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Centro Biomédico
Faculdade de Enfermagem
Rio de Janeiro
2005
Cláudia de Souza Moraes
Rio de Janeiro
2005
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/CBB
CDU
614.253.5
_______________________________________ _________________________
Assinatura Data
Cláudia de Souza Moraes
__________________________________________
Profª. Dra. Maria Yvone Chaves Mauro (Orientadora)
Faculdade de Enfermagem da UERJ
__________________________________________
Profª. Dra. Sheila Nascimento Pereira Farias
Escola de Enfermagem Anna Nery da UFRJ
__________________________________________
Profª. Dra. Maria Therezinha Nóbrega da Silva
Faculdade de Enfermagem da UERJ
Rio de Janeiro
2005
DEDICATÓRIA
Dedico este estudo a todos que participam com entusiasmo na luta pela
preservação da saúde das pessoas que trabalham, em especial à Profª Dra. Maria
Yvone Chaves Mauro, minha orientadora, que com competência e dedicação luta
por melhores condições de trabalho para a Enfermagem.
Aos colegas e trabalhadores da enfermagem das Unidades Especializadas de
Clínica Médica do HUPE / UERJ: Pneumologia, Dermatologia, Neurologia e DIP que
participaram como sujeitos desta pesquisa, dando suas contribuições.
AGRADECIMENTOS
Cora Coralina
RESUMO
INTRODUÇÃO ................................................................................. 16
2 METODOLOGIA .............................................................................. 39
REFERÊNCIAS .............................................................................. 83
INTRODUÇÃO
ou em tratamento para tuberculose, mas até o ano de 2004 ainda não tinha sido
autorizado pela direção do Hospital.
Durante estes anos, atuando como enfermeira na área de clínica médica,
pude vivenciar e compartilhar com os trabalhadores de enfermagem destas
unidades, suas preocupações frente estas precárias condições de trabalho, risco à
saúde e desconforto por eles experienciados na realização do trabalho de cuidar de
clientes hospitalizados.
Preocupava-me também, o número expressivo de afastamentos do trabalho
por licenças médicas. Grande parte dos trabalhadores justificava suas ausências
como conseqüência do estresse vivenciado no ambiente de trabalho. Esta situação é
referida por Estryn-Behar (1996) em seus estudos, confirmando que o estresse físico
é um dos determinantes primários de alterações na saúde dos trabalhadores da área
hospitalar, o que interfere na qualidade dos cuidados prestados aos pacientes.
Como gerente de enfermagem em unidades de clínica médica, no período de
2000 a 2003, constantemente ouvia reclamações dos trabalhadores de enfermagem
acerca da dificuldade para desempenharem suas tarefas naqueles ambientes de
trabalho. Apontavam inúmeros motivos relacionados ao ambiente e à organização
do trabalho, e sentiam-se cansados e insatisfeitos. Alguns trabalhadores
verbalizavam o desejo de serem transferidos para outras unidades do hospital, às
quais eles denominam “unidades tranqüilas”.
A partir desta problemática, comecei a refletir sobre o contexto das condições
de trabalho influenciando o meio ambiente, a organização, o processo de trabalho e
a sua relação com a saúde do trabalhador. Freqüentemente, as condições
inadequadas do ambiente de trabalho tornam-se rotineiras e não são percebidas
pelos gerentes, e nem pelo próprio trabalhador de enfermagem, o qual se conforma
com a situação, não procurando modificá-la. Como conseqüências desta situação
evidenciam-se a queda do rendimento no trabalho e o aumento de acidentes de
trabalho, aparecimento de doenças e maior número de afastamentos dos trabalhadores
do local de trabalho, caracterizado pelo elevado absenteísmo.
Estudiosos do problema, entre eles Mauro (1991), afirmam que os riscos
ocupacionais quando não submetidos a controle, levam ao aparecimento de
acidentes e doenças profissionais e do trabalho.
No que diz respeito às unidades de clínica médica, acredito que o exercício
profissional desenvolvido nestes ambientes vem trazendo para os trabalhadores
19
Questões Norteadoras
Objetivos
científicos com vistas a uma futura melhoria na saúde e bem estar desses
trabalhadores. Verifica-se, também, a existência de poucas pesquisas publicadas
sobre o assunto, focando trabalhadores de enfermagem numa determinada área de
atuação no contexto hospitalar.
Segundo Souto (2003), nos dias de hoje, as empresas necessitam valorizar o
seu capital humano e despertar para a relevância do conhecimento da saúde física e
mental dos trabalhadores. Esses territórios laborais são espaços importantes de
discussão para implantação de práticas que visem a mudança no meio ambiente do
trabalhado, reduzindo os riscos impostos e incrementando a satisfação do
trabalhador com seu local de trabalho.
Acredita-se que os resultados deste estudo disponibilizarão material científico
a todos os profissionais envolvidos na gestão de serviços de saúde, auxiliando na
construção de propostas participativas de promoção à saúde e ao bem estar do
profissional de enfermagem, fornecendo subsídios para um melhoramento das
condições e da organização desse trabalho.
22
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1
Chama-se mais valia ao valor suplementar que o operário produz durante todo o tempo suplementar em que
continua a trabalhar depois de produzir o valor da sua força de trabalho. O aumento da mais valia absoluta pode
ser conseguido através da extensão da jornada de trabalho e do aumento da intensidade do trabalho. O aumento
da mais valia relativa é obtido com a redução do tempo de trabalho necessário para que o trabalhador crie um
valor equivalente ao de sua força de trabalho (MARX, 1986).
25
direitos e garantias mínimas, como 13º salário, férias, FGTS, entre outros
(ASSUNÇÃO, 2003).
A Constituição Brasileira incorpora o direito à saúde em nosso ordenamento
jurídico ao dispor:
Art. 196 – A saúde é direito de todos e dever do estado, garantido mediante políticas
sociais que visem redução do risco, de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e iqualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e
recuperação (BALERA, 1992, p. 17-18).
Para Rebouças (1989, p. 22) “saúde não é um estado, mas reflexo dinâmico
da vida e da sociedade, tanto a nível individual quanto coletivo.”
Na declaração de ALMA ATA sobre atenção primária de saúde (APS), de
1978, foi recomendado que a atenção à saúde deveria ser prestada o mais perto
possível do lugar onde moram e trabalham as pessoas. Também se recomendou,
entre outras coisas, que se desse prioridade aos trabalhadores expostos a riscos
(ICN, 1989).
A relação risco-doença é considerada quando se trata de fatores específicos,
mas grande parte dos problemas de saúde ligados ao trabalho não é específica.
Para Rebouças (1989), com o avanço técnico-científico e a organização
científica do trabalho, o desgaste da força de trabalho se externa sob formas mais
sutis, revelando-se através de distúrbios orgânicos, psico-orgânicos ou psíquicos
que podem evoluir para doenças caracterizadas e diagnosticadas por exames
médicos e biológicos, sem que se possam individualizar suas causas. Hipertensão,
infarto, doenças coronárias, gastrites, úlceras, neuroses, psicoses, asmas, todas
elas, de um ou outro modo, tidas como doenças do “stress” ou tensão podem ter e
certamente têm relação com o trabalho, na forma em que é organizado, parcelado e
apropriado, a sua principal causa, embora ele não seja, necessariamente,
identificado como tal.
O autor ainda esclarece que além daqueles fatores relacionados com a
organização do trabalho, constituem fontes de tensão e desgaste emocional, o risco
de acidente e intoxicação por produtos químicos, pois significam para o trabalhador
uma ameaça permanente à sua integridade física e ainda a constante exposição ao
barulho, calor e a adoção de posturas forçadas e incômodas.
O efeito do trabalho sobre a saúde é muitas vezes silencioso e não
apreendido pelo saber estritamente médico.
28
Melo (1986) afirma que é dentro deste novo hospital que ocorre a reforma da
enfermagem: há uma separação da prática religiosa da prática técnico-profissional.
Foi com Florence Nightingale em 1854, após servir como voluntária nos
hospitais militares ingleses, na guerra da Criméia, que a enfermagem começou a
tomar caráter profissional. Ela foi a responsável pela formação das primeiras
enfermeiras profissionais, também chamadas “ladies nurses”, pertencentes às
classes sociais mais elevadas. Estas eram responsáveis pelo treinamento e
supervisão de outras mulheres, as “nurses”, de classe social inferior, que exerciam o
cuidado direto ao paciente. Com Florence, surgiu a enfermagem científica, com suas
características: fragmentação do trabalho, divisão de tarefas, hierarquização; um
trabalho nos moldes da administração taylorista.
Muitos dos princípios de Taylor serviram como base para a organização do
trabalho na enfermagem: separação entre as funções de coordenação e execução,
parcelamento das atividades de quem executa com a existência de uma unidade de
comando, tão característico da prática da enfermagem (MELO, 1986).
Desde o início, o trabalho de enfermagem se apresentou com caráter
fragmentário, hierárquico e coletivo. A participação essencialmente feminina, oriunda
de segmentos sociais questionáveis (religiosas, damas e mulheres da vida
mundana) fez da profissão uma atividade com problemas sociais (MACHADO,
1999). Além disso, as novas enfermeiras, exigiram do governo um reconhecimento
oficial do curso de enfermagem e a melhoria das suas condições de trabalho.
Embora o movimento tenha sido contestado por Florence, a qual atribuía a profissão
o espírito vocacional e submisso, a profissão nasceu também com outra
característica: trabalho assalariado sob o modo de produção capitalista (MELO,
1986).
Pires (1998, p. 85), também afirma que: “a enfermagem, desde a sua
organização como profissão, é predominantemente subordinada e assalariada.”
Segundo Melo (1986), o desenvolvimento da profissão de enfermagem dentro
do hospital determina uma grande divisão do trabalho entre as profissões ali
existentes. O surgimento da enfermagem moderna se dá com uma divisão do
trabalho médico, em que as tarefas manuais passam a ser de atribuição da
enfermagem, revestidas do desenvolvimento tecnológico sob o poder da prática
médica. O poder antes exercido pelos religiosos passa para o médico, novo detentor
do saber e responsável pela organização hospitalar. Para Agudelo (1995), na
30
Pode-se afirmar que a ergonomia tem por objeto a adaptação e melhoria das
condições do trabalho ao homem, tanto em seus aspectos físicos como nos
psíquicos e sociais, mas a ergonomia reconhece que, enquanto não se consegue
adaptar o trabalho totalmente ao ser humano, é necessário que se adotem medidas
de adaptação das pessoas ao trabalho (RIO; PIRES, 2001).
Estryn-Behar e Poinsignon (1989) descrevem no seu estudo os fatores que
interferem nas condições de trabalho hospitalar: o desenvolvimento rápido e
contínuo da tecnologia médica, a grande variedade de procedimentos e exames
realizados, o aumento constante do conhecimento teórico e prático exigido na área
de saúde, a especialidade do trabalho, a hierarquização, o ritmo e o ambiente físico,
o estresse e o contato com o paciente, a dor e a morte. Para as autoras estes
fatores potencializam a carga de trabalho, ocasionando riscos à saúde física e
mental dos trabalhadores do hospital.
Nesse sentido, a abordagem ergonômica para análise da situação de trabalho
de enfermagem tem sido utilizada por estudiosos no mundo todo. No Brasil, Mauro
(1976) foi a pioneira em utilizar os princípios ergonômicos para analisar o trabalho de
enfermagem.
Segundo Mauro (2001), é a metodologia ergonômica que, no hospital, auxilia
os estudos da interação dos fatores individuais (fadiga, rigidez, idade, treinamento),
as circunstâncias do trabalho (organização do trabalho, escalas, mobiliário, planta
física, equipamentos, comunicação), o apoio psicológico dentro da equipe de
trabalho e as questões ambientais que afetam o desempenho do trabalho.
Existem Normas Regulamentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho que
integram a legislação brasileira referente à saúde dos trabalhadores e também
ajudam na compreensão dos processos de trabalho. Uma delas, a NR-17 (Portaria
nº 3.751, de 23/11/90) é dedicada à ergonomia. Esta norma regulamentadora visa
estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um
máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente (MENDONÇA, 2001).
38
2 METODOLOGIA
2.3 Amostra
DIP 06 01 19 - 26
DERMATOLOGIA 01 01 11 01 14
NEUROLOGIA 01 - 19 01 21
TOTAL 09 03 68 02 82
Masculino
27%
Feminino
73%
50 43,9
40 20 a 29 anos
30 30 a 39 anos
22 40 a 49 anos
20 17,1
14,6 50 a 59 anos
10 Mais de 60 anos
2,4
0
46,3%
48,7% solteiro
48,8%
51,2% casado
Categoria F %
Auxiliar de serviços de saúde 2 4,9
Auxiliar de enfermagem 22 53,7
Técnico de enfermagem 9 22,0
Enfermeiro 6 14,6
Enfermeiro residente 2 4,9
Total 41 100,0
Fonte: Pesquisa de campo
Ensino Fundamental
60 Completo
51,2
50 Ensino Fundamental
Incompleto
40
29,3 Ensino Médio
30 Completo
20 Ensino Médio
9,7 Incompleto
10 2,4 2,4 2,4 2,4 Ensino Superior
0 Completo
Ensino Superior
Destaca-se no gráfico 4 que 51,2% dos sujeitos têm o ensino médio completo e
29,3% tem o ensino superior completo, indicando que a maioria dos trabalhadores
49
VÍNCULO INSTITUCIONAL
F % F % F % F %
Auxiliar de Serviço de
Saúde 2 4,9 0 0 0 0 2 4,9
Auxiliar de
Enfermagem 22 53,7 0 0 0 0 22 53,7
Técnico de
Enfermagem 0 0 9 22,0 0 0 9 22,0
Enfermeiro 6 14,6 0 0 0 0 6 14,6
4 anos 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Jornada de trabalho F %
Diurno 30 73,2
Noturno 5 12,2
Diurno e noturno 6 14,6
Total 41 100,0
Fonte: Pesquisa de campo
Mais de 50 h 41,5
40 a 50 h 12,2
30 a 40 h 36,6
24 a 30 h 9,8
0 10 20 30 40 50
performance humana segundo a autora, tais como: carga horária semanal, jornada de
trabalho, pausas e repouso, trabalho noturno e em turnos alternados.
Neste contexto, segundo Rebouças (1989), o risco de acidentes aumenta
porque o trabalhador vivencia dificuldade de memorização, raciocínio e atenção,
exigindo-se maior esforço para realização de qualquer atividade.
É preocupante, face ao descrito, que 41,5% dos trabalhadores pesquisados
estejam sujeitos aos problemas relacionados.
Filhos F %
Não 15 36,6
Sim 26 63,4
Total 41 100,0
Fonte: Pesquisa de campo
Nesta tabela verifica-se que 36,6% dos trabalhadores não têm filhos e 63,4%
têm filhos.
Idosos em casa F %
Não 28 68,3
Sim 13 31,7
Total 41 100,0
Fonte: Pesquisa de campo
57
Conforme a tabela 10, observa-se que 68,3% dos trabalhadores não têm
idosos em casa sob seus cuidados, enquanto 31,7% têm idosos sob seus cuidados.
Observando os dados das tabelas 9 e 10, constata-se que a maioria dos
sujeitos da pesquisa têm filhos, o que demanda atividades na educação e formação
de seus dependentes, bem como exigência de tempo e disponibilidade nos seus
cuidados. Verifica-se também que 31,7% dos sujeitos têm em casa, sob seus
cuidados idosos, contribuindo para o acréscimo cotidianamente de atividades de
assistência e atenção física e psicológica ao grupo familiar.
Segundo Mielnik (1976, p. 121), quando a mulher trabalha fora, forçosamente
os cuidados com a casa e filhos sairão prejudicados; contribuindo também para mais
um fator de estresse e tensão no ambiente de trabalho. Ressalta também que a
maioria das mulheres ao assumirem o papel de trabalhadora remunerada, continua
realizando também o trabalho doméstico.
Silva (1998) acrescenta que para o trabalhador de enfermagem, a jornada de
trabalho doméstico e seus problemas com filhos, maridos e familiares idosos,
despendem muito de seu tempo e energia.
Ajuda de familiares na
realização das tarefas
domésticas F %
Não 26 63,4
Sim 15 36,6
Total 41 100,0
Realização de exame
clínico anualmente F %
Não 19 46,3
Sim 22 53,7
Total 41 100,0
Fonte: Pesquisa de campo
Pratica atividade
física regularmente F %
Não 28 68,3
Sim 13 31,7
Total 41 100,0
Fonte: Pesquisa de campo
Na tabela 14, observa-se que 68,3% dos trabalhadores não praticam com
regularidade atividade física, enquanto 31,7% praticam atividade física.
Segundo Guyton et al. (2002, p. 917), as pessoas que preservam a aptidão
corporal, praticam exercícios físicos e controlam seu peso, conseguem benefício
adicional de vida prolongada porque a aptidão corporal e o controle de peso reduzem
de maneira significativa a incidência de doenças cardiovasculares. Os exercícios trazem
resultados para a manutenção da pressão arterial e redução do nível de colesterol, bem
como a diminuição dos distúrbios cardiovasculares. Além disso, a pessoa atlética tem
também mais reservas corporais com as quais pode contar quando adoece.
61
França e Rodrigues (1999) aconselham que atividade física regular deve ser
praticada de forma que se torne um hábito, como escovar os dentes após as
refeições ou o banho diário.
Verifica-se que não há uma preocupação dos trabalhadores de enfermagem
das unidades especializadas da clínica médica, com relação à prática regular de
exercícios físicos. O trabalhador devido à dupla, tripla jornada de trabalho sente-se
cansado e com pouco tempo disponível, não valorizando o seu auto cuidado na
promoção de sua saúde.
Controle de peso F %
Ideal 11 26,8
Abaixo do ideal 1 2,4
Acima do ideal 28 68,3
Total 40 97,6
Dado Ausente 1 2,4
Total 41 100,0
Horas de sono
habitualmente F %
Menos de 6 horas 18 43,9
De 7 a 8 horas 23 56,1
Total 41 100,0
Fonte: Pesquisa de campo
Conforme a tabela 16, 43,9% dos trabalhadores dormem menos de 06 horas
e 56,1% dormem de 7 a 8 horas.
A redução do período de sono causada pelo trabalho noturno ocorre pela
mudança forçada do horário de dormir, que passa a ser de dia. Segundo Rutenfranz
et al. (1989, p. 55), dormir durante o dia é extremamente desfavorável devido a não
adaptação dos ritmos biológicos a esta inversão do trabalho noturno e repouso diurno.
Para Alves (2002), os principais problemas que os trabalhadores de turnos
referem são relacionados com: distúrbios do sono, nervosos e digestivos; o ruído do
ambiente doméstico, como a fala de criança, o choro, que são obstáculos ao sono
tranqüilo e reparador do desgaste físico e mental após a jornada de trabalho.
Considerando que 41,5% dos trabalhadores trabalham mais de 50 horas (tabela 8),
ocorre um acentuado déficit de sono, com perda de qualidade e falta de repouso.
Freqüentemente
Nº de
ordem Item Problemas percebidos
N %
1º 7 Risco de contrair infecção 26 63,41
2º 2 Ar / ventilação insuficiente 20 48,78
3º 29 Poucas possibilidades de promoção 18 43,90
4º 11 Distribuição inadequada dos recursos materiais no espaço físico 17 41,46
5º 1 Temperatura inadequada 16 39,02
6º 10 Incômodo pela falta de espaço 15 36,59
7º 17 Esforço físico que produz fadiga 15 36,59
8º 27 Falta de materiais e insumos para a realização do trabalho 15 36,59
9º 20 Movimentos repetitivos com muita freqüência 14 34,15
10º 14 Ordem e limpeza insuficientes 14 34,15
11º 18 Manutenção de postura inadequada durante muito tempo 12 29,27
12º 16 Manipulação de cargas pesadas 10 24,39
13º 19 Postura forçada para realizar algumas tarefas ou operações 10 24,39
14º 9 Falta de máscaras 9 21,95
15º 3 Iluminação insuficiente 8 19,51
16º 6 Risco de contato com glutaraldeído 8 19,51
17º 23 Ritmo de trabalho acelerado 7 17,07
18º 25 Trabalho monótono, rotineiro, com pouca variabilidade de tarefas 6 14,63
19º 12 Risco de queda no ambiente de trabalho 5 12,20
20º 13 Risco de queda de materiais 4 9,76
21º 4 Ruído muito elevado ou inadequado para realização do trabalho 4 9,76
22º 21 Duração excessiva da jornada de trabalho 3 7,32
23º 15 Risco de incêndio ou explosão 3 7,32
24º 30 Desconhecimento ou formação insuficiente sobre os riscos do
próprio trabalho 2 4,88
25º 28 Pouca oportunidade de decisão sobre como realizar o trabalho 2 4,88
26º 24 Risco de acidentes por sobrecarga de trabalho 2 4,88
27º 8 Falta de luvas 2 4,88
28º 5 Presença de radiação ionizante 2 4,88
64
relatar informações.
mental importante.
65
Às vezes
Nº de
ordem Item Problemas percebidos
N %
1º 23 Ritmo de trabalho acelerado 27 65,85
2º 19 Postura forçada para realizar algumas tarefas ou operações 25 60,98
3º 24 Risco de acidentes por sobrecarga de trabalho 22 53,66
4º 18 Manutenção de postura inadequada durante muito tempo 22 53,66
5º 8 Falta de luvas 21 51,22
6º 27 Falta de materiais e insumos para a realização do trabalho 20 48,78
7º 17 Esforço físico que produz fadiga 19 46,34
8º 14 Ordem e limpeza insuficientes 18 43,90
9º 16 Manipulação de cargas pesadas 17 41,46
10º 20 Movimentos repetitivos com muita freqüência 16 39,02
11º 3 Iluminação insuficiente 16 39,02
12º 21 Duração excessiva da jornada de trabalho 15 36,59
13º 7 Risco de contrair infecção 15 36,59
14º 9 Falta de máscaras 14 34,15
15º 1 Temperatura inadequada 14 34,15
16º 6 Risco de contato com glutaraldeído 14 34,15
17º 12 Risco de queda no ambiente de trabalho 14 34,15
18º 13 Risco de queda de materiais 14 34,15
19º 4 Ruído muito elevado ou inadequado para realização do trabalho 13 31,71
20º 5 Presença de radiação ionizante 13 31,71
21º 31 Conflito com os clientes ou usuários 11 26,83
22º 22 Organização insatisfatória de horários e turnos de trabalho 11 26,83
23º 28 Pouca oportunidade de decisão sobre como realizar o trabalho 10 24,39
24º 30 Desconhecimento ou formação insuficiente sobre os riscos do
próprio trabalho 9 21,95
Nessa perspectiva, Bulhões (1998, p. 135) refere que a enfermagem deve ter
maior participação na avaliação de produtos, equipamentos e reformas no ambiente
de trabalho, mantendo um melhor entrosamento com os setores de engenharia de
manutenção, de compras e de saúde e segurança do trabalho, dentre outros.
Freqüente-
mente
Problemas no Ambiente Às vezes Acontece %
Relação com as
Condições de Trabalho
4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
4.1 Conclusões
4.2 Recomendações
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M.C.P. (Org) O trabalho de enfermagem. São Paulo: Ed. Cortez, 1997.
AVENDAÑO, C.; GRAU, P.; YUS, P. Riscos para a saúde das enfermeiras do setor
público no Chile. In: Trabalho, Saúde e Gênero : na era da globalização. São Paulo:
Cultura e Qualidade, 1997.
GUYTON, A.C.M.D et al. Tratado de Fisiologia Médica. 10. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2002.
HAAG, G.S. et al. A enfermagem e a saúde dos trabalhadores. 2. ed. rev. e ampli.
Goiânia: Ed. A. B., 1997. 140 p.
MELO, C.M.M. Divisão social do trabalho e enfermagem. São Paulo: Ed. Cortez,
1986.
MIELNIK, I. Higiene mental do trabalho. São Paulo: Ed. Artes Médicas, 1976.
87
PICALUGA, I.F. Saúde e trabalho. In: Saúde e trabalho no Brasil. Petrópolis, RJ:
Ed. Vozes, 1982.
PITTA, A. Hospital: dor e morte como ofício. 3. ed. São Paulo: Ed. Hucitec, 1994.
CONSENTIMENTO:
Prezado entrevistado:
I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
1. Sexo
( ) masculino ( ) feminino
2. Idade
( ) menos de 19 anos ( ) 40 a 49 anos
( ) 20 a 29 anos ( ) 50 a 59 anos
( ) 30 a 39 anos ( ) mais de 60 anos
3. Estado civil
( ) solteiro ou similar ( ) casado ou similar
4. Nível de escolaridade
( ) ensino fundamental (ex 1º grau) ( ) completo ( ) incompleto
( ) ensino médio (ex 2º grau) ( ) completo ( ) incompleto
( ) ensino superior (graduação) ( ) completo ( ) incompleto
( ) mestrado ( ) completo ( ) incompleto
( ) doutorado ( ) completo ( ) incompleto
5. Categoria profissional
( ) auxiliar de serviços de saúde ( ) enfermeiro
( ) auxiliar de enfermagem ( ) enfermeiro residente
( ) técnico de enfermagem
7. E no HUPE? _____________________
18. Qual o meio de transporte que habitualmente você usa para deslocar-se para o
trabalho?
( ) ônibus ( ) carro próprio ( ) trem ( ) metrô ( )
a pé ( ) outros Qual? _____________________________________
19. Quanto tempo você gasta para chegar ao trabalho?
( ) menos de 30 min ( ) 30 min a 1 h ( ) 1h a 1h e 30 min ( ) 1h 30 min a 2h
( ) outros Quanto tempo? ______________________
93
IV – DADOS FAMILIARES:
28. Tem idosos em casa sob seus cuidados? ( ) Não ( ) Sim Quantos? _______
29. Estes idosos possuem doenças ou alguma limitação? ( ) Não ( ) Sim Qual?
_________________________________________________________________
30. Conta com a ajuda dos familiares para a realização das tarefas domésticas?
( ) Não ( ) Sim
IV – SUA SAÚDE:
31. Vacinação
31.1 – dupla adulto ( ) completa ( ) incompleta ( ) desconhece
31.2 – antitetânica ( ) completa ( ) incompleta ( ) desconhece
94
32.4 – Para os homens (caso sua faixa etária seja superior a 40 anos): realiza exame de
próstata anualmente? ( ) Não ( ) Sim
33. Você pratica, com regularidade, atividades físicas específicas para melhorar sua saúde,
condicionamento físico ou para fins estéticos? ( ) Não ( ) Sim
Qual? ____________________________________________________________________
Relação com as
Riscos e Danos Existência condições de trabalho
Não relacionado
Não Sim Provocado Agravado
1. Dor de cabeça freqüente
2. Dores lombares
3. Dores musculares
4. Lesões de coluna vertebral
5. Consumo de bebida alcoólica
6. Fumo
7. Uso freqüente de psicofármacos
8. Uso de medicamentos
9. Depressão
10. Estresse
11. Mudanças de humor
12. Transtornos do sono
13. Perdas auditivas
14. Diabetes
15. Câncer
16. Hipertensão
17. Problemas de articulação
18. Problemas digestivos
19. Problemas oculares
20. Problemas respiratórios
21. Varizes
22. Doenças do coração
23. Doenças do fígado
24. Doenças renais
25. Doenças da pele
26. Doenças infecciosas
27.Contaminação com material biológico
28. Intoxicação por glutaraldeído
29. Lesão por material perfuro-cortante
30. Licenças por motivo de saúde
31. Faltas freqüentes por doença
32. Outros
97
4 – Muito bom
3 – Satisfatória
2 – Deixa a desejar
1 – Desconhece
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98
Nº de F %
Problemas de saúde
ordem
1º Estresse 30 73,17
2º Varizes 25 60,98
3º Dores lombares 25 60,98
4º Dores musculares 23 56,10
5º Problemas oculares 21 51,22
6º Mudanças de humor 21 51,22
7º Licenças por motivo de saúde 19 46,34
8º Lesões de coluna vertebral 18 43,90
9º Dor de cabeça 16 39,00
10º Hipertensão 16 39,02
11º Transtornos do sono 15 36,59
12º Lesão por material pérfuro cortante 13 31,71
13º Problemas de articulação 11 26,83
14º Problemas respiratórios 8 20,00
15º Doença da pele 7 17,07
16º Problemas digestivos 7 17,07
17º Depressão 7 17,07
18º Perdas auditivas 6 14,63
19º Contaminação com material biológico 6 14,63
20º Faltas freqüentes por doença 6 14,63
21º Uso freqüente de psicofármacos 5 12,20
22º Outros 3 7,32
23º Doenças do coração 2 4,88
24º Fumo 2 4,88
25º Câncer 1 2,44
26º Doença do fígado 1 2,44
27º Intoxicação por glutaraldeído 1 2,44
28º Diabetes 1 2,44
29º Consumo de bebida alcoólica 1 2,44
99
Provocados pelas
Existentes condições de trabalho
Problemas de saúde
F %
Estresse 30 19 63,3
Dores lombares 25 17 68,0
Varizes 25 16 64,0
Dores musculares 23 15 65,2
Lesões de coluna 18 10 55,5
vertebral
Mudanças de humor 21 10 47,6
Licenças por motivo 19 10 52,6
de saúde
Lesão por material 13 09 69,2
perfurocortante
Uso de medicamentos 20 07 35,0
Transtornos do sono 15 06 40,0
100
Agravados pelas
Existentes condições de trabalho
Problemas de saúde
F %
Varizes 25 09 36,0
Dores lombares 25 08 32,0
Dores musculares 13 08 34,7
Dor de cabeça 16 07 43,7
Lesões de coluna 18 07 38,8
vertebral
Estresse 30 07 23,3
Mudanças de humor 21 05 23,8
Licenças por motivo 19 04 21,0
de saúde
Lesão por material 13 03 23,0
perfuro-cortante
Uso de medicamentos 20 03 15,0
Transtornos do sono 15 02 13,3
101