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DETERMINAÇÃO DO TEOR DE MATÉRIA ORGÂNICA POR GRAVIMETRIA,

PH E ACIDEZ TROCÁVEL DE AMOSTRA DE SOLO

1. INTRODUÇÃO

A matéria orgânica presente no solo é fundamental, pensando em


questões físicas, químicas e biológicas. Sua composição, origem e manejo são
alvo de diversos estudos (SOARES et al., 2009), uma vez que a matéria
orgânica é essencial ao fornecimento de nutrientes as plantas e auxilia na
forma como a água e os cátions serão retidos.

Podemos definir como matéria orgânica do solo todo material de origem


orgânica, animal, vegetal, biomassa e compostos solúveis que estejam
relacionadas aos argilominerais do solo (Stevenson, 1994).

A composição da matéria orgânica do solo (MOS) é baseada em sua


maioria por organismos vegetais. A parte orgânica do solo contém de resíduos
animais, decompostos em épocas distintas, excreção de organismos vivos,
biomassa total do solo e microorganismos vivos, sendo estes difíceis de
distinguir de material orgânico morto.

Segundo Dick et al., (2009), até 90% da MOS é composta por elementos
como o carbono, nitrogênio e hidrogênio. Já a parte de minerais podem
constituir até 12% da MOS, sendo a idade da planta o maior fator influenciador
nesta proporção de composição. Plantas jovens possuem maior quantidade de
proteínas e minerais. Enquanto ocorre a decomposição da matéria orgânica
pelas enzimas e microorganismos, alguns elementos são mais consumidos do
que outros.

Mesmo a maior fonte de carbono para microorganismos sendo a MOS,


ele não é totalmente revertido em célula microbiana, pois há perda em forma
de CO2pela sua mineralização.

Dependendo de como a matéria orgânica de dispõe, decompõe no solo


e de sua quantidade em um perfil, pode – se diferenciar em vários tipos de
MOS (DUCHAUFOUR, 1956).

Especialistas na área denominam a matéria orgânica como húmus


(RUELLAN; DOSSO, 1953), considerando toda MOS como húmus.
Todos os microorganismos presentes no solo dependem da água para se
desenvolver, sendo assim, o teor de umidade no solo será um fator de
interferência para a taxa de decomposição da matéria orgânica (WAKSMAN;
PURVIS, 1952).

Uma característica importante para classificar determinado solo é sua


acidez ou alcalinidade, definida a partir da determinação do pH, que se
encontra entre 3,0 e 9,0.

Solos ácidos acarretam a diminuição da concentração de alguns nutrientes


fundamentais ás plantas, como o fósforo e o molibdênio.

2. OBJETIVOS

O presente experimento teve o objetivo de determinar aspectos que


interfiram diretamente na acidez de uma amostra de solo.

2.1. Objetivos Específicos


 Determina teor de Matéria Orgânica (MO) por gravimetria;
 Determinar o pH do solo; e
 Determinar a acidez trocável.

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
3.1. Materiais
 Agitador de Frascos com Movimento Orbita;
 Amostra de Solo;
 Balança Analítica;
 Béquer de 10 mL
 Bureta;
 Cadinho;
 Erlenmeyer de 125 mL;
 Funil;
 Garra;
 Mufla
 Papel de Filtro;
 Pipeta de Pasteur;
 Phmetro; e
 Suporte universal.

3.2. Reagentes

Os reagentes usados no procedimento experimental foram:

 Solução Cloreto de Sódio (NaCl) na concentração de 1,0 mol/L; e


 Solução de Hidróxido de Sódio (NaOH) na concentração de 0,01 mol/L

3.3. Métodos

Os procedimentos descritos a seguir foram realizados por sete grupos


com três solos diferentes sendo estes DC8A, P18 e PEN4A.

3.3.1. Determinação do Teor de Matéria Orgânica por Gravimetria

Inicialmente pesou-se em uma balança analítica a massa do cadinho, e


anotou-se seu peso, em seguida, tarou-se a balança e depositou-se no cadinho
5,0 g de amostra de solo triturada e peneirada. Dirigiu-se o cadinho com muito
cuidado para uma mufla afim de evitar que no transporte nenhuma matéria
orgânica ou inorgânica ficasse depositada no cadinho, calcinou-se o material a
650 ºC por 4 horas. Esfriou-se a mufla em overnight e pesou-se o cadinho em
uma balança e anotou-se seu valor.

3.3.2. Determinação do pH do Solo

Pesou-se 5,002 g de amostra de solo em um erlenmeyer de 125 mL e


adicionou-se 25 mL de água destilada com pH próximo de 7,0, com auxílio de
um agitador de frascos, agitou-se o material por 15 minutos. Após retirar o
erlenmeyer do agitador, aguardou-se todo o material sólido decantar, em
seguida mergulhou-se o bulbo do eletrodo de pH no recipiente e leu-se o pH
do material, por fim com água destilada e papel higiênico lavou-se o bulbo para
que os resultados das amostras seguintes não sofressem alteração pela leitura
anterior e também por zelo ao equipamento que deve ser limpo após a
utilização.

3.3.3. Determinação da Acidez Trocável

No mesmo erlenmeyer adicionou-se 25 mL de solução de NaCl 1,0


mol/L, e durante 20 minutos deixou-se o recipiente em agitação. Com o auxilio
de um funil e papel de filtro, filtrou-se o conteúdo, o material sólido lavou-se
com duas porções de 20 mL de NaCl 1,0 mol/L. No filtrado adicionou-se 4
gotas de fenolftaleína, completou-se uma bureta de 25 mL com NaOH a 0,01
mol/L, retirando as bolhas de ar e ajustado o zero. Titulou-se o filtrado até o
ponto de viragem, onde ocorreu-se a mudança de coloração do extrato de
incolor para rosa e por meio da equação 2, demonstrada nos resultados,
calculou-se a porcentagem de acidez trocável do solo.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a determinação do teor de matéria orgânica é preciso definir as


massas inicial e final do solo. A última é obtida através da subtração da massa
do solo com o cadinho após a utilização da mufla pela massa do cadinho.
Desse modo tem-se que a massa inicial (𝑀𝑖) é de 5,001g e a massa final (𝑀𝑓)
é de 3,6176g. Através da equação 1, a seguir, determinou-se que o teor de
matéria orgânica do solo P 18 é de 27, 88%.

𝑀𝑖−𝑀𝑓
𝑀𝑂 = ∗ 100 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 1)
𝑀𝑖

Já o valor de 0,38 mol/kg de acidez trocável foi obtido através da


equação 2, descrita abaixo, com os valores de volume titulado de 1,9 mL e de
concentração de NaOH de 0,01 mol/L .

𝑚𝑜𝑙 𝑉𝑒 ∗ 𝐶
% 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑡𝑟𝑜𝑐á𝑣𝑒𝑙 ( )= ∗ 100 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 2)
𝑘𝑔 𝑀

Onde:
𝑉𝑒: Volume de equivalência;

𝐶: Concentração da Solução de NaOH; e

𝑀: Massa da amostra de solo.

Tais valores, juntamente com o pH das amostras de solos de todos os


grupos foram calculados e podem ser vistos na Tabela 1.

Tabela 1. Teor de Matéria Orgânica, pH e Acidez Trocável dos três tipos de


solos analisados pelos sete grupos.

Acidez Trocável
Teor de MO pH
(mol/kg)
10,40% 4,46 0,88
DC8A 58,42% 4,21 0,79
11,52% 4,46 1,11
27,88% 5,23 0,38
P18
28,08% 4,5 0,42
6,51% 6,8 0,16
PEN4A
5,43% 6,67 0,18

Fonte: Arquivo Pessoa

Ao analisarmos a tabela acima, nota-se que os solos do tipo P18 podem


ser considerados ácidos, por possuírem pH que varia entre 4,5 e 5,23, além de
apresentarem os maiores níveis de matéria orgânica. Esse fato ocorre pelo fato
que a acidez inibe as atividades dos microorganismos acarretando em um
aumento da matéria orgânica. Já para os solos do tipo PEN4A, próximos da
neutralidade, o teor de matéria orgânica é baixo devido à ação do metabolismo
dos organismos que estão em uma fase ótima.

Entretanto para os solos do tipo DC8A os resultados não acompanham


esse raciocínio, uma vez que os mesmos por possuírem os menores valores de
pH deveriam ter os maiores índices de matéria orgânica, o que ocorre em
apenas um dos casos. Esse fato pode ser explicado por algum erro no
manuseio durante o procedimento experimental.

Solos com ph entre 4,5 e 5,8 não oferecem nenhum tipo de impactos ao
desenvolvimento de cultura, já a acidez trocável influencia na toxicidade de
plantas a partir de pH inferior a 5,5. Nesse sentido, temos que os solos P18 E
DC8A apresentam uma potencial toxicidade as plantas enquanto que apenas o
solo DC8A impacta no desenvolvimento de culturas (BRUNNETO et al, 2008)..

5. CONCLUSÃO

Conclui-se que em dois dos três tipos de solos os resultados foram


condizentes com a literatura, entretanto alguns solos do tipo DC8A
apresentaram-se incompatíveis com a mesma, podendo ser explicado por
algum tipo de erro no manuseio.

6. TRATAMENTO DE RESÍDUOS

Por termos utilizado apenas água e solo para determinar a matéria


orgânica e pH do solo, não houve geração de resíduos a serem tratados. A
água foi descartada na pia e o solo reservado para utilização em outras
práticas.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRUNETTO, G et al. Produção, composição da uva e teores de


nitrogênio na folha e no pecíolo em videiras submetidas à adubação
nitrogenada. Ciência Rural, vol.38, no.9, Santa Maria, 2008
DICK, D. P.; NOVOTNY, E. H. DIECKOW, J. & BAYER, C. Química da
matéria orgânica do solo. SBCS. Viçosa, 2009. Química e Mineraligia do Solo,
Parte II. Eds. Melo, V de F & ALLEONI, R. F. 2009, Pg. 1 - 67

DUCHAUFOUR. Ph. Pédologie. Tableaux descriptifs et analytiquesdessols.


ÉcoleNationaledesEaux et Forêsts. Nancy. 1956.

STEVERSON, F.J. Cicles of soil – carbono, nitrogen, phosphorus, sulfur,


micronutrients. United States of America: John Wiley & Sons, 1986. 380p.

WAKSMAN, S. Principles of soil microbiology. 2ª ed. Baltimore, Williams


&Wilkings Company, 1952. 894 p.

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