Você está na página 1de 2

Série “Vida Frutífera”

Estudo 1 - O fruto da devoção


Texto bíblico: João 15.1-11
Sucesso, uma das grandes ambições do ser humano. Não importa qual área a pessoa atue,
o desejo que ser bem-sucedido é comum a praticamente todas as áreas. E isso também não se
restringe a área profissional, desejamos ter sucesso na área conjugal, em nossas relações de
amizade, no cuidado com nossa saúde, enfim, em diversas áreas da vida.
E isso não tem nenhum mal. Faz parte da nossa humanidade. E é algo que Deus espera de
Deus. Ele não quer que fiquemos nos lamentando diariamente por não alcançarmos nossos
projetos. Ele quer que os realizemos, se estes forem para o nosso bem. E na espiritualidade,
especialmente, Deus deseja que sejamos bem-sucedidos.
Porém, a grande questão é nem sempre essa área é tão visita entre nossos objetivos de ter
sucesso. Na realidade, é possível ver diversos cristãos que se sentem acomodados com a vida que
tem, sem qualquer objetivo na espiritualidade além de esperarem para ir ao céu ou se sentirem bem
aqui na terra.
Mas existe um chamado bíblico para que tenhamos uma vida frutífera. Jesus, em João 15.16
diz: “eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto”. Dar
fruto é um chamado natural para a vida cristã. Todo cristão genuíno, dá fruto. Assim, nesta série
falaremos sobre como ter uma Vida Frutífera.

Vida Frutífera 1: O fruto da devoção

No mesmo texto de João 15 podemos refletir a maneira com a qual podemos ter uma vida
frutífera. Esse capítulo faz parte de um momento final da vida de Jesus, na qual este tem alguns
diálogos apenas com seus discípulos.
E Jesus se dirige aos seus discípulos usando a figura do campo, bastante presente numa
sociedade agrícola. A videira, produtora de uva, era um dos principais ramos da economia israelita,
além de ser uma figura que no Antigo Testamento é comparável a Israel, a videira plantada por
Deus. E, ao ser plantada por Deus, se esperava uvas boas, mas ela deu “uvas bravas” (Isaías 5.2).
Israel não deu os frutos que Deus esperava.
Porém agora já não é Israel que é a videira, mas Jesus se coloca como a nova videira. Ele
cumpre o que Israel não consegue cumprir. Diferente de Israel, Jesus dá frutos bons. E os discípulos
são colocados como os ramos dessa videira, sendo chamados a dar fruto.
Como já foi dito, todo cristão genuíno, dá fruto. Será que temos cumprido nossa missão ou
temos sido como Israel? É interessante que aqui, existem alguns tipos de ramo. 1) Jo 15.2: “Todo
ramo que estando em mim não der fruto, ele o corta”. 2) Jo 15.2: “Todo o que dá fruto limpa, para
que produza mais fruto ainda”. 3) Jo 15.6: “Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora,
à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam”. 4) Jo 15.5: “Quem
permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto”. Que tipo de ramo nós temos sido?
O primeiro possui algumas compreensões diferentes. Uma interpretação entende esse ramo
como um membro da igreja, porém que não é salvo, por isso, ele é cortado. A segunda interpretação
é de alguém que, sendo salvo, por não dar fruto, é cortado e perde a salvação.
Para a última interpretação, assinada por Hernandes Dias Lopes, é necessário ver o verbo
grego traduzido como “cortar”, que na verdade tem sua melhor tradução como “levantar”. Dessa
forma, o ramo, na verdade, não está dando fruto porque está caído. E caído ao chão, está envolto
pela sujeira e lama do pecado.
Assim, Deus, como o agricultor, nos levanta. Tira da lama do pecado. E faz isso através da
disciplina. A disciplina é parte importante da vida cristã, como é dito em Hebreus 12.5-6: “Filho meu,
não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado;
porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe”.
Não devemos rejeitar a disciplina porque Deus a usa para nos levantar, para nos limpar de
tudo o que nos atrapalha de viver aquilo que poderíamos viver. Somos corrigidos de diversas
formas, como, por exemplo, pela pregação que ocorre semanalmente nas igrejas, mas que muitas
vezes não é ouvida. É para o outro. Deus prefere nos disciplinar, do que nos deixar no chão e na
poeira. Ao nos corrigir, Deus nos coloca junto com os ramos que dão fruto, para que consigamos
dar fruto. Viver no pecado é não dar fruto.
O segundo tipo de ramo é ramo que é limpado, ou “podado”. Isso acontece porque por vezes
produzamos menos frutos do que poderíamos produzir. Nossa tendência, como ramos, é querer
nos encher de folhas, ficando bonitos, com toda a pompa das folhas. Porém, cheio de folhas,
podemos não ter espaço para a entrada de sol e para as uvas crescerem.
Então Deus, o agricultor, começa a fazer a poda. Tira coisas que nós valorizamos, mas que
nos atrapalham para frutificar. Passamos por períodos de provações, para darmos mais frutos.
Tiago 1.2-4 nos chama a valorizar a provação, pois produz perseverança e nos torna perfeitos. Um
ramo sem folhas parece feio. Porém, um ramo com frutos tem muito mais valor do que apenas com
as folhas.
Um terceiro tipo de ramo é o ramo que é lançado fora. Esse sim é cortado. Esse não diz que
não dá fruto. Mas diz que “não permanece em mim”. Esse ramo não está em Cristo. Ele nunca dará
frutos, pois não está ligado a videira. Não recebe da seiva do caule.
Esse ramo pode ter até alguma aparência de estar ligado. Mas não está. Não terá vida. Será
lançado fora e queimado. Assim como pode haver pessoas na igreja, que conhecem toda a Bíblia,
que pregam e fazem tudo que, na aparência, mostram que são salvas, e mesmo assim, não serem
salvas. Não estão ligadas a Cristo.
Por fim, há o ramo que dá muito fruto. E o diferencial que o faz ser assim não é sua própria
capacidade, mas o fato de permanecer ligado a videira. A ênfase do texto não é dar fruto. O verbo
permanecer aparece nove vezes nesse trecho. E o imperativo, a ordem dada no texto não é
frutificar, mas permanecer.
Isso nos ajuda a pensar sobre o que é o cristianismo. Não é uma religião legalista, que te
exige dar frutos pelo seu próprio esforço. O cristianismo é um chamado a um relacionamento. Deus
não olha para ramos bonitos e os conecta a videira. Deus olha para ramos imersos no pecado e,
pela sua graça, os limpa e conecta a videira. Dar frutos não é a ordem, mas consequência de
permanecer na videira.
Assim, nosso principal foco para ter uma vida frutífera é permanecer em Cristo. A vida frutífera
começa com a devoção. No dicionário, o significado de devoção é: apego sincero e fervoroso a
Deus”. Assim, devemos nos dedicar a um apego a Deus. Mas como fazemos isso?
João 15.7 nos ajuda a pensar a respeito. Primeiro, Jesus fala sobre “as suas palavras
permanecerem em nós”. Será que temos nos dedicado para que as palavras de Cristo permaneçam
em nós? A Bíblia diz que ela é o verdadeiro alimento para nossas almas.
O final do versículo sete também diz “pedireis o que quiserdes e vos será feito”. Ao
permanecer em Cristo, também desenvolvemos nossa vida de oração. O versículo aqui não é uma
oportunidade de usar Deus para realizar nossas vontades. Fazer isso só mostra que não estamos
de fato em Cristo. Nós temos nossos desejos atendidos aqui, porque, quando permanecemos em
Cristo, nossa vontade se alinha a vontade de Deus.
No versículo oito, podemos perceber que, além de permanecer na Palavra e desenvolver uma
vida de oração, ao permanecer em Cristo, produzimos frutos e nos tornamos discípulos. É pelo
fruto, não por uma vida cheia de folhas, que entendemos de fato quem é discípulo, como lemos em
Mateus 7.16. Cristianismo não é uma espiritualidade de casca, mas de profundidade.
Os versículos nove e dez também nos ajuda a entender a devoção, quando nos diz
“permanecei no meu amor”. É esse amor a principal fonte de devoção. O amor de Cristo é o que
nos dá a oportunidade de estar ligado a videira. Não foi por nosso próprio esforço ou mérito.
Nós permanecemos nesse amor guardando os mandamentos, porque os mandamentos são
orientações, limites, que nos fazem não nos perdermos na nossa suposta liberdade, mas vivermos
a liberdade de desfrutarmos, para sempre do amor de Deus.
Por fim, o tudo foi dito para que a alegria de Cristo esteja em nós. A vida cristã não é uma
vida de tristeza, mas de alegria completa. Uma vida abundante da graça de Deus. E podemos
desfrutar dessa vida aqui e agora. Vida cristão não é uma vida carrancuda, mas de alegria.
E mesmo que passemos por dificuldades, podemos ter bom ânimo, pois ele venceu o mundo
(Jo 16.33). A vitória de Cristo na cruz garante que, mesmo que o choro possa vir, podemos saber
que, com a volta de Cristo, “Ele enxugará dos nossos olhos toda a lágrima” (Ap 21.4).
Podemos buscar ter sucesso de diversas formas, mas o que realmente vai preencher nosso
anseio não é a área profissional, bens, família. Somente Cristo nos preenche. Ele é a água que
mata a nossa sede. Que vivamos uma vida de devoção, permanecendo em Cristo, para saciar o
anseio das nossas almas.

Para refletir e praticar: Será que a fonte da nossa vida é Cristo (seiva)? Quais são as folhas
que precisamos permitir que Deus corte? Temos vivido uma vida de devoção?

Você também pode gostar