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Atividades experimentais: possibilidade para o ensino de funções do

1° e do 2° graus
Jacy Pires dos Santos1

GD3 – Educação Matemática no Ensino Médio


Resumo do trabalho. Este estudo descreve o percurso de uma prática pedagógica realizada nos meses de abril
a junho de 2015 e que está em fase de análise de dados. Aplicada em uma turma do 1° ano do Ensino Médio
de uma escola estadual, localizada em São Luís – MA, tem como objetivo central construir o conceito de função
do 1° e 2° graus, por meio de atividades experimentais. A proposta ancorou-se em referenciais de Rosito
(2011), Lorenzato (2010), Gaspar (2011) e PCNs (2008). A abordagem é qualitativa sendo utilizadas estratégias
vinculadas ao estudo de caso, que consistem em registros de dados por meio de gravações (vídeo e áudio) e
anotações no diário de campo do professor/pesquisador. Os estudos foram realizados em quinze encontros,
incluindo etapas de experimentação, elaboração de relatórios, utilização de recursos computacionais (Planilha
Excel e Software GeoGebra) para a elaboração de tabelas e gráficos, resolução de tarefas propostas, bem como
autoavaliação das atividades. Desta forma, os materiais empíricos que estão sendo analisados, já apontam
indícios de compreensão do conceito de funções do 1° e do 2° graus pelos alunos.

Palavras-chave: atividade experimental; matemática; funções do 1° e do 2° graus.

Introdução

No processo de ensino de Matemática, é frequente, encontrarmos exploração de conteúdos


tratados de forma muito teórica. Esse enfoque, na maioria das vezes, parte de uma linguagem
formal no tratamento de conceitos e treinamento de técnicas operatórias para tarefas
propostas. Esse modelo vigente pode contribuir para que o aluno, ao receber as informações
prontas, desarticuladas de sua realidade, acabe se desinteressando pela abordagem dos
saberes matemáticos em sala de aula.
Como professora de Matemática do Ensino Médio de uma escola pública, venho percebendo
a insegurança dos alunos, quanto à capacidade de desenvolver atividades que abrangem
conhecimentos de função. É comum encontrar, nas aulas de Matemática, declarações do tipo
“não vimos sentido no estudo de função, não se encontra aplicação na realidade”. A esse
respeito, as Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares
Nacionais – PCNs (BRASIL, 2008) evidenciam que esse conhecimento matemático não se
consolida como ideias prontas a serem memorizadas, mas que pode ser iniciado por meio de
atividades práticas as quais podem facilitar a descoberta de aspectos novos e tornar a
aprendizagem mais simples e agradável.

1
Centro Universitário Univates, e-mail: jacypires@uol.com.br, orientadora: Dra. Marli Teresinha Quartieri.
Considerando a necessidade constante de melhorar a qualidade de ensino, desenvolvi esta
pesquisa com ideias oriundas do campo das atividades experimentais, com o intuito de
problematizar, junto aos alunos, o conceito de função. Compartilharam dessa construção, as
ideias de Lorenzato (2010), quando aponta que, no processo de ensino de Matemática, a
experimentação é um dos modos de se conseguir aprendizagem com significado, permitindo
que os alunos vivenciem aulas dinâmicas, interessantes e motivadoras. Também, Rosito
(2011), destaca que é no ato de experimentar que o aluno testa o conhecimento.
Face ao exposto, a pesquisa teve por objetivo principal construir o conceito de função do 1°
e do 2° graus, por meio de atividades experimentais com os alunos do 1° ano do Ensino
Médio. Mais, especificamente: 1) propor atividades experimentais para o ensino de funções
do 1° e do 2° graus para um grupo de alunos do 1° ano do Ensino Médio; 2) analisar os
resultados decorrentes do uso de atividades experimentais com os alunos do 1° ano do
Ensino Médio.
Para o alcance dos objetivos mencionados, a pesquisa envolveu 30 alunos com faixa etária
entre 15 e 16 anos, de uma turma de 1° ano do Ensino Médio de uma escola estadual em São
Luís – MA, de abril a junho de 2015. A investigação foi de natureza qualitativa, sendo
utilizadas estratégias vinculadas ao estudo de caso, conforme ressalta Yin (2010), em que os
registros de dados ocorrem por meio de gravações (vídeo e áudio), questionários e um diário
de campo do professor/pesquisador.
As atividades ocorreram em 15 encontros, totalizando 30 horas/aula durante as aulas
regulares de Matemática. Na intervenção os alunos participaram de diversas atividades, tais
como: práticas experimentais, elaboração de relatórios, utilização de ferramentas
tecnológicas (Planilha Excel e Software GeoGebra) na construção de tabelas e gráficos,
autoavaliação e realização de tarefas propostas visando a consolidação do conceito de
função.
Desenvolvimento das atividades
Com o objetivo de alcançar possibilidades de aprendizagem do conceito de função por meio
de práticas experimentais, dividi as ações metodológicas em quinze momentos. Nessas
etapas da investigação os educandos teriam que realizar a experimentação, coletar os dados,
explorá-los e dissertar sobre eles. Neste sentido, Rosito (2011, p. 155 – 156), destaca alguns
elementos a serem observados numa investigação científica:
- Fase inicial, preparatória, na qual os problemas são expostos e discutidos; as
hipóteses para a resolução são formuladas e os procedimentos escolhidos.
- Fase de desenvolvimento, em que os experimentos são realizados para a coleta
de dados.
- Fase de busca de referencial teórico e de reflexão, na qual se analisam e
interpretam os dados coletados.
- Fase de elaboração de um relatório, na qual se registram as atividades
desenvolvidas com análise e interpretação dos resultados obtidos.

A partir disso, organizei a prática em encontros, os quais ocorreram duas vezes por semana.
Dessa forma, o tempo concedido para a realização de cada encontro foi de 2 horas/aula,
visando a momentos de interação dos alunos com o ato de experimentar nas aulas de
Matemática. A seguir, apresento as fases desses encontros:
1° encontro: Apresentação do projeto e questionário inicial
Antes de apresentar as diferentes atividades sobre a temática aos alunos 1° ano do Ensino
Médio, socializei com o gestor da escola a proposta de intervenção pedagógica, o qual foi
receptivo às atividades que seriam desenvolvidas com os alunos. O projeto foi então
apresentado aos trinta alunos presentes, por meio de uma conversa informal, relatando o
interesse pelo tema, os objetivos da pesquisa, a metodologia e, por fim, o roteiro das
atividades, respeitando a intervenção dos alunos. Após essa etapa, um termo de
Consentimento Livre e Esclarecido foi encaminhado aos responsáveis dos alunos para que
estes participassem das atividades da proposta.
Foi aplicado um questionário, individualmente, composto por sete perguntas, a fim de saber
um pouco, sobre o perfil dos alunos dessa turma como, idade, sexo, rendimento na disciplina
Matemática e ideias prévias em relação ao estudo de função. Portanto, os dados coletados e
analisados nesta pesquisa serão decorrentes da categorização das respostas apontadas pela
turma. A esse respeito, (MENDES, 2009, p. 176) coloca que:
Para saber o que os alunos pensam e sentem em relação à Matemática e à
aprendizagem da disciplina, o professor deve lhes fazer perguntas adequadas e
analisar as respostas. Por essa razão, o uso de questionários abertos e entrevistas,
individuais ou em pequenos grupos, pode revelar-se uma prática de grande
importância no domínio da avaliação.

2°, 3° e 4° encontros – Prática 1: Movimento de uma esfera em queda livre em um


equipamento projetado; elaboração de relatório, utilização da Planilha Excel e Software
GeoGebra e avaliação do trabalho.
Para a realização da primeira prática, agrupei as carteiras e cadeiras, formato de bancadas,
totalizando 5 grupos de 6 estudantes. Foram disponibilizados, para cada grupo, recursos, tais
como: cronômetro, esfera de aço, imã de neodímio, régua, borracha, lápis, papel
milimetrado, folhas de papel A4 e o equipamento projetado (Figura 1).
Figura 1: Equipamento projetado para a queda livre de uma esfera

Fonte: PERUZZO, 2012, p. 14 (Adaptado do livro Experimentos de Física Básica


Mecânica).

O momento seguinte tratou da organização das equipes. Por livre escolha, constituíram os
grupos para desenvolverem a prática, que teve por objetivos: vivenciar as etapas da
experimentação, coletar dados, apurar os resultados, construir o modelo matemático da
função do 1° grau e demonstrar graficamente os resultados coletados na experiência. Além
disso, receberam os procedimentos impressos: 1) Um aluno abandona a esfera de aço do
topo do tubo de plástico. 2) Com o ímã cilíndrico de neodímio, um aluno conduz a esfera da
base até uma altura de 100 centímetros. 3) Um aluno fará a cronometragem do tempo de
deslocamento da esfera ao longo do tubo plástico, comunicando com o outro colega o
momento em que o objeto passará pelos marcadores indicados na régua do equipamento. 4)
Cada aluno deverá realizar o experimento uma vez, podendo ser repetido, caso haja
necessidade. 5) De posse dos tempos t (segundos) e posições x (centímetros),
correspondentes, um quadro com todos os dados do experimento será elaborado. 6)
Construção do modelo matemático e do gráfico da função. 7) Elaboração do relatório (título,
objetivos, procedimentos, tratamento de dados e conclusão).
Uma vez familiarizados com as instruções da prática, os grupos iniciaram a dinâmica de
atividades em que um aluno abandonava a esfera num tubo de plástico contendo álcool em
gel. Outro estudante realizou a ação de conduzir a mesma esfera até uma altura de 100
centímetros utilizando para tanto um ímã cilíndrico de neodímio. A esfera ao ser abandonada
por outro colega no tubo de plástico, era auxiliado por mais dois integrantes do grupo, um
cronometrista e um redator. Assim, coube ao cronometrista ditar os tempos em que o objeto
passava pelas posições indicadas na régua para quem fazia os registros nas marcações: 0 cm,
20 cm, 40 cm, 60 cm, 80 cm e 100 cm.
Durante a coleta de dados, os alunos perceberam que o fenômeno físico refletia as
características do Movimento Retilíneo Uniforme (MRU), o qual Gaspar (2011, p. 57 – 58)
faz referência:
É o movimento mais simples que pode existir, não há diferença entre velocidade
média e instantânea, não existe aceleração e a única grandeza que varia com o
tempo é a posição. Na função x  x0  vt a posição x (variável dependente) do
ponto material para cada instante t (variável independente). Os termos v, x0 e t
como constantes em que x0 é a posição inicial de medida no instante t 0 a partir
da origem 0, sendo o módulo da velocidade (v) do ponto material é igual ao
módulo de sua velocidade média (vm) em qualquer intervalo do tempo, como
x  x0
expressa pelo modelo vm  .
t  t0

Como os educandos já haviam, recentemente, estudado o referido conteúdo, foram


estimulados a manipular as expressões, calculando velocidade média da esfera por meio de
dados armazenados da atividade experimental. Dialogaram com os dados empíricos,
extraídos do próprio experimento que eles realizaram, permitindo-lhes transitar a partir de
dados do fenômeno físico para o entendimento das relações que se estabelecem no modelo
algébrico de função do 1° grau. E por fim, foram orientados a elaborarem o relatório da
prática, com solicitação de entrega com prazo de três dias.
Também foram utilizadas ferramentas tecnológicas (Planilha Excel e Software GeoGebra)
na exploração dos dados do experimento, pelos educandos. Sobre isto, trabalharam, em
grupos, manuseando os aplicativos nos cinco notebooks disponibilizados pela escola. Em
relação a isso, os PCNs do Ensino Médio (BRASIL, 2008, p. 87 – 89) afirmam que:
[...] programas de computador que servem para manipular tabelas cujas células
podem ser relacionadas por expressões matemáticas. Mesmo não sendo
ferramentas que não foram pensadas para propósitos educativos, também pode ser
utilizadas como recurso tecnológicos úteis à aprendizagem matemática. [...]
oferecem um ambiente apropriado para trabalhar com análises de dados extraídos
de situações reais. É possível organizar atividades em que os alunos têm
oportunidade de lidar com as diversas etapas de análise de dados reais: tabular,
manipular, classificar, obter medidas como média e desvio padrão e obter
representações gráficas variadas.

Para referendar a atividade, quando indagados como proceder para unificar os instantes em
que a esfera passou pelos marcos indicados, os alunos tiveram dificuldades em apontar a
utilização da média aritmética. Para auxiliá-los, evidenciei, de forma clara e precisa, os
procedimentos para a obtenção dos valores esperados. Durante as operações aritméticas, foi
também, percebidas dificuldades dos educandos em realizar operações com números
decimais, bem como o diálogo com as variáveis envolvidas na modelagem do fenômeno
físico.
Saliento que, em cada encontro, ocorreu o recolhimento de todos os materiais, inclusive
impressos, para posterior diagnóstico dos resultados.
5°, 6° e 7° encontros – Prática 2: Alongamento de uma mola em um equipamento projetado;
elaboração de relatório, utilização da Planilha Excel e Software GeoGebra e avaliação do
trabalho.
Para que a segunda atividade experimental ocorresse, a sala de aula foi organizada com a
mesma estrutura da primeira atividade prática realizada. Os materiais (gancho metálico, uma
mola de tração, três pesos, um gancho metálico, uma balança de precisão, uma régua, trena,
papel milimetrado, papel A4, lápis e borracha), juntamente com o equipamento (Figura 2),
foram concedidos a cada grupo.

Figura 2: Equipamento projetado para o alongamento de uma mola

Fonte: PERUZZO, 2012, p. 62 (Adaptado do livro Experimentos de Física Básica


- Mecânica).

A formação de grupos de trabalhos foi mantida para o experimento sobre o alongamento da


mola, que teve como objetivos: coletar os dados, apurar os resultados, construir o modelo
matemático da função do 1° grau e demonstrá-la graficamente. Além disso, cada estudante
recebeu os procedimentos impressos, tais como: 1) Um aluno medirá o comprimento da mola
com uma trena e a colocará no gancho metálico. 2) Outro estudante verificará a massa de
cada objeto a ser utilizado na balança de precisão. 3) Um participante fará o encaixe da
primeira massa no suporte e posicionará na mola e, em seguida anotará o alongamento inicial
da mola. 4) A segunda massa será encaixada encima da já existente no suporte e será
registrada a segunda distensão da mola. 5) A última massa será inserida encima das duas
massas já existentes no suporte e o terceiro estiramento será descrito. 6) Tomadas as
medidas, em grupo, construir um quadro com os dados: Peso (N), Espaço (Δs) e Constante
Elástica (k em N/m). 7) Elaboração do modelo matemático e do gráfico da função. 8)
Elaboração do relatório (título, objetivos, procedimentos, tratamento de dados e conclusão).
De posse das instruções de todos os materiais necessários à prática, os grupos iniciaram as
atividades medindo a mola com uma trena, pesaram as massas em uma balança de precisão
e fizeram as anotações. Para observar o fenômeno e construir o modelo matemático, um
aluno adicionou ao suporte a primeira massa; outro estudante colocou a segunda massa no
suporte, sendo essa mesma ação repetida pelo terceiro aluno. Outro membro do grupo fez as
anotações de dados de todas as ações do evento e, em grupo, construíram o quadro com os
dados da prática experimental.
Perante os dados coletados ficaram surpresos com as expressões “peso” e “constante
elástica”, conceitos relacionados à Lei de Hook, que tiveram que verbalizar. Apesar de ser
um conteúdo previsto para o 1° ano, no período que a intervenção foi realizada, os partícipes
da pesquisa ainda não haviam estudado esse tópico da Física. Coube, então, nesta proposta
trabalhar noções das grandezas envolvidas na formalização do conceito matemático.
Diante dessa situação os alunos foram desafiados a apurar os dados sistematizando-os nas
representações tabular, algébrica e gráfica do fenômeno observado. Uma vez estabelecida a
dinâmica dessas atividades, iniciaram, em sala de aula, a produção do relatório contendo
dados observados na atividade prática. A conclusão ficou como tarefa extraclasse e com
previsão de entrega à professora/pesquisadora num prazo de três dias.
Utilizaram também a Planilha Excel e o Software GeoGebra como recursos facilitadores
para a organização dos modelos algébrico e gráfico extraídos do experimento. Além disso,
responderam a um questionário autoavaliativo, contendo nove perguntas, em que cada
estudante expôs sua opinião em relação às ações vivenciadas na atividade prática.
Em se tratando da análise dos dados empíricos, os alunos começaram a construir algumas
explicações do material mediante o referencial teórico de Gaspar (2011) referente à Lei de
Hook. As interações presentes nessa fase da pesquisa ocorreram em três momentos
diferentes. O primeiro correspondeu à extração o valor da constante elástica para cada
distensão. Ainda foi necessária a extração da média aritmética dos valores encontrados,
obtendo uma constante elástica da mola, única. O segundo, correspondeu a um período em
que os alunos começam a dialogar com as variáveis do fenômeno observado. No terceiro,
aprimoraram o entendimento na elaboração do modelo algébrico e gráfico.
Durante os atendimentos aos alunos percebi pouca interatividade de um grupo e quando
argumentados, declararam que preferiram estudar função pelo método tradicional, enquanto
outros grupos ficaram envolvidos com essa abordagem no ensino de Matemática.
8° encontro: Questões propostas
Nessa etapa da pesquisa, a atividade desenvolvida pelos participantes da pesquisa foi a
resolução de cinco questões impressas. Estas, visaram conduzir os alunos a estabelecer
relações dos conceitos matemáticos construídos ao longo das experimentações realizadas e
das atividades propostas. Para que essa tarefa se viabilizasse, foi mantida a formação de
grupos de trabalho das atividades anteriores para que, juntos, pudessem dialogar acerca das
tarefas estabelecidas. A resolução da atividade foi entendida não como um mero fazer, mas,
uma ação construída pelo aluno no sentido de buscar entendimento, analisar e julgar
criticamente os resultados.
9°, 10° e 11° encontros – Prática 3: Trajetória de uma carro por uma estrada ilustrativa;
elaboração de relatório; utilização da Planilha Excel e Software GeoGebra e avaliação do
trabalho.
Para essa aula, a composição dos grupos foi mantida, os recursos didáticos foram
disponibilizados, tais como: cronômetros, carrinho de controle, régua, lápis, borracha,
calculadora, papel A4 e milimetrado, bem como o equipamento (Figura 3).

Figura 3: Movimento de um carro numa estrada ilustrativa

Fonte: DOCA, 2011, sem paginação (Adaptado do material Complementar (Interativo Digital) ao
livro Conecte Física – Mecânica).

No momento seguinte, os alunos já agrupados, receberam os procedimentos impressos, tais


como: 1) Um aluno colocará o carro na posição A do percurso e de posse do controle remoto
comandará o movimento do carro na estrada até o ponto D. 2) Quatros alunos farão a
cronometragem do tempo do deslocamento do carro ao passar pelos marcos indicados na
estrada, comunicando com outro estudante o registro dos dados. 3) O grupo deverá realizar
o experimento uma vez, podendo ser repetido, caso haja necessidade. 4) De posse dos tempos
t (segundos) e posições s (centímetros), correspondentes, um aluno elaborará um quadro
contendo essas informações e as posições A (S1 = 20 cm), B (S2 = 40 cm), C (S2 = 60 cm) e
D (S3 = 80 cm). 5) Construção do modelo matemático e do gráfico da função. 6) Elaboração
do relatório (título, objetivos, procedimentos, tratamento de dados e conclusão).
Nessa dinâmica um aluno foi nomeado como controlador do carro, quatro estudantes como
cronometristas e outro que fez as anotações dos instantes em que o carro passou pelas
marcações indicadas. No momento em que as práticas ocorriam, os alunos perceberam que
a experimentação se relacionava com o Movimento Retilíneo Uniformemente Variado
(MRUV). Nesse sentido, a noção das grandezas que envolveu o experimento foi relembrado,
pois já haviam estudado esse conteúdo.
Os grupos foram orientados a refletir acerca dos dados coletados no fenômeno físico. Teriam
que realizar os cálculos e estabelecer relações entre as grandezas envolvidas no movimento
estudado. Após esse momento de socialização de ideias, os grupos construíram o modelo
físico gerado pelo experimento e as relações intrínsecas desse fenômeno na exploração do
conceito de função do 2° grau. Após essa etapa, foi recomendada a elaboração de um
relatório, por grupo. Este, tinha como propósito discutir o que ocorreu na prática, seguindo
o formato: título, objetivos da prática, procedimentos, tratamento de dados e apresentação
da conclusão do trabalho. Essa tarefa ficou como atividade extraclasse e sua devolução com
prazo de três dias.
Posteriormente a essas atividades, foram iniciadas a utilização das ferramentas tecnológicas
(Planilha Excel e Software GeoGebra), que por sua vez, tiveram sua relevância nessa fase
da pesquisa, pois seu uso proporcionou maneiras diferentes na compreensão do
comportamento gráfico da função estudada. Coube, ainda nesse bloco de encontros, os
registros das concepções dos alunos em torno das atividades realizadas, o qual ocorreu por
meio da autoavaliação.
12°, 13° e 14° encontros – Prática 4: Movimento de um skate de dedo descendo uma rampa;
elaboração de relatório; utilização da Planilha Excel e Software GeoGebra e avaliação do
trabalho.
Como atividade final, a sala de aula foi organizada no mesmo formato das práticas
experimentais 1, 2 e 3. Foram distribuídos os procedimentos impressos a cada estudante, a
saber: 1) Um aluno colocará o skate na rampa de lançamento e soltará no momento
combinado com o colega. 2) Três cronometristas registrarão o tempo de deslocamento do
skate de dedo nas marcações da régua nos pontos (30 cm, 60 cm e 90 cm). 3) Com o
cronômetro em punho, três participantes do grupo registrarão o tempo de deslocamento do
skate de dedo nas marcações da régua nos pontos (30 cm, 60 cm e 90 cm). 4) De posse dos
tempos t (segundos) e posições x (centímetros), correspondentes, um estudante construirá
um quadro com os dados obtidos. 5) Construção do modelo matemático e gráfico da função.
6) Elaboração do relatório (título, objetivos, procedimentos, tratamento de dados e
conclusão).
Foram utilizados como recursos nas atividades de experimentação os seguintes materiais:
um skate de dedo, cronômetros, régua, lápis, borrachas, papel milimetrado e folhas de papel
A4, bem como o equipamento projetado (Figura 4).
Figura 4: Equipamento projetado para o movimento do skate

Fonte: GASPAR, 2011, p. 66 (Adaptado do livro Física 1, de Alberto Gaspar).

Depois da leitura das instruções supracitadas, o experimento foi realizado com o intuito dos
alunos vivenciarem as seguintes etapas: identificar o modelo matemático representado na
prática desenvolvida e construir o gráfico da função do 2° grau. Uma vez cumprido esse
protocolo, a atividade foi conduzida por três cronometristas, um aluno que soltou o skate na
rampa e outro aluno que fez as anotações dos instantes que o objeto passou pelas marcações
assinaladas na régua. Em seguida, as ações dos grupos foram, as apurações dos dados e
explicitação do modelo matemático e do gráfico do fenômeno observado que representou o
MRUV.
O desenvolvimento da última atividade experimental ocorreu com mais desenvoltura. O
caminho que os alunos percorreram para modelar o fenômeno físico foi similar à terceira
atividade prática. Realizaram operações matemáticas, como por exemplo, a média
aritmética, além dos cálculos de velocidade média e aceleração. Estabeleceram diálogos em
pares, sendo algumas vezes auxiliados pela pesquisadora. Alguns alunos chegaram a declarar
que “compreender o conceito de função a partir de uma situação prática, foi uma maneira
interessante, pois nos livros didáticos a fórmula de função do 2° grau já está pronta”. Pontuo
que o uso da tecnologia na aprendizagem matemática foi valorizado como aliado do processo
educativo para a efetivação da aprendizagem.
15° encontro: Questões propostas e avaliação da intervenção pedagógica
Esse encontro foi dividido em dois momentos: o primeiro foi reservado a proposta de
resolução de duas questões abordando o conteúdo de função do segundo grau, as quais foram
discutidas, em conjunto. Já o segundo momento, também em grupo, destinou-se a uma
avaliação geral da intervenção pedagógica. Houve, pois, destaques para pontos positivos,
negativos e sugestões para melhorar futuras atividades pedagógicas envolvendo o uso de
atividades experimentas nas aulas de Matemática. A pesquisa, que segue em fase de análise
de dados, tem o propósito de contribuir para o aprendizado de funções do 1° e do 2° graus
no Ensino Médio.
À guisa da conclusão
O que foi apresentado ao longo do trabalho foram possibilidades de construção do conceito
de função do primeiro e do segundo graus por meio de atividades experimentais. As
experimentações de situações, os debates, as trocas de ideias e a oportunidade de estarem
juntos – alunos e alunas – discutindo as possibilidades de construção de um conceito
matemático, pode se constituir uma contribuição importante para a Educação Matemática.
De fato o que se buscou foi que, por meio de conhecimentos empíricos extraídos dos
experimentos, o aluno fosse capaz de relacionar o que está estudando na formalização do
conceito matemático de função. E como resultados preliminares deste estudo, a aplicação
das atividades oportunizou uma prática pedagógica diferenciada, em que os alunos
vivenciaram aulas de Matemática com um novo olhar e novas perspectivas quanto à
capacidade de expressar conhecimentos.
Enfim, percebi, ao longo da proposta pedagógica, que as aulas, embora trabalhosas, foram
atrativas, promovendo o envolvimento e o engajamento de toda a turma nas atividades. Isso
vem ao encontro do que o referencial Curricular do Estado do Maranhão (2006, p. 145) diz:
É necessário que o professor adote uma prática de ensino que aproxime o aluno
dos conhecimentos da Matemática, com o uso de metodologias práticas, vivas,
laboratoriais, que trabalhe casos concretos. O ensino da Matemática deve ser,
portanto, interdisciplinar, contextualizado e deve estar ligado ao desenvolvimento
de habilidades previstas para a produção desse conhecimento.

Embora o presente trabalho se encontre em fase de análise, a mesma, até aqui realizada, já
possibilita a promoção do entendimento do conceito de função do 1° e do 2° graus.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Orientações curriculares para o Ensino Médio:


ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. BRASÍLIA: MEC/SENTEC, v.2,
2008.

DOCA et al. Conecte Física. São Paulo: Saraiva, 2011.

GASPAR, Alberto. Física: mecânica. 2. ed. São Paulo: Ática, 2011.

LORENZATO, Sergio. Para aprender matemática. 3. ed. rev. Campinas: Autores


Associados, 2010.

MARANHÃO. Secretaria de Estado da Educação. Referenciais Curriculares: ensino


Médio. São Luís, 2006.

MENDES, Iran Abreu Mendes. Matemática e investigação em sala de aula: tecendo


redes cognitivas na aprendizagem. 2. ed. rev. e aum. São Paulo: Livraria da Física, 2009.

PERUZZO, Jucimar. Experimentos de física básica: mecânica. São Paulo: Livraria da


Física, 2012.

ROSITO, B.A. O ensino de Ciências e a experimentação. In: MORAES, R. (Org.).


Construtivismo e ensino de Ciências: reflexões epistemológicas e metodológicas. 3. ed.
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2011, p. 151 – 161.

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman,
2010.

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