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LOCALIZAÇÃO DO CONFLITO
A água como bem comum e recurso natural exaurível, vem sendo apontada por
muitos como a possível causa de disputas do século atual, onde a sua escassez levaria a
uma piora da crise hídrica já existente devido à poluição e à quantidade deste recurso
disponível, o que levaria consequentemente a futuros cenários de guerra no mundo
(Wolkemer e Pimmel, 2013). Logo, é urgente a necessidade de se ter uma governança
mais atuante deste recurso essencial, com enfoque na participação da sociedade civil
organizada e movimentos sociais a fim de se garantir a continuidade da vida.
Quando indagados sobre a gestão do Laguinho, os atores sociais envolvidos no
conflito em questão, demonstraram que existem pontos a serem refletidos e outros
implementados dentro do contexto estudado.
O órgão responsável pela gestão do Laguinho é a Prefeitura Universitária. Em
entrevista com o Prefeito Universitário, nos foi informado que, no tocante a documentos
formais, não existe nenhum aparato legal institucional que respalde as ações de gestão
desempenhadas no local. Porém, apesar desta lacuna no respaldo legal, os autores do
estudo e integrantes da comunidade acadêmica, logo, participantes diretos no processo
de gestão, foram muito bem recepcionados pela Prefeitura Universitária, o que mostra
um ponto positivo na gestão referente à abertura de diálogo com outros atores sociais.
Em relação à percepção de gestão dos funcionários responsáveis pela
limpeza/manutenção do Laguinho, ou seja, as pessoas que lidam diretamente com o
recurso natural envolvido, percebemos que estes atores têm uma visão de gestão
limitada, pois, ao serem perguntados sobre a presença dos mesmos em reuniões para
falar sobre problemas e/ou sugestões para melhoria da manutenção do Laguinho, estes
entrevistados responderam que os gestores lhes ofereciam apenas os equipamentos de
proteção individual (EPI’s) e que nunca participaram de nenhuma reunião de
planejamento/implementação/avaliação de ações de gestão do local.
Já no tocante à visão de gestão da comunidade vizinha que reside ao lado da
universidade, é uma percepção parecida com a dos funcionários supracitados. Em
entrevista com estes atores, eles relataram problemas de escoamento de água da chuva e
entupimento de bueiros, o que dificulta o acesso às suas moradias. Também quando
indagados quanto à sua presença em reuniões no campus para tratar sobre questões de
gestão do Laguinho, responderam que nunca foram convocados.
Diante destes achados, percebemos que a água como bem essencial para a
manutenção da vida e direito de todos deve ser bem “governada”. Sem a água
proveniente da chuva, não existiria o Laguinho dentro da universidade e
consequentemente não existiria grande parte fauna e flora naquele local. Contudo, se faz
necessário uma mudança ou aprimoramento na percepção de gestão, ou melhor dizendo,
de governança dos gestores, no sentido de abrir as discussões para que os demais atores
sociais que participam deste processo atuem ativamente e a gestão democrática seja
exercida com integração, ética e transparência.
REFERÊNCIA
Wolkmer, M.F.S.; Pimmel, N.F. Política Nacional de Recursos Hídricos:
governança da água e cidadania ambiental. Seqüência (Florianópolis), n. 67, p.
165-198, dez. 2013. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.5007/2177
7055.2013v34n67p165>