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CURSO ONLINE – ATUALIDADES E GEOGRAFIA – ABIN

PROFESSORES: RICARDO VALE E VIRGINIA GUIMARÃES

AULA 06- MEIO AMBIENTE

Olá, amigos e parceiros, hoje abordaremos apenas dois tópicos do


edital de geografia, porém essa aula contará com uma vasta gama de
informações por ser um dos principais assuntos da atualidade: o meio
ambiente.

A questão ecológica e a preocupação com os problemas ambientais


acabam gerando em todos nós algumas perguntas inquietantes: elas
são mesmo fruto de um desconforto real ou apenas uma moda passageira?

Alguns chegam até a afirmar que estas questões foram trazidas à


tona como um cômodo recurso ideológico que objetiva substituir as grandes
questões mobilizadoras até poucas décadas atrás. Para os mais radicais, toda
essa “festa” em torno do meio ambiente não passa de uma forma de manter
enfraquecidos os problemas sociais do mundo, como a pobreza, a exploração
e os conflitos de interesse entre as classes. Mas será que isso é pertinente?

Compreender o problema ambiental não significa dominar a


geografia física das regiões, conhecer o relevo, os rios e saber tudo sobre
as devastações ambientais. É claro que tudo isso tem sua importância,
pois compõe o nosso estudo. Entretanto, é imprescindível percebermos
que o alcance da questão ecológica é bem mais profundo do que parece,
uma vez que não se reduz apenas aos inúmeros distúrbios do meio ambiente.

Na verdade, o fato dessa questão ecológica estar tão na “moda”


nos mostra a incapacidade de um sistema social de produção e de
consumo (capitalismo) em manter formas e ritmos de crescimento
sem destruir as condições de sua própria reprodução. Deste modo,
a importância deste assunto transcende as diversas crises ambientais
espalhadas em todas as regiões do planeta e demanda que
percebamos que desequilíbrios entre sociedade e meio ambiente
estão biblicamente atrelados à história da humanidade.

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Todavia, o que é absolutamente novo pra nós é que as crises


ambientais globais estejam influenciando, cada vez mais, nos colapsos locais e
regionais ocorridos nos últimos tempos. Vamos pensar, por exemplo, nas
chuvas do Rio de Janeiro. Pesquisas apontam que o aquecimento global
causado pelo contínuo desenvolvimento industrial é um dos principais
responsáveis por catástrofes climáticas como essa. Do mesmo modo, o
furacão ocorrido no Rio Grande do Sul que, em 2004, destruiu mais de 20 mil
casas, ou os temporais em Santa Catarina. Todos esses fenômenos acabam
tendo como principal justificativa o desequilíbrio ambiental global.

Assim, amigos, as profundas implicações econômicas, políticas e


sociais acabam mesmo se conectando às questões do meio ambiente e, talvez
por isso, esse tema esteja sempre presente nas provas de atualidades e
geografia. Modismo ou não, o debate em torno do assunto é intenso e, pela
primeira vez, a sensação de que toda a humanidade caminha para situações
catastróficas parece unânime. As transformações ambientais, geralmente
traumáticas e dolorosas, acabaram cobrando da sociedade tanto uma reflexão
em torno das relações entre o homem e a natureza quanto a necessidade de
revê-las.

É verdade também que os desastres climáticos não ameaçam todo


mundo da mesma forma, na mesma intensidade e nem com a mesma
iminência. Deste modo, ficam mais vulneráveis a esses desastres - que
acabam sendo sociais- as populações que não possuem tecnologia, que são
empurradas sempre para mais longe dos centros de produção e consumo. Por
isso, podemos afirmar que as sociedades mais pobres e marginalizadas, são
as que mais intensa e rapidamente sofrem os problemas do esgotamento do
solo, da escassez de água, moradia e alimentos.

A questão ecológica, portanto, diz respeito, ao mesmo tempo, às


relações entre os homens, como também às relações dos homens com a
natureza - que é quem fornece seus meios de sobrevivência.

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1- A questão ecológica em nível mundial.

O avanço técnico e científico que contribuiu para o boom de todo o


processo de industrialização em países ricos e pobres, capitalistas e
socialistas, pode ser considerado o principal elemento de interferência e
alteração da natureza. Não é segredo para nós que ela é formada por um
conjunto de componentes ambientais composto de terra, água, ar e seres
vivos, animais e vegetais. Pois bem, esses elementos são interdependentes, o
que significa que a alteração ou agressão de um deles resulta, imediatamente,
na adulteração de outro.

Até os anos de 1960, qualquer idéia de sociedade que se


distinguisse da capitalista já mostrava que havia uma inegável necessidade de
uma nova organização econômica, em que os meios produtivos fossem
divididos de forma mais equilibrada. Entretanto, até a década de 70 não havia a
menor preocupação direta com questões ambientais ou ecológicas, com
exceção das universidades que tratavam o tema com relativo cientificismo.

As primeiras preocupações com a destruição da natureza,


principalmente das florestas e dos animais selvagens, surgiram apenas nos
anos 50, com as primeiras manifestações organizadas contra os armamentos e
as usinas nucleares. Essas manifestações foram importantes, pois abriram
o caminho para a luta contra os efeitos poluidores da indústria e para
as idéias de conservação do meio ambiente que até então estavam restritas
aos círculos acadêmicos e naturalistas.

Como sabemos, no Brasil, o grande crescimento industrial se deu


entre as décadas de 50 e 60, portanto não haveria mesmo como
haver manifestações ecológicas anteriores a esse período. Apesar disso, em
outros lugares, “privilegiados” pela industrialização precoce, essa também
não era uma discussão comum.

A crescente industrialização concentrada em cidades, a


mecanização da agricultura, a intensa exploração de recursos energéticos

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como carvão mineral e petróleo, e minerais como ferro, alumínio etc, alteraram
significativamente a terra, o ar e a água do planeta. Tamanha exploração levou
algumas áreas à degradação ambiental irreversível, o que evidenciou duas
necessidades mundiais urgentes. A primeira era a obrigação de haver maior
integração entre as disciplinas que se propunham a estudar a natureza. A
segunda era a necessidade de uma profunda revisão dos paradigmas da
ciência moderna para alcançarem uma solução para o problema identificado.

Devido à visibilidade que foi dada aos diversos problemas


ambientais e ecológicos apontados pelas crescentes manifestações, sua
mobilização e suas lutas este assunto ganhou mais atenção das sociedades
mundiais.

È claro, pessoal, que, nesse processo acelerado de “tecnificação”


das sociedades humanas, algumas regiões do planeta foram palco de maiores
alterações do que outras. Entretanto, poucas são as áreas do mundo que não
foram total ou parcialmente devastadas pelas práticas predatórias do homem.

A sociedade industrial que o mundo contemporâneo edificou


interferiu e alterou profundamente a natureza, já que, para construir e alimentar
complexos industriais, extensos espaços de natureza tiveram que ser
destruídos.

O desenvolvimento permanente dos meios de produção, a


ampliação da sociedade de consumo, os atrativos do lazer, do conforto e a
liberação da mão-de-obra rural, acabaram estimulando o crescimento da
população urbana nos países industrializados. Apesar disso, o crescimento
rápido das cidades não pôde ser acompanhado no mesmo ritmo, sobretudo
nos países subdesenvolvidos, pelo incremento das redes de água tratada,
coleta e saneamento de esgoto etc.

Nessas sociedades, os problemas ambientais são muito maiores do


que nos países mais desenvolvidos. Essa diferença se dá principalmente
porque além das questões relativas à destruição do meio ambiente em si, como

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a poluição do solo, do ar e da água, ainda tem o agravante da pobreza


da população. Vejamos como esses temas podem ser encontrados em provas

(CESPE/ABIN-2008) A questão ambiental, tendo em vista suas


implicações sociais, econômicas e políticas, ganhou
repercussão e passou a fazer parte das políticas nacionais e do
fórum de debate mundial. Acerca desse assunto, julgue os itens
subseqüentes.

1-Com a maior parte da população brasileira vivendo em


aglomerações urbanas, a degradação da qualidade do meio
ambiente urbano e dos recursos naturais tem sido motivo de
conflitos e de proliferação de doenças nas cidades.

Comentários

A urbanização acentuada é uma constante em todas as regiões


do nosso planeta. Entretanto, o que durante muitos anos foi visto como sím-
bolo de progresso hoje comporta em si inúmeros problemas. Nesse sentido, a
explosão da periferia nas grandes cidades foi uma das principais re-
sponsáveis pela degradação do meio ambiente, existência de conflitos pelos
recursos naturais e proliferação das doenças. Isso ocorre na maior parte das
cidades de países em desenvolvimento e é um ponto muito forte aqui no Brasil.

A grande maioria das metrópoles abriga favelas e essa situação


tende a se agravar principalmente em países onde as pessoas continuam
migrando em busca de empregos e se defrontam com a ociosidade.

Nosso colega de curso fez uma pergunta no fórum de dúvidas que


contemplava a utilidade ou não de se gastar uma grande soma de dinheiro em
algo que efetivamente não contemplaria toda a população do semi-árido
nordestino (transposição do São Francisco). E por que estamos falando disso
agora? Porque uma das finalidades da transposição do Rio São Francisco é
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justamente conter a migração intra-regional para evitar a multiplicação desses


problemas que são inegáveis.

A maior parte da população brasileira vive em aglomerações


urbanas. Essa concentração populacional nas cidades tem como conseqüência
a degradação ambiental, causada pelas modificações ocorridas no espaço
geográfico.

Assim, verifica-se nos principais aglomerados urbanos brasileiros


grande poluição do ar, do solo (causado pelo lixo urbano), sonora, visual, etc.
Tudo isso causa uma perda da qualidade de vida da população, o que gera
aumento do número de doenças e conflitos ambientais.

Ressalte-se que quando a questão fala em conflitos ambientais, ela


não quer dizer que se “pega em armas” em defesa do meio ambiente. Os
conflitos ambientais são uma nova espécie de conflito social, que exige a
intervenção do Estado. Pode-se verificar que justamente a parcela da
sociedade que mais sofre com os riscos ambientais é justamente a menos
favorecida e que, por conseguinte, tem menos responsabilidade na construção
deste risco. Portanto, a questão está correta.

Para aqueles que ainda não puderam ler o fórum, a pergunta do


nosso colega Sandro foi a seguinte:

“A respeito dos comentários feitos na página 15(da aula 4), sobre o


Rio São Francisco, também conhecido como "rio da integração nacional",
gostaria de enfatizar a polêmica criada em torno do projeto para sua
transposição, cujos debates "acalorados" tivemos oportunidade de acompanhar
pela mídia. Para alguns seguimentos contrários, a polêmica criada por esse
projeto tem como base o fato de ser uma obra cara e que abrange somente 5%
do território e 0,3% da população do semi-árido brasileiro e também que se a
transposição fosse concretizada afetaria intensamente o ecossistema ao redor
de todo o "Velho Chico". Gostaria de saber como se encontra o estágio atual

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desse projeto e se de fato os benefícios levados até à população do semi-árido


justificam sua implantação. Poderiam tecer algum comentário?”

Nossa resposta

“Agora vc me apertou sem abraçar, estou a cinco minutos olhando


sua pergunta sem saber o que lhe responder....kkk

Não, não é que eu não tenha uma opinião formada sobre o assunto,
mas é que, nesse caso, qualquer opinião que eu emita será algo
eminentemente político, entende? De um lado temos o que o
governo mostra: os relatórios ambientais, os futuros benefícios dessa
transposição e toda a complexidade do projeto, que não se resume
apenas em transpor, mas também em revitalizar. Enfim, por isso
eu realmente acredito que as divergências de opinião que envolvem
esse assunto, às vezes, me parecem que têm muito mais a ver com
embates políticos e "crenças " pessoais do que com o meio ambiente em si.

Ao que tudo indica, diante das opiniões contrárias a essa


transposição, ela não resolveria mesmo o problema da falta de água da
população nordestina, beneficiando muito mais aos grandes industriais
da região, do que a população em geral.Uma vez abastecidas, é que
essas indústrias criariam empregos e, dessa outra forma, beneficiaria a
população do semi-árido brasileiro.

Atualmente 95 % das águas do Rio São Francisco desembocam


no mar e apenas 5 % são utilizadas em cidades ou irrigação. É visando
um aproveitamento maior dessas águas para as populações do semi-árido
que o governo pretende ligar o Rio São Francisco a outros rios menores,
levando água à região mais seca do Nordeste. Entretanto, a
grande polêmica desse projeto é que não se pode prever as
consequências dessa transposição nem para as espécies que vivem hoje
nesse rio nem para a população que depende delas para sobreviver.

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Bem, mas o que há de oficial - entenda-se governo (defensor do


projeto) - é que o volume de água a ser retirada e desviada para outros rios é
muito pequeno, chegando a pouco mais de 1% . Mas, o argumento mais forte é
que essa água beneficiaria sim a população que vive no polígono da seca,
cerca de 30 % da população do semi árido e não 0,3 % como você afirmou, o
que evitaria, inclusive, a migração de famílias para outras regiões.

Outra coisa a se pensar é que 30 % equivalem a 12 milhões de


pessoas sendo beneficiadas pela água , o que pode apesar de não ser a
porcentagem que gostaríamos de ver , é um número considerável de famílias
que teriam seus problemas imediatos resolvidos, já que não precisariam mais
migrar por causa da seca, não é mesmo?

Fora esse benefício direto, voltamos ao nosso amigo "efeito


dominó". Quando a imigração diminui, uma serie de outros problemas tendem a
diminuir ou estagnar, como os problemas encontrados nas metrópoles.

É claro, Sandro, que as coisas não são nem tão simples, nem tão
rápidas como gostaríamos, mas transmite a sensação de que pode ser um
começo para resolução de problemas históricos em nosso país, como a seca e
a migração inter e intra-regional.

Bem, apesar de protestos como a greve de fome feita por Frei Luiz
na cidade de Cabrobó em 2005 quando se iniciaram as obras, o fato é que elas
continuam em andamento apesar de não terem sido finalizadas e ainda
gerarem muitas controvérsias, políticas, econômicas e ambientais.”

2(CESPE/ABIN-2008)Todos os países, sejam eles pobres ou


ricos, são responsáveis pela degradação ambiental, o que
explica a necessidade de acordos internacionais para a
mitigação dos efeitos adversos e a resolução de conflitos.

Comentários
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Sem dúvida alguma, todos os países –pobres ou ricos- possuem


responsabilidades no que diz respeito à proteção do meio ambiente. Todavia,
na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento (ECO-92) reconheceu-se, sob forte pressão dos países em
desenvolvimento que a responsabilidade de controlar, reduzir e eliminar os
atentados contra o meio ambiente deve incumbir aos países que os
causam, de tal forma que guarde relação com os danos causados e
esteja relacionado com as respectivas capacidades e responsabilidades.

Esse reconhecimento representou uma completa mudança de


paradigma no âmbito da proteção do meio ambiente, estabelecendo o
princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada. Cada país deveria
incumbir-se na proteção ambiental de forma proporcional com os danos
causados ao meio ambiente. Esse princípio confirma o fato de que os
países desenvolvidos são os maiores causadores e responsáveis pelos
desequilíbrios ambientais, cabendo a eles, portanto, as principais atitudes
para proteger o meio ambiente.

De qualquer forma, a proteção do meio ambiente é


uma preocupação comum da humanidade, incumbindo aos países ricos e
pobres indistintamente. Questão correta.

1.1 O ambiente ganha visibilidade mundial

O grande concretizador do meio ambiente como um assunto


mundialmente importante foi a Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, Suécia, em 1972. Tendo como
tema principal o Meio Ambiente Humano, essa Conferência estabeleceu
princípios de aplicação geral no que se refere à proteção ambiental.

De acordo com Accioly, o ano de 1972 pode ser apontado como o


ano em que a conscientização para a importância de se evitar a destruição do
meio ambiente tomou âmbito global. Nessa conferência, se reuniram pela
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primeira vez países industrializados e países em desenvolvimento para dis-


cutir problemas relativos ao meio ambiente. Apesar do
objetivo comum de preservação ambiental a conferencia deixou
claro o fosso existente entre esses países, sobretudo em matéria ecológica.

Assim, quando o grupo de países em desenvolvimento era chamado


a cumprir padrões mínimos ambientais, eles entendiam essa pressão como um
mecanismo utilizado pelos países mais industrializados para impedir
seu crescimento. Dessa forma, para grande parte das nações, a questão am-
biental surgiu como um limitador e dificultador do modelo vigente, em
que são explorados, descontroladamente, os recursos ambientais do planeta.

A Conferência de Estocolmo deu origem à Declaração das Nações


Unidas sobre o meio ambiente, que estabelece princípios gerais para sua
proteção e prevê a criação do Programa das Nações Unidas. Esse programa
tem como objetivo fundamental coordenar as ações internacionais de amparo à
natureza, promovendo um desenvolvimento sustentável para o meio ambiente.

Bem, para compreendermos a Declaração de Estocolmo teremos


que entrar um pouco no direito internacional ambiental, mas não se assustem,
pois não é nada de outro mundo, ok?

Assim, temos como pontos principais:

1)O direito ao meio ambiente foi alçado à condição de direito


fundamental do ser humano. O primeiro princípio enumerado pelo referido
documento estabelece que “o homem tem direito fundamental à liberdade, à
igualdade e a condições de vida satisfatórias, em meio ambiente cuja qualidade
lhe permita viver com dignidade e bem-estar.”

2)Estabeleceu o princípio da responsabilidade internacional dos


Estados em matéria ambiental. De acordo com o princípio de número 21, “os
Estados têm o direito soberano de explorar os seus próprios recursos segundo
políticas ambientais que estabeleçam. Entretanto eles têm o dever de realizar
essas atividades nos limites de sua jurisdição ou sob seu controle, desde que
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não causem danos ao meio ambiente em outros estados ou nas regiões não
submetidas a qualquer jurisdição nacional.” Resumindo: lembra daquele
sermão que ganhávamos da professora no colégio, que dizia que nosso direito
termina onde começa o do coleguinha? Pois bem, aqui é a mesma coisa: um
Estado não pode explorar seus recursos de forma a causar dano a outro
Estado.

3)Um Estado deve ser responsabilizado pelos danos ambientais que


cause fora de sua jurisdição territorial, ou seja, pelos danos que cause ao meio
ambiente de outro Estado. Ou seja, feriu o direito do coleguinha? Então vai ter
que assumir a responsabilidade.

Passados 10 anos da Conferência de Estocolmo, foi elaborado um


relatório para avaliar tanto os principais resultados alcançados, quanto apontar
os principais problemas ambientais existentes. E foi nesse momento que
surgiu, pela primeira vez, o conceito de “desenvolvimento sustentável ”. Mas
o que seria isso afinal?

Podemos entender este desenvolvimento como sendo aquele que


atende as necessidades do sistema produtivo e das gerações atuais, sem
comprometer a capacidade das futuras gerações de terem suas próprias
necessidades atendidas.

Um outro evento que marcou as relações homem/meio ambiente foi


o realizado em 1992 na cidade do Rio de Janeiro. Vocês se lembram?
Dependendo da idade de vocês, é possível que não, mas pra nós, que já
somos velhinhos, a ECO 92 foi um evento inesquecível!

Na ocasião, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio


Ambiente e Desenvolvimento, que em 1972 havia sido em Estocolmo,
movimentou a cidade do Rio de Janeiro e ganhou a mídia brasileira e
internacional. Do mesmo modo, a conferência realizada na Suécia, foi
“reproduzida”, duas décadas mais tarde, na cidade do Rio e ficou
mundialmente conhecida como ECO-92.

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Nesse encontro líderes do mundo todo foram reunidos e produziram


importantes documentos que buscavam regulamentar os mais variados
elementos sobre o meio ambiente. Assim, entraram na pauta das discussões
para proteção ambiental: princípios sobre Florestas, Convenção sobre
Diversidade Biológica, Convenção sobre Mudanças Climáticas, Agenda 21 e a
Declaração do Rio.

Esses documentos tinham como principal objetivo definir um rumo


geral para as políticas ambientais essenciais de desenvolvimento mundial.
Assim, as políticas ali definidas deveriam ditar um modelo de desenvolvimento
sustentável que desse conta de suprir às necessidades globais e, ao mesmo
tempo, reconhecesse os limites de desenvolvimento.

Nessa linha, a Agenda 21, foi um documento elaborado com o


objetivo de servir de guia para que os Estados formulassem políticas públicas
em matéria ambiental com vistas a promover o desenvolvimento sustentável.
Outra realização importante deste evento foi a consolidação da Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima por quase todos os
países do mundo.

Essa convenção nada mais é do que um tratado internacional que


tem como objetivo a estabilização da concentração de gases do efeito estufa
na atmosfera em níveis admissíveis ao sistema climático. É verdade também
que ainda não se sabe, com precisão, qual é a medida de gases que poderiam
ser considerados seguros, entretanto, boa parte da comunidade científica
admite que a contínua emissão de gases no ritmo atual trará fortes danos ao
meio ambiente.

Assim, amigos, é correto afirmar que tanto a Conferência de


Estocolmo, quanto a ECO-92 foram os marcos mais importantes para o
alargamento da gravidade da questão ambiental internacional.

Cabe ressaltar também o Protocolo de Kyoto, assinado na cidade


japonesa de mesmo nome no ano de 1997. A convenção em Kyoto

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estabeleceu um sólido compromisso, por parte dos países desenvolvidos em


reduzir a emissão de gases, mesmo com ônus aos seus respectivos
crescimentos econômicos. No entanto, apesar da seriedade com que as
nações encararam o protocolo, ainda não são palpáveis os meios pelos
quais seriam colocadas em prática as medidas e o compromisso em
reduzir as emissões de gás.

O Protocolo de Kyoto faz parte da Convenção-Quadro


das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e determina que os
Estados deverão, para promover o desenvolvimento sustentável,
implementar ou aprimorar suas políticas nas mais diversas áreas, como:

- aumento da eficiência energética;

- promoção de formas sustentáveis de agricultura;

- proteção e aumento de sumidouros e reservatórios de gases


de efeito estufa;

- redução gradual ou eliminação de incentivos fiscais,


de isenções tributárias e tarifárias e de subsídios para os setores
emissores de gases de efeito estufa;

- pesquisa, promoção, desenvolvimento e aumento do uso de formas


novas e renováveis de energia, de tecnologias de seqüestro de dióxido de
carbono e de tecnologias ambientalmente seguras.

- limitação e/ou redução de emissões de metano por meio de sua


utilização no tratamento de resíduos, bem como na produção, no transporte
e na distribuição de energia e;

- medidas para limitar ou reduzir a emissão de gases de


efeitoestufa. Como a aplicação do princípio do poluidor-pagador.

Aplicando o princípio do poluidor-pagador, o protocolo criou o


“Mecanismo de Desenvolvimento Limpo”, que deu a oportunidade para a
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criação de um mercado de créditos de carbono. Mas o que seria isso


exatamente?

Bem, na verdade, isso funciona como um sistema de compra


simples, em que aqueles países ou indústrias que não conseguem atingir as
metas de redução de emissões de gases do efeito estufa têm que comprar
créditos de carbono. Como todos nós sabemos, a tática de economia mais
eficaz é sempre a aquela que atinge o bolso, não é mesmo?

Em contrapartida aos “esbanjadores”, aquelas indústrias que


conseguissem diminuir suas emissões abaixo das cotas determinadas,
poderiam vender o excedente de "redução de emissão" ou "permissão de
emissão" no mercado nacional ou internacional.

De acordo com Portela, com a criação do mercado de créditos de


carbono, os países em desenvolvimento passam a negociar com os países
desenvolvidos seus excedentes de "redução de emissão" ou "permissão de
emissão" no mercado nacional ou internacional. Assim, os países em
desenvolvimento tendem a ampliar a execução de projetos que reduzem a
poluição para ter mais uma mercadoria para comercializar internacionalmente:
seus excedentes de ar puro.

Mas e quanto a metas? O Protocolo de Kyoto fixou metas para a


redução de emissão de gases?

Sim. Foram estabelecidas metas de redução de emissões para os


países, porém diferentes para cada país, em respeito ao princípio da
responsabilidade comum, mas diferenciada. Assim, já que a regra de redução
não é valida para todos, países como o Brasil, podem realizar projetos de
redução de emissões e negociar com os que precisem os seus “créditos de
carbono”.

Então, pessoal, deste modo fica claro que não são todos os países
que devem cumprir metas de redução de emissão de gases, mas somente
aqueles que estão relacionados no Anexo I do protocolo de Kyoto - países
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mais industrializados. E correto afirmar que no encontro ocorrido no Japão,


foram estabelecidas metas de redução e um mercado de créditos de carbono
por meio do qual os países industrializados acabam financiando
tecnologias,consideradas limpas em países em desenvolvimento, como forma
de compensar suas emissões de gases.

Apesar disso, passados 12 anos, constatou-se que nada disso


deu certo! Na tentativa de se chegar a um novo acordo global sobre o
clima, os países se reuniram, então, em Copenhague, que infelizmente, não
teve mais êxito que o protocolo de Kyoto.

Veja como esse assunto foi cobrado em prova

3(ESAF/PGFN-2006) É objetivo do Protocolo de Quioto à


Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança de
Clima, de 1997:
a) a diminuição da eficiência energética em
setores relevantes da economia internacional, como modo
direto de internalização de externalidades negativas.
b) a proibição imediata de formas sustentáveis e
nãosustentáveis de agricultura, à luz das considerações
sobre mudança de clima.
c) a redução gradual ou eliminação de imperfeição de mercado, de
incentivos fiscais, de isenções tributárias e tarifárias e de sub-
sídios para todos os setores emissores de gases de efeito estufa.
d) a pesquisa, a promoção, o desenvolvimento e aumento do
uso de formas não-renováveis de energia, de tecnologia de
seqüestro de dióxido de carbono e de tecnologia
ambientalmente seguras.
e) a ampliação de emissões de metano por meio de sua
recuperação e utilização no tratamento de resíduos, bem como
no transporte, na produção e na distribuição de energia.

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A letra A está errada porque o Protocolo de Quioto tem por objetivo o


aumento da eficiência energética e não sua diminuição.
A letra B está errada. O Protocolo de Quioto tem como um de seus
objetivos que os países promovam formas sustentáveis de agricultura.
A letra D está errada, já que o protocolo que ora analisamos tem
como objetivo a utilização de formas renováveis de energia.
A letra E está errada porque o Protocolo de Quioto tem como
objetivo a redução ou eliminação da emissão de gás metano e outros gases de
efeito estufa.
Resta-nos a letra C, que é a resposta correta. Considerando que a
emissão de gases de efeito estufa deve ser reduzida ou eliminada segundo o
Protocolo de Quioto, o que se busca é desestimular as atividades que poluem a
atmosfera. Ou seja, os incentivos aos setores emissores de gases de efeito
estufa deverão ser retirados.
Gabarito: Letra C

1.2 Copenhague

Seguindo na linha dos encontros onde a natureza é o grande foco,


não poderíamos deixar de abordar aqui o assunto do momento ao se falar de
meio ambiente: o encontro de Copenhague, conhecido também como COP 15.
E porque esse encontro é tão famoso? Na verdade, muita expectativa foi
depositada nesse encontro, que se distingue dos demais principalmente pelo
fato de ter sido formulado, exclusivamente, para tratar da variação climática
mundial. Outro fator que lhe conferiu bastante importância foi o fato da
conferência buscar firmar um novo acordo global que substituiria o Protocolo de
Kyoto, o qual tem validade somente até 2012.

Bem, a Convenção-Quadro das Nações Unidas, o COP 15, tinha


como objetivo principal a estabilização da concentração de gases na
atmosfera terrestre. Deste modo, a intenção do encontro era elaborar normas

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que regulassem a emissão de gases de acordo com os níveis de segurança


climática do planeta e evitando o aquecimento global.

Esse é um assunto muito atual, pois o encontro foi realizado no fim


do mês de dezembro e por muito tempo a mídia bateu em cima dessa mesma
tecla, vocês se lembram? Pois bem, a Conferência de Copenhague nada mais
foi do que uma assembléia das nações que aderiram ao compromisso firmado
na convenção ainda em 1992, no Rio de Janeiro.

No âmbito da “Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre


mudança do clima” já havia sido firmado o Protocolo de Kyoto, com o objetivo
de mitigar o aquecimento global. Mas, afinal, quais foram os
principais impasses às negociações em Copenhague?

As negociações no âmbito da Conferência do Clima se


concentraram basicamente em dois pontos fundamentais: redução de emissão
de gases de efeito estufa e apoio financeiro a ser fornecido pelos
países desenvolvidos aos países em desenvolvimento para que estes possam
realizar ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

Os maiores impasses nas negociações em Copenhague foram


justamente a divergência de interesses quanto a esses dois temas. O Protocolo
de Kyoto somente impôs obrigações de redução de emissões aos países mais
ricos. No entanto, os países mais industrializados também querem que os
países em desenvolvimento assumam compromissos vinculantes nesse
sentido. Logicamente, não é o que querem alguns países em desenvolvimento!

Vejamos como isso aparece nas provas

4(CESPE/IRB-2010)- Em relação às mudanças climáticas,


julgue C ou E:

A( ) A comunidade internacional, de forma geral, considerou


satisfatórios os resultados da COP 15 (15.ª Conferência das

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Partes da Convenção das Mudanças Climáticas), realizada em


Copenhague, em dezembro de 2009.

B( ) O Brasil teve participação de destaque na COP 15, onde


negociou ativamente o Acordo de Copenhague e defendeu a
constituição de fundo para se financiarem, em países pobres,
com recursos canalizados por meio de organismos
multilaterais, inclusive do sistema das Nações Unidas, ações
em que se empreguem tecnologias concernentes ao
aquecimento global.

C( ) O Brasil, que defende o princípio de “responsabilidades


comuns, mas diferenciadas”, vem cumprindo diversos pontos
da agenda ambiental, pois quase toda a energia consumida no
país provém de fontes renováveis, o governo se comprometeu a
desenvolver ações para diminuir a emissão de CO2 no país e a
adotar um Plano de Mudanças Climáticas, para a redução do
desmatamento da Amazônia.

D( ) Por iniciativa brasileira, os países amazônicos, no que se


refere à agenda de mudanças climáticas, adotaram a mesma
posição, qual seja a de defender a necessidade de conservação
da cobertura vegetal como compensação pelo aumento das
emissões de CO2 causado pela industrialização urbana nesses
países.

Comentários

A- A 15ª Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas


(COP-15), realizada na Dinamarca em dezembro do ano passado, era a grande
esperança do mundo na luta contra o aquecimento global. No entanto, o
encontro foi marcado pelo desentendimento entre as nações, que não
chegaram a nenhum acordo significativo. Portanto, a questão está errada.

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B- O Brasil foi um dos poucos países que se destacou durante o


encontro de Copenhague, sobretudo ao defender a criação de um fundo para
financiar países mais pobres. Durante esse encontro que envolveu cerca de
120 países não se chegou a um consenso mesmo depois de duas semanas de
negociações e intervenção direta do secretário-geral das Nações Unidas.

Assim, o governo brasileiro já foi pro encontro com o objetivo de


reduzir em até 39% suas emissões de gases até 2020. É claro que teve o apoio
das ONGs para sua idéia de colocar logo na mesa de Copenhague metas
claras, ou seja, números com os quais o país vai se comprometer.

C- Essa assertiva merece ser bem aproveitada. Vamos, então, por


pontos!

1)O Brasil defende sim o princípio da responsabilidade comum, mas


diferenciada. Esse princípio estabelece que apesar de todos os países terem
responsabilidades no que diz respeito à preservação ambiental, os países que
historicamente mais danos causaram ao meio ambiente têm maiores
obrigações.

2)Dizer que quase toda a energia consumida no país vem de


fontes renováveis é um exagero. Podemos dizer que aproximadamente metade
da energia consumida no país vem de fontes renováveis. A matriz energética
brasileira é, portanto, relativamente limpa se comparada à de outros país. No
que diz respeito à geração de eletricidade, quase 90% vem de fontes
renováveis.

3)O Brasil se comprometeu a reduzir a emissão de CO2? Sim. O


Brasil tem um Plano de Mudanças Climáticas? Sim. Entretanto, seu objetivo
principal é reduzir as emissões de gases(contribuindo para evitar o
aquecimento climático) e não reduzir o desmatamento da Amazônia. Portanto a
questão está errada.

D- Os países amazônicos unidos à França definiram uma posição


única a ser defendida na COP-15, firmando a chamada Declaração de
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Manaus. Por meio dessa Declaração, os países amazônicos defendiam que os


países desenvolvidos deveriam assumir compromissos quantificados em
matéria de redução de emissões. Além disso, chegaram ao consenso de que
os países desenvolvidos deveriam financiar ações de mitigação do
aquecimento global nos países em desenvolvimento.

Os países amazônicos concordaram, ainda, que a preservação da


cobertura vegetal, particularmente da Região Amazônica, é fundamental no
processo de enfrentamento da mudança climática. Todavia, essa preservação
da cobertura vegetal é incondicional e não deve ser vista como uma
compensação pelo aumento das emissões de CO2. É aí que está o erro da
questão!

5(CESPE/IRB-2008) Acerca das transformações globais,


nacionais e locais relacionadas ao desafio do desenvolvimento
ambiental sustentável, julgue (C ou E) os itens a seguir.

A( ) Na Amazônia, o crescimento do agronegócio e a expansão


das culturas de commodities têm sido observados em um
grande número de pequenas propriedades, o que se justifica
por serem tais empreendimentos prioritários para a
desconcentração da propriedade da terra.

B( ) Não é apenas a dimensão do desmatamento em curso na


Amazônia que preocupa, mas também os prejuízos à
biodiversidade advindos desse desmatamento, bem como o
aumento da grilagem de terras públicas.

C( ) Influenciada pelo agronegócio, a agricultura familiar ou de


subsistência praticada atualmente na Amazônia tem sido
apoiada por inovações tecnológicas e pela utilização dos
créditos ambientais subsidiados por políticas públicas de
preservação, que objetivam recompensar o abandono da prática

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de derrubada ou queimada da floresta ou da vegetação


secundária.

Comentários

A- O Brasil, atualmente, é um dos maiores produtores de grãos do


mundo. Sendo o segundo na produção de soja em grão e o principal
exportador de farelo de soja. Destaca-se, também, na produção de
frango, carnes e suco de laranja.

O equivalente a mais de 28% da produção nacional de soja


é oriunda do Mato Grosso, sendo este estado responsável por cerca de
18,7 milhões de toneladas desse produto. Assim esse estado é, disparado, o
maior produtor do país. No entanto, o cultivo do produto tem sido um dos
principais vetores do desmatamento do Cerrado e também tem se expandido
sobre áreas de devastação recente na Amazônia. Uma produção dessa
magnitude certamente não sairia de pequenas propriedades, não é mesmo?
Portanto, a desconcentração da propriedade da terra não acompanha o
desenvolvimento do agronegócio da Amazônia, o que faz da questão errada.

B- Apesar de o crescente desmatamento ser o grande problema da


Amazônia , ele não é o único prejuízo que a natureza da região sofre, uma vez que
ele também impõe conseqüências a outros recursos naturais. Um exemplo disso é
exatamente a sobrevivência ou não da biodiversidade, que se vincula diretamente
ao aumento da grilagem de terras públicas e conseqüente desmatamento.

C - O grande desafio da Amazônia é conciliar preservação ambiental


com as necessárias e fundamentais atividades econômicas da região. A
recuperação de áreas degradadas, o fortalecimento da agricultura familiar e o
apoio à agricultura das comunidades indígenas são alguns dos trabalhos
desenvolvidos pela EMBRAPA. Essa ações, no entanto, visam superar, ou pelo
menos reduzir as explorações agrícolas predatórias e irracionais, que levam ao
esgotamento do solo e ao fim da possibilidade de uso dessas terras. No

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entanto, tratar esse objetivo como recompensa do abandono da prática de


derrubada ou queimada da floresta ou da vegetação secundária está
errado.

6(CESPE/ABIN-2008)-Mudanças climáticas tendem a


potencializar mudanças nos índices de mortalidade e
morbidade, assim como provocar situações que implicam na
necessidade de realocação de grupos populacionais, com
reflexos na redistribuição espacial da população.

Comentários

Bem, amigos, para sabermos sobre a veracidade dessa assertiva


primeiro seria necessário saber o que são os índices de mortalidade e
morbidade não é mesmo? Índices de mortalidade todos sabem o que é, mas
morbidade é uma palavra no mínimo estranha aos nossos ouvidos.

Basta que estejamos atentos aos noticiários para saber que todas
essas calamidades resultantes de mudanças climáticas, como
desmoronamento no Rio de Janeiro, enchentes em São Paulo ou Santa
Catarina resultam em mortalidade. Portanto, o índice de mortalidade tende à
potencialização sim! Já o desconhecido índice de morbidade está diretamente
relacionado à “capacidade de produzir doença”. Não é segredo pra nós
que, diante de calamidades públicas, sobretudo enchentes, há uma forte
tendência de haver epidemia de leptospirose, por exemplo.

Por fim, a realocação de grupos populacionais que vivem em


áreas de risco também faz parte das práticas públicas em situações
dramáticas oriundas de mudanças climáticas. Logo, a assertiva está correta.

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7(CESPE/ABIN-2008) Embora o crescimento populacional


contribua para o aumento dos problemas ambientais, como
a destruição da cobertura florestal e a poluição em suas
várias formas, a necessária intensificação na exploração dos
recursos naturais terá a sua sustentabilidade ambiental e eco-
nômica assegurada por meio do desenvolvimento da tecno-
logia, já que esta implica o adequado aumento da produtividade.

Comentários

Que o crescimento populacional contribui para o aumento dos mais


diversos problemas ambientais está claro pra todos nós, não é pessoal? A
urbanização, então, nem se fala: construção de pontes, viadutos,
asfaltos, desmatamento e toda sorte de poluição, visual, auditiva e física
andam lado a lado com o crescimento demográfico. Todas
essas modificações do meio ambiente, sem sombra de dúvidas,
foram estimuladas e intensificadas em conseqüência do
desenvolvimento da tecnologia, que levou ao aumento da produtividade.

Apesar disso, por maior que seja o desenvolvimento tecnológico


mundial, ele nunca dará conta de reconstruir a cobertura florestal, ou devolver
recursos naturais limitados ou não renováveis. É claro que a tecnologia pode
contribuir em muitos aspectos, mas não de forma gratuita, uma vez que o
custo dessas técnicas não as permite estarem acessíveis a todos da mesma
forma, não é mesmo? Portanto a questão está errada.

2- Recursos naturais: aproveitamento, desperdício e políticas de


conservação de recursos naturais.

É praticamente impossível falar de aproveitamento, desperdício e,


sobretudo, de políticas de conservação dos recursos naturais, sem entrar um
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pouco no Direito Internacional Ambiental. Como vimos anteriormente, a


industrialização transformou, quase que completamente, o meio ambiente
mundial. Dessa forma, com o intuito de normatizar a exploração dos recursos
naturais, surgem um conjunto de preceitos que instituem direitos e deveres
para os diversos atores internacionais no que se refere à perspectiva
ambiental. Assim, esse ramo do direito atribui responsabilidades que devem
ser observadas no plano internacional, tendo como objetivo a melhoria e a
qualidade de vida para as gerações presentes e futuras.

No âmbito do Direito Internacional Ambiental encontramos uma


enorme quantidade de tratados, convenções e protocolos internacionais,
multilaterais e bilaterais, voltados para a proteção ambiental. Mas podem ficar
tranqüilos porque não vamos falar de cada uma deles aqui não, até porque
nem teríamos tempo para tanto. O número de tratados internacionais firmados
em proteção do meio ambiente é impressionante, tanto que de 1960 até os dias
atuais mais de 30.000 dispositivos jurídicos sobre o meio ambiente foram
criados. Mas o importante disso é visualizarmos que há uma forte preocupação
internacional com esse tema e por isso as negociações internacionais em
matéria ambiental têm se tornado um ponto prioritário na agenda e nas
políticas estatais.

Entretanto, pessoal, quando vemos tantos tratados e tantas leis


sobre a mesma coisa uma certeza podemos ter: algo não esta funcionando,
não é mesmo? A grande dificuldade para que tais negociações se convertam
em compromissos rigorosos é o impacto no desenvolvimento econômico dos
países que a contenção dos recursos naturais gera. É justamente nesse ponto
que há um forte conflito de interesses entre o Direito Internacional Ambiental e
o Direito Internacional Econômico.

Sem sombra de dúvidas, os Estados têm o direito de buscar o seu


desenvolvimento econômico, entretanto esse crescimento não pode ocorrer às
custas da degradação ambiental, e ai surge um novo princípio conhecido como
Desenvolvimento Sustentável, conforme explicitamos anteriormente.

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A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é a de um


aumento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer
a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações, ou seja, é o
desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Apesar disso, o
conceito de avanço sustentável depende de planejamento e do reconhecimento
de que os recursos naturais são esgotáveis, representando uma nova forma de
se ver o desenvolvimento econômico, a partir de uma perspectiva que leva em
conta o meio ambiente.

O homem é parte integrante da natureza e, desde o seu surgimento


na Terra, sempre teve liberdade para explorar os numerosos recursos que ela
oferecia para sua sobrevivência, como alimento, água e abrigo. Em todas as
etapas históricas, a humanidade fez uso da natureza, fosse para o seu próprio
sustento imediato, fosse para produzir algum excedente. Mas sabemos de fato
o que são recursos naturais?

Podem ser considerados recursos naturais aqueles elementos da


natureza que podem ser utilizados pelo homem, com o objetivo do
desenvolvimento da civilização, sobrevivência e conforto da sociedade em
geral. A palavra recurso significa algo a que apelamos para a obtenção de
alguma coisa, não é mesmo? Portanto, para satisfazer suas crescentes
necessidades, o homem busca os recursos naturais, ou seja, usufrui de tudo
aquilo que a natureza lhe proporciona espontaneamente.

Esses recursos podem ser classificados em renováveis ou não-


renováveis. No primeiro caso, mesmo após seu uso, eles voltam a estar
disponíveis na natureza, como a energia do sol e do vento. No outro caso, no
dos recursos naturais não-renováveis, uma vez utilizados, eles nunca mais
ficam disponíveis, como o petróleo e os minérios em geral. Há também os
recursos considerados limitados, como a água, as árvores etc.

Mas o mais importante de tudo isso é sabermos que tudo aquilo que
é necessário ao homem e que se encontra na natureza, desde o solo, a água,

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o oxigênio, energia oriunda do Sol, as florestas e seres vivos, são considerados


recursos naturais.

Como nós já sabemos, o direito internacional ambiental é repleto de


tratados internacionais sobre os mais variados temas. Infelizmente, nós não
temos como adivinhar o que se passará na cabeça do pessoal do CESPE
quando for abordar este tema. Portanto, por segurança, temos que ter pelo
menos um entendimento superficial sobre como se organiza a proteção do
meio ambiente a nível internacional. Então, mãos a obra pessoal! Vamos ver
de forma rápida algumas das principais convenções internacionais sobre
matéria ambiental:

- Convenção de Genebra sobre poluição transfronteiriça de


longa distância: surgiu a partir da percepção de que a poluição era
transportada pela atmosfera por milhares de quilômetros. Ou seja, se um país
polui a atmosfera, um país pode ser afetado sem nada ter feito. Objetiva a
redução e prevenção de poluição atmosférica por meio de medidas conjuntas e
de cooperação.

- Convenção de Viena para a proteção da Camada de Ozônio:


surgiu a partir da percepção de que a camada de ozônio - que serve de escudo
contra os raios ultravioletas- estava sendo degradada.

- Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre mudança do


clima: tem como objetivo principal a estabilização da concentração de gases
na atmosfera em níveis compatíveis com a segurança climática do planeta,
evitando, assim o aquecimento global – efeito estufa. Atualmente a mídia tem
falado muito sobre a Conferência de Copenhague, se recordam? Pois bem, a
Conferência de Copenhague foi justamente uma reunião das partes
contratantes dessa convenção. O Protocolo de Quioto também faz parte
dessa Convenção

- Convenção Internacional de Combate à Desertificação nos


Países afetados por Seca Grave e/ou Desertificação: busca combater a

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desertificação por meio do aproveitamento da terra afetada pelo problema, com


o objetivo de evitar a desertificação, reduzi-la ou mesmo recuperá-la.

- Convenção sobre prevenção da poluição marinha por


alijamento de resíduos e outras matérias: tem como objetivo restringir o
alijamento de resíduos nos mares.

- Convenção Internacional para a prevenção da Poluição


proveniente de embarcações (MARPOL): prevenir a poluição dos mares, a
qual ocorre seja por meio de acidentes ou vazamentos de óleo ou por meio de
outros poluentes.

- Convenção da UNESCO sobre Patrimônio Mundial: tem como


objetivo preservar para as futuras gerações, locais e objetos de valor estético,
histórico e cultural para a humanidade. Seu objetivo é muito mais amplo do que
a proteção de paisagens naturais ou da biodiversidade.

- Declaração de Princípios sobre Florestas: originou-se da ECO-


92 e consiste em documento meramente principiológico, ou seja, não
estabelece normas e obrigações vinculantes para as partes contratantes. Tais
normas vinculantes não foram estabelecidas porque não foi possível se chegar
a um meio-termo entre as idéias de preservação dos países desenvolvidos e os
interesses econômicos dos países em desenvolvimento.

- Convenção sobre Diversidade Biológica: essa convenção


internacional tem como objetivo a proteção das diversas formas de vida na
terra, quer seja no meio terrestre ou aquático, reconhecendo a “importância da
diversidade biológica para a evolução e para a manutenção dos sistemas
necessários à vida na biosfera.” Ela consagra a biodiversidade como uma
preocupação comum da humanidade e expressamente fala em princípio da
precaução.

- Convenção de Basiléia: foi criada com a finalidade de evitar com


que países desenvolvidos exportassem resíduos perigosos para países em
desenvolvimento. Afinal de contas, sai muito mais barato mandar o “lixão” para
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os países em desenvolvimento do que fazer seu correto tratamento no país de


origem. Desta forma, o objetivo dessa convenção internacional é controlar o
movimento transfronteiriço de resíduos perigosos.

- Tratado de Não-Proliferação Nuclear: esse tratado internacional


tem como objetivo diminuir o risco de uma guerra nuclear e de canalizar o
desenvolvimento da tecnologia nuclear para aplicações pacíficas. A maior
crítica ao TNP é a de que ele confere um monopólio das armas nucleares às
potências atômicas, que podem conservá-las, enquanto os países que não as
possuem jamais deverão desenvolvê-las.

Vamos fazer uma brincadeira? Feche os olhos e pense em alguma


imagem que lhe indique recursos naturais! Agora pense em aproveitamento
desses recursos. Por fim, pense no desperdício desses recursos.

Essa brincadeira para nada mais serve senão para mostrar-lhes que
nosso pensamento sobre meio ambiente, recursos naturais e desvalorização
destes acabam nos direcionando, via de regra, a região amazônica. Portanto, é
impossível falar de recursos naturais e não abordar sobre aquela região que
ficou, erroneamente, conhecida como pulmão do mundo!

Possivelmente, várias imagens lhes vieram na cabeça ao pensar em


recurso naturais, mas estamos certos de que a floresta amazônica é sempre
um referencial quando se pensa em recursos naturais

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Não foi à toa que dedicamos quase uma página inteira a essa
imagem! Se nos detivermos durante alguns segundos observando-a,
certamente nos perderemos na vastidão amazônica e, ficaremos ainda mais
convictos em afirmar que a abordagem da “questão ecológica no mundo” só

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estará completa se for analisada também a Amazônia brasileira, com seus


aproveitamentos e desperdícios de recursos naturais.

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A região amazônica possui uma população muito reduzida, o que,


aliado à sua grande extensão, acaba resultando em baixíssimas densidades
demográficas. No entanto, nas últimas décadas, a região vem tendo, devido às
migrações, o maior crescimento populacional do país. Como nossa amiga
perguntou sobre isso no fórum, é bom frisarmos que a maior migração para
Amazônia até hoje ocorreu durante o segundo ciclo da borracha, se é que dá
para dividi-los assim. Durante a Segunda Guerra Mundial o Brasil tinha
assinado um acordo com os EUA, por meio do qual se comprometia a fornecer
matérias primas para indústria bélica. Sendo a borracha uma dos principais
elementos necessários nesse período, o governo de Vargas fez propagandas
para que as pessoas migrassem para aquela região e se transformassem em
"soldados da borracha". Alguns homens, inclusive, preferiram ir para Amazônia
a correr o risco de serem mandados para guerra.

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Além disso, o governo incentivou de todas as formas essa migração,


com propagandas, promessas (que não se cumpriram) e passagem de trem (só
de ida)! Assim, não houve, em nenhum outro período de nossa história, uma
migração tão forte quanto a desse período.

Apesar disso, também é verdade afirmar que, em outros momentos,


como durante o governo militar, por exemplo, houve uma forte migração para a
Amazônia, se comparada às calmarias típicas da região. Todavia, se
comparado ao fluxo migratório ocorrido durante os ciclos da borracha, ela se
torna pouco significativa.

Assim, grande parte de todo o crescimento populacional é fruto de


migrações rural-rural (expansão da fronteira agrícola) que, no entanto, não
impedem a região de ser predominantemente urbana, com cerca de 55% da
população vivendo em cidades. Vejam bem, 55% da população é urbana e não
poderia ser diferente, uma vez que o espaço natural é significativamente
inóspito. Esta aparente contradição pode ser explicada pela enorme
concentração fundiária e os constantes conflitos pela posse da terra,
envolvendo posseiros, grileiros, latifundiários, jagunços, comunidades
indígenas e populações extrativistas, como os seringueiros e castanheiros.

A Amazônia abriga 33% das florestas tropicais do planeta e cerca de


30% das espécies conhecidas de flora e fauna. Justamente devido à sua
riqueza mineral, vegetal e de recursos naturais num geral é que essa região
desperta grande interesse em todo o mundo. Utilizando-se dos argumentos da
falta de preservação, pessoas do mundo inteiro se sentem no direito de opinar
sobre assuntos relativos a Amazônia, como o projeto da construção da usina
hidrelétrica de Belo Monte, que vem mobilizando a opinião pública mundial.

Tendo em vista a grande devastação e degradação ocorrida na


Amazônia, ela acaba sendo nossa primeira imagem de aproveitamento e
desperdício de recursos naturais. Como nosso amigo já havia nos informado,
estima-se, por exemplo, que só as lavouras de soja no Mato Grosso já
devastaram 40% da Floresta Amazônica daquele estado, embora o
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desmatamento venha caindo, principalmente, por causa de


fortes pressões internacionais. De qualquer modo, pessoal, vamos voltar à
pergunta do Sandro, que postou assim no fórum:

“Na página 26 (da aula 5), fala-se dos benefícios trazidos pelo
avanço e modernização da agropecuária, experimentada pela região
amazônica, principalmente em relação ao cultivo da soja. Argumenta-se que,
apesar dos benefícios trazidos para a economia do país, o cultivo daquela
cultura tem sido muito prejudicial ao meio ambiente da região, tendo em vista a
grande devastação e degradação que ela causa[...] Minha pergunta é: já existe
alguma medida concreta no sentido de "estancar" a destruição causada pelo
desmatamento naquela região e promover a recuperação das áreas
degradadas?”

Nossa resposta

“Quando se fala em proteção ambiental na Amazônia, temos que


fazer referência ao Plano Amazônia Sustentável, lançado pelo governo federal
no ano de 2008, o qual trata-se de um plano estratégico destinado a promover
o desenvolvimento sustentável na região e possibilitar o aumento
da presença do Estado naquela área.

Quanto a isto, cabe ressaltar que a Amazônia é um grande vazio


demográfico, o que torna difícil a fiscalização de ações que degradem o meio
ambiente. Nesse sentido, foi criado em 2002 o SIPAM/SIVAM (Sistema de
Proteção da Amazônia/Sistema de Vigilância da Amazônia). O objetivo do
SIPAM/SIVAM é produzir informações e conhecimento para subsidiar as ações
governamentais na Amazônia, inclusive no que diz respeito à proteção
ambiental.

Combater o desmatamento na Amazônia é uma grande prioridade


do governo federal. Assim, as informações obtidas por meio do SIPAM/SIVAM
possibilitam a obtenção de informações sobre áreas de desmatamento ilegal,

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além de permitir a atuação dos órgãos de fiscalização de forma mais objetiva


e planejada”

(CESPE/BANCO DA AMAZÔNIA-2009) Em um planeta aquecido,


mantenha o refrigerador ligado. A floresta amazônica há muito
deixou de ser tratada como o pulmão do mundo, mas ganhou
status ainda mais importante, o de ar-condicionado da Terra. A
preservação da mata é fundamental no combate ao
aquecimento global, apontam especialistas. O Globo. “Planeta
Terra”, nov./2009, p. 20 (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando a


inserção da Amazônia no quadro de desenvolvimento
sustentável, julgue os itens que se seguem

8 A idéia de desenvolvimento sustentável na Amazônia, a maior


floresta tropical úmida do planeta, deve pressupor, entre
diversas outras considerações, a substituição do uso
desordenado de motosserras pelo exercício de aprender a
extrair riqueza da floresta enquanto se garante sua preservação.

Comentários

Apesar de ser mundialmente conhecida como a maior floresta


tropical existente no planeta, a Amazônia apresenta índices socioeconômicos
muito baixos. Além disso, nos últimos 40 anos surgiram novas ameaças, como
o desmatamento, principalmente devido às queimadas e à conversão de terras
para a agricultura. A ocupação desordenada da terra juntamente com o uso
inadequado do solo e a execução de grandes obras sem minimização dos
impactos se traduziu na necessidade de um desenvolvimento sustentável.

A idéia básica disso é valorizar a vocação florestal e aquática da


região, conservando e utilizando os recursos naturais de forma racional e
duradoura para beneficiar todos os segmentos sociais da região amazônica
em particular e do Brasil em geral. Portanto, a assertiva está correta.
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9 (CESPE/BANCO DA AMAZÔNIA-2009) A cobiça internacional


sobre a Amazônia passa ao largo de seu importante peso nos
processos naturais que regulam os padrões climáticos globais,
como afirmado no texto, mas deriva do extraordinário
patrimônio mineral da região, hoje plenamente conhecido e
devidamente mensurado.

Comentários

Por dois motivos essa afirmação está equivocada. Em primeiro lugar,


por mais que a cobiça internacional sobre a Amazônia também possa ser
reconhecida pelo seu extraordinário patrimônio mineral é inegável o peso
dessa região nas questões climáticas globais. Em segundo lugar, de tão
extraordinário que é o patrimônio mineral amazônico, ainda hoje ele é
imensurável. Portanto, a questão esta errada.

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Resumo

O avanço técnico e científico que contribuiu para alteração da natureza


No Brasil, o grande crescimento industrial se deu entre as décadas de
50 e 60, portanto não haviam manifestações ecológicas anteriores a esse
período.
A crescente industrialização concentrada em cidades, a mecanização da
agricultura, a intensa exploração de recursos energéticos como carvão mineral
e petróleo, e minerais como ferro, alumínio etc, alteraram significativamente a
terra, o ar e a água do planeta.
O grande concretizador do meio ambiente como um
assunto mundialmente importante foi a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, Suécia, em 1972.
Desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades
do sistema produtivo e das gerações atuais, sem comprometer a capacidade
das futuras gerações de terem suas próprias necessidades atendidas.
A 15ª Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP-
15), realizada em dezembro do ano passado foi marcada pelo
desentendimento entre as nações, que não chegaram a nenhum acordo
significativo.
Apesar de o crescente desmatamento ser o grande problema da
Amazônia , ele não é o único prejuízo que a natureza da região sofre, uma
vez que ele também impõe conseqüências a outros recursos naturais.
O desafio da Amazônia é conciliar preservação ambiental com as
necessárias e fundamentais atividades econômicas da região
Existem uma enorme quantidade de tratados, convenções e protoco-
los internacionais, multilaterais e bilaterais, voltados para a proteção ambiental
A grande dificuldade para que tais negociações se convertam em
compromissos rigorosos é o impacto no desenvolvimento econômico dos
países que a contenção dos recursos naturais gera.

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Bibliografia

ROSS, Jurandir Sanches (org). GEOGRAFIA DO BRASIL. - 6ª- edição - São


Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2009.

GREGORY, Derek, et alli. Geografia Humana. Sociedade, Espaço e Ciência


Social. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

GREMAUD, Amaury Patrick. Economia brasileira contemporânea. São


Paulo: Atlas, 2009.

SANTOS, Milton. Por uma Geografia nova. São Paulo: Editora


da Universidade de São Paulo, 2008.

_____________. O Espaço dividido: os dois circuitos da Economia urbana


dos países subdesenvolvidos. São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo, 2008.

SILVEIRA, Maria Laura (org.). Continente em Chamas. Globalização e


território na América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

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LISTA DE QUESTÕES

A questão ambiental, tendo em vista suas implicações sociais,


econômicas e políticas, ganhou repercussão e passou a fazer parte
das políticas nacionais e do fórum de debate mundial. Acerca desse assunto,
julgue os itens subseqüentes.

1(CESPE/ABIN-2008) Com a maior parte da população brasileira


vivendo em aglomerações urbanas, a degradação da qualidade do meio
ambiente urbano e dos recursos naturais tem sido motivo de conflitos e
de proliferação de doenças nas cidades.

2(CESPE/ABIN-2008)Todos os países, sejam eles pobres ou ricos,


são responsáveis pela degradação ambiental, o que explica a necessidade de
acordos internacionais para a mitigação dos efeitos adversos e a resolução de
conflitos.

3(ESAF/PGFN-2006) É objetivo do Protocolo de Quioto


à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança de Clima, de 1997:

a) a diminuição da eficiência energética em setores relevantes da


economia internacional, como modo direto de internalização de externalidades
negativas.

b) a proibição imediata de formas sustentáveis e não-sustentáveis


de agricultura, à luz das considerações sobre mudança de clima.

c) a redução gradual ou eliminação de imperfeição de mercado, de


incentivos fiscais, de isenções tributárias e tarifárias e de subsídios para
todos os setores emissores de gases de efeito estufa.

d) a pesquisa, a promoção, o desenvolvimento e aumento do uso de


formas não-renováveis de energia, de tecnologia de seqüestro de dióxido
de carbono e de tecnologia ambientalmente seguras.

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e) a ampliação de emissões de metano por meio de sua


recuperação e utilização no tratamento de resíduos, bem como no transporte,
na produção e na distribuição de energia.

4(CESPE/IRB-2010)- Em relação às mudanças climáticas, julgue C


ou E:

A( ) A comunidade internacional, de forma geral, considerou


satisfatórios os resultados da COP 15 (15.ª Conferência das Partes da
Convenção das Mudanças Climáticas), realizada em Copenhague, em
dezembro de 2009.

B( ) O Brasil teve participação de destaque na COP 15, onde


negociou ativamente o Acordo de Copenhague e defendeu a constituição de
fundo para se financiarem, em países pobres, com recursos canalizados por
meio de organismos multilaterais, inclusive do sistema das Nações Unidas,
ações em que se empreguem tecnologias concernentes ao aquecimento
global.

C( ) O Brasil, que defende o princípio de “responsabilidades


comuns, mas diferenciadas”, vem cumprindo diversos pontos da agenda
ambiental, pois quase toda a energia consumida no país provém de fontes
renováveis, o governo se comprometeu a desenvolver ações para diminuir a
emissão de CO2 no país e a adotar um Plano de Mudanças Climáticas, para a
redução do desmatamento da Amazônia.

D( ) Por iniciativa brasileira, os países amazônicos, no que se


refere à agenda de mudanças climáticas, adotaram a mesma posição, qual
seja a de defender a necessidade de conservação da cobertura vegetal como
compensação pelo aumento das emissões de CO2 causado pela
industrialização urbana nesses países.

5(CESPE/IRB-2008) Acerca das transformações globais, nacionais e


locais relacionadas ao desafio do desenvolvimento ambiental sustentável,
julgue (C ou E) os itens a seguir.
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A( ) Na Amazônia, o crescimento do agronegócio e a expansão das


culturas de commodities têm sido observados em um grande número de
pequenas propriedades, o que se justifica por serem tais empreendimentos
prioritários para a desconcentração da propriedade da terra.

B( ) Não é apenas a dimensão do desmatamento em curso na


Amazônia que preocupa, mas também os prejuízos à biodiversidade advindos
desse desmatamento, bem como o aumento da grilagem de terras públicas.

C( ) Influenciada pelo agronegócio, a agricultura familiar ou de


subsistência praticada atualmente na Amazônia tem sido apoiada por
inovações tecnológicas e pela utilização dos créditos ambientais subsidiados
por políticas públicas de preservação, que objetivam recompensar o abandono
da prática de derrubada ou queimada da floresta ou da vegetação secundária.

6(CESPE/ABIN-2008)Mudanças climáticas tendem a potencializar


mudanças nos índices de mortalidade e morbidade, assim como provocar
situações que implicam na necessidade de realocação de grupos
populacionais, com reflexos na redistribuição espacial da população.

7(CESPE/ABIN-2008) Embora o crescimento populacional contribua


para o aumento dos problemas ambientais, como a destruição da cobertura
florestal e a poluição em suas várias formas, a necessária intensificação na
exploração dos recursos naturais terá a sua sustentabilidade ambiental e
econômica assegurada por meio do desenvolvimento da tecnologia, já que esta
implica o adequado aumento da produtividade.

Em um planeta aquecido, mantenha o refrigerador ligado. A floresta


amazônica há muito deixou de ser tratada como o pulmão do mundo, mas
ganhou status ainda mais importante, o de ar-condicionado da Terra. A
preservação da mata é fundamental no combate ao aquecimento global,
apontam especialistas. O Globo. “Planeta Terra”, nov./2009, p. 20 (com adaptações).

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Tendo o texto acima como referência inicial e considerando a


inserção da Amazônia no quadro de desenvolvimento sustentável, julgue os
itens que se seguem

8(CESPE/BANCO DA AMAZÔNIA-2009) A idéia de desenvolvimento


sustentável na Amazônia, a maior floresta tropical úmida do planeta, deve
pressupor, entre diversas outras considerações, a substituição do uso
desordenado de motosserras pelo exercício de aprender a extrair riqueza da
floresta enquanto se garante sua preservação.

9(CESPE/BANCO DA AMAZÔNIA-2009) A cobiça internacional


sobre a Amazônia passa ao largo de seu importante peso nos processos
naturais que regulam os padrões climáticos globais, como afirmado no texto,
mas deriva do extraordinário patrimônio mineral da região, hoje plenamente
conhecido e devidamente mensurado.

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Gabarito final

1 certo 2 certo 3 letra c 4a errado 4b certo

4 c errado 4 d errado 5a errado 5b certo 5c errado

6 certo 7 errado 8 certo 9 errado 9 errado

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