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YURI OLIVEIRA
BELÉM
2019
YURI OLIVEIRA
BELÉM
2019
O livro “O amor líquido” começa, logo no prefácio, com uma citação de um
grande romance: “O homem sem qualidades”, de Robert Musil. Ulrich, personagem
central desse livro, é um matemático, um homem sem uma filosofia central de vida ou
diretrizes morais para viver. Ele é indiferente à moralidade e à ética e, como tal, tornou-
se um homem sem qualidades. O modo como Ulrich age é fruto do desenvolvimento da
sociedade moderna: o indivíduo age por si mesmo, em seu próprio nome, sem o apoio da
tradição e sem os impasses da coletividade. Conecta-se, mas, sem o compromisso da
permanência, vemos o surgimento do de uma subjetividade moderna sem qualidade.
O autor diz que o amor-próprio é resultado de ser amado. Esta é uma relação
infinita e incessante: quando o sujeito percebe que sua voz é ouvida, que sua opinião é
importante ou que sua presença será sentida, ele entende que é único, especial e digno de
amor. Só o outro pode dizer que somos dignos e amor, o que fazemos é reconhecer esta
classificação. Nós nos amamos quando nosso ego se identifica com o outro e, desta forma,
amamos a nós, merecedores de amor, e amamos o outro identificado.
É nesta relação que Bauman diz ser “amar ao próximo como ama a ti mesmo” a
máxima que funda a moralidade. O instinto de preservação não é suficiente para a
sobrevivência. É necessário haver uma instância moral atuando nas definições do eu e do
outro para que haja uma relação humana que seja algo mais que uma relação puramente
animal.