Laboratório de Fı́sica Geral I

Departamento de Fı́sica, Instituto de Ciências Exatas, Universidade Federal do Amazonas

Orientador: Prof. Yuri Exposito

O tubo de Venturi e o o tubo de Pitot em relação com a aplicação da

equação de Bernoulli.
1 Julia Tavares Nascimento 1
Graduando no curso de Licenciatura em Fı́sica

December 18, 2023

1. Introdução
Relatar a relação que há entre os tubos de Venturi e
Pitot com as aplicações da equação de Bernoulli e bus-
car citar exemplos práticos em que são utilizados pelo
homem.
2. Fundamentação Teórica
2.1 Tubo de Venturi
O tubo de Venturi é um aparato criado por Giovanni Bat-
tista Venturi para medir a velocidade do escoamento e a
vazão de um lı́quido incompressı́vel através da variação
da pressão durante a passagem deste lı́quido por um tubo
de seção mais larga e depois por outro de seção mais es-
treita.
O funcionamento do tubo ocorre devido à diferença da
seção transversal. Sabe-se também que, nesse equipa-
mento, a região central do tubo é menor que as extremi-
dades. Assim, a velocidade do escoamento ao longo da
região central do tubo será maior, o que resulta em um
menor campo de pressão, devido à concentração de ener-
gia do sistema. A diferença de pressão é registrada pela
diferença de altura de coluna de lı́quido ao longo de um
tubo em U, ela é utilizada para determinar a velocidade e
vazão do escoamento.
Partindo do princı́pio de que o tubo não possui diferenças
de elevação, podemos escrever a equação de Bernoulli, da
seguinte maneira:
PV 2 1 PV 2 2
p1 + = P2 + (1)
2 2
Analisando a equação anteriormente exposta e
considerando a região 1 como aquela de maior extensão e
a 2 como aquela de menor superfı́cie, podemos afirmar
que, para uma mesma taxa de fluxo, à medida que a área
diminui, a velocidade do escoamento aumenta. Dessa
forma, baseando-nos no exemplo mencionado, a
velocidade de escoamento na região 2 será superior. Com
base nisso, a fim de manter a equação equilibrada
(conforme evidenciado na equação de Bernoulli), é
imperativo que a pressão na região 2 seja reduzida. Essa
discrepância de pressão é empregada para calcular a
velocidade e a taxa de fluxo do escoamento.
As utilidades do tubo de Venturi são diversas, incluindo
em automóveis clássicos, dispositivos de medição de
fluxo em tubulações, instrumentos de pintura por ar
comprimido e dispositivos de injeção de fertilizantes. Nos
automóveis antigos, o dispositivo carburador,
encarregado de efetuar a mistura entre ar e combustı́vel
nos veı́culos, emprega o tubo de Venturi para realizar a
aspiração do ar, convertendo a baixa velocidade do ar
externo em uma velocidade interna elevada.

Universidade Federal do Amazonas 1

 Laboratório de Fı́sica Geral I
Imagem 1: Tubo de Venturi no funcionamento de um
carburador
2.2 Igualdade de Bernoulli e o Tubo de Venturi
A equação de Bernoulli, na qual garante a igualdade para
duas regiões distintas de um tubo por onde escoe um
fluido, só será mantida caso exista variação das pressões.
Ao examinar a representação esquemática do tubo de
Venturi, observa-se que na zona central, onde a área é
reduzida, a pressão é inferior em comparação com as
extremidades, que exibem uma pressão mais elevada
devido à sua área maior. Na região central também, a
velocidade é mais elevada devido à área menor. O tubo
de Venturi é o dispositivo que evidencia essa variação nos
valores de pressão, sendo assim que os manômetros na
ilustração indicam valores divergentes, com pressões mais
altas nas áreas de seção transversal maior, e vice-versa.
Pode-se afirmar que, para o tubo de Venturi, a velocidade
é inversamente proporcional à área, fato que pode ser
confirmado por meio da análise da equação de
continuidade.
3. Tubo de Pitot e aplicações da Equação de
Bernoulli
O tubo de Pitot é um instrumento de medição que mede a
velocidade de fluidos em modelos fı́sicos em laboratórios
de hidráulica, em laboratórios de aerodinâmica e também
na hidrologia para a medição indireta de vazões em
canais e rios, em redes de abastecimento de água, em
Universidade Federal do Amazonas
adutoras, em oleodutos e ainda a velocidade dos aviões,
medindo a velocidade de escoamento do ar.
No caso dos aviões, o tubo de Pitot desempenha a função
de um sensor de pressão que viabiliza o funcionamento
de um dos instrumentos mais cruciais, o indicador de
velocidade. Essencialmente, trata-se de um tubo
posicionado de maneira paralela à corrente de ar relativa,
com um orifı́cio direcionado diretamente para o fluxo de
ar decorrente da velocidade aerodinâmica da aeronave.
Este orifı́cio se conecta ao interior de uma cápsula
aneroide, localizada no velocı́metro da aeronave. A
carcaça do dispositivo recebe a pressão estática do ar
proveniente de uma fonte estática, que não é afetada pelas
variações de velocidade da aeronave.
Imagem 2: Tubo de Pitot instalado sob a asa de um avião.
Quando a aeronave se desloca na massa de ar, o vento
relativo causa um aumento na pressão de ar admitida
pelo orifı́cio do tubo de Pitot, em relação à pressão
estática, e essa ”pressão de impacto”, somada à pressão
estática, faz a cápsula aneroide expandir. A expansão da
cápsula é convertida em movimento dos ponteiros do
velocı́metro por meio de hastes e mecanismos de
engrenagem, resultando no deslocamento do ponteiro
para indicar ao piloto a velocidade da aeronave.
Pela conhecida equação de Bernoulli da Mecânica dos
fluidos, tem-se:
PRESSÃO TOTAL = PRESSÃO ESTÁTICA + PRESSÃO
DINÂMICA
A pressão estática, também chamada de piezométrica, é a
que não depende do movimento. Ela pode ser detectada
por piezômetros, ou obtida mediante o uso de um tubo
2
 Laboratório de Fı́sica Geral I

de Prandtl envolvendo o tubo de Pitot. A pressão

dinâmica, também chamada de taquicarga, é a pressão
atmosférica gerada quando o ar em velocidade de
escoamento externo penetra no tubo Pitot. A pressão total
(ou de estagnação) por si só não é suficiente para
determinar a velocidade do fluido.
O tubo de Pitot pode apresentar-se como uma estrutura
em forma de ”L” com um canal único, possibilitando a
mensuração apenas da pressão de estagnação (sendo
necessário empregar outro método para medir a pressão
estática) ou com dois canais e aberturas laterais para
captar simultaneamente a pressão estática. Ele é aplicável
em ambientes laboratoriais para a investigação de
aerodinâmica (como em túneis de vento) ou para estudos
de hidrodinâmica em modelos reduzidos em laboratórios
de hidráulica.

Imagem 3: Funcionamento do Tubo de Pitot.

Universidade Federal do Amazonas 3