Você está na página 1de 51

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO DE PSICOLOGIA

PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA EXPERIMENTAL

FERNANDA LIBARDI GALESI

AVALIAÇÃO EXPERIMENTAL DO MODELO ANIMAL DE

RECAÍDA AO USO DE DROGAS CUE-INDUCED

São Paulo
2012
FERNANDA LIBARDI GALESI

Avaliação experimental do modelo animal de recaída ao uso de

drogas cue-induced

Projeto de Pesquisa para Exame Geral de


Qualificação apresentado junto ao Programa de
Pós-Graduação em Psicologia Experimental da
Universidade de São Paulo como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de
Doutor em Psicologia Experimental.

Área de concentração: Psicologia Experimental

Orientadora: Profa. Dra. Miriam Garcia Mijares

São Paulo
2012

2
RESUMO

A recaída ao uso de álcool é um dos principais obstáculos para o tratamento do adicto.


Um dos modelos animais mais utilizados para o estudo da recaída ao uso de álcool é o
cue-induced, que mimetiza como os estímulos ambientais (estímulo discriminativo e
reforçador condicionado) associados ao consumo de álcool podem influenciar na
recaída ao uso de álcool. Tem sido apontado que o estímulo olfativo, treinado como
discriminativo nesse modelo animal, não adquire controle sobre a resposta de procura
pelo álcool e, portanto, esse modelo pode não ser apropriado para o estudo do controle
de estímulos discriminativos sobre o uso de álcool. Porém, estabelecer o controle de
ambos os estímulos sobre a resposta de recaída é fundamental para a validade desse
modelo animal uma vez que o consumo de álcool em humanos se caracteriza pela
presença tanto de estímulos discriminativos quanto de reforçadores condicionados que
podem controlar em conjunto a resposta de procura e consumo do álcool. Outro
problema com o procedimento desse modelo animal é o fato dos testes serem realizados
em extinção. A extinção pode ser um evento estressante e a exposição a eventos
estressantes pode estar associado com à recaída ao uso de álcool. Se há alguma
exposição ao estresse nos testes é possível que os resultados obtidos utilizando-se esse
modelo animal sejam não apenas resultado do controle dos estímulos ambientais, mas
também da condição de extinção imposta durante os testes. Os principais objetivos
desse trabalho são avaliar experimentalmente e aprimorar o procedimento utilizado no
modelo animal de recaída ao uso de drogas cue-induced. Para atingir esse objetivo serão
realizados três experimentos. O primeiro experimento pretende verificar se o esquema
de reforço razão variável 5 (VR5) produz maior controle discriminativo do odor
utilizado no treino sobre a resposta de pressão à barra do que o esquema de reforço
contínuo (CRF). Nesse experimento serão utilizados dois grupos experimentais, um
grupo será submetido ao procedimento do modelo cue-induced sob o esquema de
reforço CRF e o outro grupo será submetido ao procedimento sob o esquema VR5. O
segundo experimento tem o objetivo avaliarprocedimentos experimentais que podem
evitar um possível sombreamento do reforçador condicionado sobre o estímulo
discriminativo na fase de treino desse modelo animal. Nesse experimento os estímulos
discriminativos e reforçadores condicionados serão treinados primeiramente sozinhos e
em seguida serão treinados ou em conjunto ou separadamente novamente. O terceiro
experimento tem como objetivo analisar a função do estresse em relação ás respostas
de reinstalação. Nesse experimento o nível de corticosterona no sangue dos animais será
comparado entre as diferentes fases experimentais. Além disso, será administrado em
um grupo de ratos durante a fase de teste o antagonista do receptor CRH1R Antalarmin
para verificar se o bloqueio da liberação do corticosterona previne a recaída ao uso de
álcool no modelo cue-induced.

Palavras-chave: modelo cue-induced, recaída, álcool, controle de estímulos, estresse.

3
SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................ 3

LISTA DE TABELAS ............................................................................................ 4

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. 5

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 7

Modelo de estresse ...................................................................................... 9

Modelo cue-induced ................................................................................... 11

O modelo cue-induced e o estresse ............................................................. 15

MÉTODO GERAL ................................................................................................. 19

Sujeitos ....................................................................................................... 19

Drogas e soluções ....................................................................................... 19

Equipamentos ............................................................................................. 20

Procedimento .............................................................................................. 21

EXPERIMENTO 1 ................................................................................................. 23

Método ........................................................................................................ 23

Resultados ................................................................................................... 28

Discussão .................................................................................................... 31

EXPERIMENTO 2 ................................................................................................ 34

Método ....................................................................................................... 34

EXPERIMENTO 3 ................................................................................................ 41

Método ...................................................................................................... 41

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 46

4
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Concentração e período de administração das soluções de etanol durante a

fase de auto-administração de etanol ............................................................................ 22

Tabela 2 - Combinações em que os estímulos serão apresentados nas sessões de treino

de cada grupo ............................................................................................................... 35

5
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ilustração do procedimento utilizado no treino para os dois grupos

experimentais. SD1 = estímulo discriminativo 1, R = resposta, VR5 = esquema de razão

variável 5, SR1 = reforçador primário 1, Sr1 = reforçador condicionado 1, SD2 =

estímulo discriminativo 2, CRF = esquema de reforçamento contínuo, SR2 = reforçador

primário 2, Sr2 = reforçador condicionado 2 ............................................................ 25

Figura 2 – Médias de consumo (± SEM) (g/kg) dos sujeitos das soluções de etanol ao

longo dos dias da fase de auto-administração de etanol. A concentração da solução

começou com 10% de etanol e 10% de sacarose (10E/10S) e a sacarose foi sendo

retirada da solução até a mesma passar a conter apenas 10% de etanol (10E) ............. 28

Figura 3 – Mediana do número de respostas dos sujeitos do grupo VR5 e do grupo CRF

ao longo das fases de treino e extinção ......................................................................... 29

Figura 4 – Média (± SEM) de respostas dos três últimos dias da fase de extinção (EXT)

e das sessões de testes em que o SD1 (odor de laranja) foi apresentado em conjunto

com Sr1 (luz), o SD2 (odor de erva-doce) foi apresentado em conjunto com Sr2 (som) e

das sessões em que esses estímulos foram apresentados separadamente. Houve

diferença significativa entre EXT e SD1/Sr1 (p = 0,001) e entre EXT e Sr1 (p = 0,001).

Também houve diferença significativa entre SD1/Sr1 e SD2/Sr2 (p = 0,019). As

sessões de teste estão representadas na ordem em que ocorreram ................................ 30

Figura 5 – Razão entre as taxas de respostas das sessões de teste e a média da taxa de

respostas dos últimos três dias de extinção (EXT) de ambos os grupos

experimentais................................................................................................................. 31

6
INTRODUÇÃO

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – IV

(DSM-IV) a característica essencial da dependência de drogas é indicada por um padrão

de auto-administração repetida da droga e compreende sintomas como tolerância,

abstinência e uso compulsivo da droga. Comumente, esses sintomas causam grandes

prejuízos na vida do indivíduo que, apesar disso, não deixa de consumir a droga

(Associação Americana de Psiquiatria, 1994).

Dentre as drogas que podem causar adicção, uma das mais comuns e que pode

acarretar em grandes prejuízos na vida do usuário é o álcool (McKim, 2006). Segundo o

Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) o alcoolismo

chega a atingir cerca de 10% da população brasileira adulta, sendo considerado um

importante problema de saúde pública (http://www.cebrid.emp.br). Ainda de acordo

com o CEBRID um dos fatores agravantes na dependência de álcool é o fato desta

droga ser lícita e muitas vezes seu consumo ser incentivado, além de ser de fácil acesso

para a população (http://www.cebrid.emp.br).

Outro fator importante no alcoolismo é a retomada recorrente do consumo de

álcool (recaída) mesmo após a desintoxicação e a abstinência (Associação Americana

de Psiquiatria, 1994; Bachteler, Economidou, Danysz, Ciccocioppo, & Spanagel, 2005;

Epstein, Preston, Stewart, & Shaham, 2006; O'Brien, Childress, Ehrman, & Robbins,

1998; Woody, McLellan, & O'Brien, 1990; Zironi, Burattini, Aicardi, & Janak, 2006).

Alguns dos fatores centrais que levam à recaída ao uso de álcool são respostas

aprendidas – eliciadas e evocadas – por estímulos anteriormente associados ao seu

consumo. Quando o adicto é exposto a estes estímulos as respostas condicionadas são

eliciadas e inicia-se a fissura (descrito pelos usuários como “forte desejo de usar a

droga”). Como o desconforto causado pela fissura é, em geral, muito grande aumenta-se

7
a probabilidade do adicto emitir respostas que possam resultar na obtenção e consumo

do álcool. Portanto, entender o papel dos estímulos ambientais no consumo de álcool é

fundamental para que o tratamento do alcoolismo seja bem-sucedido.

Modelos animais de dependência de álcool têm sido criados com o objetivo de

entender algumas variáveis deste fenômeno. Os modelos animais têm sido muito

utilizados com a finalidade de reproduzir, em situações controladas de laboratório,

fenômenos análogos aos transtornos mentais em humanos1. O uso de modelos animais é

importante na medida em que permitem que as variáveis que determinam algumas

psicopatologias possam ser especificadas e isoladas.

Um bom modelo animal de psicopatologia requer que as contingências

específicas que mantém o comportamento em estudo controlem “desempenhos

específicos comuns ao homem e ao animal, de maneira que possamos reconhecer a

forma e a função do comportamento” (Guerra & Silva, 2002, p.234). Ou seja, deve

haver uma similaridade do processo básico que determina os comportamentos animal e

humano; e é esta similaridade que irá determinar a validade dos procedimentos

experimentais usados como modelos do comportamento humano no laboratório.

Willner (1991) propõe o uso de três critérios para avaliar a validade dos modelos

animais. O primeiro critério – chamado de validade nominal ou de face – postula que a

topografia da resposta que o animal deve emitir na situação de laboratório seja similar à

topografia da resposta que o ser humano apresenta na condição a ser mimetizada. O

segundo critério é a validade preditiva que estabelece que haja um isomorfismo

farmacológico, ou seja, que as manipulações farmacológicas que produzem alterações

no comportamento humano a ser modelado também produzam alterações no

1
O termo “transtorno mental” é utilizado aqui com base na nomenclatura do DSM-IV, porém não indica
que os modelos animais pretendem reproduzir a “ processos mentais” no laboratório.

8
comportamento dos animais. O terceiro e último critério – a validade de construto –

estabelece que deve haver similaridade entre o processo básico que determina os

comportamentos animal e humano.

Assim, para ser completo, um modelo animal ideal deve simular um transtorno

mental em sua etiologia, nos seus mecanismos fisiológicos, nos comportamentos típicos

(evocados e eliciados) apresentados por pessoas que tenham o transtorno, no tratamento

do transtorno e na prevenção (Silva, Guerra, & Alves, 2005).

Existem diversos modelos animais que utilizam ratos com a finalidade de

mimetizar aspectos da dependência de álcool (Silva, 2003). Mais especificamente,

quando aborda-se a recaída ao uso de álcool existem dois modelos animais amplamente

utilizados: o modelo cue-induced e o modelo de estresse (Epstein & Preston, 2003;

Sanchis-Segura & Spanagel, 2006), que serão descritos a seguir.

Modelo de estresse

O modelo animal de recaída pelo estresse tem como principal objetivo

mimetizar o papel da exposição a eventos estressantes na recaída ao uso de álcool.

Nesse modelo os animais primeiramente passam por um treino onde aprendem a

pressionar a barra da caixa operante e tem como consequência a liberação da solução de

álcool. Em seguida passam por uma fase de extinção da resposta de pressão à barra e,

posteriormente, os animais são expostos a um evento estressante (em geral, choque na

pata). Após a exposição ao evento estressante, observa-se que os animais voltam a

emitir as respostas de pressão à barra, apesar delas já não terem mais como

consequência a solução de álcool. Essas respostas são consideradas respostas de procura

pelo álcool e indicativas de que a exposição ao evento estressante levou a recaída (Liu

& Weiss, 2003; Mason, Shaham, Weiss, & Le, 2009; Sanchis-Segura & Spanagel,

2006).

9
Marcadores fisiológicos de estresse são frequentemente analisados pelas

pesquisas que estudam a recaída de drogas por estresse. Em ratos, o estresse é medido

pela habilidade de alguns estímulos de ativarem o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal

(HPA) . Quando ativado, o eixo HPA libera o hormônio liberador de corticotropina

(CRH) que estimula a adrenohipófise onde será liberado o hormônio

adrenocorticotrófico (ACTH). Por sua vez, o ACTH estimula o córtex adrenal que

responde liberando a corticosterona, um hormônio glicocorticóide diabetogênico e

imunossupressor ligado a respostas de estresse. Os níveis de corticoesterona no sangue

são usualmente considerados como marcadores confiáveis do estresse eliciado por

condições ambientais (Ciccocioppo et al., 2009; Kawasakit & Iwasaki, 1997; Touma,

Palme, & Sachsera, 2004).

Existem vários dados que ligam o eixo HPA e, consequentemente, o CRH e a

corticosterona à dependência de álcool. Por exemplo, ratos Marchigian Sardinian

alcohol-preferring (msP) são ratos que foram geneticamente selecionados pela

preferência por álcool, porem, Ciccocioppo et al., 2009; Economidou et al., 2008

verificaram que como resultado dessa seleção esses animais apresentam uma mutação

do gene que codificada a proteína CRH1R (receptor do CRH), fato que confere aos

animais uma alta sensibilidade ao estresse. Além disso, nesses ratos, o tratamento com

antagonistas seletivos de CRH1R como o Antalarmin atenuam a auto-administração de

etanol e a recaída à procura de álcool (Cippitelli et al., 2012). Segundo Economidou et

al., 2008 o alto consumo de álcool dos ratos msP é determinado por uma contingência

de reforço negativo: o álcool teria como efeito atenuar a sensibilidade ao estresse. O

autor ainda propõe que o consumo de de álcool por ratos de outras cepas, por exemplo

Wistar, é função de uma contingência de reforço positivo: o álcool teria como efeito a

ativação do “circuito do reforço” .

10
Tendo em vista esses dados, o hormônio liberador de corticotropina (CRH) tem

sido recentemente apontado por estudos pré-clínicos de farmacologia como um

candidato a novas medicações para o tratamento do alcoolismo (Ciccocioppo et al.,

2009; Lowery & Thiele, 2010).

Modelo cue-induced

O modelo animal de recaída cue-induced tem como objetivo mimetizar o papel

de estímulos ambientais na recaída ao uso de álcool. Neste modelo os animais são

submetidos a um treino discriminativo com dois componentes diferentes, cada um

apresentado em sessões experimentais distintas. Em um dos componentes, as respostas

de pressão à barra na presença de um estímulo discriminativo (SD1) têm como

consequência a apresentação de um reforçador condicionado (Sr1) e a liberação de uma

solução de álcool (SR1). No outro componente, pressões à barra na presença de outro

estímulo discriminativo (SD2) têm como consequência a apresentação de outro

reforçador condicionado (Sr2) e a liberação de água (SR2). Em seguida, é realizada a

fase de extinção, onde a resposta de pressão à barra é colocada em extinção na ausência

dos estímulos discriminativos e dos reforçadores condicionados. Após a fase de

extinção os animais são submetidos à fase de teste na qual as condições da fase de treino

são reintroduzidas em extinção, ou seja, as respostas de pressão à barra na presença do

SD1 têm como consequência a apresentação do Sr1 e as respostas de pressão à barra na

presença do SD2 têm como consequência a apresentação do Sr2, porém os reforçadores

primários (álcool ou água) não são liberados. Nessa última fase, se os sujeitos voltarem

a responder na presença de SD1 e Sr1, mas não na presença de SD2 e Sr2, é

considerado que houve procura pela droga, ou seja, indicação de recaída induzida por

esses estímulos ambientais (Bachteler, et al., 2005; Ciccocioppo, Angeletti, & Weiss,

11
2001; Ciccocioppo, et al., 2004; Ciccocioppo, Lin, Martin-Fardon, & Weiss, 2003).

Apesar do modelo cue-induced ser um modelo animal amplamente utilizado

para o estudo do papel dos estímulos ambientais na recaída ao uso de álcool, seu

procedimento não diferencia o papel de cada um dos estímulos ambientais que são

associados com o álcool. Especificamente, não permite diferenciar se as respostas de

procura pelo álcool emitidas na fase de teste ocorrem em função do estímulo

discriminativo, do reforçador condicionado ou de ambos (Fuchs, Lasseter, Ramirez, &

Xie, 2009; Galesi, Silva, & Mijares, no prelo).

Para verificar o papel de cada estímulo ambiental utilizado no modelo animal

cue-induced separadamente Galesi, Silva e Mijares (no prelo) programaram um

experimento no qual ratos foram expostos a um treino discriminativo em que as

respostas de pressão à barra na presença de um odor de laranja (SD1) tinham como

consequência o acionamento de um estímulo luminoso (Sr1) e liberação de etanol

(SR1). Respostas na presença de um odor de erva-doce (SD2) tinham como

consequência o acionamento de um estímulo sonoro (Sr2) e a liberação de água (SR2).

Posteriormente, as respostas de pressão à barra foram extintas na ausência dos estímulos

utilizados no treino. Na fase de teste os SDs e Srs foram reintroduzidos, mas as

respostas de pressão à barra não foram seguidas por etanol ou água. Inicialmente, os

estímulos associados ao álcool (SD1/Sr1) e os estímulos associados à água (SD2/Sr2)

foram apresentados juntos em sessões distintas e em seguida cada um dos quatro

estímulos foi apresentado isoladamente em sessões separadas. Os resultados deste

experimento mostraram que apenas quando o estímulo luminoso (Sr1) estava presente

houve reinstalação da resposta de pressão à barra. Ou seja, o odor de laranja (SD1)

sozinho não mostrou controle discriminativo sobre a resposta de pressão à barra. Estes

resultados são importantes pois mostram que, ao contrário do previsto por alguns

12
autores (Bachteler, et al., 2005; Cannella, et al., 2009; Ciccocioppo, Angeletti, & Weiss,

2001; Ciccocioppo, et al., 2003; Ciccocioppo, et al., 2004), o modelo cue-induced pode

não ser apropriado para o estudo do controle de estímulos discriminativos sobre o uso

de álcool.

Galesi, Silva e Mijares (no prelo) levantaram a hipótese de que o esquema de

reforço contínuo (CRF) utilizado na fase de treino poderia ser uma das hipóteses a

explicar os resultados do seu experimento. Segundo as autoras, o esquema CRF

utilizado no experimento, e em outros experimentos que utilizam o modelo animal de

recaída ao uso de drogas cue- induced (Bachteler, et al., 2005; Ciccocioppo, Angeletti

& Weiss, 2001; Ciccocioppo, et al., 2003; Ciccocioppo, et al., 2004; Ciccocioppo,

Martin-Fardon, & Weiss, 2002; Williams & Schimmel, 2008), poderia ter dificultado o

estabelecimento da função discriminativa dos odores. Isto porque, segundo Jenkins

(1965), o CRF é uma contingência de reforço que facilita o controle pela consequência

por não favorecer que o sujeito atente para o estímulo antecedente à resposta. De acordo

com o mesmo autor, é por esse motivo que seu uso em treinos discriminativos é

frequentemente evitado. Fundamentadas na proposta de Jenkins (1965), Galesi, Silva e

Mijares (no prelo) propuseram que o treino da resposta de pressão à barra sob o

esquema CRF favoreceu o controle da resposta pelos estímulos que eram consequência

desta (i.e reforçador condicionado e primário) e não dos estímulos que a antecediam (i.e

estímulos discriminativos).

Galesi, Silva e Mijares (no prelo) também argumentaram que o procedimento de

treino intra-sessão e entre-sessões utilizado no seu experimento, e em outros

experimentos que usaram o modelo de recaída cue-induced (Bachteler, et al., 2005;

Ciccocioppo, Angeletti, & Weiss, 2001; Ciccocioppo, et al., & Weiss, 2003;

Ciccocioppo, et al., 2004), poderia ser outra variável explicativa dos seus resultados. No

13
procedimento de treino discriminativo do modelo cue-induced os dois estímulos

discriminativos utilizados são apresentados em sessões distintas, ou seja, é realizada

uma discriminação sucessiva. Sabe-se que a discriminação sucessiva é mais difícil de

ser aprendida do que a discriminação simultânea (Catania, 1999; Matos, 1981); além de

haver o agravante da diferença de 24h entre a apresentação de um estímulo e do outro.

Assim, as autoras argumentam que a apresentação em sessões separadas e a longa

duração da apresentação do SD em cada sessão (que fica presente durante toda a

sessão), foram fatores que podem ter dificultado o estabelecimento do odor como

estímulos discriminativo.

Katner, Magalong e Weiss (1999) e Katner e Weiss (1999) obtiveram controle

discriminativo de odores da resposta de pressão à barra em ratos submetidos a um

procedimento de treino similar ao usado no experimento de Galesi, Silva e Mijares (no

prelo), mas sem a manipulação experimental de reforçadores condicionados. Portanto, é

possível supor que o uso do reforçador condicionado e não apenas o tipo de treino é a

principal variável que deve ser considerada para explicar os resultados obtidos por

Galesi, Silva e Mijares. Em outras palavras, a apresentação do reforçador condicionado

durante o treino pode ter interferido no estabelecimento do estímulo olfativo como

discriminativo.

Ainda, Galesi, Silva e Mijares (no prelo) discutiram que o desempenho

observado nas sessões de reinstalação do experimento pode ter sido decorrente de uma

cadeia de respostas estabelecida pelo treino. Nessa cadeia, as respostas de pressão à

barra eram seguidas da apresentação do reforçador condicionado, que pode ter adquirido

a função de estímulo discriminativo para respostas de aproximação ao bebedouro, cuja

consequência era o consumo de etanol ou de água. Portanto, o estímulo olfativo, por

ficar presente durante toda a sessão experimental, pode não ter sido um evento

14
ambiental relevante da cadeia. Por sua vez, o reforçador condicionado foi parte

essencial da cadeia pois as respostas de aproximação ao bebedouro consequenciadas

pela liberação de etanol ou água apenas na presença dos reforçadores condicionados.

Em resumo, os resultados alcançados por Galesi, Silva e Mijares (no prelo)

replicaram os dados obtidos com o modelo animal cue-induced, porém, sugerem que a

reinstalação da resposta de pressão à barra pode ser função do reforçador condicionado

e não do controle discriminativo estabelecido no treino.

Dessa forma, faz-se necessária a realização de novos experimentos que

manipulem, por exemplo, o esquema de reforço utilizado, o treino discriminativo, a

modalidade de estímulos utilizados, entre outras variáveis. Tal empreitada é

fundamental para o desenvolvimento de um modelo animal com uma melhor validade

experimental.

O modelo cue-induced e o estresse

É possível identificar pelo menos uma variável relevante do procedimento do

modelo cue-induced que frequentemente não é considerada nas pesquisas sobre recaída

ao uso do álcool: o estresse produzido pela situação de extinção da fase de testes. Como

mencionado, nos testes de reinstalação desse modelo as respostas são emitidas sob uma

condição de extinção (i.e. o etanol não é liberado como consequência das respostas de

pressão à barra).

É bem estabelecido que a remoção ou até mesmo a redução de reforçadores

apetitivos resultam em aumento de estresse quando medido pela concentração de

corticosterona no plasma (Coover, Goldman, & Levine, 1971; Kawasakit & Iwasaki,

1997). Na literatura comportamental, por outro lado, a condição de extinção tem sido

caracterizada por alguns autores como uma situação de “frustração”, associada muitas

vezes a episódios de agressão e considerado como uma situação aversiva para o animal

15
(Azrin, Hutchinson, & Hake, 1966; Rilling & Caplan, 1973). Portanto, tanto as medidas

fisiológicas quanto as comportamentais sugerem que os procedimentos de extinção

podem ser considerados situações estressantes (Amsel, 1992; Fallon, 1971; Wagner,

1963).

Considerar a condição de extinção como um evento estressante levanta a

possibilidade de que as respostas emitidas durante a fase de reinstalação do modelo cue-

induced sejam função da interação entre os estímulos ambientais (i.e estímulos

discriminativos e reforçadores condicionados) e o estresse produzido pelo próprio

procedimento. Em outras palavras, é possível que o estresse ocasionado pela condição

de extinção seja uma variável a ser considerada quando se estuda o controle dos

estímulos ambientais sobre a recaída de drogas pelo modelo cue-induced.

Tendo em vista os levantamentos aqui realizados acerca de alguns problemas de

procedimento relacionados ao modelo animal cue-induced, esse trabalho tem como

objetivo principal avaliar experimentalmente e aprimorar o procedimento desse modelo.

Como objetivos específicos é proposto:

1. Estabelecer o controle da resposta de auto-administração e de recaída por

álcool tanto pelo estímulo discriminativo, quanto pelo reforçador

condicionado. Justifica-se o objetivo pela importância de se contar com um

modelo que permita estabelecer o controle de ambos os estímulos sobre a

resposta de recaída, pois o consumo de álcool por humanos se caracteriza

pela presença tanto de estímulos discriminativos quanto de reforçadores

condicionados que podem interagir no controle da resposta de procura e

consumo do álcool.

2. Estudar o efeito da extinção, como evento estressante, sobre a resposta de

reinstalação emitidas na fase de teste do modelo cue-induced modelo. Os

16
resultados obtidos nessa fase são sempre atribuídos ao controle dos estímulos

ambientais que anteriormente foram associados ao consumo de álcool

(Bachteler, et al., 2005; Cannella, et al., 2009; Ciccocioppo, Angeletti, &

Weiss, 2001; Ciccocioppo, et al., 2003; Ciccocioppo, et al., 2004; Sanchis-

Segura & Spanagel, 2006). Se as respostas emitidas nessa fase forem

também função da exposição a um evento estressante, a explicação causal

desse modelo deverá ser mudada e as interações entre o estresse produzido

pelo procedimento e o controle dos estímulos ambientais deverão ser

consideradas na análise dos desempenhos produzidos pelo modelo. Além

disso, se há a influência do estresse nessas respostas, medicamentos que

diminuem a recaída ao uso de álcool no modelo de estresse também deverão

diminuir a recaída ao uso de álcool no modelo cue-induced.

Para se alcançar os objetivos específicos serão realizados três

experimentos. No primeiro experimento será verificado se o esquema de reforço VR5

produz maior controle discriminativo dos odores utilizados no treino sobre a resposta de

pressão à barra do que o esquema de reforço contínuo utilizado por Galesi, Silva e

Mijares (no prelo). No segundo experimento serão testados dois procedimentos

experimentais que podem evitar o possível sombreamento do reforçador condicionado

sobre o estímulo discriminativo observado em Galesi et al (in press). No terceiro e

último experimento será estudado o estresse produzido pela condição de teste do

modelo cue-induced e sua função como variável independente das respostas de

reinstalação. Como marcador fisiológico da resposta ao estresse será medida a

corticoesterona no sangue dos animais em várias fases do experimento. Ainda, para

avaliar a função do estresse na relação entre os estímulos ambientais e a resposta de

17
reinstalação será administrado Antalarmin -antagonista do receptor CRH1R que

bloqueia a liberação de CRH e, consequentemente, de corticoesterona.

Os três experimentos constarão de cinco fases: auto-administração de álcool,

modelagem, treino, extinção e teste de reinstalação. Os aspectos do método comuns a

todos os experimentos serão primeiro apresentados no método geral do estudo, seguidos

da descrição do método específico de cada experimento2.

MÉTODO GERAL

Sujeitos

Serão utilizados 20 ratos da cepa Wistar provenientes do biotério do Instituto

Butantan (Experimento 1), 36 ratos da cepa Lewis provenientes do biotério do CEMIB-

UNICAMP (Experimento 2) e 30 ratos da cepa Marchigian Sardinian3 (msP)

provenientes do biotério da faculdade de farmácia da Universidade de Camerino

(Experimento 3).

Os animais serão mantidos isolados em gaiolas-viveiro em uma sala com o ciclo

claro/escuro invertido 12:12 (luzes apagadas às 20h), com temperatura entre 20 a 22°C

e humidade entre 45 a 55%. Os ratos terão livre acesso a comida e água exceto quando

descrito no procedimento.

Todos os procedimentos serão conduzidos em aderência com as normas do

Comitê de Ética de Pesquisa com Animais da Universidade de São Paulo e, no caso do

Experimento 3, das entidades europeias European Community Council Directive for

Care and Use of Laboratory Animals e National Institutes of Health Guide for the Care

and Use of Laboratory Animals.

2
A descrição do Experimento 1 incluirá também a apresentação dos resultados e discussão.
3
A cepa de ratos Lewis será utilizada pois dados da literatura (Files, Samson, & Denning, 1997) apontam
que o álcool se estabelece facilmente como reforçador positivo para ratos dessa cepa; e a cepa msP será
usada pois essa é uma cepa de ratos geneticamente selecionados para consumirem álcool amplamente
utilizada na Universidade de Camerino.

18
Drogas e Soluções

As soluções de álcool serão preparadas por diluição de álcool etílico (99,5% -

marca Synth) em água (volume/volume - v/v). As soluções de sacarose serão preparadas

por diluição de açúcar de mesa em água (peso/volume - w/v).

No experimento 3 será utilizado o antagonista do receptor CRH-R1 antalarmin

(N-butyl-N-ethyl-[2,5,6-trimethyl-7-(2,4,6-trimethylphenyl)7Hpyrrolo[2,3d]pyrimidin4-

yl]-amine) que será suspenso em um veículo composto por 10% Tween 80 e água

destilada (Cippitelli et al., 2012) e será injetado intraperitonialmente (i.p.) na dose de 20

mg/kg em um volume de 1 ml/kg.

Estímulos

Estímulos discriminativos. Serão utilizados dois estímulos olfativos para o

treino discriminativo: extrato de laranja (S1) e extrato de erva-doce (S2). Nas sessões de

treino e de teste de reinstalação em que serão apresentados esses estímulos, serão

depositadas cinco gotas dos respectivos extratos (laranja ou erva-doce) na serragem da

bandeja das caixas operantes de cada sujeito, antes do início da sessão.

Reforçadores Condicionados. Serão utilizados dois estímulos como reforçador

condicionado: luz (Sr1) e som (Sr2). As características dos reforçadores condicionados

são detalhadas na descrição dos equipamentos.

Equipamentos

Auto-administração

Na fase de auto-administração a solução de álcool será oferecida aos animais em

suas gaiolas-viveiro em tubos de bebidas graduados com um bico de aço inoxidável.

Caixas Operantes

Para os Experimentos 1 e 2 serão usadas caixas de condicionamento operante de

19
fabricação Med Associates de dimensões 32cm x 25cm x 21cm, separadas por caixas de

isolamento acústico. O bebedouro estará localizado no centro da parece frontal. Nesta

mesma parede serão colocadas duas barras de aproximadamente 5 cm de largura, a 8 cm

do chão. Uma das barras (barra direita) estará localizada a 3,5 cm do lado direito do

bebedouro e a outra (barra esquerda) a 3,5 cm do lado esquerdo. Na mesma parede do

bebedouro estarão localizados um estímulo luminoso de 1 W (luz), localizado a 7 cm

acima da barra esquerda, e um estímulos sonoro de 2900 Hz / 65 Db (som), localizado

atrás da parede a 6 cm acima da mesma barra.

Para o Experimento 3 também serão utilizadas caixas operantes fabricação Med

Associates separadas por caixas de isolamento acústico, porém a configuração das

caixas operantes será diferente. Cada caixa será equipada com um reservatório de

bebida (com capacidade para 0,30 ml) posicionado 4 cm abaixo do chão no centro do

painel frontal da caixa operante. Duas barras retráteis estarão localizadas 3 cm para a

direita e 3 cm para a esquerda do bebedouro. Uma bomba de infusão será ativa apenas

por respostas na barra esquerda (ativa), enquanto respostas na barra direita (inativa)

serão gravadas, mas não resultarão na ativação da bomba. Estímulos auditivos e visuais

serão apresentados via uma caixa de som (2900 Hz / 65 Db) e uma luz (1 W)

localizados no painel frontal.

O controle das sessões experimentais e o registro dos dados serão feitos pelo

programa MED-PC e um microcomputador conectado à interface da caixa em todos os

experimentos.

Procedimento

Como mencionado, todos os experimentos constarão de cinco fases

consecutivas: auto-administração de álcool, modelagem, treino, extinção e teste de

reinstalação.

20
Os procedimentos de modelagem e auto-administração serão similares em todos

os experimentos e serão descritos a seguir.

Auto-administração de etanol

A fase de auto-administração será iniciada após os sujeitos atingirem o peso

médio de 150 g. O objetivo desta fase é desenvolver a auto-administração voluntária de

álcool através da adaptação do procedimento utilizado por Burattini, Gill, Aicard e

Janak (2006). Conforme apresentado na Tabela 1, os animais terão livre acesso a

soluções de álcool nas suas gaiolas-viveiro por 23,5h/dia. Primeiramente, os animais

recebem uma solução contendo 10% de álcool e 10% de sacarose (10E/10S) por 14

dias. Em seguida, eles recebem uma solução contendo 10E/5S por sete dias. Então essa

solução é trocada por 10E/2S por sete dias e, finalmente, a solução é substituída por

uma solução de etanol a 10% (10E) por mais onze dias. Os sujeitos permanecem com

água e comida ad lib ao longo desta fase experimental. O consumo das soluções

oferecidas para cada rato será registrado diariamente.

Tabela 1 - Concentração e período de administração


das soluções de etanol durante a fase de auto-
administração de etanol.

Período Solução disponibilizada

2 semanas 10E/10S*

1 semana 10E/5S

1 semana 10E/2S

11 dias 10E
*10E/10S = o número representa a concentração da
solução e a letra E representa etanol e a letra S
representa sacarose. Nesse caso, lê-se solução de
10% de etanol e de 10% de sacarose.

Modelagem

Após o término da fase de auto-administração todos os animais serão privados

21
de água por 24 h e seguidamente serão iniciadas as sessões de modelagem. Na primeira

sessão de modelagem os sujeitos serão submetidos ao treino de pressão à barra esquerda

sob um esquema conjuntivo de reforçamento contínuo - tempo fixo (CRF-FT), com o

bebedouro sendo acionado a cada 5 s. Nas sessões seguintes de modelagem será

utilizado o esquema CRF e as sessões terminarão após os sujeitos pressionarem 100

vezes a barra da esquerda. Nessas sessões os animais permanecem com acesso restrito à

água por 1h ao dia. Tanto no esquema CRF-FT quanto no esquema CRF, cada resposta

terá como consequencia a liberação de 0,1 ml da solução de 10E.

EXPERIMENTO 1

O experimento visou verificar se o esquema de reforço utilizado por Galesi,

Silva e Mijares (no prelo) durante o treino discriminativo poderia ter dificultado que o

estímulo olfativo se tornasse um estímulo discriminativo para as respostas de pressão à

barra. Os dados desse estudo já foram coletados e, portanto, serão referidos no passado.

MÉTODO

Procedimento

As fases de auto-administração e de modelagem foram realizadas conforme

descrito no método geral.

Treino

No início desta fase os sujeitos foram divididos em dois grupos: grupo CRF

(n=10) e grupo VR5 (n=10). O critério para a divisão dos ratos nos dois grupos foi a

média de consumo de etanol dos últimos três dias da fase de auto-administração. Ou

seja, os sujeitos foram distribuídos nos dois grupos de forma que a média de consumo

22
de etanol dos sujeitos do grupo VR5 fosse similar à média de consumo dos sujeitos do

grupo CRF.

Antes do início do treino propriamente dito, os sujeitos do grupo VR5 foram

treinados a pressionar a barra sob razão fixa 2 (FR2) e em seguida para razão variável 5

(VR5). Foram realizadas 10 sessões no total: 5 sessões de FR2 e 5 sessões de VR5. Os

animais do grupo CRF permaneceram sob o esquema CRF em todas as 10 sessões.

Durante esse treino todos os animais permaneceram com o acesso restrito à água por 1h

e como consequência da resposta de pressão à barra era disponibilizado 0,1 ml da

solução de 10E.

Uma vez finalizadas as 10 sessões antes descritas foi iniciado o treino

propriamente dito. Os sujeitos do grupo VR5 (n=10) passaram por um treino sob o

esquema múltiplo de reforço mult VR5 VR5 e os sujeitos do grupo CRF (n=10)

passaram por um esquema múltiplo mult CRF CRF.

No primeiro componente do esquema múltiplo o odor de laranja foi utilizado

como estímulo discriminativo 1 (SD1) e respostas de pressão à barra esquerda em VR5

(grupo VR5) ou em CRF (grupo CRF) tinham como consequência o acionamento de um

estímulo luminoso (reforçador condicionado 1 – Sr1) e a liberação de 0,1 ml da solução

de 10E. Após 4 s a luz e o bebedouro eram desligados. No segundo componente, o odor

de erva-doce foi utilizado como estímulo discriminativo 2 (SD2) e respostas de pressão

na barra esquerda em VR5 (grupo VR5) ou em CRF (grupo CRF) tinham como

consequência o acionamento de um estímulo sonoro (reforçador condicionado 2 – Sr2) e

a liberação de 0,1 ml de água. Após 4 s o som e o bebedouro eram desligados.

Uma ilustração do procedimento utilizado no treino pode ser observada na

Figura 1.

23
Cada um desses componentes foi apresentado em sessões distintas com 24 h de

intervalo entre elas. Todos os sujeitos passaram por 20 sessões de treino na caixa

operante; destas 20 sessões, 10 foram realizadas com o componente em que o etanol era

utilizado como consequência para as respostas de pressão à barra e 10 com o

componente em que a água era a consequência. A ordem das sessões de cada

componente foi definida através de sorteio, com a condição de que não houvesse mais

do que três sessões seguidas de cada componente.

Treino
Grupo VR5
mult VR5 VR5 (20 sessões)

Componente 1 Componente 2

SD1 R SR1 SD2 R SR2


(odor laranja) (VR5) (etanol) (odor erva- (VR5) (água)

Sr1 doce) Sr2


(luz) (som)

Grupo CRF
mult CRF CRF (20 sessões)

Componente 1 Componente 2

SD1 R SR1 SD2 R SR2


(odor laranja) (CRF) (etanol) (odor erva- (CRF) (água)

Sr1 doce) Sr2


(luz) (som)

Figura 1 – Ilustração do procedimento utilizado no treino para os dois grupos


experimentais. SD1 = estímulo discriminativo 1, R = resposta, VR5 = esquema de
razão variável 5, SR1 = reforçador primário 1, Sr1 = reforçador condicionado 1, SD2
= estímulo discriminativo 2, CRF = esquema de reforçamento contínuo, SR2 =
reforçador primário 2, Sr2 = reforçador condicionado 2.

Todas as sessões desta fase tiveram 30 minutos de duração. Ao final das sessões

experimentais as caixas eram limpas com água e as bandejas lavadas com água e sabão.

As sessões foram realizadas de segunda-feira a sexta-feira (cinco dias por semana).

Nos dois componentes do esquema múltiplo de ambos os grupos, respostas na

barra da direita eram registradas, porém não tinham consequência programada.

Extinção

24
Ao término do treino, todos os animais foram submetidos a sessões diárias de

extinção das respostas de pressão à barra esquerda, sem a presença dos estímulos

discriminativos, reforçadores condicionados ou primários (água ou álcool) usados no

treino.

Com a finalidade de extinguir qualquer função de estímulo do som do bebedouro

e da serragem da caixa, nas sessões desta fase foi colocada serragem na bandeja da

caixa experimental sem a adição de essência e as respostas emitidas sob o esquema

correspondente (VR5 ou FR1) tiveram como consequência apenas o acionamento do

bebedouro vazio. Essa fase teve 10 sessões diárias de 30 minutos cada.

Teste de reinstalação

Nas sessões de teste, os estímulos discriminativos e reforçadores condicionados

usados no treino foram reintroduzidos, mas as respostas de pressão à barra não davam

acesso aos reforçadores primários (etanol e água).

Foram realizadas seis sessões de teste de 30 minutos cada, com 24 h de intervalo

entre elas. No primeiro dia de teste metade dos animais de cada grupo (n=5 por grupo)

foi testado na condição SD1/Sr1. Portanto, para o grupo VR5, na presença do odor de

laranja (SD1), a última resposta que completava a exigência do esquema VR5 teve

como consequência o acionamento do bebedouro e do estímulo luminoso (Sr1); e para o

grupo CRF cada resposta na presença de SD1 teve como consequência o acionamento

do bebedouro e a apresentação de Sr1.

A outra metade dos ratos (n=5 por grupo) foi testado na condição SD2/Sr2.

Portanto, para o grupo VR5, na presença do cheiro de erva-doce (SD2), a última

resposta que completava a exigência do esquema VR5 acionava o bebedouro e o

estímulo sonoro (Sr2); e para o grupo CRF cada resposta na presença de SD2 teve como

consequência o acionamento do bebedouro e a apresentação de Sr2.

25
No segundo dia de teste, os animais que tinham sido submetidos à condição

SD1/Sr1 foram submetidos à condição SD2/Sr2 e os animais que tinham sido

submetidos à condição SD2/Sr2 foram submetidos à condição SD1/Sr1.

Nos outros dias de teste, os estímulos utilizados no treino foram apresentados

separadamente. A ordem de apresentação dos estímulos foi: cheiro de laranja, luz, som,

cheiro de erva-doce. Esta ordem foi escolhida com a finalidade de que o cheiro de

laranja, que era o estímulo mais relevante para esse experimento, fosse apresentado em

primeiro lugar para minimizar os efeitos de extinção. Novamente, nestas sessões de

testes, os estímulos Sr1 e Sr2 foram apresentados para o grupo VR5 num esquema de

VR5 e para o grupo CRF em CRF.

Todos os testes foram realizados em extinção, ou seja, as respostas de pressão à

barra não tiveram como consequência álcool ou água, porém o bebedouro continuava a

ser acionado depois da última resposta que completava a exigência do esquema VR5,

para o grupo VR5 e a cada resposta para o grupo CRF. A serragem também foi colocada

na bandeja das caixas experimentais, mesmo nas sessões em que os odores não foram

utilizados.

Análise de dados

Para a análise dos dados da fase de treino utilizou-se o teste não-paramétrico

Wilcoxon matched pairs. Os dados da fase de extinção e dos testes de reinstalação

foram analisados em conjunto por meio de ANOVA mista com um fator entre-sujeitos

de dois níveis (etanol X água) e um fator intra-sujeito de sete níveis (a média das três

últimas sessões de extinção e seis sessões de teste de reinstalação). Foi utilizado o teste

de Mauchly para verificar a esfericidade e, quando a esfericidade não foi garantida, foi

utilizada a correção Greenhouse-Geisser. As diferenças das sessões de teste em relação

à extinção foram analisadas pelo post-hoc Scheffé. Foram considerados valores

26
significativos p<0,05. Todos os dados são apresentados com o erro da média (±SEM)

com a exceção dos dados do treino, pois para o treino foi realizada uma análise não-

paramétrica.

RESULTADOS

Auto-administração de etanol

Todos os sujeitos aprenderam a auto-administrar oralmente a solução de 10E. A

Figura 2 mostra as médias de consumo de etanol de todos os sujeitos durante a fase de

auto-administração de etanol. Pode-se observar que os sujeitos iniciaram esta fase com

uma grande variabilidade de consumo da solução que diminuiu ao longo da fase e das

mudanças da concentração da solução. Nos três últimos dias da fase de auto-

administração de etanol os sujeitos consumiram em média 1,05±0,36 (mean± SEM)

g/kg de etanol da solução de 10E. O consumo desta quantidade de etanol é considerado

como “dose ativa”, ou seja, uma dose que produz mudanças significativas no sistema

dopaminérgico do sistema nervoso central dos animais (Williams-Hemby & Porrino,

1997a, 1997b).

10.00
Consumo (± S.E.M.) de Etanol g/kg

9.00
8.00
7.00
6.00
5.00
4.00
3.00
2.00
1.00
0.00
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/10S
10E/5S
10E/5S
10E/5S
10E/5S
10E/5S
10E/5S
10E/5S
10E/5S
10E/2S
10E/2S
10E/2S
10E/2S
10E/2S
10E/2S
10E
10E
10E
10E
10E
10E
10E
10E
10E
10E
10E

Concentração das soluções


Figura 2 – Médias de consumo (± SEM) (g/kg) dos sujeitos das soluções de etanol ao longo dos dias da
fase de auto-administração de etanol. A concentração da solução começou com 10% de etanol e 10% de
sacarose (10E/10S) e a sacarose foi sendo retirada da solução até a mesma passar a conter apenas 10% de
etanol (10E).

Modelagem

27
A média de consumo da solução de álcool nos três últimos dias da fase de auto-

administração dos sujeitos do grupo CRF foi 1,07±0,6 g/kg e a média de consumo dos

sujeitos do grupo VR5 foi 0,93±0,4 g/kg. Todos os sujeitos de ambos os grupos

aprenderam a pressionar a barra esquerda da caixa operante.

Treino e Extinção

A mediana da frequência de respostas dos sujeitos durante as fases de treino e

extinção é apresentada na Figura 3. Pode-se observar que no inicio da fase de treino a

frequência de respostas de ambos os grupos foi similar nos dois componentes (etanol e

água), porém, nota-se nas curvas de ambos os grupos que ao longo do treino foi

aumentando progressivamente a mediana da frequência de respostas no componente que

liberava álcool como consequência, e diminuindo a mediana das respostas no

componente que liberava água como consequência. Ao final da fase de treino, a

mediana das respostas seguidas de etanol foi significativamente maior que o número de

respostas seguidas de água, tanto para o grupo CRF (Z (10) = 2,29; p= 0,022), quanto

para o grupo VR5 (Z (10) = 2,80; p= 0,005).

Pode-se também observar na Figura 3 que a mediana da frequência de respostas

dos sujeitos de ambos os grupos caiu rapidamente assim que se iniciou a fase de

extinção. Para grupo VR5 verifica-se que a frequência de respostas diminuiu de

28,5±13,6 respostas na primeira sessão para 10,2±3,2 respostas na última sessão e, no

grupo CRF, diminuiu de 13,6±4,3 respostas na primeira sessão para 6,2±2,0 respostas

na última sessão de extinção.

28
VR5
Álcool
250 Água
Extinção
200

150

100

50

0
1a 2a 3a 4a 5a 6a 7a 8a 9a 10a 1a 2a 3a 4a 5a 6a 7a 8a 9a 10a
CRF
250

200

150

100

50

0
1a
2a
3a
4a
5a
6a
7a
8a
9a
10a

1a
2a
3a
4a
5a
6a
7a
8a
9a
10a
Sessões
Treino Extincção
Figura 3 – Mediana do número de respostas dos sujeitos do
grupo VR5 e do grupo CRF ao longo das fases de treino e
extinção.

Teste de Reinstalação

A análise dos dados do teste de reinstalação mostrou que houve diferenças

significativas entre as medidas repetidas -média dos três últimos dias de extinção e seis

dias de teste de reinstalação- (F (6, 108) = 11,16; Padj = 0,001) e diferença significativa

entre os grupos (F (1,18) = 5,59; p = 0,029). O ANOVA não acusou interação entre

esses fatores (F (6, 108) = 3,31; Padj = 0,07). Como mostrado na Figura 4 o teste post-

hoc Sheffé mostrou que para ambos os grupos houve diferenças significativa entre o

número de respostas emitidas na condição SD1/Sr1 e na condição de extinção (p =

0,001 para ambos os grupos). Esse teste também acusou diferenças entre o número de

respostas emitidas na apresentação de Sr1 e na condição de extinção (p = 0,001, para

ambos os grupos). Não houve diferenças significativas entre frequência de respostas

emitidas na presença dos outros estímulos e a extinção. Ainda, o teste post-hoc também

revelou que houve diferença significativa (p = 0,019) entre a apresentação de SD1/Sr1 e

a apresentação de SD2/Sr2.

29
140

Frequência de Respostas
* VR5
120
* CRF
100
80
60
40 *
*
20
0
EXT SD1/Sr1 SD2/Sr2 SD1 Sr1 Sr2 SD2
Sessões de extinção e teste

Figura 4 – Média (± SEM) de respostas dos três últimos dias da


fase de extinção (EXT) e das sessões de testes em que o SD1 (odor
de laranja) foi apresentado em conjunto com Sr1 (luz), o SD2
(odor de erva-doce) foi apresentado em conjunto com Sr2 (som) e
das sessões em que esses estímulos foram apresentados
separadamente. Houve diferença significativa entre EXT e
SD1/Sr1 (p = 0,001) e entre EXT e Sr1 (p = 0,001). Também
houve diferença significativa entre SD1/Sr1 e SD2/Sr2 (p = 0,019).
As sessões de teste estão representadas na ordem em que
ocorreram.

Na Figura 5 é a apresentada a razão entre as taxas de respostas das sessões de teste e a

média da taxa de respostas dos últimos três dias de extinção (EXT) de cada grupo experimental. Nota-se

que apesar da taxa de respostas do grupo VR5 ter sido maior, o padrão de respostas é

semelhante entre os grupos: o maior número de respostas foi emitido quando Sr1 foi

apresentado em conjunto com SD1 ou sozinho e o menor número de respostas foi

emitido na presença dos estímulos discriminativos sozinhos (SD1 e SD2).

15
VR5
12 CRF

0
EXT SD1/Sr1 SD2/Sr2 SD1 Sr1 Sr2 SD2
Sessões de extinção e teste

Figura 5 – Razão entre as taxas de respostas das sessões de


teste e a média da taxa de respostas dos últimos três dias de
extinção (EXT) de ambos os grupos experimentais.

30
DISCUSSÃO

O modelo animal de recaída cue-induced tem sido amplamente utilizado para avaliar o

papel dos estímulos ambientais na recaída ao uso de álcool, pois tem mostrado

consistentemente que a reapresentação de estímulos ambientais (estímulos

discriminativos e reforçadores condicionados) associados aos efeitos do álcool evocam

respostas de procura pelo álcool mesmo após um período sem a administração do

mesmo (Bachteler, et al., 2005; Cannella, et al., 2009; Ciccocioppo, Angeletti, & Weiss,

2001; Ciccocioppo, et al., 2002; Ciccocioppo, et al., 2003; Ciccocioppo, et al., 2004).

Porém, um problema encontrado nesses estudos é que não analisam a função dos

estímulos discriminativos da função dos reforçadores condicionados na aquisição e

manutenção do comportamento de auto-administração do álcool (Galesi, Silva, &

Mijares, no prelo; Fuchs, et al., 2009).

Galesi et al (no prelo) observaram que o reforçador condicionado, mas não o

estímulo discriminativo, adquiria controle sobre a resposta de pressão à barra quando

analisaram o controle de variáveis estabelecido peloprocedimento de treino do modelo

cue-induced em ratos . As autoras propuseram que uma das variáveis que poderia

explicar esse achado é o uso do esquema de reforço contínuo no treino, pois, segundo

Jenkins (1965), esse esquema é uma contingência de reforço que facilita o controle pela

consequência e não favorece que o sujeito atente para o estímulo antecedente à resposta.

No presente estudo foi verificado que o treino sob o esquema de reforço

intermitente VR5 não facilitou que o odor de laranja (SD1) adquirisse função

discriminativa sobre a resposta de procura por álcool. Semelhante ao achado de Galesiet

al (no prelo), foi observado nos resultados aqui mostrados que a apresentação do Sr1,

mas não do SD1, controlou a reinstalação da resposta de pressão à barra em ambos os

grupos experimentais (VR5 e CRF). Portanto, o esquema de reforço parece não ser uma

31
das variáveis que explica os resultados obtidos por Galesi et al (no prelo).

Ainda, foi observado que o treino sob os dois esquemas de reforço, VR5 e CRF,

produz desempenhos na fase de teste de reinstalação que são semelhantes aos relatados

pela literatura, pois a frequência de resposta na presença de SD1/Sr1 foi

significativamente maior do que a frequência de respostas na presença de SD2/Sr2

(Bachteler, et al., 2005; Cannella, et al., 2009; Ciccocioppo, Angeletti, & Weiss, 2001;

Ciccocioppo, et al., 2002; Ciccocioppo, et al., 2003; Ciccocioppo, et al., 2004).

Os resultados do presente experimento também mostraram que nas fases de

treino e reinstalação a taxa de resposta do grupo submetido ao treino sob o esquema de

reforço VR5 foi maior do que a taxa do grupo submetido ao treino sob o esquema de

reforço CRF. Tem sido amplamente descrito na literatura da análise do comportamento

que maiores taxas de respostas são obtidas quando esquemas de reforço intermitentes

são utilizados se comparados ao esquema de reforço contínuo (Catania, 1999).

Outrossim, essa literatura tem mostrado consistentemente que o treino sob esses

esquemas produzem desempenhos diferentes quando é imposto um esquema de

extinção, pois maiores taxas de respostas são observadas após o treino sob esquemas

intermitentes do que após o treino sob o esquema de reforço contínuo. Portanto,

considerando que o teste de reinstalação do presente estudo foi realizado em extinção, é

possível afirmar que a maior taxa de respostas exibida pelo grupo VR5 nos testes de

reinstalação é compatível com a literatura e sugere que esse grupo apresentou maior

resistência à extinção do que os sujeitos do grupo CRF4.

Em resumo, os resultados obtidos neste experimento mostraram que a mudança

do esquema de reforço não foi eficaz em estabelecer um estímulo olfativo -o odor de

4
Segundo Catania (1999) o número de respostas emitidas durante a extinção é um dos critérios utilizados
para medir a resistência à extinção.

32
laranja- como estímulo discriminativo da resposta de procura pelo álcool, mas foi

determinante na taxa de respostas obtidas no treino e no teste de reinstalação, sugerindo,

portanto, que o treino sob esquemas intermitentes de reforço é mais adequado do que o

treino sob esquemas contínuos para o estudo da recaída ao uso de drogas através do

modelo cue-induced.

EXPERIMENTO 2

O experimento tem o objetivo de verificar se a apresentação de reforçadores

condicionados é um fator que dificulta o condicionamento de estímulos discriminativos

pelo procedimento do modelo cue-induced. Além disso, o estudo visa analisar a

interação entre esses dois estímulos e se o treino discriminativo prévio sem a presença

do reforçador condicionado previne o possível sombreamento do segundo sobre o

primeiro, sugerido por Galesi et al (in press).

MÉTODO

Procedimento

33
As fases experimentais de Auto-administração de Etanol e Modelagem foram

realizadas conforme descrito no Método Geral.

Treino

Depois de instalada a resposta de pressão à barra sob o esquema de reforço CRF,

o esquema será aumentado para FR2 e em seguida para VR5, para todos os sujeitos.

Cada esquema ficará em vigência por cinco sessões consecutivas. Como consequência

da resposta de pressão à barra será disponibilizado 0,1 ml da solução de 10E.

Uma vez estabelecida a resposta de pressão à barra sob o esquema de reforço

VR5 os sujeitos serão divididos em quatro grupos experimentais que serão denominados

“Grupo 1”, “Grupo 2” ,“Grupo 3” e “Grupo 4”. O critério para a divisão dos sujeitos

nos quatro grupos será a média de consumo de etanol dos últimos três dias da fase de

auto-administração. Ou seja, os sujeitos serão distribuídos nos quatro grupos de forma

que a média de consumo de etanol de todos os sujeitos de um grupo seja o mais

semelhante possível com a média de consumo de todos os sujeitos dos outros grupos.

Serão realizadas 40 sessões de treino, dividas em Treino 1 (sessões 1 a 20) e

Treino 2 (sessões 21 a 40). Conforme mostrado na Tabela 2, no Treino 1 os sujeitos dos

grupos 1 e 2 (n=9 sujeitos por grupo) serão submetidos ao treino de condicionamento

dos reforçadores condicionados enquanto os sujeitos dos grupos 3 e 4 (n=9 por grupo)

passarão por um treino discriminativo simples. No Treino 2, os animais dos grupos do

grupo 1 serão submetidos a um treino discriminativo simples e os animais do grupo 3

serão submetidos ao treino de condicionamento dos reforçadores condicionados. Já os

sujeitos dos grupos 2 e 4 serão submetidos a um treino discriminativo com a

apresentação do reforçador condicionado (mesmo treino utilizado no modelo cue-

induced). Entre os dois treinos haverá uma fase de extinção e um teste de reinstalação.

Tabela 2 - Combinações em que os estímulos


serão apresentados nas sessões de treino de cada
grupo.

34
Grupos Sessões
Treino 1 Treino 2
Sr1 SD1
Grupo 1
Sr2 SD2
Sr1 SD1+ Sr1
Grupo 2
Sr2 SD2 + Sr2
SD1 Sr1
Grupo 3
SD2 Sr2
SD1 SD1+ Sr1
Grupo 4
SD2 SD2 + Sr2
Sr1: luz, Sr2: som, SD1: odor de laranja e SD2:
odor de erva-doce

Treino 1

1) Treino de condicionamento dos reforçadores condicionados

Os animais dos grupos 1 e 2 (n=9 por grupo) passarão por um treino que terá

dois componentes, nos quais as consequências para as respostas de pressão à barra serão

liberadas no esquema de reforço VR5. No primeiro componente respostas de pressão na

barra esquerda terão como consequência a liberação de 0,1 ml da solução de 10E e a

apresentação de um estímulo luminoso (Sr1). Após 4 s a luz e o bebedouro serão

desligados. No segundo componente, respostas de pressão na barra esquerda terão como

consequência a liberação de 0,1 ml de água e a apresentação de um estímulo sonoro

(Sr2). Após 4 s o som e o bebedouro serão desligados.

Cada componente será apresentado em sessões distintas com 24 h de intervalo

entre elas. Serão realizadas 20 sessões de treino, 10 sessões com o componente em que

a luz e o etanol serão utilizados como consequência para as respostas de pressão à barra

e 10 sessões com o componente em que o som e a água serão utilizados consequência

para as respostas de pressão à barra.

2)Treino discriminativo simples

Os animais dos grupos 3 e 4 (n=9 por grupo) passarão por um treino realizado

sob um esquema múltiplo de reforço mult VR5 VR5. No primeiro componente o odor

35
de laranja será utilizado como estímulo discriminativo (SD1) e respostas de pressão à

barra esquerda terão como consequência a liberação de 0,1 ml de 10E. Após 4 s o

bebedouro será desligado. No segundo componente, o odor de erva-doce será utilizado

como estímulo discriminativo (SD2) e respostas de pressão na barra esquerda terão

como consequência a liberação de 0,1 ml de água. Após 4 s o bebedouro será desligado.

Cada componente será apresentado em sessões distintas com 24 h de intervalo

entre elas. Serão realizadas 20 sessões de treino, 10 sessões com o componente em que

o odor de laranja é utilizado como SD1 e o etanol como consequência para as respostas

de pressão à barra e 10 sessões com o componente em que o odor de erva-doce é

utilizado como SD2 e a água é utilizada como consequência para as respostas de pressão

à barra.

Todas as 20 sessões de treino dos quatro grupos experimentais terão duração de

30 min e serão realizadas de segunda-feira a sexta-feira (cinco dias por semana). Para

cada treino a ordem das sessões em que cada componente será apresentado será definida

através de sorteio, com a condição de não haver mais do que três sessões seguidas de

cada componente. Cada sessão será realizada na caixa operante com as duas barras

disponíveis e as respostas na barra da direita serão registradas, porém não terão

consequência programada. Ao final das sessões experimentais as caixas serão limpas

com água e as bandejas com água e sabão.

Extinção 1

Ao término do Treino 1 todos os sujeitos serão submetidos a sessões diárias de

extinção de respostas de pressão à barra esquerda, sem a presença dos estímulos

discriminativos, reforçadores condicionados ou primários (água ou etanol) usados no

treino. Portanto, as respostas de pressão à barra não terão nenhuma consequência

programada, porém o bebedouro será acionado a cada resposta. Também será colocada

36
serragem na bandeja da caixa experimental. Esta fase terá cinco sessões experimentais

de 30 minutos cada realizadas diariamente e será seguida pelo teste de reinstalação.

Teste de reinstalação 1

Nas sessões de teste, os estímulos discriminativos e reforçadores condicionados

usados no treino serão reintroduzidos, mas as respostas de pressão à barra não darão

acesso aos reforçadores primários (etanol e água). Serão realizadas duas sessões de teste

de 30 minutos cada, com 24 h de intervalo entre elas.

Para os grupos 1 e 2, no primeiro dia de teste, cinco sujeitos serão apresentados

ao estímulo Sr1 e quatro sujeitos ao estímulo Sr2. No segundo dia de testes, os animais

serão apresentados ao estímulo que não haviam sido apresentados no primeiro dia.

Para os grupos 3 e 4, no primeiro dia de teste, cinco sujeitos serão apresentados

ao estímulo SD1 e quatro sujeitos ao estímulo SD2. No segundo dia de testes, os

animais serão apresentados ao estímulo que não haviam sido apresentados no primeiro

dia.

Treino 2

1) Treino discriminativo com a apresentação do reforçador condicionado

Os animais dos grupos 2 e 4 (n=9 por grupo) passarão por um treino

discriminativo simples sob um esquema múltiplo de reforço mult VR5 VR5 com a

presença do reforçador condicionado, similar ao realizado ao descrito no Experimento 1

– grupo VR5. No primeiro componente do esquema o odor de laranja será utilizado

enquanto SD1 e respostas de pressão à barra esquerda em VR5 terão como

consequência a liberação de 0,1 ml de 10E e o acionamento do estímulo luminoso (Sr1).

Após 4 s a luz e o bebedouro serão desligados. No segundo componente do esquema, o

odor de erva-doce será utilizado como SD2 e respostas de pressão na barra esquerda em

37
VR5 terão como consequência a liberação de 0,1 ml de água e o acionamento do

estímulo sonoro (Sr2). Após 4 s o som e o bebedouro serão desligados.

Cada componente será apresentado em sessões distintas com 24 h de intervalo

entre elas. Serão realizadas 20 sessões de treino, 10 sessões de cada componente.

2) Treino discriminativo de dois odores

Os sujeitos do grupo 1 (n=9) serão submetidos ao mesmo treino discriminativo a

que foram submetidos os sujeitos do grupo 3 e 4 no Treino 1.

3) Treino de condicionamento dos reforçadores condicionados

Os sujeitos do grupo 3 serão submetidos ao mesmo treino de condicionamento

do reforçador condicionado a que foram submetidos os sujeitos do grupo 2 e 4 no

Treino 1.

Todas as 20 sessões do Treino 2 dos quatro grupos experimentais terão duração

de 30 min e serão realizadas de segunda-feira a sexta-feira (cinco dias por semana). Para

cada treino a ordem das sessões em que cada componente será apresentado será definida

através de sorteio, com a condição de não haver mais do que três sessões seguidas de

cada componente. Cada sessão será realizada na caixa operante com as duas barras

disponíveis e as respostas na barra da direita serão registradas, porém não terão

consequência programada. Ao final das sessões experimentais as caixas serão limpas

com água e as bandejas com água e sabão.

Extinção 2

Ao término das fases de treino todos os sujeitos serão submetidos a sessões

diárias de extinção de respostas de pressão à barra esquerda, sem a presença dos

estímulos discriminativos, reforçadores condicionados ou primários (água ou etanol)

usados nos treinos. Portanto, as respostas de pressão à barra não terão nenhuma

consequência programada, porém o bebedouro será acionado a cada resposta. Também

38
será colocada serragem na bandeja da caixa experimental. Essa fase terá 10 sessões

experimentais de 30 minutos cada realizadas diariamente e será seguida pelo teste de

reinstalação 2.

Teste de reinstalação 2

Nas sessões de teste, os estímulos discriminativos e reforçadores condicionados

usados no treino serão reintroduzidos, mas as respostas de pressão à barra não darão

acesso aos reforçadores primários (etanol e água).

Serão realizadas seis sessões de teste de 30 minutos cada, com 24 h de intervalo

entre elas. No primeiro dia de teste, os sujeitos dos grupos 1, 2, 3 e 4 (n=5 por grupo)

passarão pela reapresentação dos estímulos que foram associados ao consumo de álcool

(SD1/Sr1). Ainda no primeiro dia, o restante dos sujeitos dos grupos 1, 2, 3 e 4 (n=4

por grupo) passarão pela sessão de teste com a reapresentação dos estímulos que foram

associados à água no treino (SD2/Sr2).

No segundo dia de testes, os animais que foram submetidos à condição SD1/Sr1

serão submetidos à condição SD2/Sr2 e os animais que foram submetidos à condição

SD2/Sr2 serão submetidos à condição SD1/r1.

Nos outros dias de teste, os estímulos utilizados no treino serão apresentados

separadamente. A ordem de apresentação dos estímulos será sorteada aleatoriamente.

Análise de dados

Para a análise das fases de treino, diferenças na frequência de pressão à barra

entre álcool X água serão analisadas por uma ANOVA de um fator (álcool X água). A

frequência de respostas de pressão à barra na fase de extinção 1 e no teste de

reinstalação 1 serão analisadas por uma ANOVA de dois fatores, um fator entre sujeitos

(álcool X água), e três fatores intra-sujeitos (média dos últimos três dias de extinção e as

duas condições do teste de reinstalação).

39
A frequência de respostas de pressão à barra na fase de extinção 2 e no teste de

reinstalação 2 serão analisadas por uma ANOVA de dois fatores, um fator entre sujeitos

(álcool X água), e sete fatores intra-sujeitos (média dos últimos três dias de extinção e

as seis condições do teste de reinstalação).

EXPERIMENTO 3

Este experimento será realizado na Universidade de Camerino na Itália, como

parte do programa de estágio de doutorado do exterior. O experimento será realizado

com a supervisão do Prof. Roberto Ciccocioppo.

O terceiro experimento tem como objetivo compreender se a exposição, em

extinção, aos estímulos previamente associados ao álcool no teste de reinstalação pode

ser um evento estressante para os animais e, portanto, influenciar as respostas emitidas

durante essa fase. Para avaliar o estresse serão tomadas medidas de corticosterona do

sangue dos animais durante todas as fases experimentais. Além disso, será utilizado um

antagonista do receptor CRH1R chamado Antalarmin durante a fase de reinstalação

40
para observar se o bloqueio do eixo HPA altera o controle dos estímulos discriminativos

e/ou reforçadores condicionados sobre a resposta de reinstalação.

MÉTODO

Procedimento

No inicio do experimento os animais serão divididos em três grupos

experimentais: ET, ANT e SUC. Os animais do grupo ET (n=10) serão submetidos ao

procedimento do modelo animal cue-induced com álcool como consequência. Os

animais do grupo ANT (n=10) serão submetidos ao mesmo procedimento que os

animais do grupo ET, mas será injetado Antalarmin antes das sessões de teste de

reinstalação. Animais do grupo SUC (n=10) serão submetidos ao mesmo procedimento

que os animais do grupo ET, porém uma solução de sacarose, em vez de etanol, será

usada como consequência de pressão à barra durante o experimento.

Fase de Auto-administração de Álcool ou Sacarose

Os animais do grupo ET e ANT serão submetidos ao procedimento de auto-

administração de álcool descrito no Método Geral do projeto. Já os animais do grupo

SUC (n=10) terão livre acesso em suas gaiolas-viveiro a uma solução de sacarose

14,5%5 (14,5S). A solução de sacarose será disponibilizada 23,5h ao dia por 28 dias

consecutivos.

Modelagem

Os animais do grupo ET e ANT serão submetidos ao procedimento de

modelagem detalhado no Método Geral. Os animais do grupo SAC passarão por um

procedimento semelhante, mas será utilizado como reforçador da resposta de pressão à

5
A solução de sacarose na concentração de 14,5% de sacarose é isocalórica à solução de etanol 10%.

41
barra a solução 14,5S .O número de respostas tanto na barra ativa (esquerda), quanto na

barra inativa (direita) será registrada durante o experimento.

Treino

Uma vez instalada a resposta de pressão à barra sob o esquema de reforço CRF,

o esquema será gradualmente aumentado a FR4, seguindo a sequência: FR2, FR3 e

FR4. Em seguida, será implementado um esquema de VR5. Ao longo desse treino os

animais dos grupos ET e ANT (n=10 por grupo) terão livre acesso à água 1h por dia e

os animais do grupo SAC (n=10) terão livre acesso à comida 1h por dia. As respostas

dos animais dos grupos ET e ANT serão consequenciadas com a disponibilização de

10E e as respostas dos animais do grupo SAC serão consequenciadas com a

disponibilização de 14,5S. Depois de estabilizada a resposta mantida sob VR5, será

iniciado o treino discriminativo sob esquema mult VR5 VR5. No primeiro componente,

na presença do odor de laranja (SD1), respostas de pressão à barra sob VR5 produzirão

0,1 ml da solução de 10E (grupos ET e ANT) ou de 14,5S (grupo SUC) e ativarão o

estímulo luminoso (Sr1). No segundo componente, respostas na presença do odor de

erva-doce (SD2) sob VR5 terão como consequência 0,1 ml de água e a ativação do

estímulo sonoro (Sr2). Todos os estímulos utilizados como consequência ficarão

disponíveis por 4 s.

Cada condição do treino discriminativo será apresentada em sessões separadas

com 30 minutos cada e 24 horas de intervalo entre elas. Todos os animais serão

submetidos a 20 sessões de treino, nas quais 10 sessões serão realizadas com a solução

de 10E (grupos ET e ANT) ou 14,5E (grupo SUC) como consequência para as respostas

de pressão à barra e 10 sessões serão realizadas com água como consequência.

Os estímulos olfativos serão gerados com o depósito de seis gotas dos

respectivos extratos na bandeja da caixa operante. Após cada sessão de treino todas as

42
caixas serão limpas com água e as bandejas com água e detergente neutro.

Extinção

Após o término da fase de treino, os ratos serão submetidos a 10 sessões diárias

de extinção de 30 minutos cada. Nestas sessões nenhum dos estímulos discriminativos

(odor de laranja e de erva-doce) e dos reforçadores condicionados (luz e som) utilizados

no treino serão apresentados. Respostas na barra esquerda ativarão a bomba, mas não

terão consequência programada.

Efeitos do Antalarmin nas respostas de reinstalação

Animais do grupo ANT (n=10) irão receber o antagonista seletivo de CRH-R1

antalarmin (20 mg/kg) e os animais do grupo ET (n=10) serão injetados com uma

solução isotônica de salina. A droga e a solução de salina serão dadas i.p. 30 min antes

das sessões de teste de reinstalação.

Teste de Reinstalação

O teste de reinstalação se iniciará no dia seguinte ao término da fase de extinção.

Serão realizadas duas sessões de teste, separadas por um intervalo de 24h. No primeiro

dia de teste, metade dos animais (n=5 por grupo) será testada na condição SD1/Sr1.

Sob essa condição, respostas de pressão à barra na presença do odor de laranja (SD1)

terão como consequência o acionamento da bomba e do estímulo luminoso (Sr1) sob o

esquema de reforço VR5. A outra metade dos ratos (n=5 por grupo) será testado na

condição SD2/Sr2, na qual respostas de pressão à barra na presença do cheiro de erva-

doce (SD2) acionarão a bomba e o estímulo sonoro (Sr2) sob o esquema VR5.

No segundo dia de teste, os animais que foram submetidos à condição SD1/Sr1

serão submetidos à condição SD2/Sr2 e os animais que foram submetidos à condição

SD2/Sr2 serão submetidos à condição SD1/Sr1.

43
As sessões de todas as fases experimentais terão inicio no ZT14 6 (10h) para

evitar picos de corticosterona que ocorrem ao final do ciclo claro (Cavigelli, Monfort,

Whitney, Mechref, Novotny, & McClintock, 2005; Kalsbeek & Buijs, 2002; Lepschy,

Touma, Hruby, & Palme, 2007).

Coleta e medida dos níveis de corticosterona no sangue

Serão realizadas sete coletas de sangue de todos os ratos durante o experimento,

todas no horário ZT 14.

Todas as amostras de sangue (0,5 ml) serão tiradas da veia um do rabo dos ratos

e serão obtidas no mesmo tempo ZT para evitar a influência do ritmo circadiano nos

níveis de corticosterona. Para a coleta de sangue, os animais sempre serão retirados e

devolvidos para as gaiolas-viveiro.

A primeira amostra de sangue será coletada um dia antes do início do

experimento. A segunda e terceira medidas serão coletadas durante a fase de treino, uma

após os animais terem sido expostos a condição SD1/Sr1 e outra após os animais terem

sido expostos a condição SD2/Sr2. A coleta será realizada sempre após a última sessão

em que cada condição será apresentada. A quarta medida será realizada após a última

fase de extinção. A quinta e sexta medidas serão realizadas após os dois dias de teste e a

sétima medida será realizada uma semana após o término do experimento.

As coletas de sangue ocorrerão no máximo 30 min após o término das sessões.

Cada amostra de sangue coletada será colocada em tubos heparinizados

Eppendorf. O plasma será separado por centrifugação a 4°C, 5000 r.p.m. por 5 minutos

e congelado a -80°C até o ensaio. As concentrações de corticosterona no plasma serão

6
Lembrando que ZT0 (de tempo zeitgeber) é o início do ciclo claro.

44
medidas pelo kit de enzima-imunoensaio ELISA7.

Análise de Dados

Para a análise da fase de treino, as diferenças na frequência de respostas de

pressão à barra entre álcool ou sacarose X água serão analisadas por uma ANOVA com

um fator intra-sujeitos (álcool ou sacarose X água) e um fator entre sujeitos (grupo). A

frequência de respostas de pressão à barra na fase de extinção e no teste de reinstalação

serão analisadas por uma ANOVA de dois fatores, um fator entre-sujeitos (grupo), e um

fator intra-sujeitos (média das últimas três sessões de extinção e cada uma das duas

sessões de teste).

A comparação entre os níveis de corticosterona no sangue será realizada por

uma ANOVA de dois fatores, um entre sujeitos (grupo) e sete fatores intra-sujeitos (sete

amostras de sangue). A significancia estatística será definida em p < 0.05.

REFERÊNCIAS

Amsel, A. (1992). Frustation theory – many years later. Psychological Bulettin, 112,

396-399.

Associação Americana de Psiquiatria (1994/2002). Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais-IV. Trad. D. Batista. Porto Alegre: Artes Médicas.

Azrin, N.H., Hutchinson, R. R., & Hake, D. F. (1966). Extinction-induced aggression.

Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 9, 191-204.

Bachteler, D., Economidou, D., Danysz, W., Ciccocioppo, R., & Spanagel, R. (2005).

The effects of acamprosate and neramexane on cue-induced reinstatement of

7
O kit ELISA Assay Designs Corticosterona é um ensaio acurado, reprodutível e sensível para a
determinação quantitativa dos níveis de corticosterona em fluídos biológicos de ratos.

45
ethanol-seeking behavior in rat. Neuropsychopharmacology, 30, 1104-1110.

Burattini, C., Gill, T. M., Aicard, G., & Janak, P. H. (2006). The ethanol self-

administration context as a reinstatement cue: acute effects of naltroxone.

Neuroscience, 139, 877–887.

Catania, A. (1999). Aprendizagem: Comportamento, Linguagem e Cognição (D. d. G.

d. Souza, Trans. 4 ed.). Porto Alegre: Artmed Editora.

Cavigelli, S. A., Monfort, S. L., Whitney, T. K., Mechref, Y. S., Novotny, M., &

McClintock, M. K. (2005). Frequent serial fecal corticoid measures from rats

reflect circadian and ovarian corticosterone rhythms. Journal of Endocrinology,

184, 153–163.

Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid). Disponível em:

http://www.cebrid.epm.br/index.php. Acessado em 20/05/2012.

Ciccocioppo, R., Angeletti, S., & Weiss, F. (2001). Long-lasting resistance to extinction

of response reinstatement induced by ethanol-related stimuli: role of genetic

ethanol preference. Alcoholism: Clinical & Experimental Research, 25, 1414-

1419.

Ciccocioppo, R., Economidou, D., Fedeli, A., Angeletti, S., Weiss, F., Heilig, M., et al.

(2004). Attenuation of ethanol self-administration and of conditioned

reinstatement of alcohol-seeking behaviour by the antiopioid peptide

nociceptin/orphanin FQ in alcohol-preferring rats. Psychopharmacology (Berl),

172, 170-178.

Ciccocioppo, R., Gehlert, D.R., Ryabinin, A., Kaur, S., Cippitelli, A., Thorsell, A., Le,

A.D., Hipskind, P.A., Hamdouchi, C., Lu, J., Hembre, E.J., Cramer, J., Song, M.,

McKinzie, D., Morin, M., Economidou, D., Stopponi, S., Cannella, N., Braconi,

S., Kallupi, M., de Guglielmo, G., Massi, M., George, D.T., Gilman, J., Hersh, J.,

46
Tauscher, J.T., Hunt, S.P., Hommer, D., & Heilig, M. (2009) Stress-related neu-

ropeptides and alcoholism: CRH, NPY, and beyond. Alcohol, 43, 491–498.

Ciccocioppo, R., Lin, D., Martin-Fardon, R., & Weiss, F. (2003). Reinstatement of

ethanol-seeking behavior by drug cues following single versus multiple ethanol

intoxication in the rat: effects of naltrexone. Psychopharmacology (Berl), 168,

208-215.


Ciccocioppo, R., Martin-Fardon, R., & Weiss, F. (2002). Effect of selective blockade of

μ1 or delta opioid receptors on reinstatement of alcohol-seeking behavior by drug-

associated stimuli in rats. Neuropsychopharmacology, 27, 391-399.

Cippitelli, A., Damadzic, R., Singley, E., Thorsell, A., Ciccocioppo, R., Eskay, R.L., &

Heilig, M. (2012). Pharmacological blockade of corticotropin-releasing hormone

receptor 1 (CRH1R) reduces voluntary consumption of high alcohol

concentrations in non-dependent Wistar rats. Pharmacology, Biochemistry and

Behavior, 100, 522–529.

Coover, G. D., Goldman, L., & Levine, S. (1971). Plasma corticosterone increases

produced by extinction of operant behavior in Rats. Physiology and Behavior, 6,

261-203.

Economidou, D., Hansson, A. C., Weiss, F., Terasmaa, A., Sommer, W. H.,

Cippitelli, A., Fedeli, A., Martin-Fardon, R., Massi, M., Ciccocioppo, R., &

Heilig, M. (2008). Dysregulation of nociceptin/orphanin FQ activity in the

amygdala is linked to excessive alcohol drinking in the rat. Biological Psychiatry,

64, 211-218.

Epstein, D.H., Preston, K.L. (2003). The reinstatement model and relapse prevention: a

clinical perspective. Psychopharmacology, 168, 31-41.

Epstein, D. H., Preston, K. L., Stewart, J., & Shaham, Y. (2006). Toward a model of

47
drug relapse: an assessment of the validity of the reinstatement procedure.

Psychopharmacology (Berl), 189, 1-16.

Fallon, D. (1971). Increased resistance to extinction following punishment and reward:

high frustation tolerance or low frustation magnitude? Journal of Comparative

and Psychological Psychology, 77, 245-255.

Files, F. J., Samson, H. H., & Denning, C.E. (1997). Effects of sucrose-substitution

initiation on patterns of drinking by lewis rats during continuous alcohol access.

Alcohol, 14, 379-387.

Fuchs, R. A., Lasseter, H. C., Ramirez, D. R. & Xie, X. (2009). Relapse to drug seeking

following prolonged abstinence: the role of environmental stimuli. Drug

Discovery Today: Disease Models 5, 251-258.


Galesi, F. L., Silva, M. T. A., & Mijares, M. G. (no prelo). Análise comportamental do

modelo animal de recaída ao uso de drogas cue- induced. Acta Comportamentalia.

Guerra, L. G. G. C. & Silva, M. T. A. (2002). Modelos animais de psicopatologia:

fundamentos conceituais. In: H. J. Guilhardi; M. B. B. P. Madi; P. P. Queiroz; M.

C. Scoz. (Ed.). Sobre comportamento e cognição v. 9 (pp. 232-235). Santo André:

ESETec.

Jenkins, H. M. (1965). Measurement of stimulus control during discriminative operant

conditioning. Psychological Bulletin, 64, 365-176.


Kalsbeek, A., & Buijs. R. M. (2002). Output pathways of the mammalian

suprachiasmatic nucleus: coding circadian time by transmitter selection and

specific targeting. Cell and Tissue Research, 309, 109-118.

Katner, S. N., Magalong, J. G., & Weiss, F. (1999). Reinstatement of alcohol-seeking

behavior by drug-associated discriminative stimuli after prolonged extinction in

the rat. Neuropsychopharmacology, 20, 471-479.


48
Katner, S. N., & Weiss, F. (1999). Ethanol-associated olfactory stimuli reinstate

ethanol-seeking behavior after extinction and modify extracellular dopamine

levels in the nucleus accumbens. Alcoholism: Clinical & Experimental Research,

23, 1751-1760.

Kawasaki, K., & Iwasaki, T. (1997). Corticosterone levels during extinction of runway

response in rats. Life Sciences, 61, 1721-1728.

Lepschy, M., Touma, C., Hruby, R. & Palme, R. (2007). Non-invasive measurement of

adrenocortical activity in male and female rats. Laboratory Animals, 41, 372–387.

Liu, X., & Weiss, F. (2003) Stimulus conditioned to foot-shock stress reinstates alcohol-

seeking behavior in an animal model of relapse. Psychopharmacology, 168, 184–

191.

Lowery, E.G., & Thiele, T.E. (2010) Pre-clinical evidence that corticotropin-releasing

factor (CRF) re- ceptor antagonists are promising targets for pharmacological

treatment of alcoholism. CNS & Neurological Disorders - Drug Targets, 9, 77–86.

McKim, W. (2006). Drugs and Behavior (6th Edition ed.). New Jersey: Prentice Hall.

Mason, B. J., Shaham, Y., Weiss, F., & Le, A. D. (2009). Stress, alcohol craving, and

relapse risk: mechanisms and viable treatment targets. Alcohol, 43, 541-543.

Matos, M. A. (1981). O controle dos estímulos sobre o comportamento. Psicologia, 7,

1-15.

O'Brien, C. P., Childress, A. R., Ehrman, R., & Robbins, S. J. (1998). Conditioning

factors in drug abuse: can they explain compulsion? Journal of

Psychopharmacology, 12, 15-22.


Rilling, M. & Caplan, H. J. (1973). Extinction-induced aggression during errorless

discrimination learning. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 20, 85-

92.

49
Sanchis-Segura, C., & Spanagel, R. (2006). Behavioural assessment of drug

reinforcement and addictive features in rodents: an overview. Addiction Biology,

11, 2-38.

Silva, M. T. A. (2003). Modelos comportamentais em neurociências. Tese de Livre-

docência, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

Silva, M. T. A., Guerra, L. G. G. C., & Alvez, C. R. R. (2005). Modelos

comportamentais em neurociências. Revista Brasileira de Análise do

Comportamento, 1, 167-185.

Touma, C., Palme, R., & Sachsera, N. (2004). Analyzing corticosterone metabolites in

fecal samples of mice: a noninvasive technique to monitor stress hormones.

Hormones and Behavior, 45, 10-22.

Wagner, A. R. (1963). Conditioned frustation as a learned drive. Journal of

Experimental Psychology, 66, 142-148.

Williams, K.L. & Schimmel, J.S. (2008). Effect of naltrexone during extinction of

alcohol-reinforced responding and during repeated cue-conditioned reinstatement

sessions in a cue exposure style treatment. Alcohol, 42, 553– 563.

Williams-Hemby, L., & Porrino, L. J. (1997a). I. Functional consequences of

intragastrically administered ethanol in rats as measured by the 2-

[14C]deoxyglucose method. Alcoholism: Clinical & Experimental Research, 21,

1573-1580.

Williams-Hemby, L., & Porrino, L. J. (1997b). II. Functional consequences of

intragastrically administered ethanol in rats as measured by the 2-

[14C]deoxyglucose method: the contribution of dopamine. Alcoholism: Clinical &

Experimental Research, 21, 1581-1591.

Willner, P. (1991). Behavioural models in psychopharmacology. In: P. Willner (Ed.)

50
Behavioural models in psychopharmacology: theoretical, industrial and clinical

perspectives. Cambridge: Cambridge University Press.

Woody, G. E., McLellan, A. T., & O'Brien, C. P. (1990). Research on psychopathology

and addiction: treatment implications. Drug and Alcohol Dependence, 25, 121-

123.

Zironi, I., Burattini, C., Aicardi, G., Janak, P.H. (2006). Context is a trigger for relapse

to alcohol. Behavioural Brain Research, 167, 150-155.

51

Você também pode gostar