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0013
A C Ó R D Ã O
(1.ª Turma)
GMDS/r2/ane/ma/dz
PROCESSO Nº TST-RR-533-14.2016.5.08.0013
R E L A T Ó R I O
V O T O
AGRAVO DE INSTRUMENTO
ADMISSIBILIDADE
PROCESSO Nº TST-RR-533-14.2016.5.08.0013
TRANSCENDÊNCIA
Considerando a possibilidade de, ultrapassado o
óbice estabelecido pelo Regional, a decisão recorrida importar em
contrariedade à jurisprudência pacífica do TST, e diante da função
constitucional uniformizadora desta Corte, há de se reconhecer a
transcendência política, nos termos do art. 896-A, § 1.º, II, da
CLT.
MÉRITO
"PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Rescisão do Contrato de Trabalho / Reintegração/Readmissão ou
Indenização.
Alegação(ões):
- contrariedade à(s) Súmula(s) n.º 51 do Tribunal Superior do
Trabalho.
- violação do(s) artigo 5.º, inciso XXXVI; artigo 5.º, inciso LIV;
artigo 5.º, inciso LV; artigo 7.º, inciso I, da Constituição Federal.
- violação do(a) Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 444, 468.
- divergência jurisprudencial.
Insurge-se o recorrente contra a decisão da E. Turma que deu
provimento ao Recurso Ordinário das reclamadas, ora recorridas, para
considerar válido o ato demissional, indeferindo as parcelas da inicial.
A E. Turma assim fundamentou sua decisão, sendo que a parte em
negrito foi a indicada no Recurso de Revista para fins de
prequestionamento:
Analiso.
Em atenção aos argumentos apresentados pelo reclamante, em
contrarrazões, ressalto que, em que pese ter sido instruído processo IUJ de
n. 0010099-89.2017.5.08.0000, a IUJ foi indeferida, não foi editada
Súmula, sendo autorizada a liberação dos processos sobrestados.
Pois bem.
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MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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PROCESSO Nº TST-RR-533-14.2016.5.08.0013
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao Recurso de Revista." (Grifos no original.)
O Agravante alega que o cerne da questão perpassa
pela necessidade de observância, por parte do SEBRAE/PA, de suas
próprias normas internas, nos termos dos arts. 444 e 468 da CLT e da
Súmula n.º 51 do TST. Defende que a Revista atendeu à novel redação
do art. 896 da CLT, uma vez que expôs as razões do pedido de
reforma, impugnou todos os fundamentos jurídicos da decisão
recorrida e fez a demonstração analítica de cada dispositivo de lei
invocado, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade
apontou.
Com razão.
O Regional entendeu que, por ser o empregador
pessoa jurídica de direito privado, não haveria necessidade de
motivação da dispensa (sem justa causa) de seus empregados, não se
aplicando ao caso as normas procedimentais instituídas pelo próprio
empregador.
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DISPENSA IMOTIVADA – NORMA INTERNA
O reclamante alega que, conforme jurisprudência
pacificada no TST, havendo critérios e/ou procedimentos para a
prática da rescisão contratual, como no caso dos autos, o empregador
deve observálos, por se tratar de procedimentos obrigatórios e
vinculantes para a validade da dispensa de seus empregados,
porquanto aderem ao contrato de trabalho, nos termos dos arts. 444 e
468 da CLT e da Súmula n.º 51 do TST. Afirma que, em caso de
revogação/alteração de tais regramentos, somente os trabalhadores
admitidos posteriormente poderiam ser atingidos.
Diz que o próprio Código de Ética do SEBRAE/PA
(art. 5.º, IV) enumera a demissão sem justa causa como sanção e que
o Manual SGP 7.0 estabelece em seu item 4 que as dispensas serão
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precedidas de parecer elaborado pela Unidade de Gestão de Pessoas –
IGP.
Defende a necessidade de uniformização da
jurisprudência do TRT da 8.ª Região, nos termos do art. 926 do
CPC/2015, haja vista a discrepância de entendimentos sobre a matéria
entre as Turmas do Regional.
De outra banda, calcado no art. 300 do CPC/2015,
requer a concessão de medida liminar em seu favor, ratificando a
nulidade da dispensa, com a determinação de manutenção do emprego
e/ou sua reintegração.
Examino.
Inicialmente, deve ser dito que, apesar de
pacificada a questão da não inclusão dos serviços sociais autônomos
no âmbito da Administração Pública, direta ou indireta, o que torna
desnecessária a motivação do ato de dispensa (matéria decidida em
repercussão geral no julgamento do RE n.º 789.874/DF, Relator:
Ministro Teori Zavascki), a questão não foi dirimida sob esse
enfoque pela Vara de origem, que entendeu que o SEBRAE/PA, na
dispensa do reclamante, deveria obedecer aos procedimentos e
formalidades por ele mesmo estabelecidos (fls. 425).
Ao reformar a sentença, o Regional consignou o
seguinte (fls. 943):
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Ressalto, ainda, que o Estatuto Social (id. 846f624 - Pág. 16), dispõe
que a demissão de empregados é ato de atribuição do diretor
superintendente."
RECURSO DE REVISTA
CONHECIMENTO
DISPENSA IMOTIVADA – NORMA INTERNA
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MÉRITO
DISPENSA IMOTIVADA – NORMA INTERNA
Discutese, in casu, a necessidade de serem
observadas normas procedimentais internas editadas pelo próprio
SEBRAE/PA Serviço Social Autônomo, integrante do Sistema "S"
para a dispensa de seus empregados.
O Regional aduziu que "a disposição do Manual de
Políticas e Procedimentos SPG (...) tem caráter meramente
procedimental interno (...) de modo que, ainda que fosse emitido
parecer opinando contra a demissão, este não vincularia o
administrador".
Ocorre que é pacífico, no âmbito desta Corte
Superior, o entendimento de que as normas procedimentais internas
adotadas pelo reclamado vinculam a sua atuação, pois, ao editar
espontaneamente normas de gestão que impõem limites de observância
obrigatória na dispensa dos empregados, tornase obrigado a segui
las.
Assim, tais normas internas pactuadas, que regulam
o procedimento de dispensa, por serem mais favoráveis aos
trabalhadores, integrarão o contrato de trabalho. Logo, prevalecerão
sobre a CLT e deverão ser observadas pelo empregador.
Notese que, ao estabelecer as referidas normas, o
SEBRAE/PA abriu mão do direito de despedir imotivadamente seus
subordinados, não podendo retroceder, porque foi criada condição
mais benéfica incorporada ao patrimônio jurídico do reclamante.
Importante ressaltar que, embora as normas
internas não sejam capazes de conferir estabilidade aos empregados,
instituíram formalidades para a dispensa – como a motivação mediante
emissão de parecer prévio – que devem ser observadas e cumpridas.
Nesse sentido, cito os seguintes precedentes desta
Corte, envolvendo o mesmo reclamado:
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PROCESSO Nº TST-RR-533-14.2016.5.08.0013
Desse modo, tendo a Vara de origem estabelecido a
premissa – não desconstituída pelo Regional, reiterese – de que
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foram pactuadas as condições de trabalho, nelas incluídas as regras
para a dispensa dos empregados como a necessidade de motivação
mediante a emissão de parecer prévio , entendese que as normas
internas editadas pelo reclamado não consubstanciam simples
orientação, mas veiculam direitos e obrigações das partes, de modo
que deve ser considerada nula a dispensa imotivada que não observa o
disposto na norma interna.
Pelo exposto, dou provimento ao Recurso de Revista
para declarar nula a dispensa do reclamante e restabelecer a
sentença pela qual se determinou a reintegração ao emprego, nos
termos do disposto de fls. 429/430 e 528/529.
ISTO POSTO
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