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dias, l.s. et al.

Instrumentação Analógica e Microprocessada Aplicada à Leitura de Vazão

Analog Instrumentation with Microprocessor Applied to Reading Flow

Lucas da Silva Diasa; Gabriel Resende Germanovixa; Ricardo Tadashi Kobayashia; Walter Germanovixa*

a
Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Engenharia Elétrica, Curso de Engenharia Elétrica, PR, Brasil
*E-mail: w.germanovix@uel.br

Resumo
O presente trabalho tem como principal objetivo o desenvolvimento de uma instrumentação eletrônica capaz de medir vazão de água, em
tempo real, sem a utilização de peças móveis. Para tanto, foi construído um Tubo de Venturi, com dois pontos de acessos para a leitura de
pressão. O desenvolvimento do sistema eletrônico é dividido em quatro partes principais: o sensor, a eletrônica analógica, a eletrônica digital
juntamente com um microcontrolador e o display de impressão de dados de saída. A medição de vazão é resultante da leitura efetuada por
um sensor diferencial de pressão, conectado ao Tubo de Venturi. O sensor responde, em forma de tensão elétrica, à diferença de pressão que
é relacionada com a vazão através do princípio de Bernoulli. A tensão de saída do sensor é adequadamente ajustada por circuitos analógicos
que são conectados diretamente a um microcontrolador da família ARM cortex M3 (STM32F107VC). Para esta pesquisa, foi utilizada a placa
de desenvolvimento STM3210C_EVAL. O resultado da medição de vazão é indicado por um display do tipo 20x4. Os dados fornecidos pelo
sistema proposto foram comparados por um medidor volumétrico de água convencional.
Palavras-chave: Sensor Diferencial de Pressão. Tubo de Venturi. Princípio de Bernoulli.
Abstract
The main goal of this study is to develop an electronic system able to measure a real time water flowing using only fixed parts. Therefore, a
Venturi’s tube was built, with two access points for pressure readings. The electronic system is divided into four main parts: a sensor, an analog
electronic, a digital electronic with a microcontroller, and a display. The flow measurement is resultant of analysis of a differential pressure
sensor connected to the Venturi’s tube. The sensor answers, by electric voltage, to the differential pressure related to the flow via the Bernoulli’s
principle. Analog circuits directly connected into a microcontroller ARM cortex M3 (STM32F107VC) adjust the sensor output voltage. The
kit STM3210C_EVAL was utilized as a development board in this project. The flow measurement is indicated by a 20x4 display. Finally, a
conventional volumetric water meter compared all the output data by electronic system.
Keywords: Differencial Pressure Sensor. Venturi’s Tube. Bernoulli’s Principle.

1 Introdução O enunciado de Bernoulli expressa que em um escoamento

Com a constante demanda de automatização de processos
de leituras de grandezas físicas, traduzidas em grandezas
elétricas, o presente trabalho propõe um sistema capaz de
medir a vazão de fluidos de maneira contínua, sem a utilização
de peças móveis. O enfoque foi medir a vazão de água em uma
tubulação utilizada em instalações domésticas convencionais,
com o emprego de um tubo de Venturi.
Para entender como extrair a vazão de um líquido
de uma tubulação, pelo método proposto neste trabalho,
são apresentadas as leis fundamentais que descrevem o
movimento das partículas fluidas e a caracterização de alguns
tipos de escoamento. A equação de Bernoulli, apresentada em
1, é a equação mais utilizada para caracterizar um escoamento
(BAR-MEIR, 2013; MUNSON; YOUNG; OKIISHI, 2004),
(1)
onde 𝜌 é a massa específica [Kg.m3], v é a velocidade
do fluido [m.s-1], p representa a pressão estática [Pa], g é
a aceleração da gravidade [m.s-2] e z a altura em relação a
referência do sistema [m].
estacionário de fluido incompressível, no campo gravitacional,
a soma das alturas geométrica, cinética e piezométrica
permanece constante ao longo de cada linha do fluxo. O
escoamento estacionário é definido por Munson, Young e
Okiishi (2004) como “Nada muda ao longo do tempo em todo
o campo de escoamento, todas as partículas que passam num
dado ponto seguirão a mesma trajetória”. Brunetti (2008)
exemplifica este regime, utilizando um tanque abastecido
por uma fonte de água, onde a quantidade de água que entra
é igual a quantidade que sai. Assim, o nível do tanque se
mantém constante e não ocorre variação de velocidade em
cada ponto do sistema em relação ao tempo. Pelo enunciado
de Bernoulli, verifica-se que a expressão apresentada na Eq.
1 só é válida para fluidos incompressíveis, contudo dizer que
um fluido incompressível é aquele que não se comprime,
na mecânica dos fluidos, é contraproducente. A viscosidade
de um fluido é a relação da taxa de deformação sofrida pelo
mesmo, em relação a uma tensão de cisalhamento aplicada
a ele (FOX; MCDONALD, 1998). Assim, define-se como
um fluido incompressível aquele que, aplicado o operador

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divergente ao campo de velocidade do fluido, apresente um
resultado nulo, matematicamente:
(2)
Em consequência da validade da Eq. 2, os fluidos ditos
incompressíveis não apresentam variação de massa em
relação ao tempo (OLIVEIRA, 2002; SPURK, AKSEL,
2008). Considerando que o escoamento no tubo de Venturi,
representado na Figura 1, seja estacionário e de um fluido
incompressível, cujas áreas de seções nos pontos 1 e 2, são
respectivamente, A1 e A2 e (p1,v1) e (p2,v2) as pressões e
velocidades correspondentes, a aplicação da Equação de
Bernoulli resulta no seguinte equilíbrio (BANSAL, 2005):
(3)
Figura 1: Tubo de Venturi
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
Para um escoamento em que o perfil de velocidade é
uniforme nos pontos 1 e 2, conforme indicado na Figura 1,
a equação de conservação da massa, segundo Nussenzveig
(2002), pode ser escrita da seguinte forma:
(4)
onde Q é a vazão [m³.s-1].
Combinando as Eq. (3) e (4), é possível determinar
a velocidade em que o líquido escoa em um dos pontos.
Adotando o ponto 1 como referência, tem-se:
(5)
Na Figura 1, o líquido do primeiro ponto de coleta de
pressão sobe até a altura h1 e no segundo ponto até h2, o que
nos permite medir a diferença de pressão (p1 – p2) para o
sistema estático:
(6)
Figura 3: Diagrama de blocos simplificado do sistema proposto
Condicionamento
Sensor
de sinal
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
2.1 Descrição do sensor
Para a realização do bloco que representa o sensor, foi
escolhido um sensor diferencial que cobre diferenças de
pressões entre -2kPa a +2kPa. Esse dispositivo foi escolhido
46
(7)
A Eq. 8, resultante da operação descrita, possibilita o
cálculo da velocidade do fluido quando são conhecidos: a massa
específica, as áreas dos tubos utilizados para a construção do
tubo de Venturi, e a diferença de pressão (p1 – p2).
(8)
2 Material e Métodos
O principio que envolve o equacionamento de Bernoulli,
juntamente com a diferença de pressão proporcionada em
um tubo de Venturi, devido à passagem de um fluido, foi
explorado com a montagem de um circuito hidráulico, aberto
e em regime dinâmico, onde o fluido para o teste do sistema
proposto foi à água. A Figura 2 mostra as dimensões do tubo
de Venturi e os pontos de leitura e monitoramento da pressão
diferencial.
Figura 2: Dimensões do tubo de Venturi construído e seus
respectivos pontos de leitura de pressão.
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
Para a fabricação do tubo de Venturi, foram utilizados
dutos de PVC com as dimensões padrões de 3/4” e 1/2”. Estas
dimensões foram escolhidas por serem as mais utilizadas em
instalações domésticas.
O circuito hidráulico compreende: a entrada do fluido
(água), medidor convencional de água fornecido normalmente
pela empresa de saneamento, seguido do tubo de Venturi e
como último estágio, torneira convencional para o controle da
vazão de água.
Para realização da medida de vazão, foi implementado um
sistema com a configuração ilustrada pela Figura 3.
Microprocessamento Display
por operar na faixa estimada de pressões envolvidas no
tipo de vazão que este trabalho propõe medir. O modelo do
sensor adotado é o MPXV7002DP e sua característica de
transferência é mostrada na Figura 4.
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Figura 4: Curva característica de resposta, em tensão elétrica, do sensor MPXV7002DP.

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

O sensor utilizado é do tipo piezoresistivo, que possui
internamente um circuito eletrônico para transformar a
mudança de resistência, devido à mudança de pressão, em um
valor correspondente de tensão.
As entradas do sensor diferencial de pressão foram
acopladas no tubo de Venturi pertencente ao circuito
hidráulico. A saída do sensor, em forma de tensão, foi
conectada no estágio de condicionamento de sinais.
Observa-se que o valor típico da faixa de tensão,
em referência as diferenças de pressões que este sensor
converte, compreende a faixa de 0,5 a 4,5 [V] e, que a faixa
de interesse para este projeto está entre 2,5 e 4.5 [V].
2.2 Descrição do bloco de eletrônica analógica
Para ajustar e condicionar o valor da tensão de saída
do sensor, a fim de torná-la compatível com os valores
de tensão de entrada do circuito digital, isto é, entrada
do microcontrolador, foi desenvolvido um circuito
envolvendo eletrônica analógica. Esse circuito compreende
amplificadores operacionais, juntamente com elementos
resistivos para transformar a faixa de tensão de 0,5 a 4,5[V]
na faixa de tensão de 0 a 3,3[V], conforme ilustrado na
Figura 5. A Figura 6 mostra o ajuste de tensão, em termos
gráficos.

Figura 5: Circuito analógico para mudança de faixa de tensão.

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 6: Os gráficos esboçam as mudanças de faixas de tensões e respectivos ganhos.

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

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A tensão de saída do sensor, de 0,5 a 4,5 [V], é atenuada
para a faixa de tensão de 0 a 3,3 [V], pois a tensão máxima
de entrada do microcontrolador é de 3,3 [V]. O atenuador
inversor aplica a faixa de tensão 3,3 a 0 [V] ao amplificador
inversor e deslocador de nível, conforme ilustrado na Figura
5. Esta faixa de tensão é inicialmente convertida em 0 a 3,3
[V]. Com a ação do deslocador de nível (VREF2) e ajuste
de ganho no circuito, a faixa de tensão de 0,5 a 2,5 [V],
gerada pela saída do sensor, é desprezada. A faixa de 2,5
a 4,5 [V] é convertida na faixa de 0 a 3,3 [V] de entrada
do microcontrolador. Esta conversão foi realizada, pois este
trabalho propõe medir fluxo em uma única direção.
2.3 Descrição do bloco de eletrônica digital
Para realização do processamento digital, foi adotado o
kit de desenvolvimento STM3210C_EVAL, composto por
um microprocessador ARM cortex M3(STM32F107VC),
conforme ilustra a Figura 7.
Figura 7: Kit de desenvolvimento utilizado no projeto
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
A eletrônica digital necessária para a conversão de
sinais analógicos em sinais digitais é parte integrante do
microcontrolador que compõe o kit de desenvolvimento.
Os sinais analógicos, com as faixas de tensões adequadas,
são conectados diretamente aos conversores A/D, cuja
configuração é programada e carregada no microprocessador.
Isto simplifica a construção do sistema proposto, pois não
há necessidade de projetar os circuitos digitais a serem
adicionados na placa de circuito impresso final do sistema.
2.4 Rotinas desenvolvidas
Para se desenvolver tais rotinas, é necessária,
principalmente, a configuração dos seguintes parâmetros:
• RCC – Reset and Clock control driver – Configura o
clock do microprocessador.
• GPIO – General Porpuse Input Output – Configura
os pinos da placa de desenvolvimento como pinos de
entrada ou saída.
• RTC – Real-time Clock driver – Produz um contador de
48
tempo real capaz de medir segundos, minutos e horas
com precisão.
• NVIC – Nested Verctored interrupt controller –
Configura as interrupções do programa desenvolvido.
• EXTI – External interrupt configuration register –
Configura as interrupções externas ao microcontrolador,
neste caso especifico serão acionadas por push-buttons.
• ADC – Analog-to-Digital converter – Configura o
conversor Analógico/Digital.
• TIM – Timer driver – Configura os contadores de tempo
para atualização da tela do display e para aquisição de
dados do conversor.
Ao iniciar o programa, a primeira etapa feita por ele é
a configuração dos parâmetros citados anteriormente, para
que ele execute com competência as funções que serão
solicitadas. Em seguida, é apresentado no display uma tela
de boas vindas e a legenda das variáveis monitoradas pelo
sistema.
No instante em que termina a configuração de todos os
parâmetros, o conversor começa a transformar os valores de
tensão da saída do circuito analógico (0-3,3V) em valores
digitais (0-4095, por se tratar de um conversor de 12 bits),
que são armazenados em uma variável quando solicitado
pelo programa (depende do timer de aquisição de dados,
que determina a frequência com que é feita essa aquisição).
Devido à coleta de dados ser em altíssima frequência e
visando eliminar os ruídos aditivos, faz-se uma média móvel
dos valores armazenados e, de acordo com a configuração do
timer de atualização do display, é exibido o valor da vazão
do tubo e a tensão gerada na saída do circuito analógico.
A atualização da tela do display a cada aquisição de dados
tornaria complicada a leitura da vazão pelo operador.
A utilização da média móvel para eliminação dos ruídos
aleatórios foi escolhida por se tratar de uma das maneiras mais
fáceis de aplicação (SMITH, 1999). Considere que, em um
instante k, a média das últimas n amostras de dados é:
(9)
Analogamente, em um instante de tempo anterior, k-1,
tem-se:
(10)
Subtraindo-se as Equações 9 e 10 e rearranjando a
expressão, tem-se a equação 11, que descreve o comportamento
da média móvel.
(11)
Em outras palavras, a média móvel pode entendida como
uma janela móvel que calcula a média dos elementos interiores
a ela, conforme apresentado na Figura 8.
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Figura 8: Janela móvel de n pontos de dados. 2. Equipamentos Elétrico-Eletrônicos

a. Fonte de tensão
b. Sensor de pressão
c. Circuitos de condicionamento
d. Kit de desenvolvimento
e. Display alfanumérico (20x4)
A Figura 9 ilustra o sistema contendo os circuitos
hidráulicos e eletrônicos para a leitura de vazão de água.

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 9: a) Circuito analógico; b) Sensor diferencial de pressão;
c) Display; d) Medidor de consumo mecânico; e) Sistema
A vantagem apresentada por este sistema em relação proposto em funcionamento.
à média aritmética convencional é um ganho no tempo de
processamento de dados, uma vez que para obter a média
é feito apenas uma divisão, uma adição e uma subtração
(UNIVERSIDADE NEW CASTLE, 2014).
A validação do sistema foi realizada através do consumo
medido em um medidor de vazão convencional, assim foi
implementada uma função de medição de consumo no sistema
eletrônico proposto, que é ativada ao ter um push-button
pressionado. Neste momento, uma interrupção é executada,
fazendo com que o sistema armazene e some os valores de
vazão em uma variável denominada “Consumo”, exibida no
display.
Verificou-se que o sensor diferencial de pressão não retorna
ao seu estado de repouso depois de excitado, possuindo uma Fonte: Dados da pesquisa
espécie de “histerese”, logo, julgou-se necessário adicionar
outra interrupção por push-button, forçando o sistema a
3 Resultados e Discussão
considerar o pequeno valor residual de tensão como o novo
valor correspondente à vazão zero. Pela indisponibilidade de um sistema de aferição de vazão
A implementação de todo o sistema digital foi feita com o instantânea, apresentada pelo presente sistema proposto, o
auxílio do manual do usuário do kit de desenvolvimento e do método de validação de leitura foi realizado com o auxílio de
microcontrolador, ambos produzidos pela empresa fabricante um medidor convencional de consumo de água.
dessa tecnologia. A vazão máxima proporcionada pelo sistema hidráulico
foi capaz de excitar uma tensão de 3V na saída do sensor
2.5 Leitura da vazão diferencial de pressão. Assim, o sistema foi testado para
O datasheet do sensor apresenta a Eq. (12), que traduz a diferentes valores presentes no intervalo [2.5V - 3.0V]. O
característica de transferência do dispositivo: consumo medido pelo sistema proposto e o consumo medido
pelo medidor mecânico, avaliados em seis tensões diferentes
(12)
de saída do sensor, estão apresentados no Quadro 1.
onde Vout é a tensão de saída do sensor, Vs a tensão de
alimentação do sensor e P é a diferença de pressão [kPa]. Quadro 1: Consumo medido pelo sistema eletrônico e consumo
As equações (12) e (8) foram combinadas e programadas medido pelo sistema mecânico, resultante das 5 vazões avaliadas,
no microprocessador. A diferença de pressão (p1 – p2) é para três amostras coletadas.
extraída pelo sensor diferencial e assim, a vazão é mostrada Continua ...
em um display alfanumérico. Tensão de saída Consumo do sistema Consumo do sistema
do Sensor (V) eletrônico (l) mecânico (l)
2.6 O sistema proposto 0 0
2,5 0 0
A estrutura utilizada na realização dos ensaios foi 0 0
composta de: 1,6865 2,8
2,6 1,6319 2,82
1. Equipamentos Hidráulicos 1,6606 2,77
a. Torneira 2,8483 4,14
b. Mangueira para conexão com o tubo de Venturi 2,7 2,9451 4,19
c. Tubo de Venturi 2,9410 4,20

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... Continuação o resultado aproxima-se da medida de referência, sendo que

Tensão de saída Consumo do sistema Consumo do sistema para uma medição de 6,5990 litros pelo sistema de aferição, o
do Sensor (V) eletrônico (l) mecânico (l)
sistema proposto mediu 6,7133 litros.
3,5117 4,86
2,8 3,5065 4,98
3,4861 4,92
Figura 11 Relação entre o consumo do medidor eletrônico
3,9180 5,62
2,9 3,9714 5,58
calibrado e do medidor mecânico, comparado com o sistema
3,9789 5,72 ideal.
4,3238 6,61
3,0 4,4545 6,82
4,4719 6,71

A divergência presente entre os dois sistemas de medições

apresentados no Quadro 1 é indicativo que o sistema proposto
necessita de calibração, visando obter medidas suficientemente
próximas às apresentadas pelo sistema de aferição.
Para Gonçalves Junior (2004), a calibração é o processo no
qual são estabelecidas, sob condições especificas, as relações
entre os valores indicados por um sistema de medição e os
valores correspondentes de um sistema padronizado. Caso o
sistema operasse de maneira ideal, o valor de consumo medido
em ambos os medidores seria igual e a relação entre o sistema
eletrônico e o sistema mecânico poderia ser representado Fonte: Dados da pesquisa (2014)

por reta com inclinação de 45º. Tomando uma média das

amostras obtidas para cada valor de tensão, correlacionou-se o
sistema de medição proposto e o sistema de aferição (medidor
mecânico), o resultado está apresentado na Figura 10.
Figura 10: Relação entre o consumo do medidor eletrônico e do
mecânico comparado com o sistema ideal.
Com o sistema calibrado, comparou-se os consumos
apresentados por ambos medidores em relação à tensão de
saída do sensor diferencial de pressão, sendo o resultado
apresentado na Figura 12.
Figura 12 Consumo de ambos os sistemas em relação a tensão
de saída do sensor diferencial de pressão.

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

A Figura 10 representa a relação entre o valor mecânico

encontrado e o valor eletrônico medido. Por exemplo, para
uma medição de consumo de 2,7967 litros pelo sistema
mecânico, o sistema eletrônico apresentou um resultado de
1,6597 litros.
A calibração do sistema foi feita digitalmente com a adição
de um ganho, A = 1,4941, na vazão do sistema eletrônico, cujo
resultado é apresentado na Figura 11. Assim, verifica-se que
O sistema presente apresentou um erro máximo de
10,6% em sua faixa de trabalho. Ibars (2004), num trabalho
semelhante, relata que seu sistema de medição de vazão
utilizando tubos de Venturi apresentou uma concordância de
0,9995 com o medidor padrão, ou seja, erros menores que
1%. Entretanto, esse sistema de medição mais sofisticado,
utilizando as normas descritas pela American Society of

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Mechanical Engineers (ASME), citado por Feitosa Filho
(1998) e Delmée (1982) foi base para a construção dos tubos
de Venturi e do sistema hidráulico. O presente sistema aqui
proposto utiliza um sistema hidráulico mais simples.
No trabalho de Reader-Harris et al. (2001), é feita uma
comparação entre dois ângulos de convergência diferentes
para o tubo de Venturi, analisando seus desempenhos. Este
estudo comprova a eficiência de se trabalhar com tubos de
Venturi, uma vez que apresentaram incertezas da ordem de
0.71%, ou seja, a perda de carga capaz de influenciar nos
resultados de uma medição de vazão é baixíssima, desde que
o tubo seja construído corretamente.
4 Conclusão
Através deste experimento, observou-se que é possível
construir um sistema de medição de vazão para tubulações
residenciais, com exatidão aceitável, associado a um sistema
microprocessado para apresentação do resultado em um
display. Observou-se um potencial em criar um sistema
de medição de consumo de água eletrônico, associando a
transmissão de dados para a concessionária, produzindo um
sistema de leitura de consumo automatizado.
O sistema apresentado mostrou a necessidade de
ampliar os estudos, principalmente no que se refere a
especificações do sensor de pressão. Os circuitos analógicos
e o microprocessamento funcionaram de forma satisfatória.
O trabalho proposto, que envolve conhecimentos
multidisciplinares como a física, eletrônicas analógicas
e digitais, microprocessamento de sinais e programação
de microprocessadores mostra que o sistema pode ser
utilizado para leituras de outros tipos de sensores, apenas
com a mudança dos circuitos que envolvem a eletrônica
analógica de entrada e respectiva reprogramação do
microprocessador.
Agradecimentos
Agradecemos a Universidade Estadual de Londrina pelo
apoio ao projeto 8060.
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dias, l.s. et al.
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