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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro Biomédico
Faculdade de Enfermagem

Cláudia de Souza Moraes

Condições de trabalho e saúde dos trabalhadores de enfermagem


que atuam em clínica médica

Rio de Janeiro
2005
Cláudia de Souza Moraes

Condições de trabalho e saúde dos trabalhadores de enfermagem


que atuam em clínica médica

Dissertação apresentada como requisito


parcial para a obtenção do título de
Mestre, ao Programa de Pós-graduação
em Enfermagem, da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. Área de
concentração: Enfermagem, Saúde e
Sociedade.

Orientadora: Prof.ª Dra. Maria Yvone Chaves Mauro


Coorientadora: Prof.ª Dra. Maria Therezinha Nóbrega da Silva

Rio de Janeiro
2005
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/CBB

M827 Moraes, Cláudia de Souza.


Condições de trabalho e saúde dos trabalhadores de enfermagem que
atuam em clínica médica / Cláudia de Souza Moraes. - 2005.
101 f.

Orientadora: Maria Yvone Chaves Mauro


Coorientadora: Maria Therezinha Nóbrega da Silva.
Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Faculdade de Enfermagem.

1. Saúde e trabalho. 2. Qualidade de vida no trabalho. 3. Enfermagem


do trabalho – Fatores de risco. 4. Ambiente de trabalho – Fatores de risco.
I. Mauro, Maria Yvone Chaves. II. Silva, Maria Therezinha Nóbrega da. III
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Enfermagem. IV.
Título.

CDU
614.253.5

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial


desta dissertação, desde que citada a fonte.

_______________________________________ _________________________
Assinatura Data
Cláudia de Souza Moraes

Condições de trabalho e saúde dos trabalhadores de enfermagem


que atuam em clínica médica

Dissertação apresentada como requisito


parcial para a obtenção do título de
Mestre, ao Programa de Pós-graduação
em Enfermagem, da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. Área de
concentração: Enfermagem, Saúde e
Sociedade.

Aprovada em: 27 de dezembro de 2005


Banca Examinadora:

__________________________________________
Profª. Dra. Maria Yvone Chaves Mauro (Orientadora)
Faculdade de Enfermagem da UERJ

__________________________________________
Profª. Dra. Sheila Nascimento Pereira Farias
Escola de Enfermagem Anna Nery da UFRJ

__________________________________________
Profª. Dra. Maria Therezinha Nóbrega da Silva
Faculdade de Enfermagem da UERJ

Rio de Janeiro
2005
DEDICATÓRIA

Dedico este estudo a todos que participam com entusiasmo na luta pela
preservação da saúde das pessoas que trabalham, em especial à Profª Dra. Maria
Yvone Chaves Mauro, minha orientadora, que com competência e dedicação luta
por melhores condições de trabalho para a Enfermagem.
Aos colegas e trabalhadores da enfermagem das Unidades Especializadas de
Clínica Médica do HUPE / UERJ: Pneumologia, Dermatologia, Neurologia e DIP que
participaram como sujeitos desta pesquisa, dando suas contribuições.
AGRADECIMENTOS

Meu carinhoso agradecimento à minha família: Edmilson, meu marido, e


Mateus e Julia, meus queridos filhos, pelo apoio e força neste projeto, e pela
compreensão nas horas ausentes do convívio familiar.
À Prof.ª Maria Therezinha Nóbrega da Silva, pelas valiosas contribuições,
orientações, incentivo e atenção.
À Prof.ª Luciana Assad pelo apoio, amizade, incentivo e ajuda no início do
trabalho, quando as dúvidas eram muitas.
Aos professores do Mestrado da UERJ, que contribuíram para meu
crescimento acadêmico.
Aos professores, membros da Banca Examinadora, pelas reflexões críticas
nos encaminhamentos de seus pareceres.
Aos colegas da turma de Mestrado pelo prazer da convivência.
À Abilene, Renata, Ana Lúcia, Vítor, Fernando e Rodrigo, por compartilhar
momentos de dificuldade e de alegria.
Ao Prof. Sérgio Marques, Coordenador de Enfermagem do HUPE /UERJ, que me
apoiou e liberou parcialmente da assistência no período de dois anos para viabilizar
o desenvolvimento dessa pesquisa.
Ao Enfermeiro Carlos Cruz, Chefe de Seção de Enfermagem da Unidade
Coronariana do HUPE /UERJ, por compreender a minha necessidade de horários de
estudo e adequar a minha escala de plantões a esta realidade.
Aos colegas de enfermagem do Hospital Universitário Pedro Ernesto, que
sempre me apoiaram e incentivaram.
À Carmem, amiga, mãe, conselheira, “formativa”, por me ajudar a
compreender e acreditar nas minhas possibilidades. Seu amor, incentivo e cuidado
durante todo o caminhar da pesquisa me permitiu realizar este sonho.
À amiga Jacira, companheira no trabalho, por todo carinho e apoio.
À Marilia Duarte, que digitou este trabalho e incansavelmente me
acompanhou nesta trajetória de construção do trabalho, atendendo minhas
solicitações urgentes e inúmeras revisões.
Agradeço a todos que de forma direta ou indireta contribuíram para meu
crescimento como pessoa e profissional.
Tu encontrarás, sempre, no teu caminho,
alguém para a lição de que precisas.
Aprende, mesmo que não queiras.
Feliz é o que aprende...

Cora Coralina
RESUMO

MORAES, Cláudia de Souza. Condições de trabalho e saúde dos trabalhadores de


enfermagem que atuam em clínica médica. 2005. 101 f. Dissertação (Mestrado em
Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem, Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Rio de janeiro, 2005.

Trata-se de um estudo descritivo cujo objeto é a saúde dos trabalhadores de


enfermagem e sua relação com as condições de trabalho em enfermarias de clínica
médica, desenvolvido em um Hospital Universitário na cidade do Rio de Janeiro. Os
objetivos orientaram para: caracterizar o perfil profissional dos trabalhadores de
enfermagem; identificar, na perspectiva dos trabalhadores de enfermagem, as
condições de trabalho e os fatores de risco à saúde existentes nas enfermarias de
clínica médica; analisar os problemas de saúde identificados pelo trabalhador de
enfermagem e a sua relação com as condições de trabalho por ele descrita em
enfermarias de clínica médica. A pesquisa foi realizada no período de 2004 a 2005.
O referencial teórico fundamentou-se nos estudos de especialistas das áreas de
ergonomia, saúde do trabalhador e riscos no trabalho de enfermagem. A população
foi de 41 trabalhadores de enfermagem que atuam nas unidades especializadas de
clínica médica, sendo 73,2% de servidores públicos e 26,8% de prestadores de
serviço temporário e bolsistas; a faixa etária predominante é de 40 a 49 anos; 73%
são do sexo feminino; 90% com dupla e tripla jornada, com carga horária semanal
de mais de 50 horas. Os riscos ocupacionais percebidos foram: manutenção de
posturas inadequadas, esforço físico que produz fadiga, ritmo de trabalho acelerado,
manipulação de cargas pesadas, risco de contrair infecção, temperatura
inadequada, falta de materiais e insumos e iluminação insuficiente. Os problemas de
saúde relacionados com as condições de trabalho foram: distúrbios
osteomusculares, varizes e estresse. Os trabalhadores se interessam pela
prevenção de riscos ocupacionais, porém não participam na instituição, da
elaboração das políticas e estratégias na área de saúde do trabalhador. Com os
resultados deste estudo e o respaldo da literatura, pode-se concluir que os
problemas de saúde e condições de trabalho estão inter-relacionados; que a carga
horária excessiva devido a dupla e tripla jornada, acrescido do cuidado com os
filhos, idosos e afazeres domésticos, sem a prática regular de cuidados com sua
saúde, tornam esses sujeitos mais vulneráveis a problemas de saúde.

Palavras-chave: Saúde do trabalhador. Condições de trabalho. Riscos ocupacionais.


Enfermagem em clínica médica.
ABSTRACT

Is about a descriptive study whose object is the knowledge of the nursing


workers on its health, relating it with the conditions of work in infirmaries of Medical
Clinic, developed in a University Hospital in the city of Rio de Janeiro. The objectives
had guided stop: to characterize the professional profile of the nursing workers; to
identify, in the perspective of the workers of nursing, the conditions of work and the
factors of existing risk to the health in the infirmaries of Medical Clinic; to analyze the
problems of health identified by the worker of nursing and its relation with the
conditions of work for described it in infirmaries of Medical Clinic. The research was
carried through in the period of 2004 the 2005. The theoretical referential was based
on the studies of specialists of the areas of ergonomics, health of the worker and
risks in the nursing work. The population was of 41 workers of nursing who act in the
Specialized Units of Medical Clinic, being 73.2% of public servers and 26.8% of
rendering of temporary service and scholarship holders; predominant the etária band
is of 40 the 49 years; 73% are of the feminine sex; 90% with pair and triple day,
weekly horary load of more than 50 hours. The perceived occupational risks had
been: maintenance of inadequate positions, physical effort that produces fatigue,
rhythm of sped up work, weighed load manipulation, risk to contract infection,
inadequate temperature, lack of materials and insumos and insufficient illumination.
The related problems of health with the work conditions had been: riots
osteomusculares, varizes and stress. The workers if interest for the prevention of
occupational risks, however the politics institution of and strategy in the area of health
of the worker do not participate in. With the results of this study and the endorsement
of literature, it can be concluded that the problems of health and conditions of work
are interrelated; that the extreme horary load which had the pair and triple day
increased of the care with the children, aged and domestic tasks, without practical
the regular one of cares with its health, the health problems become these more
vulnerable citizens.

Keywords: Health of the worker. Work conditions. Occupational risks. Nursing in


medical clinic.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 Demonstrativo de recursos humanos das unidades


especializadas de clínica médica / Hospital Universitário
Pedro Ernesto / RJ.................................................................... 42

Gráfico 1 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação


ao sexo - Unidades de clínica médica especializadas,
agosto/setembro, 2005.............................................................. 45
Gráfico 2 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação à
faixa etária - Unidades de clínica médica especializadas,
agosto/setembro, 2005.............................................................. 46

Gráfico 3 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação


ao estado civil - Unidades de clínica médica especializadas,
agosto/setembro, 2005.............................................................. 47

Gráfico 4 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação


ao nível de escolaridade - Unidades de clínica médica
especializadas, agosto/setembro, 2005.................................... 48

Gráfico 5 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação à


carga horária semanal - Unidades de clínica médica
especializadas, agosto/setembro, 2005.................................... 53
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem por categoria,


das unidades de clínica médica especializadas,
agosto/setembro, 2005.............................................................. 48

Tabela 2 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem por categoria e


vínculo institucional - Unidades de clínica médica
especializadas, agosto/setembro, 2005.................................... 49

Tabela 3 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação ao


tempo de trabalho no setor que exerce suas funções - unidades
de clínica médica especializadas, agosto/setembro,
2005............................................................................................ 51

Tabela 4 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação ao


tempo que trabalham na enfermagem - Unidades de clínica
médica especializadas, agosto/setembro, 2005........................ 52

Tabela 5 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação ao


tipo de jornada de trabalho - Unidades de clínica médica
especializadas, agosto/setembro, 2005....................................... 52

Tabela 6 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação ao


meio de transporte utilizado para deslocar-se para o trabalho -
Unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro,
2005............................................................................................. 54

Tabela 7 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação ao


tempo gasto para chegar ao trabalho - Unidades de clínica
médica especializadas, agosto/setembro, 2005......................... 54

Tabela 8 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação à


faixa salarial - Unidades de clínica médica especializadas,
agosto/setembro, 2005................................................................ 55

Tabela 9 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação a


ter filhos - Unidades de clínica médica especializadas,
agosto/setembro, 2005................................................................ 56

Tabela 10 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação a


ter idosos em casa sob seus cuidados - Unidades de clínica
médica especializadas, agosto/setembro, 2005......................... 56
Tabela 11 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação à
ajuda dos familiares para a realização das tarefas domésticas -
Unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro,
2005............................................................................................. 57

Tabela 12 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação à


vacinação - Unidades de clínica médica especializadas,
agosto/setembro, 2005................................................................ 58

Tabela 13 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação à


realização de exame clínico anualmente - Unidades de clínica
médica especializadas, agosto/setembro, 2005......................... 60

Tabela 14 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação à


prática de atividade física com regularidade - Unidades de
clínica médica especializadas, agosto/setembro, 2005.............. 60

Tabela 15 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação ao


controle de seu peso - Unidades de clínica médica
especializadas, agosto/setembro, 2005...................................... 61

Tabela 16 Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação à


quantidade de horas de sono dormidas - Unidades de clínica
médica especializadas, agosto/setembro, 2005............................ 62

Tabela 17 Distribuição dos problemas no ambiente de trabalho conforme


grau de freqüência: freqüentemente, na percepção dos
trabalhadores de enfermagem das unidades de clínica médica
especializadas, agosto/setembro, 2005.......................................... 63

Tabela 18 Distribuição dos problemas no ambiente de trabalho conforme


grau de freqüência: às vezes, na percepção dos trabalhadores de
enfermagem das unidades de clínica médica especializadas,
agosto/setembro, 2005..................................................................... 65

Tabela 19 Distribuição dos problemas no ambiente de trabalho


relacionados aos riscos ergonômicos conforme grau de
freqüência na percepção dos trabalhadores de enfermagem
das unidades de clínica médica especializadas,
agosto/setembro, 2005................................................................ 66
Tabela 20 Distribuição dos problemas no ambiente de trabalho
relacionados aos riscos biológicos, físicos e químicos,
conforme grau de freqüência na percepção dos trabalhadores
de enfermagem das unidades de clínica médica
68
especializadas, agosto/setembro, 2005......................................

Tabela 21 Distribuição dos problemas no ambiente de trabalho


relacionados aos riscos de acidentes, conforme grau de
freqüência na percepção dos trabalhadores de enfermagem
das unidades de clínica médica especializadas,
agosto/setembro, 2005................................................................ 70

Tabela 22 Problemas de saúde relacionados com as condições de


trabalho na percepção dos trabalhadores de enfermagem das
unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro,
2005.............................................................................................. 71

Tabela 23 Interesse dos trabalhadores na prevenção dos riscos existentes


no local de trabalho das unidades de clínica médica
especializadas, agosto/setembro, 2005............................................ 75
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................. 16

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................... 22

1.1 Saúde do trabalhador..................................................................... 22

1.1.1 Evolução da legislação sobre a saúde dos trabalhadores .............. 24

1.2 Trabalho de Enfermagem .............................................................. 28

1.2.1 A enfermagem como profissão ........................................................ 28

1.2.2 Condições do trabalho de enfermagem ........................................... 31

1.2.3 Riscos no trabalho de enfermagem ................................................. 32

1.2.4 Fatores de penosidade do trabalho de enfermagem ....................... 34

1.3 O Trabalho de enfermagem e a ergonomia ................................. 36

2 METODOLOGIA .............................................................................. 39

2.1 Tipologia do estudo ....................................................................... 39

2.2 Campo da pesquisa ....................................................................... 39

2.3 Amostra .......................................................................................... 41

2.4 Coleta de dados / Instrumento ..................................................... 42

2.5 Tratamento dos dados ................................................................... 44

3 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS


RESULTADOS ................................................................................................. 45

3.1 Características do perfil profissional dos trabalhadores de


enfermagem que atuam em clínica médica .................................. 45
3.1.1 Identificação dos trabalhadores de enfermagem .............................. 45

3.1.2 Dados dos trabalhadores de enfermagem ....................................... 48

3.1.3 Dados econômicos dos trabalhadores de enfermagem................... 55

3.1.4 Dados referentes à família dos trabalhadores de enfermagem ...... 56

3.1.5 Os trabalhadores de enfermagem e os cuidados com a sua saúde 58


3.2 Condições do ambiente de trabalho e os fatores de risco
ocupacionais nas unidades especializadas de clínica médica .. 62
3.2.1 Riscos ergonômicos ......................................................................... 66

3.2.2 Riscos biológicos , físicos e químicos .............................................. 68

3.2.2.1 Riscos biológicos .............................................................................. 68

3.2.2.2 Riscos físicos ................................................................................... 69

3.2.2.3 Riscos químicos ............................................................................... 69

3.2.3 Riscos de acidentes ......................................................................... 70

3.3 Problemas de saúde relacionados com as condições de


trabalho ............................................................................................... 71
3.3.1 Distúrbios osteomusculares e vasculares ........................................ 72

3.3.2 Distúrbios psicoemocionais .............................................................. 73

3.4 Interesse dos trabalhadores na prevenção dos riscos no


trabalho................................................................................................ 75
4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .......................................... 77

4.1 Conclusões ..................................................................................... 77

4.2 Recomendações ............................................................................. 81

REFERÊNCIAS .............................................................................. 83

APÊNDICE A - Termo de consentimento livre e esclarecido .......... 90

APÊNDICE B - Questionário sobre o levantamento sócio-cultural-


econômico-laboral do trabalhador de enfermagem........................... 91
APÊNDICE C – Questionário sobre condições de trabalho.............. 95

APÊNDICE D – Questionário sobre problemas de saúde do


trabalhador............................................................................................... 96
APÊNDICE E – Questionário sobre o interesse dos trabalhadores
na prevenção dos riscos no trabalho................................................ 97
APÊNDICE F – Problemas de saúde percebidos pelos
trabalhadores de enfermagem das unidades de clínica médica
especializadas................................................................................... 98
APÊNDICE G – Problemas de saúde provocados pelas condições
de trabalho na percepção dos trabalhadores de enfermagem das
unidades de clínica médica especializadas ..................................... 99
APÊNDICE H – Problemas de saúde agravados pelas condições
de trabalho na percepção dos trabalhadores de enfermagem das
unidades especializadas de clínica médica especializadas.............. 100
ANEXO – Aprovação do Comitê de Ética......................................... 101
16

INTRODUÇÃO

Vivemos numa sociedade em mudanças onde o indivíduo faz parte da


estrutura social principalmente por meio do trabalho que desenvolve, e o
trabalhador, lançando mão de suas energias físicas e mentais, contribui para a
sociedade através da atividade produtiva.
Hoje o trabalho constitui uma das práticas mais importantes da vida do ser
humano, porque é dessa atividade que o homem tira os elementos para a sua
própria subsistência e de sua família. Entretanto, na realidade da dinâmica do
processo de trabalho na enfermagem, observa-se que o modo como é realizado e
pelas condições do ambiente em que é executado, vem gerando impacto negativo
na saúde física e mental desses trabalhadores.
Segundo Picaluga (1982) o processo saúde-adoecimento do trabalhador
resulta da complexa e dinâmica interação das condições gerais da vida, das relações
de trabalho, do processo de trabalho e do controle que os próprios trabalhadores
colocam em ação para interferirem nas suas próprias condições de trabalho.
Quando se fala de condições de trabalho, é falar a respeito das condições
físicas, químicas e biológicas do ambiente de trabalho, planta física, temperatura,
poeiras, ruídos que repercutem sobre a saúde dos trabalhadores. As condições de
trabalho expressam um conjunto de fatores que determinam a qualidade e a
produtividade do trabalho. Portanto, a relação entre o trabalho de enfermagem e o
processo saúde-adoecimento é a temática que fundamenta este estudo.
Ingressei num hospital universitário após aprovação em concurso público,
onde fui lotada numa das enfermarias de clínica médica. Embora feliz por ter sido
aprovada e trabalhar num hospital universitário, fiquei decepcionada com as
condições ambientais da enfermaria.
Primeiramente as instalações físicas da enfermaria estavam em péssimo
estado de conservação e limpeza: paredes sujas, descoloridas, desgastadas, com
infiltrações, instalações elétricas expostas, precária iluminação e ventilação,
instalações sanitárias danificadas com ralos e tanques do expurgo entupidos,
chuveiros desativados. Quanto ao mobiliário, encontrava-se em péssimas condições
de uso, com presença de ferrugem, faltando peças. Os pés de alguns leitos foram
cortados diminuindo a sua altura, o que obrigava o trabalhador de enfermagem a
flexionar o corpo para atender o paciente acamado, gerando uma sobrecarga da
17

musculatura da coluna e exigindo grande esforço do trabalhador para


deslocamentos dos pacientes.
As atividades referentes à higiene do paciente exigiam muito tempo e disposição
do trabalhador para serem realizadas. As cadeiras higiênicas não entravam no box de
banho (as portas apresentavam larguras inferiores ao tamanho das cadeiras),
obrigando ao trabalhador a maior esforço físico para movimentá-las e a necessidade de
proceder o cuidado fora do box, ameaçando a integridade física do paciente. Quando
terminava o banho do paciente, o banheiro estava completamente alagado.
Quase sempre outro problema era acrescido a esta dificuldade: aquecer água
num fogão de duas bocas instalado no posto de enfermagem para realização dos
banhos, haja vista que o chuveiro sempre queimava.
Esta enfermaria possuía uma varanda, na qual foi adaptada uma parte do
local para descanso dos funcionários no período noturno. A mesma área também
era utilizada para estoque de materiais. Nos dias mais frios tornava-se impossível o
funcionário permanecer no local devido à baixa temperatura, obrigando a
permanência dos trabalhadores no posto de enfermagem durante todo o plantão.
Outro problema constante no ambiente era a presença de “baratinhas”, que
circulavam pelas gavetas, bancadas, mesinhas de cabeceira, etc., sendo necessário
periodicamente dedetização do ambiente.
Permaneci nesta unidade como enfermeira líder durante dois anos, sendo
transferida para outra unidade, quando a enfermaria ficou desativada para obras.
Exerci também atividades profissionais na enfermaria de pneumologia deste
hospital, por quatro anos, como chefe da unidade. Este setor, também apresentava
características semelhantes quanto às condições do ambiente da enfermaria de
clínica médica, tendo como agravante um espaço físico inadequado para o número
de leitos existentes. As distâncias entre os leitos eram inferiores a um metro,
aumentado consideravelmente o risco de transmissão de tuberculose entre os
pacientes, patologia esta com incidência elevada de internações na enfermaria.
Após algumas lutas e reivindicações foi criada a primeira comissão de
controle de tuberculose no hospital, da qual fiz parte. A partir desta comissão foi
viabilizado treinamento específico aos profissionais de saúde sobre transmissão e
prevenção de tuberculose e fornecido aos profissionais máscaras específicas para
prevenção de tuberculose. Foi também elaborado um projeto de reforma da
enfermaria com acréscimo de quartos de isolamento para os pacientes com suspeita
18

ou em tratamento para tuberculose, mas até o ano de 2004 ainda não tinha sido
autorizado pela direção do Hospital.
Durante estes anos, atuando como enfermeira na área de clínica médica,
pude vivenciar e compartilhar com os trabalhadores de enfermagem destas
unidades, suas preocupações frente estas precárias condições de trabalho, risco à
saúde e desconforto por eles experienciados na realização do trabalho de cuidar de
clientes hospitalizados.
Preocupava-me também, o número expressivo de afastamentos do trabalho
por licenças médicas. Grande parte dos trabalhadores justificava suas ausências
como conseqüência do estresse vivenciado no ambiente de trabalho. Esta situação é
referida por Estryn-Behar (1996) em seus estudos, confirmando que o estresse físico
é um dos determinantes primários de alterações na saúde dos trabalhadores da área
hospitalar, o que interfere na qualidade dos cuidados prestados aos pacientes.
Como gerente de enfermagem em unidades de clínica médica, no período de
2000 a 2003, constantemente ouvia reclamações dos trabalhadores de enfermagem
acerca da dificuldade para desempenharem suas tarefas naqueles ambientes de
trabalho. Apontavam inúmeros motivos relacionados ao ambiente e à organização
do trabalho, e sentiam-se cansados e insatisfeitos. Alguns trabalhadores
verbalizavam o desejo de serem transferidos para outras unidades do hospital, às
quais eles denominam “unidades tranqüilas”.
A partir desta problemática, comecei a refletir sobre o contexto das condições
de trabalho influenciando o meio ambiente, a organização, o processo de trabalho e
a sua relação com a saúde do trabalhador. Freqüentemente, as condições
inadequadas do ambiente de trabalho tornam-se rotineiras e não são percebidas
pelos gerentes, e nem pelo próprio trabalhador de enfermagem, o qual se conforma
com a situação, não procurando modificá-la. Como conseqüências desta situação
evidenciam-se a queda do rendimento no trabalho e o aumento de acidentes de
trabalho, aparecimento de doenças e maior número de afastamentos dos trabalhadores
do local de trabalho, caracterizado pelo elevado absenteísmo.
Estudiosos do problema, entre eles Mauro (1991), afirmam que os riscos
ocupacionais quando não submetidos a controle, levam ao aparecimento de
acidentes e doenças profissionais e do trabalho.
No que diz respeito às unidades de clínica médica, acredito que o exercício
profissional desenvolvido nestes ambientes vem trazendo para os trabalhadores
19

sobrecargas de trabalho e insatisfação. O estudo sobre “Condições de trabalho,


saúde, conforto e direitos humanos de trabalhadores de enfermagem”, realizado no
primeiro semestre de 2003, por quatro grupos de alunos da quarta turma de
mestrado da Faculdade de Enfermagem da UERJ nas unidades de clínica médica de
um hospital universitário, evidencia que as condições encontradas nestas unidades
implicam em riscos e agravos à saúde dos trabalhadores. Este fato acrescido das
deficiências materiais entre outras, produzem repercussões emocionais e
psicológicas nos profissionais causando desconforto aos que praticam suas
atividades neste cenário.
Discutindo os direitos humanos dos trabalhadores de enfermagem, Vieira
(2003) analisou que aos poucos ocorre uma deteriorização no ser profissional, que
busca atingir satisfação pessoal a partir do trabalho executado e,
conseqüentemente, tem reflexo na sua condição de saúde devido ao
descontentamento em ter que vivenciar seu trabalho neste cenário. Numa
perspectiva de que o direito à execução de trabalho digno não é alcançado, é
possível perceber a descaracterização progressiva dos profissionais de saúde, uma
vez que adotam um comportamento, ora de passividade, ora de revolta, refletido nas
ações realizadas. Quando, na relação entre o trabalho e o trabalhador, não existe
mais espaço que possibilite a liberdade de invenção sobre a própria organização do
trabalho, de modo a adaptá-lo às necessidades do trabalhador, este pode ter
bloqueada sua capacidade criativa sobre o trabalho. Inicia-se, então, a luta do
trabalhador contra o “sofrimento” (DEJOURS, 1992).
Os resultados deste estudo despertaram em mim a reflexão e a necessidade
de investigar e ampliar a discussão sobre esta realidade, da qual já fiz parte
enquanto enfermeira, e fui buscar conhecimentos para estudar estas questões na
área da saúde do trabalhador.
O objeto de estudo é a saúde dos trabalhadores de enfermagem e sua
relação com as condições de trabalho em enfermarias de clínica médica.

Questões Norteadoras

 Quais as características profissionais dos trabalhadores de enfermagem?


 Quais são os fatores de riscos existentes no ambiente de trabalho
identificados pelo trabalhador de enfermagem?
20

 Existem problemas de saúde identificados pelo trabalhador de


enfermagem, relacionados às condições de trabalho?

Objetivos

1. Caracterizar o perfil profissional dos trabalhadores de enfermagem.


2. Identificar, na perspectiva dos trabalhadores de enfermagem, as condições
de trabalho e os fatores de risco à saúde, existentes nas enfermarias de
clínica médica.
3. Analisar os problemas de saúde identificados pelo trabalhador de
enfermagem e a sua relação com as condições de trabalho por ele
descritas, em enfermarias de clínica médica.

A saúde do trabalhador é um tema emergente na atualidade. Possui relevância


não só em seus aspectos teóricos e econômicos, mas principalmente em seus aspectos
práticos. Todavia, nota-se uma grande deficiência de conhecimento dos profissionais
acerca deste assunto. A relevância deste estudo está em permitir aos trabalhadores
de enfermagem refletir sobre a natureza do trabalho que realizam e sua
organização, compreendendo que a permanente exposição a fatores de riscos pode
produzir doenças ou sofrimento decorrente do trabalho em hospitais: “E entre os
estudos realizados nesta área, há unanimidade sobre a influência e, ao mesmo
tempo, a complexidade das relações entre saúde e trabalho, requerendo a
construção de modelos novos e necessariamente interdisciplinares de investigação.”
(PITTA, 1994, p. 21).

Acredito que a consciência sobre a relação do trabalho de enfermagem com


as condições inerentes à sua atividade, contribuirá para encorajar os trabalhadores
de enfermagem a cuidarem e gerenciarem sua própria saúde, favorecendo
mudanças no estilo de vida que promovam saúde e bem estar, bem como satisfação
e crescimento profissional.
Este estudo se justifica pela presença de problemas identificados nas
condições existentes no meio ambiente do trabalho de enfermagem, já desvelados
por outros autores (HAAG, 1997; MAURO, 1991; PITTA, 1994; REIS, 2003; SILVA
FILHO, 1977; VIEIRA, 2003), o qual tem gerado adoecimento para os trabalhadores
de enfermagem, havendo, portanto, uma necessidade de produção de estudos
21

científicos com vistas a uma futura melhoria na saúde e bem estar desses
trabalhadores. Verifica-se, também, a existência de poucas pesquisas publicadas
sobre o assunto, focando trabalhadores de enfermagem numa determinada área de
atuação no contexto hospitalar.
Segundo Souto (2003), nos dias de hoje, as empresas necessitam valorizar o
seu capital humano e despertar para a relevância do conhecimento da saúde física e
mental dos trabalhadores. Esses territórios laborais são espaços importantes de
discussão para implantação de práticas que visem a mudança no meio ambiente do
trabalhado, reduzindo os riscos impostos e incrementando a satisfação do
trabalhador com seu local de trabalho.
Acredita-se que os resultados deste estudo disponibilizarão material científico
a todos os profissionais envolvidos na gestão de serviços de saúde, auxiliando na
construção de propostas participativas de promoção à saúde e ao bem estar do
profissional de enfermagem, fornecendo subsídios para um melhoramento das
condições e da organização desse trabalho.
22

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este estudo aborda trabalho e saúde, e condições de trabalho na


enfermagem.

1.1 Saúde do Trabalhador

A história do trabalho remete aos primórdios da humanidade. Para viver,


sobreviver e evoluir o homem superou dificuldades de cunho imediatista e as de
longo prazo. Desenvolveu o seu poder inventivo, e buscou, continuamente,
satisfazer suas necessidades de auto-realização (BULHÕES, 1986).

Nos dias atuais, o trabalho humano é sobretudo obrigatório. Trata-se de uma


atividade convencional que antigamente visava exclusivamente o sustento biológico.
Atualmente o trabalho é atividade sofisticada acompanhado à era tecnológica e
transformou-se em posição, em status que eleva e dá importância ao ser humano
(MIELNIK, 1976, p. 47).

Segundo Blanchar (1975 apud MAURO, 1991) o trabalho desempenha uma


função importante na vida do homem e deve preencher três objetivos fundamentais:
1. O trabalho deve respeitar a vida e a saúde do trabalhador; é o problema
da segurança e da salubridade dos locais de trabalho.
2. O trabalho deve deixar-lhe tempo livre para o descanso e lazer; é a
questão da duração do trabalho e de sua coordenação para a melhoria
das condições de vida fora do local de trabalho.
3. O trabalho deve permitir ao trabalhador sua própria realização pessoal,
ao mesmo tempo em que presta serviços à comunidade: é o problema
do tipo de atividade e da organização do trabalho.
Para que o trabalho venha a ser uma medida de valor nas sociedades
modernas, ou seja, para que se possa trocar o tempo por dinheiro, foi necessária
uma mudança na configuração de valores, uma transformação cultural lenta e
gradual ao longo dos séculos (SILVA; JARDIM, 1977).
Para Mielnik (1976) o homem não trabalhava apenas pelo salário que recebia,
também o fazia pela satisfação emocional profunda que sentia com a realização e o
resultado que colhia através do seu esforço.
23

O trabalho tornou-se para o homem fonte de satisfação psíquica, bem como de


realização social e status. Ele constitui um espaço importante de relações interpessoais
e de desenvolvimento dos conhecimentos e capacidades. Para Mauro (1997, p. 81):
É possível o homem desenvolver o seu ciclo de vida numa perspectiva saudável,
incorporando o trabalho como um sentimento pessoal, social e da saúde. E é
esperado que, no processo de crescimento, desenvolvimento e na função do ser
humano, na fase adulta, que este seja independente e se sustente.

O direito enuncia o trabalho fundamentalmente como o “direito-dever”: dever


de trabalhar, dever social de trabalhar. Moraes Filho (1956) cita o direito de trabalhar
não só como meio de assegurar a própria subsistência e a do núcleo familiar, mas
também, de ter acesso a outros bens, tais como a educação, a escola, a cultura, o
lazer, a saúde. É um direito público subjetivo, quer dizer, o cidadão pode exigir do
estado, políticas públicas que concretizem a oportunidade de trabalhos para todos e
não, apenas, para alguns.
Sendo o trabalho a atividade vital específica do homem, ele mediatiza a satisfação
de suas necessidades pela transformação prévia da realidade material, modificando
a sua forma natural, produzindo valores de uso. O homem é um agente ativo, capaz
de dar respostas prático-conscientes aos seus carecimentos, através da atividade
laborativa (IAMAMOTO 2001, p. 40).

O provimento das necessidades biológicas humanas é a função primordial do


trabalho. Entretanto, Mauro (1991) diz que existem funções de outras naturezas, tais
como:
a. O trabalho propicia o aplauso social, uma vez que o indivíduo que não
trabalha é mal visto pela sociedade;
b. O trabalho alivia a tensão emocional funcionando como uma válvula de
escape ou uma derivação para as emoções acumuladas;
c. O trabalho estimula a imaginação e ativa a criatividade porque afeta
poderosamente a atividade mental e estimula a inteligência, procurando
obter melhores formas de expressão da produtividade;
d. O trabalho condiciona o progresso e o bem-estar humano porque cada
trabalhador é considerado parte do processo de melhoria de sua
comunidade.
O trabalho pode ser visto sob vários ângulos, entre outros, o sociológico, o
jurídico, o político, o econômico, o filosófico. Em geral se dá mais ênfase ao trabalho
sob o aspecto econômico, como instrumento de produção de bens e serviços.
24

Para Marx (1986), o trabalho no capitalismo é determinado pela existência da


sociedade privada, dos meios de produção que implica na exploração do homem
pelo homem e pela lei fundamental desse tipo de sociedade, a lei da mais valia. 1
Todo trabalho, seja ele qual for, não pode ser concebido apenas como fruto do
castigo, como sinal de escravidão e muito menos como uma mercadoria, mas como
meio de que o homem se serve para “criar o mundo” que o cerca. Portanto, o
homem não pode “coisificar-se” ao integrar o mundo do trabalho. Ele não pode ser,
em qualquer que seja o regime de produção em que se insira, apenas uma peça, um
mecanismo que se substitui ou se reforça, que se coloca e ou que se tira, e cuja
depreciação se calcula e de que se desfaz quando se torna “não útil” (CASTRO,
1998, p. 73).

Ainda, segundo o autor, embora todo trabalho, em princípio, dignifique a


pessoa, há trabalhos, cujos objetos são tratados com mais dignidade do que o
homem. Os trabalhos, que têm como objeto a própria pessoa humana, têm uma
maior dignidade do que muitos outros. É o que se dá com o trabalho que tem por
objeto a saúde quando inserido em uma finalidade social.

1.1.1 Evolução da legislação sobre a saúde dos trabalhadores

A preocupação dos trabalhadores pela preservação da saúde no trabalho tem


uma trajetória histórica, com lutas específicas que alternam êxitos e fracassos por
melhores condições de trabalho.
Até o século XVII não havia nenhuma preocupação com a saúde do
trabalhador. O ano de 1633 marca o nascimento de Bernadino Ramazini, historiador,
poeta, filósofo, clínico, epidemólogo, médico e especialista em saúde pública.
Ramazini além de ser o primeiro a estudar com afinco as doenças profissionais,
descrevendo-lhes os sintomas com total propriedade, válidas até hoje, ele ainda
condenou a falta de ventilação e temperaturas indesejáveis, aconselhou as pausas,
o exercício e a postura correta e a prevenção da fadiga, ressaltando a importância
do ensino da Medicina do Trabalho a ser realizado no próprio ambiente do
trabalhador (BULHÕES, 1986).

1
Chama-se mais valia ao valor suplementar que o operário produz durante todo o tempo suplementar em que
continua a trabalhar depois de produzir o valor da sua força de trabalho. O aumento da mais valia absoluta pode
ser conseguido através da extensão da jornada de trabalho e do aumento da intensidade do trabalho. O aumento
da mais valia relativa é obtido com a redução do tempo de trabalho necessário para que o trabalhador crie um
valor equivalente ao de sua força de trabalho (MARX, 1986).
25

Foi, contudo, a introdução da máquina no trabalho que transformou


profundamente a sociedade na segunda metade do século XVIII. Vozes como a de
Byron, Shelley e Persival Thomas, aliadas ao clamor da opinião pública se fizeram
ouvir em favor dos trabalhadores mortos ou mutilados. Devido a essas pressões,
surge em 1802 a “lei da preservação da saúde” (BULHÕES, 1986).
A legislação sobre o trabalho no Brasil começa a ser implementada a partir do
final da década de 1910. E, em 1919 surge a 1ª Lei Acidentária – 15/01/1919 –
estabelecendo a responsabilidade patronal em casos de acidentes no trabalho (...).
Em 10/11/44 é decretada a 3ª Lei Acidentária, considerada até hoje a lei mais
completa quanto à proteção dos trabalhadores e seus dependentes. Ela surge nos
marcos do populismo de 1944, no Governo Vargas (REBOUÇAS, 1989).
Segundo Haag (1997) é em 1943 que a Consolidação das Leis dos Trabalhos
– CLT entra em vigor, constituindo um marco importante no campo da proteção legal
aos trabalhadores. É também nesse período, 1945, que surge a Organização
Mundial de Saúde – OMS – organização de proteção à saúde.
Na década de 60 é criado o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço –
FGTS. Os institutos de aposentadoria e pensões são unificados, surgindo o INPS,
hoje INSS, e o acidente de trabalho é assegurado.
Segundo Monteiro (1998, p. 10) acidente de trabalho é “aquele que ocorre
pelo exercício do trabalho provocando lesão corporal ou perturbação funcional que
cause a morte ou a perda ou redução da capacidade permanente ou temporária
para o trabalho”. Isso diz respeito também à causa que, não sendo única, tenha
contribuído para o resultado; pode ocorrer no local de trabalho, a serviço da
empresa e nos intervalos ou a caminho.
Além dos acidentes de trabalho, existem as doenças ocupacionais: são as doenças
resultantes da ocupação do trabalhador e podem ser segundo Mendonça (2001):
a) Doenças profissionais, isto é, doenças que resultam do exercício de uma
determinada profissão. Dada a sua tipicidade relacionada ao exercício
profissional peculiar a determinada atividade, prescinde da comprovação
do exercício da atividade, havendo presunção legal de que a doença é dela
decorrente.
b) Doenças do trabalho, isto é, aquelas desencadeadas em função de
condições especiais em que o trabalho é realizado sem ele ser relacionado
diretamente, por isso necessitam de comprovação do nexo causal.
26

Porém REBOUÇAS (1989) coloca que para a legislação brasileira, calcada no


conceito positivista, obediente aos interesses do capital e do órgão securitário e
compensador dos danos do trabalho, para a Previdência Social, só é doença do
trabalho, a doença “profissional” ou “ocupacional”, aquela em que é fisicamente
demonstrável a relação de causa e efeito entre trabalho e doença.
Considerando que a maioria dos agentes físicos e químicos, tanto quanto o
modo de organização e as relações do trabalho, o parcelamento da atividade e a
dupla apropriação do trabalho, desgastam o corpo e a saúde dos trabalhadores, de
forma lenta; as doenças do trabalho, mesmo as ditas profissionais, se desenvolvem
por meses e anos e podem evidenciar seus primeiros sinais quando o trabalhador não
mais exerce aquela atividade ou não mais trabalha (REBOUÇAS, 1989).
A fim de orientar as obrigações das empresas em relação ao trabalho, o
Ministério de Trabalho publicou em 08 de junho de 1978, a Portaria 3.214, contendo
28 Normas Regulamentadoras – NRs, que hoje são em maior número, incluindo a
NR 32, que estabelece medidas de proteção à saúde dos trabalhadores das
instituições prestadoras de serviços de saúde, sendo a primeira desse gênero.
As normas de segurança e medicina do trabalho (na antiga redação, higiene
do trabalho), constituem-se em dispositivos vitais na prevenção de acidentes e na
defesa da saúde do empregado, evitando o sofrimento humano e o desperdício
econômico lesivo às empresas e à economia do país (MENDONÇA, 2001).
Ficou estabelecido a partir da Portaria 34 de 11 de dezembro de 1987, que
em todo território nacional as empresas públicas ou privadas e órgãos da
administração direta ou indireta, com empregados regidos pela CLT, devem
obrigatoriamente ter serviço especializado em Segurança e Medicina do Trabalho –
SESMT, obedecendo à graduação de risco da atividade desenvolvida e o
quantitativo de pessoal do estabelecimento, conforme NR 4 (HAAG, 1997).
Assunção (2003) diz que na atualidade, criou-se um movimento considerado
processo de precarização do trabalho, por implicar mudanças nas relações de
trabalho, incluindo as condições de trabalho, e as relações de emprego que apontam
para maior instabilidade e insegurança para os trabalhadores.
Além da flexibilização da produção e da sua gestão, as relações de emprego
também são flexibilizadas à medida que passam a ser entendidas como a
possibilidade de se contratar trabalhadores sem os ônus advindos da legislação do
trabalho, que foi consolidada ao longo das últimas quatro décadas, pela proteção de
27

direitos e garantias mínimas, como 13º salário, férias, FGTS, entre outros
(ASSUNÇÃO, 2003).
A Constituição Brasileira incorpora o direito à saúde em nosso ordenamento
jurídico ao dispor:
Art. 196 – A saúde é direito de todos e dever do estado, garantido mediante políticas
sociais que visem redução do risco, de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e iqualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e
recuperação (BALERA, 1992, p. 17-18).

Para Rebouças (1989, p. 22) “saúde não é um estado, mas reflexo dinâmico
da vida e da sociedade, tanto a nível individual quanto coletivo.”
Na declaração de ALMA ATA sobre atenção primária de saúde (APS), de
1978, foi recomendado que a atenção à saúde deveria ser prestada o mais perto
possível do lugar onde moram e trabalham as pessoas. Também se recomendou,
entre outras coisas, que se desse prioridade aos trabalhadores expostos a riscos
(ICN, 1989).
A relação risco-doença é considerada quando se trata de fatores específicos,
mas grande parte dos problemas de saúde ligados ao trabalho não é específica.
Para Rebouças (1989), com o avanço técnico-científico e a organização
científica do trabalho, o desgaste da força de trabalho se externa sob formas mais
sutis, revelando-se através de distúrbios orgânicos, psico-orgânicos ou psíquicos
que podem evoluir para doenças caracterizadas e diagnosticadas por exames
médicos e biológicos, sem que se possam individualizar suas causas. Hipertensão,
infarto, doenças coronárias, gastrites, úlceras, neuroses, psicoses, asmas, todas
elas, de um ou outro modo, tidas como doenças do “stress” ou tensão podem ter e
certamente têm relação com o trabalho, na forma em que é organizado, parcelado e
apropriado, a sua principal causa, embora ele não seja, necessariamente,
identificado como tal.
O autor ainda esclarece que além daqueles fatores relacionados com a
organização do trabalho, constituem fontes de tensão e desgaste emocional, o risco
de acidente e intoxicação por produtos químicos, pois significam para o trabalhador
uma ameaça permanente à sua integridade física e ainda a constante exposição ao
barulho, calor e a adoção de posturas forçadas e incômodas.
O efeito do trabalho sobre a saúde é muitas vezes silencioso e não
apreendido pelo saber estritamente médico.
28

Para Dejours (1992) a forma como se reveste o sofrimento psíquico do


trabalhador varia com o tipo de organização do trabalho. Contra a angústia do
trabalho, assim como contra a insatisfação, os operários elaboram estratégias
defensivas, de maneira que o sofrimento não é imediatamente identificável. Assim,
disfarçado ou mascarado, o sofrimento só pode ser revelado por meio de uma capa
própria a cada profissão, que constitui, de certa forma sua sintomatologia.
Segundo Assunção (2003), a relação saúde e trabalho não dizem respeito
apenas ao adoecimento, aos acidentes e ao sofrimento. Para os trabalhadores, a
saúde é construída também pelo trabalho. Em primeiro lugar, porque ao conseguir
os resultados desejados pela hierarquia, sem contar com as condições ideais, e ao
dar conta das demandas complexas, inusitadas e não previstas, os trabalhadores
reafirmam a sua auto-estima, desenvolvem as suas habilidades e expressam as
suas emoções.

1.2 Trabalho de Enfermagem

1.2.1 A enfermagem como profissão

A profissão de enfermagem está relacionada à prática de cuidados, uma das


mais antigas da história da humanidade, e foi esta prática que garantiu a
continuidade da vida e da sobrevivência da espécie (COLLIERE, 1999). Existem
relatos muito antigos deste fazer, em sua maioria relacionados com a história
religiosa.
Pitta (1994) afirma que as primeiras vocações para o cuidado dos enfermos
surgiram no âmbito da religião, fato confirmado por Pires (1998) quando cita que os
hospitais, até o século XVIII, eram instituições de caráter essencialmente religioso,
nos quais os doentes mais pobres eram atendidos.
É no século XIX, na Inglaterra, que surge a enfermagem enquanto uma
prática para possibilitar a recuperação do indivíduo doente. A enfermagem se
institucionaliza justamente com a transformação do hospital. Para Almeida, (1997, p.
19): “essas novas necessidades sociais emergiram com o capitalismo; era
necessário controlar a escassez de força de trabalho, e a saúde foi um dos
mecanismos para possibilitar o projeto maior e assim cuidar da força de trabalho”.
29

Melo (1986) afirma que é dentro deste novo hospital que ocorre a reforma da
enfermagem: há uma separação da prática religiosa da prática técnico-profissional.
Foi com Florence Nightingale em 1854, após servir como voluntária nos
hospitais militares ingleses, na guerra da Criméia, que a enfermagem começou a
tomar caráter profissional. Ela foi a responsável pela formação das primeiras
enfermeiras profissionais, também chamadas “ladies nurses”, pertencentes às
classes sociais mais elevadas. Estas eram responsáveis pelo treinamento e
supervisão de outras mulheres, as “nurses”, de classe social inferior, que exerciam o
cuidado direto ao paciente. Com Florence, surgiu a enfermagem científica, com suas
características: fragmentação do trabalho, divisão de tarefas, hierarquização; um
trabalho nos moldes da administração taylorista.
Muitos dos princípios de Taylor serviram como base para a organização do
trabalho na enfermagem: separação entre as funções de coordenação e execução,
parcelamento das atividades de quem executa com a existência de uma unidade de
comando, tão característico da prática da enfermagem (MELO, 1986).
Desde o início, o trabalho de enfermagem se apresentou com caráter
fragmentário, hierárquico e coletivo. A participação essencialmente feminina, oriunda
de segmentos sociais questionáveis (religiosas, damas e mulheres da vida
mundana) fez da profissão uma atividade com problemas sociais (MACHADO,
1999). Além disso, as novas enfermeiras, exigiram do governo um reconhecimento
oficial do curso de enfermagem e a melhoria das suas condições de trabalho.
Embora o movimento tenha sido contestado por Florence, a qual atribuía a profissão
o espírito vocacional e submisso, a profissão nasceu também com outra
característica: trabalho assalariado sob o modo de produção capitalista (MELO,
1986).
Pires (1998, p. 85), também afirma que: “a enfermagem, desde a sua
organização como profissão, é predominantemente subordinada e assalariada.”
Segundo Melo (1986), o desenvolvimento da profissão de enfermagem dentro
do hospital determina uma grande divisão do trabalho entre as profissões ali
existentes. O surgimento da enfermagem moderna se dá com uma divisão do
trabalho médico, em que as tarefas manuais passam a ser de atribuição da
enfermagem, revestidas do desenvolvimento tecnológico sob o poder da prática
médica. O poder antes exercido pelos religiosos passa para o médico, novo detentor
do saber e responsável pela organização hospitalar. Para Agudelo (1995), na
30

relação de trabalho exercida pelos trabalhadores de saúde, o trabalho médico possui


a máxima autonomia e exerce grande poder institucional.
Na verdade, a questão da autonomia técnica é de fato um problema adicional
para a enfermagem. Para Machado (1999), a profissão tem uma atividade com forte
conteúdo prático e reduzida autonomia profissional. A autora reforça esta afirmativa
quando cita no seu estudo que “a enfermagem se vê com forte dependência do
trabalho médico”. Para ela embora a enfermagem tenha adquirido enorme
conhecimento empírico do ambiente de trabalho e domínio do quotidiano do
paciente, constituindo um vasto e rico campo de prática, isto não resultou no
monopólio do conhecimento desta realidade, tornando-a frágil perante a
concorrência no mercado de serviços de saúde.
Para Pires (1998), o trabalho de enfermagem, nas instituições desenvolve-se
com alguma autonomia, mas está subordinada às regras de funcionamento e
legislação relativa à saúde e ao exercício das profissões.
Tal fato para Machado (1999) fez da enfermagem uma profissão com forte
necessidade de apoio de equipe adicional – equipe de enfermagem – hierarquizada
e subordinada tecnicamente aos profissionais diplomados: os enfermeiros.
Os enfermeiros assumem a gerência do trabalho assistencial de enfermagem,
controlando a globalidade do processo de trabalho e delegando tarefas parcelares
aos demais trabalhadores de enfermagem (PIRES, 1998, p. 85).
Segundo dados atualizados do Conselho Federal de Enfermagem são
aproximadamente 800 mil trabalhadores de enfermagem sendo que 13% são
enfermeiros (COFEN, 2004).
De acordo com a Lei nº 7498/86, é função do enfermeiro, exercer todas as
atividades de enfermagem, cabendo-lhe privativamente a direção de órgãos de
enfermagem e chefia de serviço e de unidade de enfermagem, a organização e
direção de serviços de enfermagem, consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre
matéria de enfermagem, consulta de enfermagem, prescrição da assistência de
enfermagem, cuidados diretos a pacientes graves com risco de vida e a realização de
cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica, entre outras atividades. Aos
técnicos de enfermagem cabe especialmente a participação na programação da
assistência de enfermagem, a execução de ações assistenciais de enfermagem,
exceto as privativas do enfermeiro, a participação na orientação e supervisão do
trabalho de enfermagem em caráter auxiliar e participação na equipe de saúde. Aos
31

auxiliares de enfermagem cabe as atividades mais repetidas: observar, reconhecer e


descrever sinais e sintomas, executar ações de tratamento simples, prestar cuidado
de higiene e conforto do paciente e participação na equipe de saúde.
Diante do que preconiza a lei, fica claro a divisão do trabalho de enfermagem,
porém, na realidade da prática, algumas atividades atribuídas com exclusividade ao
enfermeiro, como por exemplo: “as atividades de maior complexidade”, são
executadas pelos técnicos ou auxiliares de enfermagem. No estudo de Peduzzi
(2002), ela destaca que no Brasil, a maioria das atividades de assistência ao
paciente é realizada pelo pessoal auxiliar (técnico de enfermagem, auxiliar de
enfermagem, atendente de enfermagem), ficando para os enfermeiros as atividades
de ensino, supervisão e administração. Ela cita:
Os enfermeiros participam apenas eventualmente do cuidado, pois se ocupam de
um elenco muito diversificado de ações centradas no planejamento da assistência e
em criar condições adequadas para que esta seja executada pelos auxiliares
(PEDUZZI, 2002, p. 79).

Há uma grande variabilidade de funções e atividades no trabalho de


enfermagem que se sobrepõe entre os trabalhadores de enfermagem, tornando-o
confuso e gerando diferenças entre o trabalho prescrito e o trabalho real.
Peduzzi (2002) constatou que quando os auxiliares de enfermagem fazem
referência à participação das enfermeiras nos cuidados diretos, interpretam sua
colaboração como trabalho equivalente ao seu. Não são consideradas as diferenças
técnicas que existem objetivamente, na divisão do trabalho de enfermagem.
Para Machado (1999), tal fato faz da enfermagem uma profissão que
experimenta na sua própria estrutura interna, forte concorrência, não só na divisão
de trabalho como na disputa por mercado de serviços de enfermagem, dificultando a
especificação dos diferentes papéis e, portanto, sua profissionalização.

1.2.2 Condições do trabalho de enfermagem

Por condições de trabalho se entende o conjunto de fatores que atuam sobre


o indivíduo no ambiente de trabalho (AGUDELO, 1995, tradução nossa).
Segundo Marx (1986), condições de trabalho representam todas aquelas
condições materiais que concorrem para o desenvolvimento do processo de
trabalho, as quais não se identificam diretamente com o referido processo, mas sem
as quais, este não poderia ser executado, ou o seria de modo imperfeito.
32

A inexistência de boas condições de trabalho é o motivo explícito dos conflitos


de trabalho nas instituições hospitalares, segundo Bulhões (2001).
Para a autora, a atividade realizada pelo trabalhador pode ter conseqüências
sobre seu estado físico, mental e psicológico, gerando insatisfação, desconforto,
cargas de trabalho, fadiga, estresse, doenças, acidentes de trabalho e erros.
Vários autores têm apontado o trabalho de enfermagem como importante
fator para o desencadeamento do desgaste físico e sofrimento psíquico (ARAÚJO,
2003; BULHÕES, 1998; LISBOA, 1998; MARANHÃO, 2000; MAURO, 2001; REGO,
1993; SILVEIRA, 2001). São trabalhos que têm por objeto mostrar a relação entre a
atividade desempenhada e manifestações físicas, psíquicas apresentadas por esses
trabalhadores.
As condições de trabalho da enfermagem podem ser caracterizadas como
altamente desgastantes: sobrecargas de tarefas, jornadas prolongadas, turnos
rotativos, trabalho noturno sem repouso ou com poucas horas de descanso e falta
de lugar próprio para tal fim, nos serviços. Além disso, os trabalhadores de
enfermagem estão expostos permanentemente a riscos biológicos, químicos, físicos
e nos dias de hoje pode-se acrescentar o risco de perder a vida, quando se trabalha
em instituições expostas a situações de violência de diferentes ordens.
Acrescido a esses fatores estão as carências institucionais em recursos
materiais, humanos, e manutenção de equipamentos, contribuindo para o desgaste
laboral do trabalhador de enfermagem, que causa deterioração progressivamente
dos serviços de saúde, em especial dos públicos, impactando a qualidade da
assistência aos usuários dos serviços.

1.2.3 Riscos no trabalho de enfermagem

O principal meio ambiente de trabalho do pessoal de enfermagem é o


hospital. Em virtude dos baixos salários, perspectivas de duplo emprego, muitos
trabalhadores de enfermagem permanecem nesse ambiente a maior parte do tempo
e conseqüentemente expostos aos riscos por um período maior.
Segundo Bulhões (1998): os trabalhadores de enfermagem tornam-se
vulneráveis aos riscos no ambiente hospitalar, por força de algumas características
que lhe são próprias, como:
33

• O maior grupo individualizado de profissionais de saúde;


• Presta assistência ininterrupta, 24 horas por dia;
• Responsável pela execução de cerca de 60% das ações de saúde;
• Categoria que mais entra em contato físico com os doentes;
• É por excelência uma profissão feminina;
• Bastante diversificada em sua formação profissional.
Bulhões (1998) explica que no ambiente de trabalho, o risco ocupacional pode
ser ou estar: oculto, latente ou real. Oculto quando o trabalhador por falta de
conhecimento ou informação não sabe de sua existência; latente quando o risco
existe, o trabalhador sabe que está exposto a ele, e este só se manifesta e causa
danos em situações de emergência, estresse ou a longo prazo; é real quando ele é
conhecido de todos, porém sem possibilidades de controle. A autora esclarece que o
risco latente é muito comum no dia-a-dia da profissão de enfermagem: tão ou mais
grave é o risco real que poderia ser evitado com adoção de medidas preventivas,
como, por exemplo, as lombalgias.
Os riscos ocupacionais, segundo Bulhões (1998) são classificados, de acordo
com a natureza destes em:
1. Riscos físicos: ruídos, vibrações, radiações ionizantes e não ionizantes, frio,
calor, pressões, umidade etc.
2. Riscos químicos: poeira, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores, produtos
químicos, quimioterápicos.
3. Riscos biológicos: vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas, bacilos.
4. Riscos ergonômicos: levantamento de peso, postura inadequada, controle
rígido de produtividade, ritmos excessivos, trabalho noturno, jornadas
longas, monotonia, estresse físico e psíquico.
5. Riscos de acidentes: local físico inadequado, máquinas sem proteção,
ferramentas inadequadas, iluminação inadequada, eletricidade, animais
peçonhentos.

Estes riscos coincidem com a classificação do Ministério do Trabalho


definido na NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, que tem
como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de
modo a tornar compatível o trabalho com a preservação da vida e a promoção da
saúde do empregado.
34

Para Bulhões (1998, p. 173), os riscos biológicos, físicos e químicos,


presentes no meio hospitalar, são os principais causadores da insalubridade e da
periculosidade do trabalho de enfermagem em hospitais: “quando não devidamente
controlados, esses agentes causam inúmeros acidentes e doenças profissionais ou
do trabalho.”
Para Alves (2002), a questão da insalubridade deve ser melhor analisada pela
CLT, considerando de fato, o ambiente de forma mais global, incluindo a natureza do
trabalho, a organização científica do trabalho, as técnicas e tecnologias
empregadas.

1.2.4 Fatores de penosidade do trabalho de enfermagem

Para Bulhões (1998) o trabalho de enfermagem, além de insalubre e perigoso


(periculosidade), é penoso, embora a legislação brasileira ignore tal fato. Como
penosidade, a autora compreende o sofrimento que decorre dos elementos
envolvidos na carga de trabalho.
Quando se fala em cargas de trabalho, segundo Brito; Firpo (1992), é um
conceito utilizado pela ergonomia que busca sintetizar a idéia de que, no nível dos
processos de trabalho, a saúde dos trabalhadores é uma conseqüência da relação
entre o trabalhador e sua atividade de trabalho. Explicitando melhor a compreensão,
os autores explicam que o trabalhador ao realizar uma atividade específica, ele
enfrenta uma série de dificuldades, gerando processos de adaptação que se
traduzem em desgaste.
No estudo de Silva (1998), fundamentado no referencial teórico metodológico
operacional desenvolvido por Laurell; Noriega:

Essa relação trabalho-saúde expressa-se no corpo biopsíquico dos trabalhadores de


enfermagem pelo desgaste por eles sofrido, provocado pela exposição às cargas de
trabalho, geradas nos processos de trabalho, submetidos que estão aos processos
de valorização da produção em saúde na sociedade capitalista (SILVA, 1998, p.
604).

Laurell; Noriega (1989), distinguem dois tipos de cargas: as cargas de


materialidade externa: cargas biológicas, físicas, químicas e mecânicas; e as cargas
de materialidade interna que constituem as cargas fisiológicas e psíquicas.
Dentre os autores consultados (AVENDAÑO, 1997; BULHÕES, 1998;
DEJOURS, 1994; LAURELL; NORIEGA, 1989; SILVA, 1998), há diferentes
35

classificações teóricas sobre o significado de cargas de trabalho. Para melhor


compreensão da penosidade do trabalho de enfermagem, cito os fatores
relacionados com as respectivas cargas físicas mentais e psíquicas do estudo de
Bulhões (1998).
Para a autora, a carga física está relacionada com distâncias e deslocamentos,
postura, posições incômodas e repetidas, levantamento, sustentação e transporte de
cargas, elevação da temperatura corporal. A carga mental está ligada às interrupções
numerosas e freqüentes, erros, nível de iluminamento, nível sonoro, complexidade e
multiplicidade de informações a tratar, comunicações numerosas. E carga psíquica
decorre da confrontação com sofrimento, incapacidade, morte, falta de reconhecimento
por parte de colegas e chefes, brevidade nas comunicações com doentes e colegas,
trabalho noturno e em turnos alternados, trabalho contínuo, falta de participação nas
decisões, condições de penúria imposta pelos baixos salários, entre outros.
Como conseqüência das cargas de trabalho, muitos são os efeitos negativos
sobre a saúde dos trabalhadores de enfermagem como a exaustão, fadiga,
lombalgias, distúrbios da memória e da atenção que predispõem o trabalhador ao
acidente; distúrbios de humor, irritabilidade, ritmo do sono, seguidos de distúrbios
somáticos como cefaléia, taquicardia, pirose gástrica e distúrbios tipo colítico. Pode
surgir ansiedade, consumo de álcool e drogas entre outros (ALVES, 2002).
Alguns estudos vêm apontando o absenteísmo, aparecimento de doenças,
relacionados a fatores ligados à organização e condições do trabalho de
enfermagem. Dentre eles há o de Reis (2003), que investigou os fatores
relacionados ao absenteísmo por doenças em profissionais de enfermagem num
hospital universitário de Minas Gerais. Cerca de 57,6% da população estudada
afastou-se de suas atividades laborais pelo menos uma vez no período de doze
meses. Os grupos com maior demanda foram técnicos de enfermagem e do sexo
feminino. O estudo de Araújo (2003) objetivou avaliar a ocorrência de distúrbios
psíquicos menores entre trabalhadoras de enfermagem num hospital de Salvador,
cujos resultados evidenciaram a prevalência de 33,3% de Distúrbios Psíquicos
Menores, variando de 20% entre enfermeiras a 36,4% entre auxiliares de
enfermagem. Vale ressaltar neste estudo que a maioria das trabalhadoras de
enfermagem tem mais de dez anos na ocupação e duplo emprego, indicando
demandas elevadas do trabalho em enfermagem.
36

Este estudo denota sérios problemas de saúde mental na população


estudada. Em estudos semelhantes em trabalhadores de hospital, Pitta (1994),
encontrou prevalência de 20,8% de Distúrbios Psíquicos Menores. Estes estudos
comprovam que a alta exigência do trabalho é fator preditor para problemas
psicossociais no trabalho.
Na pesquisa de Silva (1998), a autora buscou a compreensão do processo
saúde-doença, considerando que a exposição dos trabalhadores de enfermagem a uma
diversidade de cargas que gera processos de desgaste não tão facilmente
evidenciados. Como resultado foi conformado um perfil de morbidade onde se
sobressaiu os ferimentos perfuro cortantes e os problemas ósteo-músculo-articulares.
Bulhões (1998) cita na sua obra, um estudo realizado com 1238 enfermeiras
francesas, as quais foi solicitado que respondessem o que elas consideravam mais
penoso no seu trabalho. Foram descritas 2993 penosidades.
Concordando com Laurell & Noriega (1989, p. 122), entendemos que a
exposição dos trabalhadores de enfermagem às cargas de trabalho gera processos
de desgaste. Nesta perspectiva, o trabalho de enfermagem é um processo técnico
que envolve o cuidar e administrar, gerando cargas de trabalho que ocasionam o
desgaste destes trabalhadores.
Neste contexto, cabe refletir sobre a nossa prática e como estamos inseridos
neste processo saúde-doença-trabalho. Segundo Ferreira (2000), o conhecimento é
imprescindível para gerar a transformação, bem como a conscientização do
trabalhador neste processo.

1.3 O Trabalho de Enfermagem e a Ergonomia

Diante das inadequadas condições de trabalho oferecidas aos trabalhadores


nos hospitais de muitos países, a Organização Internacional do Trabalho (OIT),
desde a década de 40, tem considerado o problema como tema de discussão e tem
feito recomendações referentes à higiene e segurança com a finalidade da
adequação das condições de trabalho aos trabalhadores.
O princípio consagrado nas convenções internacionais de que o trabalho deve
adaptar-se ao homem estabelece-se com o surgimento da ergonomia a partir de 1950.
A definição de ergonomia dada pela Associação Brasileira de Ergonomia –
ABERGO, em 1998, diz:
37

Ergonomia é a disciplina científica que trata da compreensão das interações entre os


seres humanos a outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica teorias,
princípios, dados e método, a projetos que visam otimizar o bem-estar humano e a
performance global dos sistemas. A Ergonomia visa adequar sistemas de trabalho
às características das pessoas que nele operam (RIO; PIRES, 2001, p. 31).

Pode-se afirmar que a ergonomia tem por objeto a adaptação e melhoria das
condições do trabalho ao homem, tanto em seus aspectos físicos como nos
psíquicos e sociais, mas a ergonomia reconhece que, enquanto não se consegue
adaptar o trabalho totalmente ao ser humano, é necessário que se adotem medidas
de adaptação das pessoas ao trabalho (RIO; PIRES, 2001).
Estryn-Behar e Poinsignon (1989) descrevem no seu estudo os fatores que
interferem nas condições de trabalho hospitalar: o desenvolvimento rápido e
contínuo da tecnologia médica, a grande variedade de procedimentos e exames
realizados, o aumento constante do conhecimento teórico e prático exigido na área
de saúde, a especialidade do trabalho, a hierarquização, o ritmo e o ambiente físico,
o estresse e o contato com o paciente, a dor e a morte. Para as autoras estes
fatores potencializam a carga de trabalho, ocasionando riscos à saúde física e
mental dos trabalhadores do hospital.
Nesse sentido, a abordagem ergonômica para análise da situação de trabalho
de enfermagem tem sido utilizada por estudiosos no mundo todo. No Brasil, Mauro
(1976) foi a pioneira em utilizar os princípios ergonômicos para analisar o trabalho de
enfermagem.
Segundo Mauro (2001), é a metodologia ergonômica que, no hospital, auxilia
os estudos da interação dos fatores individuais (fadiga, rigidez, idade, treinamento),
as circunstâncias do trabalho (organização do trabalho, escalas, mobiliário, planta
física, equipamentos, comunicação), o apoio psicológico dentro da equipe de
trabalho e as questões ambientais que afetam o desempenho do trabalho.
Existem Normas Regulamentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho que
integram a legislação brasileira referente à saúde dos trabalhadores e também
ajudam na compreensão dos processos de trabalho. Uma delas, a NR-17 (Portaria
nº 3.751, de 23/11/90) é dedicada à ergonomia. Esta norma regulamentadora visa
estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um
máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente (MENDONÇA, 2001).
38

Dessa forma, considera-se que os princípios ergonômicos e sua


aplicabilidade junto à análise do trabalho em instituições hospitalares contribuam
para as melhorias das condições de trabalho na enfermagem.
É com apoio da Ergonomia que este estudo busca a compreensão das
condições de trabalho de enfermagem no hospital selecionado.
39

2 METODOLOGIA

2.1 Tipologia do Estudo

Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa, fundamentado


em referenciais ergonômico, epidemiológico e humanista, uma vez que os
conhecimentos sobre os indivíduos só são possíveis com a descrição da experiência
humana, tal como ela é vivida e tal como ela é definida por seus próprios autores
(POLIT, 1995). Baseado no mesmo autor, esta é uma investigação descritiva
porque, a finalidade dos estudos descritos é observar, descrever e documentar os
aspectos da situação... A descrição quantitativa envolve a predominância, a
incidência, o tamanho e os atributos mensuráveis de um fenômeno.
O direcionamento descritivo, segundo Santos e Clos (1998, p. 12) é uma
investigação onde ocorre “um delineamento da realidade uma vez que esta
descreve, registra, analisa e interpreta a natureza atual ou processos dos
fenômenos...”. Segundo Triviños (1990), este tipo de estudo reside no desejo de
conhecer a comunidade, seus traços característicos, seus problemas e seus valores.
Na abordagem quantitativa, segundo Leopardi (2001), o interesse está em
fatos objetivamente detectados e observáveis, seja em sua produção, seja em seu
desenvolvimento. É utilizada quando se tem um instrumento de medida utilizável e
válido, deseja-se assegurar a objetividade e a credibilidade dos achados, os
instrumentos não colocam em risco a vida humana, a questão proposta indica a
preocupação com quantificação quando necessita comparar eventos, ou quando for
desejável replicar estudos.

2.2 Campo da Pesquisa

O estudo foi realizado em um hospital universitário, localizado no município do


Rio de Janeiro.
Para melhor entendimento traço um perfil do hospital com o objetivo de
contextualizar o local onde ocorrem as atividades laborativas dos profissionais
envolvidos na pesquisa. Caracterizado como um hospital de grande porte, com
aproximadamente 600 leitos, considerado centro de excelência e referência para o
Estado do Rio de Janeiro na área de ensino, assistência e pesquisa. Possui área
40

física de 45 mil metros quadrados, sendo um prédio de 06 andares e vários anexos.


Presta serviço em mais de 60 especialidades e subespecialidades da área médica,
as quais se completam com a assistência multiprofissional.
O serviço de clínica médica possui 15 unidades de internação, dentre as
quais, 04 recebem a classificação de “clínicas básicas”. As demais são denominadas
clínicas médicas especializadas: pneumologia, cardiologia, neurologia, dermatologia,
hematologia, psiquiatria, nefrologia, adolescentes, DIP (doenças infecto
parasitárias), unidade coronariana e CTI adulto.
Atualmente, a instituição é mantida com recursos do Ministério da Educação e
o Sistema Único de Saúde – SUS, porém o hospital enfrenta há alguns anos uma
difícil situação econômico-financeira considerando que estes recursos atualmente
repassados para o hospital são insuficientes para a sua manutenção. Tais
circunstâncias contribuem para ambientes de trabalho, especialmente no serviço de
clínica médica, com difíceis condições de trabalho (falta e/ou manutenção de
equipamentos, mobiliários hospitalares defeituosos e/ou quebrados, falta de
materiais etc), inadequação dos postos de trabalho e insegurança nos ambientes
(riscos ocupacionais).
Considerando o estudo sobre condições de trabalho, saúde, conforto e
direitos humanos de trabalhadores de enfermagem realizado nas quatro unidades
básicas de clínica médica deste hospital, optou-se por realizar este estudo em outras
quatro unidades de clínica médica especializadas, a saber: pneumologia,
dermatologia, neurologia e doenças infecto parasitárias.
Estas unidades de internação, campo da realização da pesquisa, localizam-se
no segundo andar desse hospital.
A unidade de pneumologia tem capacidade para 17 leitos de internação, sendo
09 leitos para a clientela masculina e 08 para clientela feminina. Os clientes têm mais
de 18 anos de idade com patologias respiratórias agudas e crônicas, de longa, média
e curta permanência. Anexas à enfermaria existem três salas, nas quais a equipe de
enfermagem atua no atendimento aos clientes: sala de broncoscopia, sala de
reabilitação respiratória e sala de prova de função respiratória.
A unidade de dermatologia tem 12 leitos, distribuídos entre a clientela
masculina e feminina conforme a demanda de internação. Presta atendimento a
clientes adultos com patologias dermatológicas agudas e crônicas geralmente com
tempo de permanência que varia de médio e longo.
41

A unidade de neurologia tem capacidade para 18 leitos, porém por falta de


médicos especialistas na área, atualmente tem 06 leitos para clientela masculina e
06 leitos para clientela feminina. Presta atendimento a pessoas com patologias
neurológicas, na sua maioria com grau de dependência total dos cuidados de
enfermagem.
A unidade de doenças infecto parasitárias (DIP) tem capacidade para 12
leitos e 03 quartos de isolamento. Presta atendimento a clientes com diferentes
patologias infecto-contagiosa.
A carga horária dos trabalhadores de enfermagem neste hospital é de 32
horas e 30 minutos ou 40 horas semanais, distribuídas em plantões diurnos ou
noturnos de 12 horas por 60 horas de descanso, ou o cumprimento da carga horária
como diarista, pela manhã (07:00 às 13:30h) ou turno manhã/tarde (07:00 às
16:00h), de segunda a sexta-feira.

2.3 Amostra

A amostra do presente estudo foi constituída por trabalhadores de


enfermagem, que desenvolvem suas atividades laborativas nas dependências das
unidades de clínica médica especializadas: pneumologia, dermatologia, neurologia e
doenças infecto-parasitárias.
Os trabalhadores de enfermagem prestadores de serviço com menos de seis
meses de atividades laborais nas referidas unidades, foram excluídos deste estudo e
incluídos aqueles com mais de seis meses de trabalho nestas unidades.
As escalas de serviço nos meses de agosto e setembro, correspondentes aos
meses de coleta de dados, apresentavam um total de 82 trabalhadores de
enfermagem, conforme se pode verificar no quadro 01 a seguir.
42

SETOR ENFERMEIRO RESIDENTE DE AUX. ASS TOTAL


ENFERMAGEM ENFERMAGEM
PNEUMOLOGIA 01 01 19 - 21

DIP 06 01 19 - 26

DERMATOLOGIA 01 01 11 01 14

NEUROLOGIA 01 - 19 01 21

TOTAL 09 03 68 02 82

Quadro 1: Demonstrativo de recursos humanos das unidades especializadas de clínica


médica / Hospital Universitário Pedro Ernesto / RJ.

Fonte: Escala de Serviço – Seclin – Ago/2005

A amostra foi composta de 41 trabalhadores de enfermagem, visto que no


momento da coleta de dados, identificamos 21 auxiliares de enfermagem
prestadores de serviço com menos de seis meses de atividades laborais no setor de
trabalho, 08 trabalhadores de enfermagem licenciados por licença médica e 02
trabalhadores que se recusaram participar da pesquisa, alegando motivos pessoais,
nada tendo contra a pesquisa e/ou pesquisadora.

2.4 Coleta de Dados / Instrumento

Os dados foram obtidos através das informações prestadas pelos


trabalhadores em resposta ao questionário aplicado pela própria pesquisadora no
período de agosto a setembro de 2005.
O questionário utilizado, composto de quatro partes, abordou as seguintes questões:
1. Características sócio-culturais-econômicas-laborais dos trabalhadores de
enfermagem (apêndice b).
2. Questionário sobre condições de trabalho (apêndice c).
3. Questionário sobre problemas de saúde do trabalhador (apêndice d).
4. Questionário sobre o interesse dos trabalhadores na prevenção dos riscos
no trabalho (apêndice e).
43

Na primeira parte do questionário foram consideradas as diferentes variáveis a


fim de estabelecer o perfil da equipe de enfermagem (apêndice b): dados de
identificação (sexo, idade, estado civil, carga horária, faixa salarial, etc.); o trabalho na
enfermagem; informações sobre a família e cuidados com sua saúde, totalizando 39
perguntas.
Para Du Gas (1984), ao avaliar o estado de saúde de um indivíduo, é
importante compreender o contexto social em que o mesmo vive. Ela afirma que em
todas as sociedades, assim como nos subgrupos existentes são observadas certas
normas ou padrões, em relação à saúde e à enfermidade... Os costumes, as
tradições e os hábitos de uma sociedade ditam, também, comportamentos aceitáveis
em relação à saúde e à enfermidade.
O questionário sobre condições de trabalho (apêndice c), contém 33 variáveis
relacionadas a riscos ocupacionais, tais como ergonômicos, físicos, químicos,
biológicos e de acidentes. Os sujeitos da pesquisa deveriam assinalar no
questionário os itens, de acordo com sua percepção, atribuindo a cada um deles um
valor de freqüência das condições de trabalho na unidade de clínica médica na qual
desenvolve suas atividades laborais.
No questionário sobre problemas de saúde do trabalhador (apêndice d), há 32
variáveis de problemas de saúde que foram identificados pelos sujeitos como
existentes ou não, e aqueles existentes deveriam ser relacionados às condições de
trabalho.
Sucessivamente, aplicamos também o questionário sobre o interesse dos
trabalhadores na prevenção de riscos (apêndice e).
Antes de proceder à coleta de dados, solicitamos autorização, por escrito, à
direção da instituição e à coordenadoria de enfermagem para realização da
pesquisa, a qual também foi submetida à avaliação e aprovação pelo comitê de ética
e pesquisa da Instituição.
No momento da entrega do questionário, os participantes foram esclarecidos
pela pesquisadora sobre os objetivos e a importância do estudo e apresentado o termo
de consentimento livre e esclarecido (apêndice a), em concordância à Resolução 196
de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde que
trata da pesquisa envolvendo seres humanos (GAUTHIER, 1998).
44

A pesquisadora permaneceu no campo aguardando a devolução dos


questionários e esclarecendo possíveis dúvidas quanto ao seu preenchimento. A
coleta foi realizada conforme os respectivos turnos de trabalho.

2.5 Tratamento dos Dados

Para o tratamento utilizou-se o programa EPI-INFO. Os dados coletados dos


questionários foram organizados e analisados utilizando análise estatística descritiva
simples. Os dados tabulados estão organizados sob a forma de tabelas e/ou
gráficos, representados por associações numéricas absolutas e relativas por
percentuais.
45

3 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

A partir dos dados levantados e interpretados, os mesmos foram organizados


em quatro grupos principais, a saber:
- 3.1 Características do perfil profissional dos trabalhadores de enfermagem.
- 3.2 Condições do ambiente de trabalho e os fatores de risco ocupacionais
nas unidades especializadas de clínica médica.
- 3.3 Problemas de saúde relacionados com as condições de trabalho.
- 3.4 Interesse dos trabalhadores na prevenção dos riscos no trabalho.

3.1 Características do perfil profissional dos trabalhadores de enfermagem


que atuam em clínica médica

Com o objetivo de obter o perfil dos profissionais, foram levantados dados


referentes à idade, estado civil, número de filhos, categoria profissional, carga
horária semanal, faixa salarial, entre outros, e os cuidados que os profissionais têm
com a sua própria saúde e estilo de vida.

3.1.1 Identificação dos trabalhadores de enfermagem

Masculino
27%

Feminino
73%

Gráfico 1 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação ao sexo -


Unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro, 2005.
Fonte: Pesquisa de campo

Ao analisar os dados do Gráfico 1, percebe-se que 73% dos sujeitos da


pesquisa são do sexo feminino, fato observado por muitos estudiosos que referem
que, historicamente, as atividades de cuidar tem sido delegadas às mulheres
(COLLIÉRE, 1999; ESTRYN BEHAR, 1996; PITTA, 1994).
46

Diante desta realidade, é importante levar em consideração algumas


características da condição feminina no trabalho, conforme destaca Bulhões (1998,
p. 93): as mulheres enfrentam o estresse de maneira mais econômica do ponto de
vista fisiológico mas a um custo psicológico mais alto, possuem estatura geralmente
menor, sua força muscular representa em média dois terços da força do homem.
Para a autora deve haver uma preocupação maior com as condições de trabalho,
considerando que o meio ambiente hospitalar comporta uma variedade de riscos
biológicos, físicos, químicos e ergonômicos que sem controle são capazes de afetar
as diferentes fases de reprodução da mulher (BULHÕES, 1998, p. 99).

50 43,9

40 20 a 29 anos
30 30 a 39 anos
22 40 a 49 anos
20 17,1
14,6 50 a 59 anos
10 Mais de 60 anos
2,4
0

Gráfico 2 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação à faixa etária -


Unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro, 2005.

Fonte: Pesquisa de campo

No Gráfico 2, constata-se que, em relação à faixa etária, os sujeitos do estudo


apresentam idade que variam entre 20 a mais de 60 anos, sendo que 17,1% estão
inseridos na faixa etária de 20 a 29 anos; 22% entre 30 a 39 anos; 43,9% entre 40 a 49
anos; 14,6% entre 50 a 59 anos e 2,4% com mais de 60 anos. Analisando estes
resultados, observa-se que a maioria dos sujeitos encontra-se na faixa etária entre 40 e
59 anos. Segundo Bulhões (1998, p. 84), a partir dos 35 anos, as funções
cardiovasculares, pulmonares, musculares e biomecânicas já não se encontram no
máximo de suas capacidades. Há limitações visuais, auditivas, repercussões no padrão
de sono que variam de acordo com a história profissional e estilo de vida de cada um.
47

46,3%
48,7% solteiro
48,8%
51,2% casado

Gráfico 3 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação ao estado civil -


Unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro, 2005.
Fonte: Pesquisa de campo

Conforme o Gráfico 3, verifica-se que 51,2% dos trabalhadores são solteiros e


49,7% são casados.

Para Mielnik (1976, p.175) após a revolução industrial, inúmeras mutações


econômicas e sociais foram impostas à vida moderna. Dentre elas, a inserção da
mulher no trabalho fora de casa. Segundo o autor, o trabalho da mulher pode
transformar-se em causa de conflitos conjugais, não pelo menosprezo do trabalho e
sim pelo ciúme do companheiro que se considera superado em capacidade pela
atividade feminina.

Embora neste estudo evidenciemos um grupo maior de solteiros (51,2%),


devemos considerar a maioria de mulheres (73,2%), que vivenciam em seus
relacionamentos afetivos a dificuldade de conciliar o trabalho e a família.
48

3.1.2 Dados dos trabalhadores de enfermagem

Tabela 1 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem por categoria, das


unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro, 2005.

Categoria F %
Auxiliar de serviços de saúde 2 4,9
Auxiliar de enfermagem 22 53,7
Técnico de enfermagem 9 22,0
Enfermeiro 6 14,6
Enfermeiro residente 2 4,9
Total 41 100,0
Fonte: Pesquisa de campo

A Tabela 1 indica que do total dos trabalhadores de enfermagem das unidades


de clínica médica especializadas: 53% pertencem à categoria de auxiliar de
enfermagem, seguidos de 22% de técnicos de enfermagem, 14,6% de enfermeiros,
4,9% de enfermeiros residentes e 4,9% de auxiliares de serviços de saúde.
Os dados corroboram com os dados do COFEN (2004) que indica que 53%
dos trabalhadores de enfermagem no país são auxiliares de enfermagem.

Ensino Fundamental
60 Completo
51,2
50 Ensino Fundamental
Incompleto
40
29,3 Ensino Médio
30 Completo
20 Ensino Médio
9,7 Incompleto
10 2,4 2,4 2,4 2,4 Ensino Superior
0 Completo
Ensino Superior

Gráfico 4 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação ao nível de


escolaridade — Unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro, 2005.
Fonte: Pesquisa de campo

Destaca-se no gráfico 4 que 51,2% dos sujeitos têm o ensino médio completo e
29,3% tem o ensino superior completo, indicando que a maioria dos trabalhadores
49

de enfermagem, que atuam nas unidades especializadas de clínica médica


apresentam nível de escolaridade compatível às exigências de organização das
categorias profissionais de enfermagem.
É relevante destacar, ao analisar a tabela 1 e o gráfico 4, que nesta
instituição, os trabalhadores de enfermagem que compõe a equipe como auxiliares
de enfermagem (53,7%), apresentam nível de escolaridade a partir do ensino médio,
escolaridade exigida para o técnico de enfermagem de acordo com a Lei nº 7. 498/
1986 que “dispõe sobre o exercício da enfermagem”, regulamentada pelo Decreto nº
94.406/1987.

Tabela 2 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem por categoria e vínculo


institucional — Unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro, 2005.

VÍNCULO INSTITUCIONAL

Estatutário Prestador de Bolsista Total


CATEGORIA
serviço temporário

F % F % F % F %
Auxiliar de Serviço de
Saúde 2 4,9 0 0 0 0 2 4,9

Auxiliar de
Enfermagem 22 53,7 0 0 0 0 22 53,7
Técnico de
Enfermagem 0 0 9 22,0 0 0 9 22,0
Enfermeiro 6 14,6 0 0 0 0 6 14,6

Enfermeiro Residente 0 0 0 0 2 4,9 2 4,9

Total 30 73,2 9 22,0 2 4,9 41 100,0

Fonte: Pesquisa de campo

A tabela 2 indica que 73,2% dos trabalhadores de enfermagem das unidades


especializadas de clínica médica são servidores públicos. 26,9% são prestadores de
serviço temporário (contratados) e bolsistas, evidenciando que a maioria são
funcionários efetivos.
50

Os funcionários efetivos ingressaram na instituição por concurso público, e


têm respeitado os direitos trabalhistas, como: triênios, gratificações por
insalubridade, férias, 13º salário e licença médica remunerada. Além desses direitos,
recebem também auxílio alimentação, auxílio creche e vale transporte.
Os trabalhadores com vínculos de trabalho temporário representam 22% , os
quais são técnicos de enfermagem exercendo a função de auxiliares de enfermagem.
Estes trabalhadores são contratados por tempo determinado, isto é, contrato
temporário, por um ano. Nesta situação, os trabalhadores não gozam dos benefícios
dos funcionários efetivos, como, por exemplo, a estabilidade, férias, 13º salário,
licença médica remunerada e percebem salário inferior ao do servidor.
Os residentes de enfermagem representam 4,9% das equipes. São
enfermeiros, bolsistas, que cumprem um programa de especialização, com
treinamento teórico e prático, sendo a maior parte da carga horária cumprida na
assistência direta ao paciente com supervisão dos enfermeiros. O período de
residência é de dois anos, distribuídos em uma escala de revezamento neste
período pelas unidades de clínica médica básica e especializada.
Devido ao déficit de servidores, os trabalhadores de enfermagem, prestadores
de serviço e bolsistas integram a escala de enfermagem mensal das unidades
especializadas de clínica médica, a fim de viabilizar o seu funcionamento e garantir a
assistência de enfermagem nas 24 horas.
Segundo Dejours (1992), a repercussão da precarização nos trabalhadores
leva a intensificação do trabalho e aumento do sofrimento. Nessa situação, o
absenteísmo, é reduzido e os trabalhadores trabalham mesmo doentes.
Nestas unidades especializadas de clínica médica a situação de trabalho da
equipe de enfermagem é crítica e preocupante. Há substituição periódica dos
auxiliares de enfermagem sendo necessário treinamento contínuo. Observa-se que
quando a equipe está devidamente preparada tecnicamente, ocorre a substituição
por novos contratados, dificultando também as relações interpessoais.
No estudo de Savoldi (2004), a autora constata que para estes trabalhadores
contratados, o período em que exercem suas funções, nestes setores serve de
experiência e aquisição de conhecimento para comprovação em seu currículo,
gerando então um fator motivacional para estes trabalhadores.
51

Tabela 3 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação ao tempo de


trabalho no setor que exerce suas funções — Unidades de clínica médica
especializadas, agosto/setembro, 2005.

Pneumologia DIP Dermatologia Neurologia Total


Tempo de
Trabalho no F % F % F % F % F %
Setor
6 meses a 1 03 7,3 2 4,9 2 4,9 3 7,3 10 24,3
ano

2 anos 0 0 0 0 1 2,4 0 0 1 2,4

3 anos 0 0 1 2,4 0 0 1 2,4 2 4,9

4 anos 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

5 anos 2 4,9 1 2,4 0 0 1 2,4 4 9,8

+ 5 anos 8 19,5 11 26,8 4 9,8 1 2,4 24 58,5

TOTAL 13 31,7 15 36,5 7 17,1 6 14,5 41 100,0

Fonte: Pesquisa de campo

Observa-se na tabela 3 que 58,5% dos trabalhadores de enfermagem


permanecem há mais de cinco anos no setor de trabalho exercendo suas funções.
52

Tabela 4 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação ao tempo que


trabalham na enfermagem - Unidades de clínica médica especializadas,
agosto/setembro, 2005.

Tempo de trabalho na enfermagem F %


06 meses a 10 anos 12 29,0
11 a 20 anos 20 48,7
21 a 30 anos 8 19,4
+ de 31 anos 1 2,4
Total 41 100,0

Fonte: Pesquisa de campo

A tabela 4 evidencia que 48,7% dos trabalhadores de enfermagem trabalham


na enfermagem entre 11 e 20 anos, 29% trabalham entre 06 meses a 10 anos,
19,4% entre 21 a 30 anos e 2,4% há mais de 31 anos; demonstrando que 70% dos
trabalhadores estão expostos aos riscos no ambiente de trabalho há muitos anos.

Tabela 5 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação ao tipo de


jornada de trabalho - Unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro,
2005.

Jornada de trabalho F %
Diurno 30 73,2
Noturno 5 12,2
Diurno e noturno 6 14,6
Total 41 100,0
Fonte: Pesquisa de campo

A tabela 5 indica que 85,4% dos trabalhadores de enfermagem exercem suas


atividades laborativas em apenas um turno de jornada de trabalho, e 14,6% em
ambos os turnos.
53

Bulhões (1998, p.149), explica que o trabalho noturno é necessário ao meio


hospitalar, porém ele é nocivo ao sono e à saúde, e quando há mudanças de turno
com muita freqüência desencadeia desequilíbrios na vida familiar e social.
Para Rutenfranz et al. (1989, p. 52) o trabalho realizado no horário noturno,
pode levar o trabalhador a apresentar esforços psíquicos maiores, ou também, nas
diferentes horas do dia, demonstrar comportamento indesejável nos processos de
trabalho ou freqüência de erros.

Mais de 50 h 41,5

40 a 50 h 12,2

30 a 40 h 36,6

24 a 30 h 9,8

0 10 20 30 40 50

Gráfico 5 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação à carga


horária semanal - Unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro,
2005.
Fonte: Pesquisa de campo

Neste gráfico predominam os trabalhadores com carga horária semanal de 30


a 40 horas (36,6%) e mais de 50 horas (41,5%), evidenciando o exercício
profissional em mais de um emprego e/ou fazendo jornada de trabalho para colega
no mesmo setor de trabalho.
Vários estudos enfocando a saúde dos trabalhadores (BULHÕES, 1998;
ESTRYN-BEHAR, 1996; MAURO, 1991; PITTA, 1994) apontam que o regime de
trabalho em turnos alternados provocam alterações do ciclo biológico, perturbações
relacionadas ao sono e ao funcionamento do aparelho digestivo, bem como a fadiga
crônica caracterizada por um cansaço não superável com o período de repouso. O
trabalhador com mais de um emprego utiliza a sua folga para exercer a atividade
profissional, quando o período da folga deveria ser planejado para o descanso e
repouso.
Bulhões (2001) cita o duplo emprego como fator que pode contribuir ou favorecer
a ocorrência do erro. Outras imposições do trabalho também podem influenciar a
54

performance humana segundo a autora, tais como: carga horária semanal, jornada de
trabalho, pausas e repouso, trabalho noturno e em turnos alternados.
Neste contexto, segundo Rebouças (1989), o risco de acidentes aumenta
porque o trabalhador vivencia dificuldade de memorização, raciocínio e atenção,
exigindo-se maior esforço para realização de qualquer atividade.
É preocupante, face ao descrito, que 41,5% dos trabalhadores pesquisados
estejam sujeitos aos problemas relacionados.

Tabela 6 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação ao meio de


transporte utilizado para deslocar-se para o trabalho - Unidades de clínica médica
especializadas, agosto/setembro, 2005.

Meio de transporte utilizado F %


Ônibus 20 48,7
Carro próprio 11 26,8
Trem 02 4,9
Metrô 02 4,9
a pé 01 2,4
Van 02 4,9
Ônibus e trem 03 7,3
Total 41 100,0

Fonte: Pesquisa de campo

Tabela 7 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação ao tempo


gasto para chegar ao trabalho - Unidades de clínica médica especializadas,
agosto/setembro, 2005.

Tempo gasto para chegar ao trabalho F %


Menos de 30 min 7 17,7
30 min a 1h 11 26,8
1h a 1h e 30 min 12 29,2
1h e 30 min a 2h 9 21,9
Mais de 2h 2 4,9
Total 41 100,0

Fonte: Pesquisa de campo


55

No que se refere à relação transporte e trabalho (tabelas 6 e 7), os


trabalhadores de enfermagem das unidades especializadas de clínica médica, em
sua maioria, moram em locais distantes do trabalho, levando em média mais de uma
hora no deslocamento; os meios de transporte mais utilizados são o ônibus e o carro
próprio. Nesse sentido, é necessário, ressaltar que inúmeros fatores interferem na
produtividade do trabalhador, baixando-lhe o rendimento e provocando acidentes.
Mauro (1976) cita que dentre os fatores, há aqueles que são estranhos ao trabalho
profissional como: habitação inadequada e distante do local de trabalho, forçando a
viagens fatigantes, muitas vezes por vias de acesso mal conservadas.
Rutenfranz et al. (1989, p. 53) referem que o bom desempenho no trabalho
depende muito de a pessoa começar a trabalhar descansada. O cansaço não só
impede o bom rendimento físico como também diminui o nível de atenção e perturba
a coordenação motora e o ritmo mental.
Considerando os dados acima, 48,75% dos trabalhadores utilizam o próprio
carro como transporte, o que os sujeita a muitos problemas no trânsito, como os
habituais engarrafamentos na cidade do Rio de Janeiro. Tal situação pode gerar
estado de estresse na chegada ao trabalho, e seus efeitos podem ser associados à
irritação (NUNES, 2000). Acrescenta-se, ainda o cansaço decorrente da viagem de
ida e retorno ao lar ou a outro trabalho.

3.1.3 Dados Econômicos dos Trabalhadores de Enfermagem

Tabela 8 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação à faixa salarial -


Unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro, 2005.

Faixa salarial por salário mínimo F %


1a2 7 17,1
3a5 15 36,6
6a8 9 22,0
9 a 11 4 9,8
mais de 12 6 14,6
Total 41 100,0
Fonte: Pesquisa de campo
56

De acordo com a tabela 8 a faixa salarial 3 a 5 salários mínimos representa


36,6%; de 6 a 8 salários mínimos 22% e mais de 12 salários mínimos são 14,6%.
Esses dados demonstram que a instituição, cenário do estudo, paga bons salários
aos seus funcionários, embora haja uma defasagem salarial há alguns anos por falta
de política de cargos e salários do Governo do Estado.
Diferentemente da situação dos servidores estatutários, os prestadores de
serviços de saúde percebem salários mais baixos exercendo a mesma função.

3.1.4 Dados Referentes à Família dos Trabalhadores de Enfermagem

Tabela 9 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação a ter filhos -


Unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro, 2005.

Filhos F %
Não 15 36,6
Sim 26 63,4
Total 41 100,0
Fonte: Pesquisa de campo

Nesta tabela verifica-se que 36,6% dos trabalhadores não têm filhos e 63,4%
têm filhos.

Tabela 10 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação a ter idosos


em casa sob seus cuidados - Unidades de clínica médica especializadas,
agosto/setembro, 2005.

Idosos em casa F %
Não 28 68,3
Sim 13 31,7
Total 41 100,0
Fonte: Pesquisa de campo
57

Conforme a tabela 10, observa-se que 68,3% dos trabalhadores não têm
idosos em casa sob seus cuidados, enquanto 31,7% têm idosos sob seus cuidados.
Observando os dados das tabelas 9 e 10, constata-se que a maioria dos
sujeitos da pesquisa têm filhos, o que demanda atividades na educação e formação
de seus dependentes, bem como exigência de tempo e disponibilidade nos seus
cuidados. Verifica-se também que 31,7% dos sujeitos têm em casa, sob seus
cuidados idosos, contribuindo para o acréscimo cotidianamente de atividades de
assistência e atenção física e psicológica ao grupo familiar.
Segundo Mielnik (1976, p. 121), quando a mulher trabalha fora, forçosamente
os cuidados com a casa e filhos sairão prejudicados; contribuindo também para mais
um fator de estresse e tensão no ambiente de trabalho. Ressalta também que a
maioria das mulheres ao assumirem o papel de trabalhadora remunerada, continua
realizando também o trabalho doméstico.
Silva (1998) acrescenta que para o trabalhador de enfermagem, a jornada de
trabalho doméstico e seus problemas com filhos, maridos e familiares idosos,
despendem muito de seu tempo e energia.

Tabela 11 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação à ajuda dos


familiares para a realização das tarefas domésticas - Unidades de clínica médica
especializadas, agosto/setembro, 2005.

Ajuda de familiares na
realização das tarefas
domésticas F %
Não 26 63,4
Sim 15 36,6
Total 41 100,0

Fonte: Pesquisa de campo

A tabela 11 constata mais uma dificuldade vivenciada pelo trabalhador de


enfermagem, no que diz respeito a contar com ajuda dos familiares na realização
das tarefas domésticas. Observa-se que 63,4% não contam com ajuda, realizando
sozinhos as tarefas domésticas, comprometendo sobremaneira o período destinado
ao repouso e descanso do trabalhador. Para Bulhões (1998, p. 132), a fadiga é
58

causada por uma solicitação do organismo humano. O funcionamento prolongado e


intenso de músculos, ossos, cérebros no trabalho físico, provoca fadiga. E a sua
cronificação ocorre quando o repouso e sua forma essencial, o sono, são
insuficientes. Considerando os dados apresentados anteriormente na tabela 10 que
evidencia que 41,5% dos trabalhadores de enfermagem têm mais de um emprego e
os dados apresentados nessa tabela, pode-se constatar que estes trabalhadores
dedicam pouco tempo ao seu descanso e repouso.
Estudos semelhantes, avaliando os problemas de saúde decorrentes do trabalho
de enfermagem identificaram que o esforço físico que produz fadiga é um fator de
desconforto no ambiente de trabalho. No estudo de Savoldi (2004, pg. 88), 66,7% dos
sujeitos da pesquisa identificaram o esforço físico como fator desencadeante da fadiga,
e Mendivil (2004, pg. 40) apontou 29,2% dos sujeitos percebendo este risco.
Murofuse (2005) constatou, em um estudo realizado com os trabalhadores de
enfermagem atendidos na divisão de assistência à saúde do trabalhador de uma
Fundação hospitalar pública, que 79,2% dos enfermeiros e 96,2% dos auxiliares de
enfermagem apresentaram algum tipo de algia na coluna vertebral em avaliações
clínicas específicas.

3.1.5 Os trabalhadores de enfermagem e os cuidados com a sua saúde

Tabela 12 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação à vacinação -


Unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro, 2005.

Vacinação Completa Incompleta Desconhece Total


F % F % F % F %
Dupla 23 56,1 2 4,9 13 31,7 38 92,7
Antitetânica 28 68,3 4 9,8 07 17,1 39 95,1
Hepatite B 26 63,4 8 19,5 05 12,2 39 95,1
Antigripal 15 36,6 6 14,6 17 41,5 38 92,7

Fonte: Pesquisa de campo

Conforme a tabela 12, verifica-se com relação à imunização para a vacina


dupla que 56,1% estão vacinados com esquema completo de vacinação e com
59

antitetânica 68,3%. Vacinados contra hepatite B estão 63,4% e vacina antigripal


36,6%. Dado relevante a ser considerado, são 12,2% dos trabalhadores de
enfermagem desconhecerem sobre a vacinação contra hepatite B. Na instituição,
cenário deste estudo, é disponibilizado aos profissionais de saúde as diferentes
vacinas por demanda espontânea e/ou campanhas de vacinação coordenada pela
divisão de saúde do hospital.
Sanches (2002), ao avaliar a situação vacinal dos acidentados atendidos
nesta divisão de saúde, constatou que 72,5% dos enfermeiros e 57,2% dos técnicos
e auxiliares cumpriram o esquema vacinal, demonstrando que um número
significativo de trabalhadores ainda não apresentavam sua vacinação adequada.
Os dados acima evidenciam que os trabalhadores ainda desconhecem e/ou
subestimam a possibilidade de adquirirem doenças, em particular, a Hepatite B por
meio de acidentes que possam ocorrer ao cuidarem dos pacientes.
Shimizu et al. (2002) verificaram no seu estudo que um número significativo
de estudantes e trabalhadores de saúde imunizou-se contra hepatite B, porém 20%
não receberam o esquema completo. E constataram também que 3% não tomaram
nenhuma dose de vacina, demonstrando que na instituição estudada é preciso uma
orientação mais eficiente aos estudantes e trabalhadores sobre a importância da
vacinação para hepatite B.
Carvalho (2004, p. 57) em um estudo realizado no Hospital Municipal
Lourenço Jorge encontrou como justificativa dos trabalhadores de enfermagem para
não tomarem a vacina contra hepatite B, a falta de tempo, resposta assinalada pela
maioria dos sujeitos. Para a autora, há que se promover discussões entre os
trabalhadores com o objetivo de desenvolver uma visão crítica do seu mundo do
trabalho. Assim, eles poderão buscar os meios para se protegerem e exigir dos
empregadores condições adequadas de trabalho.
Nesse sentido, vale ressaltar a importância de conscientizar e encaminhar
para a vacinação os trabalhadores, e estabelecer uma comunicação mais eficiente
do setor responsável pela imunização com os trabalhadores, considerando o risco
de acidentes com materiais perfurocortantes e fluídos biológicos.
60

Tabela 13 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação à realização


de exame clínico anualmente - Unidades de clínica médica especializadas,
agosto/setembro, 2005.

Realização de exame
clínico anualmente F %
Não 19 46,3
Sim 22 53,7
Total 41 100,0
Fonte: Pesquisa de campo

Verifica-se na tabela 13, que 46,3% dos trabalhadores de enfermagem não


realizam anualmente exame clínico e 53,7% realizam. Para um grupo que está
submetido a riscos constantes, preocupa esta não avaliação.

Tabela 14 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem com relação à prática de


atividade física com regularidade - Unidades de clínica médica especializadas,
agosto/setembro, 2005.

Pratica atividade
física regularmente F %
Não 28 68,3
Sim 13 31,7
Total 41 100,0
Fonte: Pesquisa de campo

Na tabela 14, observa-se que 68,3% dos trabalhadores não praticam com
regularidade atividade física, enquanto 31,7% praticam atividade física.
Segundo Guyton et al. (2002, p. 917), as pessoas que preservam a aptidão
corporal, praticam exercícios físicos e controlam seu peso, conseguem benefício
adicional de vida prolongada porque a aptidão corporal e o controle de peso reduzem
de maneira significativa a incidência de doenças cardiovasculares. Os exercícios trazem
resultados para a manutenção da pressão arterial e redução do nível de colesterol, bem
como a diminuição dos distúrbios cardiovasculares. Além disso, a pessoa atlética tem
também mais reservas corporais com as quais pode contar quando adoece.
61

França e Rodrigues (1999) aconselham que atividade física regular deve ser
praticada de forma que se torne um hábito, como escovar os dentes após as
refeições ou o banho diário.
Verifica-se que não há uma preocupação dos trabalhadores de enfermagem
das unidades especializadas da clínica médica, com relação à prática regular de
exercícios físicos. O trabalhador devido à dupla, tripla jornada de trabalho sente-se
cansado e com pouco tempo disponível, não valorizando o seu auto cuidado na
promoção de sua saúde.

Tabela 15 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação ao controle


de seu peso - Unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro, 2005.

Controle de peso F %
Ideal 11 26,8
Abaixo do ideal 1 2,4
Acima do ideal 28 68,3
Total 40 97,6
Dado Ausente 1 2,4
Total 41 100,0

Fonte: Pesquisa de campo

A tabela 15 demonstra que 27,5% dos trabalhadores de enfermagem


consideram seu peso atualmente, ideal; enquanto 2,5% consideram estar com peso
abaixo do ideal e 68,5% consideram estar com peso acima do ideal.
Para Bulhões (1998, p. 86), o rendimento do trabalho humano resulta do produto
de variáveis, entre elas força muscular, capacidade cardiopulmonar, proporções
corporais e eficácia neurológica; e da boa condição dessas variáveis resultará na
execução das atividades. Os dados apresentados nas tabelas 19 e 20 nos leva à
reflexão sobre as condições de saúde dos trabalhadores que no exercício da sua
função estão preocupados com a promoção e recuperação da saúde do outro. A
maioria dos trabalhadores (68,3%) está com excesso de peso e não pratica atividades
físicas.
62

Tabela 16 - Distribuição dos trabalhadores de enfermagem em relação à quantidade


de horas dormidas - Unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro,
2005.

Horas de sono
habitualmente F %
Menos de 6 horas 18 43,9
De 7 a 8 horas 23 56,1
Total 41 100,0
Fonte: Pesquisa de campo
Conforme a tabela 16, 43,9% dos trabalhadores dormem menos de 06 horas
e 56,1% dormem de 7 a 8 horas.
A redução do período de sono causada pelo trabalho noturno ocorre pela
mudança forçada do horário de dormir, que passa a ser de dia. Segundo Rutenfranz
et al. (1989, p. 55), dormir durante o dia é extremamente desfavorável devido a não
adaptação dos ritmos biológicos a esta inversão do trabalho noturno e repouso diurno.
Para Alves (2002), os principais problemas que os trabalhadores de turnos
referem são relacionados com: distúrbios do sono, nervosos e digestivos; o ruído do
ambiente doméstico, como a fala de criança, o choro, que são obstáculos ao sono
tranqüilo e reparador do desgaste físico e mental após a jornada de trabalho.
Considerando que 41,5% dos trabalhadores trabalham mais de 50 horas (tabela 8),
ocorre um acentuado déficit de sono, com perda de qualidade e falta de repouso.

3.2 Condições do ambiente de trabalho e os fatores de risco ocupacionais nas


unidades especializadas de clínica médica

Apresenta-se nas tabelas 17 e 18 os problemas no ambiente de trabalho percebidos


pelos trabalhadores, considerando as freqüências: freqüentemente e às vezes.
A tabela 17 mostra os problemas no ambiente de trabalho percebidos pelos
trabalhadores, considerando a freqüência freqüentemente. Destaca-se o problema
risco de contrair infecção (63,41%).
Para Bulhões (1998, p. 182), o risco de infecção está relacionado a variáveis
epidemiológicas: agente, hospedeiro e atividade ocupacional. A prevenção e
controle de riscos biológicos baseiam-se em conhecimentos diversos, envolvendo
principalmente os de higiene e biossegurança do trabalho, educação, administração,
engenharia e até recursos legislativos.
63

Exemplo de medida legislativa é a portaria ministerial nº 196 de 21 de junho


de 1983, sobre Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Na instituição,
campo desta pesquisa, há CCIH, atuante e participativa, porém os trabalhadores
identificam deficiências na distribuição de EPI, que são obrigações do empregador.
Para 21,95% dos trabalhadores freqüentemente há falta de máscaras e 4,88%
indicam falta de luvas.

Tabela 17 - Distribuição dos problemas no ambiente de trabalho conforme grau de


freqüência: freqüentemente, na percepção dos trabalhadores de enfermagem das
unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro, 2005.

Freqüentemente
Nº de
ordem Item Problemas percebidos
N %
1º 7 Risco de contrair infecção 26 63,41
2º 2 Ar / ventilação insuficiente 20 48,78
3º 29 Poucas possibilidades de promoção 18 43,90
4º 11 Distribuição inadequada dos recursos materiais no espaço físico 17 41,46
5º 1 Temperatura inadequada 16 39,02
6º 10 Incômodo pela falta de espaço 15 36,59
7º 17 Esforço físico que produz fadiga 15 36,59
8º 27 Falta de materiais e insumos para a realização do trabalho 15 36,59
9º 20 Movimentos repetitivos com muita freqüência 14 34,15
10º 14 Ordem e limpeza insuficientes 14 34,15
11º 18 Manutenção de postura inadequada durante muito tempo 12 29,27
12º 16 Manipulação de cargas pesadas 10 24,39
13º 19 Postura forçada para realizar algumas tarefas ou operações 10 24,39
14º 9 Falta de máscaras 9 21,95
15º 3 Iluminação insuficiente 8 19,51
16º 6 Risco de contato com glutaraldeído 8 19,51
17º 23 Ritmo de trabalho acelerado 7 17,07
18º 25 Trabalho monótono, rotineiro, com pouca variabilidade de tarefas 6 14,63
19º 12 Risco de queda no ambiente de trabalho 5 12,20
20º 13 Risco de queda de materiais 4 9,76
21º 4 Ruído muito elevado ou inadequado para realização do trabalho 4 9,76
22º 21 Duração excessiva da jornada de trabalho 3 7,32
23º 15 Risco de incêndio ou explosão 3 7,32
24º 30 Desconhecimento ou formação insuficiente sobre os riscos do
próprio trabalho 2 4,88
25º 28 Pouca oportunidade de decisão sobre como realizar o trabalho 2 4,88
26º 24 Risco de acidentes por sobrecarga de trabalho 2 4,88
27º 8 Falta de luvas 2 4,88
28º 5 Presença de radiação ionizante 2 4,88
64

A tabela 18 indica os problemas no ambiente de trabalho percebidos pelos

trabalhadores, considerando a freqüência às vezes.

Destaca-se o ritmo de trabalho acelerado (65,85%), seguido de postura

forçada para realizar algumas tarefas ou operações (60,98%) e risco de acidentes

por sobrecarga de tarefas (53,66).

Bulhões (1998, p. 144), afirma que o exercício de enfermagem desenvolve-se

em local de grande interposição de atividades (médicas, administrativas, financeiras,

tecnológicas). O profissional de enfermagem detentor natural da coordenação da

assistência ao doente, interage permanentemente com os médicos, e demais

profissionais de saúde envolvidos no tratamento ao doente. Deste modo além de

suas próprias funções administrativas e assistenciais, a enfermagem utiliza parte

significativa do tempo de trabalho em buscar, pedir, receber, registrar, trocar e

relatar informações.

O tratamento de informações vindas de todos os lados (doentes e seus

familiares, médicos, chefes, colegas, serviços externos...) representam uma carga

mental importante.
65

Tabela 18 - Distribuição dos problemas no ambiente de trabalho conforme grau de


freqüência: às vezes, na percepção dos trabalhadores de enfermagem das unidades
de clínica médica especializadas, agosto/setembro, 2005.

Às vezes
Nº de
ordem Item Problemas percebidos
N %
1º 23 Ritmo de trabalho acelerado 27 65,85
2º 19 Postura forçada para realizar algumas tarefas ou operações 25 60,98
3º 24 Risco de acidentes por sobrecarga de trabalho 22 53,66
4º 18 Manutenção de postura inadequada durante muito tempo 22 53,66
5º 8 Falta de luvas 21 51,22
6º 27 Falta de materiais e insumos para a realização do trabalho 20 48,78
7º 17 Esforço físico que produz fadiga 19 46,34
8º 14 Ordem e limpeza insuficientes 18 43,90
9º 16 Manipulação de cargas pesadas 17 41,46
10º 20 Movimentos repetitivos com muita freqüência 16 39,02
11º 3 Iluminação insuficiente 16 39,02
12º 21 Duração excessiva da jornada de trabalho 15 36,59
13º 7 Risco de contrair infecção 15 36,59
14º 9 Falta de máscaras 14 34,15
15º 1 Temperatura inadequada 14 34,15
16º 6 Risco de contato com glutaraldeído 14 34,15
17º 12 Risco de queda no ambiente de trabalho 14 34,15
18º 13 Risco de queda de materiais 14 34,15
19º 4 Ruído muito elevado ou inadequado para realização do trabalho 13 31,71
20º 5 Presença de radiação ionizante 13 31,71
21º 31 Conflito com os clientes ou usuários 11 26,83
22º 22 Organização insatisfatória de horários e turnos de trabalho 11 26,83
23º 28 Pouca oportunidade de decisão sobre como realizar o trabalho 10 24,39
24º 30 Desconhecimento ou formação insuficiente sobre os riscos do
próprio trabalho 9 21,95

25º 25 Trabalho monótono, rotineiro, com pouca variabilidade de tarefas 9 21,95


26º 11 Distribuição inadequada dos recursos materiais no espaço físico 9 21,95
27º 2 Ar / ventilação insuficiente 8 19,51
28º 32 Relações interpessoais inadequadas com os chefes ou supervisores 7 17,00
29º 10 Incômodo pela falta de espaço 6 14,63
30º 33 Situação de discriminação no trabalho 5 12,20
31º 26 Trabalho isolado, o que dificulta o contato com os companheiros 4 9,76
32º 15 Risco de incêndio ou explosão 3 7,32
33º 29 Poucas possibilidades de promoção 1 2,44
66

Nas tabelas 19 e 20, os problemas percebidos pelos trabalhadores de


enfermagem foram categorizados com relação aos tipos de riscos ocupacionais. Foram
considerados os resultados mais relevantes nas freqüências às vezes e freqüentemente
que totalizados representam um percentual de freqüência acima de 50%. Das 33
variáveis do Anexo B, foram analisados 18 riscos ocupacionais, sendo 08 de origem
ergonômica, 06 de risco biológico, físico e químico e 04 de risco de acidentes.

3.2.1 Riscos ergonômicos

Tabela 19 - Distribuição dos problemas no ambiente de trabalho relacionados aos


riscos ergonômicos conforme grau de freqüência na percepção dos trabalhadores de
enfermagem das unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro, 2005.

Problemas no Ambiente Às vezes Freqüentemente Acontece %


Postura forçada para realizar algumas
tarefas
25 10 35 85,3

Manutenção de postura inadequada


durante muito tempo
22 12 35 85,3

Esforço físico que produz fadiga


19 15 34 82,9
Ritmo de trabalho acelerado
27 7 34 82,9
Movimentos repetitivos com muita
freqüência
16 14 30 73,1

Manipulação de cargas pesadas


17 10 27 65,8
Risco de acidentes por sobrecarga de
trabalho
22 02 24 58,5

Incômodo pela falta de espaço 06 15 21 51,2

Fonte: Pesquisa de Campo

Com relação aos dados apresentados na tabela 19, fica evidenciado na


percepção dos trabalhadores, o quanto o trabalho de enfermagem é cansativo.
85,3% dos trabalhadores referiram postura forçada para realizar algumas tarefas e
manutenção de postura inadequada durante muito tempo, como problemas no
ambiente de trabalho. Esforços físicos, que produzem fadiga e ritmo de trabalho
67

acelerado foram percebidos por 82,9%; movimentos repetitivos com muita


freqüência por 73,1% e manipulação de cargas pesadas 65,8%.
Estes dados confirmam os achados de Savoldi (2004), Mendivil (2004),
Nishide (2004) e Mauro (2001) em estudos sobre condições de trabalho.
Ao avaliar os riscos ergonômicos, Mauro e Cupello (2001) referem que a
intensa sobrecarga física do sistema osteomuscular é produzida pelas posturas
inadequadas e deslocamentos na realização das atividades, fato confirmado neste
estudo com 85,3% de freqüência.
Mauro (1976, p. 11) considera como causa de fadiga: o repouso e a posição
inadequada, desconforto no trabalho, sono insuficiente, repetição da mesma tarefa,
ausência de lazer, excesso de horas extras e problemas emocionais que podem
levar a fadiga crônica.
Bulhões (1998, p.136) recomenda que para prevenir lombalgias e a fadiga
deva-se promover treinamentos em: biomecânica, técnicas de levantamento de
pesos e formação para trabalhar em equipe, de modo a dividir a carga.
Segundo Grandjean (1998, p. 175), em trabalhos cansativos, constata-se uma
queda de produtividade e uma desaceleração, demonstrando que nesses casos a
introdução da pausa adia o surgimento da fadiga e a queda da produção.
Ao refletir sobre o trabalho nas Unidades de Clínica Médica Especializadas, é
fundamental planejar pausas para descanso, visando a prevenção de problemas
relativos à saúde do trabalhador.
O problema no ambiente: incômodo pela falta de espaço, foi referido por
51,2% dos sujeitos. Achado também evidenciado nos estudos de Savoldi (2004),
Mendivil (2004) e Nishide (2004).
Para Estryn-Behar e Poinsignon (1989) é necessário a aquisição do mobiliário
adequado e planta física planejada para atender as necessidades ergonômicas dos
trabalhadores do setor, sendo importante considerá-las na fase de compra de
material e reformas da planta física.
Alexandre (1991, 1993, 1998), através de seus estudos têm constatado que
grande parte das agressões à coluna vertebral estão relacionadas a inadequação de
mobiliários e equipamentos utilizados nas atividades cotidianas de enfermagem
somada à adoção de má postura corporal adotada pelos trabalhadores.
68

Nessa perspectiva, Bulhões (1998, p. 135) refere que a enfermagem deve ter
maior participação na avaliação de produtos, equipamentos e reformas no ambiente
de trabalho, mantendo um melhor entrosamento com os setores de engenharia de
manutenção, de compras e de saúde e segurança do trabalho, dentre outros.

3.2.2 Riscos biológicos, físicos e químicos:

Tabela 20 - Distribuição dos problemas no ambiente de trabalho relacionados aos


riscos biológicos, físicos e químicos, conforme grau de freqüência na percepção dos
trabalhadores de enfermagem das unidades de clínica médica especializadas,
agosto/setembro, 2005

Problemas no Ambiente Risco Às vezes Freqüentemente Acontece %

Risco de contrair infecção 15 26 41 100,0

Temperatura inadequada 14 16 30 73,1

Ar / Ventilação insuficiente 08 20 28 68,2

Falta de máscaras 14 09 23 56,9

Falta de luvas 21 02 23 56,9

Risco de contato com glutaraldeído 14 08 22 53,6

Nota: Risco biológico:


Risco físico:
Risco químico:

3.2.2.1 Riscos biológicos

Com relação aos riscos biológicos, a tabela 20 indica o fato de contrair


infecção para 100% dos trabalhadores que afirmaram a existência do risco.
Considerando os resultados relacionados a cuidados com a sua saúde (tabelas 12,
13, 14 e 15) estes trabalhadores estão mais susceptíveis a acidentes e a contrair
doenças, o que é agravado pela sobrecarga de trabalho decorrente das duplas
jornadas de trabalho.
Os trabalhadores da área de saúde estão freqüentemente expostos aos riscos
biológicos. Dentre as infecções de maior exposição encontram-se as transmitidas
por sangue e fluídos corpóreos (hepatite B, hepatite C e HIV) e as de transmissão
aérea (tuberculose, varicela-zoster e sarampo) (BULHÕES, 1998).
69

Das unidades pesquisadas, a enfermaria de pneumologia e DIP, são


unidades referência para internação de clientes com diagnóstico provável ou
confirmado para tratamento dessas doenças, onde a equipe de enfermagem está
muito sujeita a exposição do risco.
Ressalte-se que para estes trabalhadores, no seu cotidiano de trabalho, é
evidenciado a falta de máscaras e luvas (56,9%), problemas relacionados às
condições inadequadas no fornecimento e organização do hospital estudado.
Bulhões (1998, p. 203) acrescenta que o fornecimento de Equipamento de
Proteção Individual (EPI) e controles periódicos de saúde, são obrigações do
empregador irresponsavelmente negligenciadas.
Para Mauro (1997, p. 140), a equipe de enfermagem vem sendo exposta a
riscos no trabalho e muitas vezes não adota medidas simples para o controle dos
mesmos, tais como o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e lavagem
das mãos, entre outros, por desconhecimento ou até mesmo por pouca valorização
acerca das medidas de profilaxia.
A autora diz que estudos sobre acidentes de trabalho mostram que as regras
de segurança são insuficientes se os materiais não são corretamente utilizados e se
a (des) organização do trabalho dificulta sua aplicação.

3.2.2.2 Riscos físicos

Com relação a risco físico, 73,1% consideraram a temperatura inadequada e


68,2% ar/ventilação insuficiente, conforme tabela 20. Três Unidades de Clínica Médica
Especializadas possuem como ventilação artificial, ventiladores de teto e apenas a
Unidade de Dermatologia possui ar condicionado no seu posto de enfermagem. Este
desconforto térmico interfere nas condições de conforto e bem estar dos trabalhadores,
que nos dias mais quentes, contribui para o desgaste físico e cansaço dos mesmos.

3.2.2.3 Riscos químicos

O risco de contato com glutaraldeído foi mencionado por 53,6% na percepção


dos trabalhadores de enfermagem. Nas unidades estudadas, os trabalhadores de
enfermagem têm a responsabilidade de realizar procedimentos de desinfecção e
esterilização de equipamentos hospitalares, indicando assim este risco ocupacional
para estes trabalhadores.
70

Cardoso (1997) cita que o trabalhador ao realizar procedimentos de


desinfecção, ele se defronta com diversas dificuldades, em especial no que diz
respeito ao conhecimento técnico dos produtos utilizados no processo.
Bulhões (1998, p. 232) acrescenta que dentre os produtos hospitalares
empregados para desinfecção de instrumentais, aparelhos diversos, móveis e
superfícies, os aldeídos ocupam um lugar preponderante.

3.2.3 Riscos de acidentes

Tabela 21 - Distribuição dos problemas no ambiente de trabalho relacionados aos


riscos de acidentes, conforme grau de freqüência na percepção dos trabalhadores
de enfermagem das unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro,
2005.

Freqüente-
mente
Problemas no Ambiente Às vezes Acontece %

Falta de materiais e insumos para a 20 15 35 85,3


realização do trabalho

Ordem e limpeza insuficientes 18 24 32 78,0

Distribuição inadequada dos recursos 09 17 26 63,4


materiais no espaço físico

Iluminação insuficiente 16 08 24 58,5

Fonte: Pesquisa de Campo


Na tabela 21 são apontados os problemas no ambiente de trabalho
percebidos pelos trabalhadores relacionados aos riscos de acidentes. Os principais
problemas foram: falta de materiais e insumos para a realização do trabalho 85,3%,
ordem e limpeza insuficientes 78%, distribuição inadequada dos recursos materiais
no espaço físico 63,4% e iluminação insuficiente 58,5%. Os dados demonstram o
quanto os problemas presentes nos ambientes de trabalho inadequados são
identificados pelo trabalhador, prejudicando a qualidade da assistência prestada na
instituição e interferindo na vida desses trabalhadores.
Dentro desta perspectiva, Bulhões (1998, p. 42) esclarece que os riscos
sempre estiveram presentes nos locais de trabalho, e o trabalhador sabe que está
“correndo riscos”, mas as condições de trabalho o condicionam a isso, e em situações
71

de emergência ou estresse há possibilidade da ocorrência de acidentes. Neste


contexto verifica-se a vulnerabilidade do trabalhador a se tornar vítima de riscos.
Considerando as condições no ambiente de trabalho das Unidades de Clínica
Médica Especializadas pode se inferir que a organização do trabalho, a
conscientização dos trabalhadores sobre os riscos ocupacionais e os cuidados com a
sua saúde contribuirão para o controle dos riscos ocupacionais e riscos de acidentes.

3.3 Problemas de saúde relacionados com as condições de trabalho

Os problemas de saúde percebidos pelos trabalhadores de enfermagem


foram agrupados por ordem de existência (apêndice f) e agrupados em relação às
categorias provocados e agravados pelas condições de trabalho (apêndices g e h).
Os resultados dos problemas de saúde relacionados com as condições de
trabalho são apresentados na tabela 22.

Tabela 22 - Problemas de saúde relacionados com as condições de trabalho na


percepção dos trabalhadores de enfermagem das unidades de clínica médica
especializadas, agosto/setembro, 2005.

Relação com as
Condições de Trabalho

Problemas de Saúde Provocados Agravados Total


Existentes
F % F % F %

Varizes 25 16 64,0 09 36,0 25 100,0

Dores Lombares 25 17 68,0 08 32,0 25 100,0

Dores musculares 23 15 65,2 08 34,7 23 100,0

Lesões de coluna 18 10 55,5 07 38,8 17 94,3


vertebral
Estresse 30 19 63,3 07 23,3 26 86,6

Mudanças de humor 21 10 47,6 05 23,8 15 71,4

Transtornos do sono 15 06 40,0 02 13,3 08 53,3

Fonte: Pesquisa de Campo

De acordo com a tabela 22, constata-se que dentre os problemas de saúde


percebidos pelos trabalhadores de enfermagem, que têm relação com as condições
72

de trabalho, os mais incidentes são distúrbios osteomusculares (dores lombares e


musculares 100%, lesões na coluna vertebral 94,3%), varizes 100%, e distúrbios de
ordem psicoemocionais (estresse 86,6%, mudanças de humor 71,4%, e transtornos
do sono 53,3%).

3.3.1 Distúrbios osteomusculares e vasculares

Os distúrbios osteomusculares e vasculares representam um expressivo


problema para os trabalhadores de enfermagem hospitalar que podem estar associados
a duplas ou triplas jornadas da equipe de enfermagem, pelas distâncias percorridas e
deslocamentos no plantão, manipulação de cargas pesadas sem a utilização de uma
biomecânica corporal adequada e pelo fato de adotarem posturas cansativas e forçadas
durante o trabalho (BULHÕES,1998; MAURO,1991; NISHIDE, 2004).
Nishide (2004) ao analisar as condições ergonômicas da situação do trabalho
de enfermagem, constatou que a execução da atividade de movimentação de
pacientes acamados foi apontada pelos trabalhadores de enfermagem como a mais
desgastante fisicamente. Associou-se a esse desgaste a inadequação do mobiliário
e as posturas corporais adotadas pelos trabalhadores de enfermagem.
Grandjean (1998, p. 53) refere que ficar em pé num mesmo local, exige um
trabalho estático para a imobilização prolongada das articulações dos pés, joelhos e
quadris. Este esforço, por sua vez, resulta em uma expressiva pressão hidrostática
do sangue nas veias das pernas e no progressivo acúmulo de líquido tissular nas
extremidades, favorecendo o desenvolvimento das varizes.
Os problemas músculo-esqueléticos têm sido temas de estudo de vários
autores (BULHÕES, 1998; ESTRYN-BEHAR; POINSIGNON, 1989; MAURO, 1991;
MUROFUSE, 2005; PITTA, 1994; SAVOLDI, 2004; ZEITOUNE, 1996), o que tem
contribuído a dar visibilidade aos acidentes e doenças do trabalho relacionado ao
sistema osteomuscular.
Zeitoune (1996) refere que a manutenção da postura incorreta e incômoda
provocada pelas atividades do trabalho pode gerar lombalgias, escolioses, fadiga e
dores nos membros inferiores, agravos relacionados às exigências do trabalho de
enfermagem como duplas ou triplas jornadas de trabalho, plantão noturno e repouso
inadequado. Fatores comprovados neste estudo, conforme resultados apresentados
na tabela 5 e no gráfico 5.
73

Para Bulhões (1998, p. 128), há um descaso sobre os distúrbios


osteomusculares como as lombalgias, responsável pelo sofrimento de muitos
trabalhadores. Esta patologia lidera o absenteísmo e onera os gastos com a saúde.
Segundo Dejours et al. (1994, p. 28), não existe uma fadiga física que não
tenha uma relação psíquica. Os distúrbios osteomusculares também estão
relacionados ao cotidiano da vida profissional e situações da vida pessoal que levam
ao estresse psíquico, somatizando em diferentes partes do corpo.
Silva (1998 apud BECK, 2001, p. 101), considera que as doenças da coluna
vertebral têm fundo eminentemente psíquico e merecem especial destaque pelo que
encerram de simbólico e pelo que influenciam a vida e o bem-estar das pessoas.
Para o autor a impossibilidade de erguer adequadamente a coluna agride o amor
próprio da pessoa, implicando na idéia simbólica, de que está abandonando a
dignidade humana.
O descondicionamento físico com a conseqüente flacidez muscular é um
agravante, aumentando a vulnerabilidade a lombalgias, segundo Rio; Pires (2001).
Para os trabalhadores de enfermagem das unidades de clínica médica
especializadas, conforme tabela 14, foi evidenciada a inexistência da prática de
atividade física regularmente, fator agravante, portanto para o aparecimento de
lombalgias e estresse, dentre outros.
Constata-se que maior atenção deve ser direcionada às posturas adotadas
pelos trabalhadores na execução das atividades laborais e nas condições dos
mobiliários, bem como se faz necessário disponibilizar instrumentos e equipamentos
ergonomicamente planejados, visando-se a redução da incidência de problemas
osteomusculares. Porém tão importante quanto promover medidas preventivas no
local de trabalho, é estimular os trabalhadores a refletirem sobre o seu cotidiano e a
opção por hábitos saudáveis.

3.3.2 Distúrbios psicoemocionais

Os distúrbios de natureza psicoemocionais relacionados com as condições de


trabalho, de acordo com a tabela 22 são: estresse 86,6%, mudanças de humor
71,4% e transtornos do sono 53,3%.
74

Alguns pesquisadores têm se dedicado a demonstrar de que forma o trabalho


pode estar relacionado ao estresse ou ao sofrimento psíquico (DEJOURS, 1992;
NUNES, 2000).
Dejours (1992) menciona que quando a relação do trabalho com a
organização é desestruturante, a energia que deveria ser descarregada na execução
do trabalho é acumulada no aparelho psíquico ocasionando uma relação de
desprazer e tensão. A continuidade deste processo pode ocasionar alterações de
desordens física e psíquica no trabalhador, caracterizando-se muitas vezes sob a
forma de estresse.
Segundo Nunes (2000), alguns fatores podem gerar estresse no ambiente de
trabalho, entre eles: falta de tempo por extensas jornadas de trabalho, e condições
de trabalho inadequadas, com recursos materiais deficientes e insuficientes, com
presença de agentes físicos como ruído, luminosidade e temperatura inadequadas.
Nesse sentido, destacam-se nesta pesquisa, as variáveis que corroboram
com o favorecimento ao estresse no ambiente de trabalho: excessiva carga horária
de 41,5% dos trabalhadores, ritmo de trabalho acelerado 82,9%, e a falta de material
e insumos para a realização do trabalho referida por 85,3% dos sujeitos desta
pesquisa.
Guérin et al. (2001, p. 73) referem que as situações de trabalho com muitos
fatores estressores podem provocar modificações de comportamento difíceis de
serem vividas pelas pessoas envolvidas: dificuldade de sono, alterações de humor
(irritabilidade) e até agressividade. Esses sinais desaparecem quando não mais são
submetidos à situação de trabalho. Porém podem gerar culpa, influenciando as
relações da vida social e profissional. Os trabalhadores participantes desta pesquisa
identificaram mudança de humor (71,4%) e transtornos do sono (53,3%) como
problemas relacionados às condições de trabalho, achados que reforçam a citação
dos autores.
No cenário do estudo, observa-se um grupo predominantemente feminino,
casado, com filhos, com dupla e tripla jornada de trabalho, que constituem um
somatório de fatores que interferem na qualidade de vida, repouso, e relacionamento
familiar e social. Em longo prazo, essas repercussões, devido às condições de
trabalho, poderão trazer danos à saúde e qualidade de vida desses trabalhadores.
75

3.4 Interesse dos trabalhadores na prevenção dos riscos no trabalho

Apresento na tabela 23 os resultados no que diz respeito ao interesse dos


trabalhadores de enfermagem na prevenção dos riscos existentes no seu local de
trabalho.

Tabela 23 – Interesse dos trabalhadores na prevenção dos riscos existentes no local


de trabalho das unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro, 2005.

Muito Bom Satisfatória Deixa a desejar Desconhece


Aspectos Avaliados
N % N % N % N %
Interesse por tema
relacionado com a saúde do 13 31,71 17 41,46 7 17,07 4 9,76
trabalhador e segurança no
trabalho
Participação na identificação
e avaliação dos riscos 6 14,63 24 58,54 8 19,51 3 7,32
Envolvimento em associação
dos trabalhadores na solução 2 4,88 6 14,63 12 29,27 21 51,22
dos problemas de saúde e
segurança
Iniciativa para reivindicar
ações de prevenção de riscos 3 7,32 13 31,71 20 48,78 5 12,20

Fonte: Pesquisa de Campo

Destaca-se nesta tabela os aspectos avaliados que obtiveram maior


percentual de respostas de acordo com o grau de interesse dos trabalhadores:
 Interesse por tema relacionado com a saúde do trabalhador e segurança no
trabalho – 31,7% responderam muito bom.
 Participação na identificação e avaliação dos riscos – 58,5% responderam
satisfatória.
 Envolvimento em associação dos trabalhadores na solução dos problemas
de saúde e segurança – 51,3% responderam desconhece.
 Iniciativa para reivindicar ações de prevenção de riscos – 48,7%
responderam deixa a desejar.
76

Considerando esses resultados, constata-se que os trabalhadores desta


instituição conhecem os riscos a que estão expostos, porém ainda não acontecem
efetivamente ações de envolvimento e prevenção na área de saúde e segurança no
trabalho.
Para Boix et al. (2001), a tomada de consciência e a experiência pessoal
frente ao risco, assim como o reconhecimento do direito dos trabalhadores de
expressarem seus pontos de vista e fazer parte na gestão da prevenção nos locais
de trabalho, são alguns elementos essenciais nas estratégias participativas.
Levando-se em consideração a Recomendação nº 171, da OIT, acerca da
saúde do trabalhador, a prevenção, a participação dos trabalhadores e sua
educação são importantes fatores na identificação dos riscos para uma possível
transformação do ambiente de trabalho.
Boix et al. (2001) propõe uma atividade formativa, baseada na observação e
na análise de cada realidade concreta, para identificar conjuntamente com os
trabalhadores, as práticas mais eficazes, no contexto de um determinado processo e
organização do trabalho, tendo em conta suas próprias percepções e expectativas.
Dessa forma, ao melhorar o conhecimento sobre os riscos, a formação se
converte em um processo que promove mudanças de atitudes favoráveis à proteção
da saúde, o que gera habilidades para uma efetiva implicação dos trabalhadores na
ação preventiva.
77

4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

4.1 Conclusões

De acordo com os dados obtidos, na investigação do conhecimento dos


trabalhadores de enfermagem sobre sua saúde e condições de trabalho em
enfermarias de clínica médica, apresento as conclusões deste estudo focadas em
quatro áreas: a) caracterização do perfil profissional dos trabalhadores de
enfermagem das unidades especializadas de clínica médica; b) percepção dos
trabalhadores sobre as condições do ambiente de trabalho; c) percepção dos
trabalhadores sobre seus problemas de saúde e à sua relação com as condições de
trabalho; e d) interesse dos trabalhadores na prevenção dos riscos no trabalho.

A. Caracterização do perfil profissional dos trabalhadores de enfermagem das


unidades especializadas de clínica médica

1. A maioria da população estudada (73,2%) é composta de mulheres que


têm mais de um emprego, cumprindo dupla ou tripla jornada de trabalho.
Tem responsabilidades com o sustento da família, cuidado com os filhos,
idosos e trabalho doméstico.
2. A idade dos trabalhadores varia entre 20 e 60 anos, predominando a
faixa etária entre 40 e 60 anos (60%), constituindo uma equipe de
enfermagem que exerce a profissão há mais de 10 anos (70%). Nesta
idade há modificações físicas que comprometem a qualidade do trabalho
e iniciam a deterioração de sua condição física, podendo apresentar
característica de restrição para determinadas atividades e maior
susceptibilidade a riscos e aparecimento de distúrbios osteomusculares
e psicoemocionais. Acrescenta-se a esses problemas os riscos no
ambiente de trabalho a que estes trabalhadores estão expostos há
muitos anos.
3. Do total de 41 trabalhadores de enfermagem estudados, que exercem
suas atividades nas unidades especializadas de clínica médica, 73% são
servidores públicos com vínculo empregatício estável e percebem bons
salários. Entretanto, 22% são trabalhadores com vínculo de trabalho
temporário, definido por contratos administrativos com tempo
78

determinado, percebendo salários inferiores ao dos servidores estáveis e


sem direitos trabalhistas. Este fato identificado acarreta substituições
periódicas dos trabalhadores de enfermagem nas unidades
especializadas de clínica médica, o que exige treinamento permanente
para os novos funcionários e aumenta os riscos decorrentes do trabalho.
4. Em relação aos cuidados dos trabalhadores de enfermagem com a sua
saúde, existe um comprometimento significativo de variáveis tais como:
vacinação, exame clínico anual, qualidade do sono, controle do peso e
exercício físico; podendo-se deduzir que os problemas de saúde
apresentados estão intrinsecamente relacionados ao seu estilo de vida,
agravados pelo trabalho nas unidades especializadas de clínica médica.

B. Percepção dos trabalhadores sobre as condições do ambiente de trabalho

1. Entre os riscos ergonômicos reconhecidos destacam-se: a postura


forçada para realizar as tarefas, manutenção de postura inadequada,
esforço físico que produz fadiga, ritmo de trabalho acelerado,
manipulação de cargas pesadas e desconforto pela falta de espaço. Os
riscos identificados são coincidentes com diferentes estudos sobre
condições de trabalho (BULHÕES, 1998; MAURO, 2001; MENDIVIL
2004; NISHIDE, 2004; SAVOLDI, 2004).

2. A manutenção de postura inadequada, o esforço físico que produz fadiga


e a manipulação de cargas pesadas, demonstram uma relação direta
com os problemas relacionados aos distúrbios osteomusculares, devido
às características da assistência de enfermagem aos clientes internados
nas unidades especializadas de clínica médica.

3. Os riscos biológicos estão associados ao perfil da clientela atendida, com


predominância de patologias de origem respiratória e infecções
transmitidas por sangue e fluídos corpóreos. Ressalte-se que todos os
trabalhadores de enfermagem (100%) apontam o risco de contrair
infecção, e evidenciam a falta de luvas e máscaras com problemas no
seu cotidiano de trabalho.

4. Os riscos físicos mais representativos para os sujeitos da pesquisa foram


temperatura inadequada e ar/ventilação insuficiente, o que está
79

relacionado com a ventilação artificial por ventilador de teto nestas


unidades, contribuindo para o desgaste físico e cansaço dos
trabalhadores de enfermagem.

5. O risco químico apontado pelos trabalhadores foi o contato com


glutaraldeído, devido ao processo de desinfecção de materiais
hospitalares serem realizados pelos trabalhadores de enfermagem
nestas unidades.

6. Os problemas no ambiente de trabalho relacionados aos riscos de


acidentes mais significativos na percepção dos sujeitos foram falta de
materiais e insumos para realização do trabalho, ordem e limpeza
insuficientes, distribuição inadequada dos recursos materiais no espaço
físico e iluminação insuficiente. Os trabalhadores nestes ambientes estão
expostos aos riscos e vulneráveis a serem vítimas de acidentes e
cometer erros.

C. Percepção dos trabalhadores de enfermagem sobre seus problemas de saúde e


a sua relação com as condições de trabalho

1. Na percepção dos trabalhadores de enfermagem das unidades


especializadas de clínica médica, os problemas de saúde relacionados
com as condições de trabalho são os distúrbios osteomusculares,
varizes e distúrbios de ordem psicoemocionais.

2. Entre os distúrbios osteomusculares foram identificadas dores lombares


e musculares (100%), lesões na coluna vertebral (94,3%) e varizes
(100%), além dos distúrbios psicoemocionais; estresse (86,6%),
mudanças de humor (71,4%) e transtornos do sono (76%).

3. O trabalho de enfermagem nas unidades especializadas de clínica


médica exige do trabalhador permanecer muitas horas em pé, suportar
pesos excessivos, postura inadequada para realizar o manuseio de
equipamentos e do próprio paciente, favorecendo o cansaço e a fadiga
no decorrer do plantão.

4. Os distúrbios osteomusculares indicam ter relação com o ambiente de


trabalho destas unidades, evidenciando também um agravo à saúde dos
trabalhadores desta profissão.
80

5. A carga horária excessiva, por mais de um vínculo empregatício, a


diminuição do tempo de repouso necessário, ausência de prática de
atividades físicas regularmente, peso acima do normal, justifica a
permanência e o agravamento dos distúrbios osteomusculares neste
grupo.

6. Nos distúrbios psicoemocionais, predomina o estresse, as mudanças de


humor e os transtornos do sono. Esses distúrbios estão relacionados ao
setor de trabalho, onde o ritmo intenso do processo de trabalho, sem
pausas adequadas, gera desgaste físico e mental. Estes trabalhadores
estão sobrecarregados, seja por não terem descanso e/ou condições
trabalho adequadas.

D. Interesse dos trabalhadores na prevenção dos riscos no trabalho.

1. O enfrentamento das dificuldades procedentes das condições de


trabalho leva estes trabalhadores a se conscientizarem dos riscos
ocupacionais, participando e avaliando na identificação dos riscos
ocupacionais e das condições de trabalho nas unidades especializadas
de clínica médica.

2. Os trabalhadores se avaliam positivamente quanto ao interesse na


prevenção dos riscos ocupacionais, porém na participação das atividades
de prevenção se avaliam negativamente, o que reforça a importância da
transformação através de um processo educativo dos trabalhadores de
enfermagem sobre os riscos ocupacionais, as condições de trabalho e
hábitos saudáveis de viver, evitando a banalização dos riscos.

Conclui-se que as condições de trabalho estão relacionadas aos problemas


de saúde, de natureza física e mental, percebidas pelos trabalhadores de
enfermagem, que atuam nas unidades especializadas de clínica médica.
As condições socioeconômicas, as condições familiares e o estilo de vida são
fatores que provocam ou agravam os problemas ocupacionais, sendo necessário
uma abordagem holística do trabalhador, para melhor compreensão da relação entre
as condições de trabalho e repercussão na saúde.
A conscientização dos riscos ocupacionais e das necessidades de estratégias
defensivas para o enfrentamento das diversas situações do cotidiano do trabalho,
81

tornam-se necessárias para estes trabalhadores, a fim de poderem melhor cuidar do


outro de envolverem-se no processo de transformação das condições do ambiente
de trabalho.
Os resultados encontrados na pesquisa demonstram a realidade a que estão
submetidos os trabalhadores de enfermagem, porém, não esgotam a interpretação da
relação entre condições de trabalho, riscos e danos, interesse em relação à proteção
da saúde e segurança no trabalho. Neste sentido o estudo deixa lacunas a serem
preenchidas pela realização de novos e aprofundados estudos sobre a temática.

4.2 Recomendações

As reflexões levantadas neste estudo quanto às condições de trabalho e sua


repercussão na saúde dos trabalhadores de enfermagem das unidades
especializadas de clínica médica, visam promover a melhoria da qualidade de vida
do trabalhador em ambientes saudáveis, e fazem com que os resultados deste
estudo levem a se inferir nas seguintes recomendações.

Aos trabalhadores de enfermagem

 Preocupar-se com a sua saúde, incorporando hábitos saudáveis no seu


cotidiano, tais como: lazer, descanso, sono adequado, exercício físico e
alimentação equilibrada, visando um estilo de vida saudável.
 Desenvolver atitudes de cooperação em equipe, evitando realizar
procedimento que exija esforço físico sozinho.
 Conscientizar-se da importância de utilizar adequadamente os princípios de
mecânica corporal para desenvolver as atividades de enfermagem.
 Manter atualizada sua imunização.
 Conscientizar-se das medidas de biossegurança no trabalho, utilizando,
quando necessário, os Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
 Participar de programas e eventos relacionados à saúde do trabalhador.
 Mobilizar-se nas lutas da categoria por melhores condições de trabalho,
salário e jornada compatível com suas características físicas e emocionais.
82

Aos gerentes dos serviços de enfermagem e de unidades especializadas de clínica


médica

 Realizar reuniões periódicas para discutir os problemas do setor.

 Promover programas de capacitação para a prevenção de distúrbios


osteomusculares, estresse, e biossegurança no hospital.

 Favorecer a participação da equipe de enfermagem na aquisição de novos


equipamentos e planejamento de construção ou reformas de planta física.

 Implantar pausas no trabalho, com exercícios laborais de relaxamento, com


música ambiente e outras modalidades.

 Oficializar horário para pausa e descanso no trabalho noturno, de no mínimo


2 horas, em local adequado para o repouso.

 Incentivar a participação dos trabalhadores de enfermagem em programas


internos e externos de prevenção e promoção da saúde.

 Melhorar as condições ambientais e organizacionais do trabalho.

 Manter um quadro efetivo de enfermagem considerando a reposição, quando


necessário.

 Reivindicar junto às autoridades governamentais a regularização dos vínculos


empregatícios, evitando a precarização dos contratos de trabalho do
profissional de enfermagem.

 Oferecer esclarecimento aos trabalhadores sobre os fatores de risco para


distúrbios osteomusculares, estresse, riscos biológicos, físicos e químicos,
levando-os à reflexão, à conscientização e ao envolvimento no processo de
prevenção e definição de enfretamento, com vista à melhoria do ambiente de
trabalho.
83

REFERÊNCIAS

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abordagem sociológica. Rio de Janeiro: Ed. Fio Cruz, 1995.

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Revista da Escola de Enfermagem USP, v. 32, n. 1, p. 84-90, 1998.

ALMEIDA, M.C.P. (Org) O trabalho de enfermagem. São Paulo: Ed. Cortez, 1997.

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90

APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO E INFORMADO PARA PARTICIPAÇÃO


NA PESQUISA (Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde – item IV)

Projeto de pesquisa: “CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE DOS TRABALHADORES


DE ENFERMAGEM QUE ATUAM EM CLÍNICA MÉDICA”.
Autora: Enfermeira Cláudia de Souza Moraes

Caro (a) Sr. (a):

 Este estudo tem como objetivos:


1. Identificar, a partir da perspectiva dos trabalhadores de enfermagem,
as condições de trabalho e os fatores de risco à saúde existentes no
setor de trabalho que podem ocasionar problemas de saúde.
2. Analisar sob a ótica dos trabalhadores de enfermagem sua saúde
relacionada às condições de trabalho.

 A sua participação neste estudo é voluntária. Mesmo que você decida


participar, você tem plena liberdade para sair do estudo a qualquer momento.

 Você poderá fazer todas as perguntas que julgar necessárias antes de


concordar em participar do estudo, ou a qualquer momento.

 Se você concordar, responderá a um questionário que identificará aspectos


inerentes ao seu perfil sócio-econômico e profissional; e às condições de
trabalho e aos fatores de risco à saúde existentes no seu setor de trabalho.

 A sua identidade será mantida como informação confidencial. Os resultados do


estudo podem ser publicados, mas sua identidade não será revelada sem o
consentimento por escrito.

CONSENTIMENTO:

Eu li e entendi todas as informações contidas neste termo de consentimento, e todas


as minhas perguntas e dúvidas foram respondidas a contento. Portanto, consinto,
voluntariamente, em participar deste estudo.

Nome do participante: _________________________________________________

Assinatura: ________________________________ Local/data: ________________

Nome do pesquisador: ________________________________________________

Assinatura: ________________________________ Local/data: _______________


91

APÊNDICE B – Questionário sobre o levantamento sócio-cultural-econômico-laboral


do trabalhador de enfermagem

Prezado entrevistado:

O questionário a seguir pretende conhecer o grupo de trabalhadores de enfermagem


da clínica médica, sem identificar as pessoas. Procure responder a todas as perguntas. Na
maioria das questões você terá apenas que assinalar com “x”. E às perguntas abertas,
responda resumidamente.
Desde já, agradecida por sua atenção e disponibilidade.
PARTE I

I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
1. Sexo
( ) masculino ( ) feminino

2. Idade
( ) menos de 19 anos ( ) 40 a 49 anos
( ) 20 a 29 anos ( ) 50 a 59 anos
( ) 30 a 39 anos ( ) mais de 60 anos

3. Estado civil
( ) solteiro ou similar ( ) casado ou similar

4. Nível de escolaridade
( ) ensino fundamental (ex 1º grau) ( ) completo ( ) incompleto
( ) ensino médio (ex 2º grau) ( ) completo ( ) incompleto
( ) ensino superior (graduação) ( ) completo ( ) incompleto
( ) mestrado ( ) completo ( ) incompleto
( ) doutorado ( ) completo ( ) incompleto

II – DADOS DO TRABALHO NA ENFERMAGEM:

5. Categoria profissional
( ) auxiliar de serviços de saúde ( ) enfermeiro
( ) auxiliar de enfermagem ( ) enfermeiro residente
( ) técnico de enfermagem

6. Há quanto tempo você trabalha na enfermagem? ___________________

7. E no HUPE? _____________________

8. Qual o seu vínculo institucional?


( ) estatutário
92

( ) prestador de serviço temporário


( ) bolsista

9. Você é sindicalizado? ( ) Não ( ) Sim Qual sindicato?


( ) Sindicato dos enfermeiros do RJ
( ) Sindicato dos auxiliares e técnicos de enfermagem do RJ
( ) SINTUPERJ

10. Em que setor do HUPE você trabalha? _____________________________________


11. Tempo de trabalho no setor mencionado: ___________________________________
12. Tipo de jornada de trabalho:
( ) diurna ( ) noturna ( ) diurna e noturna

13. É comum fazer jornada de trabalho para colega? ( ) Não ( ) Sim


Com que freqüência? ____________________________________________________

14. Você está satisfeito com o setor de seu trabalho?


( ) Não Por quê? ______________________________________________________
( ) Sim Por quê? ______________________________________________________

15. Além da enfermagem você exerce outra atividade profissional remunerada?


( ) Não ( ) Sim Qual? ________________________________________________

16. Em quais instituições você trabalha? _______________________________________


17. Qual a sua carga horária semanal, considerando todos os vínculos?
( ) 24 a 30 h ( ) 30 a 40 h ( ) 40 a 50 h ( ) mais de 50 h

18. Qual o meio de transporte que habitualmente você usa para deslocar-se para o
trabalho?
( ) ônibus ( ) carro próprio ( ) trem ( ) metrô ( )
a pé ( ) outros Qual? _____________________________________
19. Quanto tempo você gasta para chegar ao trabalho?
( ) menos de 30 min ( ) 30 min a 1 h ( ) 1h a 1h e 30 min ( ) 1h 30 min a 2h
( ) outros Quanto tempo? ______________________
93

20. Você tem pausa de descanso durante a jornada de trabalho?


( ) Não ( ) Sim Quanto tempo? __________________________________
21. Como você se sente após a jornada de trabalho? ____________________________
_______________________________________________________________________

III – DADOS ECONÔMICOS:

22. Qual a sua faixa salarial em salários mínimos?

( )1a2 ( )3a5 ( )6a8 ( ) 9 a 11 ( ) a partir de 12

23. Recebe adicionais?


( ) insalubridade ( ) triênios
( ) periculosidade ( ) auxílio alimentação
( ) auxílio creche ( ) vale transporte
( ) auxílio portador de necessidades especiais ( ) trabalho noturno
( ) nenhum

24. Qual a renda mensal de sua família em salários mínimos?


( )1a2 ( )3a5 ( )6a8 ( ) 9 a 11 ( ) a partir de 12 ( ) desconhece

25. Quantas pessoas da sua família dependem financeiramente de você? ___________

IV – DADOS FAMILIARES:

26. Você tem filhos? ( ) Não ( ) Sim Quantos? _________________________

26.1 Cite as idades dos filhos em ordem crescente: _____________________________

27. Quem cuida dos filhos menores enquanto trabalha? __________________________

28. Tem idosos em casa sob seus cuidados? ( ) Não ( ) Sim Quantos? _______

29. Estes idosos possuem doenças ou alguma limitação? ( ) Não ( ) Sim Qual?
_________________________________________________________________
30. Conta com a ajuda dos familiares para a realização das tarefas domésticas?
( ) Não ( ) Sim
IV – SUA SAÚDE:
31. Vacinação
31.1 – dupla adulto ( ) completa ( ) incompleta ( ) desconhece
31.2 – antitetânica ( ) completa ( ) incompleta ( ) desconhece
94

31.3 – contra hepatite B ( ) completa ( ) incompleta ( ) desconhece


31.4 – antigripal ( ) completa ( ) incompleta ( ) desconhece

32. Exames periódicos

32.1 – Faz exame clínico anualmente? ( ) Não ( ) Sim

32.2 – Realiza exame oftalmológico anualmente? ( ) Não ( ) Sim

32.3 – Para as mulheres: realiza exame ginecológico e de mama anualmente?


( ) Não ( ) Sim

32.4 – Para os homens (caso sua faixa etária seja superior a 40 anos): realiza exame de
próstata anualmente? ( ) Não ( ) Sim

32.5 – Para ambos os sexos: Já realizou exame proctológico? ( ) Não ( ) Sim

33. Você pratica, com regularidade, atividades físicas específicas para melhorar sua saúde,
condicionamento físico ou para fins estéticos? ( ) Não ( ) Sim

Qual? ____________________________________________________________________

34. Assinale as refeições que você faz diariamente:

34.1 – ( ) café da manhã 34.2 – ( ) lanche ou colação

34.3 – ( ) almoço 34.4 – ( ) lanche da tarde

34.5 – ( ) jantar 34.6 – ( ) ceia ou lanche da noite

35. Como está seu peso atualmente?


( ) ideal ( ) abaixo do ideal ( ) acima do ideal
36. Quantas horas de sono você dorme habitualmente?
( ) Menos de 6 horas ( ) de 7 a 8 horas ( ) de 9 a 10 horas ( ) + de 10 horas

37. Você tira cochilos durante o dia? ( ) Não ( ) Sim


38. Tem dificuldades para pegar no sono à noite? ( ) Não ( ) Sim
39. Você utiliza medicamentos para dormir? ( ) Não ( ) Sim
95

APÊNDICE C - Questionário sobre condições de trabalho


Você considera que no seu local de trabalho há algum dos seguintes problemas?
Preencher as lacunas, assinalando o algarismo que corresponde à freqüência com que
ocorrem os riscos e danos presentes na condição de trabalho da instituição, a saber:
4 – Freqüentemente 2 - Não acontece
3 - Às vezes 1 - Desconhece
Aspectos percebidos pelos trabalhadores 4 3 2 1
1. Temperatura inadequada
2. Ar / ventilação insuficiente
3. Iluminação insuficiente
4. Ruído muito elevado ou inadequado para realização do trabalho
5. Presença de radiação ionizante
6. Risco de contato com glutaraldeído
7. Risco de contrair infecção
8. Falta de luvas
9. Falta de máscaras
10. Incômodo pela falta de espaço
11. Distribuição inadequada dos recursos materiais no espaço físico
12. Risco de queda no ambiente de trabalho
13. Risco de queda de materiais
14. Ordem e limpeza insuficientes
15. Risco de incêndio ou explosão
16. Manipulação de cargas pesadas
17. Esforço físico que produz fadiga
18. Manutenção de postura inadequada durante muito tempo
19. Postura forçada para realizar algumas tarefas ou operações
20. Movimentos repetitivos com muita freqüência
21. Duração excessiva da jornada de trabalho
22. Organização insatisfatória de horários e turnos de trabalho
23. Ritmo de trabalho acelerado
24.Risco de acidentes por sobrecarga de trabalho
25. Trabalho monótono, rotineiro, com pouca variabilidade de tarefas
26. Trabalho isolado, o que dificulta o contato com os companheiros
27.Falta de materiais e insumos para a realização do trabalho
28.Pouca oportunidade de decisão sobre como realizar o trabalho
29. Poucas possibilidades de promoção
30. Desconhecimento ou formação insuficiente sobre os riscos do próprio trabalho
31. Conflito com os clientes ou usuários
32. Relações interpessoais inadequadas com os chefes ou supervisores
33. Situação de discriminação no trabalho

Citar os itens mais significativos:


96

APÊNDICE D - Questionário sobre problemas de saúde do trabalhador


Você tem algum dos seguintes problemas de saúde?
A partir da relação apresentada de riscos e danos, indicar em caso positivo, aqueles
em que há relação com as condições de trabalho.
Para preencher as lacunas, use os seguintes algarismos:
4 - Quando for freqüentemente 2 - Quando for não acontece
3 - Quando for às vezes 1 - Quando for desconhece

Relação com as
Riscos e Danos Existência condições de trabalho
Não relacionado
Não Sim Provocado Agravado
1. Dor de cabeça freqüente
2. Dores lombares
3. Dores musculares
4. Lesões de coluna vertebral
5. Consumo de bebida alcoólica
6. Fumo
7. Uso freqüente de psicofármacos
8. Uso de medicamentos
9. Depressão
10. Estresse
11. Mudanças de humor
12. Transtornos do sono
13. Perdas auditivas
14. Diabetes
15. Câncer
16. Hipertensão
17. Problemas de articulação
18. Problemas digestivos
19. Problemas oculares
20. Problemas respiratórios
21. Varizes
22. Doenças do coração
23. Doenças do fígado
24. Doenças renais
25. Doenças da pele
26. Doenças infecciosas
27.Contaminação com material biológico
28. Intoxicação por glutaraldeído
29. Lesão por material perfuro-cortante
30. Licenças por motivo de saúde
31. Faltas freqüentes por doença
32. Outros
97

APÊNDICE E - Questionário sobre o interesse dos trabalhadores na prevenção dos riscos


no trabalho

Qual o seu interesse na prevenção dos riscos existentes no seu local de


trabalho?

Para preencher as lacunas, assinale o algarismo que corresponde ao seu grau de


interesse a respeito dos seguintes aspectos:

4 – Muito bom
3 – Satisfatória
2 – Deixa a desejar
1 – Desconhece

Interesse na prevenção dos riscos 4 3 2 1

1. Interesse por tema relacionado com a saúde do trabalhador e


segurança no trabalho

2. Participação na identificação e avaliação dos riscos

3. Envolvimento em associação dos trabalhadores na solução


dos problemas de saúde e segurança

4. Iniciativa para reivindicar ações de prevenção de riscos

Comentários e/ou sugestões:

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
98

APÊNDICE F - Problemas de saúde percebidos pelos trabalhadores de enfermagem


das unidades de clínica médica especializadas, agosto/setembro, 2005.

Nº de F %
Problemas de saúde
ordem
1º Estresse 30 73,17
2º Varizes 25 60,98
3º Dores lombares 25 60,98
4º Dores musculares 23 56,10
5º Problemas oculares 21 51,22
6º Mudanças de humor 21 51,22
7º Licenças por motivo de saúde 19 46,34
8º Lesões de coluna vertebral 18 43,90
9º Dor de cabeça 16 39,00
10º Hipertensão 16 39,02
11º Transtornos do sono 15 36,59
12º Lesão por material pérfuro cortante 13 31,71
13º Problemas de articulação 11 26,83
14º Problemas respiratórios 8 20,00
15º Doença da pele 7 17,07
16º Problemas digestivos 7 17,07
17º Depressão 7 17,07
18º Perdas auditivas 6 14,63
19º Contaminação com material biológico 6 14,63
20º Faltas freqüentes por doença 6 14,63
21º Uso freqüente de psicofármacos 5 12,20
22º Outros 3 7,32
23º Doenças do coração 2 4,88
24º Fumo 2 4,88
25º Câncer 1 2,44
26º Doença do fígado 1 2,44
27º Intoxicação por glutaraldeído 1 2,44
28º Diabetes 1 2,44
29º Consumo de bebida alcoólica 1 2,44
99

APÊNDICE G - Problemas de saúde provocados pelas condições de trabalho na


percepção dos trabalhadores de enfermagem das unidades de clínica médica
especializadas, agosto/setembro, 2005.

Provocados pelas
Existentes condições de trabalho
Problemas de saúde
F %
Estresse 30 19 63,3
Dores lombares 25 17 68,0
Varizes 25 16 64,0
Dores musculares 23 15 65,2
Lesões de coluna 18 10 55,5
vertebral
Mudanças de humor 21 10 47,6
Licenças por motivo 19 10 52,6
de saúde
Lesão por material 13 09 69,2
perfurocortante
Uso de medicamentos 20 07 35,0
Transtornos do sono 15 06 40,0
100

APÊNDICE H - Problemas de saúde agravados pelas condições de trabalho na


percepção dos trabalhadores de enfermagem das unidades de clínica édica
Especializadas, agosto/setembro, 2005.

Agravados pelas
Existentes condições de trabalho
Problemas de saúde
F %
Varizes 25 09 36,0
Dores lombares 25 08 32,0
Dores musculares 13 08 34,7
Dor de cabeça 16 07 43,7
Lesões de coluna 18 07 38,8
vertebral
Estresse 30 07 23,3
Mudanças de humor 21 05 23,8
Licenças por motivo 19 04 21,0
de saúde
Lesão por material 13 03 23,0
perfuro-cortante
Uso de medicamentos 20 03 15,0
Transtornos do sono 15 02 13,3
101

ANEXO - Aprovação do Comitê de Ética

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