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INSTITUTO DE PSICOLOGIA
São Paulo
2012
FERNANDA LIBARDI GALESI
drogas cue-induced
São Paulo
2012
2
RESUMO
3
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................ 3
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 7
Sujeitos ....................................................................................................... 19
Equipamentos ............................................................................................. 20
Procedimento .............................................................................................. 21
EXPERIMENTO 1 ................................................................................................. 23
Método ........................................................................................................ 23
Resultados ................................................................................................... 28
Discussão .................................................................................................... 31
EXPERIMENTO 2 ................................................................................................ 34
Método ....................................................................................................... 34
EXPERIMENTO 3 ................................................................................................ 41
Método ...................................................................................................... 41
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 46
4
LISTA DE TABELAS
5
LISTA DE FIGURAS
Figura 2 – Médias de consumo (± SEM) (g/kg) dos sujeitos das soluções de etanol ao
começou com 10% de etanol e 10% de sacarose (10E/10S) e a sacarose foi sendo
retirada da solução até a mesma passar a conter apenas 10% de etanol (10E) ............. 28
Figura 3 – Mediana do número de respostas dos sujeitos do grupo VR5 e do grupo CRF
Figura 4 – Média (± SEM) de respostas dos três últimos dias da fase de extinção (EXT)
e das sessões de testes em que o SD1 (odor de laranja) foi apresentado em conjunto
com Sr1 (luz), o SD2 (odor de erva-doce) foi apresentado em conjunto com Sr2 (som) e
diferença significativa entre EXT e SD1/Sr1 (p = 0,001) e entre EXT e Sr1 (p = 0,001).
Figura 5 – Razão entre as taxas de respostas das sessões de teste e a média da taxa de
experimentais................................................................................................................. 31
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INTRODUÇÃO
prejuízos na vida do indivíduo que, apesar disso, não deixa de consumir a droga
Dentre as drogas que podem causar adicção, uma das mais comuns e que pode
droga ser lícita e muitas vezes seu consumo ser incentivado, além de ser de fácil acesso
Epstein, Preston, Stewart, & Shaham, 2006; O'Brien, Childress, Ehrman, & Robbins,
1998; Woody, McLellan, & O'Brien, 1990; Zironi, Burattini, Aicardi, & Janak, 2006).
Alguns dos fatores centrais que levam à recaída ao uso de álcool são respostas
eliciadas e inicia-se a fissura (descrito pelos usuários como “forte desejo de usar a
droga”). Como o desconforto causado pela fissura é, em geral, muito grande aumenta-se
7
a probabilidade do adicto emitir respostas que possam resultar na obtenção e consumo
entender algumas variáveis deste fenômeno. Os modelos animais têm sido muito
forma e a função do comportamento” (Guerra & Silva, 2002, p.234). Ou seja, deve
Willner (1991) propõe o uso de três critérios para avaliar a validade dos modelos
topografia da resposta que o animal deve emitir na situação de laboratório seja similar à
1
O termo “transtorno mental” é utilizado aqui com base na nomenclatura do DSM-IV, porém não indica
que os modelos animais pretendem reproduzir a “ processos mentais” no laboratório.
8
comportamento dos animais. O terceiro e último critério – a validade de construto –
estabelece que deve haver similaridade entre o processo básico que determina os
Assim, para ser completo, um modelo animal ideal deve simular um transtorno
mental em sua etiologia, nos seus mecanismos fisiológicos, nos comportamentos típicos
quando aborda-se a recaída ao uso de álcool existem dois modelos animais amplamente
Modelo de estresse
álcool. Em seguida passam por uma fase de extinção da resposta de pressão à barra e,
emitir as respostas de pressão à barra, apesar delas já não terem mais como
pelo álcool e indicativas de que a exposição ao evento estressante levou a recaída (Liu
& Weiss, 2003; Mason, Shaham, Weiss, & Le, 2009; Sanchis-Segura & Spanagel,
2006).
9
Marcadores fisiológicos de estresse são frequentemente analisados pelas
pesquisas que estudam a recaída de drogas por estresse. Em ratos, o estresse é medido
adrenocorticotrófico (ACTH). Por sua vez, o ACTH estimula o córtex adrenal que
condições ambientais (Ciccocioppo et al., 2009; Kawasakit & Iwasaki, 1997; Touma,
preferência por álcool, porem, Ciccocioppo et al., 2009; Economidou et al., 2008
verificaram que como resultado dessa seleção esses animais apresentam uma mutação
do gene que codificada a proteína CRH1R (receptor do CRH), fato que confere aos
animais uma alta sensibilidade ao estresse. Além disso, nesses ratos, o tratamento com
al., 2008 o alto consumo de álcool dos ratos msP é determinado por uma contingência
autor ainda propõe que o consumo de de álcool por ratos de outras cepas, por exemplo
Wistar, é função de uma contingência de reforço positivo: o álcool teria como efeito a
10
Tendo em vista esses dados, o hormônio liberador de corticotropina (CRH) tem
Modelo cue-induced
extinção os animais são submetidos à fase de teste na qual as condições da fase de treino
primários (álcool ou água) não são liberados. Nessa última fase, se os sujeitos voltarem
considerado que houve procura pela droga, ou seja, indicação de recaída induzida por
esses estímulos ambientais (Bachteler, et al., 2005; Ciccocioppo, Angeletti, & Weiss,
11
2001; Ciccocioppo, et al., 2004; Ciccocioppo, Lin, Martin-Fardon, & Weiss, 2003).
para o estudo do papel dos estímulos ambientais na recaída ao uso de álcool, seu
procedimento não diferencia o papel de cada um dos estímulos ambientais que são
respostas de pressão à barra não foram seguidas por etanol ou água. Inicialmente, os
experimento mostraram que apenas quando o estímulo luminoso (Sr1) estava presente
sozinho não mostrou controle discriminativo sobre a resposta de pressão à barra. Estes
resultados são importantes pois mostram que, ao contrário do previsto por alguns
12
autores (Bachteler, et al., 2005; Cannella, et al., 2009; Ciccocioppo, Angeletti, & Weiss,
2001; Ciccocioppo, et al., 2003; Ciccocioppo, et al., 2004), o modelo cue-induced pode
não ser apropriado para o estudo do controle de estímulos discriminativos sobre o uso
de álcool.
reforço contínuo (CRF) utilizado na fase de treino poderia ser uma das hipóteses a
recaída ao uso de drogas cue- induced (Bachteler, et al., 2005; Ciccocioppo, Angeletti
& Weiss, 2001; Ciccocioppo, et al., 2003; Ciccocioppo, et al., 2004; Ciccocioppo,
Martin-Fardon, & Weiss, 2002; Williams & Schimmel, 2008), poderia ter dificultado o
(1965), o CRF é uma contingência de reforço que facilita o controle pela consequência
por não favorecer que o sujeito atente para o estímulo antecedente à resposta. De acordo
com o mesmo autor, é por esse motivo que seu uso em treinos discriminativos é
Mijares (no prelo) propuseram que o treino da resposta de pressão à barra sob o
esquema CRF favoreceu o controle da resposta pelos estímulos que eram consequência
desta (i.e reforçador condicionado e primário) e não dos estímulos que a antecediam (i.e
estímulos discriminativos).
Ciccocioppo, Angeletti, & Weiss, 2001; Ciccocioppo, et al., & Weiss, 2003;
Ciccocioppo, et al., 2004), poderia ser outra variável explicativa dos seus resultados. No
13
procedimento de treino discriminativo do modelo cue-induced os dois estímulos
ser aprendida do que a discriminação simultânea (Catania, 1999; Matos, 1981); além de
sessão), foram fatores que podem ter dificultado o estabelecimento do odor como
estímulos discriminativo.
possível supor que o uso do reforçador condicionado e não apenas o tipo de treino é a
principal variável que deve ser considerada para explicar os resultados obtidos por
discriminativo.
observado nas sessões de reinstalação do experimento pode ter sido decorrente de uma
barra eram seguidas da apresentação do reforçador condicionado, que pode ter adquirido
ficar presente durante toda a sessão experimental, pode não ter sido um evento
14
ambiental relevante da cadeia. Por sua vez, o reforçador condicionado foi parte
replicaram os dados obtidos com o modelo animal cue-induced, porém, sugerem que a
experimental.
modelo cue-induced que frequentemente não é considerada nas pesquisas sobre recaída
ao uso do álcool: o estresse produzido pela situação de extinção da fase de testes. Como
mencionado, nos testes de reinstalação desse modelo as respostas são emitidas sob uma
condição de extinção (i.e. o etanol não é liberado como consequência das respostas de
pressão à barra).
corticosterona no plasma (Coover, Goldman, & Levine, 1971; Kawasakit & Iwasaki,
1997). Na literatura comportamental, por outro lado, a condição de extinção tem sido
caracterizada por alguns autores como uma situação de “frustração”, associada muitas
vezes a episódios de agressão e considerado como uma situação aversiva para o animal
15
(Azrin, Hutchinson, & Hake, 1966; Rilling & Caplan, 1973). Portanto, tanto as medidas
podem ser considerados situações estressantes (Amsel, 1992; Fallon, 1971; Wagner,
1963).
de extinção seja uma variável a ser considerada quando se estuda o controle dos
consumo do álcool.
16
resultados obtidos nessa fase são sempre atribuídos ao controle dos estímulos
produz maior controle discriminativo dos odores utilizados no treino sobre a resposta de
pressão à barra do que o esquema de reforço contínuo utilizado por Galesi, Silva e
17
reinstalação será administrado Antalarmin -antagonista do receptor CRH1R que
MÉTODO GERAL
Sujeitos
(Experimento 3).
claro/escuro invertido 12:12 (luzes apagadas às 20h), com temperatura entre 20 a 22°C
e humidade entre 45 a 55%. Os ratos terão livre acesso a comida e água exceto quando
descrito no procedimento.
Care and Use of Laboratory Animals e National Institutes of Health Guide for the Care
2
A descrição do Experimento 1 incluirá também a apresentação dos resultados e discussão.
3
A cepa de ratos Lewis será utilizada pois dados da literatura (Files, Samson, & Denning, 1997) apontam
que o álcool se estabelece facilmente como reforçador positivo para ratos dessa cepa; e a cepa msP será
usada pois essa é uma cepa de ratos geneticamente selecionados para consumirem álcool amplamente
utilizada na Universidade de Camerino.
18
Drogas e Soluções
(N-butyl-N-ethyl-[2,5,6-trimethyl-7-(2,4,6-trimethylphenyl)7Hpyrrolo[2,3d]pyrimidin4-
yl]-amine) que será suspenso em um veículo composto por 10% Tween 80 e água
Estímulos
treino discriminativo: extrato de laranja (S1) e extrato de erva-doce (S2). Nas sessões de
Equipamentos
Auto-administração
Caixas Operantes
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fabricação Med Associates de dimensões 32cm x 25cm x 21cm, separadas por caixas de
do chão. Uma das barras (barra direita) estará localizada a 3,5 cm do lado direito do
caixas operantes será diferente. Cada caixa será equipada com um reservatório de
bebida (com capacidade para 0,30 ml) posicionado 4 cm abaixo do chão no centro do
painel frontal da caixa operante. Duas barras retráteis estarão localizadas 3 cm para a
direita e 3 cm para a esquerda do bebedouro. Uma bomba de infusão será ativa apenas
por respostas na barra esquerda (ativa), enquanto respostas na barra direita (inativa)
serão gravadas, mas não resultarão na ativação da bomba. Estímulos auditivos e visuais
serão apresentados via uma caixa de som (2900 Hz / 65 Db) e uma luz (1 W)
O controle das sessões experimentais e o registro dos dados serão feitos pelo
experimentos.
Procedimento
reinstalação.
20
Os procedimentos de modelagem e auto-administração serão similares em todos
Auto-administração de etanol
recebem uma solução contendo 10% de álcool e 10% de sacarose (10E/10S) por 14
dias. Em seguida, eles recebem uma solução contendo 10E/5S por sete dias. Então essa
solução é trocada por 10E/2S por sete dias e, finalmente, a solução é substituída por
uma solução de etanol a 10% (10E) por mais onze dias. Os sujeitos permanecem com
água e comida ad lib ao longo desta fase experimental. O consumo das soluções
2 semanas 10E/10S*
1 semana 10E/5S
1 semana 10E/2S
11 dias 10E
*10E/10S = o número representa a concentração da
solução e a letra E representa etanol e a letra S
representa sacarose. Nesse caso, lê-se solução de
10% de etanol e de 10% de sacarose.
Modelagem
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de água por 24 h e seguidamente serão iniciadas as sessões de modelagem. Na primeira
vezes a barra da esquerda. Nessas sessões os animais permanecem com acesso restrito à
água por 1h ao dia. Tanto no esquema CRF-FT quanto no esquema CRF, cada resposta
EXPERIMENTO 1
Silva e Mijares (no prelo) durante o treino discriminativo poderia ter dificultado que o
barra. Os dados desse estudo já foram coletados e, portanto, serão referidos no passado.
MÉTODO
Procedimento
Treino
No início desta fase os sujeitos foram divididos em dois grupos: grupo CRF
(n=10) e grupo VR5 (n=10). O critério para a divisão dos ratos nos dois grupos foi a
seja, os sujeitos foram distribuídos nos dois grupos de forma que a média de consumo
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de etanol dos sujeitos do grupo VR5 fosse similar à média de consumo dos sujeitos do
grupo CRF.
treinados a pressionar a barra sob razão fixa 2 (FR2) e em seguida para razão variável 5
Durante esse treino todos os animais permaneceram com o acesso restrito à água por 1h
solução de 10E.
propriamente dito. Os sujeitos do grupo VR5 (n=10) passaram por um treino sob o
esquema múltiplo de reforço mult VR5 VR5 e os sujeitos do grupo CRF (n=10)
na barra esquerda em VR5 (grupo VR5) ou em CRF (grupo CRF) tinham como
Figura 1.
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Cada um desses componentes foi apresentado em sessões distintas com 24 h de
intervalo entre elas. Todos os sujeitos passaram por 20 sessões de treino na caixa
operante; destas 20 sessões, 10 foram realizadas com o componente em que o etanol era
componente foi definida através de sorteio, com a condição de que não houvesse mais
Treino
Grupo VR5
mult VR5 VR5 (20 sessões)
Componente 1 Componente 2
Grupo CRF
mult CRF CRF (20 sessões)
Componente 1 Componente 2
Todas as sessões desta fase tiveram 30 minutos de duração. Ao final das sessões
experimentais as caixas eram limpas com água e as bandejas lavadas com água e sabão.
Extinção
24
Ao término do treino, todos os animais foram submetidos a sessões diárias de
extinção das respostas de pressão à barra esquerda, sem a presença dos estímulos
treino.
e da serragem da caixa, nas sessões desta fase foi colocada serragem na bandeja da
Teste de reinstalação
usados no treino foram reintroduzidos, mas as respostas de pressão à barra não davam
entre elas. No primeiro dia de teste metade dos animais de cada grupo (n=5 por grupo)
foi testado na condição SD1/Sr1. Portanto, para o grupo VR5, na presença do odor de
laranja (SD1), a última resposta que completava a exigência do esquema VR5 teve
grupo CRF cada resposta na presença de SD1 teve como consequência o acionamento
A outra metade dos ratos (n=5 por grupo) foi testado na condição SD2/Sr2.
estímulo sonoro (Sr2); e para o grupo CRF cada resposta na presença de SD2 teve como
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No segundo dia de teste, os animais que tinham sido submetidos à condição
separadamente. A ordem de apresentação dos estímulos foi: cheiro de laranja, luz, som,
cheiro de erva-doce. Esta ordem foi escolhida com a finalidade de que o cheiro de
laranja, que era o estímulo mais relevante para esse experimento, fosse apresentado em
testes, os estímulos Sr1 e Sr2 foram apresentados para o grupo VR5 num esquema de
barra não tiveram como consequência álcool ou água, porém o bebedouro continuava a
ser acionado depois da última resposta que completava a exigência do esquema VR5,
para o grupo VR5 e a cada resposta para o grupo CRF. A serragem também foi colocada
na bandeja das caixas experimentais, mesmo nas sessões em que os odores não foram
utilizados.
Análise de dados
foram analisados em conjunto por meio de ANOVA mista com um fator entre-sujeitos
de dois níveis (etanol X água) e um fator intra-sujeito de sete níveis (a média das três
últimas sessões de extinção e seis sessões de teste de reinstalação). Foi utilizado o teste
de Mauchly para verificar a esfericidade e, quando a esfericidade não foi garantida, foi
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significativos p<0,05. Todos os dados são apresentados com o erro da média (±SEM)
com a exceção dos dados do treino, pois para o treino foi realizada uma análise não-
paramétrica.
RESULTADOS
Auto-administração de etanol
auto-administração de etanol. Pode-se observar que os sujeitos iniciaram esta fase com
uma grande variabilidade de consumo da solução que diminuiu ao longo da fase e das
como “dose ativa”, ou seja, uma dose que produz mudanças significativas no sistema
1997a, 1997b).
10.00
Consumo (± S.E.M.) de Etanol g/kg
9.00
8.00
7.00
6.00
5.00
4.00
3.00
2.00
1.00
0.00
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/5S
10E/5S
10E/5S
10E/5S
10E/5S
10E/5S
10E/5S
10E/5S
10E/2S
10E/2S
10E/2S
10E/2S
10E/2S
10E/2S
10E
10E
10E
10E
10E
10E
10E
10E
10E
10E
10E
Modelagem
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A média de consumo da solução de álcool nos três últimos dias da fase de auto-
administração dos sujeitos do grupo CRF foi 1,07±0,6 g/kg e a média de consumo dos
sujeitos do grupo VR5 foi 0,93±0,4 g/kg. Todos os sujeitos de ambos os grupos
Treino e Extinção
frequência de respostas de ambos os grupos foi similar nos dois componentes (etanol e
água), porém, nota-se nas curvas de ambos os grupos que ao longo do treino foi
mediana das respostas seguidas de etanol foi significativamente maior que o número de
respostas seguidas de água, tanto para o grupo CRF (Z (10) = 2,29; p= 0,022), quanto
dos sujeitos de ambos os grupos caiu rapidamente assim que se iniciou a fase de
grupo CRF, diminuiu de 13,6±4,3 respostas na primeira sessão para 6,2±2,0 respostas
28
VR5
Álcool
250 Água
Extinção
200
150
100
50
0
1a 2a 3a 4a 5a 6a 7a 8a 9a 10a 1a 2a 3a 4a 5a 6a 7a 8a 9a 10a
CRF
250
200
150
100
50
0
1a
2a
3a
4a
5a
6a
7a
8a
9a
10a
1a
2a
3a
4a
5a
6a
7a
8a
9a
10a
Sessões
Treino Extincção
Figura 3 – Mediana do número de respostas dos sujeitos do
grupo VR5 e do grupo CRF ao longo das fases de treino e
extinção.
Teste de Reinstalação
significativas entre as medidas repetidas -média dos três últimos dias de extinção e seis
dias de teste de reinstalação- (F (6, 108) = 11,16; Padj = 0,001) e diferença significativa
entre os grupos (F (1,18) = 5,59; p = 0,029). O ANOVA não acusou interação entre
esses fatores (F (6, 108) = 3,31; Padj = 0,07). Como mostrado na Figura 4 o teste post-
hoc Sheffé mostrou que para ambos os grupos houve diferenças significativa entre o
0,001 para ambos os grupos). Esse teste também acusou diferenças entre o número de
emitidas na presença dos outros estímulos e a extinção. Ainda, o teste post-hoc também
a apresentação de SD2/Sr2.
29
140
Frequência de Respostas
* VR5
120
* CRF
100
80
60
40 *
*
20
0
EXT SD1/Sr1 SD2/Sr2 SD1 Sr1 Sr2 SD2
Sessões de extinção e teste
média da taxa de respostas dos últimos três dias de extinção (EXT) de cada grupo experimental. Nota-se
que apesar da taxa de respostas do grupo VR5 ter sido maior, o padrão de respostas é
semelhante entre os grupos: o maior número de respostas foi emitido quando Sr1 foi
15
VR5
12 CRF
0
EXT SD1/Sr1 SD2/Sr2 SD1 Sr1 Sr2 SD2
Sessões de extinção e teste
30
DISCUSSÃO
O modelo animal de recaída cue-induced tem sido amplamente utilizado para avaliar o
papel dos estímulos ambientais na recaída ao uso de álcool, pois tem mostrado
mesmo (Bachteler, et al., 2005; Cannella, et al., 2009; Ciccocioppo, Angeletti, & Weiss,
2001; Ciccocioppo, et al., 2002; Ciccocioppo, et al., 2003; Ciccocioppo, et al., 2004).
Porém, um problema encontrado nesses estudos é que não analisam a função dos
cue-induced em ratos . As autoras propuseram que uma das variáveis que poderia
explicar esse achado é o uso do esquema de reforço contínuo no treino, pois, segundo
Jenkins (1965), esse esquema é uma contingência de reforço que facilita o controle pela
consequência e não favorece que o sujeito atente para o estímulo antecedente à resposta.
intermitente VR5 não facilitou que o odor de laranja (SD1) adquirisse função
al (no prelo), foi observado nos resultados aqui mostrados que a apresentação do Sr1,
grupos experimentais (VR5 e CRF). Portanto, o esquema de reforço parece não ser uma
31
das variáveis que explica os resultados obtidos por Galesi et al (no prelo).
Ainda, foi observado que o treino sob os dois esquemas de reforço, VR5 e CRF,
produz desempenhos na fase de teste de reinstalação que são semelhantes aos relatados
(Bachteler, et al., 2005; Cannella, et al., 2009; Ciccocioppo, Angeletti, & Weiss, 2001;
reforço VR5 foi maior do que a taxa do grupo submetido ao treino sob o esquema de
que maiores taxas de respostas são obtidas quando esquemas de reforço intermitentes
Outrossim, essa literatura tem mostrado consistentemente que o treino sob esses
extinção, pois maiores taxas de respostas são observadas após o treino sob esquemas
possível afirmar que a maior taxa de respostas exibida pelo grupo VR5 nos testes de
reinstalação é compatível com a literatura e sugere que esse grupo apresentou maior
4
Segundo Catania (1999) o número de respostas emitidas durante a extinção é um dos critérios utilizados
para medir a resistência à extinção.
32
laranja- como estímulo discriminativo da resposta de procura pelo álcool, mas foi
portanto, que o treino sob esquemas intermitentes de reforço é mais adequado do que o
treino sob esquemas contínuos para o estudo da recaída ao uso de drogas através do
modelo cue-induced.
EXPERIMENTO 2
interação entre esses dois estímulos e se o treino discriminativo prévio sem a presença
MÉTODO
Procedimento
33
As fases experimentais de Auto-administração de Etanol e Modelagem foram
Treino
o esquema será aumentado para FR2 e em seguida para VR5, para todos os sujeitos.
Cada esquema ficará em vigência por cinco sessões consecutivas. Como consequência
VR5 os sujeitos serão divididos em quatro grupos experimentais que serão denominados
“Grupo 1”, “Grupo 2” ,“Grupo 3” e “Grupo 4”. O critério para a divisão dos sujeitos
nos quatro grupos será a média de consumo de etanol dos últimos três dias da fase de
semelhante possível com a média de consumo de todos os sujeitos dos outros grupos.
dos reforçadores condicionados enquanto os sujeitos dos grupos 3 e 4 (n=9 por grupo)
induced). Entre os dois treinos haverá uma fase de extinção e um teste de reinstalação.
34
Grupos Sessões
Treino 1 Treino 2
Sr1 SD1
Grupo 1
Sr2 SD2
Sr1 SD1+ Sr1
Grupo 2
Sr2 SD2 + Sr2
SD1 Sr1
Grupo 3
SD2 Sr2
SD1 SD1+ Sr1
Grupo 4
SD2 SD2 + Sr2
Sr1: luz, Sr2: som, SD1: odor de laranja e SD2:
odor de erva-doce
Treino 1
Os animais dos grupos 1 e 2 (n=9 por grupo) passarão por um treino que terá
dois componentes, nos quais as consequências para as respostas de pressão à barra serão
entre elas. Serão realizadas 20 sessões de treino, 10 sessões com o componente em que
a luz e o etanol serão utilizados como consequência para as respostas de pressão à barra
Os animais dos grupos 3 e 4 (n=9 por grupo) passarão por um treino realizado
sob um esquema múltiplo de reforço mult VR5 VR5. No primeiro componente o odor
35
de laranja será utilizado como estímulo discriminativo (SD1) e respostas de pressão à
entre elas. Serão realizadas 20 sessões de treino, 10 sessões com o componente em que
o odor de laranja é utilizado como SD1 e o etanol como consequência para as respostas
utilizado como SD2 e a água é utilizada como consequência para as respostas de pressão
à barra.
30 min e serão realizadas de segunda-feira a sexta-feira (cinco dias por semana). Para
cada treino a ordem das sessões em que cada componente será apresentado será definida
através de sorteio, com a condição de não haver mais do que três sessões seguidas de
cada componente. Cada sessão será realizada na caixa operante com as duas barras
Extinção 1
programada, porém o bebedouro será acionado a cada resposta. Também será colocada
36
serragem na bandeja da caixa experimental. Esta fase terá cinco sessões experimentais
Teste de reinstalação 1
usados no treino serão reintroduzidos, mas as respostas de pressão à barra não darão
acesso aos reforçadores primários (etanol e água). Serão realizadas duas sessões de teste
ao estímulo Sr1 e quatro sujeitos ao estímulo Sr2. No segundo dia de testes, os animais
serão apresentados ao estímulo que não haviam sido apresentados no primeiro dia.
animais serão apresentados ao estímulo que não haviam sido apresentados no primeiro
dia.
Treino 2
discriminativo simples sob um esquema múltiplo de reforço mult VR5 VR5 com a
odor de erva-doce será utilizado como SD2 e respostas de pressão na barra esquerda em
37
VR5 terão como consequência a liberação de 0,1 ml de água e o acionamento do
Treino 1.
de 30 min e serão realizadas de segunda-feira a sexta-feira (cinco dias por semana). Para
cada treino a ordem das sessões em que cada componente será apresentado será definida
através de sorteio, com a condição de não haver mais do que três sessões seguidas de
cada componente. Cada sessão será realizada na caixa operante com as duas barras
Extinção 2
usados nos treinos. Portanto, as respostas de pressão à barra não terão nenhuma
38
será colocada serragem na bandeja da caixa experimental. Essa fase terá 10 sessões
reinstalação 2.
Teste de reinstalação 2
usados no treino serão reintroduzidos, mas as respostas de pressão à barra não darão
entre elas. No primeiro dia de teste, os sujeitos dos grupos 1, 2, 3 e 4 (n=5 por grupo)
passarão pela reapresentação dos estímulos que foram associados ao consumo de álcool
(SD1/Sr1). Ainda no primeiro dia, o restante dos sujeitos dos grupos 1, 2, 3 e 4 (n=4
por grupo) passarão pela sessão de teste com a reapresentação dos estímulos que foram
Análise de dados
entre álcool X água serão analisadas por uma ANOVA de um fator (álcool X água). A
reinstalação 1 serão analisadas por uma ANOVA de dois fatores, um fator entre sujeitos
(álcool X água), e três fatores intra-sujeitos (média dos últimos três dias de extinção e as
39
A frequência de respostas de pressão à barra na fase de extinção 2 e no teste de
reinstalação 2 serão analisadas por uma ANOVA de dois fatores, um fator entre sujeitos
(álcool X água), e sete fatores intra-sujeitos (média dos últimos três dias de extinção e
EXPERIMENTO 3
durante essa fase. Para avaliar o estresse serão tomadas medidas de corticosterona do
sangue dos animais durante todas as fases experimentais. Além disso, será utilizado um
40
para observar se o bloqueio do eixo HPA altera o controle dos estímulos discriminativos
MÉTODO
Procedimento
animais do grupo ET, mas será injetado Antalarmin antes das sessões de teste de
que os animais do grupo ET, porém uma solução de sacarose, em vez de etanol, será
SUC (n=10) terão livre acesso em suas gaiolas-viveiro a uma solução de sacarose
14,5%5 (14,5S). A solução de sacarose será disponibilizada 23,5h ao dia por 28 dias
consecutivos.
Modelagem
5
A solução de sacarose na concentração de 14,5% de sacarose é isocalórica à solução de etanol 10%.
41
barra a solução 14,5S .O número de respostas tanto na barra ativa (esquerda), quanto na
Treino
Uma vez instalada a resposta de pressão à barra sob o esquema de reforço CRF,
animais dos grupos ET e ANT (n=10 por grupo) terão livre acesso à água 1h por dia e
os animais do grupo SAC (n=10) terão livre acesso à comida 1h por dia. As respostas
iniciado o treino discriminativo sob esquema mult VR5 VR5. No primeiro componente,
na presença do odor de laranja (SD1), respostas de pressão à barra sob VR5 produzirão
erva-doce (SD2) sob VR5 terão como consequência 0,1 ml de água e a ativação do
disponíveis por 4 s.
com 30 minutos cada e 24 horas de intervalo entre elas. Todos os animais serão
submetidos a 20 sessões de treino, nas quais 10 sessões serão realizadas com a solução
de 10E (grupos ET e ANT) ou 14,5E (grupo SUC) como consequência para as respostas
respectivos extratos na bandeja da caixa operante. Após cada sessão de treino todas as
42
caixas serão limpas com água e as bandejas com água e detergente neutro.
Extinção
no treino serão apresentados. Respostas na barra esquerda ativarão a bomba, mas não
antalarmin (20 mg/kg) e os animais do grupo ET (n=10) serão injetados com uma
solução isotônica de salina. A droga e a solução de salina serão dadas i.p. 30 min antes
Teste de Reinstalação
Serão realizadas duas sessões de teste, separadas por um intervalo de 24h. No primeiro
dia de teste, metade dos animais (n=5 por grupo) será testada na condição SD1/Sr1.
Sob essa condição, respostas de pressão à barra na presença do odor de laranja (SD1)
esquema de reforço VR5. A outra metade dos ratos (n=5 por grupo) será testado na
doce (SD2) acionarão a bomba e o estímulo sonoro (Sr2) sob o esquema VR5.
43
As sessões de todas as fases experimentais terão inicio no ZT14 6 (10h) para
evitar picos de corticosterona que ocorrem ao final do ciclo claro (Cavigelli, Monfort,
Whitney, Mechref, Novotny, & McClintock, 2005; Kalsbeek & Buijs, 2002; Lepschy,
Todas as amostras de sangue (0,5 ml) serão tiradas da veia um do rabo dos ratos
e serão obtidas no mesmo tempo ZT para evitar a influência do ritmo circadiano nos
experimento. A segunda e terceira medidas serão coletadas durante a fase de treino, uma
após os animais terem sido expostos a condição SD1/Sr1 e outra após os animais terem
sido expostos a condição SD2/Sr2. A coleta será realizada sempre após a última sessão
em que cada condição será apresentada. A quarta medida será realizada após a última
fase de extinção. A quinta e sexta medidas serão realizadas após os dois dias de teste e a
Eppendorf. O plasma será separado por centrifugação a 4°C, 5000 r.p.m. por 5 minutos
6
Lembrando que ZT0 (de tempo zeitgeber) é o início do ciclo claro.
44
medidas pelo kit de enzima-imunoensaio ELISA7.
Análise de Dados
pressão à barra entre álcool ou sacarose X água serão analisadas por uma ANOVA com
serão analisadas por uma ANOVA de dois fatores, um fator entre-sujeitos (grupo), e um
fator intra-sujeitos (média das últimas três sessões de extinção e cada uma das duas
sessões de teste).
uma ANOVA de dois fatores, um entre sujeitos (grupo) e sete fatores intra-sujeitos (sete
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