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GUERRAS DO BRASIL

ROTEIRO EPISÓDIO 5

A UNIVERSIDADE DO CRIME
GIL ALESSI LUIZ BOLOGNESI

Obs: O texto a seguir, a sugestão de entrevistados e proposta de perguntas servem para nortear a direção sobre a trilha
narrativa a seguir, sendo o exercício de montagem, respeitando o resultado das entrevistas com os especialistas, o eixo
principal a ser seguido.

SEQ 1

1979: O Brasil estava encerrando um dos maiores períodos de crescimento de sua


história: o chamado “Milagre econômico”. Obras faraônicas pipocavam pelos quatro cantos.

Porém, nem tudo era um mar de rosas. Uma grande parcela da população não recebeu a sua fatia do
bolo: milhares de brasileiros passavam fome e 25% eram analfabetos. As desigualdades sociais se
aprofundavam: os 10% mais ricos concentravam 51% da renda.

Mas reclamar desta situação não era uma boa ideia. O país viva uma ditadura militar sob o comando do
general João Figueiredo. Em 1979 o aparato de repressão do regime já havia exterminado os grupos
guerrilheiros que, de armas em punho e ideais socialistas na cabeça, haviam enfrentado o governo nas
décadas anteriores. Tudo ia bem para os militares.

Até que no dia 17 de setembro de 1979, uma rebelião dentro do presidio de segurança máxima da Ilha
Grande, conhecido como O Caldeirão do Diabo, mudaria a história do país. Atrás das grades tinha início
uma das maiores Guerras de todos os tempos no Brasil, que já dura quase 40 anos.

Uma Guerra que varre o país de Norte a Sul, das fronteiras com Bolívia, Colômbia, Paraguai e Peru até os
gabinetes do Congresso Nacional em Brasília. E que cobra seu preço em sangue nas periferias do Brasil.

(Arte: A Guerra do tráfico)

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SEQ 2

O Caldeirão do Diabo, no Rio, abrigava alguns dos presos mais perigosos do Estado: assaltantes de
joalherias, casas lotéricas e assassinos. O tráfico de drogas, na época, era considerado pela bandidagem
como um crime "pé de chinelo". Atrás das grades vigorava a lei do mais forte. Violência, estupros e
assassinatos de presos eram comuns nas penitenciárias do país. Pequenos grupos de detentos
exploravam a massa carcerária, dominada com violência e terror.

Foi nesse caldeirão de violência que, ao longo das décadas de 1960 e 1970, os militares cometeram o erro
estratégico de misturar presos políticos com detentos comuns. Com este convívio, os ideais libertários
dos guerrilheiros Carlos Marighella e Ernesto Che Guevara passaram a fazer parte do vocabulário dos
presidiários.
Na tarde ensolarada daquele 17 de setembro de 1979, este caldeirão explodiu. Organizados sob o nome
de Falange Vermelha, um grupo de detentos se rebelou, exterminou as pequenas falanges rivais que
oprimiam os demais presos, e impôs o seu lema: Paz, Justiça e Liberdade.

Mais tarde, os integrantes da Falange fugiriam do Caldeirão e, escondidos nas favelas do Rio,
organizariam-se e sob o nome de Comando Vermelho. E a história do crime organizado do país nunca
mais seria a mesma.

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SEQ 3

Até a década de 1990 o Comando Vermelho reinou praticamente absoluto, controlando o tráfico de
drogas no Rio de Janeiro a partir das favelas e presídios do Estado. Mas à partir de 1994, com a criação
das facções Terceiro Comando e Amigos dos Amigos, o grupo surgido na Ilha Grande viu seu império
ameaçado. Foi o começo de uma década sangrenta, que deixou um rastro de morte principalmente nas
periferias do Estado. Entre 1983 e 1995, as taxas de homicídio na capital e na região metropolitana do Rio
crescerem 345%, um numero assustador comparado com o aumento de 73% na média nacional.

(especialista fala da guerra do tráfico no Rio)

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SEQ 4

Enquanto o Rio mergulhava em sangue, no Estado de São Paulo reinava uma aparente calmaria. Até que
em 18 de fevereiro de 2001 as autoridades foram pegas de surpresa pela tempestade que varreu o
sistema penitenciário paulista. Naquele dia, o Primeiro Comando da Capital mostrou sua cara à
população, comandando a maior rebelião carcerária da história: a facção organizou motins simultâneos
em 19 presídios do Estado, mobilizando mais de 25 mil presos. No pátio do Carandiru, que pouco menos
de uma década antes havia sido palco de uma ação desastrada da Polícia que terminou com o massacre
de 111 detentos, o PCC recuperou o lema do Comando Vermelho, e escreveu em cal branca no chão de
terra: "Paz, Justiça e Liberdade".

(especialista fala da magnitude da ação + história do surgimento do PCC na Casa de Custódia de Taubaté
+ estatuto da facção + inspiração no CV)

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SEQ 5

Mas o pior ainda estava por vir. Nos dias 11 e 12 de maio de 2006 as autoridades paulistas transferiram
765 presos para a penitenciária de segurança máxima de Presidente Venceslau, no interior do Estado.
Entre eles estava o poderoso Marcos William Camacho, o Marcola, um dos maiores líderes da facção.

O PCC reagiu. No dia 12 o grupo organizou motins simultâneos em 74 presídios do Estado, e deu início à
maior e mais sangrenta série de atentados contra agentes das forças de segurança da história de São
Paulo. Carros, bases da polícia, delegacias e PMs foram atacados a bala. O pânico e o medo paralisaram a
maior cidade do país.

Em resposta aos ataques do PCC, grupos de extermínio revidaram nas periferias do Estado, e passaram a
executar jovens pobres aleatoriamente. Entre os dias 12 e 21 de maio, quando o ciclo de violência parou,
o saldo era de 505 civis 59 agentes de segurança mortos.

O banho de sangue só parou quando Governo e PCC entraram em acordo: as negociações, que teriam
envolvido delegados, advogados e o próprio Marcola, até hoje estão envoltas em mistério.

(Acho que após esse off o especialista pode abordar a questão da redução dos homicídios em SP dos anos
90 até os anos 2000, por obra do PCC. Deixei essa info de fora dos offs por questão de espaço, mas acho
fundamental até para diferenciar a carnificina que é o Rio de Janeiro comparado a SP, onde o PCC proibiu
assassinatos em presídios e favelas. A Camila e o Bruno Mando [indicados na lista de especialistas] falam
bem sobre os 'tribunais do crime)

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SEQ 6

As autoridades responderam ao problema das facções com mais prisões. Se em 1990 o país tinha 90.000
presos, em 2014 o número chegou a 622.000, um aumento de 267%. Hoje temos a quarta maior
população carcerária do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Rússia. Por aqui, cada preso
custa em média 20.000 reais por ano.

O perfil destes presos é um retrato dramático do efeito que a guerra às drogas teve em uma parcela da
população. 60% dos detentos são negros, a maioria jovens. E 30% estão presos por tráfico.

Sem levar em conta o fato de que as duas maiores facções criminosas do país surgiram dentro dos
presídios, as autoridades se encarregaram de enche-los com potenciais recrutas. Não à toa se diz que
cadeia é a faculdade do crime.

(Especialista fala sobre a relação entre tráfico, encarceramento em massa e fortalecimento do crime
organizado)

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SEQ 7

Durante décadas a polícia foi a principal ferramenta dos Governos para combater o tráfico, e o maior
braço do Estado nas comunidades pobres. Com verdadeiras operações de guerra dentro de favelas
densamente povoadas, estas ações deixaram um saldo de centenas de traficantes e policiais mortos. E
colocaram a população das favelas na linha de tiro: as balas perdidas sempre têm endereço.

Até que em 2008 um secretário de Segurança Pública tentou fazer diferente: ao invés de entrar nas
comunidades apenas com a polícia, porque não levar também serviços públicos?

(especialista UPP + experiência, abandono do projeto e Caso Amarildo)

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SEQ 8

Os Governos adotaram uma estratégia de combate ao tráfico mais focada em repressão do que em
prevenção. Com isso as facções cresceram e se consolidaram. Hoje estima-se que o mercado das drogas
movimente mais de 15 bilhões de reais por ano no país. As facções contam com verdadeiros exércitos:
apenas o PCC tem quase
20.000 integrantes.
O Comando Vermelho e o PCC se espalharam por todo o país, e hoje estão também nos países vizinhos.
Com o passar dos anos, as autoridades viram surgir também outras facções como a Família do Norte, no
Amazonas, Okaida, na Paraíba, e o Primeiro Grupo Catarinense, em Santa Catarina. Hoje o Brasil conta
com ao menos 14 diferentes grupos criminosos, alguns aliados, outros rivais.

(especialista fala sobre crescimento das facções, ambição pelo domínio da rota para Europa, controlar as
rotas do Mato Grosso do Sul e do Norte, etc)

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SEQ 9
Os traficantes têm armas, dinheiro, pequenos exércitos e o controle sobre boa parte do território do país.
Mas ainda faltava algo para que consolidassem seu domínio: o poder político. Desde os anos 2000 as
facções tentam infiltrar seus representantes nas câmaras e assembleias municipais, e até mesmo em
prefeituras. Como os redutos eleitorais de muitos candidatos ficam em áreas dominadas pelo tráfico,
criou-se uma relação promíscua entre alguns políticos e os criminosos.

Até hoje as autoridades conseguiram identificar e prender a maioria destes candidatos do crime. Mas
agora, com uma nova lei que proíbe o financiamento de campanhas eleitorais por empresas, existe o
temor de que as facções irão fazer seu movimento mais ousado no pleito de 2018.

(especialista falando do risco do Brasil virar um "narco Estado" como o México, eleger políticos, etc)

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SEQ 10

De 1979, ano em que surgiu o Comando Vermelho, até os dias atuais, estima-se que mais de um milhão
de pessoas no país foram vítimas diretas e indiretas desta guerra. Mais brasileiros perderam a vida do que
a soma dos mortos nos conflitos do Iraque e Síria.

Enquanto países europeus e os Estados Unidos começam a rever sua política para drogas, flexibilizando
leis, legalizando a maconha e prendendo menos, o Brasil vai na contramão.

Por aqui, aumenta o investimento na construção de cadeias. Uma vez erguidas, precisam ser enchidas. E
os Governos continuam encarando a questão das drogas como problema de polícia.

Além de se meter na política, existem suspeitas de que as facções conseguiram também corromper juízes
e desembargadores, que facilitam a concessão de habeas corpus e regalias dentro dos presídios. Alguns
magistrados que não entraram no jogo do crime foram assassinados covardemente.

Quem ganha com esta guerra?

(Especialistas fazem o fecho do episódio respondendo à questão)


Especialistas sugeridos -

>>>José Mariano Beltrame - Ex-secretário de Segurança Pública do Rio.


>>>Camila Nunes Dias - Socióloga e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP.
Autora de livros sobre PCC e sistema penitenciário, e também pode dar um panorama das atuais
disputas entre as facções.
>>>William da Silva Lima - Ex-presidiário e fundador do Comando Vermelho.
>>>Padre João Valdir Silveira - Coordenador nacional da Pastoral Carcerária. Conhece a fundo a
realidade dos presídios e o custo do proibicionismo.
>>>Hélio Luz - Ex-chefe da Polícia Civil do Rio.
>>>Bruno Paes Manso - Repórter de Segurança Pública do Estado há mais de década. Pesquisador
sobre crime organizado.
>>>Ferréz - Poeta e escritor. Pode falar sobre a influência que o tráfico exerce no jovem da
periferia.

Guerras do Brasil.doc / Guerra do Tráfico


Entrevistado: Camila Caldeira Nunes Dias

( ANOTAÇÕES )
História do Crime Organizado no Rio de Janeiro
(comentário – Joranlista Carlos Amorim)
- 1969 – Militares fizeram emendas a Constituição – reintrodução da pena de morte para
determinados crime, principalmente para oposição armada ou regime militar.
- Descobriu no presídio: armas e dinheiro emparedados pela ALN. (Roubo de banco)
- Todos os preços políticos foram despachados para Ilha Grande.
- Falagens por origem geográfica, apareceu depois do desembarque a falange vermelha.
- Havia pedágios nas galerias, roubos de comidas, remédios.
- Inciativas coletivizantes: farmácia feita de doações, adoção de presos abandonados pelas famílias.
- Gerando a criminalidade organizada.
(comentário José Mariano Beltrame, Ex- secretário de Segurança-RJ)
- Alguns anos depois a falange vermelha passa a ser chamada pela imprensa de Comando
Vermelho e eles assumem o nome.
- Nos anos 80 esse comando se tripartiu em: C.V. ( Comando Vermelho), A.D.A. ( Amigos dos
Amigos) e T.C.P. ( Terceiro Comando Puro).
- Esses grupos procuraram lugares para se intalarem, geralmente se instalam na periferia. No R. J,
a períferia está dentro das cidades que são os morros.
- Para proteger esse império eles começam a se armar. Não só para impedir a entrada da polícia,
mas para que os grupos rivais não viessem a tomar o seu mercado.

História do Crime Organizado em São Paulo.


( comentário – Bruno Paes Manso, cientista político)
- 1960 - começa a ter um crescimento muito grande da cidade e da região metropolitana de São
Paulo.
- Sensação de vulnerabilidade crescente da população, e o homicídio passa a ser visto como um
instrumento de controle da disordem, que passa a ser vista como ameaçadora.
- As favelas crescem, chegada de muitos emigrantes.
- Com o medo, começam a falar que a violência é uma forma de solucionar o problema.
- 1968 – surgem os primeiros esquadrões da morte, com o Sergio Paranhos Fleury, delegado, que
começa matar bandido, justificando que deixaria a cidade mais segura.
- 1970 – surge a ROTA que agem nas periferias, com o argumento que extermínio, homicídio é uma
forma de controlar o crime.
- Quando a sociedade não pune por meio da justiça, é só matando o que está matando. Isto
produziu ciclos de vigança e conflitos entre grupos, que passaram a se armar e ver os rivais como
inimigos, criando um expiral que foi visto em São Paulo.
- Entre 1960 e 1999 a tava de homicídios cresce mais de 900% na cidade de São Paulo.
Complexo Penitenciário do Carandiru
( Comentário – Jornal)
- As penitenciárias como comprovam a própria história da falange vermelha, não tem servido
exatamente para recuperar os criminosos.
- Sem condição mínima de dignidade, os presos se amontoam em celas e pátios, onde permanecem
quase o tempo todo no mais absoluto ócio. O resultado não poderia ser pior.
(continuando – Bruno...)
- A partir dos anso 90 começou a se prender muito.
-1992 - depois do massacre do Carandiru, ( para conter uma rebelião, a polícia militar matou 111
detentos) se multiplicou os presídios, aumentando o aprisionamento, e ao mesmo tempo sem os
estado ter condições de administrar dentro dos presídios.
(Comentário – Camila Dias, socióloga)
- O massacre do Carandiru ele incita dentro de um contexto de intensa violência do estado,
naquela época.
- Naquele ano a polícia militar bateu recordes de letalidade (1992).
- Nos anos anteriores já tinham ocorridos várias intervenções violentas pela polícia militar nos
presídios paulistas.
- O massacre do Carandiru, não é um episódio isolado, vem dentreo de um aumento crescente de
violência institucional.
- 1993 – Cadeia Pública de Taubaté – SP.
- 31/08/93 - houve uma briga de times, houve e homícios. O grupo que cometeram os homicídios
fez um pacto de proteção mútua de união para enfrentar a administração prisional. A partir desse
momento foi constituido o PCC.
Origem do PCC, Primeiro Comando da Capital.
- Presos que estavam no anexo da casa de custódia, onde eram enviados os presos mais perigosos,
na maioria proveniente da capital.
- Unidade de castigo, nome de Piranhão.
- Política de encarceramento que produz uma superlotação do espaço prisional.
- Impedindo que o Estado efetivamente faça uma gestão da população carcerária, aliado ao um
sistema que é corrupto e extremamente violento.
- É o cenário onde os PCCs surgem, tem espaço para a proposta para organizar a população
carcerária.
“ Art. 18 – PCC – Todo integrante tem o dever de agir com serenidade em cima de opressões,
assassinatos e covardias realizadas por agentes penitenciários, policiaiscivis e militares e contra a
máquina opressora do estado. Quando algum ato de covardia, extermínio de vida, extorsões que
forem comprovadas estiverem ocorrendo na rua ou as cadeias por partes dos nosso inimigos
daremos uma respota à altura do crime. Se alguma vida for tirada com estes mecanismos pelos
nosso inimigos ou integrantes do comando que estiverem cadastrados na quebrada do ocorrido,
deverão se unir e dar o mesmo tratamento que eles merecem, Vida se paga com vida, sangue se
paga com sangue.”
- Em 2001, o PCC lança o estatuto. Um conjunto de comportamentos dos seus membros dentro do
sistema prisional.
- O estatudo prevê roubos para financiar o grupo, e a morte violenta aos membros que
descumprirem as regras.
- A partir de 1994 a 2000 há um aumento dos episódios de rebeliões no sistema prisional paulista.
- As rebeliões tem um caráter extremamente violento, com vários presos mortos e decapitados.
Acontecia com frequência.
( jornal)
- A maior rebelião já organizada na história do país, ao todo 32 penitenciárias se rebelaram ao
mesmo tempo.
-A rebelião é uma prova de força do PCC, que demonstra que o estado pode estar perdendo o
controle sobre o sistema penitenciário.
( Camila)
- Neste episódio o PCC coloca as suas bandeiras, é a primeira momento público que vem a tona de
uma maneira bastante contundente.
- Até então o estado (governo) dizia que não havia grupo nenhum, que era coisa da imprensa,
fantasia, etc
- Ora, tem um evento em que, 29 unidades prisionais se rebelam sincronizada e que ficou evidente
na época que era combinado, que se comunicavam entre si. Foi muita coisa absurda, pois o
governo nem admitia que existia grupo e como o grupo já tinha condições de se articular dessa
forma?

Como o PCC se organiza?


( Bruno...)
- Ele permite que pessoas ligadas ao grupo ganhe seus próprios recursos, vendendo drogas e
gerindo suas biqueiras.
- Era pago uma mensalidade para gerir essa máquina burocrática, que faz essa mediação e essa
organização da cena e do mercado do crime. Comprar armas, fornece empréstimos, etc.
(Camila)
- Às vezes o indivíduo quer assaltar um banco, mas não tem o fuzil, metralhadora, etc, eles
oferecem como empréstimo ou por uma parte daquele valor, ou alugado por um preço fixo
anterior. Se o indivíduo perder, vai ter que resarcir .
- O PCC acaba sendo uma rede e permitindo como dinamizar essa rede criminal.
“ Paz entre nós, guerra contra o sistema” PCC
Entre 2000 e 2012 a taxa de homicídios cai 76% na cidade de São Paulo.
- A redução dos homicídios em São Paulo, está associada diretamente a expansão do PCC no
estado. Não porque são os bonzinhos ou heróis, simplesmente porque eles dominam o mercado de
drogas, e eles exercem uma regulação muito eficaz nas relações sociais no mundo do crime.
- Então hoje na periferia, tanto como na prisão, ninguém pode matar outro porque está devendo
droga. Tem toda uma regulamentação para ver como o outro vai pagar, se vai apanhar.
- Os homicídios, aquele mata mata, bang bang, que caracterizou a década de 90, acabou. A
hegemonia do PCC no estado, interrompeu esse ciclo.
PCC e Comando Vermelho juntos toma o Brasil
(Carlos Amorim)
- Veio gente do Rio de Janeiro para operações em São Paulo, basicamente de lavagem de dinheiro,
de compra de postos de gasolina, para lavar um fração do dinheiro do tráfico em São Paulo.
- Gente do PCC foi para as favelas do Rio de Janeiro, 7 favelas do RJ, montaram operações de
vendas de drogas. Começou haver uma troca de negociações entre eles.
- Chegaram mais tarde a distribuição de território pelo país, o PCC cuidando mais do sul do país e o
Comando Vermelho mais com a região norte e nordeste, e ambos na região centro-oeste brasileira
por causa das fronteiras, por causa da questão do Paraguai, Bolívia, etc.
- Estabeleceram critérios de negociação internacional, porque o tráfico importante vinha em
toneladas e este vem pelo mar e por vias oficiais (privadas) de importação e exportação.
Em 2006, o governo de São Paulo tenta desarticular o PCC.
Na madrugada do dia 11 de maio, 765 detentos são transferidos, ao mesmo tempo, para um
presídio de segurança máxima.
Como resposta, o PCC inicia uma onda de rebeliões e ataques pelas ruas de São Paulo.
( Camila)
- Essa transferência da forma que foi, essa coisa articulada, de 700 presos juntos de madrugada,
com condições que não sabem as quais. Isso foi o que detonou esse evento.
- Em 2001 haviam sido 29 unidades prisionais, 5 anos depois foram 76 unidade prisionais em São
Paulo, que se rebelaram simultaneamente, e o que é novo, foram executados diversos ataques a
bases policiais, as forças de segurança fora das prisões.
( Comentário - Carlos Amorim)
- O PCC segundo consta já tinha oferecido o perdão de dívidas no tráfico para que essas quadrilhas
no lado de fora colocassem seus homens na guerra e partcipassem de forma contundente. Você
não precisa pagar o que você deve esse mês, mas eu quero que você vá lá e faça salceiro em São
Paulo.
O salve geral
- A execução de policiais, diretores de presídios, juizes, promotores quem eles pudessem pegar. O
estado respondeu com uma força desproporcional e também matou muita gente. Houve
execuções ilegais, houve acertos de contas, justiçamento.
Até hoje não há um número oficial de vítimas, que pode ter chegado a 600.
- Ou seja o caos.
- Agora, o papel da força pública de saber lidar com isso, e eles não sabiam, não sabiam lidar com
aquela rebelião a não ser por meio de uma conversa direta com a liderança do PCC.
Para pôr fim ao conflito, agente do governo se encontraram com a liderança do PCC.
- Saiu de São Paulo uma aviãozinho oficial do governo, levando o comandante do policiamento do
interior da PM, levando um representante da secretaria da segurança, levando uma advogada que
dizia que era advogada do Marcola.
- Chegou lá a advogada naõ foi reconhecida pelo Marcola, falou: - Você não é minha advogada, mas
o fato que ela estava lá dentro e lá conversaram. O que vocês querem?
As rebeliões encerraram-se na noite seguinte à do encontro.
O Governo paulista nega que fez um acordo com o PCC.
- O estado não assumiu nem que existe crime organizado, quanto mais que negocia com eles.
(comentários- José Mariano Beltrame, criador das UPPs – RJ)
- Um risco para o país. Não tem a mínima possibilidade de se negociar com bandido, ponto final.
Em 2008, o governo do Rio de Janeiro decide tomar o território dos traficantes de drogas.
O plano previa a construção de UPPs, Unidades de Polícia Pacificadora dentro das comunidades.
- Quando a gente concebeu isso, eu dizia para as pessoas, se nós vamos procurar instalar um
programa de segurança cujo o nome é UPP ( Unidade de Polícia Pacificadora) no momento que vou
procurar executar esse programa, colocar ele em prática, se eu tiver que dar um tiro, pra mim já
perde um pouco do seu conteúdo. A ponto de antes das ocupações eu ir para os meio de
comunicação e dizer: amanhã n´so vamos ocupar. Exatamente para as pessoas tomarem as
providências que entendecem que tinha que tomar e fui muito criticado porque os traficantes
fogem, deixa eles fugirem.
- O que eu quero é devolver o território para aquelas pessoas.
-Nós pegávamos capitães recém saídos ou capitães que não tinham muitos vícios. Sejam da guerra
ou muito menos da convivência com a profissão, e colocavamos ele ali.
- Quem eles iam comandar? Policiais recém saídos da academia.
- Então você tinha um grupo de certa forma homogênio, aonde este capitão, este tenente, este
oficial, podia trabalhar eles da maneira como quisessem, podia montar a sua equipe.
( jornal)
- São casos de currupção policial, de agressões aos moradores.
( Jornal) – Números da violência do Rio retornam a patamares anteriores à implantação da UPPs. (
Pesquisa FGV revela que, entre 2006 e 2016, indicadores de criminalidade aumentaram a partir de
2011.
Entre 2011 e 2013, dobram o número de homicídios em áreas pacificadas.
Durante este períodoocorreram corte de verbas e aumento dos casos de corrupção policial.
(Comentário- Hélio Luz, chefe da Polícia do Rio de Janeiro entre 1995 e 1997.)
- No início estava funcionando porque só tinha recruta. Recruta não tinha noção do que estava
acontecendo.
- Quando eles viraram policiais, epa!!como é que fica isso? E o meu?
Uol notícias Cotidiano – Comandante de UPP e outros três PMs são presos no Rio por desvio de
armas e drogas.
- Saiu isso no jornal, não estou falando novidade!! A polícia do Rio de Janeiro é sócia do tráfico.
- Como é que tem traficante e tem acerto? Como é que tem o pessoal qu está na rua vendendo,
ambulantes, sem acerto?
- A origem da UPP e fazer controle territorial, quando ela crescia, quando ela não crescia. Para
onde que ela ia, para onde que ela não ia.
- Essa falácia da guerra é para manter controle da favela, isso é uma sofisticação do séc. XXI para
você ter o domínio.

Em junho de 2016, PCC e CV tentam tomar o monopólio internacional do tráfico de drogas.


O crime sem fronteiras.
( Comentário - Carlos Amorim)
- Em Pedro Juan Caballero, houve um desenbarque de uma força tarefa conjunta do CV com o PCC.
Constam que eram 150 homens, armados com que havia de melhor.
- Envolvendo gente egressa das farcs colombianas, gente até do Ira, envolvidos nisso, mercenários.
- A ideia era o quê? Era assumir o controle do tráfico na fronteira com o Brasil e despachar o
principal traficante local paraguaio, que comandava um quartel de drogas, principalemtne de
maconha.
- Resolveram acabar com a brincadeira dos paraguaios. Chegaram lá e mataram esse cara, usaram
uma metralhadora anti-aérea calibre 50 mm, destrocou o carro blindado dele.
- Após esse episódio de Pedro Juan Caballero, o CV e o PCC romperam suas relações. Porque eles
funcionavam como sóis dessa grande quantidade de organizações, eles eram os eixos polarizantes
e trabalhavam em conjunto, eles eram sócios no negócio da droga por exemplo.
- Quando essa associação se desfez, aí a polarização virou uma coisa mais grave, aí houve aquele
massacre de presídios, foi uma coisa absurdamente inacreditável. Um país do tamanho do Brasil
com um negócio desse, como se fosse um coisa mais banal do mundo.
O rompimento entre PCC e Comando Vermelho, desencadeia uma guera entre as facções por todo
o Brasil.
- Você executar dezenas de pessoas na cadeis. Cortarem as cabeças, jogar por cima do muro e não
tem um governante que tivesse tomado a frente para, por exemplo, decretar uma intervenção
naquele estado, onde as rebeliões estavam acontecendo.
- Por quê? Porque não tem interesse político, porque não quer mexer nesse negócio e não quer
assumir a gravidade desse negócio.
Com 725 mil presos, o Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo.
Cerca de 40% ainda não possuem condenação judicial e mais da metade são jovens entre 18 e 20
anos.
( comentários- Camila)
- Aqui no Brasil, é o único país do mundo no que se atribui a crime organizado. Foi criado dentro de
instituições do estado.
- Por exemplo os cartéis do México, ca Colômbia, tem outra história. Aqui no Brasil todos esses
grupos forma criados dentro de prisões.
- Está mais do que na hora de se repensar as escolhas políticas que se tem feito, porque o processo
de encarceramento, a forma como nós encarceramos, a forma como a nossa polícia atua, violência,
arbitariedade, todas essas formas de lidar com conflitos e com o próprio crime, levaram a essa
situação de hoje.
- Apostar na continuidade disso, ou é burrice ou tem alguém que lucra com todo esse cenário.

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