Você está na página 1de 5

O termo "Estados formaria a Espanha moderna no século XV.

As monarquias
Nacionais" costuma ser em França e Inglaterra também mostrariam cedo sinais de
utilizado para designar fortalecimento do poder real, mas apenas depois da Guerra
o resultado da dinâmica dos Cem Anos travada entre ambos desde o século XIV – e,
política e econômica especificamente no caso inglês, a Guerra das Duas Rosas,
que levaria a uma nova que opôs a Casa Lancaster e a Casa York no século XV – foi
formulação de Estado que o poder real se consolidou respectivamente com a
nos reinos europeus, dinastia Valois e a dinastia Tudor. Esse processo de
possibilitando o centralização política acabaria por resultar, mais tarde, na
fortalecimento e formação de um sistema característico da Era Moderna:
subsequente o absolutismo, que encontraria sua expressão mais famosa
centralização do poder em França com Luís XIV, o Rei Sol.
real. Entretanto, em algumas regiões o processo que
Durante levaria ao Estado Nacional não seria completado neste
a Idade Média, a período. Embora tanto no Sacro Império Romano
Europa em geral seria Germânico quanto na Península Itálica ocorresse a crise
caracterizada pela forte presença política dos senhores do feudalismo e o início da centralização política, as forças
feudais. Junto com a influência da Igreja, isso acabaria por regionais foram fortes demais para que fosse possível a
assegurar a fragmentação do poder durante o período. No consolidação de um poder central. Assim, ambas as regiões
século XIV, porém, este sistema afundou em uma forte crise seriam politicamente fragmentadas durante a Era Moderna.
depois da desagregação social causada pela epidemia Enquanto o Império possuía vários ducados, reinos e
de peste bubônica, que em muito agravaria a crescente cidades independentes, na Península Itálica muitas terras
paralisação do mercado agrícola. Neste contexto, ocorreu a foram dominadas por potências estrangeiras ou eram
ascensão da burguesia. Anteriormente mais predominante subordinadas à Igreja. As modernas nações conhecidas
nas atividades comerciais das cidades feudais, o grupo se como Alemanha e Itália apenas surgiriam no século XIX.
tornaria cada vez mais influente ao adquirir as terras dos No decorrer da Idade Média, a figura política do rei
arruinados senhores feudais, o que lentamente alteraria o era bem distante daquela que usualmente costumamos
eixo da economia para as atividades comerciais no meio imaginar. O poder local dos senhores feudais não se
urbano. Isso desenvolveria substancialmente o comércio. submetia a um conjunto de leis impostas pela autoridade
A diminuição do poder dos senhores feudais real. Quando muito, um rei poderia ter influência política
também levaria ao fortalecimento político dos reis. Aliados sobre os nobres que recebiam parte das terras de suas
com a ascendente burguesia, os monarcas tiveram maior propriedades. No entanto, o reaquecimento das atividades
possibilidade de arrecadar os impostos necessários para comerciais, na Baixa idade Média, transformou a
desenvolver e manter as instituições necessárias para a importância política dos reis.
administração e segurança pública. Os recursos para isso A autoridade monárquica se estendeu por todo um
eram garantidos por meio da promoção da economia território definido por limites, traços culturais e linguísticos
mercantil. Ao mesmo tempo em que beneficiava a que perfilavam a formação de um Estado Nacional. Para
burguesia, entretanto, o rei ainda cultivava o apoio tanto, foi preciso superar os obstáculos impostos pelo
da nobreza, reforçando os laços de fidelidade entre eles ao particularismo e universalismo político que marcaram toda
atraí-los para a corte e promovendo seus membros mais a Idade Média. O universalismo manifestava-se na ampla
destacados para importantes cargos no Estado. Desta autoridade da Igreja, constituindo a posse sobre grandes
forma, a nobreza perdia sua autonomia e se tornava extensões de terra e a imposição de leis e tributos próprios.
subserviente ao rei. Ao mesmo tempo, as fronteiras Já o particularismo desenvolveu-se nos costumes políticos
tornavam-se melhor definidas, gerando paulatinamente o locais enraizados nos feudos e nas cidades comerciais.
sentimento de uma identidade nacional pelo reino. Os comerciantes burgueses surgiram enquanto
A maioria dos reinos europeus passou mais cedo ou classe social interessada na formação de um regime político
mais tarde por este processo. Um caso precoce foi Portugal, centralizado. As leis de caráter local, instituídas em cada um
consolidado já no século XIII, apesar de ter sua dos feudos, encareciam as atividades comerciais por meio
independência frequentemente ameaçada pela vizinha da cobrança de impostos e pedágios que inflacionavam os
Castela – que, por sua vez, apenas se uniria com Aragão e custos de uma viagem comercial. Além disso, a falta de uma
moeda padrão instituía uma enorme dificuldade no cálculo das Cruzadas. Os principais sintomas da crise do feudalismo
dos lucros e na cotação dos preços das mercadorias. foram a dinamização econômica – com a substituição da
Além disso, a crise das relações servis causou um economia de subsistência pela economia de mercado
outro tipo de situação favorável à formação de um governo (renascimento comercial e urbano) –, o surgimento da
centralizado. Ameaçados por constantes revoltas – burguesia – um novo grupo social, ligado às atividades
principalmente na Baixa Idade Média – e a queda da mercantis e artesanais urbanas – e o fortalecimento do
produção agrícola, os senhores feudais recorriam à poder central dos reis, originando os Estados Nacionais
autoridade real com o intuito de formar exércitos Europeus.
suficientemente preparados para conter as revoltas Esse processo de desorganização das estruturas
camponesas. Dessa maneira, a partir do século XI, feudais foi lento e gradual, atingindo seu ápice no século XIV
observamos uma gradual elevação das atribuições políticas e dando origem a um novo sistema econômico conhecido
do rei. como capitalismo.
Para convergir maiores poderes em mãos, o Estado
monárquico buscou o controle sobre questões de ordem As Cruzadas
fiscal, jurídica e militar. Em outros termos, o rei deveria ter
autoridade e legitimidade suficientes para criar leis, formar
exércitos e decretar impostos. Com esses três mecanismos
de ação, as monarquias foram se estabelecendo por meio
de ações conjuntas que tinham o apoio tanto da burguesia
comerciante, quanto da nobreza feudal.
Com o apoio dos comerciantes, os reis criaram
exércitos mercenários que tinham caráter essencialmente
temporário. Ao longo dos anos, a ajuda financeira dos
comerciantes tratou de formar as milícias urbanas e as
primeiras infantarias. Tal medida enfraqueceu a atuação
dos cavaleiros que limitavam sua ação militar aos interesses
de seu suserano. A formação de exércitos foi um passo
importante para que os limites territoriais fossem fixados e
para que fosse possível a imposição de uma autoridade de
ordem nacional. Europa da Alta Idade Média, quando se estruturou o
A partir de então, o rei acumulava poderes para feudalismo, experimentou inúmeros ataques invasores que
instituir tributos que sustentariam o Estado e, ao mesmo resultaram no isolamento geográfico e econômico da
tempo, regulamentaria os impostos a serem cobrados em Europa em relação ao restante do mundo. Os ataques
seu território. Concomitantemente, as moedas ganhariam também contribuíram para manter a estabilidade do ritmo
um padrão de valor, peso e medida capaz de calcular de crescimento populacional.
antecipadamente os ganhos obtidos com o comércio e a A partir do século IX, porém, as invasões à Europa
cobrança de impostos. A fixação de tais mudanças cessaram. Isso ocasionou um rápido crescimento
personalizou a supremacia política dos Estados europeus na demográfico, decorrente da queda da taxa de mortalidade
figura individual de um rei. e da alta da taxa de natalidade. A melhoria das técnicas de
Além de contar com o patrocínio da classe cultivo, a ampliação das áreas dedicadas à agricultura e a
burguesa, a formação das monarquias absolutistas também diminuição dos surtos epidêmicos foram decisivos para
contou com apoio de ordem intelectual e filosófica. Os promover um rápido e constante aumento da população,
pensadores políticos da renascença criaram importantes que estava além do poder de absorção da estrutura do
obras que refletiam sobre o papel a ser desempenhado pelo feudo. O resultado disso foi o crescimento, na Europa, de
rei. No campo religioso, a aprovação das autoridades uma população marginal: abandonando os feudos pelas
religiosas se mostrava importante para que os antigos dificuldades de sobrevivência, muitos indivíduos passaram a
servos agora se transformassem em súditos à autoridade de vagar pelas estradas e percorrer vilarejos, ora promovendo
um rei. saques e assaltos, ora pedindo esmolas. O banditismo e a
Bibliografia: mendicância tornaram-se frequentes, ameaçando a ordem
LIMA, Lizânias de Souza; PEDRO, Antonio. “Das monarquias feudal e atemorizando as populações dos feudos.
nacionais ao absolutismo”. In: História da civilização Alguns desses servos expulsos dos feudos, porém,
ocidental. São Paulo: FTD, 2005. pp. 141-145. estabeleceram-se em aldeias, ou antigos núcleos urbanos,
onde exerciam uma incipiente atividade comercial e
O período da história europeia conhecido artesanal.
como Baixa Idade Média (séculos X-XV) corresponde à crise Preocupada com o aumento da população marginal
do modo de produção feudal. Tal crise foi resultado de um e do perigo que ela representava para a ordem vigente, a
profundo processo de transformações socioeconômicas, elite feudal, liderada pela Igreja, enxergou uma forma de
políticas e culturais, iniciado com o movimento
solucionar o problema do excedente demográfico na  o restabelecimento dos contatos entre Oriente e
Europa. Nasceram, assim, as Cruzadas. Ocidente através do mar Mediterrâneo;
As Cruzadas eram expedições militares-religiosas,  o renascimento comercial e urbano;
convocadas pelo Papa Urbano II, cujo objetivo anunciado  o surgimento e fortalecimento de uma nova
era libertar a Terra Santa, onde se encontra o Santo camada social, a burguesia;
Sepulcro, que na época estava sob domínio muçulmano.  o enfraquecimento do poder da nobreza feudal.
Outras razões, no entanto, levaram os cristãos europeus a  O comércio e as cidades
se engajarem no movimento:
 o Império Bizantino esperava ajuda dos cristãos do As Cruzadas reabriram o Mediterrâneo ao comércio
Ocidente para impedir o avanço turco-otomano em com o Oriente. A partir das cidades italianas de Gênova e
direção ao seu território; Veneza, surgiram rotas comerciais que se dirigiam tanto
 a Igreja Católica sonhava em ampliar e fortalecer para Constantinopla e Alexandria, onde se obtinham as
seu poderio e uma vitória nas Cruzadas certamente especiarias, quanto para o norte da Europa (mares Báltico e
lhe garantiria prestígio; do Norte), onde essas especiarias eram consumidas. As
 a nobreza feudal começava a sentir os efeitos do rotas comerciais cruzavam o continente europeu, levando e
crescimento populacional, vendo suas terras se trazendo mercadorias e, obviamente, enriquecendo
tornarem insuficientes para legar aos filhos; aqueles que se dedicavam à prática do comércio.
buscavam, assim, ampliar seus domínios No cruzamento dessas rotas surgiram as feiras – locais
territoriais; onde se trocavam mercadorias e onde ocorria o câmbio de
 os comerciantes das cidades italianas viram nas moedas. Essas feiras, surgidas no interior dos domínios
Cruzadas a chance de restabelecer os contatos com feudais, tornaram-se permanentes e receberam o nome
o Oriente, recuperando o acesso ao rentável de burgos (cidades), nas quais viviam mercadores e
comércio de especiarias; artesãos, que eram abastecidos pela produção rural dos
 os marginalizados não tinham nada a perder: ao servos e que forneciam especiarias e artigos artesanais às
aderir às Cruzadas, ganhavam importância social e, populações vizinhas.
possivelmente, riqueza. Os nobres sofisticaram seus hábitos de consumo,
desejando, cada vez mais, adquirir as exóticas mercadorias
Com estas palavras o papa conclamou os cristãos orientais. Para isso, concordaram em comutar o pagamento
europeus a participarem do movimento cruzadista: das obrigações em produtos ou serviços por dinheiro. Ao
“Deixai os que outrora estavam acostumados a se mesmo tempo, os servos contavam agora com uma
baterem, impiedosamente, contra os fiéis, em guerras alternativa de vida melhor, nas cidades. Muitos deles,
particulares, lutarem contra os infiéis [...] Deixai os que portanto, abandonaram os feudos. A burguesia se fortalecia
até aqui foram ladrões, tornarem-se soldados. Deixai enquanto a nobreza perdia poder.
aqueles, que outrora se bateram contra seus irmãos e Os comerciantes das cidades reuniam-se em
parentes, lutarem agora contra os bárbaros, como associações mercantis conhecidas como hansas, das quais a
devem. Deixai os que outrora foram mercenários, a baixos mais famosa foi a Hansa Teutônica ou Liga Hanseática, que
salários, receberem agora a recompensa eterna. se desenvolveu na região dos mares Báltico e do Norte,
Uma vez que a terra que vós habitais, fechada de todos os reunindo mercadores de aproximadamente 80 cidades.
lados pelo mar e circundada por picos de montanhas, é A vida nas cidades era precária. As residências eram mal
demasiadamente pequena à vossa grande população: sua construídas, as ruas estreitas e sujas, o abastecimento de
riqueza não abunda, mal fornece alimento necessário aos água deixava a desejar. Seus habitantes amontoavam-se em
seus cultivadores [...] tomai o caminho do Santo Sepulcro; pequenos cômodos e estavam sujeitos a frequentes ondas
arrebatai aquela terra à raça perversa e submetei-a a vós epidêmicas.
mesmos. Essa terra em que, como diz a Escritura, ‘jorra Os artesãos dos burgos também formaram associações
leite e mel’ foi dada por Deus aos filhos de Israel. para defender seus interesses. Essas associações eram
Jerusalém é o umbigo do mundo; a terra é mais que todas denominadas corporações de ofício: reuniam artífices de
frutífera, como um novo paraíso de deleites. uma mesma atividade. Cada corporação regulamentava a
“(In VICENTINO, Cláudio. História Geral. São Paulo, atividade de seus membros, controlando qualidade da
Scipione, 1997; p.134) matéria-prima, os preços de venda e, até mesmo, o número
de oficiais dedicados a certo ofício.
Nas oficinas artesanais, trabalhavam o mestre –
Entre 1096 e 1270, foram organizadas inúmeras proprietário da oficina e dos instrumentos de produção –,
Cruzadas como a dos Mendigos, a dos Nobres, a dos Reis e os aprendizes – jovens que, em troca do aprendizado,
a das Crianças, entre outras. Se o sucesso militar não foi trabalhavam para o mestre – e os jornaleiros – indivíduos
obtido, pois os cristãos fracassaram diante da resistência remunerados para auxiliar o mestre nas épocas de maior
muçulmana, os efeitos do movimento cruzadista sobre a trabalho.
vida europeia entre os séculos XI e XV foram de extrema
importância. Vale destacar:
FRAGMENTAÇÃO POLÍTICA MONARQUIAS ABSOLUTISTAS

Um dos marcos do fim da Antiguidade foi a queda Nos diversos países da Europa onde o Absolutismo
definitiva do Império Romano Ocidental na segunda imperou, o monarca buscou ampliar seu poder através
metade do século V. A relevância do fato advém não da constituição de alianças com representantes dos
apenas da importância até então possuída pelo setores sociais mais importantes. Com a Igreja
Império, mas igualmente das poderosas Católica, por exemplo, diversos acordos foram feitos,
transformações que seu colapso proporcionou. A buscando-se com isso transformar fiéis em súditos
partir de então, a Europa Ocidental sofrera um intenso obedientes. Ao mesmo tempo, nobres falidos eram
abalo em suas estruturas, algo que se mostrava sustentados pelo Estado e passavam a integrar a
notável através do drástico processo de ruralização e base política do rei absolutista.
do consequente enfraquecimento das cidades e Em um momento de incremento das relações
atividades comerciais. comerciais pela Europa e dessa com outras regiões
Em decorrência deste cenário caótico, começaram a do mundo, o monarca absolutista preocupa-se
surgir lideranças políticas locais que se colocavam na igualmente em obter o apoio da burguesia comercial.
defesa de pequenos grupos populacionais. Em geral, Esta, por sua vez, entende a aliança com o rei como
tratavam-se de nobres que dominavam condados, um fator fundamental à unificação dos mercados e à
ducados e outras localidades menores. Ao invés do abertura de suas rotas comerciais pelo mundo,
imperador e seu exército, caberia agora a tais líderes aspectos essenciais ao crescimento de seus lucros.
combater às diversas ameaças que então passaram a
assolar a recém-formada sociedade medieval. Deste Além do apoio de tais setores sociais, o Estado
modo, as instituições políticas sofrem um poderoso absolutista foi empoderado através das teorias
processo de descentralização, aspecto este que viria elaboradas por importantes pensadores do período. O
a caracterizar a Europa Ocidental ao longo de boa inglês Thomas Hobbes, por exemplo, buscou legitimar
parte da Idade Média. o absolutismo real em seu livro Leviatã. Nesta obra,
Hobbes afirma ser necessário a realização de um
pacto social entre o rei e seus súditos, a partir do qual
CRISE MEDIEVAL estes últimos cederiam toda sua liberdade ao primeiro,
que em troca lhes garantiria uma sociedade pacífica e
No entanto, especialmente no desenrolar da Baixa ordeira.
Idade Média, mudanças se sucederam em favor da Salientando as fortes relações existentes entre a
revitalização comercial e urbana, processo este que Igreja e o Estado absolutista, o membro do clero
comportou igualmente a centralização territorial e francês Jacques Bossuet legitimava a ditadura
política nas mãos dos monarcas. O soberano surgia, monárquica como sendo esta fruto da vontade divina.
então, como aquele que seria capaz de reorganizar as Deste modo, o poder do rei seria um direito concedido
novas relações sociais e econômicas, confrontando o por Deus e, portanto, não poderia ser contestado.
caos que caracterizou a Europa Ocidental durante a De um modo geral, as monarquias absolutistas
chamada “Crise Medieval do século XIV”. imperaram na Europa durante toda a Idade Moderna.
Evidentemente que este processo de constituição das Suas estruturas começaram a ruir à medida que
monarquias nacionais foi bastante longo e tortuoso. diversos grupos sociais passaram a reivindicar o
Para seu sucesso contribuiu uma série de fatores, estabelecimento de organizações políticas mais
como a criação de exércitos nacionais – que deveriam liberais. Nesse processo de depreciação do
garantir a aplicação das determinações reais – e a Absolutismo, as Revoluções Inglesas do século XVII e
elaboração de legislações que submetessem todos os a difusão dos ideais iluministas se apresentaram como
súditos ao Estado. Além disso, as moedas e mercados acontecimentos fundamentais. E como símbolo maior
nacionais foram unificados, assim como a cobrança dessa crise, a Revolução Francesa, a partir da qual o
de impostos monopolizada pelo governo. Absolutismo passa a ser identificado como o Antigo
Com a crise medieval e o advento da Idade Moderna, Regime.
os “Estados Nacionais Modernos” são formados
justamente a partir do fortalecimento do poder do rei e
de seu Estado. Tais governos se amparavam em uma
enorme máquina burocrática, onde uma grande
variedade de instituições e cargos administrativos
atuavam com o objetivo de consolidar o poder real.
Surgiam, assim, as monarquias absolutistas.
Autoridade
monárquica Centralização do poder
Ao longo da Idade Para concentrar mais
Média, o rei era poder, o Estado
uma figura bem monárquico procurou
diferente daquela controlar os aspectos
que costumamos fiscal (imposto),
imaginar. Os jurídico e militar.
senhores feudais Assim, o rei passou a
detinham um ter autoridade para
poder local que decretar leis, formar
não se submetia a exércitos e criar
autoridade real. impostos.
No máximo, o rei Com esses três
tinha influência mecanismos,
política sobre os monarquias mais
nobres que centralizadoras foram
recebiam parte se estabelecendo,
das terras reais. contando com o apoio
No entanto, o tanto da burguesia
renascimento das comerciante, quanto
atividades da nobreza feudal.
comerciais e as revoltas servis, na Baixa Idade Média, mudaram O apoio da burguesia foi essencial para os reis criarem exércitos
significativamente a importância política dos reis. mercenários que, inicialmente, eram apenas temporários. Ao
Com o tempo, a autoridade monárquica foi se estendendo por longo dos anos esses exércitos foram se tornando permanentes,
todo um território definido por limites, traços culturais e idioma, o que limitou o poder dos cavaleiros e dos feudos.
três dos elementos que caracterizam um Estado nacional. Mas A formação de exércitos foi muito importante para que fossem
para o poder do rei se afirmar, foi preciso superar os obstáculos fixados os limites territoriais e para que fosse imposta uma
políticos que marcaram toda a Idade Média. autoridade de ordem central.
Dessa forma, o rei passava a ter poderes para criar tributos que
Desenvolvimento da burguesia sustentariam o Estado e ao mesmo tempo, as moedas passaram
Também na Idade Média, os burgueses começaram a surgir a ter padrão de valor, peso e medida, de forma a facilitar o
enquanto classe social. Para os comerciantes, era interessante a comércio e a cobrança de impostos.
formação de um regime político centralizado, pois as leis e
impostos existentes em cada um dos feudos, dificultavam as Conclusão
atividades comerciais. Além disso, não havia uma moeda padrão, O conjunto destas mudanças, que permitiram o rei decretar leis,
complicando o cálculo dos lucros e dos preços das mercadorias. criar impostos e manter um exército, possibilitou a supremacia
Pintura renascentista representando um burguês. política da figura do rei nos Estados europeus.
Assim no século XV, na maior parte da Europa, o poder político já
Autoridade da Igreja não estava nas mãos dos senhores feudais, mas sim com o rei. A
Vimos que, na Idade Média, a Igreja concentrava grande poder e unificação por meio de um idioma, o respeito para com o rei e a
autoridade. A Igreja era proprietária de grandes extensões de idéia de pertencer a um país (Estado), e não mais a uma região,
terra, nas quais ela estabelecia leis e impostos próprios. fortaleceram a criação dos Estados nacionais.
Para agravar, essa concentração de poder ameaçava a crescente O poder absoluto estava concentrado no Estado nacional por
da burguesia e a Reforma Protestante contestava a centralização meio de três recursos: o corpo de funcionários públicos
de poder em Roma. obedientes ao rei, o estabelecimento de uma capital e a
manutenção de um exército nacional fiel ao rei.
Crise nas relações servis O rei sustentava seu poder por meio do direito romano e com
O final da Idade Média presenciou constantes revoltas dos servos resquícios do sistema feudal, governava de acordo com sua
contra os senhores feudais, com substancial queda da produção religião, mas sem se subordinar à Igreja.
agrícola. Ameaçados, os senhores feudais recorriam à autoridade Dessa forma, a monarquia nacional ou Estados nacionais foram
real a fim de formar exércitos preparados para conter as revoltas estabelecidos em toda a Europa, exceto nas atuais Alemanha e
camponesas. Assim, a partir do século XI, houve um aumento das Itália. Os nobres tornaram-se dependentes de favores reais e a
atribuições políticas do rei. burguesia se enobreceu.

Apoio da intelectualidade No entanto, algumas características feudais foram mantidas nos


Ao lado do apoio da burguesia e dos senhores feudais, o estados absolutistas: a nobreza era a camada dominante, a
surgimento das monarquias absolutistas também teve apoio de servidão e o pagamento de impostos ainda eram mantidos em
ordem intelectual e filosófica. Os pensadores políticos da algumas propriedades.
renascença criaram obras que destacavam o novo papel a ser
desempenhado pelo rei. As camadas sociais estavam divididas em clero, a nobreza, e a
Além disso, no campo religioso, a aprovação das autoridades burguesia com as camadas. O rei ficava acima de todos.
religiosas se mostrava importante para que os antigos servos de
senhores feudais se transformassem em súditos de um rei.

Você também pode gostar