Fora Bolsonaro

e os militares!
PELA UNIFICAÇÃO DE TODAS AS LUTAS DOS Fora imperialismo e a
Lava Jato golpista!
TRABALHADORES RUMO À GREVE GERAL PARA Construir uma verdadeira
greve geral!
DERRUBAR AS PRIVATIZAÇÕES! Por um governo de tra-
balhadores sem burgueses!

R 06 de outubro de 2019 / Número 61

[Um jornal GAZETA Pela construção do partido

operário da revolução socialista

VOLUCIONÁRIA
mundial
a serviço da luta
dos trabalhadores www.gazetarevolucionaria.com.br
R$2,00 gr@gazetarevolucionaria.com.br

CORREIOS:
AGORA A LUTA
É CONTRA A PRIVATIZAÇÃO
E AS DEMISSÕES

Debate todas sextas-feiras, às 20:30h no youtube.com/gazetarevolucionaria

www.gazetarevolucionaria.com.br - 06 de outubro de 2019 p.02

CRESCE O ENFRENTAMENTO ENTRE A

BURGUESIA E O PROLETARIADO MUNDIAL
A cada dia, aumentam os sintomas do
aprofundamento da crise capitalista
mundial. Nos Estados Unidos, o
desemprego tem sido controlado
por meio de um amplo programa de
obras públicas, com a repatriação
de algumas empresas, com a nova
indústria do petróleo a partir do xisto
e, principalmente, por meio da piora da
qualidade dos empregos disponíveis.
No entanto, o endividamento geral
disparou, a especulação financeira
começou a engasgar e os setores
industriais que ainda estão no país
passaram a sofrer crescente queda na
utilização da capacidade instalada.
A especulação financeira com títulos
do setor imobiliário superou os
níveis de 2008. A inadimplência
dos financiamentos do setor
automobilístico superou os sete milhões
de pessoas, mais do dobro de 2008. O
endividamento dos estudantes quase
triplicou. Para passar pelos chamados neocoloniais. Esta política se relaciona “neoliberais” a partir da década de 1980. do capital em crise, os trabalhadores
testes de estresse os grandes bancos têm com a própria sobrevivência do sistema Mas a crise capitalista de 2008 provocou devem aumentar os esforços para
sido obrigados a realizar todo tipo de capitalista. As grandes empresas terão o colapso dessa política. Devido organizar a resistência. A burguesia
manobras. muito maiores dificuldades para serem ao brutal aumento do parasitismo imperialista, com todos seus tentáculos,
Donald Trump, que representa os novamente resgatadas no cada vez mais financeiro, a burguesia não conseguiu é o principal inimigo. A classe operária
setores da extrema direita que correm próximo colapso capitalista mundial. colocar em pé uma outra política de mundial é o seu principal alvo.
por fora dos aparatos do partido Os ataques já estão provocando a contenção social. A crise não se fechou É preciso fortalecer a resistência a
Republicano, é o único presidente que aparição dos primeiros sintomas de e o mundo avança rapidamente para o partir da organização dos setores
no último século não iniciou nenhuma ascenso do movimento operário em maior colapso da história. operários que vão despontando na
guerra. As demissões dos falcões John vários países em paralelo. Nos países Com o objetivo de conter o luta. É preciso levantar o programa da
Mattis e especialmente de John Bolton desenvolvidos, vimos a primeira greve desenvolvimento das tendências revolução proletária mundial e, a partir
mostraram o fracasso da política na GM nos Estados Unidos, que já revolucionárias, a burguesia busca dele, agrupar os operários em torno
imposta desesperadamente pelo grande supera duas semanas. Na Inglaterra, desesperadamente fortalecer o do programa revolucionário. É preciso
capital para “conseguir” gerar uma a greve dos pilotos da British Airways fascismo nos países desenvolvidos, avançar além de declarações, para ações
guerra. A única saída capitalista para paralisou totalmente os voos. No Peru, principalmente na Europa, e as práticas que comecem por atividades
tentar conter a queda acelerada da taxa houve uma grande greve mineira. Na ditaduras militares nos países pontuais e que devem ter como objetivo
média de lucros mundial é a guerra, Argentina, ocorreram a revolta popular atrasados. O rápido endurecimento agrupar os revolucionários proletários
com a destruição de forças produtivas na Província de Chubut e várias do regime no Brasil, que acompanha que efetivamente estão participando da
em larga escala, e a militarização das greves parciais nas regiões industriais o rápido aumento do saque das organização da luta contra a burguesia
sociedades na tentativa de conter o próximos a Buenos Aires. Na Venezuela, riquezas nacionais pelo imperialismo, imperialista.
claro desenvolvimento das tendências há vários focos de resistência e protestos principalmente o norte-americano,
revolucionárias. apesar da contenção da burocracia é considerado como o modelo a ser
A burguesia imperialista, composta ligada ao governo de Maduro. No imposto na América Latina. CONSELHO EDITORIAL
fundamentalmente pelas 150 famílias Brasil, a maior greve nacional desde A classe operária começa a reagir. O
Acosta Gonçalves / Florisvaldo Gomes / Paulo
que dominam o mundo, enfrenta a a greve dos petroleiros de 1995, que motor é o aprofundamento da crise Santos / Mendes Lopes
acelerada queda das taxas de lucro. tinha sido derrotada pelo Exército, foi capitalista mundial e a incapacidade E-mail: gr@gazetarevolucionaria.com.br
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Tenta contê-la por meio de ataques protagonizada pelos trabalhadores dos do regime de prover as condições Site: www.gazetaverolucionaria.com.br
cada vez mais duros ao nível de vida Correios. indispensáveis de reprodução da força Canal: youtube.com/gazetarevolucionaria
Twitter: @gazetarevo
e aos direitos dos trabalhadores, A classe operária sofreu fortes derrotas de trabalho.
principalmente, nos países com a aplicação das chamadas políticas Perante o aumento da agressividade
www.gazetarevolucionaria.com.br - 06 de outubro de 2019
A CRISE DO REGIME POLÍTICO BRASILEIRO
Por Ezequiel de Luna
O processo de golpe de Estado, no
Brasil, avança sem que nenhuma
força política se oponha abertamente,
deixando os estrategistas do
imperialismo de mãos livres para
ir experimentando, aproximando
constantemente na conformação de
outro regime político que, na falta de
melhor definição (até porque ainda
não nasceu completamente), podemos
chamar de bonapartista.
Mas a amplitude da margem de
manobra imperialista para manipular
o regime político é relativa, pois, ainda
que não haja oposição institucional
consequente, o limite da ação
contrarrevolucionária é a ação do
movimento de massas mobilizado. Pois
a única força capaz de barrar o avanço
do golpe é a força dos trabalhadores
mobilizados na rua. E o imperialismo
tem que ir dosando, mesclando ataque
com propaganda, para prevenir uma
explosão social de tipo revolucionária.
A estratégia imperialista é implantar
um regime bonapartista no Brasil
A saída imperialista para evitar
um processo revolucionário, que
questionasse e até barrasse a aplicação
de seus planos é a estruturação desse
regime estratégico de força, que está
em construção e experimentação.
O enfraquecimento relativo da
Operação Lava Jato abre espaço para
o fortalecimento relativo do aparato
militar no controle do regime político.
Há que se notar que o regime atual é o
típico regime de transição. Na verdade,
é o regime que expressa o processo
golpista que perdura no tempo, ainda
que com duração limitada.
Entre o regime democrático burguês
da Nova República e um regime de tipo
bonapartista há uma evolução política
que num primeiro momento acentuou
os aspectos reacionários da democracia
burguesa e logo evoluiu para um
regime de exceção, com protagonismo
do Poder Judiciário, mais precisamente
da Operação Lava Jato e do STF. O
chamado golpe do Judiciário, como
evolução do golpe parlamentar
(impeachment de Dilma Rousseff).
As manipulações da inteligência norte-
americana fazem com que após o
golpe eleitoral (com manipulação, fake
news, fraude e prisão do candidato
que venceria no 1º turno, Lula), com
a imposição do governo de extrema-
direita de Bolsonaro e os militares,
p.03
iniciam um desgaste da Operação Lava classe operária produzirá levantes
Jato para dar lugar ao protagonismo revolucionários que somente um
das Forças Armadas. Uma vez que os regime de força poderá conter. Simples
militares voltaram ao poder após 33 assim.
anos (com a lei da anistia, nenhum É nesse contexto que devemos fazer
foi punido) e já estão tratando de as análises de conjuntura. De outra
reorganizar a ditadura militar para forma é muito provável que sejamos
fecharem o regime quando for possível enganados pela mídia diversionista,
e conveniente. pelos ataques de guerra híbrida, pelas
O regime de exceção da Operação operações de guerra de propaganda e
Lava Jato já evoluiu para um regime de guerra psicológica.
policial-militar bem mais reacionário,
que prenuncia uma ditadura bem mais
pró-imperialista do que a da década de
1970. Naquela época vivia-se a crise
do petróleo e o sistema capitalista
engendrava a solução neoliberal com o
fim do Estado de bem estar social.
Hoje vivemos na iminência de uma nova
crise econômica global superior à de
2008. E o capitalismo imperialista não
tem mais nenhuma alternativa que não
seja aumentar a exploração ao máximo
da classe operária mundial, espoliar os
países da periferia e deflagrar uma luta
à morte entre os países imperialistas na
disputa por fatias do mercado mundial.
Um novo regime político bonapartista,
de uma nova ditadura militar, se
impõe pelas tarefas colocadas pelo
imperialismo para o Brasil. Aumentar
sobremaneira a exploração sobre a
www.gazetarevolucionaria.com.br - 06 de outubro de 2019 p.04

Outro fenômeno
UMA ESQUERDA PRÓ-IMPERIALISTA
específico e
importantíssimo que temos que levar
em conta na atual situação é a postura
colaboracionista, totalmente integrada
ao regime golpista, das direções
burocráticas do movimento de massas
e da esquerda em geral. Processo de
direitização da esquerda mundial que
se pronunciou com a queda do muro
de Berlin e com o fim da URSS e que
no Brasil, com os 13 anos de governo
de Frente Popular dirigidos pelo PT,
acelerou na integração da política
imperialista.
Hoje, a esquerda tornou-se uma das
peças chave no processo golpista na
medida em que desempenha o papel de
controlar o movimento de massas. Não
é à toa que a reforma da Previdência
(o maior ataque aos direitos dos
trabalhadores nos últimos anos) foi
aprovada na Câmara dos Deputados
sem que houvesse um único protesto de
rua. E passará pelo Senado Federal sem
nenhuma resistência do movimento de
massas impulsionado pela esquerda.
A esquerda cumpriu seu papel de
ilusionista das massas afirmando que a
luta passa eminentemente pelo campo esquerda fazem parte de um grupo A esquerda reformista comanda a 1970, ou semelhante ao Partido
institucional. Na verdade, a política maior, de sessenta e nove (69) burocracia sindical Democrata dos Estados Unidos, em
da esquerda é aplicar os planos do Deputados Federais que compõe a uma ditadura militar disfarçada através
imperialismo. Os governadores do “Frente Parlamentar Mista de Defesa Essa ação nefasta dos partidos de de “instituições democráticas”.
Nordeste que o digam. Eles ainda querem dos Correios Contra a Privatização”, esquerda se reflete no campo da Governo, militares, partidos políticos,
estender a reforma da Previdência para que assinaram a PEC nº 149/2019, a luta sindical porque as direções das oposição, Centrão, extrema-direita,
os estados e municípios. A mesma PEC da quebra do monopólio postal Centrais Sindicais e dos sindicatos esquerda, Centrais Sindicais,
política de oposição aparente no espaço dos Correios. em nível nacional são filiadas a esses empresários e latifundiários, estão
estritamente parlamentar a esquerda Nesse mesmo sentido, de apoio à partidos. Um exemplo bem claro e todos no mesmo campo e aplicam
aplicou em relação à reforma trabalhista política imperialista de privatizações, atual dessa guinada à direita promovida todos a mesma política ditada pelo
de Temer e agora em relação à “nova” os governadores do Nordeste, com os pela esquerda, de colaboração com imperialismo de transferir o máximo
reforma trabalhista de Bolsonaro. governadores petistas na vanguarda, o regime golpista, foi o desmonte da de mais valia e riqueza natural para os
A mesma política em relação às estão metidos numa luta à morte pela greve nacional dos trabalhadores dos monopólios internacionais. Ao mesmo
privatizações. Seis (6) Deputados partilha dos recursos, entre estados Correios em setembro. A maior greve tempo tentam garantir para si migalhas
Federais do PSB, cinco (5) do PDT, da federação e municípios, da cessão nacional desde a greve dos petroleiros dessa brutal exploração, que é um
cinco (5) do PT e dois (2) do PCdoB onerosa de gás e petróleo, do megaleilão de 1995 foi quebrada pela burocracia verdadeiro saque ao país.
assinaram a PEC (Proposta da do Pré-Sal, o maior leilão da história para evitar a unificação com os Esse período de transição do regime
Emenda Constitucional) nº 149/2019 do Brasil e que está marcado para petroleiros e outras categorias, que político para um tipo de regime mais
apresentada pelo General Peternelli novembro desse ano. poderia levar a uma verdadeira greve duro, responde à necessidade de
(PSL-SP) que “altera os incisos X e XII A esquerda golpista (que colaborou geral com paralisação das categorias contenção das lutas do movimento de
do art. 21 da Constituição Federal, para com o impeachment e com a prisão organizadas e derrotar o governo massas que certamente acontecerão
permitir que o serviço postal possa de Lula, sem opor resistência) se Bolsonaro. devido à profundidade dos ataques
ser explorado mediante autorização, revelou uma esquerda imperialista na Então, a esquerda está integrada ao nível de vida dos trabalhadores e
concessão ou permissão”. Ou seja, a medida em que desvia a indignação do ao regime burguês, se mostra uma da população em geral. Tudo isso no
quebra do monopólio postal da ECT movimento de massas para o campo colaboradora esforçada, pois tem a marco da crise econômica mundial
(Empresa Brasileira de Correios e institucional burguês e colabora na estratégia de se manter como oposição que está em uma recessão global e
Telégrafos) como um passo adiante na aplicação dos planos de ajuste fiscal, consentida num futuro governo apontando para uma explosão de
privatização dos Correios. reformas e privatizações imposto pelo militar de força. Semelhante ao MDB uma nova bolha especulativa com
A ironia é que esses Deputados da imperialismo norte-americano. na ditadura militar aberta dos anos consequências inauditas.
www.gazetarevolucionaria.com.br - 06 de outubro de 2019
ESTAMOS NUM PERÍODO DE TRANSIÇÃO
DO REGIME POLÍTICO
Nesse sentido, é um período de crise contraditórias, contando apenas com o
e especificamente no regime político parco recurso da súmula para unificar
por ser um período de transição (uma a jurisprudência, as Forças Armadas,
vez que toda transição gera crise). E baseadas na hierarquia e na disciplina,
essa transição no regime está sendo tem melhores condições de conduzir
acelerada para se superar a “ditadura do centralizadamente o regime político,
Judiciário” pela “ditadura militar”. com um Poder Executivo hipertrofiado
O regime político, definido como controlando todas as instituições e a
o conjunto das instituições pelas sociedade de uma forma ditatorial.
quais passa o poder em determinado O avanço desse processo, com o fim
momento da situação da luta de classes da transição, rumo a uma ditadura
em um país, deve ter como instituição aberta (ainda que sob a capa formal
central a que garanta maior estabilidade “democrática”) é o que explica a
relativa para a classe dominante exercer aceleração do desgaste da “ditadura do
o poder sobre as outras classes. Judiciário” com a operação orquestrada
Acontece que o poder judiciário pelo imperialismo de vazamento de
exatamente não é a instituição ideal para diálogos entre o ex-juiz Sérgio Moro
ser o centro de estabilidade do poder (atual ministro da Justiça e Segurança
político. É uma anomalia a “ditadura Pública) e os Procuradores da
do judiciário” (regime de exceção), pois República que compunham a Lava Jato
ela deve ser transitória, com tarefa de de Curitiba (a chamada República de
destruição do regime anterior, para Curitiba).
preparar um novo regime. A Operação O imperialismo utilizou-se de um
Lava Jato, sustentada pelo Supremo aparente player de “esquerda”, seu
Tribunal Federal, tinha por tarefa agente do site The Intercept (de
destruir o regime da Nova República propriedade do conhecido elemento
para abrir caminho para uma nova de direita, Pierre Omidyar) para, numa
ditadura militar. clássica operação de manipulação
Agora o próprio sistema está por controlada de guerra híbrida, avançar
desgastar o Poder Judiciário e afirmar no fechamento do regime se utilizando
as Forças Armadas, especificamente o da esquerda golpista e identitária
Exército Brasileiro, como instituição adepta da “teoria das opressões”, que
central do regime. Pois ao contrário é outra manipulação imperialista bem
do Judiciário, em que um juiz pode sucedida.
interpretar a lei a aplicar o direito de Os ataques da extrema-direita aos
forma diferente um do outro, e os Tribunais Superiores, notadamente
tribunais também tomam decisões o STF, por meio da “CPI da Toga”, faz
parte desse desgaste orquestrado para
limitar o poder político do Judiciário.
As investigações até a parentes dos
ministros do Supremo pela Receita
Federal e Coaf, estimuladas pela Lava
Jato e a reação do STF instaurando um
inquérito de exceção para investigar
“fake news” da Lava Jato contra
ministros da Corte Suprema, fazem
parte dessa imensa crise que tem por
finalidade parir o novo regime golpista.
Crise do regime: Lava Jato quer dar
semiaberto para Lula, mas Lula
prefere permanecer no fechado
A crise do regime atual no Brasil
chegou ao cúmulo do improvável
onde o chefe da Lava Jato de Curitiba,
o Procurador da República Deltan
Dallagnol, solicitou a progressão de
regime no cumprimento da pena de
prisão do ex-presidente Lula na medida
em que cumprisse um sexto de sua
pena de oito anos, dez meses e 20 dias.
E o fato mais inusitado ainda em que o
ex-presidente nega aceitar a progressão
do regime fechado para o semiaberto e
prefere permanecer no regime fechado
na Superintendência da Polícia Federal
em Curitiba.
Todo esse barulho tem a ver com a crise
interna do Poder Judiciário refletida
principalmente na disputa entre
STF e Lava Jato, mas também com a
Procuradoria-Geral da República e o
Ministério Público Federal. Os últimos
lances tem a ver com o julgamento
de recursos no Supremo em que se
questionam a legalidade de processos
conduzidos pela Lava Jato, que não
garantiram o princípio do contraditório
e da ampla defesa para o réu, na medida
em que davam prazos iguais para o
réu que fazia a delação premiada e o
réu delatado para a apresentação das
“alegações finais” (fase do processo
onde as partes apresentam seus
argumentos finais sobre questões de
fato ou de direito).
O prazo do réu delatado deveria ser
maior do que o do delator, ou seja,
o réu delatado deveria apresentar as
p.05
alegações finais após o delator. O caso
concreto é o julgamento do habeas
corpus do ex-gerente da Petrobras,
Márcio de Almeida Ferreira, que pede
a anulação de uma sentença do ex-juiz
federal Sergio Moro. O Supremo deverá
também modular a decisão (definir uma
tese) para definir o que acontece com
casos parecidos. A modulação é nefasta
porque é restritiva e reduz o direito
de ampla defesa. A tese do presidente
do Supremo, ministro Dias Toffoli, é
de restringir a aplicação somente para
quem solicitou apresentar as alegações
finais por último no início do processo,
e somente para quem comprovar dano
por não “falar” por último.
Essa questão da apresentação das
alegações finais dos réus delatados após
os réus delatores afeta diretamente a
Lava Jato, pois a delação premiada é
um dos instrumentos mais utilizados
pela Lava Jato para o aprofundamento
das investigações. De pouco mais de
50 sentenças em primeira instância
no Paraná, 32 têm réus delatores e
delatados respondendo juntos ao
processo. O prazo para alegações finais
foi o mesmo em todos os processos.
Com todo esse imbróglio, a Lava Jato,
que está sob grande pressão, tenta
uma manobra que pode lhe render
bom marketing. Tenta aparecer como
a “libertadora” do ex-presidente,
concedendo pelo menos a “meia
liberdade” (regime semiaberto), como
promotora da justiça e assim apagar
um pouco o escândalo da prisão sem
provas, da fraude de um processo
kafkiano, de cartas marcadas.
Lula não quer sair da prisão de
Curitiba pelas mãos da Lava Jato. E
sabe-se lá para onde o enviariam e em
que condições. Em carta de próprio
punho recusou a progressão de regime
afirmando “ao povo brasileiro” que
“não troco minha dignidade pela
minha liberdade”. O ex-presidente Lula
pretende que o STF analise os pedidos
de suspeição do ex-juiz federal Sérgio
Moro e dos Procuradores da Lava Jato
e declare a nulidade do processo e que
saia livre com a ficha limpa.
www.gazetarevolucionaria.com.br - 06 de outubro de 2019 p.06

PACTO ENTRE OS PODERES PARA

APLICAR O AJUSTE IMPERIALISTA

A crise do regime político é imensa e
é provocada por uma crise econômica
que aponta para uma catástrofe. A
cada dia, a cada hora, acontecem fatos
políticos inusitados, com mudança no
cenário político, econômico e social
e tudo numa velocidade supersônica.
O governo de extrema-direita de
Bolsonaro / Mourão / Paulo Guedes,
imposto por um verdadeiro golpe
eleitoral, desde o início se mostrou fraco
para cumprir as tarefas para as quais foi
eleito. Desde antes da posse já estava
desgastado e o imperialismo ensaiou
a possibilidade de troca imediata com
a possível subida de Mourão. Tanto é
que na primeira metade do primeiro
semestre, o vice-presidente era “pop
star” na mídia. Até a esquerda era-lhe
simpática.
Porém, o imperialismo ajustou a
política, uma vez que não estava
pronto todo o arsenal político-jurídico
para impor um governo de força (e
até dúvidas de que tipo de governo
de força se imporia, qual a gradação
inicial e planejamento da dinâmica)
e que assumindo o vice-presidente
militar naquele momento, Mourão se
desgastaria rapidamente ou se tentasse
impor a força, poderia provocar
um levante de massas. Por cautela,
os estrategistas norte-americanos
preferiram não gastar um cartucho
importante numa situação que não
estava bem controlada.
Assim, se apelou, próximo ao final
de maio, para o surrado “pacto de
governabilidade”. O “pacto entre os
Poderes da República”. Um verdadeiro
acordão. Se apaziguou a disputa entre
Executivo e Legislativo, se reduziram
os ataques da extrema-direita à
Suprema Corte e essa blindou a
família do Presidente da República,
principalmente sustando o processo
contra o Senador Flávio Bolsonaro
(PSL-RJ) exposto pelo Coaf (Conselho
de Controle de Atividades Financeiras)
em suas maracutaias com seu ex-
assessor Fabrício Queiroz.
Se apaziguou também a briga entre a
ala militar e a ala olavista do governo.
Mourão e Olavo de Carvalho saíram
de cena. Bolsonaro foi oficializado
como “rainha da Inglaterra” e a
responsabilidade de fazer aprovar a
reforma da Previdência ficou nas mãos
dos partidos que compõem o chamado
“Centrão” no Congresso Nacional, não
sem a promessa de muito dinheiro
público.
Os partidos da esquerda também
participaram dessa concertação, ainda
que não fossem citados publicamente
na reunião dos líderes dos Poderes.
Mas a esquerda integrada ao regime
agiu rápida e eficazmente cumprindo
papel decisivo para o bom êxito do
“pacto pela democracia”, pois desde
o dia 15 de maio o movimento de
massas vinha dando mostras de um
levante espontâneo contra a política
neoliberal do governo Bolsonaro. O
conjunto da “esquerda” organizada
nas centrais sindicais se encarregou de
arrefecer os ânimos direcionando todo
o descontentamento para uma greve
geral marcada para 14 de junho, com
um mês de prazo para não preparar
nada e desmobilizar.
Depois dessa data não se deliberou
mais nem um plano de lutas (mesmo
que formalmente) e a política foi
de jogar todo o peso na atividade
parlamentar na tramitação da PEC
06/2019. Coincidentemente, no mesmo
dia do anúncio do “pacto” entre os
Poderes da República (28 de maio de
2019) a Executiva Nacional do PT
aprovou uma resolução que formalizou
o abandono da palavra de ordem “Fora
Bolsonaro” e afirmou a conformação de
uma Frente Ampla com os partidos de
esquerda, de centro e de direita, para
disputar as eleições do próximo ano.
Esse arranjo político vem funcionando
precariamente, imerso numa tremenda
crise política, mas obtendo êxitos
importantes como a aprovação da
reforma da Previdência na Câmara e no
Senado, bem como a PEC paralela, para
fechar com chave de ouro o “massacre
da Previdência”, incluindo estados e
municípios na reforma. A reforma
trabalhista avança para o fim da CLT,
o fim da atual estrutura sindical e para
a escravidão real dos trabalhadores. E a
aceleração do processo de privatização
que já conta com autorização legislativa
para o mega leilão do Pré-Sal que se
dará em novembro.
www.gazetarevolucionaria.com.br - 06 de outubro de 2019
OS MILITARES PREPARAM NOVO GOLPE
Nesse meio tempo os militares
organizam freneticamente o arcabouço
jurídico e político para a instalação
do novo regime político (de cunho
bonapartista, baseado num governo
militar ou controlado pelos militares).
Nesse sentido, os militares fortalecem
o GSI (Gabinete da Segurança
Institucional da Presidência da
República) e a tramitação e aprovação
de vários decretos presidenciais e
projetos de lei que importarão no
fechamento do regime político a partir
da base jurídica das leis reacionárias
aprovadas nos governos do PT (Lei da
ficha limpa, Lei anticorrupção, Lei das
organizações criminosas – Delações
premiadas, Lei antiterrorismo).
Os decretos assinados pelo Presidente
da República, Jair Messias Bolsonaro
e os projetos de lei de controle da
internet vão no sentido de constituir
um Deep State brasileiro (Estado
paralelo ou Estado dentro do Estado,
quem está por trás das decisões de
todas as instituições da República):
decreto nº 9527 de 15/10/2018,
decreto nº 9.794 de 14/05/2019,
decreto nº 9819 de 03/06/2019 e
decreto nº 9830 de 10/06/2019 e os
projetos de lei 2418/2019, o 2496/2019,
principalmente. O aprofundamento do
golpe de Estado em andamento prevê a
substituição da Lava Jato pelo aparato
de inteligência militar, e esse processo
já está bem adiantado. O fechamento
total do regime ainda estaria sob
uma legalidade formal devido a essa
legislação.
Apenas destacamos o Projeto de Lei
nº 2418/2019 apresentado em 17 de
abril de 2019, que está tramitando
na Câmara dos Deputados. Este PL
propõe modificar a lei do “Marco civil
da internet”, a LEI Nº 12.965, DE 23 DE
ABRIL DE 2014, “para criar obrigação
de monitoramento de atividades
terroristas e crimes hediondos a
provedores de aplicações de internet
e dá outras providências”. Esse é o
suprassumo da legislação golpista, pois
ele oficializa o que já vem sendo feito
clandestinamente. Dá poder para os
militares vigiarem toda a população
pelos celulares, tablets, Notebook, PCs
e até pela TV.
Agora qualquer grampo serve como
prova de atividade ilícita num inquérito
policial militar sobre qualquer pessoa
que eles quiserem impingir a pecha de
terrorista. E coloca todo o processo nas
mãos dos militares, excluindo o Poder
Judiciário e instaurando um sistema de
vigilância semelhante ao da NSA norte-
americana totalmente controlada pela
inteligência das Forças Armadas.
Unificar as lutas rumo a uma greve
geral pela base
Aos trabalhadores resta a luta pela
dignidade e para não morrer de fome.
A mobilização operária em resposta à
crise econômica e aos ataques do capital
já se pronunciam em vários países. No
Brasil, os trabalhadores dos Correios
conseguiram furar o bloqueio da
burocracia sindical e deflagraram uma
greve histórica, a maior dos últimos
tempos. E mesmo que a burocracia
tenha quebrado a greve após oito (8)
dias, os trabalhadores não se sentiram
derrotados. A sentença do TST foi
bem mais além do que a proposta
da Empresa e dá um certo ânimo de
vitória que alavanca a luta contra a
privatização.
Mais do que nunca é fundamental a
unificação dos trabalhadores em luta,
tendo como vanguarda os funcionários
p.07
públicos das Empresas Estatais que
estão na mira das privatizações. A
categoria chave para impulsionar essa
unificação ainda é a dos Correios, que
permanece com muita disposição de
luta e que poderá aglutinar as outras
em uma nova onda grevista futura.
A classe operária entrou em cena com
a greve dos trabalhadores dos Correios.
Importa unificar as lutas das campanhas
salariais, contra as privatizações e as
demissões e contra os planos de arrocho
do governo Bolsonaro, num processo
de superação da direção burocrática
que venha a desembocar numa grande
mobilização nacional ou numa greve
geral que coloque por terra os planos de
ajuste imperialista e derrote o avanço
do golpe militar em nosso pais.
Fora Bolsonaro e todos os
militares!
Fora imperialismo do Brasil e da
América Latina!
Construir uma verdadeira greve
geral!
Por um governo de trabalhadores
sem partidos burgueses!
www.gazetarevolucionaria.com.br - 06 de outubro de 2019
PETROLEIROS AO PONTO DA RUPTURA
O governo Bolsonaro foi imposto para
entregar o Brasil aos grandes capitalistas
internacionais. A maneira como ele
chegou ao poder foi determinante
para a configuração da luta de classes
no Brasil. A Operação Lava Jato, com
prisões e delações premiadas que
fogem às regras da estrutura jurídica
brasileira, foi usada para dar um
golpe parlamentar no Brasil, causando
o impeachment de Dilma, a prisão
de Lula e a destruição dos partidos
políticos como PT, PMDB e até PSDB.
O seu formato e a profundidade com
que fez todas as operações só podem ter
sido planejadas a partir de centros de
poder externos, ou seja, o imperialismo
operando por meio da sua estratégia
mais recente: as guerras híbridas.
Por outro lado, a esquerda se viu acuada
devido à grande pressão da Lava Jato,
pois, completamente integrada ao
regime, poderia ser abocanhada a
qualquer momento por mais uma
etapa dessa operação que atingiria
os primeiros escalões dos partidos
e empresas brasileiras. A burocracia
sindical, com milhares de sindicatos,
centenas de federações e confederações,
14 centrais sindicais, que dividem a
classe trabalhadora fragmentando
suas lutas, também se viu ameaçada
e condenada por esta investida dos
capitalistas internacionais que usou o
Judiciário brasileiro para orquestrar
um sistema de perseguição que pudesse
retirar todos os obstáculos à entrega do
Brasil.
As grandes empresas privadas
nacionais, principalmente aquelas que
operam no setor de infraestrutura
foram tratadas como organizações
criminosas e tiveram seus negócios
desmantelados no território nacional
e no exterior. Da mesma forma se
tratou as empresas estatais, pintando-
as como a principal fonte de corrupção,
ineficientes por natureza e “gigantes
que o povo brasileiro carrega nas
costas”, devendo ser retiradas das mãos
do Estado imediatamente e se possível
doadas à um capitalista privado que as
façam dar lucros. Essa visão contaminou
amplos setores da “esquerda” nacional,
da burocracia sindical e até mesmo das
direções dos movimentos sociais, que
apesar de manterem parte do discurso
nacionalista, não foram capazes de
reagir com a devida força aos ataques.
Isto se deu principalmente pelo caráter
de classe destas direções, a grande
maioria aburguesada devido aos longos
anos à frente dos aparatos que recebiam
verbas via Estado.
No contexto de ultra neoliberalismo
com privatizações a toque de caixa,
os trabalhadores das Estatais vêm
enfrentando tentativas de retirada de
direitos históricos, como foi o caso
dos trabalhadores dos Correios que,
diante da ameaça de destruição do
Acordo Coletivo de Trabalho (ACT)
pela Empresa, se levantaram na maior
greve de uma categoria nacional deste
1995. A pressão da base fez com que
as duas federações e os 36 sindicatos
da categoria chamassem a greve
conjuntamente e isso foi determinante
para que o TST, no dia 2/10 fosse
“complacente” com os trabalhadores,
propondo um ACT relativamente
melhor para os ecetistas. No plano de
fundo estava o temor de que se perdesse
o controle do movimento e a própria
burocracia que tenta controlá-lo fosse
desmantelada.
Aqui cabe um à parte, diversos
trabalhadores dos Correios que usavam
o plano de saúde para o atendimento aos
pais foram enormemente prejudicados
com a retirada deste. A empresa
recorreu da decisão porque quer
retirar mais direitos e não resta outra
alternativa para os trabalhadores senão
se manterem mobilizados e até mesmo
retomarem a greve. A burocracia
legalista diz que qualquer decisão que a
Justiça tomar deve ser obedecida. Não
foi isso que os garis do Rio de Janeiro
fizeram na vitoriosa greve em 2014.
Os petroleiros podem derrubar a
burocracia sindical
A situação dos petroleiros não é muito
diferente dos ecetistas. A Petrobras
também já está sendo privatizada e
o governo gafanhoto quer entregar a
empresa a preço de banana. Também a
categoria está dividida em mais de 20
sindicatos e duas federações.
Na campanha salarial a empresa
propôs retirar 25 cláusulas do ACT dos
petroleiros, todas elas conquistadas
com muitas lutas, inclusive as cláusulas
que davam algumas garantias aos
trabalhadores terceirizados e propôs
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deixar de fora do ACT os trabalhadores
das subsidiárias, inclusive a Araucária
Nitrogenados que foi condenada a
pagar uma multa de R$323 mil este ano
por prática antissindical.
A empresa entrou com o pedido de
Dissídio Coletivo e o TST praticamente
ratificou a proposta dela, ou seja, a
retirara de vários direitos que rebaixa
muito os ganhos dos trabalhadores.
A Federação Única dos Petroleiros
(FUP), que agrega 13 sindicatos, pediu
21 dias para dar uma resposta sobre a
decisão do TST. O prazo iria até o fim
deste mês, mas a direção da empresa já
comunicou que na falta do ACT que
tinha prazo de validade até o dia 03/10
os trabalhadores passarão a ter aqueles
direitos contidos na Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT), ou seja, todos
os benefícios contidos no ACT anterior
foram retirados.
Essa postura da Empresa e do
Judiciário deveria ter uma resposta
imediata por parte dos trabalhadores,
mas a burocracia sindical fica na base
da enrolação porque tem medo de fazer
aquilo que deveria fazer cotidianamente
e que é mobilizar os trabalhadores para
a luta. E agora não tem desculpa para
deixar os terceirizados de fora, eles
estão sendo ainda mais prejudicados
com a retirada daquelas cláusulas que
diziam respeito à sua mínima proteção.
A luta dos petroleiros tem que começar
imediatamente e, mais uma vez, as
centrais sindicais devem chamar a
unidade com as outras categorias que
passam pelas mesmas dificuldades. O
problema é que as centrais sindicais
parecem estar mortas, não fazem
nada, no máximo propõem procurar
parlamentares para fazer pressão,
quando na verdade a maioria desses
parlamentares, inclusive os da (ex)
querda estão à favor de privatizar
mesmo.
O que está em jogo em todas as
campanhas salariais das Estatais e do
funcionalismo público é a privatização
que o governo e seu ministro da
economia, Paulo Guedes, disseram que
vão fazer no atacado. Os trabalhadores
devem pressionar os burocratas
alojados nas diretorias dos sindicatos
e federações para que organizem a luta
imediatamente sob o risco de serem
atropelados pela base e depostos dos
cargos que ocupam.
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CORREIOS: AGORA É IMPULSIONAR
A LUTA CONTRA A PRIVATIZAÇÃO
O resultado da campanha salarial
se concretizou em que a proposta
da empresa não foi aceita pelo TST
(Tribunal Superior do Trabalho), que
manteve o ACT (Acordo Coletivo de
Trabalho) anterior sem a retirada de
direitos que não fosse a exclusão de
pai e mãe do plano de saúde. A decisão
do julgamento, longe de ser a ideal em
relação aos interesses dos trabalhadores,
tem que ser contextualizada na
conjuntura de brutais ataques aos
direitos dos trabalhadores onde o
Poder Judiciário é um fiel colaborador
do governo na aplicação desse arrocho.
Esse foi o melhor acordo arrancado
neste ano nas categorias de Empresas
Públicas. Justamente devido a que
se promoveu a maior greve dos
trabalhadores dos Correios desde 1985
e a maior a nível nacional desde a greve
dos petroleiros de 1995. Não podemos
nunca esquecer que a greve foi imposta
pela base da categoria por pressão sobre
as direções das federações, que já por
duas vezes haviam adiado: 1º/8 e 3/9.
Mas nenhuma manobra burocrática,
inclusive se apoiando em posições
protelatórias do TST conseguiu impedir
a categoria de iniciar uma grande greve
dia 10/9.
O represamento da insatisfação, em
vez de desmobilizar, potencializou
a disposição de luta da categoria,
que, não fosse o desmonte pela
direção burocrática da greve em
17/10, no auge da mobilização e sem
garantir nenhuma conquista (apenas
seguindo passivamente a orientação
do TST), poderia ter impulsionado
as mobilizações de trabalhadores de
outros setores públicos que estavam
na mesma situação como petroleiros,
eletricitários e servidores da Infraero.
Agora a luta é contra a privatização
e as demissões
Ainda que tenha sido abortada durante
a greve dos trabalhadores dos Correios
a unificação nacional com as outras
categorias de ponta que estão em
campanha salarial, esta necessidade
permanece como urgente uma vez que
o governo tem a política de acelerar as
privatizações. Conforme o ministro das
Relações Exteriores, Ernesto Araújo,
serão entregues 350 de 400 Estatais.
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frente a qualquer possível canetaço do
TST ou do STF acolhendo recurso da
Empresa e destruindo o ACT e barrar a
privatização dos Correios, que significa
demissão em massa.
Unificar as lutas contra os ataques
do governo
A resistência deve ser organizada pela
base da categoria, as ações de cúpula,
meramente parlamentar/institucional
não servem para fazer frente aos
ataques do governo. Por exemplo:
Frente Parlamentar Mista de Defesa dos
Correios conta com 69 (sessenta e nove)
Deputados Federais que assinaram a
PEC 149/2019 do general Peternelli
(PSL-SP), que propõe o fim do
monopólio postal da ECT, preparando
para a privatização imediata por meio
de autorização, concessão ou permissão.
Outro caminho institucional sugerido
pelas direções burocráticas foi de buscar
apoio da Frente Nacional de Prefeitos
para que se posicionem contrários à
E conforme o ministro da Economia,
privatização da ECT. Grande furada!
Paulo Guedes, essa entrega será por
Pois os prefeitos estão interessados
lotes de 15 empresas de cada vez.
justamente em receber migalhas do
Nos Correios, a luta concluiu apenas
dinheiro das privatizações para cobrir
o 1º round. O TST não concedeu a
seu furo de caixa.
pauta reivindicada pela ECT de medo
A Frente Nacional de Prefeitos está de
de uma nova greve, já sinalizada pela
olho em verbas da cessão onerosa do
base e por setores mais à esquerda que
Pré-Sal. No interesse dos Municípios,
atuam na categoria, a partir do dia 2/10.
pode-se privatizar todas as Estatais.
Porém, após a publicação do acórdão, a
Ainda, os prefeitos estão articulados
Empresa vai recorrer e tentar ganhar no
para aprovar a PEC paralela no
tapetão. As federações têm obrigação
Congresso Nacional, com o objetivo
de recorrer também, em relação ao
de estender a reforma da Previdência
índice de reposição, que foi inferior à
para estados e municípios. Eles estão
inflação (3%) e em relação ao desconto
pouco se lixando para a preservação
dos dias parados. Mas principalmente
dos direitos dos trabalhadores.
em relação ao golpe da retirada dos pais
A saída para organizar a luta dos
do plano de saúde.
trabalhadores ecetistas, agora, seria
Mas recurso jurídico apenas, não basta.
a convocação de um “Congresso
Assim como não basta a proposta
Unificado de Toda a Categoria, já!” para
indicada na nota unificada das
deliberar um plano de lutas que retome
federações do dia 4/10 de instalação, no
a mobilização da categoria para fazer
dia 14/10, em Brasília/DF, do Comitê
frente à privatização e às demissões. E
Nacional em Defesa dos Correios. Para
que sirva de base para a luta unificada
que serve um comitê de cúpula? Mais
com as outras categorias contra os
do que nunca é necessário retomar
planos de arrocho, privatização e
a organização da base preparando
demissão do governo Bolsonaro/Paulo
para as novas investidas do governo
Guedes.
contra a categoria. Quais sejam: fazer
www.gazetarevolucionaria.com.br - 06 de outubro de 2019
CORREIOS:
CONGRESSO NACIONAL DE TRABALHADORES JÁ!
Os trabalhadores dos Correios
protagonizaram a maior greve
nacional desde a greve dos petroleiros
de 1995. A burocracia quebrou essa
greve, a troco de nada, apenas com
a pressão do governo Bolsonaro. O
dissídio foi a julgamento pelo TST
(Tribunal Superior do Trabalho),
que não conseguiu impor a mesma
escala de ataques que aplicou contra
os petroleiros e eletricitários, por
exemplo, porque foi pressionado
pela mobilização da categoria. Essa
não saiu desmoralizada da greve e
preservou o mesmo espírito de luta
contra a privatização e contra as
demissões em massa.
Considerando a gravidade da
privatização e das demissões que o
governo quer colocar em prática,
o “Informe Unificado” das duas
federações dos trabalhadores dos
Correios, Fentect e Findect, a respeito
do julgamento do Dissídio pelo TST,
foi positivo porque ratificou essa
preocupação. Agora se trata de colocar
essas avaliações em prática. E para isso
há duas políticas.
A política da burocracia sindical
se limita a terceirizar a luta para os
parlamentares e prefeitos e a não
mobilizar os trabalhadores. No
entanto, os parlamentares membros
da Frente Parlamentar Contra a
Privatização dos Correios assinaram
em massa a abertura da PEC (Proposta
de Emenda Constitucional) 149/2019,
que tem como objetivo justamente o
contrário, privatizar os Correios.
A Frente dos Prefeitos é ainda mais
pelega, já que esses estão desesperados
para pegar uma parte do dinheiro
das privatizações e usá-lo para fechar
as contas das prefeituras que se
encontram todas em colapso.
A política dos ativistas de luta e dos
revolucionários tem como objetivo
mobilizar os trabalhadores pela
base para colocar em pé uma força à
altura dos ataques e que seja capaz de
derrotar o governo Bolsonaro.
Encruzilhada para a burocracia
sindical
A burocracia sindical tem paralisado
todas as lutas. No último período, essa
política se tornou mórbida por causa
da chantagem exercida pela Operação
Lava Jato e pelo governo em relação
ao uso das finanças dos sindicatos,
federações, centrais e de outras
organizações sociais.
A escalada dos ataques acontece por
causa do aprofundamento da crise
capitalista e pela necessidade dos
grandes capitalistas para estabilizar
a taxa de lucros. Por esse motivo,
é preciso fortalecer a mobilização
enquanto há tempo.
A pergunta que os dirigentes das
duas Federações dos trabalhadores
dos Correios devem responder
imediatamente é se irão chamar
os sindicatos a mobilizar as bases
efetivamente ou se irão repetir a
política traidora que tem sido aplicada
nos últimos anos, de não garantir
boletins explicativos e de não realizar
e não convocar a base para assembleias
deliberativas, e que tem levado a
categoria para um enorme retrocesso.
Agora estão em jogo o emprego e o
avanço dos ataques do governo contra
todos os trabalhadores do Brasil.
A política para vencer
A política para vencer implica em
derrotar a política dos inimigos dos
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trabalhadores, do governo Bolsonaro
e do imperialismo, principalmente do
imperialismo norte-americano.
É preciso convocar imediatamente
um Congresso Unificado da
Categoria em São Paulo, com alta
representatividade, aberto a todos
os trabalhadores e que esses tenham
direito a voz e sem brutamontes
(como hoje acontece nas assembleias).
O objetivo deve ser organizar um
plano de lutas que deve ser debatido
e aprovado nas bases, com a ampla
participação da categoria.
Este Congresso deverá ser também
amplamente divulgado nas bases das
demais categorias com o objetivo de
unificar as lutas, na construção da
greve geral pela base.
Contra a privatização e as
demissões!
Convocar já um Congresso de toda
a Categoria em São Paulo!
Unificar a luta das categorias
colocadas no foco dos ataques!
Fora Bolsonaro e os militares!