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METODOLOGIA

O presente estudo é do tipo descritivo, exploratório, com abordagem qualitativa


no qual foi utilizado a pesquisa de campo. O local da pesquisa foi o Laguinho da UFCG,
localizado no ​campus ​Campina Grande-PB. A escolha deste local foi a necessidade de
se avaliar primeiramente a governança do ponto de vista local através de um diagnóstico
seguido de sugestões de mudanças dentro do nosso próprio local de exercício, como
alunos da instituição, e a partir deste enfoque contribuir com o global.
Foram realizadas 03 visitas (pesquisa de campo) no local, onde foram realizados
registros fotográficos pelos autores e entrevistas informais com os atores envolvidos no
conflito. Logo, os instrumentos de coleta de dados utilizados foi a documentação direta
por meio de fonte de dados primárias (entrevistas com o Prefeito Universitário,
encarregado/jardineiro que cuida da horta ao lado do Laguinho, funcionário da coleta de
lixo do Laguinho e moradores que residem ao redor da UFCG ​campus ​Campina
Grande; e fotos de autoria própria no local da pesquisa) e documentação indireta com
fonte de dados secundária (pesquisa bibliográfica).
A população do estudo foi o Prefeito Universitário, os funcionários responsáveis
pela limpeza/manutenção do Laguinho e os moradores residentes próximo à UFCG
(comunidades vizinhas).

LOCALIZAÇÃO DO CONFLITO

O conflito investigado neste estudo encontra-se no Laguinho da UFCG, o qual


foi verificado através de inconformidades de etiologias distintas. O local do referido
estudo é tido como um cartão postal, se assim podemos referi-lo, e lugar de convivência
das pessoas que frequentam a UFCG ​campus​ Campina Grande-PB.
Durante as visitas ao local em questão, constatamos por meio de registros
fotográficos a presença de vários tipos de resíduos (lixo) dentro do Laguinho. Além dos
resíduos sólidos, encontramos resíduos líquidos, como a presença de óleo dentro da
água, provavelmente proveniente da lavagem de carros ou de alguma indústria que
descarta óleo inadequadamente, segundo os entrevistados.
Ao indagar alguns dos atores sociais presentes neste contexto como o Prefeito
Universitário e os funcionários responsáveis pela limpeza/manutenção do Laguinho,
estes enfatizaram que o problema da contaminação do Laguinho é decorrente das
comunidades vizinhas que jogam lixo no esgoto da rua, e faz com que a água chegue ao
Laguinho já contaminada. Em contrapartida, os mesmos atores não excluem a
possibilidade das pessoas que transitam pelo ​campus​ também jogarem lixo no local.
Outro problema detectado foi em relação ao descarte de objetos de escritório
provavelmente provenientes do próprio ​campus (cadeira giratória, por exemplo) nas
redondezas do Laguinho. Isto demonstra a necessidade de um enfoque maior e contínuo
na educação ambiental dentro da própria universidade.
Segundo os entrevistados, a água represada da chuva que dá condições para a
existência do Laguinho é utilizada apenas para a jardinagem do ​campus ​e é imprópria
para consumo humano. Os conflitos aqui evidenciados trazem impactos diretos e
indiretos para a comunidade acadêmica que convive diariamente naquele local, para a
população vizinha que mora ao redor da universidade, como também para a fauna e
flora local. Alguns exemplos desses impactos seriam o adoecimento e morte de plantas
e animais que dependem do ecossistema do Laguinho para sua sobrevivência e o risco
de adoecimento das pessoas que lidam diretamente com a água ao fazerem a jardinagem
do ​campus.
Diante dos resultados da pesquisa, vimos que um dos conflitos principais se
encontra na falta de educação ambiental dos atores do conflito, principalmente das
comunidades vizinhas ao poluírem os esgotos, o que faz com que a água da chuva
adentre a universidade já contaminada, o que não exclui o papel da comunidade
acadêmica e da gestão com relação à poluição dos arredores do Laguinho.

PERCEPÇÃO DE GESTÃO CONSOANTE UMA VISÃO DOS PRINCIPAIS


ATORES ENTREVISTADOS

A água como bem comum e recurso natural exaurível, vem sendo apontada por
muitos como a possível causa de disputas do século atual, onde a sua escassez levaria a
uma piora da crise hídrica já existente devido à poluição e à quantidade deste recurso
disponível, o que levaria consequentemente a futuros cenários de guerra no mundo
(Wolkemer e Pimmel, 2013). Logo, é urgente a necessidade de se ter uma governança
mais atuante deste recurso essencial, com enfoque na participação da sociedade civil
organizada e movimentos sociais a fim de se garantir a continuidade da vida.
Quando indagados sobre a gestão do Laguinho, os atores sociais envolvidos no
conflito em questão, demonstraram que existem pontos a serem refletidos e outros
implementados dentro do contexto estudado.
O órgão responsável pela gestão do Laguinho é a Prefeitura Universitária. Em
entrevista com o Prefeito Universitário, nos foi informado que, no tocante a documentos
formais, não existe nenhum aparato legal institucional que respalde as ações de gestão
desempenhadas no local. Porém, apesar desta lacuna no respaldo legal, os autores do
estudo e integrantes da comunidade acadêmica, logo, participantes diretos no processo
de gestão, foram muito bem recepcionados pela Prefeitura Universitária, o que mostra
um ponto positivo na gestão referente à abertura de diálogo com outros atores sociais.
Em relação à percepção de gestão dos funcionários responsáveis pela
limpeza/manutenção do Laguinho, ou seja, as pessoas que lidam diretamente com o
recurso natural envolvido, percebemos que estes atores têm uma visão de gestão
limitada, pois, ao serem perguntados sobre a presença dos mesmos em reuniões para
falar sobre problemas e/ou sugestões para melhoria da manutenção do Laguinho, estes
entrevistados responderam que os gestores lhes ofereciam apenas os equipamentos de
proteção individual (EPI’s) e que nunca participaram de nenhuma reunião de
planejamento/implementação/avaliação de ações de gestão do local.
Já no tocante à visão de gestão da comunidade vizinha que reside ao lado da
universidade, é uma percepção parecida com a dos funcionários supracitados. Em
entrevista com estes atores, eles relataram problemas de escoamento de água da chuva e
entupimento de bueiros, o que dificulta o acesso às suas moradias. Também quando
indagados quanto à sua presença em reuniões no ​campus ​para tratar sobre questões de
gestão do Laguinho, responderam que nunca foram convocados.
Diante destes achados, percebemos que a água como bem essencial para a
manutenção da vida e direito de todos deve ser bem “governada”. Sem a água
proveniente da chuva, não existiria o Laguinho dentro da universidade e
consequentemente não existiria grande parte fauna e flora naquele local. Contudo, se faz
necessário uma mudança ou aprimoramento na percepção de gestão, ou melhor dizendo,
de governança dos gestores, no sentido de abrir as discussões para que os demais atores
sociais que participam deste processo atuem ativamente e a gestão democrática seja
exercida com integração, ética e transparência.

REFERÊNCIA
Wolkmer, M.F.S.; Pimmel, N.F. ​Política Nacional de Recursos Hídricos:
governança da água e cidadania ambiental.​ Seqüência (Florianópolis), n. 67, p.
165-198, dez. 2013. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.5007/2177
7055.2013v34n67p165>

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