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ILUMINISMO

foi um movimento intelectual que surgiu durante o século XVIII na


Europa, que defendia o uso da razão (luz) contra o antigo regime
(trevas) e pregava maior liberdade econômica e política.

Este movimento promoveu mudanças políticas, econômicas e sociais,


baseadas nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.

O Iluminismo tinha o apoio da burguesia, pois os pensadores e os


burgueses tinham interesses comuns.

As críticas do movimento ao Antigo Regime eram em vários aspectos


como:
- Mercantilismo.
- Absolutismo monárquico.
- Poder da igreja e as verdades reveladas pela fé.
Com base nos três pontos acima, podemos afirmar que o Iluminismo
defendia:
- A liberdade econômica, ou seja, sem a intervenção do estado na
economia.
- O Antropocentrismo, ou seja, o avanço da ciência e da razão.
- O predomínio da burguesia e seus ideais.

As ideias liberais do Iluminismo se disseminaram rapidamente pela


população. Alguns reis absolutistas, com medo de perder o governo -
ou mesmo a cabeça -, passaram a aceitar algumas ideias iluministas.

Estes reis eram denominados Déspotas Esclarecidos, pois tentavam


conciliar o jeito de governar absolutista com as ideias de progresso
iluministas.

Alguns representantes do despotismo esclarecido foram: Frederico II,


da Prússia; Catarina II, da Rússia; e Marquês de Pombal, de Portugal.

ILUMINISMO NO BRASIL

No Brasil, a influência iluminista também faria se sentir fortemente,


através dos filhos da nobreza que estudavam na Europa. O
contrabando de livros de autores como Voltaire e Rousseau plantariam
as sementes revolucionárias que dariam fruto em meio à insatisfação
com o governo português, numa conjuntura que daria origem
à Inconfidência Mineira, ocorrida em 1789. Assim como na Revolução
Francesa que estouraria no mesmo ano, ela reivindicaria a liberdade
de pensamento e religiosa; assim como na Revolução Americana de
1776, eles ambicionariam pela independência da colônia e separação
total em relação à metrópole.

Diferentemente destes dois eventos, entretanto, a Inconfidência


falhou, assim como a Conjuração Baiana na década seguinte e
a Revolução Pernambucana em 1817. Após a Independência do Brasil
em 1822, D. Pedro I outorgaria uma Constituição com fortes
influências liberais. De maneira geral, podemos afirmar que a história
de todas as nações ocidentais desde então foram fortemente pautadas
por ideais e reflexões feitas pelos autores iluministas.

ILUMINISTAS IMPORTANTES

John Locke

John Locke é Considerado o “pai do Iluminismo”. Sua principal obra


foi “Ensaio sobre o entendimento humano”, aonde Locke defende a
razão afirmando que a nossa mente é como uma tábula rasa sem
nenhuma ideia.

Defendeu a liberdade dos cidadãos e Condenou o absolutismo.

Voltaire

François Marie Arouet Voltaire destacou-se pelas críticas feitas ao


clero católico, à inflexibilidade religiosa e à prepotência dos
poderosos.

Montesquieu

Charles de Secondat Montesquieu em sua obra “O espírito das


leis” defendeu a tripartição de poderes: Legislativo, Executivo e
Judiciário.

No entanto, Montesquieu não era a favor de um governo burguês.


Sua simpatia política inclinava-se para uma monarquia moderada.

Rousseau

Jean-Jacques Rousseau é autor da obra “O contrato social”, na qual


afirma que o soberano deveria dirigir o Estado conforme a vontade do
povo. Apenas um Estado com bases democráticas teria condições de
oferecer igualdade jurídica a todos os cidadãos. Rousseau destacou-
se também como defensor da pequena burguesia.
Quesnay

François Quesnay foi o representante oficial da fisiocracia. Os


fisiocratas pregavam um capitalismo agrário sem a interferência do
Estado.

Adam Smith

Adam Smith foi o principal representante de um conjunto de ideias


denominado liberalismo econômico, o qual é composto pelo seguinte:
- o Estado é legitimamente poderoso se for rico;
- para enriquecer, o Estado necessita expandir as atividades
econômicas capitalistas;
- para expandir as atividades capitalistas, o Estado deve dar
liberdade econômica e política para os grupos particulares.
A principal obra de Smith foi “A riqueza das nações”, na qual ele
defende que a economia deveria ser conduzida pelo livre jogo da
oferta e da procura.
INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

A independência dos Estados Unidos (4 de julho de 1776) foi a


primeira grande derrota de uma potência colonial na história.
Além de ser a fundação de uma futura potência econômica (os
próprios Estados Unidos), ainda influenciou dezenas de outros
movimentos de libertação pelo continente americano.
Mas, tenhamos calma, afinal, se você está aqui é porque quer
conhecer esta história em detalhes, certo? Então, neste artigo, vamos
passar por várias questões sobre a independência dos Estados
Unidos, seguindo estes tópicos:
• Como foi a Independência dos Estados Unidos;
• Colonização dos Estados Unidos;
• Guerra dos sete anos;
• Causas da Independência dos Estados Unidos;
• Declaração de Independência dos Estados Unidos.
• Iluminismo e Independência dos Estados Unidos;
• Consequências da Independência dos Estados Unidos.
Parece bastante coisa? Fique tranquilo, não é tão complicado quanto
parece.

OQUE FOI A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

A Independência dos EUA foi o movimento de libertação do país


contra a metrópole colonial, a Inglaterra.
Os conflitos iniciaram em 1774 e se estenderam até 1776, quando
começou oficialmente uma guerra entre Inglaterra e Estados Unidos,
vencida pelos americanos em 1783.
Esta explicação é apenas uma introdução para que você tenha um
panorama sobre o tema. Para entender o que realmente aconteceu, é
preciso voltar um pouco no tempo.

COLONIZAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS


A colonização e Independência dos Estados Unidos estão intimamente
ligadas, por isso é preciso entender que o país teve uma espécie de
dupla colonização, iniciado por sua chegada no continente americano
até sua expansão territorial.
Para começar, os Estados Unidos daquela época era composto por
treze colônias, todas localizadas na costa leste, Além disso, havia
uma diferença fundamental entre norte e sul da costa leste:
• Norte: colonizado por muitos refugiados de perseguições religiosas na
Europa. Economia baseada na pequena propriedade, com produção
manufatureira voltada para o mercado interno.
• Sul: colonizado a partir do modelo de produção agrícola em
latifúndios (monocultura), baseados na mão de obra escrava, com
produção voltada para o mercado externo (Inglaterra).
Esta divisão interna tem impacto na sociedade americana até hoje,
mas naquela época significava que o sul era mais dependente
economicamente da metrópole, enquanto o norte tinha suas próprias
reivindicações.
Falaremos sobre isso em breve. Mas antes, vamos entender o que
motivou o contexto histórico da Independência dos Estados Unidos.

GUERRA DOS SETE ANOS

Entre 1756 e 1763, Inglaterra e França travaram uma guerra pela


posse das colônias americanas, a chamada Guerra dos Sete Anos.
O que importa saber é que a Inglaterra derrotou a França, mas só
conseguiu este feito, graças ao apoio das milícias coloniais, ou seja,
dos colonos americanos.
Quando a guerra terminou, estes colonos acreditavam que seriam
recompensados pela ajuda, mas os ingleses tinham seus próprios
problemas e adotaram uma série de medidas muito impopulares,
entre elas:
• Aumento dos impostos sobre as colônias como forma de pagar os
custos da guerra;
• Criação do monopólio do comércio do chá para uma companhia
inglesa (Lei do Chá);
• Criação de um imposto sobre circulação de mercadorias da colônia
(Lei do Selo);
• Criação do monopólio do açúcar para as Antilhas Inglesas (Lei do
Açúcar).
Resumindo, a Inglaterra criou uma série de medidas que tornavam a
vida econômica na colônia mais difícil, sobretudo para os pequenos
produtores do norte, que atendiam o mercado interno.
E assim, desta insatisfação, surgiu a revolta que daria origem
a Independência dos Estados Unidos.

CAUSAS DA INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

A Independência dos Estados Unidos tem causas diretas e indiretas.


Vamos começar pelas mais diretas, decorrentes da insatisfação com a
política de impostos da metrópole (Inglaterra).
Entre o fim da Guerra dos Sete Anos e 1774, os ingleses continuaram
sua política de controle sobre a economia colonial, criando
monopólios e impostos contra a vontade dos colonos.
Assim, a insatisfação com a metrópole se converteu em um
movimento organizado, com dois momentos mais importantes:
• 1774: os colonos organizaram o Primeiro Congresso da Filadélfia.
Tratava-se de uma série de solicitações para que a Inglaterra desse
mais liberdade econômica e política para a colônia. A Inglaterra não
apenas recusou, como seguiu criando novos controles e aumentando
os já existentes.
• 1776: diante da recusa inglesa em negociar, após o Segundo
Congresso da Filadélfia, é redigida e reprovada a Declaração de
Independência dos Estados Unidos, dando início a guerra contra a
Inglaterra pela libertação do país.
Resumindo, podemos dizer que as principais causas da
Independência foram:
• O desejo por maior liberdade econômica e política das treze colônias;
• A recusa da metrópole em negociar, seguindo uma política de
controle rígido.
Dito isso, vamos continuar nossa história da Independência dos
Estados Unidos com o desenrolar da guerra a partir de 1776, para
depois falarmos mais sobre as causas indiretas da Independência.

DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

A declaração de Independência, assinada em 4 de julho de 1776, era


uma carta de intenção, ou seja, uma declaração de que surgiria um
novo país, livre da Inglaterra.
A guerra que se seguiu foi intensa e durou até 1783, sendo que os
americanos venceram, em grande parte, porque contaram com apoio
francês e espanhol.
Portanto, apesar da data de 4 de julho de 1776 ficar marcada como o
dia da Independência, foi apenas após 1783 que o país teve
condições de se organizar, sendo que sua Constituição só ficou pronta
em 1787.

Este é um detalhe importante, sobre o qual precisamos falar


separadamente, retomando a ideia das causas indiretas da
Independência.

ILUMINISMO E INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

O século XVIII (anos 1700), foi marcado por movimentos burgueses


de vários tipos. Todos eles influenciados pelo Iluminismo, uma
corrente de pensamento filosófico cujo centro era a França.
Algumas das principais características do Iluminismo eram:
• A liberdade individual;
• Ordenação burguesa da sociedade;
• Garantia do direito à propriedade privada;
• Separação entre igreja e Estado.
Mas, você pode estar se perguntando como as ideias iluministas
influenciaram a Independência dos Estados Unidos, se tinham origem
na França?
Ocorre que o pensamento filosófico iluminista tinha na sua essência
os mesmos ideais de liberdade e igualdade que os colonos
americanos pretendiam pôr em prática.
Ou seja, o iluminismo era a base intelectual do movimento de revolta
contra a metrópole e libertação da colônia, portanto, uma causa
indireta da Independência.

Consequências da Independência dos Estados Unidos


Para encerrar, precisamos apenas delinear algumas das
principais consequências da Independência dos Estados Unidos:
• A Independência americana teve influência direta sobre as demais
lutas no continente americano, pela libertação colonial, sendo que até
o início do século XIX (anos 1800), vários movimentos semelhantes
ocorreram na região.
• Como consequência, a Independência americana também foi
responsável por dar o empurrão que acabaria com o sistema colonial
nas Américas.
• Por outro lado, a Independência trouxe à tona a divisão interna dos
Estados Unidos, entre norte e sul, com interesses econômicos e
políticos distintos. Essa divisão foi responsável por provocar uma
Guerra Civil décadas depois (entre 1861 e 1865).
INCONFIDÊNCIA MINEIRA

A Inconfidência Mineira foi uma conspiração política organizada por


profissionais liberais, militares e membros da elite econômico-social da
Capitania de Minas Gerais no fim da década de 1780 – época em que
o Brasil ainda era colônia portuguesa. Os inconfidentes tinham como
principal intenção retirar do poder local o governador (na ocasião
nomeado pela Coroa portuguesa) Visconde de Barbacena, o que
configurava uma afronta à autoridade do Império Português da
Capitania de Minas gerais. Mas quais razões motivavam os
inconfidentes? O que acontecia na Capitania de Minas Gerais nessa
época?

IMPOSTOS COBRAODS PELA COROA

Sabemos que a Capitania de Minas Gerais foi o grande polo de


atividade mineradora do Brasil durante o período colonial. O ouro e as
pedras preciosas da região, como o diamante, estimularam a migração
de bandeirantes e aventureiros para a região, que acabaram fundando
vilas importantes como Vila Rica (que depois passaria a se
chamar Ouro Preto) e Diamantina. A Coroa portuguesa, para
estabelecer o controle sobre esse tipo de atividade econômica,
organizou politicamente a região, determinando tributações e
construindo no local sistemas de “purificação do ouro”, como as Casas
de Fundição.

Às Casas de Fundição era transportado todo o ouro extraído, que era


levado ao fogo e fundido em barras. Das barras fundidas, o governador
da Capitania (sempre nomeado pelo rei português) separava o quinto,
isto é, cerca de 20%, e enviava para Portugal. O quinto era o principal
imposto cobrado na Capitania de Minas Gerais. Ocorreu que, a partir
da década de 1760, a economia mineradora começou a entrar em
declínio em virtude, principalmente, da escassez do ouro. Todavia,
mesmo assim, o quinto continuou a ser cobrado. O problema é que os
mineiros não conseguiam mais suprir a demanda do quinto, e a Coroa
portuguesa cogitou novas formas de compensar o deficit gerado.

Uma das soluções foi a chamada derrama. A derrama consistia na


cobrança de tributação sobre todos os bens da população de
determinada região, isto é, sobre cada bem que alguém possuísse ou
fizesse usufruto seria cobrada uma porcentagem para cobrir a dívida
com a Coroa. Nos fins de 1780, o governador designado para a
Capitania de Minas, Visconde de Barbacena, tinha como algumas de
suas obrigações pôr ordem na região e garantir a porcentagem
destinada à Coroa. Em 1788, houve o rumor de que seria aplicada em
Minas a maior de todas as derramas, o que provocou agitação em Vila
Rica.
CONSPIRAÇÃO

Como reação às medidas de Barbacena, alguns membros destacados


da sociedade mineira da época decidiram organizar uma conspiração
contra o governador e a Coroa. Grande parte dos conspiradores era
influenciada pelas ideias de liberdade propagadas
pelo Iluminismo francês – ideias essas que também dariam a tônica
da Revolução Francesa – e por outras vertentes filosófico-políticas do
século XVIII.

Tiradentes, isto é, o alferes (membro da cavalaria dos Dragões de


Minas) Joaquim José da Silva Xavier, era conhecedor da legislação
republicana do recém-independente Estados Unidos da América. Os
poetas Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa haviam
entrado em contato com as obras de autores franceses em Coimbra,
quando lá estiveram a estudo. Esses e outros conspiradores rejeitavam
o caráter autoritário de Barbacena e também o modelo político
absolutista de Portugal.

A DELAÇAO EO JULGAMENTO

De todos os conspiradores, o mais radical foi o alferes Tiradentes,


que chegou a planejar a morte de Barbacena. Toda a programação da
revolta contra o governo da Capitania estava prevista para quando
fosse aplicada a derrama de 1789. No entanto, um dos
conspiradores, Joaquim Silvério dos Reis, delatou ao governador
Barbacena toda a conspiração, dando inclusive o nome dos líderes.
Silvério acreditava que, ao fazê-lo, Barbacena perdoaria as dívidas
que ele havia contraído.
Munido de informações, Barbacena perseguiu e prendeu os principais
envolvidos na conspiração, como nota o historiador Boris Fausto:

“Em março de 1789, Barbacena decretou a suspensão da derrama,


enquanto os conspiradores eram denunciados por Silvério dos Reis.
Devedor da Coroa como vários dos inconfidentes, Silvério dos Reis
estivera próximo destes, mas optara por livrar-se de seus problemas
denunciando o movimento. Seguiram-se as prisões em Minas e a de
Tiradentes no Rio de Janeiro. O longo processo realizado na capital da
Colônia só terminou em 18 de abril de 1792.”

A Tiradentes, único a confessar o crime e assumir a culpa, foi


aplicado um processo judicial que durou quase quatro anos. Sua pena
foi a mais dura de todas: foi condenado à morte na forca. Todos os
autos do processo (material reunido para realizar o julgamento)
dirigidos contra o alferes e os demais membros da conspiração
ficaram conhecido como devassa, uma peça jurídica com todo o
detalhamento dos crimes de traição.
Execução de Tiradentes
Após o longo processo, Tiradentes foi executado em 21 de abril. Seu
corpo foi esquartejado, e os membros espalhados pela estrada que
ligava a cidade do Rio de Janeiro (capital do país) a Vila Rica. Nessa
última cidade, a cabeça de Tiradentes foi espetada em um poste, em
uma praça. O objetivo dessa ação era simbólico. A Coroa queria
transmitir a mensagem do que ocorreria com quem cometesse o
mesmo crime de traição de conspiradores como Joaquim José da
Silva Xavier.

A CONJURAÇAO BAIANA

A Conjuração Baiana, também conhecida como Conjuração dos


Alfaiates, foi uma conspiração de caráter separatista e republicano que
aconteceu na cidade de Salvador e que foi descoberta pelas
autoridades locais em 1798. Esse movimento foi resultado da
insatisfação das elites locais com o domínio metropolitano e também
manifestou o descontentamento popular, sobretudo com a falta de
alimentos.
Antecedentes
A Conjuração Baiana foi resultado da insatisfação das elites com o
governo metropolitano que prejudicava as atividades econômicas
dessa classe. Além disso, na cidade de Salvador do final do século
XVIII, a fome era um problema que afetava a qualidade de vida de
todos. A falta de alimentos fazia com que os produtos disponíveis no
mercado fossem vendidos a valores altíssimos. Certos itens – como a
carne – estavam excluídos da mesa da população local.
Essa situação havia contribuído para que diferentes rebeliões
acontecessem em Salvador durante esse período. O historiador Boris
Fausto destaca um evento que ocorreu em 1797, quando escravos do
general comandante de Salvador foram atacados por uma multidão de
famintos e tiveram a carga de carne que levavam totalmente
roubada|1|.
A Conjuração Baiana, assim como a Inconfidência Mineira, também
teve inspiração nos ideais iluministas que eram propagados naquele
período. Durante o processo de investigação desse movimento pelas
autoridades, foram encontradas obras de autores iluministas em posse
dos principais envolvidos. Além disso, devido ao seu caráter popular, a
Conjuração Baiana claramente inspirou-se em eventos como
a Revolução Francesa e a Revolução Haitiana.
A CONSPIRAÇÃO
Conforme mencionado, a falta de alimentos e a inspiração dos ideais
iluministas motivaram a população de Salvador a rebelar-se contra as
autoridades metropolitanas. Diferentemente da Inconfidência Mineira,
esse movimento teve grande adesão de grupos da camada popular,
sobretudo de negros livres que atuavam como alfaiates, soldados,
meeiros etc.
O movimento também contou com membros da elite local como
Cipriano Barata, um destacado revolucionário que atuou em diferentes
movimentos da época. Essa elite local, principalmente por causa dos
acontecimentos que transcorreram em São Domingos (atual Haiti),
temia muito o surgimento de rebeliões realizadas por negros. Assim,
essa classe defendia, em geral, seus interesses econômicos e de classe
em detrimento dos interesses do povo.
Os conspiradores passaram, então, a reunir-se e a produzir panfletos,
conhecidos à época como “pasquins”. Esses folhetos foram espalhados
por diferentes pontos da cidade de Salvador e incitavam a popular a
rebelar-se contra o domínio metropolitano. As causas defendidas pelos
conspiradores podem ser resumidas da seguinte maneira:
• Defendiam a proclamação da República Bahinense;
• Fim do trabalho escravo;
• Implantação do livre comércio.
A divulgação dos folhetos pela cidade de Salvador, no entanto, alertou
as autoridades locais a respeito da conspiração que estava sendo
realizada. Assim, o governador da Bahia, d. Fernando José de Portugal
e Castro, ordenou que investigações fossem conduzidas para encontrar
e aprisionar os responsáveis pela divulgação dos folhetos.
As investigações levaram à prisão de quarenta e sete pessoas, das
quais três foram decapitadas e tiveram seus corpos esquartejados, e
essas partes foram colocadas em exposição em diferentes pontos de
Salvador. Enquanto alguns dos prisioneiros foram libertados tempos
depois, outros foram condenados ao degredo e enviados para o
continente africano. Portanto, a Conjuração Baiana, assim como a
Inconfidência Mineira, não conseguiu superar a fase conspiratória.
A rigidez das punições aos envolvidos na Conjuração Baiana evidenciou
o temor que existia no Brasil a respeito de conspirações e movimentos
de caráter popular com adesão de negros. Esse temor transparecia com
a preocupação de que o que estava em curso no Haiti – uma rebelião
de escravos – acontecesse também no Brasil. Acerca disso, Boris
Fausto afirma:
A severidade das penas foi desproporcional à ação e às possibilidades
de êxito dos conjurados. Nelas transparece a intenção de exemplo,
um exemplo mais duro do que o proporcionado pelas condenações
aos inconfidentes mineiros. A dureza se explica pela origem social dos
acusados e por um conjunto de outras circunstâncias ligadas ao
temor das rebeliões de negros e mulatos. A insurreição de escravos
iniciada em São Domingos, colônia francesa nas Antilhas, em 1791,
estava em pleno curso e só iria terminar em 1801, com a criação do
Haiti como Estado independente. Por sua vez, a Bahia era uma região
onde os motins de negros iam se tornando frequentes. Essa situação
preocupava tanto a Coroa como a elite colonial […].

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