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ARTIGO -
Publicado em 06/10/2008
BAPTISTA, PAULO
RESUMO
Este artigo apresenta os trabalhos desenvolvidos no Laboratório de Documentação Científica da Escola de Belas Artes da UFMG,
no âmbito da documentação fotográfica de obras de arte e outros bens culturais, utilizando-se tecnologias digitais de captura,
tratamento, impressão e arquivamento das imagens. O texto faz uma breve introdução aos problemas específicos deste campo
de trabalho, com a descrição dos métodos e procedimentos empregados no LDC.
ABSTRACT
This paper presents the works developed by the Laboratory of Scientific Documentation (LDC) at the School of Fine Art of the
Universidade Federal de Minas Gerais. It looks at the photographic documentation of artcultural heritage using digital image
capture, editing, printingarchiving. This text briefly introduces specific problems relating to this field of work,describes the
methodsprocedures employed by the LDC.
1. INTRODUÇÃO
O estado da arte atual nesta área compreende o uso de dispositivos de captura digital por
varredura (scanners), seja em dispositivos de leitura plana (flatbed scanners) ou em
dispositivos acoplados a câmaras fotográficas de formato médio ou grande (scanning backs)
(MYERS 2000). Estes últimos dispositivos, empregados tanto para fotografar objetos planos
quanto tridimensionais, são capazes de gerar imagens em altíssima resolução, atualmente de
até 360 megapixels (LAHANIER 2002), gerando arquivos digitais de cerca de 1 gigabyte ou
mais. Algumas instituições que desenvolvem pesquisas nesta área são a National Gallery de
Londres (Inglaterra), através dos projetos VASARI, MARC e MAGNETS (programas que
envolvem instituições de diversos países da Comunidade Européia), e o Munsell Color Science
Laboratory, do RIT - Instituto de Tecnologia de Rochester (EUA) (MARTINEZ 1996-2002).
2. O LABORATÓRIO
Além da luz branca, são empregados também outros tipos de fontes de luz, tais como
lâmpadas especiais para fotografia por fluorescência ao ultravioleta e lâmpadas de descarga a
vapor de sódio, para iluminação monocromática. Os equipamentos de captura permitem ainda
o registro de imagens no infravermelho próximo, para o que são utilizadas luminárias de
lâmpadas incandescentes / halógenas.
Para o registro das imagens, são utilizadas câmaras fotográficas de grande formato, equipadas
com objetivas apocromáticas (que produzem imagens com baixo nível de aberrações
cromáticas). O alinhamento da câmara em relação às obras planas (desenhos, pinturas, etc) é
feito com o auxílio de dispositivos de alinhamento a laser, assegurando o máximo paralelismo
entre o plano do original e o plano de projeção da imagem no sensor eletrônico, minimizando
distorções de perspectiva e focalização da imagem nos vários pontos da mesma.
O controle da exposição fotográfica é realizado com o uso de fotômetros digitais, que permitem
ajustar com precisão a uniformidade da iluminação nos vários pontos da imagem original, e
pelo sistema de ajuste tonal do software de controle da câmara digital. A verificação da
temperatura de cor das fontes de iluminação (no estúdio ou em locações externas) é feita com
o uso de colorímetros digitais.
Um dos problemas básicos do registro fotográfico de alta precisão é a fiel reprodução das
cores da obra original, desde a captura da imagem até a sua utilização final (impressão,
visualização em monitores de vídeo, etc). A utilização de técnicas de captura digital da imagem
apresenta grandes vantagens neste aspecto, em relação ao registro em filme fotográfico,
devido à possibilidade de se controlar os valores de cor das imagens com grande precisão. As
pesquisas mais avançadas nesta área utilizam dispositivos de captura espectral, com o registro
da imagem em diversas (de sete a doze) faixas do espectro visível (em certos casos, também
no infravermelho), e a sua posterior reconstituição para a visualização no sistema de cores
RGB (MARTINEZ 2002).
No LDC, são usados dispositivos de captura por varredura, que registram imagens de até
9.000 por 12.000 pixels em uma resolução de cores de 14 bits por canal; estas imagens são
codificadas em arquivos TIFF (Tagged Image Format File) RGB de 16 bits, com um tamanho
de até 618 MB.
Este é uma tecnologia oriunda da indústria gráfica, destinada a permitir que usuários de
sistemas comerciais de impressão possam enviar arquivos de imagens para os provedores de
serviço com mais eficiência, maior fidelidade e menor custo de pré-impressão. Seu uso nos
processos de registro fotográfico digital de bens culturais torna-se imprescindível, pelo exposto
acima, para o que devem ser implementadas medidas de adequação da metodologia às
situações em que se realiza este registro.
Estas cartelas são, tipicamente, fornecidas por fabricantes que usam, para sua fabricação,
pigmentos e materiais semelhantes aos usados na indústria gráfica. Devido a diferenças nas
propriedades metaméricas destes pigmentos em relação aos empregados nas obras de arte
normalmente documentadas pelo laboratório (em grande parte obras do barroco mineiro, dos
séculos 17 e 18), em alguns casos os perfis de caracterização gerados podem não ser
plenamente satisfatórios, introduzindo erros no registro das imagens.
FIGURA 3 - Cartela de cores e dispositivo para caracterização de impressora
FIGURA 4 - Obra com cartela de referência de cores para caracterização da câmara digital
As imagens são gravadas em formato TIFF, sem compressão de dados, com a anexação
destes perfis de controle de cores ao arquivo da imagem, permitindo a sua correta visualização
em outros dispositivos e preservando as informações para aplicações futuras. O arquivamento
das imagens é feito em um sistema de discos magnéticos numa configuração de dados
redundantes (RAID), com cópias de segurança em discos ópticos (CD e DVD).
A permanência dos dados gravados em forma digital é objeto de estudo por instituições de todo
o mundo, e é assunto dos mais importantes e controversos em todas as atividades que lidam
com o gerenciamento destes recursos. Na rede RECICOR, o Núcleo de Difusão e Arquivos
(DIFA) tem trabalhado na pesquisa de metodologias de armazenamento e preservação de
imagens digitais, contribuindo para o aperfeiçoamento destes processos.
6. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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2000. Disponível em: http://www.betterlight.com/pdf/whitePaper/wp_UV%20&%20Heat_rev2.pdf
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WILHELM, Henry. The Permanence and Care of Color Photographs. Grinnell, EUA: The
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http://www.forumpatrimonio.com.br/print.php?articleID=142&modo=1 5/11/2008