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Consequências jurídicas do Crime

Duração: 2 h.30 m Exame 6/6/2015

André, motorista do Presidente da Câmara da cidade X, é casado e pai de dois filhos de


6 e 8 anos de idade. Desde que desempenha a função de motorista (há 1 ano), André aproveita
a viatura da Câmara para, todos os dias, ir buscar os filhos à escola, à hora de almoço, levá-los a
casa, onde almoça com eles e, depois, voltar a levá-los à escola. Por vezes (pelo menos duas
vezes na semana) vai também buscá-los ao fim da tarde, deixando-os depois em casa;
ocasionalmente (pelo menos uma vez por mês) usa a mesma viatura para levar a mulher ao
supermercado, ao médico e a casa de familiares…

Esta situação foi denunciada e chegou a tribunal, tendo-se provado a situação descrita.

André aufere 800 euros (líquidos), a sua mulher (que era empregada de limpeza) ficou
desempregada (há 2 anos e sem ter direito a subsídio de desemprego) e paga uma renda de 450
euros. André não tem viatura própria. A distância da Câmara à escola dos filhos é de
aproximadamente 1 Km e a distância da escola a casa é de 2 km.

- Colocando-se na posição de juiz, diga, fundamentando a sua resposta constitucional,


legal e doutrinalmente, como responsabilizaria André jurídico-penalmente.

- Não deixe de considerar os seguintes aspetos (tendo em atenção o art. 376º do CP):

a) Unidade / pluralidade de crimes

b) Escolha da pena

c) Critérios para determinação da pena concreta

d) Possibilidade de aplicação de uma pena de substituição (e, em caso afirmativo, qual


aplicaria e porquê)

II

Bruno cometeu um crime de ofensas corporais qualificadas (art. 145º nº 1 al.a) em


relação à sua avó, em Agosto de 2013. Por tal crime foi condenado numa pena de prisão efetiva
de 2 anos (em Janeiro de 2014). Tendo cumprido um ano de prisão, foi posto em liberdade
condicional em Janeiro de 2015. Logo em Fevereiro de 2015, Bruno começou a namorar com
Carlota, jovem que conheceu na festa de anos de um amigo comum. No início do namoro
estavam muito apaixonados. Porém, passados 2 meses (início de Abril), Bruno começou a
mostrar-se muito ciumento. Proibia Carlota de sair com os seus colegas de trabalho, proibia-a
de usar calções ou mini saia, via as suas mensagens, entrava na sua conta de facebook e, em
Abril, chamou-lhe “vaca” e “porca” na presença de dois colegas de Carlota. No dia seguinte,
Carlota quis acabar o namoro, mas Bruno bateu-lhe (duas bofetadas) e ameaçou-a: “se me
deixas mato-te!”

O caso chegou a Tribunal, onde ficaram provados os factos descritos.

Provou-se ainda que, à data da prática dos factos, Bruno tinha 27 anos e Carlota 22 anos.
Bruno tem o 12º ano e, antes de estar preso, era vendedor numa loja de informática, para onde
voltou quando foi posto em liberdade condicional. Bruno vive com o pai (reformado da função
pública) e um irmão mais novo (de 20 anos, ainda a estudar). A mãe de Bruno morreu quando
ele tinha 15 anos. A partir daí Bruno tornou-se um jovem muito revoltado, tendo fases mais
calmas e outras mais agressivas. Bruno tem poucos amigos; mantém as namoradas durante
pouco tempo, pois tem um temperamento conflituoso. Tem tendência para gastar tudo o que
ganha em jogos de computador e tabaco. Quando agrediu a avó, violentamente (em Agosto de
2013), esta estava a chamar-lhe a atenção para a necessidade de gerir melhor o seu dinheiro e
ajudar a família…

Colocando-se na posição de juiz, diga, fundamentando a sua resposta legal e


doutrinalmente, como responsabilizaria Bruno jurídico-penalmente.

Tome em consideração os seguintes aspetos:

a) Concurso aparente / concurso efetivo


b) Eventual presença de atenuantes / agravantes
c) Efeito destes comportamentos na liberdade condicional que fora concedida a Bruno

Cotação: I – 12 Val.; II) 8 val.

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