.
Tipos de subducção
A placa oceânica em subducção pode ter uma inclinação pequena ou forte.
Dependerá essencialmente da sua idade (fig. 7.12).
Uma placa jovem, como a placa em subducção debaixo do Chile, com
menos de 50MA, ainda é quente e mais dilatada. Conseqüentemente, ela é mais
leve e mergulha com dificuldade. Ela cria uma compressão contra a placa
continental. Com dificuldade para entrar em subducção, cria-se um arqueamento a
montante da trincheira. A trincheira é geralmente rasa, e ocupada por um prisma de
acresção bem desenvolvido. Seu desenvolvimento dependerá, porém, da
disponibilidade em material variado, e especialmente em sedimento detrítico,
anteriormente depositado sobre o assoalho oceânico.
83
Uma placa mais velha, com mais de 100MA, como nas subducções do Japão
e das Marianas, é mais fria, menos dilatada e, então, mais densa ou pesada. Ela
tem dificuldade em ficar flutuando sobre a astenosfera e pode entrar em subducção
espontaneamente. Ela não cria compressão sobre a margem da placa continental,
mas, pelo contrário, cria uma tensão que gera abertura oceânica.
Fig. 7.12
84
A subducção de Kyukyu, bordejando o Japão e Taiwan, representa também
uma segunda posição. No Cretáceo, a subducção ocorria diretamente contra o
continente chinês.
Fig. 7.13
85
Mentawai (Ilha Nias) formando um arco paralelo ao arco vulcânico de Andaman /
Indonésia (Fig. 7.14).
Fig.7.14
A ilha de Barbados (Fig. 7.15), única por enquanto num prisma de acresção em
formação ao largo do arco vulcânico das Antilhas.
Fig. 7.15
86
Numerosas falhas de cavalgamento ocorrem que repetem tectonicamente os
pacotes sedimentares, na vertical. Este empilhamento cria um relevo, mas a
sobrecarga provoca, também, um afundamenrto da crosta localmente mais
espessa, por reajuste isostático. Como a crosta oferece uma certa rigidez, uma
faixa de determinada largura, situada entre a cordilheira e o interior de continente,
afunda, também, gerando uma depressão. Esta depressão é chamada bacia
antepais (Foreland basin). O preenchimento com sedimentos detríticos oriundos
principalmente da cordilheira apresenta seqüências rítmicas sincrônicas com cada
novo evento de cavalgamento na cordilheira.
Fig. 7.16
87
EXEMPLO: BACIA FORELAND DA CADEIA ANDINA
RIFTE ANTEPAIS
Subsidência Estiramento e afinamento crustal. A subsidência é uma resposta à
Duas fases de subsidência: sobrecarga por cavalgamento: várias
1a. rápida subsidências rápidas são seguidas de
2a. lenta e demorada. períodos de imobilidade.
Formato da bacia Assimétrica ou simétrica. Assimétrica. Raramente mais de 6km
Até 16 km de espessura de sedimentos. de espessura de sedimentos.
Flexura da crosta apenas na fase final. Apenas flexura da crosta.
Estrutura da crosta Crosta adelgaçada Espessura da crosta é mantida.
Sedimentos No início Flysch (turbiditos):
corresponde a subsidência rápida.
Fase rifte: clásticos grossos No topo, Molasse: sedimentos clásticos
Fase drifte: clásticos de plataforma, fluviais e carvão.
carbonatos, recifes. Instabilidade e aporte de detríticos
prejudica a instalação de calcários e
recifes.
88
11.6 - Bacias Cratônicas
Ovais ou circulares, com espessura de 3 a 4 km, geralmente sem fase de
rifteamento. A subsidência está relacionada a um desequilíbrio térmico do manto,
com densificação da litosfera e subsidência. O padrão sedimentar está relacionado
a variações do nível do mar (transgressões e regressões). Predominam sistemas
siliciclásticos e carbonáticos, com estruturas dominadas por ondas e marés. Altos
estruturais formam sub-bacias.
Fosfatos, evaporitos, carvão, urânio, ironstone, calcário, petróleo, gás.
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89
12. BACIAS SEDIMENTARES DO BRASIL
Cráton Amazônico
As bacias cratônicas
proterozóicas do Cráton
Amazônico são bacias
Paleo-Mesoproterozóicas
do tipo rifte, com
sedimentos continentais
(leque aluvial, fluvial) na
base e sedimentos
marinhos no topo.
Exemplos:
• Grupo Roraima
Reis & Carvalho (1996)
RBG, 26(4), 217-226.
Reis, 2006. Monte
Roraima.
SIGEP 038, www.unb.br/ig./sigep/sitio038
• Gr. Beneficiente Leite & Saes (2003). Geologia, Série Científica – USP, vol.3,
113-127.
90
deformação orogenética da Faixa Brasília entre 700-620 Ma favoreceu a
subsidência flexural da borda cratônica, permitindo espaço para sedimentação do
Grupo Bambuí, especialmente para as Formações Serra da Saudade e Três
Marias, que mostram um padrão de granocrescência para o topo. No Cretáceo
ocorreu reativação da bacia do São Francisco com sedimentação do Grupo Areado
e vulcanismo do Grupo Mata da Corda, em fase rifte, durante a separação América
do Sul – África.
91
A Bacia do Paraná abrange uma área de mais de 1.000.000 km2 no Brasil, e
mais 400.000 km2 no Paraguai, Argentina e Uruguai, com 2/3 da superfície coberta
por lavas basálticas do Mesozóico. Possui espessura em torno de 7.000m no
depocentro. O registro estratigráfico da Bacia do Paraná abrange seis
superseqüências (Milani & Thomaz Filho, 2000). A estratigrafia está relacionada a
ciclos transgressivos – regressivos e eventos glaciais no Paleozóico. No Mesozóico
predominam a sedimentação continental (eólica) e as lavas basálticas. No Cretáceo
/ Terciário houve nova sedimentação continental (Gr. Bauru). Eventos orogênicos
em áreas próximas à Bacia do Paraná (Caledoniana, Herciniana) são responsáveis
por hiatos e lacunas na sedimentação. A Formação Serra Geral (magmatismo
basáltico Jurássico-Cretáceo) ocorreu devido ao rifteamento de separação dos
continentes América do Sul e África.
93
grande extensão foram depositados. Nas bacias do Sul do país, o tectonismo
da Serra do Mar aumentou o suprimento resultando em padrão
progradacional.
Os principais fatores responsáveis pela sedimentação das megassequênicas são:
• Grau de extensão e afinamento litosférico (na subsidência mecânica);
• Clima, para sedimentar evaporitos;
• Variação do nível do mar (marinha transgressiva);
• Aumento do suprimento (marinha regressiva).
*
* Fonte: Chang et al. 1990. In: Gabaglia & Milani, 1990. Origem e Evolução de Bacias Sedimentares. Petrobras. 94
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SEMINÁRIO: ESTRATIGRAFIA DE BACIA SEDIMENTAR
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