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20131206-201309 Cristinamgomes Comunicacaocientifica PDF
20131206-201309 Cristinamgomes Comunicacaocientifica PDF
COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA:
ALICERCES, TRANSFORMAÇÕES
E TENDÊNCIAS
Livros LabCom
Série: Pesquisas em Comunicação
Direção: José Ricardo Carvalheiro
Design de Capa: Cristina Lopes
Paginação: Cristina Lopes
Covilhã, UBI, LabCom, Livros LabCom
ISBN: 978-989-654-117-0
www.livroslabcom.ubi.pt
Índice
Nota de Abertura������������������������������������������������������������������������������������������������ 1
Capítulo 1
Alicerces: Comunicação Científica Revisitada�������������������������������������������������� 7
Capítulo 2
Transformações, Desestabilizações e Crises���������������������������������������������������� 65
Capítulo 3
Novos Elementos Constituintes e Tendências
da Comunicação Científica���������������������������������������������������������������������������� 135
Referências����������������������������������������������������������������������������������������������������� 197
Apêndice�������������������������������������������������������������������������������������������������������� 235
Nota de Abertura
O presente livro nasce do referencial teórico da minha Tese de Doutorado
intitulada “Comunicação Científica: Cartografia e Desdobramentos” defendida
em 2012 no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP-Brasil) com
o acolhimento do Programa Doutoral em Tecnologias e Sistemas de Informação
da Escola de Engenharia da Universidade do Minho (UMinho-Portugal) e
o financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal (FCT)
(Bolsa de Investigação no âmbito do Quadro de Referência Estratégica Nacional -
QREN - Programa Operacional Potencial Humano - POPH - Formação Avançada,
comparticipado por fundos nacionais do Ministério da Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior - MCTES - e pelo Fundo Social Europeu) - e do Programa
Erasmus Mundus External Cooperation Window - Projecto ISAC - Improving
Skills Across Continents coordenado pela Universidade de Coimbra (Portugal).
A temática da comunicação científica (abreviada de “CC”, ao longo do livro)
sempre me instigou, por sua complexidade e por perpassar, de forma holística,
todas as disciplinas. É, por assim dizer, uma área transversal que envolve, no
sentido prático, diversos “atores sociais”, tais como, as agências de fomento
às pesquisas, bibliotecas, editoras, os próprios investigadores, etc, e, na ótica
conceitual, certa “visão epistemológica” da ciência em Portugal, no Brasil ou em
qualquer outro lugar do mundo. A CC é, portanto, como se fosse “de todos” e, ao
mesmo tempo, de “ninguém”, ou seja, apresenta estudos dispersos provenientes
de diferentes matérias e por isso carece de sistematização e organização, tanto
em termos históricos como teóricos. Esse livro caminha, por consequência,
nessa perspectiva. Busca apresentar ao leitor um panorama geral dos principais
alicerces, transformações e tendências da comunicação científica revelando,
concomitantemente, o que existe de mais importante na literatura internacional
sobre o tema. É indicado ao sujeito curioso e aos pesquisadores de qualquer área
1) Salienta-se, que, em termos de estrutura/formatação, optamos por manter algumas figuras/
ilustrações nos seus originais, principalmente dos modelos, sem traduzi-las para o português, visto
que, alguns termos não possuem uma correspondência direta conteudística com o nosso idioma e
na tradução muito se perderia do seu sentido primeiro.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 3
Alicerces: Comunicação
Científica Revisitada
O desenvolvimento histórico da CC pode ser dividido, grosso modo, segundo
Vickery (2000) em sete grandes períodos, a saber: as civilizações antigas (cerca
de 600 a.C), a cultura clássica (600 a.C até 500 d.C), medieval (500-1450), a
etapa da “revolução científica” (1450-1700), os séculos XVIII, XIX e XX. E,
a partir de cada fase é possível identificar as principais atividades científicas
e técnicas, os papéis sociais que assumem um caráter de “relevância” para
a ciência em tal e qual período e os mecanismos decorrentes do avanço nas
tecnologias da comunicação (Vickery, 2000), dentre diversas outras correlações.
Uma das quais, diretamente associada à própria História da Ciência e a CC e,
nesse âmbito, vários estudos relacionados à primeira podem ser aplicados, de
diferentes formas, à segunda e vice-versa. Bons exemplos dessa conjuntura
advêm de autores como Merton1, Price2, Bernal3, Menzel4, Le Coadic5 e Ziman6
que ocorriam no domínio econômico e social com o nascimento de novas cidades. Foi a vantagem
e utilidade de diferenciar a sua formação da preparação de eclesiásticos para o serviço da igreja
católica que precipitou a criação de universidades. As universidades medievais eram corporações
de mestres e alunos que funcionavam como sedes de transmissão do saber acumulado útil à prática
profissional de então.
[…] É na Alemanha que nascem as universidades modernas, sendo de realçar que a criação da
Universidade de Berlim, em 1810, representa o aparecimento da primeira universidade fundada
sobre o princípio da investigação científica, na qual o ensino decorre dos trabalhos criativos dos
mestres” (Caraça, 2001).
8) “É a Gutenberg, Johann Gensfleish (1397-1468), nascido na cidade de Móguncia (Alemanha),
que a história atribui o mérito principal da invenção da imprensa, não só pela ideia dos tipos
móveis -´a tipografia´, mas também pelo aperfeiçoamento da prensa (que já era conhecida e
utilizada para cunhar moedas, espremer uvas, fazer impressões em tecido e acetinar o papel). E
este terá sido um marco fundamental que alicerçou e tornou possível a progressiva divulgação do
conhecimento, até à sua massificação atual”. Fonte: GASPAR, Pedro João. O milênio de Gutenberg:
do desenvolvimento da impressa à popularização da Ciência. Disponível em: <http://iconline.
ipleiria.pt/bitstream/10400.8/112/1/O%20Mil%C3%A9nio%20de%20Gutenberg%20-do%20
desenvolvimento%20da%20Imprensa%20%C3%A0.pdf>, acessado em 2 de julho de 2010.
9) “Evidentemente, todo este crescimento foi motivado e alimentado pelo desenvolvimento das
várias disciplinas científicas que se verificou durante este período. Quer dizer, a ciência, suscitando
uma interacção permanente entre teoria e experimentação, necessitando de uma comunidade que
a pratique segundo as suas regras, complexas, de operação (envolvendo princípios, processos
e linguagens de complicada aprendizagem), vive porque se dá a conhecer. É esta noção de ser
pública, isto é, apropriável por quem aprender os códigos em que é acessível, bem como de
estar aberta a quem publique, que caracteriza também insofismavelmente a cultura da ciência”
(Caraça, 2001).
10 Cristina Marques Gomes
atrelados aos próprios conceitos, ou seja: “ninguém pode afirmar quando foi que
se começou a fazer pesquisa científica e, por conseguinte, quando, pela primeira
vez, houve comunicação científica. A resposta a isso depende principalmente
da definição que se tenha do que seja ´pesquisa´” (Meadows, 1974). O termo
“comunicação científica”, no entanto, foi empregado pela primeira vez por John
Bernal, durante a primeira metade do século XX, e assim exemplificado: “a
comunicação científica compreende o amplo processo de geração e transferência
de informação científica” (Christovão; Braga, 1997, p.40 apud Valério, 2005).
As “definições em si” podem ser apercebidas a partir da própria diversidade
(e, por vezes, complexidade) com que são apontadas por diferentes linhas
de pesquisa e teóricos ao longo da história. Cada qual, partindo dos seus
próprios pressupostos, acaba por trilhar uma construção linear de raciocínio
que tangencia toda a sua pesquisa no âmbito da comunicação científica, e aí,
podemos constatar quando nos deparamos, menos com a definição, e mais com
as explicações derivadas da mesma, que uma série de interpretações pode ser
aferida. Até a própria noção de CC, aqui adotada, tradicionalmente relacionada
ao tripé pesquisa, sistema e sociedade, também, já sofreu (ou sofre) variações -
ora o processo de “investigação” está incorporado ao universo da comunicação
científica14, ora é um elemento “à parte” deste. Alguns autores consideram a
CC como se fosse o conjunto da “investigação + retroalimentação do sistema
pelas pesquisas que são produzidas + a divulgação dos resultados para a
sociedade” e, para outros, a “comunicação científica” é simplesmente o “ato de
comunicar os resultados da pesquisa entre os pares” em oposição à “divulgação
14) Nessa linha, veja o texto Scientific communications and informatics de A I. Mikhailov de
1984 e no sentido oposto Meadows (1974).
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 13
15) “Quanto aos princípios que regem a divulgação científica, a literatura indica que as
denominações divulgação científica, vulgarização científica e popularização da ciência equivalem-
se, e cada expressão é adotada conforme o país e a época em que esta área é estudada (Nelkin,
1995; Jacobi; Schiele, 1988 apud Massarani, 1988, p.11).
Para Reis e Gonçalves (2000, p.7-69), o interesse do público por assuntos da ciência cresce
com a Revolução Industrial, assim como a demanda pelo aumento da escolarização, associado
a conhecimentos básicos de ciência. Só no século XX, entretanto, em que o desenvolvimento
científico e tecnológico foi significativo, os jornais incluem as novidades da ciência em suas
matérias. Por outro lado, o crescimento de cursos universitários que se verificou na segunda metade
do século XX propiciou o incremento no quantitativo de jornalistas e bacharéis da Comunicação
Social, faculdade que abrigou o curso de Jornalismo a partir da reforma universitária de 1961. A
divulgação científica, por seu turno, começa a ocupar espaço por meio da organização de jornalistas
e profissionais relacionados a essa área, os quais são movidos pela necessidade de informar às
pessoas comuns as novidades nas áreas da ciência e os benefícios das descobertas científicas.
Podemos estender à divulgação científica as funções básicas do jornalismo científico, de acordo
com Frota-Pessoa (1988), pesquisador e estudioso dessa área. Segundo o autor, o jornalismo
científico cumpre seis funções básicas: informativa, educativa, social, cultural, econômica e
político-ideológica (Kreinz, 1998, p.21-23 apud Nunes, 2003)” (Valério; Pinheiro, 2008).
16) “A Comunicação Pública da Ciência pode ser entendida a partir de quarto modelos
(Lewenstein; Brossard, 2006). O primeiro, “modelo do déficit”, emerge, na metade do século
XIX, a partir da visão da própria comunidade científica inglesa. Tem por objetivo disseminar
informações ao público leigo, partindo do pressuposto da ignorância do público em relação a temas
científicos. Está diretamente conectado à ideia de alfabetização científica. O segundo, denominado
de “modelo contextural”, surge, na década de 1980, e começa a se preocupar com a valorização de
experiências culturais e saberes prévios. Reconhece o papel da mídia na ampliação dos conceitos
científicos. Não considera as respostas do público que recebe informações unidirecionais e em
situações específicas. Essas informações, no entanto, não fornecem elementos suficientes para
uma visão política e mais crítica da ciência, uma vez que considera apenas seus efeitos benéficos.
Seria, portanto, apenas uma versão mais refinada modelo do déficit. Já o terceiro modelo, o de
“experiência leiga”, que surge no início da década de 1990, a partir das críticas dos modelos
anteriores, ao contrário do modelo contextual, considera o conhecimento, os saberes e as histórias,
crenças e valores de comunidades reais. Considera que os cientistas com frequência não são
razoáveis, e, eventualmente, até arrogantes sobre o nível de conhecimento do público, falhando
ao não fornecer elementos necessários para uma real tomada de decisão do público em situações
políticas conflitantes. Trata-se, portanto, de um modelo mais dialógico e democrático. O modelo
mais aceito, após a década de 1990 e nos dias atuais, é o de “participação pública”, que não
só reconhece, como valoriza a opinião do público e seu direito de participar das decisões sobre
as políticas públicas de CT&I. É considerado um modelo dialógico por essência, uma vez que
pressupõe a existência de fóruns de debate com a participação de cientistas e do público. Ainda
assim, é alvo de algumas críticas por estar mais centrado na discussão das políticas científicas em
lugar da compreensão pública da ciência”. Fonte: Enciclopédia Intercom de Comunicação. São
Paulo: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, volume 1, 2010.
14 Cristina Marques Gomes
17) Alguns exemplos da amplitude da discussão conceitual são: quando Birdsall (2005) inclui 3
interpretações, a primeira sustentada em Rowlands e Huntington (2004) de que a CC está associada
à revisão por pares; a segunda na linha do Harnad (1999) já englobando inúmeras perspectivas
de comunicação, mas ainda no âmbito dos pesquisadores; e a terceira, agora sim, mais genérica,
incluindo todos os aspectos do fenômeno. Na mesma visão holística da CC, também, H. Menzel
no livro The flow of information among scientists: problems, opportunities and research questions
de 1958 incorpora para a definir, inclusive, a cultura engendrada nos indivíduos que participam
dos processos. Nos moldes, pois, de um “sistema sócio-técnico” Borgman (2007) enfatiza que a
construção do que temos hoje é fruto do nosso passado, etc.
18) “A opção de usar a palavra academia ou sociedade no nome refletia em geral diferentes
enfoques organizacionais. Era mais provável que uma academia recebesse do Estado apoio
financeiro e de outro tipo, estivesse mais sujeita ao controle do governo e contasse com menos
membros diletantes do que as sociedades. Na América do Norte, Países Baixos e Reino Unido,
a opção por sociedade era mais comum; em outros lugares da Europa, preferia-se o enfoque na
academia, pelo menos para organismos nacionais”. (Meadows, 1974).
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 15
20) “Um colégio invisível é um grupo ou escola de cerca de dez a uma centena de cientistas
trabalhando numa tradição de pesquisa. Os seus membros mantém-se em contato assíduo,
usualmente verbal, e evitam os canais mais lentos de comunicação formal. O grupo pode ser um
de muitos que aplicam um programa abrangente de pesquisa a diferentes classes de fenômenos e
problemas, como na ciência normal kuhniana. Ou pode ser uma das várias tradições que competem
dentro de uma especialidade, como no caso dos grupos de Bohr, Rutherford e Fermi na física
nuclear. Ou poderá ser deliberadamente revolucionário, lançando uma nova tradição de pesquisa
contra uma já estabelecida” (Kneller, 1980, p. 183).
21) “Leah Lievrouw (1990) tentou reconciliar abordagens estruturais e os processos estudando
os ´colégios invisíveis´. Seu estudo revela como o significado de uma construção que é central
para um campo pode mudar ao longo do tempo e em que medida a sua medição pode variar. O
conceito de colégios invisíveis remonta à Royal Society no século XVII […] com um grupo de
estudiosos que estavam numa mesma proximidade geográfica e tinham interesses comuns, mas
carecendo de uma instituição formal ou faculdade. Derek de Solla Price (1963) ressuscitou o
conceito com a significação de uma filiação informal de estudiosos de diversas instituições, muitas
vezes em locais geográficos distantes. Embora o livro de Diana Crane (1972) continue sendo o
mais conhecido trabalho empírico sobre colégios invisíveis, ela foi criticada por não distinguir
adequadamente a estrutura de relações entre os estudiosos e a natureza desses relacionamentos
(Chubin, 1976). Lievrouw também baseia-se em Nicholas C. Mullins (1968) para questionar se
os colégios invisíveis são as estruturas que são discerníveis e mensuráveis por outros ou se são
processos que só podem ser pecebidos pelos estudiosos envolvidos” (Borgman, 2007) (tradução
livre nossa).
18 Cristina Marques Gomes
(1961 apud Cronin, 1982) com o sentido de uma rede social22 constituída de
indivíduos no âmbito de determinada especialização. As pesquisas realizadas
pelos membros são acrescidas de contributos advindos da troca informal entre
os contatos, de conhecimentos específicos, via conferências e outros fóruns,
mantendo os especialistas, muitas vezes, a par das tendências atuais da sua área.
As redes de comunicação informal contribuem para a partilha e experimentação
de novas ideias através do feedback dos membros e das discussões e apresentam,
argumentos “prós e contras” a sua utilização e eficácia, de acordo com o contexto
histórico que estão inseridas (Gresham Jr., 1994). E, a própria história, acabou
por imprimir, nesse cenário, uma maior “socialização” das informações através
da “abertura”, mesmo que não por completa, dessas redes, antes dificultosas pelas
questões de ordem financeira, a um número significativo de investigadores por
meio dos atuais “colégios invisíveis virtuais”, que potencializam a cooperação
científica graças ao uso das tecnologias.
Algumas pesquisas, por outra linha, têm confirmado a importância contínua
dos contatos informais, independentemente, da existência ou não de um colégio
invisível. O que é fato é que no andamento de uma investigação, o pesquisador
procura na literatura ou informalmente coletar dados, encontrar métodos,
ferramentas e informações de apoio, para ajudá-lo a estabelecer uma nova teoria
e/ou experiência e essa busca é inerente ao desenvolvimento científico e suas
particularidades mudam e se adaptam as circunstâncias existentes no ambiente
histórico-geográfico de realização da pesquisa. No universo “pré-Tics”, por
exemplo, Garvey et al (1979) realizaram estudos sobre “as fases do processo de
investigação e correlacionaram as mesmas com as fontes utilizadas pelos cientistas
que foram divididas em: ´contato pessoal´ (com colegas locais ou à distância,
participações em reuniões e preprints23), ´relatórios de pesquisa´ (documentos
22) “Imagem que corresponde às relações de comunicação científica entre as pessoas e instituições
à medida em que são estabelecidas articulações de pesquisa entre os pares com a sociedade. As
redes são estruturadas por vínculos entre indivíduos, grupos e organizações e são submetidas à
constante interação e transformação, relacionadas aos diferentes tipos de relações e aos diferentes
períodos de tempo” (Lara, 2006).
23) “Texto eletrônico de um trabalho que ainda não foi revisto pelos pares nem aceito para
publicação em um periódico. O preprint é também definido como uma versão aceita em um
periódico, mas ainda não disponível por estar em processo de publicação” (Lara, 2006).
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 19
A citação acima apesar de ter sido proferida em 2000 com base num comentário
de Ziman de 1971, ainda é relevante, ou não, pois no campo de ação da CC, o
“rigor científico” ou, simplesmente, a “cientificidade da ciência”, é comumente
E, ainda:
ePrint: “texto eletrônico de artigo antes e depois de sua revisão pelos pares para ser publicado. Os
eprints compreendem os preprints - versões anteriores à revisão e à publicação - e os postprints,
versões revistas e avaliadas pelos pares e aceitas para publicação. Os pesquisadores são encorajados
a fazer o autoarquivamento das duas versões, relacionadas entre links nos arquivos de ePrints”
(Lara, 2006).
20 Cristina Marques Gomes
24) “[...] o aumento da actividade científica em cada disciplina levou ao aumento de artigos
científicos propostos para publicação. As revistas científicas viram-se assim na necessidade de
impor um mecanismo (eliminando os artigos que não fossem interessantes, ou suficientemente
inovadores ou contivessem erros de procedimento) que simultaneamente garantisse a qualidade do
conhecimento tornado público, certificando-o, e permitisse uma seleção dos originais submetidos
para publicação” (Caraça, 2001).
25) “Há outros indícios, no entanto, que permitem a identificação dos autores de um manuscrito
submetido a avaliação editorial. Se a comunidade acadêmica de um determinado setor ou campo
de conhecimento tem proporções reduzidas [...], pequenos detalhes podem ser suficientes para
a perda do anonimato, com consequente prejuízo da qualidade do processo avaliativo. Basta,
por exemplo, que uma nota de rodapé faça referência a "esta pesquisa foi realizada junto ao
laboratório de estudos tal", ou "participou da coleta de dados a equipe da clínica-escola tal", ou
ainda "adaptado de dissertação orientada por Fulano, na instituição tal", para que um avaliador
experiente, com trânsito pelas instituições e pessoas daquele campo, identifique a autoria. Não
importa tanto se a identificação nessas condições é final, com total precisão, ou apenas aproximada;
em qualquer dos casos, a "cegueira" dos pares terá deixado de existir. Cuidado semelhante se aplica
a referências bibliográficas que, a depender da natureza do manuscrito e das condições do campo
de conhecimento, podem identificar a autoria[...]”. Fonte: Pinheiro, José Q. Anonimato e avaliação
cega por pares. Editorial. In: Estudos de Psicologia, v.9, n.2, 2004. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?pid=S1413-294X2004000200001&script=sci_arttext>, acessado em 6 de
agosto de 2010.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 21
sustentação. Esta última apresenta, também, além das conotações positivas sobre
a sua eficácia, vários argumentos contrários (como, por exemplo, demora/tempo
entre a entrega dos originais e a publicação, a subjetividade das avaliações, etc)
que geram, por vezes, debates e iniciativas. Algumas na perspectiva teórica
através dos modelos e outras ampliadas, de forma empírica, via a tecnologia e, o
assunto, de tão complexo, não se esgota aqui.
Esclarece-se, ainda, que a fase intitulada de “pré-publicação” acontece
quando a pesquisa está em elaboração e o autor dialoga com seus colegas de
forma informal e/ou por intermédio de congressos, etc, com o propósito de
lapidar o texto e, aí sim, submetê-lo aos periódicos tradicionais obtendo, em
seguida, o devido parecer dos pares. Por outra perspectiva, ainda, feedbacks
podem ser agregados ao processo na fase de “pós-publicação” sob a forma de
“comentários abertos pelos pares” (open peer commentary) (Harnad, 1990)
- existe, ainda, a expressão “postprint” que significa “texto eletrônico de um
artigo que foi revisto pelos pares e aceito para publicação em um periódico”
(Lara, 2006); obviamente, a fase de “pós-publicação” é diferente do “postprint”.
No entanto, este não substitui a avaliação prévia pelos pares (Harnad, 1998)26,
segundo alguns teóricos. Nessa temática estão entrelaçados tanto o modelo
vigente da CC como o caráter de cientificidade arraigado e aceito como tal em
dado momento histórico.
Naturalmente, com a inserção do computador, da internet e da “word wide
web” (também conhecida por “web” e/ou “www”), as possibilidades relacionadas
à revisão pelos pares são ampliadas exponencialmente de um lado e, de outro,
os limites “tradicionais”, entre o que seria um canal formal ou informal, tornam-
se praticamente impossíveis de serem detalhados e/ou distinguidos e outros
conceitos para uns e meros meios para outros começam a ser trabalhados por
26) Veja também: Harnad, S. The Invisible Hand of Peer Review. In: Exploit Interactive, issue 5,
April 2000 e disponível em: <http://www.exploit-lib.org/issue5/peer-review/>.
22 Cristina Marques Gomes
É possível verificar que do ano 250 até o século XIV ocorreu a progressiva
adoção do papel na Europa em substituição aos pergaminhos. Porém, sem
métodos de impressão eficazes, a difusão de textos era ainda precária, fazendo
com que a comunicação oral prevalecesse. No final da Idade Média e início
da Renascença, com o aumento das pesquisas, verificou-se a necessidade de
meios mais confiáveis de difusão dos trabalhos científicos. A essa demanda
concorreram a difusão do uso do papel na Europa e os avanços nos
métodos de impressão propostos por Gutenberg. Isso fez com que os textos
impressos prevalecessem, contribuindo significativamente para a difusão
do conhecimento científico. […] Há que se considerar que, em meados do
século passado, não havia ainda tecnologia disponível que resolvesse ou ao
menos ensejasse uma solução para os problemas apresentados. Algumas
novas tecnologias ainda estavam em estado embrionário, como o computador
eletrônico, embora sua evolução verificasse um forte incremento nos anos
posteriores. A crise gerada pelo dilema do artigo científico iria durar algumas
décadas, enquanto novas tecnologias eram desenvolvidas a partir da metade
do século XX, constituindo tanto a base conceitual quanto tecnológica de
uma nova forma de lidar com a informação (Côrtes, 2006).
não resolve determinados problemas e começam a pesquisar outras soluções, as quais podem
caracterizar-se como um novo paradigma; algumas pessoas tomam contato com novas ideias
(ou tecnologias) e resolvem pesquisá-las (ou adotá-las), imbuídas de espírito empreendedor ou
inovador. Ao longo do tempo, essas ideias (ou tecnologias) podem evoluir e representar um novo
paradigma em substituição àquele atualmente em uso. […] Possivelmente, essa diferença ocorra em
função da natureza específica das respectivas áreas de estudo. Enquando Kuhn analisa a evolução
científica ao longo dos anos, Barker aplica essas ideias ao contexto da evolução tecnológica mais
recente” (Côrtes, 2006).
24 Cristina Marques Gomes
30) A fonte básica de Côrtes (2006) é Côrtes (2004) - Côrtes, Pedro Luiz. Revistas científicas
eletrônicas online e a dinâmica da publicação, divulgação e comunicação científica: um quadro
conceitual. São Paulo: ECA/USP, 2004 (Tese de Doutorado).
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 25
32) “O primeiro modelo histórico de comunicação foi apresentado pro Aristóteles. […] Esta
abordagem traduz a essência de qualquer modelo posterior do processo de comunicação:
emissor - mensagem - receptor. […] Harold Lasswell apresentou, em 1948, o segundo modelo
de comunicação que encontramos na história. Ele sustentou que uma forma de descrever um acto
de comunicação é responder a cinco questões: Quem? Diz o quê? Em que canal? A quem? Com
que efeitos? […]. O terceiro modelo histórico de comunicação foi apresentado, em 1949, pelo
matemático Claude Shannon e pelo engenheiro Warren Weaver para o estudo da comunicação
electrônica […] Fonte de Informação - (Mensagem) - Transmissor - (Sinal) - Ruído - (Sinal
Captado) - Receptor - (Mensagem) - Destinatário. [...]” (Sousa, 2003).
“Modelos de Comunicação Científica - modelos que propõem ver o processo de comunicação
científica ao longo do tempo através dos binômios centrais - construção/geração, comunicação/
disseminação, uso/acesso do conhecimento científico. Esses modelos correspondem,
respectivamente, ao modelo clássico de comunicação científica centrado na geração do
conhecimento científico, ao modelo que considera a constituição de um sistema de informação da
ciência voltado à identificação de problemas da disseminação, e um modelo emergente, ou aberto,
centrado no acesso à informação como pressuposto do uso da informação. Nesse último modelo a
visibilidade assume importância fundamental” (Lara, 2006).
“De acordo com Greimas e Courtés, ´no sentido herdado da tradição clássica, entende-se por
modelo o que é capaz de servir de objeto de imitação. O modelo pode então ser considerado […]
como um simulacro construído que permite representar um conjunto de fenômenos´. Por envolver
representação, a construção de modelos na ciência se realiza na distância que separa a linguagem-
objeto da metalinguagem. Por isso, de um lado os modelos são sempre representações hipotéticas,
suscetíveis de serem confirmadas, e, de outro, eles dependem de uma teoria a partir da qual são
deduzidos e que controla sua homogeneidade (elementos de mesmos níveis e dimensões) e sua
coerência (elementos solidamente vinculados e não-contraditórios). A elaboração e utilização dos
modelos acham-se assim comprimidas entre as exigências da teoria e a necessária adequação ao
objeto de conhecimento. É essa dupla conformidade dos modelos que os caracteriza como uma
construção metodológica e lhes dá um caráter hipotético-dedutivo. Pode-se então designar por
modelo qualquer sistema de relações entre propriedades selecionadas, abstratas e simplificadas,
construído conscientemente com fins de descrição, de explicação ou previsão e, por isso,
perfeitamente manejável” (Lopes, 1994).
33) “Fluxo da Informação Científica - representa o caminho da pesquisa desde sua produção,
publicação até sua utilização por outros pesquisadores, identificada através de citações. É
geralmente representado através de um modelo, sendo o mais famoso deles o de Garvey e Griffth,
construído a partir da observação dos processos de comunicação e divulgação de pesquisas entre
28 Cristina Marques Gomes
ainda, que, alguns elementos básicos da CC, são inerentes não só aquele, mas
a praticamente todos os outros relatos. No entanto, cada pesquisador com sua
forma de lapidar o objeto imprime “caracteres” específicos, o que resulta em
algumas análises mais detalhadas e outras menos.
Os modelos são, portanto, como salientado, elaborados com o propósito,
dentre outros, de contribuírem com a sistematização do fluxo da informação
científica, ou seja, para a “descrição do processo geral, dos atores envolvidos,
dos canais e dos tipos de mensagens” (Pikas, 2006) e, nesse sentido, Garvey
e Griffith (1979) foram pioneiros. Os autores, diante das circunstâncias e
problemáticas que o cercavam, objetivaram compreender e, consequentemente,
otimizar, o processo de comunicação partindo, inicialmente, do exame detalhado
no contexto de uma disciplina específica que, no caso deles, foi a Psicologia
e, através da mesma, conseguiram mapear o sistema da CC desde “o início do
projeto de investigação até a divulgação dos seus resultados” (Crawford, 1996).
Do caráter pontual de uma área o modelo acabou por servir de base e/ou ser
aplicável a muitas outras, indo das ciências exatas as humanidades (Hurd, 2004).
A obra, dos autores em questão, representa, pois, um marco para a época,
tanto pelo pioneirismo quanto pela riqueza de detalhes da investigação. E é no
apêndice (“Research Studies in Patterns of Scientific Comunication: I, General
Description of Research Program”) do livro “Communication: The Essence of
Science” (1979) que descrevem os procedimentos gerais e alguns dos resultados
de “78 estudos realizados entre os anos de 1966 e 1970 sobre as atividades
de ´troca de informações´ de mais de 12 mil cientistas e engenheiros numa
amostragem que envolvia nove disciplinas”. E, nesse contexto, um dos diagramas
mais difundidos, a posteriori, dos dois autores, é:
35) “Repositório (Repository): servidor acessível em rede que pode processar as solicitações
exigidas pelo protocolo The Open Archives Initiative Protocol for Metadata Harvesting -OAI/
PMH. Um repositório é gerenciado pelo provedor de dados para expor os metadados dos
colheitadores (Haversters)” (Lara, 2006).
Veja também as conferências “Open Repositories” - a de 2011 realizada no Texas (EUA) está
disponível em: <https://conferences.tdl.org/or/index.php/OR2011/OR2011main>.
Sobre o tema “repositórios institucionais” veja Institutional Repository and ETD Bibliography
2011 do Charles W. Bailey Jr. disponível em: <http://digital-scholarship.org/iretd/iretd.pdf>.
E, também, o texto The case for institutional repositories: A SPARC position paper de R. Crow no
ARL Bimonthly Report de 2002.
36) Sondergaard et al. (2003) quando da análise do modelo UNISIST deixam registrados no
respectivo artigo um dado que gera controvérsias entre os investigadores - “Furthermore, the
model leaves the impression that scientific communication and scientific knowledge production
takes place in isolation”.
34 Cristina Marques Gomes
37) A questão dos custos financeiros que envolve a produção de um periódico eletrônico versus
o impresso é um “argumento” utilizado tanto pelos autores que “defendem” o digital como pelos
que “vêem no palpável do papel” a “cientificidade” justificando, por sua vez, o “investimento”.
Tais preposições não são simples e englobam uma série de “modelos de negócios” relacionados às
editoras e aos outros atores sociais envolvidos com a CC.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 37
enviavam seus trabalhos, muitas vezes ainda não revisados pelos pares - o próprio
sistema checava a “qualidade mínima” dos textos, por exemplo, verificando
a filiação do autor -, para “uma central” que possibilitava a recuperação dos
mesmos por quaisquer outros autores-assinantes. Peter Lepage (Butler, 2001) na
seção Debates da Revista Nature, quando da saída de Ginsparg do Laboratório
citado acima para a Universidade de Cornell no Estado de Nova York (EUA),
comenta que o mesmo “transformou completamente a natureza e o alcance da
informação científica em Física e outras áreas”. Nessa perspectiva é interessante
contextualizar o ArXiv à luz das formas de comunicação da ciência à data
utilizadas pelos físicos40. Em síntese, a tecnologia emergente foi utilizada para
implementar um modelo vigente e estabelecido na disciplina proporcionando, ao
mesmo tempo, uma reformulação do mesmo, que se propagou em inúmeras outras
formas (de periódicos específicos a repositórios digitais) em diversas áreas41.
No “Collaboratory Model”, a partir de Gavery/Griffith, Hurd (1996)
representa o sistema de CC que a mesma considera como sendo o que é
40) “[...] é pertinente pensar em repositórios temáticos como dispositivos destinados a agregar
valor para os pesquisadores. Extraindo a fração revisada por pares dos repositórios institucionais
e organizando os documentos selecionados em coleções temáticas, a pesquisa por temática é mais
fácil, tornando, ainda, os repositórios temáticos mais atraentes. A tarefa dos mecanismos de busca
também se torna mais simples, sobretudo, se os metadados incluírem indicação referente à revisão
do documento por pares […]. […] é possível existir diversos repositórios temáticos para uma
mesma disciplina [...]” (Guédon, 2010).
41) Interessante o estudo intitulado “Scholarly Communication: The Use and Non-Use of E-Print
Archives for the Dissemination of Scientific Information” no qual o autor (Ibironke Lawal) “examina
uma amostra de 240 mil estudantes em nove disciplinas no âmbito das universidades públicas e
privadas dos EUA e do Canadá procurando analisar o uso e o não uso dos arquivos de e-prints
em cada área. Os resultados indicam que 18% dos investigadores usam pelo menos um arquivo,
enquanto 82% não utilizam nenhum. As razões para o uso incluem a divulgação dos resultados
da investigação, a visibilidade e a exposição dos autores e para a não utilização as políticas dos
editores e as limitações da tecnologia” (tradução livre nossa). Fonte: LAWAL, Ibironke. Scholarly
Communication: The Use and Non-Use of E-Print Archives for the Dissemination of Scientific
Information. Disponível em: <http://www.library.ucsb.edu/istl/02-fall/article3.html>, acessado
em 12 de abril de 2011.
“No mesmo ano de criação do ArXiv, a l'Association of Research Libraries, sobre a direção
de Anna Okerson publicou a primeira versão do 'Directory of Electronic Journals, Newsletters
and Academic Discussion Lists´ / ´Directory of Electronic Journals, Newsletters and Academic
Discussion Lists´ com 110 itens”. Fonte: CHARTRON, Ghislaine. Evolutions de L’Edition
Scientifique, 15 ans apres. Disponível em: <http://archivesic.ccsd.cnrs.fr/docs/00/18/66/75/PDF/
eutic-chartron-Athenes2007.pdf>, acessado em 01 de julho de 2011.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 39
do que o terceiro, visto que, ainda estamos arraigados em uma cultura cuja
revisão por pares é a qualidade predominante da cientificidade e da validação do
conhecimento, segundo argumentos proferidos por uma parcela significativa de
teóricos - outros, no entanto, argumentam exatamente o oposto enquanto alguns,
ainda, permanecem num estado que “gerencia” os “prós” e os “contras” numa
espécie de “meio-termo”.
Hurd (1996), ainda, além de analisar o papel emergente das TICs e explorar
a forma como estas podem catalisar as mudanças no sistema de CC, especulou
sobre os rumos futuros dessas novas aplicações. Com esse viés visionário, nos
moldes de Bush (1945), Licklider (1965) e Lancaster (1978), a autora publicou
o artigo “The transformation of Scientific Communication: a Model for 2020”,
nele as diferentes etapas para a criação e disseminação do conhecimento
são expostas. A CC é apresentada a partir de um novo paradigma da ciência
sugerindo, ainda, que a mídia digital pode acarretar “mudanças nos papéis e
funcionalidades para os participantes do sistema”. O argumento é apoiado por
determinantes comportamentais e organizacionais como fatores importantes,
aliados às tecnologias para a construção do futuro (Hurd, 2000) e a estrutura de
representação é abaixo exposta:
42) O conceito de “Centro de Informação” é mais amplo do que de uma “Biblioteca” ou “Centro
de Documentação”, abrangendo funções secundárias e terciárias. O mesmo, normalmente, não
possui uma coleção física de documentos e não está essencialmente preocupado em dar acesso
a esses acervos. Sondergaard et al., 2003 utilizam o termo “Centro de Informação” como um
“guarda-chuva” para as bibliotecas, centros de documentação e outras atividades similares de
coleta, difusão, armazenamento, recuperação e organização de documentos (ou conhecimento)
(Sondergaard et al., 2003).
43) “Uma base de dados é uma estrutura desenhada para o armazenamento e a interrogação de
grandes volumes de dados. A base de dados é suportada por um modelo de dados que descreve as
entidades representadas, os respectivos atributos e as relações entre elas. Tipicamente um modelo
de base de dados é desenhado para um domínio e tendo em vista um conjunto de aplicações e
capta as entidades relevantes para estas no domínio”. Fonte: Projeto RCAAP. D-24-Relatório.
Os Repositórios de Dados Científicos: Estado-da-Arte. Disponível em: <http://repositorio-aberto.
up.pt/handle/10216/23806>, acessado em 8 de agosto de 2010.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 43
44) Veja também: Rogers, E.M. Diffusion of Innovations. 4th ed., The Free Press, New York,
NY, 1995.
44 Cristina Marques Gomes
Ilustração 14: Inputs para a produção do conhecimento. Fonte: Sondergaard et al. (2003)
Ilustração 15: Outputs para a produção do conhecimento. Fonte: Sondergaard et al. (2003)
45) Input de pesquisa: “infraestrutura de pesquisa que compreende espaço, equipamentos, recursos humanos
de apoio, além de suporte institucional e financeiro. São exemplos de input de pesquisa as universidades, os
programas de pós-graduação para capacitação acadêmica e o fomento à pesquisa” (Lara, 2006).
46) Output de pesquisa: “Resultados da pesquisa científica expressos em publicações ou patentes contabilizados com o
objetivo de verificar sua disseminação. Na avaliação do output são utilizadas medidas quantitativas e o fator de impacto
para produzir indicadores de verificação do fluxo de comunicação dentro do contexto sócio-econômico” (Lara, 2006).
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 49
segundo Anton (2003), “as relações entre os grupos estão mudando rapidamente
e movendo-se para uma nova era, cujo final não pode ser visto claramente,
emboras as possibilidades possam ser abundantes” (Anton, 2003). Possibilidades
estas que mesclam as perspectivas de análise de e sobre os atores individuais ou
agrupamento dos mesmos indo, pois, de exames de ordem sociológica até, o que é
mais predominante, as de viés econômico, numa espécie de “mercado científico”
capaz de ser dividido, inclusive, em função da “demanda” e da “oferta” como,
por exemplo, na ilustração abaixo, cuja “oferta é composta por pesquisadores
que atuam como autores dos textos, como editores ou revisores. Os editores são
os intermediários que permitem que os autores satisfaçam seus leitores-alvo.
Na perspectiva da demanda, há pesquisadores e leitores cujo acesso à literatura
publicada, normalmente, acontece por meio das bibliotecas universitárias que
assinam os periódicos (Relatório LiquidPub - Fp7-Ict-2007 Fet Open 213360)”.
47) A NSF em colaboração com várias outras agências federais está canalizando milhões de dólares
nas pesquisas com enfoque nas bibliotecas digitais, tanto nos EUA como internacionalmente.
Fonte: Shearer, Kathleen; Birdsall, Bill. The Transition of Scholarly Communications in Canadá.
Disponível em: <http://www.moyak.com/papers/scholarly-communications-canada.pdf>,
acessado em 12 de junho de 2010.
48) Atkinson (2003) em suas pesquisas discute o “futuro das bibliotecas”.
49) “Os modelos de negócio, em especial, são modelos que descrevem as atividades-chave e
abordagens de um negócio (Linder; Cantrell, 2000). A partir desses modelos, é factível organizar
as atividades de negócios, além de aumentar a apropriação de valores possíveis a um dado negócio.
Considerando que nos tempos atuais, vive-se em um ambiente econômico altamente incerto,
competitivo e de rápidas mudanças, as decisões de negócios acabam por se tornar complexas
e difícies. Nesse sentido, o uso de tais modelos se torna estratégico para qualquer organização.
Isso porque sua utilização facilita a análise, o entendimento e a explicação das relações empíricas
encontradas em um negócio (Yue, 2007)” (Gumieiro, 2009).
52 Cristina Marques Gomes
se, porém, que mais de 50% do mercado é preenchido por editores que estão
fora desta listagem - há centenas de pequenas editoras, com uma potência
global estimado em cerca de 18 mil revistas.
50) “Segundo Darnton (1989), da Idade Média até meados de 1750, as pessoas liam de forma
´intensa´, tinham poucos livros e queriam lê-los repetidamente, era um tipo de leitura ´extensiva´
que com a ´revolução da leitura´ no final do século XVIII se tornou ´intensiva´” (Liu, 2003)
(tradução livre nossa).
54 Cristina Marques Gomes
51) Já em relação às funções da CC, Borgman (2007) agrupa as mesmas a partir de uma
combinatória de três elementos: a “legitimação”; “disseminação”; e “acesso, preservação e
curadoria”.
52) “A obra de Bourdieu se mostra bastante útil em introduzir o tema do poder na Sociologia da
Ciência, aliás, completa e corrige a obra pioneira de Robert K. Merton em aspectos fundamentais.
Exemplificando, Bourdieu não questiona as formas de poder observadas no campo científico nem
sequer levanta a possibilidade de que sua natureza pode ter mudado ao longo do tempo. […] a
divisão entre ciência predominante e ciência periférica, […], reflete a realidade, mas tal realidade
depende de formas específicas de poder para existir. A superação dessa divisão não é alcançada
por meio da simples aquiescência à forma atual de poder científico seguido de ajuste superficial
do sistema. A revisão das injustiças existentes exige, também, transformar a estrutura do poder
na ciência. […] Na ciência, como na maioria das atividades sociais, o exercício do poder assume
formas variadas: gerenciar um laboratório importante é uma delas, assim como editar uma revista
de prestígio ou presidir um comitê que seleciona bolsas de pesquisa. Sob a perspectiva ora adotada,
a busca de cargos editoriais é obviamente essencial. As revistas científicas não são apenas órgãos
de divulgação; servem como plataformas de mediação. Cientistas que atuam nesses veículos
influenciam a seleção dos originais apresentados. Além do mais, incrementam sua visibilidade e
seu status graças à função que exercem: o simples envio de artigos avaliados implica a existência
de forte rede regularmente alimentada e reforçada por contatos sistematicamente renovados.
Competir por um cargo editorial faz parte da concorrência no campo científico. Isso ilustra de
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 55
forma modelar as características de Janus do poder científico, identificado por Bourdieu: possuir
competência reconhecida justifica exercer certa autoridade que pode ser praticada, de forma
concreta, nas decisões cotidianas que integram o processo […]” (Guédon, 2010).
56 Cristina Marques Gomes
O exposto acima por Guédon (2010) é algo que envolve inúmeras entrelinhas
de diversas naturezas53. Porque o sistema foi se configurando assim? Quais
53) Que, no contexto brasileiro, também são complexas. “De que tipo de economistas o Brasil
precisa? De economistas que pensem de acordo com os problemas e interesses nacionais ou
conforme a agenda e os interesses dos ricos? Faço essa pergunta ao verificar que hoje o padrão de
qualidade do ensino e da pesquisa aceito pela ´comunidade acadêmica´ é definido pelas revistas
estrangeiras. Ao fazermos isso, estamos formando professores e pesquisadores alienados dos
interesses nacionais, estamos praticando uma violência contra a nação brasileira. Para que uma
nação seja forte, precisa dominar a ciência e a tecnologia, o que permitiu que os primeiros países
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 57
que se industrializaram se tornassem ricos e poderosos. Para isso, países como o Brasil, cuja
revolução capitalista foi retardatária, precisam contar com universidades capazes de absorver a
ciência e a tecnologia estrangeiras. Não é, porém, com esse tipo de argumentação que se pode
explicar o fato de que no Qualis - o sistema de qualificação de periódicos da Capes que serve para
avaliar a produção acadêmica - não haja sequer uma revista nacional de economia classificada
como A […] A economia é uma ciência que sempre refletiu interesses nacionais. E os países ricos
sempre a usaram para ´empurrar a escada´ dos retardatários, ou seja, para convencê-los a adotar
políticas que consultam seus interesses nacionais. Não obstante isso, os artigos publicados por
pesquisadores em revistas brasileiras obtêm uma pontuação nas avaliações da Capes muito menor
do que os publicados em revistas estrangeiras. A participação das revistas nacionais na classe A é
zero. O que estamos dizendo aos jovens brasileiros com essa política? Que pautem suas pesquisas
e sua forma de pensar pelos padrões dos países ricos nossos concorrentes. […] Quando revelo à
Capes minha indignação com o colonialismo cultural, dizem-me que estão traduzindo a visão da
comunidade acadêmica [...]”.
Fonte: Bresser-Pereira, Luiz Carlos. O colonialismo cultural. Disponível em: <http://www1.folha.
uol.com.br/fsp/mundo/ft0108201107.htm>, acessado em 01 de agosto de 2011.
54) “Infelizmente, a comunidade acadêmica tem um histórico de resistência a novas formas de
comunicação científica. […] é fácil ver o conteúdo digital como nada mais do que uma nova
representação de formas familiares de livros e revistas […] limitados por visões convencionais de
revisão por pares e de direitos autorais. O desafio é elevar os modos alternativos de comunicação
para o mesmo nível de prestígio das formas tradicionais […] O sistema atual possui apoiadores
vigorosos, muitos dos quais se beneficiam a partir de suas idiossincrasias” (tradução livre nossa).
Fonte: Arms, William Y; Larsen, Ronald L. The Future of Scholarly Communication: Building the
Infrastructure for Cyberscholarshiop Report of a workshop held in Arizona, EUA. April 17-19,
2007. Disponível em: <http://www.sis.pitt.edu/~repwkshop/NSF-JISC-report.pdf>, acessado em
5 de maio de 2011.
58 Cristina Marques Gomes
Transformações,
Desestabilizações e Crises
Esse capítulo, tendo como parâmetro o anterior (“Alicerces: Comunicação
Científica Revisitada”) e sendo fundamento do posterior (“Novos Elementos
Constituintes e Tendências da Comunicação Científica”), irá abordar algumas
transformações, desestabilizações e crises que, conforme relatamos em nossa nota
de abertura, surgem e rompem com o equilíbrio existente na CC. Tais rupturas
mudam bruscamente alguns parâmetros que, independentemente das intenções,
são obrigados a mudarem e, ao mesmo tempo, encontram “resistências” de
outros. E para compreender o que esses embates, alguns, inclusive, que já fazem
parte da história, nos reservam agora e no futuro próximo, faz-se necessária a
contextualização dessas e de outras mudanças iniciando, pois, esses relatos, a
partir da inserção de um elemento considerado por muitos como um “divisor
de águas” entre o “antes” e o “depois” no âmbito do que era, o que é, ou, o que
será, os processos da CC em todos os campos disciplinares: os computadores. A
história do surgimento do computador e as próprias definições do que o mesmo
“é” ao longo do tempo, indo da invenção das calculadoras em 1623, perpassando
a máquina de escrever em 1874, o conceito de algoritmo implementado em
1936, culminando com o Electrical Numerical Integrator and Computer e a
primeira geração de computadores em 1945, são extremamente interessantes
e podem ser entrelaçadas com os 7 períodos históricos da CC mencionados
no capítulo anterior e detalhados na obra de Vickery (2000). E, por uma
corrente complementar, é possível compreender quais são os impactos diretos
do computador no desenvolvimento da CC enquanto um sistema complexo.
Segundo Borgman (2000 apud Russell), a reestruturação progressiva do mesmo
é atribuída tanto ao crescimento da TI como ao trabalho em rede (Russell, s.d).
2) Veja também o livro New Infrastructures for Knowledge Production: Understanding E-science
organizado pela Christine Hine e publicado em 2006 – disponível em: <http://www.igi-global.
com/book/new-infrastructures-knowledge-production/800#author-editor-biography>.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 69
3) Além do “quarto paradigma da pesquisa científica”, outro termo utilizado é “data-driven
science” só que, neste caso, de forma mais específica condicionando as análises de “grandes
quantidades de informação que nunca puderam ser processadas manualmente” (Fonte: Arms,
William Y; Larsen, Ronald L. The Future of Scholarly Communication: Building the Infrastructure
for Cyberscholarshiop Report of a workshop held in Arizona, EUA. April 17-19, 2007. Disponível
em: <http://www.sis.pitt.edu/~repwkshop/NSF-JISC-report.pdf>, acessado em 5 de maio de
2011.).
4) Com o caráter complementar, veja também o blog disponível em: <http://blogs.nature.com/
fourthparadigm/>.
5) Veja também a apresentação Data deposition as a measure to prevent and to detect scientific
misconduct de Alexander Lerchl no OAI6. CERN Workshop on Innovations in Scholarly
Communication de 2009 (Disponível em: <http://indico.cern.ch/contributionDisplay.py?sessionI
d=5&contribId=17&confId=48321>) e, ainda, o texto El fraude en la ciencia: reflexiones a partir
del caso Hwang de Delgado López-Cózar, E., D. Torres Salinas, et al. publicado na El Profesional
de la Información de 2007 (Disponível em: <http://eprints.rclis.org/10715/1/g61n63522lg20818.
pdf>).
70 Cristina Marques Gomes
dos maiores obstáculos para a “eficácia da ciência” não é técnico e sim social
(Schroeder; Fry, 2007). E, sob esse aspecto, rege uma das grandes forças de
influência da CC na contemporaneidade: as pessoas e a cultura que estão inseridas6.
E, aqui, as variáveis são inúmeras: indo da mudança cultural proporcionada pela
“imposição” política e/ou do “sistema” perpassando a “adesão voluntária” de
determinados indivíduos aos novos aplicativos eletrônicos, por exemplo. E a
reflexão interrogativa, nesse caso, merece estar centrada na preocupação se
as questões são meramente de caráter cultural ou se a cultura acaba por ser o
“argumento” de proteção de outros valores e/ou interesses, inclusive, associados
ao poder. E a discussão não se encerra aqui.
Neste campo de influências, a política é outro elemento importante no sentido
pró-ativo e vice-versa, tanto na contemporaneidade, como em todo o passado da
CC. Um exemplo, no âmbito europeu, de iniciativas políticas maximizadoras
dos processos da CC, é o European Strategy Forum on Research Infrastructures
(ESFRI) cuja missão é “apoiar estratégias que conduzam a elaboração de
políticas que facilitem iniciativas multilaterais, considerando a melhor utilização
e o desenvolvimento de infraestruturas de investigação tanto nos níveis
comunitários como no contexto internacional” - European Strategy Forum on
Research Infrastructures (ESFRI) - e, cita-se, ainda, uma oficina realizada nos
EUA em 2007 com a participação da NSF e do British Joint Information Systems
Committee (JISC) (disponível em: <http://www.jisc.ac.uk/>) juntamente como
representantes do governo, do ensino superior, da indústria e das fundações
privadas. Um dos apontamentos da mesma é que “a ampla disponibilidade de
conteúdos digitais cria oportunidades para novas formas de pesquisa […] que são
qualitativamente diferentes das formas tradicionais de utilização das publicações
acadêmicas e dos dados de pesquisa. Chamamos isso de ´cyberscholarship´”
7) Veja também uma wiki - o OAD26 (Open Access Directory) dos EUA que apresenta uma
listagem de repositórios de dados por área. Disponível em: <http://oad.simmons.edu/oadwiki/
Data_repositories>.
8) Sobre “políticas” veja os Nine key points for science communication policymaking que
emergem da “1ª Places Conference” realizada em setembro de 2011 em Paris (França) e disponível
em: <http://www.openplaces.eu/conference>.
9) Outro artigo interessante é o Scientific Collaboratories as Socio-Technical Interaction Networks:
A Theoretical Approach desenvolvido pelos pesquisadores Rob Kling, Geoffrey McKim, Joanna
Fortuna e Adam King e disponível em: <http://arxiv.org/ftp/cs/papers/0005/0005007.pdf>.
Veja também os livros Scientific Collaboration on the Internet organizado por Gary M. Olson,
Ann Zimmerman e Nathan Bos (Disponível em: <http://mitpress.mit.edu/catalog/item/default.
asp?ttype=2&tid=11603>) e Structures of Scientific Collaboration de Wesley Shrum, Joel
Genuth e Ivan Chompalov (Disponível em: <http://mitpress.mit.edu/catalog/item/default.
asp?ttype=2&tid=11233>).
Na temática da “colaboração” também estão: o texto Information-seeking behavior of physicists
and astronomers de H.R. Jamali e D. Nicholas publicado no Aslib Proceedings em 2008 e o
texto Key concerns within the scholarly communication process de A.Swan publicado pela Key
Perspectives Ltd em 2008.
“Nos primórdios da pesquisa, é claro que houve eminentes pesquisadores solitários. Embora
recorressem ao contato com seus pares a fim de discutir ideias ou conhecer suas opiniões sobre o
que descobriam, sua pesquisa mesma era em geral realizada em isolamento pessoal. Apesar disso,
houve colaboração desde o princípio. Por exemplo, a Royal Society em seus primórdios via no
trabalho cooperativo um modo de promover novas pesquisas. A partir de então tem-se mantido a
colaboração entre os pares. Quando Francis Crick e James Watson escreveram sua famosa nota
sobre o DNA, em 1953, a colaboração entre eles se deu em pé de igualdade durante a pesquisa. Um
exemplo fascinante desse tipo de colaboração nos é oferecido pelos trabalhos de Nicolas Bourbaki.
Um importante volume de matemática foi publicado em 1939, tendo como autor Nicolas Bourbaki.
Seguiram-se mais volumes nos anos subsequentes. Bourbaki na realidade era um pseudônimo
adotado por um grupo de matemáticos, principalmente franceses, que colaboraram durante muitos
anos na produção dessa obra” (Meadows, 1974).
72 Cristina Marques Gomes
13) No contexto contemporâneo as gerações são classificadas em “baby boomers”, “x” e “y”.
Vide os documentários The Virtual Revolution da BBC2 em parceria com a University College of
London, o Digital Nation produzido por Rachel Dretzin e o livro de Nicholas Carr - The Shallows
- What the Internet Is Doing to Our Brains (“No raso - O que a internet está fazendo como nossos
cérebros”, em tradução livre nossa).
No contexto da CC veja, também, o trabalho How College Students Seek Information in the
Digital Age do Alison J. Head e Michael B. Eisenberg da University of Washington disponível
em: <http://projectinfolit.org/pdfs/PIL_Fall2009_Year1Report_12_2009.pdf>.
14) “Não obstante o avanço vertiginoso do computador, muitos estudiosos continuam incluindo
a comunicação que se concretiza através de meios eletrônicos, magnéticos ou óticos, no âmbito
da comunicação informal (e-mails, bate-papos, grupos de discussão, por exemplo) ou formal
(periódicos científicos eletrônicos, obras de referência eletrônicas, por exemplo). Porém, tudo
indica que essas formas de comunicação, como decorrência de sua evolução, em breve, passarão a
configurar a comunicação eletrônica, a exemplo da categorização de McMurdo (1995), para quem
76 Cristina Marques Gomes
o processo de comunicação compreende traços das culturas oral, escrita, impressa e eletrônica,
cada uma das quais com suas peculiaridades, sem que isto represente necessariamente exclusão.
Em outras palavras, a cultura impressa pode guardar marcas concomitantes da cultura oral, escrita
e eletrônica, da mesma forma que a eletrônica conserva características das demais e assim por
diante” (Targino, 2000).
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 77
15) “Creative Commons” designa, nesse caso, o conjunto de licenças padronizadas para a gestão
livre e compartilhada do conhecimento científico e não a organização sem fins lucrativos norte-
americana homônima. Esta, inclusive, mantém atualizada as discussões sobre a primeira.
“[...] é um selo com representação em mais de 70 países que flexibiliza o uso de conteúdos para
cópia, edição, distribuição e até complementação da obra. Em troca, exige apenas citação da
fonte. A iniciativa gera debates no mundo todo. Os defensores argumentam que a proposta é mais
de acordo com a era digital que a lei do "copyright" - mais restrita e que prevê autorização e
remuneração do autor para uso da obra, considerando caso a caso”. Fonte: Folha de São Paulo.
Adoção de selo de flexibilização é tema de debates. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.
br/fsp/mercado/me2707201127.htm>, acessado em 27 de julho de 2011.
Na contemporaneidade, ainda, existem outros componentes relevantes para a CC como, por
exemplo, o Digital Object Identifier (DOI) - um sistema de identificação de conteúdo dos objetos
no ambiente digital que é permanente e possui um padrão internacional. Maiores informações
estão disponíveis em: <http://www.doi.org/>.
Veja também a apresentação Digital Author Identifier in the Netherlands de Leo Waaijers no OAI5.
CERN Workshop on Innovations in Scholarly Communication. 2007. Disponível em: <http://
indico.cern.ch/getFile.py/access?contribId=4&sessionId=14&resId=3&materialId=slides&conf
Id=5710>.
Ou, ainda, “[...] o Autor Identificador Digital (Author Digital Identifier - ADI), ou seja, um número
exclusivo para o autor, o que ajuda a dissipar as dúvidas relativas às diferenças com que os nomes,
às vezes, aparecem” (Guédon, 2010).
Nesse contexto, também, começam a surgir discussões em torno da “herança digital” - “pesquisa
britânica mostra que pessoas já se preocupam com o valor de seus bens guardados na nuvem e
passam a incluir em testamento coleções de discos, filmes e livros que só existem online”.
Fonte: Luís, Leornardo. Herança digital. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/tec/
tc0211201101.htm>, acessado em 02 de novembro de 2011.
“Lawrence Lessig […] diz que é preciso haver liberdade para que a cultura comercial conviva
com a do compartilhamento - que ganha cada vez mais espaço na internet. […] Precisamos de
mais pensamento empírico e menos religião no que diz respeito à propriedade intelectual. […]
A lei sempre compreendeu a diferença entre o que é propriedade tangível e o que é intangível, e
essas diferenças devem ser protegidas. A mudança, hoje, é que estamos rodeados por muito mais
propriedade intangível do que antes, e as leis que regulam o que é intangível foram criadas para o
mundo antigo, e não para o novo. As pessoas e as empresas sentem a mudança, que é profunda, e
se dividem em dois grupos: o que tenta fazer valer as velhas regras no novo mundo e o que tenta
descobrir as regras certas para o novo mundo”. Fonte: Matos, Carolina. É preciso flexibilizar
a propriedade intelectual. Entrevista Lawrence Lessig. Disponível em: <http://www1.folha.uol.
com.br/fsp/mercado/me2707201125.htm>, acessado em 27 de julho de 2011.
78 Cristina Marques Gomes
16) Veja: Suber, Peter. Balancing Author and Publisher Rights. SPARC Open Access Newsletter,
June 2, 2007 (Disponível em: <http://www.earlham.edu/~peters/fos/newsletter/06-02-07.
htm#balancing>); ARL. Authors and Their Rights (Disponível em: <http://www.arl.org/sc/
copyright/author-rights-resources.shtml>); Willinsky, John. Copyright. In: The Access Principle:
The Case for Open Access to Research and Scholarship. The MIT Press, 2005 (Disponível em:
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 79
são comumente apresentados, revelando, por vezes, alternativas cada vez mais
“concretas” como soluções plausíveis para os processos da CC e para os fatores
limitantes supracitados.
Além disso, a internet está ocasionando uma reavaliação do sistema nacional
e internacional dos direitos relacionados à propriedade intelectual. Tanto o setor
público como o privado reconhecem que o pleno potencial das TICs só poderá
ser alcançado a partir da “estabilização de um quadro jurídico claro a respeito do
assunto em questão”, nesse sentido, a American Association for the Advancement
of Science (AAAS) com o apoio da NSF realizou uma investigação focada na
propriedade intelectual e na editoração eletrônica de periódicos científicos em
redes de computadores. A pesquisa contou com a AAAS e um grupo de trabalho
de 25 pessoas dentre cientistas, editores, bibliotecários, advogados e estudiosos
do direito que foram agrupados em 3 grupos cada um com uma função específica:
“identificar os principais stakeholders e seus interesses e a elaboração de
uma declaração dos valores de um sistema de divulgação científica destinada
a promover o avanço da ciência; examinar a forma como o atual regime de
propriedade intelectual americano tenta equalizar os interesses das várias partes
e avaliar quão bem o sistema atual está se posicionado no sentido de equilibrar
os interesses oriundos da era digital”; e, por fim, “o enfoque sobre as mudanças
possíveis do regime jurídico com o propósito de assegurar o pleno potencial
da publicação eletrônica promovendo, por conseguinte, o progresso da ciência”
(Frankel, s.d.). Estendendo, pois, com o auxílio das licenças, o escopo para a
auto-publicação:
<http://mitpress.mit.edu/books/willinsky/TheAccessPrinciple_TheMITPress_0262232421.pdf>);
e SMITH, Kevin L. Managing Copyright for NIH Public Access. In: ARL - A Bimonthly Report
n.258, June 2008 (Disponível em: <http://www.arl.org/resources/pubs/br/br258.shtml>).
80 Cristina Marques Gomes
sim disponível para qualquer pessoa que deseje ter acesso à mesma. Tão
pouco podemos determinar claramente em termos tradicionais o papel dos
cientistas que “publicam” seus trabalhos na rede posto que são produtores
de informação e, por vezes, atuam como seus próprios editores. Também
podem agregar uma função cognitiva ao seu manuscrito criando vínculos
entre a sua “publicação” e outras disponíveis na internet (Russell, s.d.)
(tradução livre nossa).
17) “[...] vários autores o censuraram, discutindo sobre o mito criado por ele sobre a sociedade
sem papel. […] Muitos outros autores, posteriormente a Lancaster e no início da década de 1980,
também fizeram previsões alertando para problemas não levantados anteriormente e que foram
surgindo com a implantação das novas tecnologias. No início da década de 1990, a literatura
é bastante rica, descrevendo e discutindo os impactos e os efeitos das novas tecnologias”
(Figueiredo, 1995).
82 Cristina Marques Gomes
Em termos históricos:
20) “Publicação cujo meio primário de envio para assinantes é através de arquivo de computador”
(Bombak et al., 1992, citado por Chan, 1999, p. 10); “publicação eletrônica com texto completo,
que pode incluir imagens, e pretende ser publicado indefinidamente” (University, 1994, citado por
Chan, 1999, p. 11); “periódico criado para o meio eletrônico e disponível apenas nesse formato”
(Lancaster, 1995, p. 520); “periódicos acadêmicos que são disponibilizados através da internet
e suas tecnologias associadas” (Harrison; Stephen, 1995, p. 593); “aquele que possui artigos
com texto integral, disponibilizados via rede, com acesso online, e que pode ou não existir em
versão impressa ou em qualquer outro tipo de suporte” (Cruz et al., 2003, p. 48); “um material
informativo científico, que foi transformado ou criado para padrões passíveis de publicação
da world wide web, e nela disponibilizada” (Dias, 2003, p. 11); “quaisquer publicações que
tenham a intenção de disponibilizar artigos científicos de forma subseqüente ou continuada (não
interrompida, em intervalos regulares ou não) e que adotam alguma forma de procedimento de
controle de qualidade (não necessariamente avaliação prévia) em meio eletrônico” (Gomes, 1999,
p. 10-11)” (Oliveira, 2008).
84 Cristina Marques Gomes
dos periódicos, mas volta sempre (a média do número de artigos vistos por
sessão é de 1,1 e no tempo médio de 4 minutos)21; dentre outros dados.
Analisando, pois, a literatura sobre a publicação e/ou os periódicos eletrônicos
é perceptível, também, nos moldes do que apontamos na nota de abertura, a
identificação de, nesse caso, no mínimo, dois grandes grupos de teóricos: os que
são “entusiastas” e os “pessimistas” em relação à transformação da CC e aqui
encontramos uma variedade de linhas de pensamento: por exemplo, para Kling
e Callahan (2003), muitos “entusiastas” dos periódicos eletrônicos, tais como
Okerson (1991, 2000) e Odlyzko (1995, 2002) defendem que a “transição do
meio impresso para o eletrônico é um processo relativamente fácil e a internet
é encarada como um meio que será capaz de resolver muitos dos problemas
associados com a publicação tradicional”. Em contraponto, Tenopir e King
(2000)22 alegam que as mudanças na CC, de forma a concentrar-se “puramente”
nos periódicos eletrônicos, serão “desiguais e relativamente lentas” (Kling;
Callahan, 2003) de acordo com cada disciplina - segundo Gass (2001), em
campos associados às ciências básicas como a Biologia, a estrutura de publicação
em revistas “padrões” se move muito lentamente para atender plenamente as
necessidades da comunidade científica (Gass, 2001) -, outros, ainda, argumentam
com base na comunicação direta que pode ser estabelecida entre o escritor e o
leitor, que, através da publicação eletrônica, conseguir-se-ia manipular dados
de novas maneiras, via “objetos tridimensionais, imagens em movimento, uso
do hipertexto para permitir ligações a outros materiais de pesquisa relacionados
com uma variedade de formatos” podendo ser, por vezes, mais “eficiente” que
23) “Houve, também, a preocupação com a integridade dos processos de revisão por pares em
publicações acadêmicas tradicionais. Alguns analistas esperam que as novas revistas eletrônicas
(e-journals) possam permitir que os processos de revisão aconteçam de maneira mais justa e clara”
(Kling; Callahan, 2003) (tradução livre nossa).
24) Vide, por exemplo, o gerenciamento de revistas via Open Journal Systems (OJS) (Disponível
em: <http://pkp.sfu.ca/?q=ojs>) que, por mais que possamos “driblar” o sistema (e isso é possível),
os registros do “histórico” ficam lá guardados.
Cita-se, ainda, nesse contexto, o Public Knowledge Project (PKP) que objetiva a “melhora da
qualidade acadêmica e pública da pesquisa” - em parceria com a Faculty of Education at the
University of British Columbia, Simon Fraser University Library, School of Education at Stanford
University e Canadian Centre for Studies in Publishing at Simon Fraser University (Disponível
em: <http://pkp.sfu.ca/about>).
88 Cristina Marques Gomes
25) “Embora essa crise tenha começado em meados dos anos 1980, ainda hoje não existe nenhuma
solução definitiva. Com as tecnologias da informação e da comunicação, surge a iniciativa de
arquivos abertos (Open Archives Initiative), a qual define um modelo de interoperabilidade entre
bibliotecas e repositórios digitais, possibilitando alternativas para a comunicação científica. Ao
mesmo tempo, consolida-se o movimento em favor do acesso livre à informação científica em
todo o mundo, pelos grandes editores ou publishers, por meio de propostas de ações que possam
viabilizar essa iniciativa. Essas são as bases da proposta de um novo modelo para intensificar e
consolidar o registro e a disseminação da produção científica, assim como do acesso à informação
científica”. Fonte: Kuramoto, Hélio. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v35n2/
a10v35n2.pdf>, acessado em 20 de outubro de 2009.
E, para outros teóricos, na década de 1990, a capacidade de manipular informações de forma
inédita através de rápidos avanços da tecnologia, especialmente a internet, acelerou o processo de
discussão dos problemas e possíveis soluções em torno da “crise dos periódicos”. As oportunidades
oferecidas pela tecnologia sugeriu o desenvolvimento de alternativas novas e “excitantes” na CC
(Anton, 2003).
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 89
26) “Toda construção conceitual, tanto quantitativa como qualitativa, implica dimensão
epistemológica, uma vez que a única forma de pensar o mundo é por meio de determinados
marcos de conhecimento. Portanto, toda concepção teórica e analítica - assim como a geração de
indicadores que daí se deriva - acarreta forma específica de intervenção sobre a realidade.
Analisar os pressupostos epistemológicos de um conceito - no caso, os indicadores com os quais
tradicionalmente avaliam-se as atividades científicas - significa enfatizar suas implicações na
construção do conhecimento, assim como determinar de que forma as concepções definem e
modificam a realidade.
[…] Reitera-se que para apontar algo diferente ao estudo dos indicadores de avaliação da ciência é
essencial aceitar que eles - como qualquer outro indicador - estão moldados pela teoria ou construção
90 Cristina Marques Gomes
analítica da qual emergem. Por isso, propõe-se superar a tradicional disputa acerca da maior ou
menor precisão-exatidão que pressupõem, para localizá-los num plano analítico que permita
questionar sobre a seleção, a recompilação e a construção dos dados num plano epistemológico,
com particular ênfase no problema da construção - correspondência entre pensamento e realidade.
Então, cabe questionar como a ciência e as visões do mundo, como práticas culturais e científicas,
têm moldado as interpretações do ser humano acerca da própria atividade científica e têm delineado
vertentes e direcionamentos, que terminam por legitimar uma forma particular de ver o mundo.
Nesse caso, a proposta da ISI/Thompson com seu indicador FI. Não que seja ilegítimo que essa
empresa proponha suas próprias formas e defina mecanismos particulares, a partir dos quais decide
examinar as atividades científicas. Porém, o que surpreende é que seus indicadores terminem se
posicionando como os únicos mecanismos de avaliação e chegem ao extremo de suplantar a
realidade que, supostamente, lhe interessa estudar” (Aguado-López et al, 2010).
27) “Retoma-se Bourdieu para agradecer o fato de ter trazido à tona a questão do poder na ciência.
É possível até agradecer-lhe por chamar indiretamente a atenção para o fato de que a própria
natureza e a própria forma do poder são parte do poder em si e que devem ser, também, alteradas
para que ocorra verdadeira mudança. Isso permite situar o acesso aberto numa esfera inovadora,
porque várias formas de atividades relativas ao OA afetam de maneiras distintas o poder científico
e suas modalidades […] (Guédon, 2010).
28) Sobre o OA, Gass (2001) revisa os fatores que desencadearam a “crise dos periódicos” também
intitulada “crise da CC” examinando, pois, algumas das iniciativas promissoras que surgiram
durante a última década recomendando, ao final, dois princípios que, segundo o autor, “qualquer
solução deve incorporar”: a “adoção de um modelo que separa a divulgação de informações
da revisão e a transferência dos custos da publicação do leitor para o autor com patrocínio das
organizações e/ou agências de fomento” (Gass, 2001) (tradução livre nossa).
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 91
29) Tal Convenção incorporou os seguintes documentos: The core document of the Santa Fe
Convention (Disponível em: <http://www.openarchives.org/sfc/sfc.htm>); The Open Archives
Metadata Set (Disponível em: <http://www.openarchives.org/sfc/sfc_oams.htm>); The Open
Archives Dienst Subset (Disponível em: <http://www.openarchives.org/sfc/sfc_dienst.htm>); The
template to be used by data providers to register as a Santa Fe compliant archive; (Disponível
em: <http://www.openarchives.org/sfc/data_provider_template.htm>); The template to be used
92 Cristina Marques Gomes
32) Leslie Chan (Bioline International), Michael Eisen (Public Library of Science), Fred
Friend (University College London), Yana Genova (Next Page Foundation), Jean-Claude
Guédon (University of Montreal), Rick Johnson (Scholarly Publishing and Academic Resources
Coalition), Manfredi La Manna (Electronic Society for Social Scientists), Monika Segbert (eIFL
Project), Sidnei de Souza (CRIA, Bioline International), Jan Velterop (BioMed Central) e quatro
representantes do Open Society Institute, vinculado a fundação Soros: Darius Cuplinskas, Melissa
Hagemann,Rima Kupryte e István Rév.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 95
33) São importantes iniciativas de apoio ao OA que ocorreram depois do lançamento do BOAI
em 2002: Bethesda Statement on Open Access Publishing, June 20, 2003 (Disponível em:
<http://www.earlham.edu/~peters>); UN World Summit on the Information Society Declaration
of Principles and Plan of Action, December 12, 2003 (Disponível em: <http://www.itu.int> -
Document 1) / (Disponível em: <http://www.itu.int>); Organisation for Economic Co-operation
and Development (OECD) Declaration on Access to Research Data From Public Funding, January
30, 2004 (Disponível em: <http://www.oecd.org>); The International Federation of Library
Associations and Institutions (IFLA) released the IFLA Statement on Open Access to Scholarly
Literature and Research Documentation, February 24, 2004 (Disponível em: <http://www.ifla.
org>); Salvador Declaration: Commitment to Equity, September 23, 2005 (Disponível em: <http://
www.icml9.org>). Fonte: Budapest Open Access Initiative. 2001. Disponível em: <http://www.
soros.org/openaccess/initiatives.shtml>, acessado em 01 de abril de 2009.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 99
34) “Para obter sucesso junto aos cientistas, os repositórios precisam, antes de tudo, demonstrar
eficiência e conquistar confiabilidade diante de quem busca informações. Devem seguir não
apenas as normas que garantem interoperabilidade, mas se estruturar para permitir um pesquisador,
recorrendo a uma seleção simples, esteja apto a separar os materiais revisados por pares do restante.
O protocolo de coleta Iniciativa dos Arquivos Aberto/Protocolo para Coleta de Metadados (OAI-
PHM) é indispensável para essa tarefa, uma vez que permite aos repositórios serem coletados por
mecanismos de busca especializados como o OAIster. O próprio OAIster, porém, nem sempre
é útil. Por exemplo, à semelhança do Google, que não distingue materiais de acesso aberto, o
OAIster nem sempre aponta para materiais de OA, porque alguns repositórios não fazem distinção
entre o que está em OA e o restrito. A esse respeito, segundo Papin-Ramcharan e Dawe, alguns
acadêmicos, diante de materias de acesso aberto, tendem a agradecer ao Google, e não ao OA”
(Guédon, 2010).
Na instância do ensino, mencionamos o Jorum (Free Learning Resources for Teachers) - repositório
nacional do Reino Unido - disponível em: <http://www.jorum.ac.uk/>.
100 Cristina Marques Gomes
Já a “vida dourada”:
[…] advoga a criação de títulos de OA ou a transformação dos existentes em
revistas de OA. Dá origem a duas sub-estratégias principais. Na primeira,
os custos de produção são transferidos para a própria produção, em vez
de repassados para o público. Na segunda, os custos dos títulos já são, em
grande medida, subsidiados por dinheiro público, de modo que mudar a
35) No Brasil, por exemplo, ainda tramita um projeto de lei na Comissão de Ciência, Tecnologia,
Inovação Comunicação e Informática do Senado Federal, o PLS 387/2011 que “dispõe sobre o
registro e disseminação da produção técnico-científica pelas instituições de educação superior,
bem como as unidades de pesquisa no Brasil e dá outras providências”. Texto completo disponível
em: <http://legis.senado.gov.br/mate-pdf/93063.pdf>.
36) “O acesso do público foi impulsionado no final de 2007, quando o Congresso dos EUA
aprovou uma lei tornando obrigatória para os cientistas financiados pelo National Institutes of
Health (NIH) o depósito dos seus documentos no arquivo da agência PubMed Central no prazo de
12 meses a contar da publicação. […] Nos últimos anos mandatos semelhantes têm sido impostos
por financiadores de pesquisa em outros países, incluindo o Wellcome Trust da Grã-Bretanha e
todos os conselhos do governo britânico de investigação e o European Research Council”.
Fonte: Nature News. Disponível em: <http://www.nature.com/news/2010/100407/full/464822a.
html>, acessado em 7 de abril de 2010.
Veja também a apresentação Advocacy and policy issues tutorial de Morag Greig no OAI5. CERN
Workshop on Innovations in Scholarly Communication. 2007. Disponível em: <http://indico.cern.
ch/getFile.py/access?sessionId=29&resId=0&materialId=0&confId=5710>.
Um exemplo implementado é o da Queensland University of Technology - disponível em: <www.
qut.edu.au/>. Veja também a palestra: <http://indico.cern.ch/getFile.py/access?contribId=11&sess
ionId=4&resId=1&materialId=slides&confId=48321>.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 101
'ciência perdida'. O Modelo SciELO contém ainda procedimentos integrados para medir o uso e o
impacto dos periódicos científicos”. Fonte: SciELO. Disponível em: <http://www.scielo.org/php/
level.php?lang=pt&component=56&item=1>, acessado em 24 de julho de 2011.
E, também, o “Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde
(Bireme), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp),
que, no ano de 1998, foi pioneiro no desenvolvimento de uma plataforma para a preparação,
o armazenamento, a disseminação e a avaliação da produção científica brasileira em formato
eletrônico.
[…] Deve-se, também, à Capes a criação, em 2000, do Portal de Periódicos, com o intuito de
democratizar o acesso às publicações científicas e tecnológicas de excelência produzidas no mundo
e em todas as áreas do conhecimento, disponibilizando-as a professores, pesquisadores, alunos e
funcionários de instituições de ensino superior e de pesquisa em todo o país” (VANTI, 2010).
E, ainda: “[...] destaca-se o Sistema Regional de Informação em Linha para Revistas Científicas da
América Latina, do Caribe, da Espanha e Portugal (Disponível em: <http://www.latindex.org>),
ferramenta importante desenvolvida, em particular, por Ana María Cetto (México) e Anna María
Pratt (Chile), que permite acompanhar 16.200 revistas de interesse acadêmico em seu catálogo e
quase 3 mil títulos com certificação de qualidade internacional em seu diretório. Outro portal, a
Rede de Revistas Científicas da América Latina, do Caribe, da Espanha e Portugal (Disponível
em: <http://www.redalyc.org), oferece acesso aberto a textos integrais de países ibero-americanos
e abrange, atualmente, quase 488 revistas e pouco menos de 75 mil artigos.
Os chineses, por sua vez, estão envolvidos em iniciativa semelhante, por meio de seu próprio
Índice de Citações, o Banco de Dados Chinês de Citações Científicas (Chinese Science Citation
Database - CSDC). Em 2001, a CSDC abrangia 991 títulos, dos quais 31 constavam no SCI. [...]”
(Guédon, 2010).
38) “O termo blog foi utilizado pela primeira ver por Jorn Barger em 1997 (Anderson, 2007) e
pode definir-se como ´uma página na web que se pressupõe ser atualizada com grande frequência
através da colocação de mensagens - que se designam post - constituídas por imagens e/ou textos
normalmente de pequenas dimensões (muitas vezes incluindo links para sítios web de interesse e/
ou comentários e pensamentos pessoais do autor) e apresentadas de forma cronológica, sendo as
mensagens mais recentes normalmente apresentadas em primeiro lugar´” (Gomes, 2005) (Pedro,
2009, pp.50).
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 103
39) No Oasis também está disponível uma lista de publicações sobre OA da Alma Swan -
Disponível em: <http://www.openoasis.org/index.php?option=com_content&view=article&id=6
00&catid=56wan>.
40) Cita-se, ainda, que “em 2006, o Conselho de Ciências Sociais e Humanidades (Social Science
and Humanities Council - SSRHC) aprova projeto por intermédio da Aid to Scholarly and Transfer
Journals Programme para estudar a visibilidade das publicações de acesso aberto para revistas
científicas apoiadas pelo próprio SSRHC. A conclusão do estudo, intitulada ´Open Access in an
International Perspective: a Review of Open-Access Policies in Selected Countries´, apresenta
104 Cristina Marques Gomes
E,:
Retomando a divisão entre ciência predominante e ciência periférica, o
OA realmente desempenha papéis diferentes para diferentes categorias
de cientistas. A todos eles, sejam de países ricos ou pobres, proporciona
chances mais amplas de aperfeiçoar a produção de precursores e de colegas/
concorrentes do mundo inteiro. Os pesquisadores e/ou cientistas, em sua
condição de consumidores de informação, também tiram proveito do
acesso aberto e, para aqueles que estão em países terceiro-mundistas, se
há disponibilidade de conexão com a internet com banda larga suficiente, a
desigualdade de acesso às informações com que trabalham tende a diminuir
com o avanço do OA. Aliás, esse é o raciocínio mais frequente para justificar
a criação de títulos de OA ou o arquivamento de artigos revisados por pares
em repositórios adequados (Guédon, 2010).
42) A Research Information Network (RIN), Joint Information Systems Committee (JISC),
Association of Learned and Professional Society Publishers (ALPSP), Publishers Association
(PA), International Association of Scientific, Technical & Medical Publishers (STM), Publishing
Research Consortium (PRC), British Library (BL), Research Libraries UK (RLUK), Society of
College, National and University Libraries (SCONUL), SPARC Europe, Research Councils UK
(RCUK), Universities UK (UUK) e a Wellcome Trust estão trabalhando, ainda, em 4 projetos em
conjunto a partir das seguintes perspectivas: “E-only scholarly journals: overcoming the barriers”
(cujo relatório comentamos); “Gaps in access”; “Dynamics of improving access to research
papers”; e “Futures for Scholarly Communications”.
106 Cristina Marques Gomes
43) Veja também: Lawrence, Steve. Free online availability substantially increases a paper's
impact. In: Nature, v.411 (6837), n.521, 2001; Harnad, Stevan; Brody, Tim. Comparing the impact
of open access (OA) vs. non-OA articles in the same journals. In: D-Lib Magazin, v.10, n.6, 2004;
Eysenbach, Gunther. Citation Advantage of Open Access Articles. In: PLoS Biology, v.4, n.5,
2006; Open Citation Project (Disponível em: <http://opcit.eprints.org/>). Fonte: Open Access to
Scholarly Information. Disponível em: <http://open-access.net/ch_en/general_information/pros_
and_cons_of_open_access/arguments_in_favour_of_open_access/#c1248>, acessado em 12 de
julho de 2011.
44) Veja também: JISC/SURF. Guide for librarians/IR managers, 2006. Joseph, Heather. Perceived
barriers to open access: A view from the biological sciences, 2005. THOMÉ, Martin; BARTH,
Andreas. Open Access - Grundlegende Informationen, Langfassung, a paper issued by the Leibniz
Association's Open Access working group. Houghton, John et al. Economic implications of
alternative scholarly publishing models: exploring the costs and benefits. In: Report to the Joint
Information Systems Committee (JISC), January, 2009.
Fonte: Open Access to Scholarly Information. Disponível em: <http://open-access.net/ch_en/
general_information/pros_and_cons_of_open_access/reservations_about_open_access/#c1300>,
acessado em 12 de julho de 2011.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 107
45) Uma maior imersão sobre a cronologia do OA pode ser obtida consultando o documento
publicado por Peter Suber e denominado “Timeline of Open Access Movement” (Disponível
em: <http://www.earlham.edu/~peters/fos/timeline.htm>). Nele o autor remonta ao ano de 1966
quando o “Educational Resources Information Center (ERIC) launched by the U.S. Department
of Education's Office of Educational Research and Improvement and the National Library
of Education”, perpassando, ainda, o lançamento do “The Open Citation Project (OpCit)” em
1999, para culminar “Congress passed, and the President signed, a spending bill mandating OA
to research funded by the US National Institutes of Health (NIH)” em 26 de dezembro de 2008.
Outra referência é o site “Open Access to Scientific Communication” (Disponível em: <http://
open-access.infodocs.eu/tiki-index.php>), cujo propósito é “apresentar, selecionar e organizar a
informação corrente sobre o OA” por iniciativa do Hans Dillaerts e da Hélène Bosc.
46) Veja também o trabalho da Patrícia Nascimento Souto intitulado E-publishing development
and changes in the scholarly communication system e publicado em 2007. No mesmo a autora
alega que: “Os novos e alternativos modelos de negócio no sistema de publicação científica no
formato digital compõem uma realidade conduzida, na sua maior parte, pelas tecnologias de
informação e de comunicação, pelos movimentos para a recuperação do controle das atividades
de comunicação científica pela própria comunidade acadêmica e pelas abordagens de acesso
aberto ou livre (open access). O modelo de negócio híbrido, o qual combina o acesso aberto
e o acesso restrito /pago (toll-access), é um modelo que provavelmente coexistirá. […] discute
as mudanças que as publicações eletrônicas geraram no interrelacionamento entre os atores na
cadeia de comunicação científica (interrelacionamento entre editores-pesquisadores, editores-
bibliotecas e editores-usuários) e também os impactos gerados nos modelos de negócio no sistema
de publicação científica. Em seguida, discutem-se os modelos de negócio que possivelmente
podem evoluir e coexistir. Qualquer que seja o modelo de negócios que predomine, será essencial
que ocorra profunda mudança cultural nos autores e nas práticas de publicação das instituições,
de forma a permitir que o modelo de acesso aberto (ou acesso livre) desenvolva-se e também
a possibilitar a consolidação um modelo de negócio adequado e viável para os publicadores
tradicionais. Igualmente essencial e visando a sustentar esse cenário em contínua evolução, é a
necessidade de mudanças em aspectos externos ao processo de publicação, tais como nas políticas,
nos sistemas de recompensa e nas regras institucionais relacionadas à comunicação e publicação
científicas” (Souto, 2007).
E, ainda, Briefing paper on Open Access Business Models for research funders and universities
(Disponível em: <http://www.knowledge-exchange.info/Default.aspx?ID=459>) e o artigo
Fulfilling the promise of Scholarly Communication - a comparasion between old and new access
models do David C. Prosser (Disponível em: <http://eprints.rclis.org/bitstream/10760/6353/1/
mittler_Paper.pdf>).
110 Cristina Marques Gomes
47) Com o OA o modelo de “taxa de publicação” passou a receber as seguintes variáveis: autor
pagante; subsídios advindos de quem está financiando a pesquisa; afiliação institucional; fundos de
apoio à publicação; modelo de negócio híbrido (dividido entre assinaturas e taxas de publicação);
as publicações são financiadas, em conjunto, pelos autores e leitores de determinada comunidade
científica; subsídios institucionais (de parte ou de todo o processo, via editoras próprias, etc);
diferentes modelos “combinados”; modelo de consórcio empresárial (vide o Sponsoring
Consortium for Open Access Publishing in Particle Physics - SCOAP3 - Disponível em: <http://
scoap3.org/>); outras formas de financiamento. Fonte: Open Access to Scholarly Information.
Disponível em: <http://open-access.net/ch_en/allgemeines/geschaeftsmodelle/>, acessado em 12
de julho de 2011.
Veja também: Open Society Institute. Open access journal business guides.; Peter Suber's
Newsletter. No-fee open-access journals; Kaufman-Wills Group, LLC. The facts about open access.
A study of the financial and non-financial effects of alternative business models for scholarly
journals, 2005; Wellcome Trust. Costs and business models in scientific research publishing.
A report commissioned by the Wellcome Trust, 2004; SCHMIDT, Birgit. Auf dem „goldenen“
Weg? Alternative Geschäftsmodelle für Open-Access-Primärpublikationen (On the "gold" road?
Alternative business models for OA primary publications.), 2007; ROESNER, Elke. Open Access
Portale und ihre Etablierung am Markt : die Entwicklung eines Geschäftsmodells für "German
Medical Science". (OA portals and their establishment in the market: the development of a business
model for German Medical Science) Berlin: Institut für Bibliotheks- und Informationswissenschaft
der Humboldt-Universität zu Berlin (Institute of Library and Information Science of the Humboldt
Universitaet Berlin), 2008. Fonte: Open Access to Scholarly Information. Disponível em: <http://
open-access.net/ch_en/allgemeines/geschaeftsmodelle/>, acessado em 12 de julho de 2011.
Veja também o trabalho de Paul Peters intitualdo Redefining Scholarly Publishing as a Service
Industry no The Journal of Electronic Publishing v.10, n.3 de 2007 e disponível em: <http://hdl.
handle.net/2027/spo.3336451.0010.309>.
“Há um desentendimento comum de que todos os periódicos de acesso aberto usam o modelo de
negócio ´pago pelo autor´. Há dois erros. O primeiro é o de que afirmam que há apenas um modelo
de negócio para periódicos de acesso aberto, quando há muitos. O segundo é o de que afirmam
que a cobrança de taxas de processamento é um modelo ´pago pelo autor´. Na verdade, pouco
menos da metade dos periódicos de acesso aberto (47%) cobram taxas aos autores. Quando as
revistas cobram taxas, normalmente quem as pagas são os patrocinadores do autor (empregadores
ou financiadores). As taxas são suprimidas quando os autores não têm condições de pagar. Esse
equívoco é perigoso, porque faz com que alguns autores se perguntem se eles podem dar ao
luxo de pagar os honorários. Além disso, dá aos opositores do acesso aberto uma chance para
espalhar FUD (expressão em inglês que significa ´medo, incerteza e dúvida´)” (Suber, 2007 apud
Gumieiro, 2009).
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 111
48) No âmbito da “web 2.0” resaltam-se a “Web 2.0 Expo” (conferência e feira - Disponível em:
<http://www.web2expo.com/>) e a “Web 2.0 Summit” (evento anual - Disponível em: <http://
www.web2summit.com/web2010>).
49) “[…] numa sessão de brainstorming entre O´Reilly Media e MediaLive International, onde se
discutia a possibilidade da realização futura de uma conferência sobre a internet, os intervenientes,
partindo da expansão vivida pela internet mesmo após a crise de 2001 e apontando que as
empresas que tinham sobrevivido à crise pareciam ter características em comum, usaram pela
primeira vez o termo ´web 2.0´ para aludir a uma evolução da internet […] (O´Reilly, 2005).
De acordo com Tim O´Reilly (2006), falar da ´web 2.0´ é falar da ´revolução dos negócios na
indústria dos computadores causada pela mudança para uma internet como plataforma e uma
tentativa de entender as regras para alcançar o sucesso nessa nova plataforma. A mais importante
dessas regras é a seguinte: desenvolver aplicações que aproveitem os efeitos do trabalho em rede
para se tornarem melhores à medida que são utilizados por mais pessoas´, ou seja, aproveitando o
que chama de inteligência coletiva” (Pedro, 2009).
112 Cristina Marques Gomes
Princípios:
1. Web como uma plataforma;
2. Aproveitamento da inteligência coletiva;
3. Dados são o novo “Intel Inside”;
4. Fim do ciclo de lançamento de softwares;
5. Modelos leves de programação;
6. Software acima do nível de um único dispositivo;
7. Experiências ricas do usuárion (O´Reilly; s.d.) (tradução livre nossa).
50) “Um wiki é ´uma página ou conjunto de páginas web que podem ser facilmente editadas
por qualquer pessoa que a elas tenha acesso´ (Anderson, 2007), ou seja, é ´um sítio na web para
o trabalho coletivo de um grupo de autores´ (Bottentuit Júnior; Coutinho, 2008). Num wiki, o
autor pode acrescentar, editar e apagar os seus próprios conteúdos a qualquer momento. Contudo,
o seu elemento mais inovador é permitir que qualquer um possa editar ou apagar conteúdos de
outros autores. O resultado é um corpo de conhecimento desenvolvido a partir de um esforço
colaborativo” (Pedro, 2009, p.60).
51) “Muitas vezes associado ao conceito de social bookmarking está o conceito de social tagging.
Social tagging designa a prática de atribuir tags ou palavras-chave pessoais a recursos digitais (ex.
Imagens, vídeos, sítios web, etc) (Anderson, 2007). No caso do social bookmarking os utilizadores
atribuem tags aos bookmarks para mais facilmente os recuperarem num processo de pesquisa.
Para além disto, dado que é possível pesquisar a partir das tags de outros utilizadores, podem-se
encontrar pessoas com interesses comuns, o que promove a colaboração e a partilha de recursos
e o desenvolvimento de um espírito de comunidade. Quando agrupadas, as tags dão origem as
folksonomias, ou seja, a sistemas de classificação socialmente construídos (Trant, 2006)” (Pedro,
2009, p.63).
52) “O conceito de social bookmarking designa, basicamente, um sistema que permite ao
utilizador criar uma lista de bookmarks (links para páginas web) que são alojados online de forma
pública e que, como tal, são partilhados por outros utilizadores do mesmo sistema. Na prática,
trata-se de uma possibilidade em tudo semelhante à organização dos favoritos disponibilizada
pelos web browsers dos computadores pessoais mas, no caso do social bookmarking, os favoritos
ou bookmarks estão disponíveis a partir de qualquer posto de ligação à internet, independentemente
do seu lugar (Anderson, 2007)” (Pedro, 2009, p.62).
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 113
53) “São várias as ferramentas online que permitem a partilha de recursos como vídeos, imagens,
slideshows, etc” (exemplos: Flickr - fotos / youtube - vídeos, etc) (Pedro, 2009, p.59).
No contexto dos vídeos existe, ainda:
“TeacherTube - O TeacherTube tem com o objectivo partilhar vídeos e promover a comunicação,
mas dirigido a um público mais restrito, o público do ensino/educação. Lançado em 2007, foi
criação de Jason Smith que considerava profícuo que professores, educadores e escolas se
servissem das potencialidades pedagógicas inerentes à web para aprender” (Cruz, 2008).
54) “Podcasting é, genericamente, um método de publicação online de ficheiros de áudio ou
vídeo. Assim, podcasts são ficheiros de áudio ou vídeo (neste caso também chamados de vidcasts
ou vodcasts) gravados em qualquer formato digital (ex. MP3) e distribuídos online num formato
RSS. Basicamente, os ficheiros ficam armazenados num servidor hospedeiro na internet e os
utilizadores subscrevem RSS feeds, recebendo, dessa forma, informação sobre novos podcasts, à
medida que estes são disponibilizados” (Pedro, 2009, p.66).
55) “O RSS é um conjunto de especificações voltadas para agregação e distribuição de conteúdos
da web, que facilita o processo de consulta e partilha de informação proveniente de diversas
fontes de informação, periodicamente sujeitas a alterações ou atualizações (Pilgrim, 2002).
Tecnicamente, um dos principais trunfos dessa tecnologia reside em sua simplicidade, já que RSS
nada mais é do que um arquivo-texto codificado dentro de um padrão compatível com o formato
XML (eXtensible Markup Language). Este arquivo também é conhecido pelo nome de feed já que
é ´alimentado´ constantemente, na medida em que ocorre alguma atualização no conteúdo [...]”
(Almeida, 2008).
56) Um projeto de 24 meses (janeiro de 2009 até dezembro de 2010), apoiado pela ANR (Agence
Nationale de la Recherche) e que envolve 4 parceiros: CNRS (CREA), Orange Labs, linkfluence e
UPMC (LIP6) - Disponível em: <http://webfluence.csregistry.org/tiki-index.php>.
O projeto resultou em duas ferramentas, são elas: “Synthetic - Evolutionary Modeling of Complex
Networks” e “Interactive multi-scale visualization of french-speaking blogosphere”.
114 Cristina Marques Gomes
57) “Vale a pena ressaltar que alguns estudiosos da área não consideram que exista uma ´web
2.0´, pois, desde o início, a web é aberta à participação de seus usuários para o compartilhamento
de serviços e informações. É verdade que esta nova geração de serviços para a web incentiva a
participação verdadeiramente colaborativa na construção de conteúdos e a criação de comunidades
virtuais para discussão, partilha e evolução conjunta mas, defendem estes, não se trata de uma
revolução e sim de uma evolução. Os grupos de news, pré-web, são exemplos da existência de
comunidades virtuais que tomavam partido da existência da internet, apesar de, na altura em que
apareceram, a web ainda nem sequer existir.
De acordo com Davis (2005), a ´web 2.0´ é uma atitude e não uma tecnologia. Uma atitude de
encorajar a participação dos internautas através de serviços e aplicações abertos. Para o autor,
“abertos”, no sentido técnico, refere-se a APIs (Application Programming Interface) apropriadas.
Porém, o mais importante é o fato de ter a característica de ser socialmente aberta e suportada por
tecnologias que proporcionam uma interoperabilidade de serviços nunca antes existente.
[…] Há muito a ser estudado e desenvolvido nesta nova geração da web; suas características,
tecnologias e inovações. Dentre as diversas evoluções que estão ocorrendo, destaca-se o que pode
ser considerado como um novo paradigma para a organização dos conteúdos dos recursos digitais
na web. A possibilidade de os próprios usuários participarem na organização desses conteúdos é,
em especial, uma questão que vale ser pesquisada e implementada. Esta nova abordagem relativa à
indexação dos recursos digitais da web toma, genericamente, a designação de Folksonomia. Trata-
se de um novo conceito que tem sido utilizado por diversos profissionais e estudiosos da área de
informação. No entanto, parece não haver ainda um consenso na área, quer sobre a utilização deste
termo, quer sobre o seu significado. Há os que preferem utilizar outros termos como, por exemplo,
classificação social ou social tagging” (Catarino; Baptista, 2007).
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 115
outros inquéritos anteriores e/ou atuais, apontam justamente para essa questão:
os investigadores possuem certa “resistência” em aceitar algumas modificações
no sistema da CC advindas dos efeitos tecnológicos. Nesta contextura, podemos
mencionar a matéria do David Stuart publicada no Research Information
denominada “Web 2.0 fails to excite today’s researchers” (disponível em:
<http://www.researchinformation.info/features/feature.php?feature_id=236>)
e a pesquisa desenvolvida por um grupo de investigadores do Manchester
eResearch Centre (MeRC) da University of Manchester (EUA) em parceria
com o Institute for the Study of Science, Technology and Innovation (ISSTI) da
University of Edinburgh (Reino Unido) intitulada “If you build it, will the come?
How researchers perceive and use web 2.0” (disponível em: <http://www.rin.
ac.uk/our-work/communicating-and-disseminating-research/use-and-relevance-
web-20-researchers>). A primeira indicando que “infelizmente há poucos sinais
de que os acadêmicos vão realmente ´abraçar´ as novas oportunidades oferecidas
pela web 2.0” e que, embora a mudança possa ser provável no futuro - “esta será
o resultado de uma nova geração de investigadores com atitudes pró-ativas no
sentido de ´abrir´ a ciência e não devido a qualquer novas alterações na esfera
tecnológica” (Stuart, 2009) e a segunda, a partir de uma pesquisa online seguida
de entrevistas semiestruturadas com uma amostragem estratificada e culminando
com 5 estudos de caso de serviços relacionados a “web 2.0”, chegou as seguintes
conclusões, dentre outras: que, no geral, existe pouca evidência de que a curto ou
médio prazos uma mudança radical irá ocorrer na CC em função da “web 2.0”;
os serviços estão sendo usados como complementos e não substitutos dos canais;
um pequeno grupo faz uso frequente e inovador de ferramentas, mas a maioria
só esporadicamente as utiliza (“frequent users” = 13%; “occasional users = 45%;
“non-users” = 39%); não existe “hostilidade” para como os novos mecanismos -
mesmo os “não-usuários” são mais propensos a definir-se como “entusiastas” do
que “céticos” ou “desinteressados”; a maioria considera, também, que os canais
estabelecidos de troca de informações funcionam bem; os serviços com mais
chance de “sucesso” são aqueles que envolvem ativamente os pesquisadores
(Gray, s.d.); e, ainda:
116 Cristina Marques Gomes
58) Veja também o texto de M.M. Waldrop de 2008 intitulado Science 2.0 - Is open access
science the future? e disponível em: <http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=science-
2-point-0>.
118 Cristina Marques Gomes
média, o tempo gasto procurando artigos quase duplicou desde o final dos
anos 1990. O número de artigos que os cientistas estão lendo aumentou
quase 30%, mas o tempo gasto na leitura é praticamente o mesmo durante
esse período de tempo.
Existe uma nova “raça de cientistas” que desenvolveu mecanismos mais
eficientes de leitura e assimilação de conteúdos a fim de acompanhar a
explosão de dados? Ou, como sugere Renear, são cientistas que descobriram
outras maneiras de fazer uso dos artigos através de notícias, blogs, sites
como “Connotea.org” e fazem uso da gestão de citações sem ler o artigo na
íntegra ou sem realmente ler qualquer parte do artigo? Estão sendo citados
artigos sem terem sido lidos? Ou isso é uma prática de longo tempo que
simplesmente foi ampliada por um acesso mais fácil dos metadados em
um ambiente digital? Em ambos os casos, a mudança de comportamento
poderá ter implicações para a ciência no futuro (Martinsem, 2007) (tradução
livre nossa).
63) Nesse contexto, um tema largamente discutido diz respeito a polêmica “neutralidade” da web
social. Veja <http://mashable.com/2010/10/05/social-media-net-neutrality/>.
120 Cristina Marques Gomes
Ilustração 22: Ciclo de vida da pesquisa e as ferramentas “web 2.0” - Pesquisa Ciber-2010
64) Veja também a apresentação Measuring impact revisited de Frank Scholze no OAI5. CERN
Workshop on Innovations in Scholarly Communication. 2007. Disponível em: <http://indico.cern.
ch/getFile.py/access?contribId=6&sessionId=14&resId=1&materialId=slides&confId=5710>.
No contexto brasileiro cita-se o programa G Mine “desenvolvido pelo Instituto de Ciências
Matemáticas e da Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo (USP) - ´O objetivo do
software é analisar métricas de interação entre professores e pesquisadores, a partir dos artigos
publicados. O aplicativo apresenta graficamente a interação entre os pesquisadores em diversos
graus: universidades, institutos, laboratórios e também de docente para docente. O entrelace dessas
redes é a autoria dos artigos científicos. Cada nó representa um autor e cada aresta representa
uma relação de coautoria [...] o surgimento das redes de relacionamentos na internet permitiu
maior conexão entre os usuários na busca de informações […]'”. Fonte: Agência Fapesp. Programa
dedicado ao estudo de redes de relacionamento acadêmicas. Disponível em: <http://agencia.
fapesp.br/14459>, acessado em 09 de setembro de 2011.
Cita-se, ainda, o projeto de pesquisa “Indicador de Qualidade Europeu da Investigação
Educacional (European Education Research Quality Indicators - EERQI), que conta com o apoio
do FP7. Objetiva aperfeiçoar os padrões correntes dos indicadores de qualidade de pesquisa, com
ênfase para as áreas de ciências sociais e humanidades no contexto europeu. Sua meta é entender
como os critérios de qualidade e de relevância nas publicações de pesquisas são determinados.
Para tanto, inclui a adoção de inovações tecnológicas providas por ferramentas de processamento
de linguagem natural para análise de conteúdo. Ao recorrer à análise de conteúdo contextual,
os indicadores quantitativos tradicionais, baseados na contagem e no ranking de citação, são
complementados por indicadores de qualidade fundamentados em conteúdo e podem gerar novos
processos de avaliação” (Ferreira; Targino, 2010).
“Basicamente a discussão passa pela opção por elementos de caráter quantitativo, elementos de
tipo qualitativo ou pela combinação de ambos. […] entre as técnicas quantitativas, a bibliometria,
a cientometria, a informetria e, mais recentemente, a webometria e a cibermetria têm conquistado
significativo destaque. Pelo fato de desempenharem funções semelhantes nos processos de medição
dos fluxos de informação e comunicação, há dificuldades para alcançar consenso a respeito das
fronteiras que separam umas das outras”.
[…] O termo informetria designa, conforme Hjotgaard Christensen e Ingwersen, extensão recente
das análises bibliométricas tradicionais ao abarcar o estudo das modalidades de produção da
informação e de comunicação em comunidades não acadêmicas.
[…] A webmetria consiste, conforme concepção esboçada por Almind e Ingwersen e consagrada
na literatura internacional, na ´aplicação de métodos informétricos à word wide web´.
[…] Cibermetria. Em consonância com Bjorneborn, o termo remete a um fenômeno mais amplo,
envolvendo ´os estudos quantitativos de toda a internet, incluindo chats, mailing list, new groups,
MUD (multi-user dungeon, dimension ou domain) e a própria www” (Vanti, 2010).
126 Cristina Marques Gomes
65) “A princípio, parece evidente que grande parte dos métodos tradicionais bibliométricos não
são totalmente aplicáveis às novas práticas ou, no mínimo, justo com as mesmas. O que está claro
é que a grande quantidade de informações na web está gerando, necessariamente, novas formas e
soluções atreladas às métricas” (Torres-Salinas, 2010) (tradução livre nossa).
66) “Os indicadores web permitem medir as atividades acadêmicas e científicas. Constituem
valioso subsídio para a avaliação das atividades desenvolvidas por diferentes instituições no
espaço da internet. Alguns deles surgem de adptações ao entorno digital dos indicadores utilizados
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 127
nos estudos métricos tradicionais. Podem ser classificados em três categorias: 1. descritivos;
2. de conectividade, impacto e densidade; 3. de popularidade. Os indicadores descritivos
contabilizam o tamanho ou o número de objetos que um espaço web apresenta (páginas, arquivos,
links) e são empregados para mensurar a penetração da web em países, regiões, organizações
ou grupos de pessoas, quanto ao conteúdo. As medidas de conectividade, impacto e densidade
guardam relação com o caráter hipertextual da web e têm por finalidade o exame das conexões
entre páginas e sites, enfocando tanto os links externos que um espaço web recebe quanto os links
que esse espaço aponta, o volume destes com relação aos conteúdos linkados (fator de impacto na
web = FIW) e o peso relativo dos sites de onde partem os links. Os indicadores de popularidade
mantêm relação com o consumo ou com a utilização da informação, mensurado por meio de
números e de características das visitas que cada site recebe” (Vanti, 2010).
67) Dois artigos de base sobre o Mesur são: Rodrigues, Marko A; Bollen, Johan; Van de Sompel,
Herbet. A Practical Ontology for the Large-Scale Modeling of Scholarly Artifacts and their
Usage. In: Proceedings of the Joint Conference on Digital Libraries, Vancouver, June 2007 e
Bollen, Johan; Rodrigues, Marko A; Van de Sompel, Herbert. MESUR: usage-based metrics of
scholarly impact, 2007.
128 Cristina Marques Gomes
reduzidos; alguns dos recursos com maior impacto possuem o fator ´tempo´ como
elemento primordial para a conquista da ´reputação acadêmica´; é necessário
repensar as definições das categorias ditas de “conteúdo tradicional” em função
de inúmeras funcionalidades advindas da “web 2.0”, etc; projetos de todas as
dimensões ainda buscam modelos econômicos sustentáveis, ainda mais, diante
do OA; embora alguns desses recursos digitais se assemelhem aos impressos,
outros são completamente novos; o impacto da rápida proliferação dos recursos
baseados na web influencia, também, a forma como os investigadores realizam
suas pesquisas; na atualidade a biblioteca ainda centraliza a responsabilidade
pela distribuição dos recursos impressos e eletrônicos, no entanto, o ambiente
da rede tem possibilitado a criação de ´produtos´ que são acessíveis diretamente
pelo usuário final”, etc (Hahn, s.d.).
Pela ótica de Thomes (2001), ainda, o sistema da CC é caracterizado
pela “divulgação, revisão, organização, acesso e arquivamento” e todos esses
aspectos devem “ser mantidos independentemente de qual sistema teremos no
futuro” (Thomes, 2001). Será? A mudança deve priorizar uma CC “nova” ou
“revitalizada”? E, por mais que as interrogativas, nesse contexto, sejam mais
abundantes que as respostas - “embora possa parecer agora que mais perguntas
têm sido levantadas do que as respostas dadas, devemos enfrentar o desafio com
criatividade e continuar desenvolvendo alternativas aceitáveis para os modelos
tradicionais de CC” (Anton, 2003)-, muitos caminhos podem (ou já estão) sendo
trilhados. Leggett e Shipman (2004), por exemplo, em “Directions for hypertext
research: Exploring the design space for interactive scholarly communication”,
resgatam (numa espécie de “call to arms”) Vannevar Bush alertando que o “traço
comum” entre as pesquisas anteriores em torno do Memex e as revistas digitais
contemporâneas é que, em ambos os casos, a “noção de um texto e a continuidade
dos métodos existentes de escrever o registro científico” continuam iguais
transpondo, pois, uma espécie de “tradução ponto-a-ponto do mundo estático
físico para uma parte do mundo digital que também é estática” e que “nossa
narrativa acadêmica permanece quase inteiramente no mundo físico estático,
embora nossa pesquisa possa ser realizada inteiramente no mundo interativo
digital” concentrando-se, nesse estudo, nas ferramentas de autoria “para os
repositórios institucionais de amanhã” e na apresentação de sete dimensões da
“comunicação interativa”. E, num complemento não simétrico, estão alguns
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 131
70) “Descrever para compreender. Numa direção oposta à dos integrados e apocalípticos dos
tempos da globalização, Castells, com seu método descritivo-informativo, propõe-se a contestar
as ´várias formas de niilismo intelectual, ceticismo social e descrença política´, enfatizando a
possibilidade de construir um discurso sobre a revolução tecnológica, a nova etapa do capitalismo
e da estrutura social fundamentado na razão, sem apologias ou utopias absolutas. A partir da
observação e análise de fatos, apoiado em estudos empíricos e fontes estatísticas, Castells localiza
esse processo de transformação tecnológica revolucionária no contexto social em que ele ocorre
e pelo qual está sendo moldado. O mérito de sua análise é situar a revolução atual no processo
histórico de desenvolvimento das forças produtivas. Quer dizer, a revolução tecnológica originou-
se e difundiu-se num período histórico de reestruturação global do capitalismo para o qual foi
uma ferramenta básica. A perspectiva teórica que fundamenta a leitura de Castells postula que ´as
sociedades são organizadas em processos estruturados por relações historicamente determinadas
de produção, experiência e poder´”. Fonte: Bianco, Nélia R. Del. Elementos para pensar as
tecnologias da informação na era da globalização. Disponível em: <http://www.portcom.intercom.
org.br/ojs-2.3.1-2/index.php/revistaintercom/article/view/462/432>, acessado em 14 de outubro
de 2010.
71) A “sociedade da informação”, conforme Castells (1999 apud Machado; Reis, s.d.), apresenta
cinco características principais: “as tecnologias agindo sobre a informação e não apenas a
informação agindo sobre as tecnologias, como foi o caso das revoluções tecnológicas anteriores;
a penetrabilidade dos efeitos das TICs na sociedade; a lógica das redes; a flexibilidade; e a
convergência de tecnologias específicas para um sistema altamente integrado - a internet”.
132 Cristina Marques Gomes
72) Em 1995 Stanford University Library’s Highwire Press começou a publicar o Journal
of Biological Chemistry - o periódico mais citado da American Society for Biochemistry and
Molecular Biology. Logo a seguir a Highwire realizou parcerias com a Science e o Proceedings of the
National Academy of Sciences e atualmente possui mais de 200 títulos de revistas, principalmente
na área médica e das ciências da vida. A mesma foi fundada para garantir que seus parceiros, as
sociedades científicas e os editores fossem capaz de conduzir de forma plena a transição para o
uso das novas tecnologias na comunicação. Desempenhando, ainda, um papel significativo na
melhoria das funcionalidades de um periódico incluindo imagens em alta resolução, multimédia e
interatividade (Gass, 2001).
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 133
73) “Walsh e Roselle (1999 apud Pikas, 2006), por exemplo, copilaram as taxas comparativas de
utilização do e-mail por diferentes domínios e descobriram que os matemáticos e físicos utilizavam
o mesmo desde antes de 1991 e que todas as outras áreas da ciência, com exceção da ornitologia,
tinham adotado o e-mail em 1997 (Pikas, 2006). Russel (2001 apud Pikas, 2006) afirma que os
cientistas nos países em desenvolvimento têm sido mais lentos na adoção das TICs, devido à falta
de telecomunicações, energia e infraestrutura institucional” (Pikas, 2006) (tradução livre nossa).
“E Kling & Callahan (2003) argumentam que: estudiosos podem utilizar de diferentes tipos de
fóruns como meio de comunicação sobre as suas pesquisas, podem participar de seminários e
conferências, já a combinação destes e sua importância relativa varia, no entanto, de campo para
campo” (Kling; Callahan, 2003) (tradução livre nossa).
74) Veja também o site “Reshaping Scholarly Communication” da University of California
disponível em: <http://osc.universityofcalifornia.edu/>.
Capítulo 3
1) "A comunicação científica consiste em muitas atividades interligadas. Essas acontecem
dentro de uma infraestrutura institucional, política, social e econômica. […] Atores individuais
vêem a sua parte da infraestrutura […] e, muitas vezes, não têm consciência de como as suas
partes interagem com as outras até que um importante componente da infraestrutura se rompe ou
uma mudança em outra parte afeta substancialmente as suas próprias preocupações. Muitos dos
processos, estruturas e relações da comunicação científica são invisíveis na maioria das vezes”
(Borgman, 2007) (tradução livre nossa).
2) “Os principais conceitos do método IDEF0 são as atividades e o fluxo; as atividades
são apresentadas a partir de retângulos e os seus nomes começam com verbos; os fluxos são
representados por setas e os nomes são substantivos; um fluxo pode ser tanto uma entrada, saída
ou mecanismo de controle; muitas vezes o termo IcomS (entradas, controles, saídas, mecanismos)
é usado para designar os fluxos; uma entrada representa algo que é consumido em uma atividade
para produzir uma saída; entradas típicas poderiam ser matérias-primas, energia, trabalho humano,
mas também informação, quando o objetivo da atividade é transformar a mesma; as saídas podem
ser reutilizadas como insumos para outras atividades; a realização das atividades é orientada por
controles; saídas que tomam a forma de informações também podem ser usados como controle; a
apresentação dos diagramas IDEF0 é hierárquica, de forma que as atividades individuais contidas
são divididas em outras sub-atividades em diagramas inferiores na hierarquia; para o exercício de
modelagem uma ferramenta especial chamada BPwin foi utilizada para fazer e editar o modelo
IDEFO” (Bjork, 2007) (tradução livre nossa).
3) Diagramas apresentados por Bjork (2007): A0 Context diagram / A0 Do resarch, communicate
and apply the results / A1 Fund R&D / A1.1 Evaluate prior researche of applications / A1.2 Evaluate
researche proposals / A1.3 Make funding decisions / A2 Perform the research / A2.1 Study existing
scientific knowledge / A2.2 Collet data from existing repositories / A2.3 Do experiments and
make observations / A2.4 Analyse and draw conclusions / A3 Communicate the results / A3.1
Communicate the results informally / A3.2 Communicate the results through publications / A3.2.1
Publish the results / A3.2.1.1 Write manuscript / A3.2.1.2 Chose where to submit or negotiate
publishing / A3.2.1.3 Produce publication / A.3.2.1.3.1 Publish as monograph / A.3.2.1.3.2
Publish as conference paper / A.3.2.1.3.3 Publish as scholarly journal article / A.3.2.1.3.3.1 Do
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 137
4) Nesse diagrama é interessante a inclusão do CRIS (Current Research Information Systems) -
que lida com o armazenamento dos dados das investigações em curso; repositórios institucionais,
etc - e está disponível em <http://www.eurocris.org/>.
140 Cristina Marques Gomes
O modelo em sua forma atual não foi validado em seus detalhes, mas tem
sido discutido com vários colegas que agregam comentários encorajadores.
Seria de fato muito difícil projetar um método para a validação do modelo.
As falhas nos detalhes do modelo poderiam ser apontadas, mas seria difícil
testar o modelo como um todo. Cada participante no processo global
tem uma perspectiva diferente sobre o processo. O único teste realista do
modelo é mostrar o mesmo para as pessoas e perguntar se elas acham que
é útil na criação de uma melhor compreensão do processo global (Bjork,
2007) (tradução livre nossa).
5) Veja também o livro Systematics as Cyberscience: Computers, Change and Continuity in
Science de Christine Hine publicado em 2008 - Disponível em: <http://mitpress.mit.edu/catalog/
item/default.asp?ttype=2&tid=11472>.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 145
6) Com relação aos modelos de produção do conhecimento, observa-se: “a abordagem ´Systems
of Innovation” que abrange uma ampla gama de trabalhos com foco no sistema(s) dentro do qual
o conhecimento é produzido, comunicado e aplicado; o ´New Production of Knowledge´, que se
baseia em comparar e contrastar as conceitualizações ´ideais´ da pesquisa disciplinar tradicional,
com um problema emergente transdisciplinar, orientado para a produção do conhecimento; o
´Tripe Helix”, que procura descrever a emergente inter-relação entre as universidades, a indústria
e o estado; e a ´Post-Academic Science´, que procura descrever a era emergente da ciência e
contrastá-la com a tradicional “academic science” (tradução livre nossa). Fonte: HOUGHTON
et al. Changing Research Practices in the Digital Information and Communication Environment.
Department of Education, Science and Training - Commonwealth of Australia de 2003. Disponível
em: <http://eprints.vu.edu.au/456/1/c_res_pract.pdf>, acesssado em 10 de agosto de 2011.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 147
por pares impulsiona questões que giram em torno de: “como os leitores podem
reconhecer o material de boa qualidade? Como os editores podem manter o
alto padrão e fazer com que os leitores saibam? Que critérios devem usar as
bibliotecas na seleção do material? […]” (Arms, s.d.), etc. E, antes do que isso,
qual é o objetivo do peer review? “É um filtro, um sistema de distribuição ou um
processo de controle de qualidade? (Wager, s.d.)”.
A maioria das pessoas aceita que a revisão por pares é extremamente valiosa
e deve ser mantida e protegida, mas poucas concordam para qual propósito a
mesma serve. Publicação científica, mesmo em sua forma simples, envolve
complexas interações entre os pesquisadores (autores), editores, revisores
e leitores. É uma forma sutil de comportamento humano que poderia
fornecer a matéria-prima para dezenas de teses de sociologia. E quando o
empreendimento acadêmico se confunde com os interesses comerciais, as
coisas ficam ainda mais complicadas (Wager, s.d.) (tradução livre nossa).
E, essa fusão, academia versus mercado, existe e não deve ser negligenciada
e nem supervalorizada. Por comportar um conjunto de processos a CC é sujeita,
também, a várias precipitações de diferentes ordens, nessa contextura, para
os autores e as organizações que financiam as pesquisas, a “revisão por pares
fornece um verniz de respeitabilidade importante”; para os editores contribui
para o processo decisório; para os leitores é um “filtro, reduzindo a quantidade
de materiais que deveriam ler para ficarem a par dos assuntos”, ao mesmo tempo
que, é dificultosa na detecção da “má ciência” e “suscetível de abuso, como
ideias ou dados que podem ser roubados de um documento em análise ou a
publicação ser adiada pelos concorrentes” (Wager, s.d.)7.
O grande “nó” dos debates, até então realizados, está centrado, principalmente,
na “explosão” de conteúdos científicos na internet e a consequente quebra de
“domínio” dos periódicos como “veículos privilegiados para a CC e filtros de
qualidade científica” e, de fato, a internet e a web foram “abrindo caminhos”
7) Veja também o livro Peer Review in Health Sciences de Fiona Godlee e Tom Jefferson, pela
Editora BMJ Publishing Group de 2003.
148 Cristina Marques Gomes
para outras e novas formas de avaliação científica (como o “open peer review”),
até então, impossíveis. De um lado está o conteúdo selecionado, de forma
tradicional, via a revisão por pares e, de outro, conteúdos cuja “qualidade” advém
de critérios diversos que incluem, inclusive, a pós-publicação. Nessa linha, alguns
investigadores questionam a necessidade de estratégias que possam superar os
limites tradicionais do peer review e métricas8 que, por outra via, complementem
o fator de impacto. Com relação às últimas, o “social software” (em particular
o “social bookmarking systems”) pode, a longo prazo, fornecer dados mais
confiáveis (no sentido de “precisos”) na medição do impacto científico do que
as “estatísticas tradicionais”, no entanto, os “metadados sociais” não se baseiam
nas opiniões de especialistas e estão mais sujeitos a distorções e manipulações,
não fornecendo, por conseguinte, as mesmas “garantias” que os processos
padrões apesar de produzirem, quase sem custos, “representações avaliativas
do conhecimento científico em uma escala muito grande” (ou seja, eficiência e
escalabilidade) - “Medir a ´tag density´ por item em termos de ´social software´
é, possivelmente, a estratégia mais confiável para estimar a relevância semântica
de um item sem depender das sugestões de especialistas” (Taraborelli, 2008).
Paralelamente, os “filtros de amanhã”, segundo o manifesto “alt-metrics”,
esbarram no número crescente de estudiosos que:
[…] estão movendo seu trabalho diário para a web. Com gestores de referência
online como o Zotero e o Mendeley reivindicando um armazenamento de
mais de 40 milhões de artigos (tornando-os substancialmente maiores do
que a PubMed); com um terço dos estudiosos no Twitter e um número
crescente de blogs acadêmicos.
[…] Artigos estão cada vez mais apoiados pela partilha de “ciência-prima”,
como conjunto de dados, código e projetos experimentais; por publicações
Tais tendências acima estão - boa parte delas - relacionadas aos documentos
já produzidos e publicados, como, no caso, do Zotero (<disponível em: <http://
www.zotero.org/>), e não ao conhecimento novo e/ou em produção mas,
de qualquer forma, são processos recentes/diferentes que impactam na CC,
principalmente, no que tange a pesquisa no âmbito da acepção tradicionalmente
relacionada ao tripé “pesquisa, sistema e sociedade”. E, consoante ao exposto
e de forma “menos otimista”, alguns dados contrabalançam os teóricos mais
“entusiastas” - por exemplo, sobre o “open peer review”, um estudo detalhado
realizado em 2006 pela Nature (disponível em: <http://www.nature.com/>),
comprovou, estatisticamente e com base em fontes empíricas, que o conceito
em questão não foi considerado “popular” tanto entre os autores como entre os
investigadores convidados a comentarem os artigos.
9) Independentemente da citação acima outros detalhes sobre nanopublicações podem ser obtidos
com a leitura do texto “The Anatomy of a Nano-publication” de Paul Groth, Andrew Gibson e
Johannes Velterop disponível em: <http://www.w3.org/wiki/images/c/c0/HCLSIG$$SWANSIOC
$$Actions$$RhetoricalStructure$$meetings$$20100215$cwa-anatomy-nanopub-v3.pdf>.
150 Cristina Marques Gomes
10) Veja também outros textos sobre o peer review publicados na Nature, são eles: Online
frontiers of the peer-reviewed literature de Theodora Bloom (Disponível em: <http://www.nature.
com/nature/peerreview/debate/nature05030.html>); Trusting data's quality de Brenda Riley
(Disponível em: <http://www.nature.com/nature/peerreview/debate/nature04993.html>); Opening
up the process de Erik Sandewall (Disponível em: <http://www.nature.com/nature/peerreview/
debate/nature04994.html>); An open, two-stage peer-review journal de Thomas Koop e Ulrich
Pöschl (Disponível em: <http://www.nature.com/nature/peerreview/debate/nature04988.html>);
Reviving a culture of scientific debate de Eugene Koonin, Laura Landweber, David Lipman e Ros
Dignon (Disponível em: <http://www.nature.com/nature/peerreview/debate/nature05005.html>);
The true purpose of peer review de Charles Jennings (Disponível em: <http://www.nature.com/
nature/peerreview/debate/nature05032.html>); Models of quality control for scientific research de
Tom Jefferson (Disponível em: <http://www.nature.com/nature/peerreview/debate/nature05031.
html>); How can we get the best out of peer review? de Trish Groves (Disponível em: <http://
www.nature.com/nature/peerreview/debate/nature04995.html>); Statistics in peer review de
David Ozonoff (Disponível em: <http://www.nature.com/nature/peerreview/debate/nature04989.
html>); How can we research peer review? de Joan E. Sieber (Disponível em: <http://www.
nature.com/nature/peerreview/debate/nature05006.html>); Trust and reputation on the web de
William Arms (Disponível em: <http://www.nature.com/nature/peerreview/debate/nature05035.
html>); Detecting misconduct de Dale Benos (Disponível em: <http://www.nature.com/nature/
peerreview/debate/nature04996.html>); What is it for? de Elizabeth Wager (Disponível em:
<http://www.nature.com/nature/peerreview/debate/nature04990.html>); Increasing accountability
de Kirby Lee e Lisa Bero (Disponível em: <http://www.nature.com/nature/peerreview/debate/
nature05007.html>); Evolving peer review for the internet de Richard Akerman (Disponível em:
<http://www.nature.com/nature/peerreview/debate/nature04997.html>); Wisdom of the crowds de
Chris Anderson (Disponível em: <http://www.nature.com/nature/peerreview/debate/nature04992.
html>); Certification in a digital era de Herbert Van de Sompel (Disponível em: <http://www.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 151
13) Veja o texto: A threat to scientific communication de Zoe Corbyn publicado no volume 13 de
2009 da Time Higher Education – disponível em: <http://www.timeshighereducation.co.uk/story.
asp?storycode=407705>.
14) Veja o texto: A review of emerging models in Canadian academic publishing de Kathleen
Shearer de 2010 - no mesmo os estudos de caso estão centralizados em: I. Open Access Journals;
II. Library Hosting and Publishing Services; III. Other Journal Hosting and Publishing Services;
IV. University Presses; V. Digitization and Print on Demand Services; VI. Open Repositories; VII.
Aggregators and Harvesters; e VIII. New Forms of Digital Scholarship.
Disponível em: <https://circle.ubc.ca/bitstream/handle/2429/24008/Shearer_Canadian_
Academic_Publishing.pdf?sequence=1>.
E, ainda: PeerView: Query Processing Based on Views over Collaborative Peers de Aoying, Z.,
X. Tian, et al publicado na IEEE Xplore em 2004; Peer-review y acceso abierto a la información
científica: Modelos y tendencias en el proceso de comunicación científica de Ayuso García, M.
D. e M. J. Ayuso Sánchez publicado na Revista Interamericana de Bibliotecologia (v. 32, n.1)
em 2009; Wikipedia and academic peer review: Wikipedia as a recognised medium for scholarly
publication? de Black, E. W publicado na Online Information Review (v.12, n.1) de 2008; The
manuscript reviewing process: Empirical research on review requests, review sequences, and
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 153
decision rules in peer review de Bornmann, L. e H.-D. Daniel publicado na Library & Information
Science Research (v.32, n.1) em 2010; Peer Review in the Google Age: Is technology changing the
way science is done and evaluated? Presentation de Dominy, M., J.-C. Bradley, et al. publicado na
E-LIS: E-Prints in Library and Information Science em 2006; Peer review and in-depth interviews
with publishers as a means of assessing quality of research monographs de Giménez-Toledo, E. e
A. Román-Román publicado na E-LIS: E-Prints in Library and Information Science em 2008; The
invisible hand of peer review de Harnad, S. publicado na Cogprints em 2000; e Further comments
on peer review de Koltay, T. publicado na Library & Information Science Research (v.32, n.3)
em 2010.
15) As “PlosOne Clones” são: BMJ Open; SAGE Open; Scientific Reports (Nature Publishing
Group); G3 (Genetics Society of America); AIP Advances (American Inst Phys); Physical Review
X (American Phys Society); Biology Open (Company of Biologists); Open Biology (Royal
Society); Cell Reports (Elsevier, Cell Press); QScience Connect (Bloomsbury Qatar Foundation
Journals). Fonte: Comunicação Oral de Mark Patterson. OAI7. CERN Workshop on Innovations
in Scholarly Communication. University of Geneva. 23 de junho de 2011.
16) Veja também o artigo de Álvaro Cabezas-Clavijo e Daniel Torres-Salinas intitulado
“Indicadores de uso y participación en las revistas científicas 2.0: el caso de PLoS One” -
Disponível em: <http://eprints.rclis.org/bitstream/10760/14801/1/431-434.pdf>.
154 Cristina Marques Gomes
(Casati, s.d)17, incidindo, mais uma vez, nas entrelinhas associadas ao poder pelo
viés negativo.
Comentamos, ainda, num parágrafo acima sobre a “pós-publicação” e, em
periódicos como a PlosOne e outros, o que se vê é um “valor acrescentado”
que torna parte do ciclo da CC associado à publicação, na contemporaneidade,
perceptível a partir da ilustração abaixo:
18) Sobre a via verde no contexto contemporâneo consulte o projeto do FP7 intitulado “PEER:
Publishing and the Ecology of European Research” disponível em: <http://www.peerproject.eu>.
19) Que “já está dentro do alcance e quase à vista”. Fonte: Shadbolt et al (2006). Chapter 21 - The
Open Research Web. Disponível em: <http://eprints.ecs.soton.ac.uk/12453/2/Shadbolt-final.pdf>,
acessado em 22 de agosto de 2011.
Um encontro sobre o tema The Impact of Electronic Publishing on Scholarly Communication: A
Forum on the Future foi realizado em 2000 na University of Illinois at Urbana-Champaign Libraries.
20) Um projeto da Digital Library Production Service da University of Michigan. Disponível em:
<www.oaister.org/>.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 157
21) “Em Ciência da Computação e Ciência da Informação, uma ontologia é um modelo de dados
que representa um conjunto de conceitos dentro de um domínio e os relacionamentos entre estes.
Uma ontologia é utilizada para realizar inferência sobre os objetos do domínio. Ontologias são
utilizadas em inteligência artificial, web semântica, engenharia de software e arquitetura da
informação, como uma forma de representação de conhecimento sobre o mundo ou alguma parte
deste. Ontologias geralmente descrevem: Indivíduos: os objetos básicos; Classes: conjuntos,
coleções ou tipos de objetos; Atributos: propriedades, características ou parâmetros que os objetos
podem ter e compartilhar; Relacionamentos: as formas como os objetos podem se relacionar com
outros objetos”. Fonte: Wikipedia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/TICs>, acessado
em 2 de maio de 2011.
E, ainda: “construídas com base no RDF Schema, ontologias computacionais, codificadas na
Web Ontology Languague - OWL (2004), organizam o conhecimento em domínios específicos,
registrando conceitos acordados por comunidades, organizados em hierarquia de classes e
subclasses, em propriedades desses conceitos, em relações entre eles e em regras lógicas para
aplicá-los a esse domínio. Esse rico esquema de representação semântica permite a agentes
de software executar inferências e tarefas sofisticadas com base no conteúdo de documentos”
(Marcondes, 2011).
22) “A web semântica é uma extensão da web atual, que permitirá aos computadores e humanos
trabalharem em cooperação. A web semântica interliga significados de palavras e, neste âmbito, tem
como finalidade conseguir atribuir um significado (sentido) aos conteúdos publicados na internet
de modo que seja perceptível tanto pelo humano como pelo computador. A ideia da web semântica
surgiu em 2001, quando Tim Berners-Lee, James Hendler e Ora Lassila publicaram um artigo na
revista Scientific American, intitulado: ´Web Semântica: um novo formato de conteúdo para a
web que tem significado para computadores vai iniciar uma revolução de novas possibilidades´.
O objetivo principal da web semântica não é, pelo menos para já, treinar as máquinas para que se
comportem como pessoas, mas sim desenvolver tecnologias e linguagens que tornem a informação
legível para as máquinas. A finalidade passa pelo desenvolvimento de um modelo tecnológico que
permita a partilha global de conhecimento assistido por máquinas (W3C 2001). A integração das
linguagens ou tecnologias eXtensible Markup Language (XML), Resource Description Framework
(RDF), arquiteturas de metadados, ontologias, agentes computacionais, entre outras, favorecerá o
158 Cristina Marques Gomes
possível navegar por todos e por cada […] por meio do que, tecnicamente,
seria a “citation-surfing” ao invés da “link-surfing”;
• Um análogo ao CiteRank do algoritmo do Google PageRank23 permitirá
acesso […] pela contagem de citações ponderadas ao invés de ligações
apenas ordinárias (nem todas as citações são iguais: uma citação de um autor
muito citado em um artigo “pesa” mais do que um outro menos relevante)
(Page et al; 1999 apud Shadbolt et al; 2006);
• Além do “ranking hits” por “author/article/topic citation counts” também
será possível classificar por “author/article/topic download counts” (a partir
de vários sites […]) (Adams; 2005 apud Shadbolt et al; 2006);
• “Ranking” e “download/citation counts” serão utilizados não apenas
para a pesquisa mas, também, por indivíduos e instituições para a avaliação,
previsão e outras formas de análise, on e offline;
• […]
• A pesquisa, análise, previsão e avaliação também serão verificadas
pela “co-citation analysis, “co-authorship analysis” e eventualmente a “co-
download analysis”;
• Análises de “co-text” (com técnicas de IA, incluindo a análise semântica
latente, a web semântica e outras formas de “semiometrics” - Macrae;
24) “A Resource Description Framework (RDF) é uma linguagem para representar informação
na internet. Arquivos RDF são modelos ou fontes de dados, também conhecidos como metadata,
tecnologia endossada e recomendada pela W3C desde fevereiro de 1999, tendo como principais
objetivos criar um modelo simples de dados, com uma semântica formal, usar o vocabulário URI-
based e uma sintaxe XML-based e suportar o uso de XML. Os arquivos RDF têm três componentes
básicos: recurso, propriedade e indicação, o que torna a linguagem altamente escalável. Recurso:
Qualquer coisa que pode conter um URI, incluindo as páginas da web, assim como elementos
160 Cristina Marques Gomes
25) Veja também: Harley, D. et al. Final report: assessing the future landscape of Scholarly
Communication: an exploration of faculty values and needs in seven disciplines. Berkeley, CA:
Center for Studies in Higher Education, UC Berkeley, 2010; RIN. Communicating knowledge:
how and why UK researchers publish and disseminate their findings. London, UK: Research
Information Network, 2009; e Tenopir, C.; D. W. KING, J. SPENCER; Wu Lei. Variations in article
seeking and reading patterns of academics: what makes a difference?. In: Library & Information
Science Research, v.31, n.3, 2009.
26) “Prospecção de dados (português europeu) ou mineração de dados (português brasileiro)
(também conhecida pelo termo inglês data mining) é o processo de explorar grandes quantidades
de dados à procura de padrões consistentes, como regras de associação ou sequências temporais,
para detectar relacionamentos sistemáticos entre variáveis, detectando assim novos subconjuntos
de dados. Esse é um tópico recente em Ciência da Computação mas utiliza várias técnicas da
162 Cristina Marques Gomes
27) “Os dados científicos que, nos termos da definição da Organization for Economic Co-
operation and Development (OCDE), são ´registos factuais usados como fontes primárias na
investigação científica, e que são geralmente aceites na comunidade científica como necessários
para validar os resultados de investigação´”. Fonte: Projeto RCAAP. D-24-Relatório. Os
Repositórios de Dados Científicos: Estado-da-Arte. Disponível em: <http://repositorio-aberto.
up.pt/handle/10216/23806>, acessado em 8 de agosto de 2010.
28) Disponível em: <http://ec.europa.eu/information_society/newsroom/cf/document.
cfm?action=display&doc_id=707>
29) “A curadoria de dados designa o conjunto de acções que garantem que um conjunto de dados
é genuíno, permitindo o seu uso por outros que não os seus produtores. A curadoria pode envolver
acções de descrição dos dados, de ligação destes a outros que os tornem inteligíveis, de registo
dos usos que tenham e dos resultados a que tenham dado origem. A curadoria envolve também
acções de preservação, em que a representação dos dados e os seus metadados tenham de ser
modificados. As acções de curadoria e de gestão de dados têm alguma intersecção, sendo as de
gestão mais independentes do conteúdo e do uso”. Fonte: Projeto RCAAP. D-24-Relatório. Os
Repositórios de Dados Científicos: Estado-da-Arte. Disponível em: <http://repositorio-aberto.
up.pt/handle/10216/23806>, acessado em 8 de agosto de 2010.
30) A “Digital Agenda” no âmbito Europeu define políticas e ações com o propósito de maximizar
os benefícios da “revolução digital para todos”. A pesquisa científica é apoiada por suas
infraestruturas: ferramentas e instrumentos técnicos e sócio-econômicos, sistemas de organização
164 Cristina Marques Gomes
Visão 2030:
Todos os interessados, indo dos cientistas, passando pelas autoridades
nacionais e o público em geral estão conscientes da importância crítica
da preservação e da partilha de dados fiáveis produzidos durante todo o
processo científico.
e compartilhamento do conhecimento.
31) “O conceito de computação em nuvem (em inglês, cloud computing) refere-se à utilização
da memória e das capacidades de armazenamento e cálculo de computadores e servidores
compartilhados e interligados por meio da internet, seguindo o princípio da computação em
grade. O armazenamento de dados é feito em serviços que poderão ser acessados de qualquer
lugar do mundo, a qualquer hora, não havendo necessidade de instalação de programas x ou de
armazenar dados. O acesso a programas, serviços e arquivos é remoto, através da internet - daí a
alusão à nuvem. O uso desse modelo (ambiente) é mais viável do que o uso de unidades físicas.
Num sistema operacional disponível na internet, a partir de qualquer computador e em qualquer
lugar, pode-se ter acesso a informações, arquivos e programas num sistema único, independente
de plataforma. O requisito mínimo é um computador compatível com os recursos disponíveis na
internet. O PC torna-se apenas um chip ligado à internet - a "grande nuvem" de computadores -
sendo necessários somente os dispositivos de entrada (teclado, mouse) e saída (monitor)”. Fonte:
Wikipedia. Disponível em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Computa%C3%A7%C3%A3o_em_
nuvem>, acessado em 22 de novembro de 2011.
32) Fonte: Disponível em: <http://ec.europa.eu/information_society/newsroom/cf/document.
cfm?action=display&doc_id=707>, acessado em 23 de novembro de 2010.
33) Veja também o relatório "Global Scientific Data Infrastructures: The GRDI2020 Vision"
disponível em: <http://www.dariah.eu/index.php?view=article&catid=3:dariah&id=168:gr
di2020-roadmap-report&format=pdf>.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 165
34) Quando remetemos aos dados extrapolamos, pois, na contemporaneidade, a questão dos
repositórios, também, para esse nível. E, nessa linha, cita-se o relatório “Os Repositórios de Dados
Científicos: Estado da Arte” realizado em 2010 pelo Repositório Científico de Acesso Aberto
de Portugal (RCAAP). O documento inicia-se: “[...] com uma introdução, que contextualiza a
crescente visibilidade dos temas relacionados com a curadoria e a partilha dos dados científicos
e explicita as escolhas terminológicas que foram realizadas para os conceitos mais comuns na
literatura neste domínio. Na segunda secção do estudo intitulada: “Dados científicos e repositórios
de dados”, é apresentado um quadro actual dos repositórios de dados científicos, referindo o seu
enquadramento, a sua origem e a sua evolução. A necessidade de conjugar a dimensão institucional
(muito ampla e multidisciplinar no caso das universidades) com a dimensão disciplinar (com
os seus requisitos específicos) é identificada como um dos principais desafios à utilização dos
repositórios institucionais como componente da infraestrutura global de curadoria dos dados
científicos. Nesta secção são ainda apresentadas e descritas as principais tecnologias, plataformas
e normas de metadados utilizadas neste domínio. Na terceira secção designada: “Repositórios,
partilha e curadoria de dados”, o relatório prossegue com uma identificação dos principais
actores, problemas, desafios, soluções e benefícios relacionados com o acesso e a gestão de dados
científicos através de repositórios. Constata-se que a tomada de consciência da necessidade do
armazenamento e da preservação de dados científicos em repositórios criados e mantidos para
esse efeito constitui um processo ainda em curso, com diferentes estádios de maturidade a nível
166 Cristina Marques Gomes
torno da gestão dos dados são infindáveis e ocasionam algumas suposições que
podem, ou não, gerarem mudanças, como, por exemplo, a possível integração
de grandes conjuntos de dados de diferentes disciplinas e países e/ou a
recombinação dos mesmos a partir de perspectivas díspares, numa espécie de
“ciência intensiva dos dados”35, que pudesse revelar correlações e inferências,
via a enorme quantidade de dados não utilizados em diversas escalas ou, o que
aqui se considera relevante, originar a partir da visão geral dos mesmos, uma
compreensão holística de fenômenos, inicialmente, dispersos, facilitando, por
outro lado, as “questões de investigação pequenas”. Ocasionando, por fim, em
outro nível, o “alívio” por parte dos pesquisadores no sentido do gerenciamento
dos dados e da sua própria curadoria (Wittenburd; Linden; s.d.). No entanto,
caímos, pois, no paradoxal, anteriormente levantado do que, ou o quê ou para
quê, se quer mudar. O HLEG, nesse cenário, aponta alguns obstáculos a serem
superados: a mudança cultural dos pesquisadores em relação ao depósito dos
dados e do usuário quanto ao uso, a maior confiança está, também, diretamente
relacionada com a “qualidade, integridade e autenticidade” dos dados; para tal,
é importante, a contextualização e a proveniência como forma de “validar” os
mesmos; e, ainda, a “necessidade de novas responsabilidades e mecanismos que
resolvam a curadoria, preservação, organização e concessão dos dados”, além, é
claro, de incentivos, inerentes às carreiras, para que os pesquisadores depositem
dados de qualidade (Wittenburd; Linden; s.d.). E, como outros pontos relevantes,
podemos citar “no financiamento a necessidade de compreensão dos dados como
um ´tesouro socioeconômico em uma economia competitiva´, a necessidade de
modelos de negócios específicos; a necessidade de medir a qualidade e o impacto
e recompensar os ´contribuintes´; a emergência de outro tipo de especialista: o
´cientistas de dados´, dentre outros aspectos” (Wittenburd; Linden; s.d.).
O grupo supracitado, ainda, dentre diversas metas e motivações36, apresenta
uma que, em meio às demais, remete a outros parâmetros anteriormente
apontados, a de que o “conhecimento é poder” e que os “dados possuem
um valor, embora difíceis de serem quantificáveis” (Wittenburd; Linden;
s.d.). Um valor que não é, literalmente, “palpável”, visto que, até a forma de
armazenamento é remota e advém da “nuvem” - esta, dividida minimamente,
pois, na contemporaneidade, em 3 âmbitos: “utility computing [infrastructure]”
- exemplo: Amazon na prestação de serviços virtuais -; “platform as a Service
[platform]” - exemplo: Google App Engine and Salesforce’s -; e “end-user
applications [software]” - exemplo: qualquer aplicação web - Facebook; Flickr,
etc (Dirks, s.d). Em termos conceituais, ainda, apresentamos o “Computing
Grids” (“fornece acesso a computadores distribuídos permitindo, pois, que as
aplicações possam ser executadas em vários sistemas de computação”); “Data
36) “Metas: chegar a uma visão 2030 para a gestão de dados de pesquisa; discutir aspectos
relevantes em torno dos ´dados´ de forma imparcial; acelerar as medidas para ´cuidar´ dos nossos
dados, mantendo-se a competitividade. Motivações: enorme aumento de escala e complexidade;
não somente ´resumir´ o que está sendo feito, mas facilitar uma abordagem sistemática e global
que desenvolva ações futuras”. Fonte: Comunicação Oral de Peter Wittenburg e Krister Lindén.
OAI7. CERN Workshop on Innovations in Scholarly Communication. University of Geneva. 24
de junho de 2011.
168 Cristina Marques Gomes
37) “Grid: no sentido mais geral, a grid computing é análoga a uma rede de energia elétrica,
que permite o acesso generalizado à eletricidade. ´Grid´ também pode referir-se a um software
específico para a acumulação da capacidade não utilizada da rede de computadores (Foster, 2000,
2003; Foster e Kesselman, 2001). […] ´Grid computing´ é uma das várias arquiteturas técnicas que
apoiam a ´digital sholarship´” (Borgman, 2007) (tradução livre nossa).
38) Coordenado pelo Grid Infrastructure Group (GIG) da University of Chicago (EUA) em
parceria com: Indiana University, Louisiana Optical Network Initiative, National Center for
Supercomputing Applications, National Institute for Computational Sciences, Oak Ridge National
Laboratory, Pittsburgh Supercomputing Center, Purdue University, San Diego Supercomputer
Center, Texas Advanced Computing Center, University of Chicago/Argonne National Laboratory
e National Center for Atmospheric Research.
39) Dentre os quais: “May the Best Analyst Win” de Jennifer Carpenter; “Climate Data Challenges
in the 21st Century” de J. T. Overpeck et al.; “Challenges and Opportunities of Open Data in
Ecology” de O. J. Reichman et al.; “Changing the Equation on Scientific Data Visualization” de
P. Fox e J. Hendler; “Challenges and Opportunities in Mining Neuroscience Data” de H. Akil et
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 169
al.; “The Disappearing Third Dimension” de T. Rowe e L. R. Frank; “Advancing Global Health
Research Through Digital Technology and Sharing Data” de T. Lang; “More Is Less: Signal
Processing and the Data Deluge” de R. G. Baraniuk; “Ensuring the Data-Rich Future of the
Social Sciences” de G. King; “Metaknowlege” de J. A. Evans e J. G. Foster; “Access to Stem
Cells and Data: Persons, Property Rights, and Scientific Progress” de D. J. H. Mathews et al.; e
“On the Future of Genomic Data” de S. D. Kahn. Disponíveis em: <http://www.sciencemag.org/
content/331/6018/692.short>.
40) Fonte: Introdution. Challenges and Opportunities. Disponível em: <http://www.sciencemag.
org/content/331/6018/692.short>, acessado em 11 de fevereiro de 2011.
41) Fonte: Introdution. Challenges and Opportunities. Disponível em: <http://www.sciencemag.
org/content/331/6018/692.short>, acessado em 11 de fevereiro de 2011.
42) Veja o artigo The World’s Technological Capacity to Compute, Store, and Communicate
Information de M. Hilbert e P. López disponível em: <http://www.sciencemag.org/site/special/
data/>.
170 Cristina Marques Gomes
ora como se tudo ainda “estivesse por fazer”43 ora com problemas avançados em
termos de recursos, curadoria e gestão dos dados é totalmente condizente com as
mutações do ambiente contemporâneo.
Já na ótica “macro” podemos citar que: o próprio FP7 exige que todos os
projetos desenvolvam um “plano preliminar de gerenciamento dos dados”, no
entanto, a Comunidade Europeia não mantém um repositório de dados integrados
- financia alguns como, por exemplo, o Dariah - um repositório de dados voltado
para a área de artes e humanidades; disponível em: <http://www.dariah.eu/>.;
na Holanda existe o “Forum”, dirigido pela Surf Foundation44, com o intuito
de colaborar na “conservação e troca dos dados de pesquisa” garantindo, por
conseguinte, um melhor acesso aos pesquisadores e ao público em geral - reúne
diferentes organizações, tais como, a DANS (disponível em: <http://www.dans.
knaw.nl/en>), 3TU (disponível em: <http://www.3tu.nl/en/>), Tilburg University
(disponível em: <http://www.tilburguniversity.edu/>) e a Netherlands Coalition
for Digital Preservation (CNDD) (disponível em: <http://www.ncdd.nl/en/index.
php>) (Fonte: Surf Foundation); na Austrália o programa mais representativo
de compartilhamento de dados é o Australian National Data Service (ANDS)
(disponível em: <http://ands.org.au/>); nos EUA, tanto o National Institutes of
Health (NIH)45 com a NSF46 utilizam políticas específicas relacionadas à partilha
de dados; e o Reino Unido é o que possui as políticas mais abrangentes em
relação aos dados - 4 dos 7 Conselhos de Pesquisa exigem que os pesquisadores
disponibilizem seus dados de pesquisa - conjugado, pois, com uma série de
43) Vide a frase “We’re not even to the Industrial Revolution of Data yet…” citada por Lee
Dirks com base no Joe Hellerstein (Blog: “The Commoditization of Massive Data Analysis”).
Fonte: DIRKS, Lee. The Next Generation Scholarly Communication Ecosystem: Implications for
Librarians. Disponível em: <http://www.statsbiblioteket.dk/liber2010/presentations/Lee_Dirks.
pdf>, acessado em 4 de julho de 2011.
44) “É uma instituição que une as universidades e centros de pesquisa da Holanda com o
propósito de desenvolver uma série de projetos inovadores em várias linhas e cuja finalidade
última está relacionada com a melhora da qualidade do ensino e da pesquisa. A mesma inicia,
organiza e promove a inovação em TICs, através da partilha de conhecimentos, programas,
incentivos e parcerias” (tradução livre nossa). Fonte: Surf Foundation. Disponível em: <http://
www.surffoundation.nl>, acessado em 20 de janeiro de 2011.
45) Política disponível em: <http://grants.nih.gov/grants/policy/data_sharing/data_sharing_
guidance.htm>
46) Política disponível em: <http://www.nsf.gov/bfa/dias/policy/dmp.jsp>.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 171
47) “Nos próximos anos, nós veremos uma revolução na habilidade das máquinas de acessar,
processar e aplicar informação. Esta revolução vai emergir de três áreas de atividade relacionadas
à web semântica: a web de dados, a web de serviços e a web de identidades. Estas redes visam
tornar o conhecimento de dados semânticos acessível, os serviços semânticos disponíveis e
conectáveis e o conhecimento semântico dos indivíduos processável, respectivamente. […] A ideia
de uma web dos dados surgiu com a web semântica. Tentaram resolver o problema da inerente
incapacidade das máquinas de entender páginas web. Inicialmente, o objetivo da web semântica era
invisivelmente marcar páginas web com um conjunto de meta-atributos e categorias para permitir
as máquinas interpretar o texto e colocá-lo em algum tipo de contexto. Esta abordagem não foi
bem sucedida por que as marcações eram muito complicadas para humanos sem treinamento
técnico. Abordagens similares como microformatos simplificam o processo de marcação e por
isso ajudam a eliminar esse problema. Estas abordagens tem em comum o esforço de melhorar o
acesso das máquinas ao conhecimento contido em páginas web que são originalmente projetadas
para serem consumidas por humanos. Entretanto estes sites contém um monte de informações
que não é relevante para as máquinas e estas precisam ser filtradas. Mas espere! Quem disse
que as máquinas e nós humanos precisamos compartilhar a mesma web? A ideia de uma web de
dados apareceu como um resultado tanto destas limitações como da existência de um incontável
conjunto de dados estruturados, espalhados pelo mundo e contendo todo tipo de informação.
Esses dados são propriedade de empresas, que optam por deixá-los acessíveis. Tipicamente um
conjunto de dados contém conhecimento sobre um domínio em particular como livros, música,
dados enciclopédicos, empresas, etc. Se estes conjuntos de dados forem interligados (tenham links
como websites), uma máquina poderia atravessar esta web independente de dados estruturados
para ganhar conhecimento semântico sobre entidades e domínios. O resultado seria uma base
de conhecimentos livremente acessível formando a base de uma nova geração de aplicações e
serviços”. Fonte: ReadWriteWeb Brasil: A Web de Dados: Criando informações acessíveis para
máquinas. Disponível em: <http://s1mone.posterous.com/readwriteweb-brasil-a-web-de-dados-
criando-in>, acessado em 30 de agosto de 2011.
48) Sobre esse assunto consulte os trabalhos de Peter Murray-Rust do Unilever Centre for
Molecular Sciences Informatics - Department of Chemistry da University of Cambridge (U.K.).
Um exemplo é o artigo Open Data in Science disponível em: <http://precedings.nature.com/
documents/1526/version/1/files/npre20081526-1.pdf>.
Um exemplo de “open data” é o site <http://wwmm.ch.cam.ac.uk/crystaleye/> da University of
Cambridge (U.K.).
Nesse universo cita-se, ainda, o termo “data sharing” para a “partilha de dados científicos”.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 173
[…] é fundamental que eles sejam publicados juntos com uma declaração
clara e explícita dos desejos e expectativas dos editores em relação ao “re-
use” e o “re-purposing” de elementos individuais dos dados, a coleta de
dados inteiros e subconjuntos da coleção. Esta declaração deve ser precisa,
irrevogável e baseada em uma instrução adequada e reconhecida legalmente
na forma de renúncia ou de licença.
49) “A ´Open Knowledge Foundation´ é uma organização sem fins lucrativos fundada em 2004 e
dedicada a promover o conhecimento público em todas as suas formas”. Fonte: PantonPrinciples.
Disponível em: <http://pantonprinciples.org/faq/>, acessado em 25 de agosto de 2011.
50) Tais como: “L0D2”; “OpenSpending“; “Open Government Data”; “Open Data Manual”;
“ePSIplatform”; e “Get the Data”. Fonte: Working Group on Open Data in Science. Disponível
em: <http://wiki.okfn.org/People>.
174 Cristina Marques Gomes
51) Independentemente da citação acima, menciona-se que: “em Março de 2008 foi apresentada a
primeira licença neste domínio: Public Domain Dedication and License (PDDL)”. Fonte: Projeto
RCAAP. D-24-Relatório. Os Repositórios de Dados Científicos: Estado-da-Arte. Disponível em:
<http://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/23806>, acessado em 8 de agosto de 2010.
52) Veja: <http://linkeddata.org/>.
Veja, também, os “Linked Data Principles” em Tim Berners-Lee (Disponível em: <http://www.
w3.org/DesignIssues/LinkedData.html>).
Outras referências sobre o assunto são: Linked Data: Evolving the Web into a Global Data Space
de Tom Heath e Christian Bizer (Disponível em: <http://linkeddatabook.com/>); Linked Data -
The Story So Far de Christian Bizer, Tom Heath e Tim Berners-Lee (Disponível em: <http://
tomheath.com/papers/bizer-heath-berners-lee-ijswis-linked-data.pdf>); Linking Open Data
Project Wiki (Disponível em: <http://esw.w3.org/topic/SweoIG/TaskForces/CommunityProjects/
LinkingOpenData>); 4th Linked Data on the Web Workshop at WWW 2011 (Disponível em:
<http://events.linkeddata.org/ldow2011/>); e 1st Workshop on Consuming Linked Data at ISWC
2010 (Disponível em: <http://people.aifb.kit.edu/aha/2010/cold/>).
Menciona-se, ainda: “LOD Cloud Data Catalog on CKAN” disponível em: <http://www.ckan.net/
group/lodcloud> e outras estatísticas disponíveis em: <http://lod-cloud.net/state/>.
E, na “Libraries Community”: “Library of Congress (´subject headings´); German National Library
(´PND dataset´ e ´subject headings´); Swedish National Library (´Libris - catalog´); Hungarian
National Library (´OPAC´ e ´Digital Library´); Europeana project; W3C Library Linked Data
Incubator Group; e OKFN Working Group on Bibliographic Data”. Fonte: Comunicação Oral de
Anja Jentzsch. OAI7. CERN Workshop on Innovations in Scholarly Communication. University
of Geneva. 24 de junho de 2011.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 175
53) Um exemplo de “avanço” advém da área de Química, cujas discussões atreladas à CC são
bastante avançadas (vide, por exemplo, o trabalho The value of new scientific communication
models for chemistry de Theresa Velden e Carl Lagoze - Disponível em: <http://ecommons.
cornell.edu/bitstream/1813/14150/4/whitepaper_final.pdf> e, no outro extremo, citamos, com
conhecimento de causa, o domínio do Turismo.
178 Cristina Marques Gomes
das experiências menos significativas e outras formas não publicadas, chamadas de ´dark data´.
A prática da ´Open Notebook Science´, embora não sendo a ´norma´ da comunidade acadêmica,
ganhou a atenção significativa […] da mídia como parte de uma tendência geral para abordagens
mais abertas na prática da pesquisa e nas publicações. ´Open Notebook Science´ pode ser descrita
como parte de um movimento mais amplo da ciência aberta que inclui a defesa e a adoção da
publicação em acesso aberto, dos dados, ´crowdsourcing data´ e a ´citizen science´. É inspirada,
em parte, pelo sucesso do open source software e baseia-se em muitas de suas ideias” (tradução
livre nossa). Fonte: Wikipedia. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Open_Notebook_
Science>, acessado em 29 de agosto de 2011.
180 Cristina Marques Gomes
[…] A causa é nobre: mais tempo para os cientistas fazerem pesquisa. […]
Aderir ao movimento significa não se render à produção desenfreada de
artigos em revistas especializadas, que conta muitos pontos nos sistemas de
avaliação de produção científica. Hoje, quem publica em revistas científicas
muito lidas e mencionadas por outros cientistas consegue mais recursos
para pesquisa. Por isso, os cientistas acabam centrando seu trabalho nos
resultados (publicações). “Somos uma guerrilha de neurocientistas que luta
56) Em algumas universidades federais, por exemplo, o professor contratado como efetivo pode
construir a sua carreira inteira somente estando em sala de aula (lidando com o ensino e algumas
vezes com a extensão no âmbito da Graduação) e sem publicar nenhum artigo (ou seja, não
realizando nenhum tipo de pesquisa), apesar da prioridade política, por parte do governo, em torno
do tripé “ensino, pesquisa e extensão”.
57) De um lado os cientistas que, de fato, precisam desse “tempo” maior para a pesquisa sem a
necessidade imediata dos resultados e, de outro, uma sociedade que “cobra” a produtividade em
sua escala máxima. Um exemplo sem valor de amostragem científica foi realizado pelo Jornal
Folha de São Paulo e com 3.252 votos para a questão “Você concorda com o movimento ´Slow
Science´, que prega a pesquisa científica em ritmo desacelerado?” obteve as seguintes respostas,
em 6 de setembro de 2011, 45% (1.478 votos) para “sim” e 55% (1.774 votos) para “não”. Pesquisa
disponível em: <http://polls.folha.com.br/poll/1122005/results>.
58) Em contraponto, podemos afirmar, a “famosa” expressão “Publish and Perish”.
E, ainda: sobre o universo do “devargar” em seu sentido amplo - para além da perspectiva da
ciência -, veja a dissertação de mestrado de Marília Barrichello Naigeborin intitulada O movimento
devagar e seu significado plural na contemporaneidade mutante disponível em: <http://www.teses.
usp.br/teses/disponiveis/27/27161/tde-03062011-110634/pt-br.php>.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 181
para que o modelo midiático de produção científica seja revisto”, disse […]
o neurocientista Jonas Obleser, do Instituto Max Planck, um dos criadores
do “Slow Science”. O grupo chegou a criar um manifesto, no final do ano
passado, em que proclama: “Somos cientistas, não blogamos, não tuitamos,
temos nosso tempo”. “A ciência lenta sempre existiu ao longo de séculos.
Agora, precisa de proteção”. O documento está na porta da geladeira do
laboratório do médico brasileiro Rachid Karam, que faz pós-doutorado na
Universidade da Califórnia em San Diego. “O manifesto faz sentido. Temos
de verificar os dados antes de tirarmos conclusões precipitadas”, analisa. “A
‘Slow Science’ nos daria tempo para analisar uma hipótese em profundidade
e tirar conclusões acertadas”. De acordo com Obleser, o número de
cientistas simpatizantes do movimento está crescendo, “especialmente na
América Latina”. “Mas não é preciso se filiar formalmente. Basta imprimir
o manifesto e montar guarda no seu departamento”, diz. O Slow Science
é um braço do já conhecido “Slow Food”, que defende uma alimentação
mais lenta e saudável, tanto no preparo quanto no consumo dos alimentos.
Na ciência, a ideia é pregar a pesquisa que não se paute só pelo resultado
rápido […] (Righetti, s.d).
O “não tuitamos” volta, mais uma vez, para a já exposta contradição entre
as ações concretas e os resultados de pesquisa de investigadores que perpetuam
diversas linhas de interpretação. Para Torres-Salinas (2010), a “prova do
interesse científico por essa ferramenta pode ser encontrada nos debates sobre
o uso da mesma pelas grandes revistas científicas”. De forma complementar, o
mesmo cita a pesquisa de Bonetta em 2009 intitulada “Should you be tweeting?”
que, na perspectiva dos “cientistas twitteiros”, “destaca a eficácia da ferramenta
na difusão e coleta de informações científicas”, comentando sua utilizada na
retransmissão de congressos.
“agradar” a todos como, por exemplo, Brumfiel (2009) que em uma notícia
da Nature argumenta que para alguns o Twitter ou os blogs podem ser
uma ferramenta ruim devido a sua rapidez ou difusão equivocada de uma
mensagem […] (Torres-Salinas, 2010) (tradução livre nossa).
59) Veja também o material resultante do evento The Influence and Impact of Web 2.0 on Various
Applications promovido pelo e-Science Institute (eSI) (<http://www.esi.ac.uk/>) disponível em:
<http://www.nesc.ac.uk/action/esi/contribution.cfm?Title=1078>.
60) “Não se iluda: as mídias sociais e as bases de dados de comércio eletrônico acabaram com
qualquer pretensão de privacidade. Filtradas pelos algoritmos inteligentes dos mecanismos de
buscas, elas facilitaram o acesso e a identificação de praticamente qualquer pessoa, por mais
que respeitem o anonimato de seus usuários. Quando a informação é muita, não é difícil fazer
cruzamentos únicos de variáveis. Quem vive naquele bairro, trabalha naquela empresa, come
naquele restaurante, abastece o carro com aquela frequência, usa aquele computador e aquele
telefone, acessa aqueles sites, clica naqueles links e compra aqueles produtos é facílimo de
rastrear. Já que é impossível (e bem pouco prático) viver fora do grid de informação digital,
é preciso administrar a imagem pública em um ambiente em que até aspirantes a tuiteiros se
tornaram celebridades, mesmo sem fazer nada de célebre. […] Com a popularidade de acesso aos
meios de publicação, o indivíduo urbano, globalizado e massificado usa as redes como válvula de
escape para manifestar sua identidade e, nesse processo, se expõe de forma inimaginável. […] As
mídias sociais são, como o próprio nome dá a entender, uma forma de mídia. Pessoas comuns não
têm relações públicas, advogados, assessores ou consultores de imagem para auxiliá-las no dia
a dia e, por isso, ainda vão demorar para perceber que um vexame registrado online é quase tão
difícil de apagar quanto um nu indesejado”. Fonte: Radfahrer, Luli. Celebridades descelebradas.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/tec/tc2707201126.htm>, acessado em 27 de
julho de 2011.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 183
61) E, nesse caso, podemos citar, também, o termo “mobile scholarly communication”, lançado
pela ElPub (Disponível em: <http://www.elpub.net/>) em 2011 sem, diga-se de passagem, muita
repercussão.
62) “Os motores de busca fornecem, ainda, possibilidades para a investigação de links ou de
relação entre os documentos, semelhantes àquelas propiciadas pelas bases de dados de citações
do ISI, de forma que é possível estabelecer certa analogia entre as análises dos hyperlinks e as
tradicionais análises de citações em publicações impressas, em que pese ainda não existir modelo
de análise de citações alternativo ao ISI. Aliás, é importante ter cuidado ao instituir essa analogia
entre links e citações, pois como Borgman e Furner (apud Martínez Rodríguez) asseguram, os
links hipertextuais ou as conexões podem ocorrer não apenas entre textos científicos, mas também
entre outros tipos de materiais ou documentos. Isso leva esses autores a defenderem a adoção da
expressão análise de links em lugar de análise de citações, por manter abrangência mais ampla”
(Vanti, 2010).
E, ainda:
De forma mais apurada (“não através da pesquisa na web, mas fazendo cálculos dinâmicos
baseados em uma vasta coleção de built-in de dados, algoritmos e métodos”) cita-se o Projeto
Wolfram Alpha disponível em: <http://www.wolframalpha.com/>.
184 Cristina Marques Gomes
64) Veja o livro: Allan, Robert. Virtual Research Environments: From Portals to Science Gateways.
Chandos Publishing, Oxford, 2009.
65) Veja também o texto de Deborah Goldgaber intitulado Future ´Facebook for Scientists´? A
Scientist Weighs In e disponível em: <http://www.hypios.com/thinking/2010/03/18/facebook-for-
scientists-a-scientist-weighs-in/>.
E, também, a rede “World Association of Young Scientists” disponível em: <http://www.ways.org/
en/about_ways/about_ways>.
Considerações Finais
A estrutura de base, no sentido teórico, dos três capítulos deste livro, foi
delineada e composta a partir de uma pesquisa bibliográfica minuciosa realizada
sob a orientação da Profa. Dra. Ana Alice Rodrigues Pereira Baptista quando
do “doutorado-sanduíche” via Erasmus Mundus no âmbito do Programa
Doutoral em Tecnologias e Sistemas da Informação da Escola de Engenharia
da Universidade do Minho (Portugal) no ano de 2009. Tal pesquisa utilizou
uma série de fontes de informações (Web of Science; E-Lis; Science Direct;
Scopus; Harzing´s; Networked Digital Library of Theses and Dissertations -
NDLTD; Scimago; dentre outras) e foi dividida em dois momentos e quatro
fases: 1) “coleta e organização do material” - que incluía a) “características
macro do universo”; b) “delineamento dos domínios”, c) “conjunto nuclear de
investigações” e 2) “tratamento dos resultados” com as “matrizes: temática e de
conceitos”. Para maiores detalhes sobre todos os procedimentos metodológicos
utilizados, consulte a tese da autora - Gomes; 2012.
Com relação aos capítulos deste livro, o primeiro seguiu, para alcançar
os seus objetivos, diferentes perspectivas: ora o foco estava no suporte onde
o conhecimento desenvolvido é registrado, ora no processo de construção ou,
ainda, no mecanismo de validação e inserção do mesmo no contexto científico
e junto à comunidade, dentre outros aspectos. Da mesma forma, também, os
elementos associados à acepção tradicionalmente em vigor da CC atrelada ao
tripé pesquisa, sistema e sociedade foram abordados de forma emaranhada. E,
agora, apresentaremos, no quadro abaixo, uma síntese dos principais tópicos
analisados, são eles:
Impulsionadores Computador
das Mudanças Internet e Web
Muitas das explicações, conceituais ou não, derivam do momento histórico;
Se a estrutura, do sistema da CC, era estática e algo “externo” (como a
inserção da internet) de alguma maneira desequilibra os papéis de um dos
atores sociais e se todos os outros estão relacionados, a mudança em um deles,
necessariamente, afeta os demais;
Existe uma “ruptura” nítida em todos os processos - alguns ainda estão bem
“alicerçados” e outros “totalmente desestabilizados” - e, nesse contexto,
também, as interfaces geográficas formam outras diretrizes específicas que,
em alguns casos podem ser generalizadas (como na União Europeia) e em
outros não (como na África);
“Afeta todos os estágios da comunicação, incluindo aquisição, manipulação,
arquivamento, e distribuição; afeta também todos os tipos de mídia - textos,
imagens, imagens em movimento, som e construções especiais” (Manovich,
2003, p.19)(Oliveira; Noronha; s.d);
“Novo repensar na forma como processamos, guardamos, acedemos,
Condicionantes compartilhamos e analisamos a informação científica” (Russell, 2010);
Questões de ordem “não-tecnológicas” como as “legais, éticas, institucionais
e disciplinares” - Obstáculos “sociais” - estudos de Schroeder e Fry (2007) -
tais aspectos, direta ou indiretamente, condicionam as transformações da CC;
Thomes (2001) salienta que, obviamente, a tecnologia é que é a “mola-
propulsora das mudanças”. Tecnologia esta que oferece uma gama de
oportunidades para os investigadores, editoras e bibliotecários, mas que,
ao mesmo tempo, “cristaliza” as diferenças nas participações de cada ator
social no sistema como um todo. O enfoque agora já não é “se precisamos
mudar, mas como a mudança irá ocorrer e que forma irá tomar” e,
concomitantemente, argumenta “porque é tão difícil mudar o sistema?” e a
resposta é “simplificando, ele é grande, complexo e abstrato” (Thomes, 2001).
E, nessa conjuntura de interpretação muitas linhas divergentes são acrescidas
e o debate, nesse sentido, torna-se proveitoso mesmo sem, e nem era esse o
sentido, uma homogeneidade de diálogos e resultados;
Dentre outros.
190 Cristina Marques Gomes
Transformações na CC:
Via OAI e OA:
Uma das causas: “Crise dos Periódicos”; Interfaces da economia e do poder
versus a CC; perspectivas técnica (OAI) e política (OA), dentre outras;
- Pesquisadores: maior visibilidade e impacto; problemáticas do copyright;
e outras;
- Editores: mudança nos modelos de negócio - necessidade de pensar/
mobilizar outras estratégias de atuação;
- Agências de Financiamento: contrapartidas de publicação relacionadas ao
resultado final das pesquisas - “mandatos” e demais alternativas;
- Bibliotecas: mudança nas prioridades do acervo; biblioteca ainda centraliza
a responsabilidade pela distribuição dos recursos impressos e eletrônicos, no
entanto, o ambiente da rede tem possibilitado a criação de ´produtos´ que são
acessíveis diretamente pelo usuário final” (Hahn, s.d), etc;
- Sociedade: acesso à literatura.
Via a internet e a web 1.0/2.0:
Desafio às tradições acadêmicas de autoria: Estudo de Gray et al (2008) e
outros;
“Desmantelamento das estruturas tradicionais de distribuição” - impacto nas
Editoras e Bibliotecas;
Pesquisador “auto-publicar” seu trabalho na rede, via blogs e wikis,
desestabilizando, por sua vez, as funções “clássicas” dos editores e
bibliotecários como “guardiões explícitos do acesso à informação científica”
Transformações - Smith (2008);
na CC Longo e Magnolo (2009) - investigação “The Author and Authorship in
the Internet Society: New perspectives for Scientific Communication”
cujo escopo está centrado nos efeitos problemáticos sobre a “relevância de
conceitos como individualidade, autor, autoria e direitos autorais”;
´Cyberscholarship´ - “a ampla disponibilidade de conteúdos digitais cria
oportunidades para novas formas de pesquisa […] que são qualitativamente
diferentes das formas tradicionais de utilização das publicações acadêmicas
e dos dados de pesquisa” - NSF e do British Joint Information Systems
Committee (JISC);
Tecnologia contrabalanceando os “fatores limitantes” da CC informal via
internet - licenças creative commons, DOI, etc;
Pesquisadores utilizam a internet para a CC informal - estudo de Barjak
(2006b) - “corroborada relação positiva entre a produtividade em pesquisa e
a utilização da internet” - “a análise não encontrou nenhum efeito igualador
da maior taxa de utilização da internet com a superação dos problemas de
investigadores potencialmente desfavorecidos”;
“Como” a internet e a pesquisa estão mudando a natureza das comunidades
acadêmicas e as relações entre os investigadores e a biblioteca - estudo
Genoni et al. (2006) - os resultados revelam uma ambivalência: de um lado
os usuários consideram positiva a relação da utilidade da internet para fins de
investigação e expansão da sua comunidade acadêmica e, de outro, relatam
que a internet não pode substituir algumas formas tradicionais de CC;
Possibilidades de utilização de novas ferramentas com o propósito de fomentar
a “colaboração científica mundial” (Atkins et al, 2003; Taylor, 2001);
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 191
Desta feita, temos o terceiro capítulo cujo objetivo específico norteador foi
elencar quais são os novos elementos constituintes, em se tratando, principalmente,
da última década, e/ou as tendências que foram (ou serão) acopladas/inseridas na
comunicação científica culminando, pois, com os seguintes parâmetros:
192 Cristina Marques Gomes
1) Já em conjunto, por exemplo, temos: Scholars’ Forum: A New Model For Scholarly
Communication que conjuga uma parceria trilateral entre um consórcio de universidades, as
sociedades profissionais e os autores para: “suportar a revisão pelos pares e sua autenticação;
apoiar novos modelos que incorporem a tecnologia de rede; permitir o discurso online ´threaded´;
adaptar os diferentes critérios para as díspares disciplinas; garantir a segurança dos dados; reduzir
o tempo de produção e os gastos; incluir a indexação automática e fornecer múltiplas opções de
pesquisa” (Gass, 2001) (tradução livre nossa), dentre outras ações.
2) No universo destes em interface com o ambiente tecnológico citamos a Nature Procedings
- plataforma de compartilhamento em escala global - Disponível em: <http://precedings.nature.
com/>.
3) Veja também o texto, de 2008, de M. van Deventer intitulado eResearch: librarians
pushing technology to perform - Disponível em: <http://researchspace.csir.co.za/dspace/
bitstream/10204/2622/1/van%20Deventer1_2008.pdf>.
E, ainda, From service providers to content producers: new opportunities for libraries in
collaborative open access book publishing de Janneke Adema e Birgit Schmidt - Disponível em:
<http://openreflections.files.wordpress.com/2008/10/pdf4.pdf>.
Já pela ótica das Universidades veja o relatório Modelling Scholarly Communication options:
costs and benefits for Universities da JISC preparado pela Alma Swan - Disponível em: <http://
ie-repository.jisc.ac.uk/442/2/Modelling_scholarly_communication_report_final1.pdf>.
4) “Desde que foi cunhado, o termo ´biblioteca digital´ é paradoxo: ´if a library is a library, it is
not digital; if library is digital, it is not a library´ (Greenberg, 1998). […] O conceito de biblioteca
digital evoluiu ao longo da primeira década de pesquisa […] A definição desenvolvida por um
grupo multidisciplinar de especialistas em um workshop da NSF continua a ser citada amplamente
(Borgman et al, 1996): 1. bibliotecas digitais são compostas por um conjunto de recursos
eletrônicos e associadas capacidades técnicas para a criação, pesquisa e uso da informação. […]
194 Cristina Marques Gomes
2. Bibliotecas digitais são construídas - coletas e organizadas - por (e para) uma comunidade de
usuários e as suas capacidades funcionais de suporte às necessidades de informação e uso daquela
comunidade […]” (Borgman, 2007) (tradução livre nossa).
Veja também a apresentação Embedding into the work environment of a researcher or research
group: the library on the move de Martin van Luijt no OAI6. CERN Workshop on Innovations in
Scholarly Communication. 2009. Disponível em: <http://indico.cern.ch/contributionDisplay.py?s
essionId=6&contribId=18&confId=48321>.
Na interface com as métricas cita-se o trabalho Usage Measurements for Digital Content de Will
Moore, Nancy MacCreery e Martin Marlow - Disponível em: <http://www.ucl.ac.uk/infostudies/
research/ciber/springer.pdf>.
5) Além disso, na tentativa de “mudar” a CC, as bibliotecas têm realizado um conjunto de
iniciativas e Ogburn (2008) descreve o que ele constituiu como sendo um “programa de sucesso”
com o argumento de que o uso de estágios oferece uma abordagem prática na resolução de
problemas oferecendo, pois, exemplos ilustrativos, medidas de sucesso, estratégias e detalhes
que apoiam os esforços para a mudança. A corrente de pensamento do autor acredita que a ação
local pode reverberar numa conjuntura global de caráter significante. As cinco fases propostas
são: “awareness”, “understanding”, “ownership”, “activism” e “transformation”, sendo que,
“a sensibilização significa estar consciente, compreensão representa uma ordem superior de
conhecimento, inteligência e apreço, propriedade conota compromisso e obrigação, ativismo é
dirigido aos objetivos e a transformação equivale a realização de uma profunda alteração dos
pressupostos, métodos e da cultura”. O autor, para tal, define os problemas da CC e descreve as
características básicas de cada etapa incluindo exemplos e “estratégias para o sucesso” (Ogburn,
2008). Com relação à fase de transformação, que mais nos interessa, Ogburn (2008) salienta que
o formato, digamos “final”, da CC transformada é de difícil previsão mas que, ao mesmo tempo,
será caracterizado pela experimentação e por múltiplas abordagens.
6) Na perspectiva das editoras universitárias, veja o relatório Sustaining Scholarly Publishing:
New Business Models for University Presses da The Association of American University Presses.
Disponível em: <http://www.aaupnet.org/images/stories/documents/aaupbusinessmodels2011.
pdf>.
7) Veja o texto Economic implications of alternative publishing models: self-archiving and
repositories de John Houghton - Disponível em: <http://indico.cern.ch/getFile.py/access?contribI
d=10&sessionId=4&resId=1&materialId=slides&confId=48321>.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 195
8) Cita-se, neste caso, o Jstor - um serviço sem fins lucrativos composto por uma base de pesquisa
que contém mais de mil revistas acadêmicas - Disponível em: <http://about.jstor.org/>.
Veja também a apresentação Visualizing Jstor: Exploring OAI-ORE for Information Topology
Navigation de Robert Sanderson no OAI6. CERN Workshop on Innovations in Scholarly
Communication. 2009. Disponível em: <http://indico.cern.ch/getFile.py/access?contribId=8&ses
sionId=3&resId=1&materialId=slides&confId=48321>.
9) Expressão utilizada como título do capítulo 9 do livro da ChristineL. Borgman (2007) e que,
aqui, referendamos.
Referências
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APÊNDICE
Possível re-escritura
da comunicação científica
A CC é composta por diversos micro e macroambientes e, em todos eles,
encontramos múltiplas forças que exercem uma pressão sobre o sistema. Tais
forças podem atuar tanto de forma “isolada”, como input ou output de diversas
naturezas, ou em “sintonia” uma para com a outra, visto que, entre as mesmas
também existem influências mútuas e peculiaridades. E, ainda, por se tratar
de um fenômeno em constante mutação, as interações entre o sistema de CC
e as forças não são “estanques”, ou seja, por mais que possamos conhecer
todas as variáveis de preponderância, a ocorrência dos fatos, no tempo e no
espaço, nunca é “repetida”. Caímos, pois, no paradoxal da necessidade da
compreensão da CC pelo viés “holístico” e na dificuldade de generalizações
que possam ser aplicadas às mais díspares sociedades. Cientes dessa conjuntura
considera-se válido o desafio em questão e elencam-se as principais1 forças2 do
macroambiente, já que, optou-se, desde o início, por uma análise nesse nível
de perspectiva e não pelo viés micro, que atuam como elementos volúveis no
sistema de CC e que foram identificadas quando da constituição da cartografia
exposta, a saber: a “disciplinaridade”, “economia”, “pessoas/cultura”, “poder”,
“política” e “tecnologia”.
Nomeadamente, o fluxo da CC é atrelado aos “processos” e estes podem ser
observados, por exemplo, através do diagnóstico proposto por Bjork (2007) e
outros e inerente ao sistema da CC estão seus atores sociais, cada qual com um
contínuo de problemáticas constantes e/ou mutáveis a partir da variável temporal
já descrita, muitas vezes, nos modelos tradicionais de representação da CC
como, no caso, do de Garvey e Griffith (1979). O pilar da CC é a “cientificidade”
- assegurada pelo peer review - e acoplada a esta estão os processos e fluxos que
são influenciados pelas forças do macroambiente aqui compostas a partir das
6 grandes categorias, destacadas acima, e que estão sempre inter-relacionadas.
Tudo isto envolto ao que consideramos ser o “macroambiente tecnológico”
que diretamente conjuga-se com a contemporaneidade e se sobrepõe a todos os
demais macroambientes3.
O panorama traçado não é, pois, fechado em suas nuances, a “tecnologia”,
por exemplo, é uma força e também compõe o “macroambiente tecnológico”,
assim como, a “cientificidade” pode ser considerada uma das variáveis e é,
concomitantemente, por tudo que a cartografia revelou, o “pilar” da CC.
Sinteticamente temos, portanto, os seguintes atributos que podem
complementar (não substituir), pelo viés holístico, a noção de comunicação científica
considerada a partir de sua acepção tradicionalmente relacionada ao tripé “pesquisa,
sistema e sociedade”:
MACROAMBIENTE TECNOLÓGICO
+
CONJUNTO DE FORÇAS: DISCIPLINARIDADE, ECONOMIA, PESSOAS/
CULTURA, PODER, POLÍTICA E TECNOLOGIA
+
ATORES SOCIAIS - E SUAS PROBLEMÁTICAS - NA VARIÁVEL TEMPORAL
+
PILAR = CIENTIFICIDADE - assegurada pelo peer review
3) Poderíamos considerar outros macroambientes, por exemplo, a partir das adoções conceituais
ou dos contextos geográficos, no entanto, nossa perspectivia é que o macroambiente tecnológico
se sobrepõe a todos os demais, independentemente, de quais os sejam.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 237
Além desses atributos, iremos incluir agora, como uma espécie de prognóstico
da CC, um cogito sobre uma nova maneira de pensar a mesma a partir de uma
possível “re-escritura”. Adotamos esse termo, que nos parece preferencial, a outras
expressões possíveis como, por exemplo, “pós-comunicação científica”, tendo como
referência as considerações lançadas por Lyotard (1989) em um ensaio no qual o
filósofo francês trata de algumas questões ligadas ao uso do prefixo “pós” associado
à terminologia “pós-modernidade”:
4) Essa expressão é utilizada em diversas outras áreas como, por exemplo, no contexto
biopsicosocial no qual os seis “niveis do continuum” são: biologico, pessoal, relacional, familiar,
comunitario e social. Com as devidas adaptações, no campo da CC, quando Bjork (2007), por
exemplo, apresenta o seu diagnóstico, o mesmo nada mais é do que “níveis de continuum”, uma
vez que, descreve “partes de um todo” relacionadas ao fenômeno em si.
5) Fonte: Do Editor de Ciência. Se partícula existir, LHC deverá detectá-la. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0704201102.htm>, acessado em 7 de abril de 2011.
6) Aqui estamos trabalhando pela perspectiva “macro”/”holística”, no entanto, podemos,
para cada um desses 6 elementos (“pesquisa”, “sistema”, “sociedade”, “tecnologia”, “poder”
e “cientificidade”), estabelecer relações de ordem específica aos processos da CC e, mais
exclusivamente ainda ir afunilando nosso ângulo de observação e, assim, sucessivamente, como,
por exemplo, no âmbito da pesquisa em si:
“O postulado de autonomia relativa da pesquisa funda então a pertinência da Metodologia como
domínio de reflexão sobre os processos e procedimentos desenvolvidos no interior da investigação.
Comunicação Científica: Alicerces, Transformações e Tendências 239
O que faz com que, do ponto de vista metodológico, o campo de pesquisa seja concebido como a
articulação dinâmica de diferentes instâncias e de diferentes fases que determinam um espaço no
qual a pesquisa é apanhada num campo de forças, submetida a determinados fluxos, a determinadas
exigências internas.
Como campo dinâmico, a pesquisa se configura como estrutura e como processo. Como estrutura
porque apresenta uma articulação de natureza “vertical” entre níveis, instâncias ou dimensões:
epistemológica, teórica, metódica e técnica. Como processo realiza-se através de uma articulação
de tipo “horizontal” entre fases, ou momentos da investigação: a definição do objeto de pesquisa,
a observação, a descrição e a interpretação. Assim entendido, o campo de pesquisa é definido
essencialmente por uma dinâmica que resulta de uma rede de articulações verticais e horizontais
tecida pelo raciocínio científico. Cada um dos níveis atravessa de forma permanente cada uma
das fases da investigação, o que implica a necessidade de apreender a diversidade dos níveis
envolvidos na estruturação de cada fase e ao mesmo tempo reconhecer a lógica da interação entre
as fases. É isso que possibilita identificar, por exemplo, o que seja a dimensão epistemológica,
teórica e metódica dos instrumentos técnicos de investigação ou da definição do objeto de pesquisa.
E, igualmente, o que seja a dimensão técnica (processo de operacionalização) dos conceitos e
hipóteses e das fases da observação e da descrição” (LOPES, 1994).
240 Cristina Marques Gomes
9) Subvertendo o papel da “divulgação” para o “diálogo” cuja centralidade deixa de ser o
pesquisador citamos o “Nordic Network for the Study of the Dialogic Communication of
Research” - Disponível em: <http://dialogue.ruc.dk/>.
Veja também o texto de Peter Maeseele intitulado Science and technology in a mediatized and
democratized society de 2007.
242 Cristina Marques Gomes