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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE DIREITO
SOCIOLOGIA JURÍDICA
PROFESSOR TITULAR VITOR BARTOLETTI SARTORI
ALUNO: CARLOS EDUARDO DA SILVA NEGRÃO

Em um primeiro momento, vale ressaltar o contexto ao qual o texto faz referência.


Isto é, um mundo altamente globalizado, em que existe um claro predomínio do sistema
financeiro mundial sobre os sistema nacionais locais. O cenário em questão favorece aquilo
que o autor chama de “Policentrismo decisório”, responsável em grande parte pelo
enfraquecimento do poder decisório estatal. Esse fenômeno descreve a fragilização da
soberania de uma nação, de forma que boa parte de seu poder decisório, consequentemente
sua liberdade, dependam de seu posicionamento no jogo geopolítico, assim como no mercado
global.
Em decorrência disso, torna-se cada vez mais oneroso para países periféricos
posicionarem-se de forma hostil ao sistema financeiro. O custo para agir dessa forma é o de
arcar com retaliações como isolamento comercial, descontrole monetário e até mesmo
insuficiência tecnológica. Assim, quaisquer agentes fora do núcleo duro da economia
globalizada são obrigados a agir de maneira pragmática, dentro das “regras do jogo”. Postura
que limita enormemente o potencial de planejamento a longo prazo, em especial de políticas
públicas de larga escala.
Os dilemas do mundo permeado pelo neoliberalismo perpassam toda a vida pública.
Desse modo, até mesmo o âmbito jurídico é profundamente afetado, à medida em que a
jurisdição nacional, concebida em um contexto específico, mostra-se incapaz de acompanhar
as demandas geradas pelo avanço tecnológico. Deixando cada vez mais espaço para órgãos e
empresas dotados de grande autonomia administrativa, tidas como fontes normativas
privadas, supranacionais ou comunitárias.
A fim de evidenciar a questão, o autor traz exemplos relacionados a companhias
capazes de evitar tribunais convencionais fazendo uso de mecanismos próprios, como
mediações. Cria-se assim uma jurisdição extraterritorial, própria das relações comerciais,
caracterizada por Faria como a nova “lex mercatoria”, fazendo uso de uma analogia com o
conceito medieval. Contudo, esse cenário resulta numa luta por parte do Estado para
acompanhar essa dinâmica veloz, gerando com isso uma produção exacerbada de normas
específicas.
Em suma, o policentrismo normativo não ameaça a soberania estatal apenas por meio
do enfraquecimento das limitações pragmáticas de políticas públicas, mas também através da
sobreposição normativa excessiva. De forma que o Direito positivo perde parte de sua
efetividade, ameaçando em essência sua própria liberdade.

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