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Marangon
Mecânica dos Solos II
4.1 – Introdução
Na figura 4.1 vê-se como exemplo um terreno em plano inclinado (talude). Esta
massa de solo está dividida em várias fatias (porções), em que se tem uma cunha possível
de movimentação (escorregamento), que são calculadas as tensões nos planos das suas
bases, para posterior comparação com os valores de tensão de resistência do solo. Pode-se
assim determinar a condição de estabilidade do conjunto.
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Para o estudo das forças atuantes em um ponto O, por exemplo como mostra a
Figura 4.2 (terreno horizontal), considerando apenas as forças devidas ao peso próprio dos
solos, desprezando àquelas devido aos carregamentos externos, devemos analisá-las
segundo direções específicas, isto é, devemos considerá-las como tensões agentes no
ponto O traduzidas por esforços por unidade de área em direções definidas e
determináveis (no caso, a resultante agirá segundo a direção da gravidade).
Para o caso da figura 4.2 em que o plano do terreno é horizontal não haverá
componente tangencial e o esforço absoluto, age normal ao plano paralelo ao da superfície.
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Figura 4. 4 - Direção das tensões principais para alguns pontos no interior da massa
de solo, para uma condição de carga aplicada na superfície
Pelo ponto O podemos, ainda, além dos dois planos principais considerados, passar
outro plano qualquer (por um ponto podemos passar uma infinidade de planos). Mas,
nesse terceiro plano, daremos uma orientação de posição, isto é, ele fará um ângulo α
com o plano principal maior (terá uma inclinação em relação ao plano horizontal).
Nesse caso, o plano estará inclinado em relação as duas tensões principais, que,
com suas ações, darão, como decorrência, duas componentes agindo nesse plano, uma
normal σα e uma tangencial τα.
Representando-se, agora, o ponto O pela interseção desses três planos, teríamos por
seus traços a figura abaixo, onde temos (traços dando um triângulo infinitesimal).
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OA = ds cos α
OB = ds sen α
Figura 4.5 – Traços do ponto O
representado por unidades de área
Sobre essas áreas agem as tensões, as forças aplicadas, são mostradas no esquema
da Figura 4.6 a seguir:
Esforço se equilibram
quando o ponto O está
estável, sem condição
de deslocamento.
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Ou (cancelando-se o ds):
Subtraindo-se II de I, temos:
sen 2α
Ou, = sen α cos α
2
σ1 − σ 3
τα = sen 2α (IV) tensão tangencial (cisalhamento) no plano α
2
Somando-se I e II ,temos:
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Sabemos que:
Substituindo em V:
σ1 − σ 3
sen 2α − σ α sen 2α + τ α cos2 α = 0
2
σ1 + σ 3 σ − σ3
sen 2α − σ α sen 2α + 1 sen 2α cos 2α = 0 ou
2 2
σ1 + σ 3 σ1 − σ 3
+ cos 2α = σ α (VI) tensão normal no plano α
2 2
Para a análise gráfica iremos representar o estado de tensões pelo círculo de Mohr
que é o lugar geométrico dos pontos de coordenadas σα e τα definidores do estado de
tensões no ponto O, quando agem, no mesmo as tensões principais σ1 e σ3, como mostra a
Figura 4.8.
Esse lugar geométrico (círculo de Mohr) traduz todos os valores de coordenadas
correspondentes a todos os possíveis planos inclinados, em relação aos planos principais,
que podemos passar no ponto O e que fazem um ângulo α qualquer, com o plano principal
maior (ou em termos de nossa referência inicial com a horizontal).
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“Todo raio que forma com o eixo das abscissas um ângulo 2α, corta o círculo num
ponto M cujas coordenadas são σα e τα, definidoras do estado de tensões no ponto O,
submetido ao par de tensões principais σ1 e σ3. Esse ângulo α é o ângulo que o plano
qualquer, onde agem σα e τα, faz com o plano principal maior”.
. Pelas propriedades conhecidas, ligando-se o ponto M ao início do círculo, a corda
define o ângulo α. O início do círculo é o pólo.
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Então, temos:
σ + σ 3 σ1 − σ 3
σ α = σ ,o + o , o ,, = σo , + r cos 2α = 1 + cos 2α
2 2
σ + σ 3 σ1 − σ 3
σα = 1 + cos 2α
2 2
σ − τ3 σ − σ3
τ α = r sen 2α = 1 sen 2α ∴ τα = 1 sen 2α
2 2
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Se repetirmos esse ensaio para um segundo corpo-de-prova, agora tomando σ3’ > σ3
teríamos, para romper o corpo-de-prova, σ1’ > σ1. Portanto, identificaríamos um novo par
de tensões de rutura que nos daria condição de traçar um novo círculo de Mohr onde se
poderia identificar o mesmo plano de rutura para o mesmo material nas mesmas condições
de utilização.
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Nota-se, que temos uma linha curva que tangencia essa infinidade de círculos
correspondentes a rutura. Essa linha que dá o contorno do lugar geométrico desses círculos
(Mohr chamou de curva intrínseca ou curva de envoltória dos círculos) correspondente a
condição de tensão na ruptura.
Da figura, podemos ter outros traçados que nos levará as seguintes análises quanto
aos valores das tensões aplicadas e sua condição de estabilidade à ruptura.
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A maior objeção que lhe é imposta é a de que essa teoria considera σ3 = σ2 embora
se comprove, em inúmeras verificações práticas, ser muito pequena a influência dessa real
diferenciação. As aproximações de cálculos, dentro do esquema básico do critério, têm
satisfeito aos requisitos práticos de dimensionamentos e análises.
Representação do ponto O
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Esta teoria se desenvolveu para análise das forças internas de resistência nos
maciços pulverulentos (granulares).
Princípios da física
Partindo-se da teoria do plano
inclinado (da Física):
No momento em que o ângulo deixa de ser zero o peso do corpo P deixa de agir
integralmente sobre o plano horizontal, passando a agir duas componentes:
N = tensão principal maior, agindo em valor absoluto sobre o plano principal maior, no
caso o horizontal;
T = componente tangencial no plano, que tende a fazer o corpo deslizar, sobre o plano,
por anteposição a força Fa;
Fa = Força de atrito. Quanto mais ásperas forem a superfícies de contato, maior será (Fa)
e quando mais lisa e/ou lubrificada menor será.
Equação do atrito
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T = P.sen α T senα
⇒ = = tgα ∴ T = N.tgα
N = P.cos α N cos α
T1 = N1.tg ϕ
T1, no caso, corresponde a resistência de atrito entre as duas superfícies e será
sempre calculada em função da componente normal ao plano de escorregamento. T1
corresponderá ao valor da resistência limite ao escorregamento.
Assim, suponhamos que se tenha, sobre uma mesa um monte de areia seca (I).
Esse monte de areia estará em repouso (equilíbrio) ou estável quando limitada por um
ângulo de inclinação α = ϕ = ângulo de atrito interno do material granular.
No desenho (II) representamos a mesma massa de areia seca, agora contida por
anteparos A que retém a massa instável (cunha instável) que, no primeiro desenho caiu no
chão por não ter o que a contivesse. Nesses termos, podemos afirmar que a cunha instável
é limitada em relação à massa estável por um plano, acima do qual as forças internas de
resistência estão suplantadas pelas componentes tangenciais geradas pela existência da
própria massa. Nesse caso, chamaremos esse plano de plano de escorregamento (limite em
que o equilíbrio é rompido).
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O anteparo deverá ser dimensionado para resistir ao movimento da cunha instável, pressão
que o solo faz a partir da cunha instável, ou seja, a porção da massa que age sobre o
paramento vertical de contenção, como será visto na Unidade 6.
τ = c + σ tg ϕ
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Essa é a equação de Coulomb que traduz a resistência interna dos solos: dado
pelo somatório da resistência por atrito de contato grão a grão, devida aos agregados e a
resistência por ligação (atração físico-química por carga elétrica) devida aos ligantes
(coesão).
c = σi tg ϕ
τ = σi tg ϕ + σ tg ϕ = f (σ)
τ = f (σ)
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Conclusão importante:
A ocorrência da parcela interna de resistência a coesão “c” dará como
decorrência a possibilidade de se ter um ângulo α do plano de rutura maior que ϕ (atrito
interno só dos agregados).
Assim, a massa estável representada nas figuras I e II, terá outra conformação
podendo, ter até um ângulo de 90o sem necessidade de anteparo. No desenho abaixo
representamos uma situação intermediária:
No caso temos:
α = ângulo do plano de
escorregamento;
ϕ = ângulo de atrito interno
(do agregado componente do solo)
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Pela figura: ND = NC + CD
NB = NC − CB mas, CD = CB = CT = r
Da figura tiramos: ND = σ i + σ 1
NB = σ i + σ 3
σ + σ1 sen 90°+ sen ϕ
Substituindo: i =
σ i + σ 3 sen 90°− sen ϕ
a+b
tg
sen a + sen b 2
Pela Trigonometria: =
sen a − sen b a − b
tg
2
ou podemos escrever:
90°+ ϕ
tg
σ i + σ1 2 = tg 2 90°+ ϕ = tg 2 45°+ ϕ = N
= ϕ
σi + σ3 90°− ϕ 2 2
tg
2
N ϕ = Chamado por Terzaghi de número de fluência
A equação ficará:
σ i + σ1
= N ϕ ou σ i + σ 1 = N ϕ ( σ i + σ 3 )
σi + σ3
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σ1 = N ϕ σ i + N ϕ σ 3 − σ i
c
σ1 = N ϕ σ 3 + ( N − 1)σ i mas, σ i =
tgϕ
Nϕ − 1
σ 1 = σ 3 Nϕ + c
tgϕ
Nϕ − 1
Demonstra-se que = 2 N ϕ , conforme feito adiante.
tgϕ
Temos, também, ensaios "in situ" cujas determinações são de melhor avaliação pela
manutenção real das condições de campo, mas, cujas aplicações são restritas a situações
especiais de ocorrência e aos parâmetros que se pretende determinar.
Obeservação:
Nesta unidade (04) do curso foi enfocadas com ênfase as tensões principais
atuantes nas massas do solo porque objetivou o estudo da resistência ao cisalhamento dos
solos, como será visto na unidade seguinte.
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