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ARTIGOS

REFLEXÕES SOBRE A NATUREZA HUMANA E A EDUCAÇÃO ESCOLAR

REFLECTIONS ABOUT THE HUMAN NATURE AND THE SCHOOL EDUCATION

Celso José MartinazzoI

Resumo
Busca-se, neste estudo, desenvolver reflexões a partir da Teoria da Complexidade, sobretudo do pensamento de
Edgar Morin a respeito da natureza humana e sobre a pertinência dessa temática para a Pedagogia e para o
processo pedagógico. As contribuições da Teoria da Complexidade sobre a origem e o destino do homem, da
espécie e da humanidade têm se constituído, de alguns anos para cá, em um referencial muito rico para o processo
pedagógico. No âmago do pensamento complexo, apoiado em ciências como a Antropologia, a Física, a Biologia
e a Ecologia, Morin elabora um conceito original de homem com características diferenciadas das concepções
mítica, grega ou judaico-cristã. A partir dos estudos da complexidade, compreende-se o homem com uma
capacidade “auto-eco-exo-organizadora” e como produto mais avançado e privilegiado de um sistema vivo no
longo processo de hominização, cujo término não tem prazo e nem local para acontecer. Cabe à Pedagogia e à
educação escolar promoverem o estudo e o debate sobre a natureza do ser humano, pois desse pressuposto
decorre a possibilidade da emergência e do desenvolvimento da dignidade da condição humana, assim como do
futuro do planeta e da humanidade.
Palavras-chave: Teoria da Complexidade. Natureza Humana. Educação Escolar.

Abstract
It is aimed, in this study, to develop reflections based on the Complexity Theory, especially on the Edgar Morin's
thought with respect to the human nature and about the relevancy of this thematic in the pedagogical process. The
contributions of the Complexity Theory concerning the origin and destination of the man, the species and the
humanity have constituted, in the last years, in a very rich referencial for an Education Philosophy and to a
reform of the school education. This referencial can contribute for an appropriate understanding about the nature
and the dignity of the human being. In the core of the complex thought, supported on sciences such as
Anthropology, Physics, Biology and Ecology, Morin elaborates an original concept of man with differentiated
characteristics from the mythical, Greek or Jewish-Christian conceptions. From the studies of the complexity, the
man is understood with an "auto-eco-exo-organizer” capacity and as a more advanced and privileged product of
an alive system in the long process of becoming man, whose ending does not have neither place nor stated period
to happen. It is a task for the Pedagogy and for school education promote the study and the debate about the
nature of the human being, because from this presupposition comes the possibility of the emergency and of the
human condition dignity development, as well as the planet and humanity future.
Keywords: Complexity Theory. Human Nature. School Education.

A natureza humana: origem e evolução1 que Morin percorre e os argumentos que emprega
para compreender o sentido do humano, da
A origem e o destino do homem, assim como natureza e da identidade humanas são resultantes
do cosmos e da vida no planeta, apesar dos de uma integração reflexiva dos diversos saberes
estudos e dos avanços das pesquisas científicas, relativos ao ser humano, sobretudo os de natureza
continuam ainda um grande mistério. O caminho antropossociológica. 2
Os princípios cognitivos da Teoria da
Complexidade visam a lançar um olhar
1
Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa multidimensional, poliocular, transversal,
Maria (UFSM) e Doutor em Educação pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor titular
2
Nível 2 do Departamento de Pedagogia e membro Este artigo foi aprovado pelo Comitê Científico e
colaborador do Programa de Mestrado em Educação nas apresentado no VII Seminário da ANPEDSUL realizado de
Ciências da Universidade Regional do Noroeste do Estado do 22 a 25 de junho de 2008, na Universidade do Vale de Itajaí
Rio Grande do Sul (UNIJUÍ). (UNIVALI) – SC.
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transdisciplinar e, até mesmo, indisciplinar sobre Morin entende que não podemos formular
os temas que abordam. A obra de Edgar Morin é um conceito único ou uma definição fechada da
repleta de idéias nucleares. Carvalho (2002, p. natureza do homem. Ao contrário, o homem é, por
167), no entanto, entende que “a mais central é a natureza, um sistema complexo, totalmente
da unidualidade do homem, um ser físico e aberto, autogenerativo, em processo de “auto-eco-
metafísico, natural e meta-natural, cultural e exo-organização”. Esse sistema aberto, e o mais
metacultural [...]”. complexo de todos (hipercomplexo), faz emergir
As tentativas de elucidação do mistério um indivíduo inacabado capaz de se regenerar e
humano ainda estão longe de classificar e de se auto-organizar, diferentemente da concepção
catalogar o homem de forma definitiva. Escreve mítica, e de outras correntes filosóficas e
Morin (1975, p. 123): “Como se sabe, o último teológicas de cunho metafísico. O humanismo
continente desconhecido pelo homem é o homem, moriniano é um humanismo hominizante e
com o centro desse continente, o cérebro, não nos evolutivo, não metafísico. Carvalho (2002, p.168),
sendo apenas desconhecido, mas também ao referir-se às idéias de Morin esclarece: “A
incompreensível”. partir dos anos 1970, sua Antropologia
A Teoria da Complexidade acrescenta fundamental passará a ter contornos mais claros,
elementos significativos sobre os estudos até hoje no sentido de modelizar a complexidade
realizados enriquecendo, com isso, o debate e as organizacional do fenômeno humano”.
possíveis interpretações sobre um assunto tão O autor não concorda com a teoria
polêmico. Tal temática, no entanto, ainda vai criacionista que explica o aparecimento do
exigir muitos avanços nas pesquisas até a universo e de tudo o quanto nele existe como algo
elaboração de uma teoria plausível. Morin (1975, concebido, diretamente, por uma divindade
p. 215) concebe, cautelosamente, “[...] a ciência exterior ao próprio mundo que o cria como um
do homem, não como um edifício que deve ser objeto já pré-formatado, em que tudo já está,
completado, mas como uma teoria a construir. É desde sempre, ordenadamente programado.
uma tarefa enorme e sua urgência inquieta-nos”. Acredita, sim, que no interior desse universo há
Morin mostra-se convencido de que o uma força criadora, uma espécie de elã vital, e que
homem integra o processo evolutivo do universo; esta força criadora do universo possa ser obra
é parte constitutiva dele. O homem evolui com o divina, como postulava Spinoza no século XVII.
universo e não no ou sobre ele. Após a O homem, porém, ainda não encontrou respostas
deflagração original do universo tudo ocorre a para perguntas tão cruciais como: de onde e como
partir de um processo de evolução. “Aquilo que surgiu a matéria primeira e como ocorreu a gênese
quero dizer é que a idéia de evolução é de do universo? Segundo Morin (2002, p. 26): “A
qualquer maneira transcósmica. Ela atravessa origem da aventura cósmica nos é
tudo” (MORIN e MOIGNE, 2000, p. 187). Se incompreensível; seu futuro, velado; seu sentido,
Darwin nos oferece uma comprovação da desconhecido”. O que podemos afirmar, com
evolução biológica das espécies, nos últimos anos certeza, é que o universo comportou e comporta
tem-se comprovado que o universo físico não constantes destruições e construções, num
permanece estável, mas também participa do movimento regenerativo de ordem-desordem,
processo evolutivo. Assim: “A constituição da equilíbrio-desequilíbrio, organização-desorganização.
matéria física é reconhecida temporalmente, bem Argumenta ainda (1975, 2002) que o
como a formação das estrelas, dos núcleos, das processo evolutivo cosmo-bioantropológico é algo
partículas, etc. A idéia profunda da física ainda e sempre em desenvolvimento, resultante do
contemporânea é que a menor parcela da matéria é jogo entre ordem/desordem/interações/
também um fragmento da história” (MORIN e organização. Nesse sentido, nós humanos estamos
MOIGNE, 2000, p. 187). A natureza e o universo sempre em desenvolvimento, passando de um
em si constituem um organismo global, uma estágio para outro cada vez mais complexo de
totalidade complexa em que tudo se liga a tudo, hominização. Assim, quanto ao enraizamento
tudo se funde a tudo e “o homem não é uma biológico, o homem é um hipervivo,
entidade estanque em relação a essa totalidade hiperdinâmico, hipermamífero, hipersexuado e um
complexa: é um sistema aberto, em relação de superprimata; e, quanto à classificação, o homem
autonomia/dependência organizadora no seio de é um animal mamífero, da ordem dos primatas, da
um ecossistema” (1975, p. 31). família dos hominídeos, do gênero homo, da

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espécie sapiens. Esse processo evolutivo já As noções fundamentais e originais sobre a


registrou quatro grandes ultrapassagens, natureza do ser humano estão presentes em muitas
consideradas como verdadeiros nascimentos, em obras de Morin. A idéia de um ser dialógico3 é
sua longa história. Atualmente o processo de inerente ao homem: uno/múltiplo,
hominização encontra-se em seu quarto imanente/transcendente, sujeito/objeto,
nascimento. sapiens/demens. A fonte dessa concepção
dialógica da natureza humana localiza-se na noção
O primeiro nascimento foi o dos começos de cérebro triúnico que comporta em si:
da hominização, há alguns milhões de
anos; o segundo nascimento veio com a [...] o paleocéfalo (herança réptil, fonte da
emergência da linguagem e da cultura, agressividade, do cio, das pulsões
provavelmente a partir do Homo erectus; primárias), o mesocéfalo (herança dos
o terceiro nascimento foi o do Homo antigos mamíferos em que o
sapiens e da sociedade arcaica; o quarto desenvolvimento da afetividade e o da
foi o nascimento da história, memória remota estão ligados), o córtex
compreendendo simultaneamente os que, muito modesto nos peixes e nos
nascimentos da agricultura, da criação de répteis, cresce nos mamíferos até
gado e animais domésticos, da cidade, do envolver todas as estruturas do encéfalo e
Estado (MORIN e KERN, 1995, p. 107, formar os dois hemisférios cerebrais e,
grifos do autor). enfim, o neocórtex, que, nos homens,
atinge um desenvolvimento
Em prosseguimento, Morin vislumbra a extraordinário (MORIN, 2000a, p. 83-
possibilidade de um novo salto gerador do 84).
nascimento de um quinto estágio, o nascimento da
humanidade no planeta Terra: “[...] seria o Os três cérebros, como triúnicos,4 funcionam
nascimento da humanidade, que nos faria sair da de forma autônoma, mas, igualmente, são
idade de ferro planetária, da pré-história do interdependentes. Por isso, prossegue Morin, na
espírito humano, que civilizaria a Terra e veria o formação do cérebro humano encontramos a
nascimento da sociedade/comunidade planetária explicação para a inconsistência da nossa
dos indivíduos, das etnias, das nações” (MORIN e racionalidade e, por conseqüência, de nossa
KERN, 1995, p. 107). A definição complexa da responsabilidade direta diante dos atos e fatos,
noção de homem que compreende três termos uma vez que não existe ordem hierárquica entre as
indissociáveis – indivíduo/espécie/sociedade – três instâncias cerebrais, ou seja, entre a
evolui para comportar uma tetralogia: inteligência, a afetividade e a pulsão, e, portanto,
indivíduo/espécie/sociedade/humanidade. Esse dependendo do momento, dos locais, dos
estágio hipercomplexo é atualmente o problema indivíduos e das circunstâncias, uma dimensão
do homem e dos humanos (MORIN, 2001) que pode preponderar sobre as demais. Isto explica a
vivem uma crise profunda de civilização, fruto da origem das diferentes possibilidades e
barbárie e dos interesses conflitantes da manifestações dos comportamentos humanos. Por
sociedade. sua natureza o homem é um ser capaz de
Visualiza-se, assim, a possibilidade e os sabedoria e de demência, de prosa e de poesia, de
riscos da emergência de um sentido de razão e de desrazão, de equilíbrio e de
humanidade no planeta Terra como produto de um desequilíbrio. Morin, a partir dessa base
devir histórico, sempre ambivalente, resultante da biológica, justifica a noção de que “O verdadeiro
interação entre os indivíduos e que tende a se homem está na dialética do sapiens-demens”
tornar uma realidade planetária. Essa seria uma (1975, p. 206). A complexidade dessa estrutura
verdadeira revolução, fruto de um processo
consciente da racionalidade humana e que, pelas 3
A dialogia é um princípio cognitivo da Teoria da
circunstâncias e forças atuais, pode estar ainda Complexidade para apreender o real como algo composto por
muito longe de acontecer. posições antagônicas, concorrentes e, ao mesmo tempo,
complementares.
4
Para essa formulação de cérebro triúnico Morin se apóia nas
O ser humano: a complexidade das idéias do cientista canadense Paul Mac Lean, segundo o qual,
na evolução filogenética, cada parte nova foi se sobrepondo
complexidades sobre a anterior.

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cerebral, por si só, segundo o autor, já seria razão Com tal concepção antropológico-biocultural
suficiente para fundamentar uma ética da Morin integra e ultrapassa os dois campos
tolerância e da compreensão, evitando-se atitudes epistemológicos paralelos e fechados em si sobre
de agressão, condenação e de julgamentos a natureza biológica e sociocultural do homem,
precipitados. que são o biologismo e o antropologismo. A nossa
Morin, no entanto, entende que não podemos tradição cultural sempre se manteve nesse
explicar e reduzir as etapas da hominização, pensamento alternativo:
exclusivamente, pelo processo de
desenvolvimento cerebral. Ele estabelece, para Ou o homem é natural e reduz-se, então, à
tanto, um elo recorrente entre o desenvolvimento natureza, ao comportamento dos
cerebral e suas criações. O cérebro se chimpanzés, à sociobiologia ou aos
autodesenvolve à medida que produz e cria e, por genes; ou o homem é sobrenatural e o seu
corpo não passa, neste caso, de um vago
outro lado, seu desenvolvimento resulta da
suporte, ao passo que o resto toma o
incidência de fenômenos e criações de outros nome de espírito, de psiquismo e de
agentes externos. Morin (1975, p. 62, grifos do cultura...Ora, só uma estrutura de
autor) esclarece que: “o cérebro, aqui, não é pensamento pode permitir-nos conceber
considerado um ‘órgão’, mas sim o epicentro em conjugação e diria mesmo em
daquilo que é, para nós, o essencial da implicação mútua, o que é visto em
hominização: um processo de complexificação disjunção (MORIN e CYRULNIK, 2004,
multidimensional, em função de um princípio de p. 18-19).
auto-organização ou autoprodução”.
Assim, além da razão de ordem interna, há Como seres deste planeta a nossa condição
também outra de ordem externa a justificar o humana não pode prescindir nem da animalidade,
comportamento humano e a exigir atitudes mais nem da humanidade, ou seja: “doravante, o
solidárias: a constatação alicerçada “[...] na conceito de homem tem duplo princípio; um
experiência do que as determinações e os princípio biofísico e um psico-sócio-cultural, um
acontecimentos podem fazer do ser humano” remetendo ao outro” (MORIN, 2000b, p. 51). Ao
(MORIN, 2000a, p. 87). Crenças, mitos, idéias, entender que a gênese e o desenvolvimento
conceitos, ideologias, racionalizações, enfim, biológico do homem ocorrem por um processo de
todas as tradições socioculturais formam um simbiose com a cultura na qual ele se insere, num
esquema mental que explica e, por vezes, processo simultâneo e único, Morin quer
condiciona o viver, o perceber, o pensar e o agir assegurar a junção epistemológica entre
humanos. natureza/cultura, animal/homem. Os dois termos
Do ponto de vista filosófico-antropológico, são componentes de um mesmo processo, co-
Morin elabora um conceito original, explicativo e, produzindo-se um ao outro. É compreensível,
por certo, convincente sobre a natureza humana. portanto, que ao se referir às dimensões do ser
O homem constitui-se na complexidade da humano Morin enfatize que o homem é, ao
organização biológica e da integração mesmo tempo, um ser físico, biológico, cultural,
sociocultural em que as instâncias biológica, psíquico, social e histórico. Isto equivale a
cerebral, individual, social, cultural, ecológica e compreender o ser humano como plenamente
política estão em contínua interação. Entende físico e metafísico, como biológico e
Morin (1975, p. 54) que “[...] a hominização é um metabiológico (MORIN, 2001; 2002).
processo complexo de desenvolvimento imerso na Morin, a partir dessas bases teóricas
história natural e do qual emerge a cultura” que, consegue remover, de forma convincente, a
por sua vez, se retraduz em novos estágios de concepção insular do homem para uma concepção
hominização. É um sistema de dupla articulação de homem peninsular. A concepção insular se
que faz com que o cérebro humano seja um fundamenta em noções disjuntivas do
sistema ao mesmo tempo biológico e cultural. antropologismo, do culturalismo, do biologismo,
Quer dizer, o código genético de um organismo do criacionismo, sendo responsável por retirar o
biológico do tipo homo erectus/sapiens “[...] ser humano da sua própria natureza.
produz um cérebro cujas possibilidades A hominização constitui um processo
organizadoras são cada vez mais aptas à cultura, complexo de desenvolvimento com raízes na
isto é, à alta complexidade social” (p. 83). história natural da qual emerge a cultura, ou seja,

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estabelece-se um papel recíproco entre a biologia loucura, sabedoria e demência, unidade e


humana e a cultura humana. pluralidade, prosa e poesia, que vive nas brechas
da incerteza entre o que é real e o que é fruto do
Significa, igualmente, que o fundamento imaginário. Petraglia, pesquisadora da Teoria da
da ciência do homem é policêntrico; o Complexidade entende que:
homem não tem uma essência específica
que seria somente genética ou somente O ser humano traz em si um conjunto de
cultural; ele não é uma sobreposição características antagônicas e bipolares.
quase-geológica do estrato cultural sobre Ao mesmo tempo em que é sábio, é
o estrato biológico; sua natureza está na louco; é prosaico e é poético; é
inter-relação, na interação, na trabalhador e lúdico; é simultaneamente
interferência nesse e por esse empírico e imaginário. Vive de muitos
policentrismo (MORIN, 1975, p. 202). jeitos e se apresenta de várias maneiras. É
unidade e diversidade; é multiplicidade,
Morin não atribui todo o processo de pluralidade e indissociabilidade; é corpo,
hominização, unicamente, a esse policentrismo idéias e afetividade. É um homo
genético-cultural, mas estabelece outros, complexus. (PETRAGLIA, 2005, p. 4;
igualmente muito significativos, como o formado grifos do autor)
pela trilogia indivíduo/espécie/sociedade. Assim,
acrescenta: “O ser humano define-se, antes de O caminho aberto e complexificante da
tudo, como trindade indivíduo/sociedade/espécie: hominização está situado, sobretudo, na
o indivíduo é um termo dessa trindade” (2002, p. potencialização do inacabamento do cérebro. Não
51). O humano não se reduz à individualidade de só a criança e o jovem são inacabados
cada ser, mas cada um dos termos contém os cerebralmente, mas também o adulto continua a
demais. A humanidade emerge da pluralidade e da realizar novas aprendizagens, articular estratégias
composição dessa trindade. Morin (2004, p. 57) e produzir conhecimentos. Assim como a
entende que “nosso ser é constituído de três partes hominização resulta da complexificação do
em uma só: membro de uma sociedade, membro cérebro, a passagem da hominização à
de uma espécie e indivíduo”. Nisso consiste a humanidade (sociedade/comunidade) corresponde
base da complexidade humana: o anel recorrente a um estágio de hipercomplexidade do ser
que se estabelece entre indivíduo, espécie e humano e está diretamente relacionada com um
sociedade faz com que cada um dependa dos novo salto qualitativo do cérebro.
outros, sendo, ao mesmo tempo, inseparáveis, Nessa organização biocerebral-cultural do
antagônicos, concorrentes e intercomplementares. homem deve-se dar destaque à função central
Para compreender o aumento da desempenhada pela consciência. A consciência
complexidade da natureza humana o estudioso e como percepção do eu, do outro e dos objetos
pesquisador buscam explicações em teorias brota no homo sapiens como consciência da
científicas sobre a organização e ampliação da ansiedade, da fragilidade, enfim, da morte
complexidade dos micro e macrossistemas vivos individual e como confluência de um movimento
“[...] que podem ser chamados de autômatos dialético e complexo entre sujeito e objeto, entre
naturais (Von NEUMANN), sistemas verdade e erro. Ela é, portanto, nas palavras de
autoprodutores (MATURANA), sistemas auto- Morin (1975, p. 138ss) a “flor da
organizadores” (MORIN, 1975, p. 119). hipercomplexidade”, pela sua fragilidade; um
Apoiando-se nos princípios da organização da epifenômeno, por ser encoberta pelas
vida, como máquinas naturais auto-regenerativas, racionalizações, impulsos e mitos; mas é, também,
ele vai constatar e formular os princípios básicos auto-organizadora, “dotada de qualidades
da complexidade, dentre eles a dialogia, a originais e de uma relativa autonomia”, o que a
recursividade e o holograma. faz constituir-se em “epicentro do cérebro, o qual,
Os princípios gerais da Teoria da (...) já é o epicentro do universo antropológico”.
Complexidade explicam a complexidade humana Apesar de todos os cuidados analíticos
inter-relacionando conceitos como sempre restarão lacunas quando se busca formular
indivíduo/cultura, indivíduo/espécie, sociedade/ um conceito, ainda que aproximado, sobre a
cultura, sapiens/demens, uno/múltiplo e outros. O natureza do homem. Morin não esconde essa
homem é uma manifestação da dialógica, razão e incapacidade de formulação e testemunha essa

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complexidade que envolve a natureza humana ao pressuposto um problema-chave em Morin: uma


se perguntar: “O que é o homem? Ser vivo, reforma paradigmática do pensamento. Por isso,
animal, vertebrado, mamífero, primata, homínida, alerta: “Devemos saber, hoje, que o problema
é também algo de outro e esse algo, chamado central é o de uma política do homem, que não há
homo sapiens, escapa não só a uma definição política do homem sem teoria do homem e que
simples, mas também a uma definição complexa ainda não há teoria do homem” (1975, p. 215).
[...]” (1975, p. 151-152). Essa insegurança teórica, contudo, as brechas, as
Assim, por mais que tentemos adentrar no incertezas, o acaso, não podem levar a
mistério da natureza cósmica e humana, ainda humanidade ao desespero e à inanição. Às vezes,
estamos longe de explicações conclusivas. Como é inevitável trocar a segurança mental pelo risco
nasceu, como evolui e como poderá encerrar-se de novas possibilidades.
este cosmos? Morin (1995, p. 49) desafia a todos
ao lançar a pergunta: As virtualidades humanas e a incerteza da
história
O que é esse planeta, esse grão de poeira
cósmica onde emergiu a vida, onde a Morin considera a história “um jogo a três,
vegetação produziu o oxigênio de sua entre a ambivalência da desordem, a baixa
atmosfera, onde o conjunto dos seres complexidade e a hipercomplexidade” (1975, p.
vivos, espalhando-se por toda a sua
192). A evolução e a realização da História,
superfície, constituiu uma biosfera eco-
organizada e auto-regulada, onde, portanto, ao comportar a ordem e a desordem, o
originada de um ramo do mundo animal, acaso e a necessidade, a organização e a
a aventura da hominização se lançou e se desorganização, a integração e a desintegração,
desenvolveu? são um caminho aberto a ser percorrido e,
enquanto tal, prenhe de possibilidades.
Cabe ao homem, em qualquer tempo, A História não percorre um caminho circular,
aprender a viver plenamente, ainda que o universo como acreditavam os gregos, nem é uma trajetória
“[...] traz em seu princípio o Desconhecido, o inexorável do destino e, muito menos, o resultado
Insondável e o Inconcebível” (MORIN e KERN, de uma evolução linear, mecânica, que conduz a
1995, p. 47). Apesar do mistério, alertam os um progresso crescente e infinito. Segundo Morin
autores de Terra-Pátria (1995, p. 48), é nesse (1986, p. 311): “A evolução não obedece nem a
cosmos onde nascemos, vivemos e iremos morrer leis nem a um determinismo preponderante. A
“[...] que devemos situar nosso planeta e nosso evolução não é nem mecânica nem linear. Não há
destino, nossas meditações, nossas idéias, nossas fator dominante permanente que comande a
aspirações, nossos temores, nossas vontades”. evolução”. A evolução só pode ser explicada pelo
Enfim, as contribuições da Teoria da princípio da policausalidade. O presente do
Complexidade para a formulação de um conceito passado registra os acontecimentos já
de natureza humana procura contemplar a concretizados e o presente do futuro ainda é uma
multidimensionalidade do ser humano, evitando incógnita quanto as suas possibilidades. Saberá o
concepções e pensamentos isolantes, mutilantes e homem utilizar sua criatividade ambivalente para
unidimensionais que acabam desembocando numa escrever uma meta-história 5 ou caminhará ele para
concepção de caráter disjuntivo e redutivo de a sua própria destruição ou aniquilamento?
homem. A noção do homem moriniano não é A concepção biocultural do ser humano,
simples, mas complexa: “Homo é um complexo como um ser que “é a um só tempo físico,
bioantropológico e biossociocultural. O homem biológico, psíquico, cultural, social, histórico”
tem muitas dimensões e tudo o que desloca esse (2000b, p. 15), define o homem como um ser
complexo é mutilante, não só para o privilegiado que integra o universo. Não é insular,
conhecimento, mas, igualmente, para a ação” mas peninsular. Enquanto indivíduo vive uma
(MORIN, 2000d, p. 130).
5
É a partir de uma visão complexa da natureza Morin entende que a humanidade pode caminhar para uma
humana que Morin consegue pensar numa utopia evolução meta-histórica, ou seja, uma “evolução que se
efetuaria, não, por certo, sem desordem e incerteza, não sem
realista fundamentada numa visão de ética da ruído, mas sim sem fúria”. Com as potencialidades do
solidariedade humana e de política do homem cérebro humano ainda inexploradas, o homem poderia
planetário. E mais uma vez, portanto, está evoluir, inclusive, para uma metassociedade (1975, p. 193).

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relação complementar, concorrente e antagônica racionalidade para enfrentar os desafios e


com a sua espécie e com a sociedade. Por problemas da era planetária?
natureza, pertencente ao planeta Terra, não é É necessário levar em conta o prognóstico de
supra-animal, nem puramente animal, mas alguém Morin e Kern (1995, p. 82; grifo dos autores): “De
que tem em suas mãos a possibilidade de escrever qualquer modo o progresso não está assegurado
a história de seu planeta. Sobre essa possibilidade automaticamente por nenhuma lei da história. O
de uma imagem pertinente sobre a complexidade devir não é necessariamente desenvolvimento. O
do homem assim se expressa Morin (1975, p. futuro chama-se doravante incerteza”. Daí a
199): importância de que a humanidade tome
consciência de que pensar a vida como um projeto
Aquilo que hoje morre não é a noção de possível e viável significa pensá-la na sua
homem, mas sim uma noção insular do complexidade, com um sentimento de
homem, retirado da natureza e da sua comunidade e de solidariedade, com os outros e
própria natureza; aquilo que deve morrer com a natureza.
é a auto-idolatria do homem, admirando-
se na imagem pomposa de sua própria
racionalidade. (...) Os sinos dobram por A educação escolar e os rumos da humanidade
uma teoria fechada, fragmentada e
simplificante do homem. A era da teoria A Pedagogia, como campo teórico da práxis
aberta, multidimensional e complexa já educativa, historicamente tem colocado a tarefa da
começa. singularização, da socialização e da humanização
dos homens no rol dos grandes propósitos da ação
O homem, nos últimos 500 anos, vem educativa. No período moderno, o iluminista Kant
formando uma nova identidade. Ingressamos (1999, p. 15) exaltou esse propósito fundamental
numa era chamada planetária, cujas (in)certezas do processo pedagógico na formação e
repercutem sobre o sentido das nossas vidas emancipação do homem: “O homem não pode se
humanas. Indica a solidariedade ecológica como tornar um verdadeiro homem senão pela
uma das grandes descobertas das últimas décadas, educação”.
quando o homem se dá conta que é filho deste As discussões filosóficas e pedagógicas
cosmos “[...] que carrega em si nosso nascimento, sempre reivindicaram para a educação a tarefa de
nosso devir, nossa morte” (MORIN e KERN, transformar os homens em homens. Para que a
1995, p. 48), onde tudo está em relação com tudo, ação educativa possa cumprir esse seu propósito
tudo tem a ver com tudo, onde cada parte do básico é imprescindível que se inclua no
mundo faz cada vez mais parte do mundo e onde o planejamento das ações curriculares um espaço
todo do mundo está cada vez mais presente em para reflexão sobre quem é o homem, qual a sua
cada uma de suas partes. origem e destino, qual o seu lugar no universo,
O homem moriniano é uma realidade quais suas relações com os demais seres humanos.
complexa, aberta, inacabada e assim vai Se primeiro o homem nasce e, só depois,
construindo e constituindo sua hominização no desperta para a condição humana, o processo
processo evolutivo da história de forma auto-eco- pedagógico é condição sine qua non para que tal
organizada e por inter-retroalimentações. ocorra. A escola se apresenta como um espaço
O futuro do homem, da humanidade e da privilegiado no qual os processos cognitivos
História não está inscrito na natureza do homem. devem estar interligados com os processos vitais,
O que devem ser, portanto, indivíduo, espécie e promovendo aprendizagens significativas de
sociedade estão na dependência das escolhas e forma transdisciplinar. Em Diálogo sobre o
deliberações de toda a humanidade. Resta indagar: conhecimento, ao ser indagado sobre o que a
saberá o homem compreender-se como um ente escola nos deve ensinar Morin responde: “O
biosférico e planetário? Terá ele consciência objetivo da escola é ajudar a aprender a viver”
terrestre e cósmica para agir com solidariedade e (MORIN, PENA-VEGA e PAILLARD, 2004, p.
ética? Conseguirá dar um rumo condizente ao 56).
planeta que habita e integra? A virtualidade de sua O momento atual é alvissareiro e fértil para
hominização estará comprometida pelo ressignificar os grandes propósitos da Pedagogia
desregramento e desordem que ele mesmo tendo em vista que em 15 de maio de 2006 o
engendrou? Terá ele condições de fazer uso da sua Conselho Nacional de Educação, por meio da

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62 Reflexões sobre a Natureza Humana e a Educação Escolar

Resolução nº 1, instituiu as Diretrizes Curriculares estéticos inerentes a processos de


Nacionais para o Curso de Graduação em aprendizagem, de socialização e de
Pedagogia, Licenciatura, definindo princípios, construção do conhecimento, no âmbito
condições de ensino e de aprendizagem e do diálogo entre diferentes visões de
mundo.
procedimentos a serem levados em conta pelos
órgãos dos sistemas de ensino e pelas instituições
O texto das Diretrizes, em seu artigo 3º, §
de educação superior.
único, inciso I, quer evitar a visão isolante da
Embora não seja papel das Diretrizes
instituição escolar ao destacar que para a
Curriculares Nacionais explicitar um referencial
formação do licenciado em Pedagogia é
teórico específico de cunho conteudístico sobre o
fundamental “o conhecimento da escola como
homem, assim como em relação a outras matérias,
organização complexa que tem a função de
elas ensejam uma oportunidade ímpar para tal,
promover a educação para e na cidadania”. Dessa
uma vez que se aplicam à formação inicial para o
forma, o egresso do curso de Pedagogia, de
exercício da docência na Educação Infantil e nos
acordo com o artigo 5º, inciso II, deverá estar apto
anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos
a “compreender, cuidar e educar crianças de zero
de Ensino Médio, na modalidade Normal e em
a cinco anos, de forma a contribuir para o seu
cursos de Educação Profissional na área de
desenvolvimento nas dimensões, entre outras,
serviços e apoio escolar.
física, psicológica, intelectual, social”. No
Com um caminho aberto de possibilidades
cuidado do registro “entre outras” pode-se
aleatórias, a tomada de consciência de nossas
subentender, implicitamente, que as Diretrizes
raízes terrestres, bem como de nosso destino
visam a contemplar uma concepção de ser
planetário, depende cada vez mais de uma reforma
humano com e em suas múltiplas dimensões,
radical do ensino educativo, que inclua os
deixando a critério das instituições escolares saber
princípios organizadores do conhecimento
explorá-las.
complexo e do pensamento pertinente como o
Assim, tendo como pressuposto uma reforma
contexto, o global, o multidimensional e o
paradigmática do pensamento e da instituição
complexo como base para a concidadania
escolar pode-se pensar numa reforma do ensino
terrestre. Morin (2000c) estabelece como grande
que contemple o estudo do conhecimento de si
finalidade para o ensino educativo: favorecer a
mesmo, da espécie humana, da sociedade e do
aptidão do aluno para contextualizar, religar e
cosmos, desde os níveis mais elementares. Por
globalizar os conhecimentos, ou seja, buscar a
articulação entre os diversos/diferentes saberes essa razão Morin (2000b, p. 15) propõe que “a
condição humana deveria ser o objeto essencial de
pelo caminho da complexidade.
todo o ensino”.
As Diretrizes Curriculares Nacionais, no
A escola atual não pode mais continuar a se
artigo 2º, § 1, ao conceituar a docência,
omitir de refletir sobre a condição humana e a
contemplam alguns requisitos do pensamento
identidade terrena: estes são saberes necessários à
complexo ao destacar a articulação entre os
educação do século XXI para formar cidadãos
diferentes tipos de conhecimentos e de visão de
capazes de compreender e enfrentar os problemas
mundo. Aí está implícita a idéia conectiva do e/e,
de seu tempo.
do anel recorrente, da hologramaticidade e das
dialogias, sugerindo o desenvolvimento de
trabalho em grupo e recomendando o diálogo
entre a área educacional e os demais campos do REFERÊNCIAS
conhecimento:
BRASIL, RES./CFE n.1 de 15 de maio de 2006.
A docência como ação educativa e Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de
processo pedagógico metódico e graduação em Pedagogia. Diário Oficial da
intencional, construído em relações União, Brasília, 16 mai. 2006.
sociais, étnico-raciais e produtivas, as CARVALHO, Edgar de Assis. Edgar Morin, a
quais influenciam conceitos, princípios e dialogia de um Sapiens-demens. Margem, São
objetivos da Pedagogia, desenvolvendo- Paulo, n.16, p. 167-170, dez. 2002.
se na articulação entre conhecimentos KANT, Immanuel. Sobre a Pedagogia.
científicos e culturais, valores éticos e Piracicaba: Editora Unimep, 1999.

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MARTINAZZO 63

MORIN, Edgar. O enigma do homem: para uma ____. Educação e complexidade: os sete saberes
nova antropologia. Trad. Fernando de Castro e outros ensaios. ALMEIDA, Maria da C. de e
Ferro. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975. CARVALHO, Edgard de Assis (orgs.). São Paulo:
____. Para sair do século XX. Rio de Janeiro: Cortez, 2004.
Nova Fronteira, 1986. MORIN, Edgar e CYRULNIK, Boris. Diálogo
____. Meus demônios. Rio de Janeiro: Bertrand sobre a Natureza Humana. Lisboa: Instituto
Brasil, 2000a. Piaget, 2004.
____. Os sete saberes necessários à educação do MORIN, Edgar e MOIGNE, Jean-Louis de. A
futuro. São Paulo: Cortez; Brasília: Unesco, inteligência da complexidade. São Paulo:
2000b. Peirópolis, 2000.
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humanidade. Porto Alegre: Sulina, 2002. DA COMPLEXIDADE, I, 2005, Curitiba. Anais.
Curitiba, 2005. p. 1-10.

Recebido: 10/03/2009
Aceito: 10/072009

Endereço para correspondência: Rua Princesa Isabel – 1092 - CEP 98.900-000 – SANTA ROSA – RS. <marti.sra@terra.com.br>

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