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UNIESP

Maria Vilma Mota

Drogas na adolescência

São Paulo
2019
Introdução

O presente trabalho aborda sobre a temática "drogas na adolescência"


trazendo a luz os principais problemas e conflitos enfrentados pelos
adolescentes e seus familiares oriundos do uso destes por essas substâncias.
Apresenta um breve resgate histórico sobre as drogas e seu uso através dos
tempos e o papel que exerce em diferentes tipos de cultura. Ainda apresenta
caminhos possíveis de prevenção e recuperação para esses jovens.

Drogas: contexto histórico

Diferentes tipos de drogas são utilizadas por diferentes tipos de culturas


através dos tempos. No início descobriu-se vários tipos de ervas que
provocavam efeitos alucinógenos e de cura por parte dos nativos que
habitavam as terras. Como a relação desses povos com a terra e as plantas
era muito íntima, pois seus alimentos derivaram da caça, pesca e plantio, foi
possível para eles detectarem e observarem os efeitos causados por alguns
tipos de plantas quando consumidas. Nesta época, os homens associavam a
experiência com essas ervas através de um viés mítico e espiritual.

De acordo com Paulino, 2007, Muitos povos viam algumas dessas


drogas como verdadeiros “presentes dos deuses”. A coca, planta da
qual se extrai a cocaína, era sagrada para os Incas; o peyotl era a
carne dos deuses para os Astecas; e os derivados da maconha eram
descritos na Índia como “guias celestiais ou destruidores de
mágoas”. [...] Estimulados pela fome, os nossos ancestrais comiam
praticamente tudo o que encontravam pela frente na natureza:
raízes, folhas, flores, sementes, cogumelos, etc. [...] Às vezes,
“desligavam-se” do seu medo natural, da sua ansiedade e do seu
sofrimento. E, provavelmente também não era raro serem
acometidos de alucinações como “visões celestiais” que lhes
alimentavam a alma.
Com o passar dos tempos, os cientistas também utilizaram muitas dessas
ervas em seus experimentos e desenvolveram substâncias que foram
comercializadas com o intuito de cura para diversas doenças do período,
cólicas menstruais, tosse, tuberculose, etc. Com a modernidade, muitos países
resolveram regulamentar o comércio e uso dessas substâncias, devido aos
efeitos por elas causados quando usadas indevidamente. (LOPES, 2006). Mas,
fatores econômicos, políticos e sociais da modernidade, tornaram as drogas
um produto lucrativo para os meios de comunicação, status e ostentação para
classes mais altas, desordem e violência com a comercialização ilegal de
drogas ilícitas e fuga para a sociedade. Desde então, as chamadas drogas
psicotrópicas tem sido motivo de preocupação no âmbito de segurança da
saúde pública, devido ao uso e abuso dessas substâncias por grande parte da
sociedade, acometendo principalmente os jovens.
De acordo com Paulino, 2007, as drogas psicotrópicas ou psicoativas são
substancias que atuam no cérebro modificando o comportamento da pessoa.

Tipos de drogas psicotrópicas ou psicoativas


Depressoras Estimulantes Perturbadoras

Álcool Cocaína Mescalina

Solventes ou inalantes Crack Maconha

Sedativos ou calmantes Anfetaminas LSD

Opiáceos Nicotina Êxtase (Ecstasy)

Cogumelos e plantas

alucinógenas
Fonte: Paulino, 2007

O quadro apresenta as drogas divididas em três grandes categorias: as


depressoras, as estimulantes e as perturbadoras da atividade do sistema
nervoso. Para quem quer abafar a angustia e encontrar certa calma, há as
depressoras. Aqueles que desejam combater a fadiga e tem necessidade de
aumentar seu dinamismo, recorrem às estimulantes. Outros querendo fugir da
realidade que os oprime, usam as perturbadoras para evadir-se pela
experiência de sensações fantásticas ou ilusões. (CHARBONNEAU, 2007)

Adolescência

A adolescência é marcada por um período de transição do final da infância para


a fase adulta. De acordo com Biaggio, 1983, Apud Piaget em sua teoria do
desenvolvimento humano, a adolescência é a fase onde o indivíduo passa das
operações motoras e concretas para um estágio cognitivo mais avançado,
possibilitando um pensamento mais sistemático, lógico e hipotético.
Fisicamente, seu corpo também sofre modificações, o que resulta no aflorar da
sexualidade. Socialmente, passa a pertencer a grupos procurando entender
sua própria identidade, momento marcado pelo egocentrismo, por nao entender
ainda seu lugar no mundo e a procura por auto-afirmação, pode levá-los
mesmo que inconscientemente a acharem que são o centro do universo. Nesse
período também há um distanciamento em sua relação familiar e o questiona‐
mento das regras impostas pela sociedade. Toda essa confusão interior gerada
por essa passagem leva os adolescentes a terem comportamentos rebeldes,
inconstantes e inconsequentes.

Álcool e drogas e as consequências para os adolescentes

O uso de drogas por adolescentes é mais comum do que se deveria. Por ser
uma fase difícil, gerada por conflitos e descobertas, as drogas geralmente são
escolhidas por eles muitas vezes para serem aceitos em grupos ou por simples
rebeldia.

Os jovens por sofrerem com certa dubiedade de personalidade


normalmente buscam mecanismos para se diferenciarem das
crianças que não são e dos adultos que também não são". Então,
eles procuram desenvolver códigos de conduta para criarem sua
própria identidade. Nesta situação, o ingresso ao mundo das drogas
é num piscar de olhos. CRUZ, 2013 (apud) MOREIRA, 2010, p. 16
Os adolescentes não conseguem mensurar o perigo que estão correndo ao
utilizarem essas substâncias de maneira inconsequente. A dependência às
drogas pode trazer consequências que irão impactar por toda a sua vida,
comprometendo áreas no campo da saúde mental, social e profissional. O uso
precoce de álcool e drogas pode afastar o adolescente de seu desenvolvimento
normal, impedindo-o de experimentar outras atividades importantes nessa fase
da vida. (DIEHL, 2011, p. 360). Entre as principais drogas utilizadas por
adolescentes inicialmente, destacam-se: cigarros, bebidas alcoólicas, sendo a
cerveja a mais popular neste contexto e gradualmente o uso da maconha.
Estas drogas, com exceção da maconha, são de livre comércio e podem
facilmente ser adquiridas pelos adolescentes, mesmo sendo proibidas para
menores de 18 anos. Na maioria das vezes o acesso a elas se dá em suas
próprias casas, uma vez que muitos de seus familiares fazem uso dessas
substancias. Há aqueles que se iniciam com diferentes tipos de inalantes. E
dependendo do contexto ao qual esse indivíduo está inserido, pode levá-lo a
ter contato com drogas mais fortes como cocaína, estimulantes alucinógenos,
hipnóticos e tranquilizantes menores. SILBER e SOUZA, 1998.
Sabe-se que o contato com algum tipo de droga em toda a fase da
adolescência será inevitável, excluindo os casos de raras exceções. Para
Diehl, 2011, o uso experimental de algumas substâncias, dentre elas o álcool, o
tabaco e também algumas substancias ilícitas, é considerado por alguns
autores como um comportamento de acordo com o padrão normal de
desenvolvimento do adolescente. O problema ocorre quando o consumo
dessas substancias se tornam regulares, sendo utilizadas para alguma válvula
de escape oriunda de frustrações, descontentamento com a realidade da
família ou da sociedade em que vive, busca de sensação de segurança ou
euforia, necessidade de aceitação em um determinado grupo, ou até mesmo
por curiosidade ou falta de informações corretas sobre os efeitos dessas
substancias.( PAULINO, 2007). Os efeitos oriundos das drogas podem variar
de acordo com a substancia consumida, em geral, no início provocam
sensação de prazer, alívio, liberdade, encorajamento, excitação e etc. Mas a
freqüência do uso pode ocasionar traumas físicos e mentais ocasionados pela
dependência química. A vulnerabilidade da adolescência não permite ao
individuo perceber o estágio de uso ao abuso das drogas, e rapidamente o
individuo é levado a uma viagem, onde na maioria dos casos não existe volta.

Então, acontece, que instalado o hábito, a droga inicial, pouco


poderosa, não consegue mais provocar as sensações desejadas, as
reações a que aspira, as transas almejadas. Sabe-se, com efeito,
que as drogas acabam perdendo sua força porque o organismo a
elas se adapta: as drogas são usadas e não correspondem mais a
expectativa do intoxicado. Nesse ponto a dependência torna-se
tolerância. As sessões, então, são multiplicadas, [...] até o momento
em que se deve recorrer às drogas mais pesadas. Acrescenta-se à
dependência psicológica a terrível dependência física que ocasiona a
horrível síndrome de abstinência. (Charbonneau, 2007).

Diante de tal cenário, família, escola, sociedade tornam-se impotente nesta


luta de proteção aos nossos jovens no que tange às drogas. Todas essas
instituições erram ao tentar resolver está questão. Muitas vezes com discursos
permissivo, ou com autoritarismo em excesso, falta de atenção e acolhimento.
O cenário é complicado, mas não impossível, se cada uma destas instituições
estiverem abertas a enfrentarem de fato o problema e acima de tudo entender
todos os processos aos quais os adolescentes enfrentam nesta fase e estando
presente para orientar, incentivar e acolher. CHARBONNEAU, 2007.
A prevenção é o melhor caminho para evitar que adolescentes sucumbam ao
mundo das drogas. Nesse sentido, políticas publicas são desenvolvidas para o
adolescente, garantindo seu acesso às ações de promoção da saúde e
prevenção de doenças, atenções a agravos e doenças e reabilitação, de
acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). (CAVALCANTE,
2008).

Conclusão

De acordo com a pesquisa apresentada, foi possível perceber que o uso de


drogas por adolescentes é um problema não só da família, mas social. Se faz
necessária uma rede de proteção à esses indivíduos com ações de prevenção,
cuidados e tratamentos, possibilitando a eles um lugar na sociedade.

Referências

BIAGGIO, Ângela M. Brasil. Psicologia do desenvolvimento. 7. ed.


Petrópolis: Vozes, 1983.
CHARBONNEAU, Paul-Eugène. Drogas: prevenção, escola. 7. ed. São
Paulo: Paulus, 2007.
CRUZ, Maria Jesus Barreto. Uso de drogas entre os jovens e adolescentes:
da curiosidade a dependência. Diamantina: Universidade Federal de Minas
Gerais – UFMG, 2013.
DIEHL, Alessandra; CORDEIRO, Daniel Cruz; LARANJEIRA, Ronaldo.
Dependência química: prevenção, tratamento e políticas públicas. Porto
Alegre: Artmed, 2011.
PAULINO, Wilson. Drogas. São Paulo: Àtica, 2007.
CAVALCANTE, Maria Beatriz de Paula; ALVES, Maria Dalva Santos;
BARROSO, Maria Grasiela Teixeira. Adolescência, álcool e drogas: uma
revisão na perspectiva da promoção da saúde. Escola Anna Nery, Revista de
Enfermagem. Rio de Janeiro, vol. 12, n.3, 2008.
LOPES, Marco Antônio. Drogas: 5 mil anos de viagem. Revista Super
interessante. São Paulo, ed. 222, jan. 2006.
SILBER, Tomás José; SOUZA, Ronald Pagnoncelli. Uso e abuso de drogas na
adolescência: o que se deve saber e o que se pode fazer. Adolescência
Latinoamericana. Porto Alegre, n. 1, 1998.

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