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Roteiro do Sermão

1. Introdução
2. A Teoria e a Teologia da Pregação
3. O Que é um Sermão Monólogo
4. Vantagens e Desvantagens do Sermão Monólogo
5. Passos na Preparação do Sermão Monólogo
6. Como e Onde Usar o Sermão Monólogo
7. Exemplos de Sermões Monólogos

8. Referências Bibliográficas

Introdução

Tenho saudades de um tempo em que nem mesmo sonhei ou vivi. Falo do


tempo em que o espírito profético se apoderava de homens distintos, e estes por
suas bocas assumiam a missão desafiadora, denunciadora de seu proclamar
alvissareiro ou fatídico. Não quero, porém, levantar uma bandeira de saudosismo
ou utopia; preocupo-me tão somente com a realidade de meu povo, do meu tempo
e da minha igreja. Esta conjuntura desconexa, complicada e até mesmo
desgovernada. Falo de um tempo de dores, mãos ressequidas, terra desolada,
sede de Deus, sede de justiça. Falo de um povo brasileiro que é cheio de fé, de
fibra e de coragem, povo meu, pátria minha, gente nossa.

Tenho saudades, e neste contexto sentimental clamo a Deus que derrame em


cada coração pastoral este espírito profético de modo que não cessemos de falar
por aqueles sem voz, sem rumo, sem paz, sem terra, sem pão. E como numa
prece diuturna derramo a minha alma pedindo a IAHWEH que me conceda a
oportunidade de ver em mim como também na vida de tantos outros profetas
deste solo brasileiro o Dom da Profecia. Tenho saudades de homens que lêem o
presente compreendendo o sentido profundo da palavra de Deus, no contexto
histórico que Deus os chamou para serem testemunhas. Comprometidos somente
com o que Deus tem para oferecer mediante a necessidade do povo.

Tenho saudades de homens livres, descondicionados dos oportunismos, sem


qualquer apego ou relações diplomáticas. Desvinculados de quaisquer interesses
que possam servir de empecilho ou motivo para terem suas bocas fechadas.
Homens que não têm medo de que suas cabeças estejam a prêmio ou que sejam
servidas em bandejas. Não dados ao superficialismo, ao medo e nem tampouco
preocupados com os conformistas que os julguem rebeldes. Falo de homens
apregoadores da mesma liberdade que possuem. Tenho saudades de homens
que escandalizem a hipocrisia religiosa de nosso tempo. Homens que provoquem
crises nas instituições desordenadas, homens que elevem sua voz em nome do
amor, da paz e da justiça divina. Homens que tenham autoridade de Deus e que
sejam capazes de clamar altissonantemente contra todos os escândalos.

Tenho saudades de homens que sabem ficar quietos. Homens que não jogam
palavras ao vento, não falam à toa. Reduzem ao essencial as suas intervenções e
o seu silêncio se torna tão inquietador quanto os seus discursos. Homens
comprometidos com a Palavra divina e com os efeitos que ela provoca. “Bocas de
IAHWEH”. Tenho saudades de homens que observam os fatos e deixam que a
sua proclamação nasça desta sincera contemplação. Homens contemplativos
honestamente comprometidos com a causa que, por sua vontade, em
consonância com os desígnios de Deus, abraçaram. Homens dedicados à oração
e este contato fidedigno tornar-se-á um canal ilimitado de bênçãos e de
proclamações reais para um tempo que se chama hoje.

Como ministros batistas brasileiros militantes ou aspirantes, precisamos nos preocupar


em incorporar este espírito profético tão necessário hoje como nos tempos idos do povo de
Israel. Como, também, se faz necessário marcharmos em busca da implantação do reino de
Deus em cada agreste, beco ou viela, denunciando a dor, a fome, a injustiça, a opressão, a
imoralidade, e exaltando o nome sobremodo excelente de Deus, o Senhor da criação, justo
em sua essência. Senhor, tenho saudades dos profetas. Homens humildes, alguns boieiros e
lavradores, homens sinceros, corajosos, destemidos. Falo de Isaías, Ageu, Habacuque,
Sofonias, Daniel, Naum, Oséias, Amós, e tantos outros que tu usaste na intenção de
comunicar os teus desejos. Faze, ó Senhor, que João, Antônio, Ricardo, Joaquim, Carlos, e
tantos outros de nosso tempo vivam como reais “Bocas de Iahweh”! Amém!

Capítulo 2

A Teoria e a Teologia da Pregação

A – A Arte de Pregar

O pregador é um porta-voz de Deus entre os homens. Percebe-se no seio de


nosso Brasil batista um certo descontentamento no que diz respeito à qualidade
das mensagens e sermões proclamados. Há algum tempo ouço reclamações de
que muitos pregadores proferem discursos cansativos e monótonos ou até
mesmo, pela falta do que falar gastam todo o tempo desenvolvendo-se na arte de
contar estórias e anedotas. Esta situação, que é agravante, obriga aqueles que se
preocupam com a arte de pregar a pensarem em alguns recursos essenciais para
a proclamação eficiente da mensagem do Evangelho.

I – Um Primeiro Recurso Para uma Proclamação Eficaz é Conhecer a Mente de


Deus.
O pregador é aquele que conhece a mente de Deus. A arte da homilética ou o
ato de saber fazer um sermão não torna o pregador um porta-voz de Deus. A
pregação não é algo que se faz ou se prepara no dia anterior. O pregador pode
conhecer a mente de Deus através da comunhão com Ele. Esta comunhão implica
andar com Deus, ter o companheirismo com o Senhor, manter uma intimidade
com Ele, sondá-lo através da oração sincera e efetiva.

O pregador pode conhecer a mente de Deus através de uma vida de


meditação. Para os ocidentais é muito difícil a prática da meditação. Meditar então
é um verdadeiro desafio para a proclamação eficaz, pois grandes são as obras e
as realizações divinas. A meditação é uma disciplina devocional que exige, e
muito, dos pregadores, mas que lhes proporciona momentos de intensa inspiração
e recursos fantásticos para a proclamação da mensagem. Pois da contemplação
surgem idéias e considerações profundas acerca das verdades bíblicas e de seus
ensinos. Quando começamos a meditar iniciamos um melhor conhecimento de
Deus, de seus desejos e de sua mente.

O pregador pode conhecer a mente de Deus através de uma vida de estudo e


pesquisa sobre a Palavra de Deus. As pessoas não querem ouvir suas opiniões
sobre os vários assuntos ou temas possíveis. Elas querem ouvir Deus falar
através do pregador. A Palavra deve ser lançada sobre o povo e nunca voltará
vazia. O pregador poderoso nas Escrituras tem às mãos excelente equipamento
de trabalho. A essência e centro das Escrituras é Cristo, e a proclamação
baseada no bom conhecimento da mente de Deus é poderosa e cristocêntrica. O
pregador deve ser fortalecido no conhecimento da Palavra de Deus, e isto
depende de pesquisa, estudos e muita reflexão. O conhecimento apurado da
mente de Deus, faz com que a mensagem seja bibliocêntrica e, desta forma, pela
sua inerrância, isenta os pregadores de correrem o risco de se apoiarem em
argumentos infundados.

II – Um Segundo Recurso Para uma Proclamação Eficaz é Estar Cheio do Espírito


Santo de Deus.

A questão do Espírito Santo precisa ser entendida de modo que como profeta
você não oprima ou limite à atuação do Espírito Santo de Deus. Há uma
necessidade de vibração, mas sem qualquer ligação com o Pentecostalismo. O
importante é que podemos vibrar, pois conhecemos a Deus e estamos plenos de
seu Espírito. Esta é a condição pessoal de sucesso na proclamação. Um homem
pode derrubar a importância do que ele prega, tanto quanto ser capaz de pregar
com entusiasmo. Se um homem não é tocado pela graça maravilhosa de Cristo
em sua própria alma, por certo ele falará de forma fria e vazia acerca da mais
tremenda realidade.

E se um homem não for fervoroso de espírito, certamente discursará a respeito


da salvação como se ela fosse um assunto de pequeno interesse. Este
enchimento ou plenitude do Espírito Santo se alcança através da busca da pureza
e da santidade. Quando o pregador começa a buscar a Deus, a primeira reação é
a noção de pecado. A entrada na presença de Deus permite que o Espírito Santo
inicie uma operação limpeza onde os pecados são revelados, confessados,
perdoados e abandonados. E a comunhão com o Espírito Santo se torna íntima e
o desejo de conhecer a Deus mais intenso.

O pregador cheio do Espírito Santo prega com entusiasmo aquilo que ele crê,
sua mensagem toca os corações dos que o ouvem e lhes permite aplicá-la às
suas vidas. Nestes tempos de provas a necessidade sentida é exatamente de
pregadores que abram os seus corações e permitam ao Espírito Santo de Deus
aquecê-los, dando-lhes zelo, entusiasmo e paixão, pois um pregador sem
entusiasmo não fará muito em favor da obra da proclamação do Evangelho.
Porém, se o pregador equacionar o entusiasmo com a convicção de que, pelo
poder de Deus, tem a fé que vence o mundo, conseguirá falar de uma forma tão
fervorosa que não haverá espaços para possíveis contestações.

O pregador cheio do Espírito Santo não é um entusiasta ou um artista que


encena textos e lhes dá vida. O seu entusiasmo é natural, sem exageros, pois
reflete genuinamente aquilo que a mensagem proclamada tem feito na vida do
próprio pregador, e envolve os ouvintes que por sua vez sentem o desejo de
experimentá-la na extensão de sua eficácia. O pregador eficiente depende de sua
relação com o Espírito Santo que lhe proporciona a inteligência necessária, a
convicção bem dosada, a alma devidamente aquecida pela paixão em relação aos
perdidos, e a dedicação constante no ato de proclamar a mensagem.

III – Um Terceiro Recurso Para uma Proclamação Eficaz é Preparar Bem Suas
Mensagens.

Uma boa mensagem precisa de tempo hábil para ser preparada de modo que
este tempo capacite o pregador. Uma mensagem bem preparada contextualiza a
Bíblia atendendo as necessidades do povo. E para tanto o pregador deve
conhecer a vida do povo. O ofício de atualizar a mensagem reflete a capacidade
do pregador em transmitir as verdades eternas do Evangelho dentro de níveis
alcançáveis segundo a realidade de cada povo em cada época.

Stafford North em seu livro Pregação: homem e método, diz o seguinte: “todo
homem deve levar para o seu trabalho certo equipamento básico. O campeão de
pulo deve ter pernas ágeis, o violinista dedos hábeis, o estivador braços robustos,
e o salva-vidas olhos argutos”1. A cultura não é tudo mais um pregador fiel e
dedicado no preparo de seus sermões será muito útil para a causa de Deus, se
cuidar também de seu preparo intelectual. Desde que o trabalho do pregador é
praticamente mental, ele precisa ter facilidade para aprender idéias e retê-las. Mas
nenhum pregador que não goste de estudar poderá alcançar sucesso.
O pregador precisa, pois como porta-voz do Senhor Deus se apropriar de tal
tarefa, saltando com pernas ágeis os montes da preguiça, dedilhando e folheando
as páginas do saber a fim de que levante os braços da competência e com os
olhos espirituais enxergue os momentos certos e as mensagens apropriadas. O
pregador não deve ser apenas acima da média quanto à sua capacidade mental,
mas deve interessar-se pelas pesquisas intelectuais. Sua mente é a sua
ferramenta básica, e ela deve ser suprida com amplo conhecimento e ajustada
com uma compreensão perceptiva da Palavra de Deus, de modo que lhe seja
possível comunicar bem a mensagem ao receptor.

A boa comunicação, utilizando-se dos métodos escolásticos e vivenciais,


surge como um grande requisito para que o pregador seja entendido quando fala.
Uma boa mensagem implica o bom uso da voz e também a utilização correta do
veículo de comunicação, a linguagem, de modo correto. Uma boa mensagem se
destina a toda a comunidade e nunca a uma pessoa somente. Uma boa
mensagem não é bonita e sim tocante. Não é composta de plástica e formas
agradáveis, mas de poder espiritual. Não é proclamada para distrair cérebros, mas
transformar vidas. O pregador deve construir uma boa mensagem de joelhos e
não nos joelhos. A oração é a ligação que podemos ter com o canal ilimitado de
experiências com Deus e por certo inspirações valiosas.

B – O Conceito Bíblico de Pregação

“A pregação é aquele processo único pelo qual Deus, mediante Seu


mensageiro escolhido, se introduz na família humana e coloca pessoas perante Si,
face a face. Sem essa confrontação a pregação não é verdadeira”2. Já no
pensamento de Blackwood pregação significa “verdade divina através da
personalidade ou a verdade de Deus apresentada por uma personalidade
escolhida, para ir ao encontro das necessidades humanas”3. A função profética,
ou a pregação, é um serviço oferecido a Deus e revelado na prática de anunciar a
vontade, o amor e o zelo de Deus pelo seu povo.

Dentre as tarefas que caracterizam o ministério pastoral, na perspectiva e


realidade batista brasileira, a função de proclamar a palavra de Deus é prioritária.
Com este alvo no coração ingressei, pela graça de Deus, nas lides pastorais em
1991. Ao fazer uma retrospectiva percebo que muitas foram às horas gastas nesta
tarefa, mas também descubro que um número bem maior de horas foram
utilizadas para outras tarefas administrativas, denominacionais e eclesiásticas. Isto
sempre me incomodou, pois estou consciente que o Ministério da Palavra é
basicamente caracterizado pela proclamação da palavra de Deus. Talvez a razão
de sermos tão atarefados por nossas igrejas ou de buscarmos como polivalentes o
envolvimento em várias áreas é a ausência de uma convicção clara sobre a
importância da função profética no ministério pastoral.
E na ausência desta convicção perdemos a perspectiva divina de prioridades e
não executamos bem o nosso ministério. Os apóstolos quando do crescimento da
igreja viram-se atarefados e estabeleceram prioridades, delegando
responsabilidades(Atos 6:1-7). E nós por que não seguimos este belo exemplo?
Desejo construir no seu coração a certeza de que ainda hoje o Senhor que nos
chamou para o Ministério da Palavra quer que a proclamação de Suas verdades
seja uma função que realizemos com todo o nosso esforço e que obedeça as
Suas próprias prioridades.

Pretendo fazer com que você reflita sobre o tempo em que vivemos, repleto de
pregoeiros que entitulam-se “profetas” e que nada têm a ver com esta sublime
tarefa. Penso também em ajudá-lo a fazer do seu ministério profético algo
estimulante para você, prático para os seus ouvintes e que produza glória, honra e
louvor a Deus. Desejo que esta abordagem produza uma confrontação do
movimento “profético” atual com a Palavra de Deus afim de que seja possível
compreender o que significa falar de fato em nome de Deus. Creio que isto
lançará luz sobre o povo de Deus para que este não se permita ser conduzido por
“profetas” não autorizados a falar em nome de Deus, uma vez que não O
conhecem, não O servem, nem proclamam Sua vontade.

A – A Etmologia e Sua Implicações

Compreender o significado das palavras é base fundamental para que o


processo de ensino-aprendizagem se realize. Nesta etapa da pesquisa
empreenderemos esforços neste sentido e por isso o desafio a não depender
somente das informações esboçadas aqui. Busque uma ampliação de seus
conhecimentos e lembre-se o aprendizado está disponível e as fontes primárias ou
não são diversas.

Profeta = aquele que não fala a sua própria mensagem, ele age conscientemente,
tem liberdade dentro de certos limites de apresentar a mensagem conforme lhe
convém. “O profeta é para Deus o que Arão era para Moisés, quer dizer, o seu
porta-voz ou mensageiro aos terceiros”4.

Navi = é a palavra hebraica mais usada para designar a pessoa do profeta ou sua
função e significa profetizar, chamar ou proclamar(ativo). Ser profeta e ser
chamado para proclamar(passivo). É bom lembrar que várias figuras na história
de Israel receberam o título de navi como por exemplo: Abraão(Gênesis 20.7);
Moisés(Deuterômio 34.10) e Arão(Êxodo 7.1).

Roeh = vidente. O profeta é também conhecido como aquele que vê aquilo que
outras pessoas não vêem. Em 1 Samuel 9.9 encontra-se um auxílio para que seja
feita uma distinção entre Navi e Roeh ou Rozeh. “O vidente tem a capacidade de
revelar segredos ocultos e eventos futuros. No caso dele, ressaltam-se as visões,
ao passo que no caso do profeta, enfatizam-se as palavras(Isaías 30.10)5.

Isha Elohim = “homem de Deus”. Este título expressa a estreita associação da


pessoa com Deus. Esta “estreita relação dos profetas com Deus é expressa
igualmente pelo nome ‘homem de Deus’, que quase só aparece nas narrativas
sobre Samuel, Elias e Eliseu(ver 1 Samuel 2.27; 9.6; 2 Reis 17.18; 4.9)”6.

Podemos resumir esta etapa usando as palavras de Brown: “O profeta do


Antigo Testamento é um proclamador da Palavra, a quem Deus vocacionou para
advertir, para exortar, para consolar, para ensinar e para aconselhar; tendo
vinculações exclusivamente com Deus, desfrutando, portanto, de uma liberdade
que não tem igual”.7 No Antigo Testamento o pregador era profeta (navi). Assim, o
profeta era o homem que se sentia chamado por Deus para uma missão especial,
em que a sua vontade se subordinava à vontade de Deus, que lhe era
comunicada por inspiração direta. Embora o pregador seja no máximo um “vaso
de barro”, por meio do qual Deus se revela a outros, é, não obstante, o ponto vivo
de contato entre Deus e aqueles que Ele procura salvar “pela loucura da
pregação”(1 Coríntios 1.21).

De acordo com a ótica neotestamentária o profeta é aquele que, movido pelo


Espírito de Deus, recebe e transmite por inspiração divina a mensagem do Senhor
ao povo, especialmente as verdades relacionadas com o Reino de Deus e com a
salvação dos homens, o profeta é aquele que fala por outro, todos os mensageiros
de Deus são profetas, mas este dom ministerial, de que o apóstolo Paulo fala, não
pertence a todos os mensageiros de Deus. O ministro-profeta deve interpretar a
presença de Deus nos eventos que acompanham o Evangelho, e os desígnios de
Deus nos eventos.

O profeta, neste sentido, é o pregador que compreende


claramente a beleza e a universalidade do Evangelho e
tem o dom de apresentá-lo ao povo com tanta
persuasão, tanto amor e zelo que os ouvintes
entendam que ele não é apenas um propagandista,
mas o expoente divinamente autorizado para
esclarecer os eventos que acompanham os efeitos da
mensagem do Evangelho, não somente para o
indivíduo como também para a sociedade, para o
governo e para as nações.8

Entendo que o ministro-profeta recebe algumas características dos profetas do


Antigo Testamento. Por isso creio como ministros devemos ser profetas de nosso
tempo. Vivendo a realidade de cada dia, sacudindo a morosidade e o
conformismo, e evitando que a igreja, agente beneficiador de Deus aos homens,
caminhe doente e inoperante. A missão profética deve resumir-se numa prática
ministerial condizente com as necessidades do povo em cada contexto e
circunstâncias em que ele se encontre. O profeta defronta-se com as hostilidades,
desconfianças e incompreensões. E nenhuma destas dificuldades em hipótese
alguma devem servir de meios silenciadores ao reclamo que Deus deseja que
exista em nossa boca.

Sendo pois o ministério profético constituído dos elementos da pregação e do


evangelismo, entende-se que sua ocupação é querigmática. O ministro tem a
função primordial de apascentar o povo de Deus. E isto pode ser realizado por
intermédio da pregação da Palavra, de seu exemplo pessoal, pela demonstração
de afeto pelo povo de Deus, pela criação de circunstâncias que favoreçam o
atendimento espiritual ao povo de Deus, pelo uso adequado da autoridade, pelo
viver humilde, tornando-se um símbolo da causa a que vem servindo. Sendo
assim o pastor evangeliza no púlpito, nos momentos de encontros de
aconselhamento, através de palestras e estudos, hospitais, presídios.

B – A Pregação e o Pregador

Entendemos que condição fundamental para o exercício da proclamação é ser


chamado para proclamar. Deus chama, separa, capacita, sustenta e envia o
pregador. Nesta relação pregação e pregador aprendemos que existem muitos
enfoques que poderíamos contemplar. Creio que também são relevantes na vida
pessoal do pregador os aspectos devocional, emocional, conjugal e social.

I – Aspectos de Uma Chamada Divina

Assim como você, Moisés teve uma chamada divina que mudou o rumo de sua
existência(Êxodo 3.1-12). É claro que tal chamada revela-se com características
particulares no que tange a situação histórica, motivações e propósitos que
precisam ser levados em consideração. O nosso objetivo então é aprender
algumas lições desta chamada que podem ser aplicadas às demais que Deus tem
feito e fará aqueles que ele deseja usar no cumprimento dos seus propósitos. O
primeiro aspecto da chamada divina é que Deus nos chama para um
relacionamento pessoal(v.4). Medite por alguns instantes sobre a sua experiência
de descoberta de Deus e de sua conversão: que fato ou detalhe você destacaria?
Assim como Moisés foi chamado para ter um relacionamento pessoal com o
Senhor nós também o fomos.
Se por um lado a chamada é divina, por outro ela é pessoal. Deus se revela a
Moisés e o chama pelo próprio nome. Do meio da chama que não consumia o
espinheiro, Moisés ouviu a voz de Deus que o chamou pelo nome duas vezes.
Esta insistência em chamá-lo pelo nome denota urgência. Moisés é desafiado a
manter-se numa posição de reverência diante da presença e da revelação que o
próprio Deus fizera de si mesmo(v.5), “Moisés escondeu o rosto, porque temeu
olhar para Deus”(v.6), e este gesto indica que um cristão para ser usado por Deus
deve ser reverente para com as coisas sagradas. Irreverência desqualifica e
incompatibiliza um homem para ser um instrumento de Deus.

Se uma chamada divina é pessoal isto implica que a resposta deve ser
pessoal. É claro que no verso 4 Moisés ainda não tinha idéia do que Deus exigiria
dele, mas ainda assim ele está disponível ao Senhor dizendo: “eis-me aqui”.
Durante o processo da chamada o vemos obedecendo atentamente às instruções
divinas. E mesmo quando ele coloca objeções ao chamado dizendo que: 1) não
tinha capacidade para confrontar o Faraó(v.11); 2) não tinha crédito diante do povo
de Israel(v.13); 3) não sabia falar direito(4.10). Estas contribuem para o
fortalecimento das convicções que o levaram a responder a chamada.

O segundo aspecto da chamada divina é que Deus nos chama para uma vida
de santidade e temor(vv.5-6). Para Moisés foi dada a ordem de tirar as sandálias.
E a nós? O que o Senhor quer que tiremos? Que influência a santificação pode ter
no exercício de sua chamada? Se cremos que o Senhor nos chamou para a
salvação precisamos adicionar a este o chamado para uma vida de santificação.
Que recursos o Senhor coloca a nossa disposição para que alcancemos o nível de
santidade ideal? Sim nós somos abençoados porque o Senhor nos deixou a sua
Palavra e o seu Santo Espírito. Sim esta Palavra que pregamos turbinada pela
unção do Espírito deve exercer sua primeira e maior influência em nós mesmos.

Sim amados a chamada divina indica claramente que Deus nos chama para
uma vida de temor(v.6). Qual é a perspectiva que você tem acerca do temor de
Deus em sua vida? Você é capaz de recordar e mencionar pelo menos um verso
bíblico que valorize o temor ao Senhor ou que fale dos benefícios do temor no
ministério de um servo de Deus? O autor de Provérbios nos dá uma dica ao dizer
que “...o temor do Senhor é o princípio de toda a sabedoria; e o conhecimento do
santo é o entendimento”(9.10). Temer é respeitar ou reverenciar a Deus,
reconhecendo sua grandeza e santidade. Temer a Deus não quer dizer
simplesmente medo de Deus, mas respeito, amor, obediência e adoração a Ele.

O terceiro aspecto da chamada divina é que o Deus que nos chama é


providencial(v.7). Não cremos em coincidências e sim na providência divina. Deus
estava atento às aflições do seu povo cativo e oprimido pelos egípcios. Quis a
providência divina que Moisés fosse o homem(instrumento) de Deus para levar
adiante a missão(tarefa) de libertar o povo de suas dores e sofrimentos. Isto nos
faz lembrar o diálogo de Jesus e os discípulos onde o foco da abordagem era o
número insuficiente de obreiros diante de uma seara branca pronta para a
colheita(o que parece ser o problema hoje). Qual foi a solução apresentada por
Jesus? Os cristãos devem orar, rogar, pedir ao Senhor da seara que envie
obreiros.

Você é chamado para ser um instrumento através de quem Deus quer


providenciar a palavra de consolo, conforto, confronto e salvação para os que
carecem do amor divino. Deus providencia os obreiros, os recursos e tudo o que é
necessário para que os seus propósitos sejam realizados. Da mesma maneira que
Moisés seria um símbolo da providência divina liderando o povo rumo à terra
prometida, para Moisés Deus também providencia todos os recursos naturais e
sobrenaturais para que este realize bem as tarefas necessárias à sua chamada.
Querido irmão, o mesmo Deus que chama providencia, prepara todas as coisas
necessárias para o bom andamento da obra.

O quarto aspecto da chamada divina é que Deus nos chama com propósitos
bem definidos(v.10). Para que Deus tem chamado você? A sua tarefa de anunciar
as boas novas é prioritária? Assim como Moisés sentiu-se incapaz é natural que
nos sintamos também. Uma coisa é certa nenhum servo de Deus, em qualquer
tempo, jamais foi idôneo para a realização da obra para qual Deus o tem
chamado. A capacitação vem de Deus, de sua presença e instrução, e do poder
que lhe outorga. Jamais deixemos de aceitar um desafio de Deus alegando
sermos pequenos e humildes e não termos capacitações. Antes entreguemos
nossas vidas em suas mãos. Sejamos apenas instrumentos. Não resistamos.
Antes, cumpramos os propósitos divinos em nossas chamadas.

Moisés soube desde cedo qual era o propósito de seu chamado. O que ele
deveria falar e a quem deveria transmitir as ordens e os decretos divinos. É
necessário que tenhamos clareza de pensamento e ação acerca dos propósitos
que Deus estabelecido para cada um de nós no que tange ao chamado. Gostaria
de propor um exercício: descreva numa sentença o seu chamado. “ O propósito de
Deus para a minha vida é................................................................

....................................................................................................................................
....................................................................................................................................
................................................................................................................”

O quinto aspecto da chamada divina é que Deus nos chama e nos acompanha
em nossos ministérios(v.12). O Senhor não nos abandona no exercício de nossa
vocação ministerial. Ele está presente conosco todos os dias até a consumação
dos séculos. Como esta certeza de que Deus nos acompanha pode ser útil no
exercício da função proclamadora? Não há necessidade de sentirmos medo,
solidão, abandono ou preocupação pois Senhor está ao nosso lado. Louvado seja
Deus porque nos fortalece, revigora, socorre e auxilia de modo que podemos
cumprir com fidelidade o chamado que temos recebido do Senhor. Você e eu não
precisamos ter medo dos faraós que surjam em nosso caminho, nem tão pouco
dos mares, desertos e perigos.
A chamada divina é pessoal, providencial, santa, proposital e garante sua
presença ao nosso lado. É bom que saibamos que de uma maneira ou de outra os
propósitos do Senhor são realizados. Se rejeitamos o seu chamado os maiores
prejudicados somos nós mesmos. Se porventura o atendermos tenhamos em
mente de que seremos apenas instrumentos. Deus é quem faz a obra e o único
que deve ser exaltado. Não basta conhecer as características do chamado divino
é necessário atendê-lo e realizarmos nossa tarefa de modo agradável. Para tanto
dependamos da graça de Deus.

II – O Cultivo de Uma Vida Devocional

Um grande pilar do ministério pastral e especialmente na função proclamadora


é o hábito de cultivar uma vida devocional constante e segura. Percebe-se que a
necessidade desta vida devocional segura é notada nos conselhos de Paulo ao
jovem Timóteo uma vez que ele deveria conservar a sã doutrina de modo que
fosse capaz de defender a comunidade dos ataques dos falsos mestres9. Quando
pensamos nos envolvimentos da vida devocional do pregador, somos levados a
concluir que o fato de ser chamado pastor ou de ser ordenado, não lhe constituí
este santo ofício.

É necessário se sentir pastor, ser consciente da missão e seus


comprometimentos. Daí a necessidade da existência deste hábito devocional de
modo que o mesmo o impulsione e o capacite a ser o líder espiritual e o pregador
com a autoridade do Senhor que age em benefício da comunidade cristã.
Sabemos que existem pastores que o são de fato mas não têm o controle ou a
liderança espiritual da igreja sobre os seus ombros. Como também cremos que
muitos são líderes, pregadores, administradores, educadores e que o cultivo da
vida devocional é útil a estes a fim de que sejam fortalecidos pela Palavra do
Senhor.

A vida devocional constante é útil no processo de alimentar o rebanho. A


comunidade deseja ser alimentada espiritualmente e anseia que o seu pastor
tenha um conhecimento e contato fidedignos com a grande fonte que é Deus.
Quando lançamos os nossos olhares contemplativos para o momento presente
percebemos que este é um problema sério, o povo anela por bons ministros e
especialmente proclamadores comprometidos com a Palavra de Deus. Esta
agravante faz com que o cultivo de uma vida devocional seja realçada e ainda
podemos dizer que ela é o bálsamo que recupera as forças e as cargas espirituais
do líder que tem como meta alimentar o seu rebanho tão carente e fustigado pelas
dificuldades e desafios desta vida.

Portanto, deve o pregador cultivar este hábito devocional, lendo a Bíblia


devocional e diariamente. Deixando que o Espírito Santo de Deus fale por meio
de sua Palavra no profundo de seu ser. Deixando que esta provoque profusas e
profundas transformações. Deve também meditar e ler livros que tragam enlevo
espiritual e alento para o seu coração. E como um complemento basilar, a oração
que é capaz de permitir um pleno conhecimento de Deus. Sem uma vida de
oração é impossível adquirir a maturidade espiritual tão necessária para a
liderança espiritual sadia, levando aos pastos verdejantes e as águas tranqüilas, o
rebanho de Deus confiado a nós pastores-pregadores.

Não preciso dizer que estão são situações que exigem tempo, dedicação e
muito esforço por parte dos que aspiram esta excelente obra. As questões e os
desafios do ministério devem ser alinhadas mas tendo sempre Deus como
prioridade. Você precisa cuidar mais de sua vida devocional? A sua leitura bíblica
tem sido tecnicamente para preparar sermões? E as orações? Quantas vezes
elas são dirigidas ao trono da graça para pedir ao Pai misericórdia em face da sua
limitação e indignidade de ocupar um púlpito. Você tem um refúgio onde pode
desfrutar de tempo e intimidade com o Senhor? Quanto tempo gasto em tarefas e
atividades que só tem trazido cansaço e frustrações? É isso aí colega Deus quer
que separemos um tempo para o cultivo da vida devocional! Certamente esta
semeadura dará os frutos correspondentes? Você crê nisto? Então pratique!

III – O Equilíbrio da Vida Emocional

Nas suas diversas facetas o ministério do pastor-pregador desencadeia uma


série variada de circunstâncias onde são necessárias qualidades emocionais em
perfeitos níveis de equilíbrio. Mudanças repentinas podem ocorrer na execução do
seu ofício, um exemplo seria celebrar um culto de gratidão por um aniversário e
logo em seguida envolver-se com uma atividade do funeral de um irmão que
acabara de falecer. Creio que muito dos pastores já tiveram que experimentar este
intercâmbio de ambientes e emoções. Como líder o pastor deve procurar se
equilibrado emocionalmente. Uma vez que está a frente de pessoas que
dependem de sua sensatez, do seu equilíbrio e de sua imparcialidade10.

O controle emocional surge então como uma virtude elementar. Cada um se


conhece, pelo menos é o que esperamos, mas o líder deve procurar entender os
que estão ao seu redor, deve evitar ser acometido de raiva. Em hipótese alguma
deve agir sob pressão ou perder a autoridade. Deve ser o líder um homem
amoroso e gentil. E como nos necessitamos de nos apropriarmos destas virtudes
nos relacionamentos com todos os níveis e classes de pessoas na igreja. A
exemplo do Pastor por excelência devemos ser humildes. A humildade só é
possível para os que são grandes, pois o objetivo do líder é ser exemplo para os
irmãos.

IV – A Harmonia na Vida Conjugal


A família é o primeiro núcleo social perfeito. A verdadeira célula desse
organismo que se chama sociedade. Em seu estado completo de desenvolvimento
consta de três sociedade elementares e rudimentares: a sociedade conjugal ou
matrimonial, a sociedade paterna, e a sociedade senhorial11. Tenho percebido em
nossos dias tantos nos nossos arraiais como no seio de nossa sociedade secular,
que esta célula tem sido atacada por uma série de valores absurdos e obsoletos e
que, como conseqüência disto, formam-se pessoas despreparadas em todos os
sentidos e lançam-se tais seres à vida, como quem lança um frágil objeto contra
uma forte onda do mar.

É necessário que tenhamos consciência de que estamos enfrentando uma


avalanche de conflitos conjugais e o homem-pastor-pregador deve tomar cuidado
com a integridade de sua família, dando aos seus queridos, uma boa estrutura
amorosa, financeira, social e permitindo assim que o seu lar inspire a vida dos
lares que estejam ligados ao seu direta ou indiretamente. Não precisamos reiterar
que uma condição bíblica apresentada pelo Novo Testamento é que o pastor deve
governar bem a sua casa e assim sendo torna-se apto para administrar, liderar e
governar a igreja de Jesus Cristo. O que fazer então neste tempo de tantos lares
mal formados ou em situação deplorável? Clamemos ao Senhor pela
transformação de nossos lares nos oásis onde muitos observarão e se
aproximarão para encontrar o alento.

Quando a crise invade a família não resta outra alternativa a não ser a posição
correta dos outros membros em atitude de oração e fé, na busca do reequilíbrio
espiritual, moral e material do lar em crise. É preciso buscar a harmonia.
Reconhecemos que a família como uma instituição, está sujeita à crises e estas
fazem parte do plano evolutivo, isto porque não há crescimento de consciência,
nem crescimento de dons divinos herdados se não exercitarmos estas crises e
dificuldades no meio das contradições e choques de existência, submetendo-se à
existência e ao crivo de nosso discernimento.

Quando recordamos os moldes bíblicos para o comportamento familiar


harmonioso, e estes expressos nos termos do amor sacrificial(maridos), da
submissão voluntária(esposas), e da obediência(filhos). Percebemos que tanto o
pastor como a esposa e filhos têm responsabilidades a cumprir de modo que a
harmonia se efetue e tenham o compromisso com a perpetuidade nos níveis
físico, moral, social e espiritual. Entendo que o pastor-pregador jamais deve
colocar a sua família em segundo plano. Um outro aspecto é que a sua família
ditará os moldes de comportamento para as demais famílias da igreja. A sua
família precisa de amor, dedicação, cuidado, saúde, educação, diversão e tantas
outras coisas comuns à vida social.

V – Implicações Éticas de sua Vida Social


Quando folheamos as noções bíblicas registradas nas epístolas pastorais
quanto às implicações éticas da vida social do pastor-pregador somos impelidos a
desenhar alguns moldes desse relacionamento. Estas noções podem ser divididas
em relação aos níveis diferentes de pessoas e classes sociais. Deve o obreiro ter
condições de relacionar-se com os idosos, respeitando-os e tendo amor nas
exortações e cuidado. Semelhantemente com as viúvas cuidando de fazer as
distinções e aplicações dos princípios cristãos e filantrópicos que dizem respeito
ao trato e ao cuidado com esta classe tão marginalizada.

Deve manter uma certa eqüidistância entre as classes evitando preferir uns
mais do que os outros. Cuidar para que nas situações de zelo pastoral,
aconselhamento e proclamação não se envolva também nas emoções e
sentimentos pessoais de modo que não sofra calúnias ou injúrias de ordem moral.
Deve tratar a todos com distinção. No relacionamento com os jovens e as crianças
temos a incumbência de ser exemplo fiel e digno da estatura de varão perfeito,
aprovado, objetivando inspirar e direcionar às suas vidas. É importante manter um
bom relacionamento com os vizinhos da igreja de modo que inspiremos confiança
e credibilidade. O pastor-pregador precisa ser um exímio conhecedor de sua
comunidade interna(igreja) como também de sua comunidade externa(moradores
das regiões circunvizinhas) e deste modo ter condições de aplicar à palavra as
reais necessidades do povo.

O pastor-pregador que exerce uma liderança e ministério equilibrados pode


elevar e muito o conceito que as cadeias sociais maiores e mais complexas
porventura tenham. Num tempo repleto de maus exemplos de atuação pastoral,
somos obrigados a recuperar a imagem denegrida de uma missão excelente. O
pastor-pregador-cidadão tem a obrigação de cumprir com os seus deveres e
encargos sociais e levar a igreja a agir de modo que seja irrepreensível na sua
conduta. Desde a sua família, até o mais complexo grupo social o seu
comportamento ético e social deve ser o mais ajustado possível. Pois como líder
espiritual e proclamador da Palavra de Deus precisa ser um bom exemplo a ser
seguido.

C – A Pregação e a Palavra

A Bíblia foi escrita por 40 homens, aproximadamente. Esses homens eram


especiais apenas num sentido: foram ajudados pelo Espírito Santo a escrever as
palavras de Deus. Essa é a razão porque, apesar de ter sido escrita por homens,
a Bíblia é chamada a "Palavra de Deus”. De acordo com 2 Pedro 1.21, houve
alguém que motivou os homens a escreverem a Palavra de Deus. Algumas vezes
o Espírito Santo disse ao escritor exatamente o que ele deveria escrever. Leia, a
propósito, Jeremias 36. O verso 2 ordena: "Toma o rolo dum livro, e escreve nele
todas as palavras que te hei falado contra Israel......”. Ao ler Lucas 1.3 e
Apocalipse 1.1-11, percebe-se que o escritor foi guiado a buscar e a instruir-se,
através do Espírito Santo, de tudo que deveria escrever. Isso implica dizer que
Deus atuou de varias maneiras, a fim de que a sua mensagem fosse revelada ao
Homem.

A Bíblia é a palavra inerrante de Deus. “O efeito mais excelente da inspiração


é a assim chamada inerrância da Sagrada Escritura. Esta qualidade segue-se
necessariamente ao conceito de Inspiração”12. Inerrante assim como infalível são
duas palavras usadas para definir a doutrina da Inspiração. O que estas palavras
comunicam está intimamente ligado ao pensamento do autor e do leitor13, ou
seja, os conceitos precisos ou os desajustes sobre inerrância surgem da
compreensão do sentido das palavras. Inerrância denota a liberdade de divagação
ou afastamento da verdade 14. Viertel cita Young que define a inerrância das
Escrituras afirmando que “cada asserção da Bíblia é verdadeira, quer a Bíblia se
refira ao que se deve crer(doutrina) ou como devemos viver(ética), ou se narra
acontecimentos históricos”15.

O conceito de inerrância que predomina entre os que discutem este tema nos
faz compreender que a “inerrância só é própria as afirmações, aos juízos, do autor
inspirado, e não a tudo que se encontra de qualquer maneira na Bíblia”16. Uma
vez que a verdade divina na Bíblia nos é transmitida por homens, os quais,
embora estando sob o influxo da inspiração divina, permaneciam homens de seu
tempo; e é somente através desta realidade humanamente condicionada que nos
é possível ter acesso à verdade de Deus17. Gosto da definição sobre inerrância
do ICBI: “sendo total e verbalmente dada por Deus, a Escritura é sem erro ou
defeito em todo o seu ensinamento, não o é menos com respeito ao que diz sobre
os atos de Deus na criação, sobre os eventos da História humana, e sobre suas
próprias origens literárias, do que no seu testemunho da graça divina de Deus na
vida dos indivíduos”18.

I – O Valor da Palavra de Deus

Não estou preocupado nesta abordagem com as informações técnicas, quero


abrir o meu coração e dizer que creio na Bíblia como a Palavra de Deus que não
falha, que transforma, que edifica, que corrige, que instrui para a salvação. Uma
vez que a palavra de Deus (Escrituras) é perfeita o seu papel na capacitação do
homem perfeito é central. Meu desejo é destacar algumas implicações desta
perfeição das Escrituras na construção do homem de Deus preparado para toda a
boa obra à luz do raciocínio do apóstolo Paulo em 2 Timóteo 3.4-17. Como seria
se Deus não falasse? Creio que muitas das dúvidas que tinha antes de conhecer a
Bíblia ainda permaneceriam me incomodando. Aprendi a ler com cinco anos e já
nesse período tive acesso às informações contidas nas Sagradas Escrituras. O
cristianismo existe por causa das verdades reveladas na Bíblia. Neste livro Deus
comunica todas as revelações necessárias para se alcançar a salvação e a
maturidade cristã.

1. A Palavra na Formação do Caráter (vv.14-15).


De posse destes versos quais foram as fontes de influência na formação do
caráter de Timóteo? Os filhos necessariamente não se convertem só porque
aprendem as Escrituras. É necessário andar próximo do Deus da Palavra; é
necessário cultivar o hábito de valorizar e amar o Senhor; é necessário praticar os
ensinos bíblicos. O valor da palavra foi sedimentado na vida do jovem Timóteo
pelo modelo de cristão marcado na vida de sua mãe. O caráter do Jovem Timóteo
deveria ser marcado por que tipo de fé? Sim ele e nós precisamos de um fé
genuína, autêntica, sem falsificações. Daí para que o caráter cristão seja formado
em nos faz-se necessário constante perseverança e aplicação.

A fonte de formação divina no caráter cristão deve-se ao fato de que o autor


das Escrituras é Deus e elas estão impregnadas de conceitos e ensinos que
marcam o caráter divino. Como é o caráter de Deus? Este Deus reto e santo
pretende conduzir-nos a obediência pois sabe que em obedecê-lo recuperaremos
o tempo e as oportunidades perdidas em conseqüência do pecado. Você sabe o
significado do nome Timóteo? Este nome significa “que honra a Deus” e a vida
deste irmão nos mostra que ele fez jus ao nome. O conselho dado é de que a
formação do caráter está intimamente ligada ao permanecer no padrão
estabelecido na Palavra de Deus. A palavra padrão (hupotupósis) denota um
esboço geral ou planta usada por um artista, ou, na literatura, o rascunho que
forma a base de uma exposição mais plena. A orientação recebida era que
Timóteo deveria agarrar-se firmemente ao modelo da verdade que tanto Paulo
quanto a sua avó e sua mãe lhe haviam ensinado, especialmente no tocante à fé e
o amor que Jesus Cristo lhe oferece.

O cristão que reconhecendo o valor da inerrância das Escrituras desejar ter o


seu caráter bem formado por ela não pode abrir mão da Iluminação produzida pelo
Espírito Santo e ao estudá-la deve contar com esta parceria espiritual, além do
que deve também desenvolver um constante trabalho de análise do seu próprio
viver de modo que sua vida não se desvie do perfil desejado por Deus. E esta
análise demanda coerência, concordância, esforço, zelo, cuidado, daquele que
tem o propósito de honrar ao Senhor na totalidade da sua existência. “Paulo
refere-se ao Antigo Testamento, uma vez que o Novo Testamento recém
começava a ser escrito, e somente no final do primeiro século da era cristã
começaria a ser reconhecido como Escritura. Mas, ainda que Paulo faça estas
colocações em relação ao Antigo Testamento, elas também valem para o Novo
Testamento, pois os apóstolos falaram movidos pela mesma submissão ao
Espírito de Deus(2 Coríntios 2.17; 4.1; 2 Pedro 1.16-21).”19

2. A Natureza das Escrituras (v.16).

O que o verso 16 diz sobre a natureza das Escrituras? Se por um lado o verso
em questão ao mencionar a expressão “toda Escritura” faz alusão aos livros do
Antigo Testamento. O Cânon20 nos permite, pela graça de Deus, considerar
também os preceitos dos livros do Novo Testamento. O Cânon é fundamental para
a nossa fé. Inspiração = Autoridade = Proclamação Autorizada. Se o homem não é
capaz de crer na natureza divina das Escrituras, como se submeterá aos seus
ensinos? Ainda que Deus tenha utilizado homens para o registro de sua revelação
isto não diminui o valor nem a autoridade da mesma. Os que argumentam contra a
inerrância defendem que o “homem é falível, logo o que ele escreve é falível”21;
não vejo dificuldades no fato de homens (aproximadamente 40)terem sido
instrumentos na transmissão das verdades e vontade eterna de Deus.

A inspiração sugere que a Bíblia é a mensagem de Deus para todas as


pessoas. A humanidade pode experimentar a benéfica realidade da transformação
oferecida por Deus através da aplicação dos princípios bíblicos no viver cotidiano.
Então, homens e mulheres, jovens e crianças estão ao alcance das Escrituras
assim como elas estão ao alcance deles também. Uma vez que a Bíblia é a
mensagem de Deus para a humanidade aplica-se sobre os que a conhecem a
responsabilidade de conduzir outros ao mesmo conhecimento. Você está
envolvido em algum programa de ensino da palavra a alguém? Que método você
está usando? Qual semeadores de esperança devemos espalhar a boa notícia
que Deus tem preparado para a humanidade. A Bíblia distingue-se de todas as
demais obras literárias por ser transparente e preciosa: sua denúncia desmascara
indistintamente a todos, inclusive os próprios escritores bíblicos22.

3. A Utilidade das Escrituras (v.16).

Qual a utilidade das Escrituras em sua vida? A utilidade das Escrituras é


desenvolvida neste verso em pelo menos quatro dimensões que veremos mais
adiante. “A escritura é tal baliza para a salvação, porque sua procedência é
peculiar. Paulo afirma que toda Escritura é inspirada por Deus”23. Mais uma vez
quero destacar que a utilidade das Escrituras está intimamente ligada ao conceito
de inerrância. Se o leitor crê de fato que a Bíblia é a palavra infalível de Deus está
apto então a desfrutar ou submeter-se ao crivo da utilidade das Escrituras em sua
vida. Você crê que a Bíblia é a palavra infalível de Deus? No meu modo de avaliar
este verso a utilidade das Escrituras no permite considerá-la como agente de
transformação:

No ensino da verdade = didaskalia = o ensino só acontece quando há uma


mudança de comportamento. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamentos são
pastoravelmente úteis para o ensino, como fonte positiva da doutrina cristã. Na
Grande Comissão temos uma tarefa(Mateus 28.18-20). Sim a tarefa consiste em
ensinar os novos discípulos de Jesus a guardar tudo o que os discípulos já
maduros têm aprendido do Mestre. O ministério pastoral deve ter a finalidade de
ensinar a viver a vida.
Na Convicção do pecado = repreensão = elenromai = a Escritura tem a
capacidade de convencer-nos de que somos pecadores. À luz de João 16
compreendemos que o Espírito Santo, agente da inspiração, exerce um ministério
sobre nossas vidas. Que ministério é esse? Sem a ajuda da Palavra eu não posso
ser um bom cristão(Hebreus 3.13). A idéia desta etapa é que as Escrituras são
úteis porque refutam o erro e repreendem o pecado24.

Na Correção de Erros = Eis o milagre de corrigir pessoas. Eis a tarefa de


colocar o trem novamente nos trilhos. A correção envolve reparar, consertar erros,
colocando em ordem a nossa casa. A Bíblia nos mostra como podemos nos
corrigir: à luz do verso 14 a idéia é de permanecer ou voltar ao padrão aprendido
com Jesus. Para a correção ocorrer com mais precisão é necessário aplicar a
Bíblia onde há feridas. Correção ocorre e existe “para convencer os mal
orientados dos seus erros e colocá-los no caminho certo outra vez”25.

Na Educação da Justiça = Instruir = Educar = paideia. Tornar um filho com as


mesmas qualidades que o pai tem. Você é filho de Deus? As qualidades de Deus
são encontradas na sua vida? A Bíblia existe para que nos melhoremos o nosso
comportamento. A maioria dos cristãos continuam ignorantes da palavra de Deus.
O crescimento no conhecimento da palavra de Deus leva a sabedoria. Aí o homem
amadurece para a salvação e a fé torna-se profunda em Cristo. Depois de
aprendida a palavra repreende e corrige o curso da vida. A Escritura nos capacita
para a obra e nos leva a perfeição: são as instruções de Deus.

4. O Propósito Final das Escrituras (v.17)

“Esta palavra inspirada por Deus serve ao seu propósito eterno, ela ensina,
repreende e corrige, auxiliando-nos a nadar contra a correnteza deste mundo. Ela
é um instrumento pedagógico de Deus que quer educar na justiça, capacitar o
homem de Deus, a fim de que seja apto para toda boa obra”26. Qual é na sua
opinião a função específica da palavra de Deus? A função específica das
Escrituras envolve a produção de um servo de Deus capacitado, útil, habilitado,
treinado para toda boa obra que Deus quer que façamos. Por que muitos irmãos
não trabalham na obra de Deus? Respostas: A Bíblia não está chegando no seu
alvo. O milagre não está acontecendo. O crente não cresceu nas Escrituras.

A Bíblia tem como propósito tornar o cristão uma pessoa perfeita, madura. Ela
equipa e adequa o homem para que enfrente todas as situações e seja vitorioso. A
firmeza é uma operação constante que emana da natureza da sua experiência e
de seu caráter espiritual em ser equipado mediante as Escrituras. As Escrituras
são o meio pelo qual Deus comunica tanto a salvação como também a
santificação. Leitura, ensino, pregação e meditação sobre as escrituras deve
produzir líderes hábeis para operar boas obras.

Ao concluir desejo afirmar que optei por abrir o coração e a Bíblia porque creio
na inspiração e utilidade das Escrituras. Não ignoro os questionamentos que
circundam a questão da inerrância e a opção por esta abordagem não consiste
numa fuga da realidade ligada a mesma. No meu entender o fato de crer na
inerrância das Escrituras produziu um estímulo maior no desenvolvimento das
idéias aqui expostas. Valho-me da afirmação de Wesley para dar termo esta
etapa: “Pois, se houvesse qualquer erro na Bíblia, poderia haver mil. Se houver
algum engano nesse livro, ele não veio do Deus da verdade”27.

II – Os Contrastes do Ministério Cristão(1Coríntios 4)

1 – Missão e Recompensa no Ministério(1-5)

“Vocês nos devem tratar como servidores de Cristo, que foram encarregados
de administrar a realização dos planos secretos de Deus. O que se exige de quem
tem essa responsabilidade é que seja fiel ao seu Senhor. Mas para mim não tem a
menor importância ser julgado por vocês ou por um tribunal humano. Eu não julgo
nem a mim mesmo. A minha consciência está limpa, mas isso não prova que sou,
de fato, inocente. Quem me julga é o Senhor. Portanto, não julguem ninguém
antes da hora; esperem o julgamento final, quando o Senhor vier. Ele trará para a
luz os segredos escondidos no escuro e mostrará as intenções que estão no
coração das pessoas. Então cada um receberá de Deus os elogios que merece”.

1) Os homens devem nos considerar como(1): a) Ministros de Cristo = “remador


inferior” = servos que trabalhavam na parte de baixo de um grande navio(posição
de humildade). b) Despenseiros dos Mistérios de Deus = “superintendente”,
administrador dos escravos, homem de confiança do seu senhor. Sua posição era
de responsabilidade. c) A tarefa do servo de Cristo que administra a proclamação
da revelação divina deve ser realizada com humildade, obediência e
responsabilidade já que ele está encarregado de realizar os planos de Deus.
Como os homens te consideram? É assim que eles nos vêem?

2) Dos despenseiros requer-se(2): a) Fidelidade a Jesus Cristo seu Senhor. b)


Ser alguém digno de confiança deve ser o objetivo de cada cristão e muito mais
ainda do pregador(1 Pedro 4.10). A quem compete julgar o trabalho dos ministros
de Cristo(3,4)? a) Esse julgamento não é de propriedade de uma comunidade
religiosa(3). b) Esse julgamento não é de propriedade de uma instituição de poder
constituído(3). c) Esse julgamento não é de propriedade do próprio ministro de
Cristo: porque não somos imparciais e mesmo que a consciência esteja limpa não
significa que sejamos justos ou inocentes. d) Esse julgamento é de propriedade do
Senhor(4).
2 - A Pedagogia do Ministério(6-13)

“Meus irmãos e minhas irmãs, é para instruir vocês que eu tenho aplicado
essas lições a mim mesmo e a Apolo. Usei nós dois como um exemplo, para que
vocês aprendam o que quer dizer o ditado: "Obedeça ao que está escrito."
Ninguém deve se orgulhar de uma pessoa e desprezar outra. Quem é que fez
você superior aos outros? Por acaso não foi Deus quem lhe deu tudo o que você
tem? Então por que é que você fica todo orgulhoso como se o que você tem não
fosse dado por Deus? Pelo que parece, vocês já têm tudo o que precisam! Já são
ricos! Vocês já se tornaram reis, e nós, não! Que bom se vocês fossem reis de
verdade, para que nós pudéssemos reinar junto com vocês! Porque me parece
que Deus pôs a nós, os apóstolos, no último lugar.

Somos como as pessoas condenadas a morrer em público, como espetáculo


para o mundo inteiro, tanto para os anjos como para os seres humanos. Por causa
de Cristo nós somos loucos, mas vocês são sábios por estarem unidos com ele.
Nós somos fracos, e vocês são fortes; vocês são respeitados, e nós somos
desprezados. Até agora temos passado fome e sede. Temos nos vestido com
trapos, temos recebido bofetadas e não temos lugar certo para morar. Temos nos
cansado de trabalhar para nos sustentar. Quando somos amaldiçoados, nós
abençoamos. Quando somos perseguidos, agüentamos com paciência. Quando
somos insultados, respondemos com palavras delicadas. Somos considerados
como lixo, e até agora somos tratados como a imundície deste mundo”.

1) A necessidade de ensinar com a própria vida(6). a) A vida do ministro deve


ser usada como exemplo vivo dos ensinos ministrados. b) A motivação para este
exemplo vivo reside no amor ao irmão. c) Deste modo os que nos ouvem crerão
no que estamos falando. d) Respeitarão os que falam pela coerência e fugirão da
soberba. Me permita ser indiscreto: você é capaz de pregar sobre algo que ainda
não vive ou pratica? Tenho aprendido a pedir permissão a minha congregação
para falar a ela sobre um assunto que ainda não pratico e creio que esta atitude
tem sido coerente e os meus irmãos aprendem a lição da transparência.

2) A necessidade de abandonar o orgulho(7). O homem de Deus não pode ser


orgulhoso. Não podemos ser afetados pela síndrome do pavão. Este animal
belíssimo que tem uma plumagem encantadora e que dizem não olha jamais para
suas patas que geralmente estão enlameadas, coberta de barro. Talvez ele nos
ensine que não somente os nossos pés são de barro mas que toda a nossa
existência é pó. Eu os desafio a olharem para dentro do coração e descobrirem se
o orgulho está alojado em algum canto. Não podemos ceder ao orgulho porque
tudo o que temos ou somos é obra de Deus.

3) A necessidade de fazer sentir a necessidade dos líderes(8). a) Os irmãos em


Corinto sentiam-se auto-suficientes. Fortes = satisfeitos. Não sentiam falta de
nada. Por que? Ricos = reinar. Indica que os coríntios sentiam-se seguros e sem
carências. Esta auto-suficiência estava longe de ser progresso na vida e na fé
cristã. b) Os coríntios, como alguns cristãos contemporâneos, proclamavam sua
independência dos líderes eclesiásticos. Eles declaravam que sem o auxílio dos
ministros chegaram lá. Onde? Eles afirmavam que tinham alcançado um posição
que nem mesmo os apóstolos reivindicavam. c) De fato este crescimento é o
objetivo do líder espiritual em relação aos seus irmãos na fé. Mas eles ainda não
haviam alcançado e precisam descer do orgulho e seguir o exemplo dos seus
líderes.

4) A necessidade de empenhar-se no trabalho(9). a) Ao invés de reclamar, o


pastor-pregador, deve reconhecer a posição que Deus o colocou. Amados Deus
nos colocou em último lugar(lá trás na fila). Amados Deus nos colocou numa
posição de “condenados a morte”. Amados Deus nos fez “espetáculo” ao mundo,
tanto aos homens como aos anjos. b) Ao invés de ficar querendo mudar esta
“situação” devemos cumprir e bem a nossa tarefa. Faça o seu trabalho com
diligência. Não fique ostentando as glórias e os louvores pelo exercício do seu
ministério de proclamar a vontade de Deus. Agradeça a Deus porque ele tem
confiado a você tão sublime e nobre tarefa.

5) A necessidade de esclarecer as diferenças(10-13). a) Os ministros somos


loucos por causa de Cristo(10). O mundo não nos ama nem nos compreende pois
é incompatível com o Senhor. Os irmãos as vezes se acham sábios de mais para
dar ouvidos ao que pregamos. b) Os ministros somos fracos(10). Os irmãos na
grande maioria das vezes querem confrontar-nos pois julgam que são mais forte
do que nós. c) Os ministros somos desprezíveis(10). Quantas vezes somos
humilhados, desprezados? Você consegue comprar a crédito sem burocracia e
sem desconfianças? Os irmãos se acham ilustres, iminentes, gloriosos. Isto te
afronta? A mim também!

d) Os ministros somos afetados no exercício de nossa vocação por várias


provações(11-13). Padecendo fome e sede. Não tendo vestimentas adequadas e
suficientes. Sendo tratados com rudeza e discriminação. Não tendo lugar fixo para
morar em face das mudança ministeriais. Afadigamo-nos com o trabalho
excessivo. Recebendo injúrias(ultrajes) e reagindo de bom coração e boas
palavras. Sendo perseguidos e suportando os perseguidores. Sendo
caluniados(difamados) mas suplicando e exortando os caluniadores. e) Ainda que
os cristãos queiram ocupar um lugar de destaque, não devemos ter ilusões quanto
ao lugar reservado para nós neste mundo(13).

3 – O Apelo do Ministro(14-21)

“Não estou escrevendo essas coisas para envergonhar vocês, mas para
ensiná-los como se vocês fossem meus próprios filhos queridos. Mesmo que
vocês tivessem milhares de mestres na fé cristã, não poderiam ter mais de um pai.
Pois, quando levei a vocês o evangelho, eu me tornei o pai de vocês na vida que
vivem em união com Cristo Jesus. Portanto, eu peço que sigam o meu exemplo.
Por isso estou enviando para vocês Timóteo, que é meu querido e fiel filho no
Senhor. Ele vai ajudá-los a lembrarem dos caminhos que sigo na nova vida que
tenho em união com Cristo Jesus, caminhos esses que ensino em todas as
igrejas. Alguns de vocês ficaram orgulhosos, certos de que eu não iria visitá-los.
Porém, se o Senhor quiser, eu vou visitá-los logo. Então vou saber o que esses
orgulhosos são capazes de fazer e não somente o que eles são capazes de dizer.
Pois o Reino de Deus não é coisa de palavras, mas de poder. O que é que vocês
preferem: Que eu vá até vocês com um chicote ou com o coração cheio de amor e
bondade?”

1) O ministro deve apelar aos irmãos no sentido de ajudá-los(14). A sua tarefa


de proclamação e ensino tem como meta maior ajudar as suas ovelhas a serem
mais comprometidas com o Senhor Jesus. Não basta apenas pregar e preciso
fazer isto de modo correto e produtivo. Assim devemos: a) evitar envergonhar os
irmãos ou humilhá-los enquanto pregamos sobre os problemas ou falhas. b) tratá-
los como filhos amados. Criticar com amor. Assumindo a condição e a posição de
pai espiritual. c) Admoestar e repreendê-los pelos erros cometidos. Assim faria o
Senhor se estivesse em nosso lugar e não podemos fugir ao padrão dEle.

2) O ministro deve demonstrar o seu afeto aos seus irmãos(15). É claro que as
oportunidades para demonstrar afeto pelos membros da igreja e ouvintes são
diversas mas não podemos esquecer deste detalhe quando estamos pregando. a)
Pedagogo = aquele escravo que levava a criança à escola e geralmente cuidava
dela. b) Ainda que os coríntios tivessem outros pedagogos nenhum deles poderia
substituir o pai espiritual e nenhum deles poderia desenvolver o afeto que Paulo
tinha por eles. O pastor-pregador deve assumir a condição de pai espiritual e
revelar seu amor paternal às ovelhas. Querido irmão você realmente ama às suas
ovelhas?

3) O ministro deve desafiar os irmãos a serem seus imitadores(16). Que


responsabilidade gigantesca! Mas não podemos fugir dela porque faz parte do
nosso chamado além pregar também ser modelo, exemplo para os fiéis. a) É claro
que não se trata de ganhar seguidores para nós mesmos e sim conduzi-los com
firmeza e segurança ao Senhor Jesus. b) Imitar a mim que imito a Cristo.
Podemos chamar este princípio de mimetismo = o fenômeno de tomarem vários
animais a cor e a configuração dos objetos em cujos meios vivem. Esta tarefa
exige que cada um de nós busque a cada dia uma semelhança cada vez maior
com o Senhor a fim de que os nossos irmãos possam seguir-nos com segurança.

4) O ministro deve estimular o discipulado tendo ele mesmo discípulos(17). A


pregação é um dos recursos usados no processo mas não é o único. Você e eu
precisamos compartilhar tempo e experiências com os irmãos a fim de que sejam
discipulados. a) O discipulado exige amor do discípulo para com o mestre. b) O
discipulado exige fidelidade ao Senhor Jesus. c) O discipulado exige
conhecimento das pegadas de Jesus. d) O discipulado exige ensino doutrinário
compatível com os ensinos do Mestre. e) O discipulado baseia-se no princípio da
continuidade da obra(Paulo enviou Timóteo).

5) O ministro deve confrontar os irmãos que estão no erro(18-20). Me parece


que alguns pregadores gostam mais desta parte da tarefa da proclamação e
andam diariamente com o “chicote da Palavra” e não equilibram o seu ministério
de pregação com os outros importantes objetivos da pregação. a) Aqueles irmãos
envaidecidos(orgulhosos) pensavam e diziam que Paulo não ousava encará-los.
Você tem algumas ovelhas assim? b) Paulo procura confirmar o seu desejo de
brevemente estar com eles e a confrontação haveria de ocorrer(18). c) A base
para não seria as palavras e sim o poder de Deus(19). Estariam os opositores de
Paulo, ou os nossos, habilitados pelo poder de Deus? O que você acha(20)?

6) O ministro deve ter alternativas no seu trabalho terapêutico(21). A pregação


da Palavra tem esta função de corrigir e consertar o que está errado. O pastor-
pregador não pode perder de vista os importantes resultados que a Palavra que
ele prega produz na vida dos ouvintes. a) Paulo deveria “ir com vara” = com
severidade, pronto para puni-los e repreendê-los. b) Mas também deveria “ir com
amor e espírito de mansidão” = com disposição branda de falar-lhes ao coração.
c) Os irmãos deveriam escolher o método pois ambos funcionariam desde que
eles estivessem dispostos a recebê-lo com a autoridade espiritual para tal tarefa.

III – Os Dons Espirituais e a Ordem no Culto(1 Coríntios 14)

1 - A superioridade da proclamação(1-25).

1) O dom importante é o da profecia(proclamação autorizada da mensagem


divina)(v.1). “Portanto, sigam pelo caminho do amor, enquanto colocam o coração
nos dons do Espírito. O maior dom quem você podem almejar é a capacidade de
falar as mensagens de Deus”. Os cristãos devem buscar uma vida de amor(1
Coríntios 13). É direito do cristãos zelar pelos dons espirituais. E dentre estes o
prioritário deve ser o da proclamação. O profeta do Novo Testamento não é um
mero pregador, mas um pregador inspirado através do qual o Novo Testamento foi
escrito e novas revelações foram dadas para a nova dispensação(vv.29,20).

2. O dom de línguas é um dom menor por ser ininteligível(v.2). “O homem que


fala numa ‘língua’ não se dirige a homens(pois ninguém compreende uma
só palavra do que diz), mas a Deus; ele está falando segredos espirituais
somente em seu espírito”. Não fala aos homens porque é uma linguagem
que não é conhecida. Não fala para si mesmo porque quem fala também
não entende. Fala somente a Deus, porque em Espírito fala mistérios. O
que fala em línguas edifica-se a si mesmo.
3) O dom da profecia é útil a todos(vv.3-4). “Mas aquele que prega a palavra de
Deus está utilizando aquilo que fala para edificar a fé dos homens, animá-los ou
consolá-los. O que fala numa ‘língua’ edifica sua própria alma, mas o que prega
edifica a igreja”. O dom de profecia é útil porque auxilia na: edificação, exortação e
consolação dos crentes.

4. Para que o dom de línguas edifique a igreja é necessário que haja


intérprete(v.5). “Aliás, eu gostaria que todos vocês falassem em ‘línguas’,
mas preferiria que todos pregassem a palavra de Deus. Pois aquele que
prega a palavra realiza um trabalho maior do que aquele que fala em
‘línguas’, a menos, é claro, que este último interprete suas palavras para o
benefício da igreja”. Paulo desejava que os irmãos em Corinto falassem em
línguas mas o seu desejo era maior no sentido de que eles proclamassem a
mensagem divina. Por que esta preferência? A proclamação da vontade do
Senhor revelada nas páginas da Bíblia produz edificação enquanto que o
falar em línguas só edifica a comunidade se houver um intérprete. O que
isto aponta ou indica sobre a questão do uso do dom de línguas em nossa
comunidade atualmente?

5. O importante no uso do dons espirituais é a edificação(v.6). Pois, meus


irmãos, suponham que eu vá até vocês falando em ‘línguas’. Que bem lhes
faria se não pudesse dar alguma revelação da verdade, algum
conhecimento das coisas espirituais ou alguma mensagem da parte de
Deus ou algum ensino sobre a vida cristã?” Mais uma vez Paulo situa o
dom de línguas numa posição menor em relação à edificação da igreja. A
revelação da vontade de Deus aos irmãos é proveitosa para a edificação. A
ciência ou conhecimento espiritual também o é. A proclamação das
verdades divinas é proveitosa para a edificação(edifica, exorta, consola). O
ensino(doutrina) que receberam de Jesus e lhes foi transmitido por Paulo é
proveitoso para a edificação.

6. Ilustrações sonoras que nos ajudam(vv.7-9). “Mesmo no caso de objetos


inanimados capazes de produzir sons, tais como a flauta e a harpa, quem
poderá dizer que melodia está sendo entoada se as notas não forem
tocadas nos devidos intervalos? Se as notas da corneta não forem claras,
quem receberá o alerta? Assim, no caso de vocês, se não produzirem com
sua ‘língua’ sons compreensíveis, como alguém poderá saber de que vocês
estão falando? Seria o mesmo que falar a um auditório vazio!” O que o
Apóstolo quer nos ensinar com essas ilustrações? Os sons dos
instrumentos de sopro devem distinguir-se dos sons dos instrumentos de
cordas e aí temos a linguagem musical. A comunicação numa linguagem
discordante, sem propósito, não significa nada. No domínio militar, a
trombeta(corneta) transmite a voz de comando do chefe aos homens que
estão longe dele e cada som refere-se a uma ordem distinta. Assim, o que
toca deve estar certo do que deseja transmitir pois se a corneta não for bem
tocada falhará no seu propósito. Assim cremos que a fala ininteligível está
condenada a sumir no ar.

7) Uma comunicação numa linguagem estranha ou estrangeira não


edifica(vv.10-11). No mundo pode existir uma grande variedade de sons falados, e
nenhum e sem sentido. Mas se os sons da voz daquele que fala nada significam
para mim, estou fadado a ser como um estrangeiro para ele, e ele um estrangeiro
para mim”. Há várias línguas(idiomas) no mundo e todas elas têm significados.
Mas se não conseguirmos interpretá-las seremos estrangeiros para quem fala e
quem fala será estrangeiro para nós e neste caso a edificação deixará de ocorrer
por falha no processo de comunicação. Observe atentamente o gráfico a seguir:

Emissor Mensagem Receptor

8) A igreja deve progredir na questão dos dons espirituais a fim de que seja
edificada(vv.12-17). “Por isso, com vocês mesmos, visto que se encontram tão
ansiosos por possuir dons espirituais, concentrem seu desejo em receber aqueles
que contribuem para o crescimento da igreja. Isto significa que se um de vocês
fala em uma ‘língua’, essa pessoa deve orar para que seja capaz de interpretar o
que diz. Se eu oro numa ‘língua’, meu espírito está orando, mas minha mente
permanece inativa. Por isso estou decido a orar com meu espírito e também com
minha mente e, se cantar, cantarei tanto no espírito quanto na mente. Se não for
assim, quando você está louvando a Deus com seu espírito, como a pessoa sem
instrução poderá dizer amém à sua ação de graças, se ela não sabe o que você
diz? Você poderá estar fazendo um esplêndido agradecimento a Deus, mas isso
em nada ajuda a outra pessoa”. Já temos visto que as línguas e os dons de sinais
cessarão(1 Coríntios 13); enquanto isso devem ser usados com restrição, e
apenas se um intérprete estiver presente(v.5). Na igreja primitiva havia liberdade
para o ministério de todos os dons que estivessem presente, mas especialmente
para a profecia(v.1). O progresso ocorrerá quando entendermos quais são os dons
prioritários e como devem ser utilizados. O progresso ocorrerá quando a igreja
possuir todos os dons e não buscar somente este ou aquele dom(v.12). Os dons
se completam, se encaixam; dão sentido um ao outro(v.13). A edificação ocorrerá
quando todas as manifestações do culto produzirem benefícios mútuos. As
orações, louvor, gratidão, bênção proferidas em línguas precisam ser interpretadas
para que a mente dos que nelas falam e os que as ouvem também(14-16). Senão
houver interpretação não haverá edificação(v.17).

9) A preocupação indevida com as línguas indica infantilidade espiritual(vv.18-


20). “Agradeço a Deus porque tenho um dom de ‘línguas’ maior do que qualquer
um de vocês; mesmo assim, porém, quando estou na igreja prefiro falar cinco
palavras com minha mente(que poderiam ensinar alguma coisa às outras
pessoas), em vez de dez mil palavras numa ‘língua’ que ninguém entende. Meus
irmãos, não sejam infantis, mas usem a inteligência! Sejam como crianças em
todos os aspectos no que diz respeito ao mal, mas quanto à mente, sejam
pessoas maduras!” Paulo tinha o dom de línguas e agradecia a Deus por esse
dom(v.18). Mas quando estava no culto público preferia usar uma comunicação
que fizesse sentido aos irmãos para edificá-los. Os cristãos devemos amadurecer
pois esse gosto especial pela glossolália(manifestação de línguas) nos coloca
numa condição de imaturos(v.20). Paulo coloca esse fenômeno como um “dom
infantil”, ou pelo menos um dom que apela mais a uma criança do que a um
adulto.

10) A diferença entre línguas e profecia(vv.21-25). “Nas Escrituras Sagradas


está escrito: ‘Falarei a este povo - diz o Senhor - Falarei por meio de lábios
estrangeiros e de línguas estranhas. Mas assim mesmo o meu povo não me
ouvirá’. Portanto, o dom de falar em línguas estranhas é uma prova para os
descrentes e não para os cristãos. Mas o dom de anunciar a mensagem de Deus
é uma prova para os cristãos e não para os descrentes. Imaginem a igreja reunida
e todos falando em línguas estranhas. Se chegarem algumas pessoas simples ou
descrentes, será que não vão dizer que vocês estão loucos? Mas, se todos
anunciarem a mensagem de Deus, e entrar ali algum descrente ou alguém que
seja simples, ele vai ouvir o que vocês estão dizendo e se convencer do seu
próprio pecado. E ele será julgado pelo que ouvir, os seus pensamentos secretos
serão revelados, e ele vai se ajoelhar e adorar a Deus, dizendo: ‘na verdade Deus
está com vocês!’” As línguas são um sinal para os incrédulos(21-22). A passagem
citada por Paulo é Isaías 28.11-12 e o seu contexto indica que aqueles que se
recusaram a ouvir o profeta tiveram como castigo ouvir uma linguagem que não
podiam entender. Os que não cressem, ouviriam línguas, e não conseguiriam
entender o seu maravilhoso significado(21). As línguas apontam para o juízo de
Deus aos incrédulos(22). As profecias são dirigidas aos crentes, trazendo-lhes a
verdadeira mensagem de Deus. A profecia produz benefícios bilaterais(23-25). Se
por um lado as línguas escandalizavam os incrédulos e os indoutos(23). As
profecias têm um efeito diferente: convencem os homens dos seus pecados, da
justiça e do juízo divino(24). O efeito da palavra inspirada é revelar ao homem o
seu estado. Outro benefício da profecia é conduzir o homem a adorar a Deus,
reconhecer a presença de Deus em sua igreja(25).
2 - O Regulamento do Ministério dos Dons Espirituais na Igreja Local(vv.26-33).

1) O critério da edificação deve normatizar nossa conduta(v.26). “Muito bem,


meus irmãos, então sempre que vocês se reunirem, cada um esteja pronto para
contribuir com um salmo, um ensino, uma verdade espiritual ou uma ‘língua’ com
intérprete. Deve-se fazer tudo para fortalecer na fé a igreja a que vocês
pertencem”. O culto existe em primeiro lugar para a adoração a Deus. Mas a
edificação espiritual dos crentes não se acha ausente. Salmo = um cântico
entoado com o acompanhamento de um instrumento. Doutrina = uma porção do
ensinamento cristão. Revelação = um ensino específico de algo concernente à
vontade do Senhor. Língua = uma manifestação de êxtase produzida pelo Espírito
Santo. Interpretação = a capacidade espiritual de interpretar o que foi dito pelo que
manifestou o dom de línguas. Quando adora a Deus, o crente exalta o criador,
confessa seus pecados, apresenta suas súplicas, canta louvores, lê a palavra,
ouve a proclamação, e responde com sua edificação e serviço.

2) A ordem deve caracterizar o uso dos dons espirituais(vv.27-33). “Se surgir a


questão de falar em uma ‘língua’, limitem os que falam a dois ou no máximo três.
Deve falar um de cada vez e haver alguém para interpretar o que é dito. Se vocês
não tiverem nenhum intérprete, então aquele que fala em uma ‘língua’ deve
manter silêncio na igreja, falando somente consigo mesmo e com Deus. Também
não tenham mais de dois ou três pregadores, enquanto os demais refletem sobre
o que foi dito. Contudo, se uma mensagem sobre a verdade vier a alguém que
está sentado, então o que estava falando deve para. Pois dessa maneira todos
vocês podem ter oportunidade de apresentar uma mensagem, um após o outro, e
todos aprenderão e serão estimulados na fé. O espírito de um verdadeiro pregador
está sob o controle daquele pregador, pois Deus não é um Deus de desordem,
mas sim de harmonia, conforme se vê claramente em todas as igrejas”.

O exercício do dom de línguas é normatizado(27-28): Não mais do que 2 ou 3


pessoas podiam falar em cada reunião(v.27) e deviam falar uma de cada vez. Se
ninguém fosse capaz de interpretar o que era dito, o orador deveria ficar em
silêncio. O exercício do dom da proclamação é normatizado(vv.29-33): os irmãos
que possuem o dom de falar em nome de Deus a respeito das coisas divinas,
podem e devem falar, mas vão fazê-lo dentro da ordem e decência(v.29). Quem
tem uma mensagem para a igreja vai falar, um de cada vez, mais aquilo que está
sendo dito, também está sendo avaliado(julgado) por outros(v.29). A proclamação
tem como objetivo o ensino(v.31): o cristão necessita aprender sempre. Ele nunca
é suficientemente maduro. Ele nunca tem conhecimento em demasia. O
crescimento na graça e no conhecimento de Jesus Cristo não tem limites. O culto
é uma boa ocasião para o cristão aprender e crescer. Ao se preparar o culto,
estejamos preocupados com o que estamos ensinando aos adoradores em
nossas igrejas.
A proclamação tem como objetivo a consolação(v.31): a palavra usada para a
consolação pode também ser traduzida por exortação. No culto deve haver
consolação, isto é, conforto e ânimo para o crente que vive em meio as tribulações
do mundo. Mas o culto deve exortar também o crente para a vida mais perto de
Deus, para um testemunho eficaz, para uma dedicação maior ao reino, para um
serviço de amor. Os que falam devem estar no controle de suas faculdades(v.32).
Se algum dom, ministério ou operação provoca confusão, entristece o povo de
Deus, tira a ordem das coisas do reino de Jesus Cristo, isso não procede de
Deus(v.33). Somos servos de um Deus de ordem e de paz e devemos cultuá-lo
com ordem, paz e decência. A desordem não significa a presença do Espírito de
Deus e sua liberdade de ação(v.33).

3 - O Ministério da Mulher na Igreja(vv.34-35).

“As mulheres estejam em silêncio na igreja; elas não devem receber permissão
para falar. Devem submeter-se a este regulamento, conforme a própria Lei ensina.
Se tiverem perguntas, devem fazê-las em casa a seu maridos, pois falar na igreja
é impróprio para uma mulher”.

1) Paulo proibia as mulheres de falarem na igreja(v.34) e além da proibição


encontramos a recomendação de que estejam submissas a seus maridos. Os
judeus não admitiam mulheres falando ou liderando qualquer atividade nas
sinagogas (um menino ou escravo podiam). Você sabe por que esta proibição foi
estendida a igreja de Corinto? Corinto era um cidade pagã dominada pelo pecado.
No meio pagão a religião relacionava-se diretamente com sexo ilícito e
imoralidade. As sacerdotisas se destacavam nesses cultos e templos mantendo
relações sexuais com os adoradores. Se uma mulher na igreja de Corinto
ensinasse ou falasse em público causaria uma impressão de que a igreja cristã
não era diferente do paganismo. Em 11.5 Paulo admite que a mulher ore e
profetize em público. Mas era um prática cristã aceita.

2) A proibição pode referir-se às perguntas que as mulheres faziam durante o


culto. Havia coisas que elas não entendiam. Ao perguntarem, muitas ao mesmo
tempo, estabelecia-se barulho e confusão. O indecoroso seria isso: muitas
pessoas falando. Se desejassem aprender deveriam perguntar aos seus maridos
e em casa. A proibição poderia referir-se somente ao falar em línguas. E as razões
estariam ainda na aparência que poderia haver com os culto pagãos, onde
também acontecia fenômeno semelhante: pessoas em êxtase falavam uma
linguagem incompreensível. Cremos que o ministério da mulher na igreja é uma
bênção(v.35): em muitos lugares, mulheres têm assumido a liderança do trabalho,
ante a carência de pastores e outros líderes. E mesmo nas igrejas onde existe
liderança masculina, não se pode negar que as mulheres têm feito excelente
trabalho.
4 - Um Mandamento a Ser Obedecido(vv.36-40).

“Será que vocês estão começando a imaginar que a Palavra de Deus teve
origem em sua igreja ou que possuem o monopólio da verdade de Deus? Se
alguém entre vocês se considera um verdadeiro pregador e um homem espiritual,
perceba que aquilo que escrevi foi por ordem divina! Quem não aceitar isso não
deve ser aceito. Concluindo, então, meus irmãos, disponham o coração para
pregar a palavra de Deus, sem proibir, no entanto, o uso de ‘línguas’. Tudo seja
feito com decência e ordem”.

1) O apóstolo neste tratado sobre os dons espirituais ensina autorizado pelo


Senhor(v.36). O seu ensino deve ser obedecido e respeitado. Se o ensino paulino
fosse observado, muitas manifestações deveriam ser banidas do culto moderno. A
recusa destes ensinos implicará em sermos ignorados(v.37). O mandamento de
Paulo é mandamento de Deus. Se somos espirituais(profetas ou não) devemos
reconhecer este fato e obedecer estes ensinos. Se não reconhecermos a
autoridade do apóstolo, e mais a autoridade de Jesus Cristo nas palavras de
Paulo, que sejamos ignorados(v.38). A proclamação é um dom mais excelente que
as línguas(v.39). Os cristãos devem procurar com zelo por esse dom. Porque ele
edifica, consola e conforta os crentes.

2) Paulo não proíbe as línguas, mas ele não vê grandes utilidades nelas. Este
capítulo não foi escrito para estimular a prática das línguas. Pelo contrário, foi
preparado para desestimular o uso das línguas e restringi-las. A necessidade de
organização e decência no culto cristão(v.40). Paulo não está falando aqui que os
coríntios estavam se comportando indecentemente do ponto de vista moral. Mas
que o culto necessita de decência, no sentido de que deve ser organizado para
glorificar um Deus organizado. O culto deve ser planejado para servir um Deus
que planeja, e com que antecedência. O Senhor não improvisa, mas nós
improvisamos, por negligência no planejamento daquilo que deveria merecer
nossa melhor atenção: O CULTO. A Palavra de Deus deve moldar nossos cultos e
devemos evitar a falta de decoro e as inovações indevidas.

D – A Pregação e os Objetivos

Em geral, toda pregação bíblica tem por objetivo a persuadir as pessoas


perdidas e incrédulas para um vida de fé em Cristo Jesus. O objetivo de Deus em
usar um pregador e a sua Palavra e trazer de volta o homem que está afastado
dele por causa dos seus pecados e da desobediência. Paulo defende que a
pregação tem por objetivo comunicar aos homens “todo o desígnio de Deus”(Atos
20.27), em todos os níveis de maturidade e entendimento. Cada pregador então
deve saber que é apenas um instrumento que Deus usa para que a sua vontade
seja conhecida aos seus contemporâneos. Além dos objetivos específicos os
pregadores devem considerar os objetivos gerais da pregação tais como:
I – O Objetivo Evangelístico

Neste tipo de sermão o pregador compartilha os diversos textos da Palavra de


Deus que anunciam a salvação do homem perdido através da pessoa maravilhosa
de Cristo Jesus. Coloque o máximo de esforço na pregação de sermões
evangelísticos, pois eles devem ser os melhores sermões que pregamos! Estes
sermões não devem ser muito longos. Devemos apresentar também as grande
doutrinas bíblicas nestes sermões: a fé em Cristo, a graça, o pecado, o amor de
Deus, etc. É preciso pregar estes sermões evangelísticos com espírito de
urgência, amor, compaixão e sempre na dependência do Espírito Santo. Lembre a
conversão é obra do Espírito Santo mas a pregação e tarefa que nós devemos
levar a sério.

Da mesma forma que os que só pregam sermões evangelísticos andam


negligenciando os outros objetivos da pregação como também as necessidades
do rebanho que deve estar faminto e necessitando ouvir da Palavra. Os que não
pregam sermões evangelísticos estão privando um grande número de pessoas
que os ouvem em conhecer a salvação através de Cristo Jesus. Precisamos de
um programa de pregação equilibrado e isto vai depender da situação em que sua
comunidade se encontre no que diz respeito a maturidade e tipo de freqüência que
você tem normalmente nos cultos de sua igreja. Mas lembre-se o Senhor espera
que proclamemos com fidelidade e equilíbrio a sua Palavra.

II – O Objetivo Doutrinário

Usar este tipo de objetivo ao pregar suas mensagens é uma resposta ao desejo
que existe no coração do crente de aprender mais sobre Deus, a Bíblia e aos
assuntos espirituais. Um bom recurso para atender esta necessidade da
congregação é solicitar aos irmãos que através de uma pesquisa que sugiram
temas, assuntos, dúvidas ou ênfases doutrinárias que mais eles têm
necessidades. Uma boa ocasião para fazer isto é quando você chega na igreja e
assim você pode planejar com cuidado seu plano de pregação atendendo as
necessidades indicadas enquanto vai fazendo a sua própria avaliação da
comunidade.

Estes sermões doutrinários são úteis para preparar os crentes em relação ao


surgimento de heresias e as possíveis entradas delas em nosso meio. Fortalecem
os cristãos e lhes dá condições de discernir os falsos ensinamentos que são
veiculados em profusão em nossa época. Auxiliam os crentes a serem mais
interessados e ativos na vida cristã contribuindo assim para o crescimento e o
fortalecimento da igreja. Estes sermões também auxiliam e muito o pregador na
capacidade de sistematizar os assuntos da fé cristã. Ajudam o pregador a estudar
mais e lhe fortalecem o espírito, o intelecto e o raciocínio dando-lhe uma atitude
mais apologética.
III – O Objetivo Ético

Os sermões com objetivos éticos são aqueles que tratam do relacionamento


horizontal, ou do relacionamento entre os seres humanos. Tratam de como viver a
vida cristã em relação à sociedade que nos cerca. O cristianismo é uma religião
altamente ética. Vivemos numa nação terrivelmente afetada por ausência de uma
postura ética correta. Há problemas de valores, de alvos, de princípios. Em que
está baseado o nosso sistema de valores? A Bíblia tem princípios morais eternos e
que podem resgatar a sociedade de qualquer país, inclusive o nosso. Eu e você
precisamos enfrentar, com ajuda do Senhor, o desafio moral e ético de nosso
país. E mesmo que a mídia esteja longe do nosso alcance temos semanalmente
um microfone e um auditório assentado e aguardando a nossa vez de proclamar a
Palavra. Quantos sermões éticos você pregou no ultimo ano?

Eis alguns dos problemas morais e éticos que devem ocupar a agenda do seu
púlpito: a corrupção, a gula, a pornografia, as drogas, a honestidade, o
preconceito, a inveja, a cobiça, o amor, as inimizades, os pensamentos impuros, a
televisão, a pobreza, a tentação, a violência, a língua, a ecologia, a paz mundial,
as guerras, o desemprego, e muitos outros. Devemos ser sensíveis aos problemas
sociais e éticos e aplicar a Palavra de Deus de modo que ofereçamos uma
alternativa eficaz. “A nossa tarefa principal é de ser instrumentos de Deus para
criar os criadores de uma sociedade justa, pura e reta, em que os princípios do
Evangelho são vividos e aplicados”28.

IV – O Objetivo Consagratório

Sermões com este objetivo visam uma maior dedicação dos crentes à causa
de Deus. Você tem percebido em sua igreja irmãos acomodados, frios,
indiferentes? Pois é amigo a culpa em grande parte é sua se você não tem dado a
atenção para a pregação de sermões que despertem o povo para uma maior
consagração de suas vidas ao Senhor Jesus e a sua obra. Nestes sermões
também objetivamos ajudar os crentes na descoberta e uso dos dons espirituais
além do que também auxiliamos os irmãos a enfrentarem, devidamente
capacitados pela palavra, a sua batalha contra o pecado.

Neste tipo de sermão precisamos de algumas ferramentas essenciais:

O próprio pregador deve ser consagrado! É preciso


conhecer as falhas e fraquezas do povo, os seus
problemas e seu testemunho diante do mundo. É
preciso crer que Deus possa atuar para melhorar a
situação, crendo que a igreja se tornará cada vez mais
uma igreja consagrada e atuante. É preciso crer que
Deus distribuiu os dons espirituais e não deixa
nenhuma igreja sem pessoas que têm um grande
potencial. É preciso crer que Deus continue escolhendo
e vocacionando obreiros para a sua seara. É preciso
pregar estes sermões como amor e um espírito
compassivo, em vez de condenar o povo. A nossa
tendência é de pregar às pessoas ausentes, “tirando o
recalque” nas pessoas presentes, que são os irmãos
mais fiéis! Neste sentido, o conteúdo das mensagens
deve ser mais positivo do que negativo. É preciso que
sejam sermões que apelem a lógica e à
razão(inteligência), à vontade e às emoções. É preciso
oferecer sugestões práticas para o povo, bem como
oportunidades para desenvolverem os seus dons. É
bom levar o povo a agir!29

V – O Objetivo Devocional

Neste tipo de objetivo o sermão enfatiza a relação do crente com Deus.


Também chamamos esta ênfase de relacionamento vertical. Como pregadores da
Palavra de Deus temos a possibilidade de conduzir nossos irmãos e ouvintes à
presença do Pai celeste e de estabelecer confrontação com os hábitos
devocionais que conduzem o cristão à maturidade. Assim podemos explorar nos
sermões devocionais os diversos temas ligados à adoração, à comunhão, à
oração, ao estudo da Bíblia, à contribuição, ao serviço de amor. Precisamos
ensinar o nosso povo a recarregar as baterias espirituais e firmar um compromisso
pessoal de devoção ao Senhor.

Quantos sermões devocionais você tem pregado no ano passado? Não é de


se admirar a dificuldade de nossos irmãos e de nós mesmos em manter uma vida
devocional consistente. Precisamos a exemplo de Samuel manter sempre acesa a
chama da devoção(1 Samuel 7.17) como também ajudar os irmãos nesta área.
Um dos grandes riscos do ministério e dos afazeres da vida cotidiana é perdermos
o senso e a prática devocional. A lição deixada por Samuel é de que não podemos
deixar que se apague esta chama da devoção particular e pessoal ao Deus Todo-
Poderoso.

VI – O Objetivo Pastoral

O objetivo pastoral também pode ser chamado de alento. A idéia aqui é


confortar e cuidar do nosso rebanho a semelhança do pastor de ovelhas que cuida
daquelas feridas e confusas. Os sermões desta natureza ajudam o povo em seus
problemas, mostrando-lhe como pode receber as promessas de Deus para
solucioná-los. Quando uma pessoa vai a farmácia via de regra ele pretende
comprar remédios. Quando uma pessoa vai a padaria ele pretende comprar pão.
E quando alguém vem a igreja seja ele crente ou não? O que ele busca? Quantas
vezes as pessoas têm vindo aos nossos cultos buscando alento e conforto na
Palavra de Deus? Quantas vezes elas voltam com suas feridas abertas, com seus
dilemas sem uma orientação, com suas lágrimas rolando pelas faces?

Ei pastor o que você anda fazendo que não obedece ao Senhor? “Consolai,
consolai o meu povo, diz o vosso Deus”(Isaías 40.1). Não podemos fugir a esta
tarefa tão vital para o rebanho. As nossas ovelhas no dia-a-dia sofrem afetações
em áreas tão distintas como por exemplo: sofrimento, pânico, morte, ansiedades,
preocupações, solidão, medo, adversidades, dúvida, desespero, etc. Todos nós
precisamos da ajuda de Deus para a vida diária e os tempos difíceis. Mas eu e
você somos responsáveis por encontrar as respostas para as perguntas que têm
sufocado nossos irmãos e filhos espirituais.

E – A Pregação e o Sucesso

Em recente conversa com um pastor muito famoso e de considerável


envergadura na obra batista brasileira, ocorreu-me a seguinte pergunta: Como ser
um pastor bem sucedido? E como resposta, ao contrário do que imaginava,
remeteu-me aos ensinos e exemplos bíblicos que falam de líderes e liderança bem
sucedidas como que verdadeiros padrões a serem seguidos. Nestas linhas que
seguem quero compartilhar algumas noções que tenho aprendido no que diz
respeito ao sucesso do pregador e pregação e o sucesso. Faremos isto juntos
considerando os ensinos contidos em Atos 20.17-27, quando Paulo exorta os
pastores de Éfeso, de modo que sejamos capazes de responder à pergunta:
Como ser um pastor bem sucedido?

I – Em Primeiro Lugar Para Que Você Seja Bem Sucedido no Seu Pastorado é
Necessário Viver na Condição de Servo(v.19).

Por certo o escritor do livro de Atos faz aqui um registro das considerações
que o apóstolo Paulo fizera do seu próprio trabalho, de se próprio ministério. As
noções que o versículo 19 nos apresentam são riquíssimas e muito inspirativas
para execução da tarefa pastoral. Um primeira lição que podemos aprender
através deste texto é que o pastor jamais pode perder de vista que é chamado
para ser servo. Portanto, faz-se necessário que o pastor seja antes de qualquer
coisa um servo humilde que se coloque à disposição de Deus e que revele esta
submissão numa prática responsável de amor aos crentes, o rebanho ou a igreja
que o Senhor tem confiado sob sua responsabilidade, de modo que tenha uma
preocupação pessoal com cada uma de suas ovelhas.

O fato de ser um servo exige do obreiro uma justaposição de valores e


objetivos de tal forma que em momento algum haja uma mudança e este passe a
ser servido. Por certo Paulo realizou um ministério abençoado pois temos
informações, em vários outros textos bíblicos, de que ele não abandonou a sua
condição de servo do Senhor e servo da igreja. Não o vemos reclamando para si
vantagens e privilégios para exercer o seu ministério. Quedava-se diante do
Senhor humildemente e a despeito do seu excelente preparo intelectual dependia
cada vez mais da orientação divina, pois é o mesmo Paulo quem disse: “vivo nas
mais eu mais Cristo vive em mim”(Gálatas 2.20 a). A orientação que se tem é que
o ministério pastoral está intimamente ligado à humildade que é uma característica
básica daquele que se propõe a ser um servo de Deus.

Antes de qualquer outra virtude para ser um pastor bem sucedido é


necessário viver na condição de servo. Este é um pré-requisito indispensável que
deve permear o ministério de cada obreiro: “servindo ao Senhor com toda a
humildade, e com lágrimas e provações...” Freqüentemente observo que vários
colegas de ministério ao apresentar um pregador lançam mão de um triste
recurso, que considero falsa modéstia, e dizem: “O grande servo de Deus, fulano
de tal, vai nos trazer a mensagem nesta oportunidade”. O fato é que esta forma de
apresentar e ser apresentado tem efeitos negativos e pode complicar a idéia
bíblica acerca da palavra “servo” no contexto do ministério pastoral.

Quando penso neste paradoxo “grande servo” entristece-se o meu coração e


sinto o desejo de mudar a ordem das palavras de modo que denote a idéia “servo
do Deus grande”. Da mesma forma quando olho para o Servo Sofredor, Jesus
Cristo, que nos deixou uma grande exemplo de humildade penso em mim mesmo
e em cada colega de ministério que devemos desejar a cada dia que passa
servirmos melhor ao grande Deus. Penso em nossas igrejas dedicadas e
operosas servas do Senhor. Penso na obra expandindo, avançando, quebrando
barreiras e ultrapassando fronteiras. Não posso continuar sonhando somente
preciso parar e orar. Senhor tem misericórdia de nós quando ousamos dizer que
somos seus servos. Ajuda-nos a viver de modo serviçal!

Queridos colegas de batalha e companheiros de vocação, a Palavra de Deus


exige de cada um de nós, uma tomada de posição sincera e segura. É importante
que se faça uma opção de vida a partir dos princípios de servir ou ser servido e
peço permissão para usar um adágio popular que diz: “Quem não vive para servir
não serve para viver”. Querido irmão partindo do pressuposto de sua vocação,
quero lembrá-lo que o ministério pastoral é um serviço prestado a Deus e revelado
na prática de amor e zelo pela igreja. Quero desafiá-lo a viver humildemente na
dependência fidedigna da vontade de Deus e este desafio se estende a todos os
cristãos.

Os seus objetivos hão de estar de acordo com os propósitos divinos. A


semelhança de tantos outros servos que dedicam e dedicaram suas vidas à Deus,
você também é conclamado a pertencer total e completamente ao Senhor.
Revogando assim para si o direito e a aceitação de ser apenas servo e não
senhor. Porém, meu amado irmão faz-se necessário ser um servo bom e fiel. E é
isto que Deus espera de cada um de nós.
II – Em Segundo Lugar Para Que Você Seja Bem Sucedido no Seu Pastorado é
Necessário Cumprir a Responsabilidade Proclamadora(v.20).

Os versículos 20-23, 25 e 27 são cuidadosos em revelar-nos uma grande


característica do ministério abençoado do apóstolo Paulo. Exatamente diz-nos o
texto lido que a principal ocupação de Paulo era a pregação e o ensino da Palavra
de Deus. O ministério pastoral exercido por Paulo se realizava publicamente nas
reuniões e também de casa em casa. E em momento algum se esquivou de sua
responsabilidade proclamadora. Qual é a sua principal ocupação ministerial? Você
tem dado a devida atenção a exposição da Palavra? Está faltando tempo para
preparar melhor as mensagens e os sermões? Você anda requentando sermões
antigos? A agenda está muito cheia? Livre-se deste jugo e dê prioridade a
pregação. Libere o seu povo para que ele realize a obra do ministério e você seja
dedicado ao estudo, oração e proclamação da Palavra.

Quando lançamos as atenções para o fundo histórico desta passagem


observamos que o anúncio do apóstolo Paulo é a mensagem de salvação após a
ressurreição. Havia um interesse profundo de Paulo em ensinar qualquer coisa
que fosse proveitosa para os seus ouvintes, embora nem sempre fosse bem
aceita. Havia no seu coração o desejo de testemunhar, testificar tanto do
arrependimento quando da fé em Jesus Cristo. Percebe-se também que como
proclamador das boas-novas sua vida era controlada, guiada pelo Espírito Santo
de Deus.

Sua pregação era fiel aos ensinos do Evangelho e sua responsabilidade


proclamadora, qual atalaia, havia sido levada a termo. Pois esta responsabilidade
espiritual do pastor Paulo de apresentar fielmente a mensagem que traz vida, lhe
produziu uma confiança tão grande que no versículo 27 ele declara que jamais
deixou de anunciar todo o conselho de Deus. O vemos como um profeta que,
movido pelo Espírito Santo Deus, recebe e transmite a mensagem do Senhor ao
povo e especialmente as verdades relacionadas com o Reino de Deus e com a
salvação dos homens.

Quando leio o livro de Amós gosto da resposta e do comportamento do profeta


em relação ao chamado de Deus. Que segundo Antônio Bonora “é como um grito
inarticulado, um rugido que lhe sacode de maneira irresistível o ânimo”30. Pois
diz-nos o texto do livro de Amós no capítulo 3 versículo 8: “Um leão rugiu; quem
não temerá? O Senhor falou; quem não profetizará?” Aprendemos que Amós
proclamou os desígnios divinos revelando, sem nenhuma condição a seu favor, as
verdades que o povo precisava ouvir.

Talvez você esteja perguntando: o que tem a ver Amós com o que estamos
analisando até agora? E eu de pronto respondo que a lição que este profeta nos
dá é de grande valia. A chamada de Amós, assim como a de Paulo e sua também,
envolvia o grande desafio de proclamar a vontade de Deus. E diga-se de
passagem profetizar, falar em nome de Deus, anunciar à sua vontade é realmente
um grande desafio. No caso de Amós era falar contra o Reino de Israel que
crescia. Já o apóstolo Paulo recebeu a incumbência de falar aos gentios. E nós a
quem proclamaremos? Bom somos comissionados a proclamar num templo
repleto de desafios e Deus espera que cumpramos de forma honrosa nossa
missão.

Vive a humanidade tempos de apostasia e hipocrisia religiosa, tensões sócio-


político-econômicas, confusões ameaçadoras, perversões fatais dos valores e
significados. De várias partes surge a exigência e a invocação de uma palavra
luminosa e orientadora; existe em muitos o desejo de uma voz que derrote o
absurdo e o não sentido aparentemente triunfantes. É para este tempo e para este
povo que Deus nos colocou no ministério caro colega. Vá meu irmão! Seja guiado
pelo sopro profético do Espírito de Iaweh. Tenha a Bíblia como instrumento de
ação. Fala e não te cales. Profeta testemunhe de Cristo a tempo e enquanto
temos tempo. Não se esquive de sua responsabilidade proclamadora e assim
serás abençoado em seu ministério.

III – Em Terceiro Lugar Para Que Você Seja Bem Sucedido no Seu Pastorado é
Necessário Manter-se Fiel no Cumprimento da Vocação(v.24)

O versículo 24 é muito claro em dizer que para Paulo o que era mais
importante era cumprir a vocação que recebera de Jesus Cristo. Por certo o
ministro que deseja ser bem sucedido necessita estar consciente de que os
conceitos de serviço cristão e responsabilidade proclamadora se completam e
projetam uma terceira realidade ou característica indispensável àquele que abraça
a vocação ministerial a saber a fidelidade no cumprimento da sua parte na tarefa.
Esta fidelidade vocacional determinou tanto a abrangência quanto o alcance dos
objetivos propostos por Deus no coração do apóstolo Paulo.

Ele tinha plena convicção de que fora comissionado por Cristo desde o dia de
sua conversão. E esta certeza fez com que ele mantivesse os olhos fixo no
Senhor de sua vida. Mas este fato não lhe tirou a percepção dos que viviam ao
seu redor e dos que estavam distantes e necessitados da graça de Deus. O
apóstolo Paulo considerava sua vida como algo consumível e não se sentia
incomodado em ser inteiramente gasto na tentativa de completar a sua carreira, o
seu ministério. O seu desejo era terminar o seu percurso com fidelidade e com
alegria. Nesta dimensão de sua missão Paulo deixou um legado aos seus
sucessores.

A despeito das perseguições, das oposições, das prisões, e dos sofrimentos


mantinha-se fiel no seu propósito de servir ao Senhor e testemunhar do Evangelho
da graça de Deus; deixou uma grande lição a ser considerada e que a história
registrou em suas páginas. Pois o chamado ao ministério pastoral envolve
fidelidade àquele que chamou e direcionou a vocação. O registro de 2 Timóteo 4.5
nos dá um bom exemplo do cuidado de Paulo para com a geração futura de
pastores: “Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o
trabalho de evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério”.

É inegável o fato de que você a semelhança de Paulo e Timóteo também


recebeu uma vocação e quer levá-la adiante. Por certo muitos são os desafios que
temos a enfrentar. Rogo a Deus que alimente cotidianamente os nossos corações
com o anseio de cumprir o ministério de modo pleno. A Palavra de Deus é clara
em nos desafiar à uma vida de fidelidade vocacional. O que importa é que
tenhamos em mente que é necessário cumprir a missão recebida e mesmo que
para isso tenhamos que conviver com dificuldades e dissabores. Você e eu somos
convocados para esta imensa obra e temos ao nosso dispor o conforto e o auxílio
de Deus.

Mesmo que lhe ofereçam vantagens mil não abra mão desta investidura
pastoral. Seja um homem apaixonado pela vocação que Deus despertou no seu
coração. Ele é fiel em confirmar as obras das suas mãos. De modo algum aja com
infidelidade. Saiba que a sua tarefa é a mais importante do mundo e não existe
posição ou função neste mundo que a sobrepuje. Lembre-se do ideal paulino que
enseja terminar o percurso com fidelidade e com alegrias. Neste exato momento
creia que Deus está desafiando o irmão a manter-se fiel e cumprir a sua vocação
com alegria.

Querido irmão o ministério pastoral é uma bênção desde que seja exercido de
modo coerente aos ensinos bíblicos. Creio que todos os que aspiram um
ministério bem sucedido. Porém, quero relembrá-lo alguns aspectos importantes
de modo que vivendo estes alvos propostos pela Palavra de Deus você seja um
obreiro abençoado. Um primeiro desafio que a Bíblia lhe apresenta é que você
seja um servo de Jesus Cristo. Sua vida pertence a Deus e deve estar sob o
controle dEle. Lembre-se o pastor é um servo e não o senhor.

Um segundo desafio que a Bíblia lhe apresenta é que você seja um


proclamador. Não abandone esta responsabilidade de pregação e ensino da
Palavra de Deus. Seja um proclamador de Boas-Novas. Confronte a sua vida e a
de seus ouvintes com os ensinos da Bíblia. Um terceiro desafio é que você
mantenha-se fiel à sua vocação. De modo que por nada e por ninguém você
abandone ou negue esta dádiva divina que é o ministério pastoral. De posse
destas orientações eu rogo a Deus que pode meio do seu Espírito Santo lhe
oriente do modo mais adequado a fim de que você viva um ministério abençoado
e feliz para a honra e glória de Deus.

C – Como Pregar de Modo que as Pessoas Ouçam!


O pregador é um comunicador. Pregar é comunicar. Comunicar é falar de modo
que as pessoas ouçam e entendam. Para que cumpramos esta meta é necessário
reconhecer a importância do uso adequado da voz na pregação da Palavra; é
necessário também saber usar bem a comunicação visual ou não verbal. Um outro
aspecto importante é saber usar e tomar cuidados em relação ao uso dos
componentes de comunicação.

I – O Uso Adequado da Voz na Pregação da Palavra

A voz é a possessão mais preciosa que o pregador tem na comunicação do


Evangelho de Jesus Cristo. A voz é o instrumento de trabalho dele e seu principal
veículo de comunicação no púlpito. Algumas autoridades no estudo da voz
humana dizem que apenas cinco pessoas em cem(5%) nascem com boas vozes.
Talvez estas não tenham que lutar muito para tornar a voz eficiente e adequada.
Mas você poder perguntar: é nós que não estamos naqueles cinco por cento?
Felizmente podemos lapidar a nossa voz e torná-la melhor e aceitável e usá-la
com eficiência, se seguirmos certas orientações. Mas para isto é necessário um
estudo sério de nossa parte sobre como estamos utilizando este recurso fabuloso
que Deus nos concedeu.

A voz, que é o canal através do qual levamos a mensagem, é um meio e não


um fim em si mesma. Sabendo disso, o pregador deve precaver-se contra alguns
sérios inimigos, como o orgulho, que o levará a busca de uma voz vaidosa no
púlpito e o desleixo, que fará com que muitos daqueles que vão ouvir a sua
mensagem sejam desestimulados pela descuidada apresentação dos recursos
vocal dele. Vejamos alguns aspectos que nos ajudarão no cultivo de uma boa voz,
para obtermos uma comunicação mais persuasiva das idéias e sentimentos que
Deus nos deu para compartilhar.

1) As características da boa voz: Uma boa voz é expressiva. Notamos com


bastante freqüência que os profissionais que trabalham no rádio especialmente
têm como destaque uma excelente expressão. Suas vozes são os seus cartões de
visita. São reconhecidos onde quer que estejam devido a esta característica. Uma
boa voz demonstra vitalidade, energia, vigor. Os profissionais das rádios FMs,
locutores esportivos revelam estas características e têm cativado ouvintes ao
longo de anos. Uma boa voz tem boa dicção. Isto indica que articula bem as
palavras e fala com clareza. Uma boa voz é agradável. A agradabilidade não tem a
ver somente com a velocidade da fala, mas também com o timbre e a tonalidade.

Uma boa voz é natural. Não tem coisa mais desagradável do que ficar ouvindo
alguém que está usando uma voz forçada. Até porque quando deixamos de usar a
voz no modo natural prejudicamos nosso aparelho da fala. Lembro-me dos
humoristas que criam personagens nos quais utilizam a voz de forma não natural
e que têm sofrido sérios problemas alguns dos quais recebendo até proibição
médica de imitar outras vozes. Uma boa voz tem o volume adequado. Não
podemos gritar nem tão pouco devemos murmurar. É preciso que utilizemos um
volume adequado, especialmente se usamos os recursos da amplificação do som.
Uma boa voz tem clareza e pureza de som. Uma boa voz tem velocidade certa.
Estima-se que esta velocidade seja de 120 a 150 palavras por minuto.

2) Fatores que afetam nossa voz: Nosso estado de saúde pode afetar a voz.
Não estou nem pensado nos estados gripais que geram infecções de garganta e
de faringe. Penso nas enxaquecas, estresses, hipertensão, etc. A saúde deve ser
cuidada de modo que não percamos a capacidade de usar bem a nossa voz. A
nossa posição quando falamos também afeta a voz. Normalmente ao longo dos
anos acumulamos uma série de problemas de postura e estes afetam a voz. Por
exemplo, se você normalmente prega de terno e gravata e não se posiciona bem
ereto a pressão da gravata o incomoda e sua voz sofre afetações. As nossas
emoções afetam a voz. O nervosismo, por exemplo, faz com que fiquemos com a
boca seca e as vezes sofremos desde pequenos engasgos até mesmo uma falta
de voz temporária. O mau uso da voz também prejudica a nossa fala. Gritar ou
pregar num tom acima do nosso normal acabam prejudicando o aparelho da fala
com a famosa rouquidão.

3) Elementos técnicos do uso da voz: quero mencionar dois deles: a) tenha


uma respiração adequada. Este tipo de atividade(a pregação) exige que
respiremos usando o nosso diafragma. O diafragma é um músculo que separa a
cavidade torácica da abdominal. b) Relaxe bem os músculos do aparelho da voz.
O relaxamento muscular como também o alongamento são excelentes exercícios
que devem ser realizados antes e depois da fala. c) Uma dica: marque uma
consulta com um fonoaudiólogo e peça orientações técnicas e específicas sobre a
sua condição pessoal. Procure esta ajuda de modo que além da prevenção de
futuros problemas ele te ajude a explorar melhor e com mais técnica o potencial
que sua voz tem.

4) Sugestões acerca do uso da voz: Não comece o sermão com todo o volume
da voz que for capaz. Varie sua voz quanto ao tom, força e velocidade. Nunca
grite, nem berre em qualquer que seja a circunstância. Evite deixar a voz cair nas
últimas sílabas das orações gramaticais. O tom da sua voz deve ser tão natural
quanto numa conversa. Em vez de elevar a voz, procure projetá-la abrindo bem a
boca, articulando bem as palavras. Aprenda a destacar as palavras importantes
enfatizando-as através de exercícios. De vez em quando ouça a sua própria voz
com atitude crítica. Quando pregar, não fique demasiadamente preocupado com a
voz. Dê atenção exclusiva à sua mensagem. Se utilizar microfone mantenha a
distância adequada. E se for possível teste antes e module o mesmo a freqüência
de sua voz.
II – Mitos e Crendices da Voz31

Tenho observado que, de uma forma geral, as pessoas dão muito crédito aos
mitos e crendices, em todas as áreas. Chega mesmo a ser impressionante como,
de olhos fechados, aceitam isso, sem se preocuparem com o questionamento, e
alguns se envolvem de tal forma que dissuadi-los se torna tarefa penosa. Nos
estudos e abordagens sobre a voz temos considerado muito essas influências.
Nesta área, os mitos e crendices são muito fortes e imperam até mesmo nos
meios ditos mais cultos, civilizados. Consistem em crenças muito comuns que a
maioria das pessoas têm a respeito da voz, do seu emprego, das causas dos
problemas vocais e do tratamento dado a esses distúrbios. O próprio nome indica:
Mitologia Vocal significa um conjunto de considerações infundadas que na sua
essência são incorretas e falsas. Compreende crenças que formam imagens
vocais errôneas e estereótipos, sugerindo abordagens totalmente erradas.

Algumas dessas crenças já estão entre nós há dezenas de anos, e isto


significa dizer que passam de pais para filhos, sempre acrescidas de mais
elementos. Tem sido assim. As modernas técnicas de reabilitação da voz, ou
mesmo a nova oratória, devidamente adaptadas a era da eletrônica, ainda não
foram devidamente assimiladas, e as escolas de formação de profissionais da voz,
de certa forma, ainda fazem “vista grossa”, e aí estão incluídos os professores,
atores, locutores, pastores, jornalistas e afins.

A voz e seus múltiplos usos ainda estão regidos por algumas crenças. Muitos
acreditam que a voz cansada é coisa natural, normal, depois de uso
prolongado(locução, canto) ou mesmo leve uso. Desta forma leva-se a aceitar que
os músculos laríngeos e faríngeos – músculos que produzem a voz – se cansam e
aceitam a rouquidão, o cansaço vocal, as ardências e mesmo a perda parcial da
voz, como algo plenamente normal. Faz-se crer também que o uso excessivo da
voz acarreta problemas vocais como: voz cansada, rouquidão, faringites e até
laringites. Pessoas há que supõem, por falta crença, ter certos seres humanos
nascidos com garganta débil e voz insuficiente e que, por certo, tenderão a ter
sempre transtornos vocais.

Esses elementos não representam a essência da verdade. Crer nisso é passar


por cima do conhecimento científico, das pesquisas e das técnicas vocais. Essas
crenças populares não passam de mito. Isto mesmo: M-I-T-O! Coisa de gente mal
informada. A voz humana, quando bem empregada, não se cansa, não produz
sintomas negativos, nem requer esforços adicionais para falar. Seu uso excessivo,
por si mesmo, não acarreta problemas da voz; o que causa esses problemas é o
uso indevido e não respeito às normas da higiene vocal(aspectos preventivos).
Qualquer circunstância onde a voz é usada abusivamente pode acarretar-lhe
problemas que tenderão a agravar-se com o tempo. A voz bem definida(tom,
entonação, ritmo) pode ser usada durante horas e horas, em jornadas
profissionais, sem prejuízos. Mas é bom atentarmos para o fato de que a saúde
geral do indivíduo também conta. O cansaço físico por si já acarreta o cansaço
vocal. Não se encontra nenhum apoio científico para a idéia de “garganta débil”. É
pura invenção.

Dentre as sugestões populares para “tratamento” da voz, anotei algumas que


aparecem mais freqüentemente em minha experiência clínica diária: a) gargarejo
com folha ou fruta da romã(sabe-se das propriedades anti-inflamatórias que essa
planta possui, mesmo assim limitadas, mas a sua ação é sobre a faringe e jamais
sobre a laringe – onde se situam as cordas vocais). b) tomar mel no leite todos
dias pela manhã, ao acordar(o mel contém variadas vitaminas e outros
componentes que sabidamente atuam no trato digestivo, mas sobre a voz ...
desconhecemos a sua ação). c) tomar chá preto, quente, com uma metade de
limão, e ingeri-lo sem açúcar(o limão é riquíssimo em vitamina C e o chá preto é
digestivo; tomá-los quentes tem como benefício apenas a ação do calor, que é
relaxante e anti-inflamatório. Mas, e a ação sobre a voz? Mais uma vez,
desconhecemos).

d) Vaporizações com folhas de hortelã, massagens com álcool canforado na


garganta, infusões com 7 ervas do mato, tomar complexos vitamínicos em doses
concentradas, gargarejos com vinagre, sal e limão associados.... e outras
barbaridades. A coisa vai por aí. Alguns afirmam que quando isso é feito com fé,
pode dar certo e curar. Será? Entendemos que esses métodos podem até
funcionar como meros paliativos, mas nunca como curativos. Podem ser úteis
durante períodos limitados. O grande problema que eles causam é o
“mascaramento” dos sintomas reais, e podem impedir um diagnóstico preciso e,
consequentemente, um tratamento correto. Eles não eliminam as causas que
podem estar ligadas ao fato de uma vocalização incorreta no uso da voz.

e) Outros mitos consistem em deixar de falar temporariamente ou limitar


sistematicamente o período de falas, trocar as ocupações profissionais, fazer
permanente prática de relaxamento ou meditação(tipo Yoga, meditação
transcendental, regressões psíquicas, etc). Algumas dessas sugestões merecem
um toque de realidade, pois são imaginárias quando aplicáveis á técnica vocal.
Trocar de ocupação profissional para usar menos a voz pode até ser viável, mas
significa fuga do problema maior. Repouso vocal exagerado não é significativo nas
terapias de voz. Tranqüilizantes não devem ser usados por tempo indefinido. E os
relaxamentos, apesar de úteis, não devem ser usados como técnicas
centralizadoras.

f) Há o outro lado, porém, gerado pelos mitos populares quanto à voz. Alguns
crêem que a técnica vocal não pode ajudá-los, dado o adiantado do processo
patológico, ou mesmo acreditam que já nasceram “duros de ouvido”. Outros
dispensam as orientações vocais, porque acham: “Deus me deu excelente voz e
nunca deixou na mão”. Não acreditam(ou não o sabem) que boas vozes se pode
fabricar, desenvolver, aperfeiçoar. E há aqueles que opinam que a terapia vocal é
coisa para pessoas doentes, que estão comprometidas vocalmente... Ou mesmo é
indicada para atores, atrizes, locutores, professores, pastores e profissionais que
necessitam de qualidades estéticas na voz. É certo que concordamos que aqueles
usam a voz(e vivem dela) devem, portanto, valorizá-la. Prevenir é sempre um ato
inteligente.

g) A técnica vocal é aplicável e útil em todos os indivíduos que apresentam


características de anormalidade na voz(sintomas vocais negativos), especialmente
os que necessitam usar com maior intensidade a voz falada. Voz eficiente se
desenvolve, assim como se desenvolve a capacidade de escutar ou cantar vozes
diferentes. Portanto, é mito crer que só se educa a voz para o canto. Há outros
mitos que precisam ser conhecidos e analisados à luz da verdadeira técnica vocal.
h) Hipnotismo. Elimina os problemas vocais em qualquer nível de grau ou lesão.
Segundo os melhores autores da especialidade, a hipnose é útil em transtornos
psíquicos, mas nada há escrito quanto à sua aplicação na área da voz.

i) Falar com lápis ou pedrinhas na boca, para melhorar a articulação. As


recentes descobertas na área de técnica vocal evocam a inteligência, a
capacidade de domínio da percepção, a ponto de fazer o indivíduo perceber-se
falando. Não são inteligentes tais métodos, porque valorizam apenas a boca e
seus componentes, desprezando os demais elementos que interferem diretamente
na produção da voz humana. j) Mais exercícios de leitura, para melhorar o som da
voz. É bem claro que exercícios em voz alta só podem beneficiar. Mas ler em voz
alta para melhorar que qualidades: Entonação? Ritmo? Volume? Timbre? l) Muito
exercício de respiração(qualquer uma). Vocalizes acompanhados pelo piano...
treinar bastante a língua... ter uma biblioteca sobre o assunto.

Acredito que grande parte dessas “terapias” já sejam muito conhecidas.


Acredito, também que pessoas conceituadas(porém curiosas sobre o assunto) já
passaram muitos conselhos sobre o uso da voz. Mas se não coincidem com a
verdadeira técnica vocal, repito: trata-se de MITO. Por último, é útil saber que as
técnicas vocais usadas no canto não devem ser aplicadas à fala, e a aplicada
nesta não deve ser aplicada àquela. Cada especialista em seu lugar, consciente,
coerente e sobretudo honesto. Desta forma, é útil caracterizar cada problema e
procurar o especialista ideal para o caso. Assim, creio os dias dos mitos e
crendices estarão contados.

III – A Comunicação Visual: A Comunicação Através do Corpo

E importante registrar que as pessoas não somente nos ouvem mas também
nos observam. Aliás observam muito mais do que nós imaginamos e podemos
explorar essa curiosidade natural usando também uma boa comunicação não
verbal. “O pregador precisa comunicar com o corpo todo, através dos gestos, da
própria postura ou posição do corpo enquanto prega, da expressão facial, do
contato com os olhos”32; e qualquer tipo de afetação, ou hábito inconsciente que
possa prejudicar a comunicação deve ser evitado. A linguagem verbal e a
linguagem corporal podem e devem trabalhar juntas para criar impressões
positivas e não negativas. Vejamos algumas dicas para melhorar a comunicação.

1) Os gestos do pregador = precisamos reconhecer que são importantes e


aprender a usá-los nos momentos certos. É impossível estabelecer regras para
todos os indivíduos pois cada um tema sua maneira singular de ser. A mensagem
é que deve ser vista através dos gestos. Pense por exemplo nos deficientes
auditivos que são capazes de entender tudo o que você fala se houver em sua
pregação alguém que seja capaz de simultaneamente traduzir o que você fala a
linguagem de sinais que usa basicamente o movimento das mãos e expressões
faciais.

a) Vantagens no uso dos gestos = os gestos ajudam a atrair a atenção dos


ouvintes. Sou casado com uma descendente de italianos você já observou como
os italianos falam com as mãos? Como gesticulam enquanto conversam! Mas
essa não é uma característica particular deles pois outras pessoas também agem
assim. Assim cremos que os gestos ajudam a atrair a atenção dos nossos
ouvintes. Os gestos ajudam o pregador a vencer a tensão. Cada um de nós que
compartilha com freqüência a Palavra de Deus sabe bem deste detalhe que é ficar
tenso ao pregar especialmente se estamos num auditório ou ambiente
desconhecido, fato que gera uma expectativa maior e entre ficar congelado e
gesticular a segunda escolha é mais útil.

Os gestos ajudam a intensificar as emoções do pregador. Experimentamos as


mais diferentes emoções ao compartilhar as tremendas verdades e realidades da
Palavra de Senhor. E se de fato somos impactados pela mensagem que estamos
compartilhando é natural que estas emoções sejam transmitidas também através
de gestos. Você já viu uma criança pedir um brinquedo sem estender a mão e
apontar para ele? Os gestos ajudam no fortalecimento dos argumentos que
estamos transmitindo. Se você está falando por exemplo, de servir ao Senhor de
todo o coração é natural que você junte as duas mãos traga-as até o peito na
altura do coração como quem quer retirá-lo e depois estenda-as para frente como
quem está entregando o coração a Jesus.

b) Observações acerca dos gestos = os nossos gestos não devem ser


exagerados quanto ao tipo e freqüência de movimento. O problema com a
repetição do mesmo gesto é que ele pode tornar-se um elemento de afetação na
comunicação e que pode desconcentrar nossos ouvintes ao ponto de não ouvirem
o que estamos ensinando com a linguagem verbal. Os nossos gestos não devem
ser grotescos, feios ou obscenos. Além de serem ofensivos e desagradáveis
gestos desta natureza só prejudicarão o processo de comunicação. Os gestos
precisam ser coerentes com a fala. Esta é uma tarefa que exige atenção e
pesquisa do pregador. Devemos unir o que está sendo expresso através do corpo
com o que estamos falando.
Os nossos gestos devem ser naturais e nunca artificiais. Isto vale para tudo o
que fazemos na vida e no processo de comunicação. Assim como a voz os gestos
também devem ser naturais. Não adianta você copiar gestos de outros pregadores
porque você gostou do impacto que eles produziram no auditório ou até mesmo
em você. Até porque sua comunidade já conhece, devido ao convívio cotidiano, a
maioria dos gestos que você utiliza e saberá se você está gesticulando com
naturalidade ou não. Ao gesticular devemos aprender a usar o corpo todo como
também variar os gestos. Um bom recurso para observar o seu desempenho na
comunicação através do corpo é gravar em vídeo os cultos onde você tem
pregado e depois assista e anote os gestos, a freqüência e a variação.

c) Gestos básicos = uso do indicador – significa advertência, repreensão,


condenação. Quantas vezes ao pregar a Palavra esta adverte, repreende,
condena? Então estas são excelentes oportunidades para usar o indicador e os
gestos característicos de quem repreende, condena, adverte. Mão fechada –
significa advertência feita de forma forte e dramática. Do mesmo modo creio que
existem várias oportunidades para gesticular assim durante mensagem. Mão
aberta para baixo – significa emoções negativas, rejeição. Mão aberta para cima –
significa um apelo, pedido, chamamento. Mão aberta para o lado - significa quase
todos os sentimentos.

d) Níveis de gesticulação = os gestos do plano superior usam as parte do peito


para cima. Os gestos do plano médio usam as parte entre o peito e a cintura. Os
gestos do plano inferior usam as partes da cintura para baixo. Por que a
gesticulação não é o que deveria ser? Porque usamos idéias de segunda mão e
que não têm vida. Porque estamos cansados. Porque nos falta um preparo
necessário, seja homilético, seja espiritual. Porque as vezes somos tímidos
demais e temos vergonha de usar os gestos. Porque não cremos que as pessoas
entenderão melhor o que estamos compartilhando se usarmos os gestos
corretamente em nossas mensagens.

2) A postura do pregador = caro amigo de ministério nós dizemos muito pelo


jeito como nos posicionamos e como agimos antes mesmo de abrirmos nossas
bocas. O modo como levantamos, caminhamos, a posição que assumimos ao
falar é tão comunicativo quanto a convicção com que proclamamos. As primeiras
impressões já foram comunicadas antes mesmo das primeiras palavras serem
enunciadas. E por incrível que pareça alguns ouvintes já decidiram se vão nos
ouvir de fato ou não. Você crê que isso ocorre? Independente do que você pensa
sobre isso que dizer que ocorre com muita mais freqüência do que nos
imaginamos.

a) O primeiro desafio: caminhar para o púlpito = seja na igreja onde o irmão é


o pastor ou nos ambientes onde for convidado a pregar você sempre enfrenta este
desafio. Seja seguro ao caminhar é bem provável que você já esteja sendo
observado desde este momento. Olhe antes para o trajeto que você tem de fazer
até a plataforma a fim de evitar acidentes. Tome cuidados em relação a cabos de
microfones esticados pelo piso, tapetes, degraus, piso escorregadio, caixas de
retorno colocadas geralmente no piso, elementos decorativos como vasos,
pequenas jardineiras, etc. Não demonstre insegurança ou medo ao caminhar.
Lembre você é apenas o pregador convidado e não um criminoso que está sendo
levado para a forca.

b) O segundo desafio: sentar-se na plataforma = mantenha-se numa posição


ereta, mas sem estar muito rígido. Mantenha os dois pés no chão pelo menos a
maior parte do tempo pois assim você descansa as pernas e facilita a circulação
sangüínea. É muito comum uma pessoa que esteve sentada durante um bom
tempo numa posição inadequada ter dificuldades e dormência nas pernas ao
levantar-se abruptamente para pregar. Lembre-se que você também está
cultuando e evite as conversas no púlpito pois elas indicam irreverência. Seja um
participante interessado em tudo o que se passa no culto.

Não demostre sinais de ansiedade e tensão como ficar esfregando as


mãos(no calor) e evite a tentação de beber aquele copo de água que geralmente é
colocado no púlpito antes mesmo de começar a falar. Se você não estiver orando
não adianta nada ficar de cabeça baixa e olhos fechados durante os momentos
que antecedem à sua fala. Aliás, creio que você deve orar sim, mas antes de estar
na plataforma. Aproveite estes momentos para estabelecer um contato visual com
os seus futuros ouvintes. Procure olhar para cada local específico do auditório,
para a nave, a galeria e também o coro.

c) O terceiro desafio: o púlpito = procure caminhar até o púlpito com


naturalidade. Evite correr ou andar devagar demais. Não seja relaxado e nem aja
com nervosismo. Evite agir como aquela famosa ave emplumada também
conhecida como pavão que deixa sempre a impressão de altivez e orgulho. Tome
o lugar com calma e naturalidade dê uma pausa antes de começar a falar. Olhe
bem para o auditório. Agradeça a igreja e ao pastor pelo convite e pela
oportunidade e jamais prometa algo que você não vai cumprir como, por exemplo:
fiquem tranqüilos prometo que vou ser breve!

d) O quarto desafio: o que fazer enquanto pregamos? = mantenha o seu corpo


numa posição ereta e natural, pois dependendo do tempo em que você fala o
cansaço por ficar de pé será logo um companheiro. Equilibre o peso do seu corpo
sobre os dois pés e procure alternar colocando um pé um pouco atrás do outro e
mantenha as pernas entreabertas. Não deixe os joelhos muito rígidos porque isto
aumenta a tensão do corpo. Os ombros e a cabeça também precisam estar
posicionados de modo natural. Você pode ligeiramente apoiar uma das mãos no
púlpito, mas evite debruçar-se sobre ele. Se não estiver usando o púlpito
movimente-se para os lados como quem caminha devagar.
e) Erros na postura = quero mencionar alguns erros indicados pelo Dr. Jerry
Stanley Key:

1. Aquele que parece um goleiro, com muito espaço entre


as pernas.
2. Aquele que é muito rígido e parece um soldado
prestando continência ou aguardando a inspeção do
comandante.
3. Aquele que parece ser um lutador de boxe, com as
mãos fechadas e girando os braços no ar.
4. Aquele que demonstra estar muito tenso e está sempre
mexendo com alguma coisa, como a Bíblia ou a
gravata, ou coloca a mão dentro do bolso.
5. Aquele que balança enquanto prega.
6. Aquele que parece que vai voar.
7. Aquele que está sempre batendo a Bíblia no púlpito.
8. Aquele que cai sobre o púlpito(desengonçado).
9. Aquele que é semelhante a um tigre na jaula.33

3) A expressão facial = “A alegria embeleza o rosto, mas a tristeza deixa a


pessoa abatida”(Provérbios 15.13). A fisionomia é o espelho interior do ser
humano. Quando temos a possibilidade de olhar bem nos olhos de uma pessoa
dificilmente ela consegue esconder alguma coisa de nós. O rosto e suas
expressões mostram nossas emoções e o nosso estado físico. As conclusões de
uma pesquisa revelam que quando alguém comunica, apenas 7% da totalidade da
comunicação é feito por palavras, enquanto 38% é pelo uso da voz, com sua
expressividade e tonalidade, e 55% é através da fisionomia. A fisionomia e a
linguagem corporal são fundamentais na comunicação do Evangelho.

Você pode até não concordar com esses dados pesquisados e eu infelizmente
não consegui a fonte. Mas uma coisa nós bem sabemos é que a expressão facial
é um ingrediente que nos ajuda tanto quando falamos quanto quando ouvimos
alguém falar. Hoje, por exemplo, nos telejornais há uma preocupação na
construção de cenários ou stúdios cada vez mais sofisticados mas um detalhe
continua recebendo atenção central os rostos dos apresentadores são
enquadrados e as expressões são destacadas. Todo trabalho de direção,
produção, maquiagem, iluminação giram em torno do objetivo que transmitir além
da notícia também a emoção: seja alegria da vitória, a dor de uma perda, ou a
indignação de uma injustiça.

Vale salientar que existem alguns extremos que precisamos evitar nesta tarefa
de comunicar também com as expressões faciais como, por exemplo, não
demonstrar qualquer emoção. O pregador pode estar falando sobre a mais
profunda tristeza ou alegria, mas a fisionomia não expressa nada. Não
corresponder na fisionomia ao que se está comunicando. Um exemplo disso pode
ser alguém que está pregando sobre sofrimento, dor, aflição, ou mesmo o inferno,
mas com um sorriso idiota. Você e eu precisamos estudar um pouco mais esta
questão e um bom exercício é pregar o sermão ou parte dele de frente a um
espelho para que percebamos as expressões que fazemos quando tocamos em
alguns assuntos.

Eis algumas sugestões: não franza a testa nem coloque no rosto uma
expressão severa e rígida demais. Não fique fazendo caretas. Não fique sempre
sorrindo(mas não se esqueça do valor de um sorriso quando é bem natural e
oportuno). Seja natural em todas as suas expressões faciais. Procure ter
expressões faciais oportunas, de acordo com o conteúdo da mensagem que está
comunicando. Procure variar a expressão facial. Esboce um sorriso de vez em
quando, pois é muito agradável. Uma outra questão é que a maioria de nossas
expressões faciais são inconscientes e nem sempre notamos isso. Agora eu sei
porque minha mãe, em minha infância, sabia quando eu estava mentindo. Estava
estampado em meu rosto um sim mesmo quando eu dizia não e vice-versa.

4) O contato com os olhos = É claro que os olhos fazem parte do conjunto do


rosto. Mas eles são fundamentais na comunicação e o contato com os olhos é um
item essencial na pregação do sermão. Os olhos demonstram as emoções e não
só quando eles estão lacrimejando. Eles brilham, dilatam, revelam interesse e
atenção, concordam, discordam. Quantas vezes o seu pai falou tudo o que queria
somente através de um olhar penetrante? E você entendeu o recado
especialmente quando era uma reprovação de suas atitudes. Através dos olhos
podemos perceber quando há rejeição ou condenação, quando há resistência ou
rebeldia, quando há reprovação ou aceitação.

Assim os nossos olhos devem fazer constantemente contatos: a) com a


Bíblia(no caso de estarmos usando uma). Segure a Bíblia em uma das mãos a
fazer a leitura e assim mantenha também um contato visual com a congregação.
b) olhe para os seus ouvintes e estabeleça um bom contato. Este contato deve ser
intenso e direto, segurando a atenção dos ouvintes. c) olhe para o esboço se você
utiliza este recurso. Lembre-se de olhar para as diferentes partes do auditório e
não fique olhando para o foro, os lustres, as colunas, os instrumentos musicais.
Você está falando a pessoas e as pessoas quando conversam gostam de olhar e
serem olhadas.

5) Afetações ou maus hábitos = as afetações na pregação são alguns maus


costumes que, muitas vezes inconscientes, precisam ser descobertas e corrigidas.
Eis alguns exemplos: fechar os lábios ou ficar mordendo-os. Lamber os lábios ou
ficar colocando a língua para fora da boca enquanto está falando. Fechar os olhos
enquanto fala ou ficar parecendo um pisca-pisca de natal. Ficar abrindo a Bíblia ou
o cantor enquanto fala. Mexer na gravata ou anéis enquanto fala. Ficar colocando
a mão nos bolsos do paletó. Ficar mexendo com as chaves e ou canetas enquanto
fala. Ficar colocando e tirando o óculos do rosto enquanto fala, etc..

6) Conclusões = Devemos nos tornar cientes daquilo que fazemos com o


corpo enquanto pregamos, utilizando da melhor forma possível a gesticulação, a
posição, a expressão facial, e contato com olhos. Qualquer gesto, posição,
expressão facial, ou olhar que chame a atenção para si mesmo deve ser corrigido
e evitado, pois torna-se um obstáculo na comunicação e interfere com aquilo que
se está querendo dizer. Qualquer gesto, posição, expressão facial, ou olhar que
nos cause constrangimento ou embaraço, ou nos torne mais inseguros, ansiosos,
ou acanhados, deve ser eliminado.

IV – Cuidados Com os Componentes de Comunicação

Se procurarmos, como devemos, estudar mais acerca do processo de


comunicação descobriremos um sem número de temas e subtemas que merecem
nossa atenção. No então pensando na comunicação nos templos e auditórios que
normalmente usamos quero destacar alguns componentes que podem ajudar ou
atrapalhar o processo da transmissão do Evangelho. Minha sugestão é que você
ao identificar estas dificuldades em sua igreja e ministério tome as devidas
providências para vencê-las e assim tenha um ambiente físico e técnico propício
para a fala e a compreensão das Escrituras.

a) Acústica , ruídos, retorno, auditório = Você precisa ter uma avaliação clara do
potencial acústico do local onde você prega. Minha sugestão é que você convide
uma empresa especializada em sonorização de igrejas para que lhe ajude nesta
tarefa de avaliação acústica. Nós temos transitado entre dois problemas graves
em relação à acústica. Templos mal projetados e que tem péssima qualidade
acústica onde os curiosos tentam compensar esta deficiência estrutural
promovendo uma verdadeira poluição sonora. Gasta-se mais do que o necessário
e a qualidade do som continua terrível. Templos bem projetados mas que com o
crescimento das cidades e da poluição sonora precisam de ajustes como
revestimentos acústicos e algumas alterações simples que rendem em excelente
resultado.

Você precisa proteger-se em relação aos ruídos externos. Um exemplo disso é


nosso templo que fica numa pequena ladeira onde sobem e descem ônibus e
caminhões. Em frente ao nosso templo estão os pontos de ônibus e já até sei os
horários que eles passam. No momento em que ônibus e caminhões estão
subindo lentamente a ladeira não tenho outra alternativa a não ser fazer uma
pequena pausa na fala. Algumas igrejas têm resolvido este problema com um
isolamento acústico mas esta medida exige uma outra que a refrigeração e a
ventilação do ambiente. Não seja curioso convide um engenheiro capacitado
nestas áreas para orientá-lo nas alterações necessárias.

Ao promover uma melhora na sonorização ambiente procure ter uma caixa de


retorno bem próxima para que você ouça a sua própria voz e tenha o controle do
volume. Leve em consideração a disposição de seu auditório e lembre-se que
todos precisam ouvir. Ao avaliar algumas igrejas por onde tenho pregado saio com
a suspeita de que somente os 5 primeiros bancos a minha frente ouviram o que
falei. Pois a sonorização privilegiava que estava mais próximo. Sonorize os
diversos setores como galeria, hall, as laterais, a frente e o fundo do salão. Cada
detalhe deve ser observado e as providências não podem ser adiadas.

b) O uso dos microfones = este é um problema que traz dificuldades terríveis


para o pregador. Minha sugestão é que você tenha um canal só para o microfone
do púlpito. Assim em conversa com os operadores de som estabeleça uma
regulagem que melhor se adeqüe a sua voz. Se for usar microfones sem fio ou de
lapela tome os cuidados específicos. Nunca grite ao usar o microfone, pois ele
existe exatamente para amplificar o som de sua voz. Geralmente ocorrem as
microfonias ora por falhas na operação, ora por falhas no uso, ou por causa de
equipamentos de péssima qualidade. Equipamentos na área de sonorização não
são muito baratos, mas são extremamente úteis.

c) A iluminação do ambiente = você acha que as pessoas vêem o seu rosto


quando você prega? Eu desconfio que não porque via de regra, as nossas igrejas
são mal iluminadas. Na opinião do Dr. Rick Warren “a iluminação tem um efeito
profundo no humor das pessoas. Uma iluminação inadequada põe para baixo o
espírito do culto. Sombras no rosto do pregador fazem com que o impacto da
mensagem seja reduzido”34. Você perceberá as mudanças à medida em que a
iluminação de fato começar a revelar os rostos, as emoções, os detalhes. Um
prédio bem iluminado cria uma boa expectativa no seu ouvinte assim como um
ambiente mal iluminado pode até deprimi-lo.

d) O uso dos recursos audiovisuais = usar ou não os recursos audiovisuais


como: banners, telões, projetores, retroprojetores, vídeo, datashow, informática
não é só uma questão de recursos financeiros. É antes uma questão de
reconhecer que a comunicação do Evangelho pode ser feita com mais eficácia e
propriedade. Imagine que ao invés de gastar alguns minutos tentando descrever a
fome, a miséria e a violência nós podemos criar um impacto muito maior em
poucos segundos usando uma imagem projetada ou num vídeo. Por outro lado, é
necessário coerência porque se você fala a um auditório de 50 pessoas não
precisa usar um telão. Mas também não adiantaria muita coisa usar um vídeo
numa televisão de 20 polegadas se você estiver pregando num ginásio para 3 mil
pessoas.
Capítulo 3

O Que é um Sermão Monólogo

A – Definindo o Sermão Monólogo

Um monólogo é uma forma simples de drama que apela a todas as idades.


Assim um sermão monólogo é aquele sermão onde o pregador lança mão deste
recurso de interpretação para comunicar a mensagem da Palavra de Deus. Nele
o pregador fala na primeira pessoa, como se fosse o personagem bíblico que está
sendo focalizado, compartilhando assim os seus pensamentos e sentimentos
diante de determinado assunto ou situação. O sermão monólogo pode
interpretado com o sem o figurino de época que ajuda na composição do
personagem. Eu particularmente prefiro usar as vestes típicas pois este recurso
mantém os ouvintes/expectadores bem interessados e atentos.

B – Aspectos Técnicos do Sermão Monólogo

Tecnicamente podemos dizer que um sermão monólogo é um sermão textual.


Os sermões textuais são aqueles derivados diretamente do texto. Muito embora,
seja possível pregar sermões monólogos onde usamos os recursos da inferência,
ou seja, temas e falas que não estejam explícitos na narrativa mas que fazem
parte da experiência e dos resultados na vida do personagem em destaque. Num
sermão textual as divisões correspondem de modo mais perfeito às frases das
cláusulas textuais. Existem basicamente três variedades destes sermões textuais:
os que discutem as próprias frases dos textos com divisões; os que discutem
tópicos que derivam diretamente das frases do texto, e os que apresentam
divisões que são inferências das frases textuais.

1) Sermões monólogos que utilizam as próprias frases do texto e delas


extraem a suas divisões = este tipo é de grande utilidade, porque trata de
interpretar as frases textuais do modo mais completo. O sermão torna-se assim
uma obra divina, expressão da mente de Deus, testemunho do Espírito Santo. O
sucesso em analisar bem o texto dirige o sucesso no uso do sermão textual. Para
conseguir analisar bem o texto é necessário estudar as suas frases, a sua
significação histórica, o seu espírito à luz do contexto original. É necessário
habilidade especial para formular bem o esboço do sermão monólogo textual. As
próprias palavras textuais devem ser empregadas como divisões, sempre que for
possível. Neste tipo de sermão o pregador deve tomar o cuidado em formular as
divisões de modo que sejam naturais.

2) Sermões monólogos cujos tópicos derivam diretamente das frases do texto =


assim estes sermões textuais de tópicos tem divisões que correspondem às frases
textuais mas não são expressas nas palavras do texto. O assunto é derivado do
texto e pode ser apresentado formalmente ou não, conforme o desejo do
pregador. Este tipo de sermão serve para variar o caráter das pregações e ser
original na descoberta do esqueleto do texto. Nota-se que as divisões deste tipo
de sermão são expressas nas palavras do pregador como as do sermão de
tópicos, mas o modo de tratar as divisões ou de interpretá-las é como no sermão
textual simples.

3) Sermões monólogos cujas divisões são deduzidas pelo raciocínio acerca


das frases textuais = quem sabe argumentar pode empregar este tipo de discurso
com bons resultados. Esse tipo de sermão não é muito usado, porque é uma
forma difícil e poucos são os que podem empregá-lo com êxito. Sendo ao mesmo
tempo analítico, sintético, argumentativo e retórico, é tipo raro, que, quando usado
por pregador hábil e bem preparado, torna-se elevado e distinto. Lembro-me de
um monólogo que preguei baseado na vida do dono da estalagem que negou
lugar para José e Maria. Usei as informações culturais e religiosas disponíveis à
época e apresentei as razões porque ele negou lugar.

C – Diferenças Entre o Sermão Biográfico e o Sermão Monólogo

Muitos há que confundem o sermão biográfico com o sermão monólogo. Mas


há uma diferença fundamental entre estes dois tipos de sermão. Enquanto no
sermão biográfico você fala na terceira pessoa, ou seja você fala do
personagem(ex. Abraão foi um homem que abriu mão das melhores terras diante
do impasse com os pastores de Ló); no sermão monólogo você fala na primeira
pessoa, ou seja você é o personagem(ex. Eu abri mão das melhores terras
quando houve um impasse entre os meus pastores e os pastores do meu sobrinho
Ló).

No entanto tudo aquilo que utilizamos para a confecção do sermão biográfico


é muito útil no processo de composição do sermão monólogo. Assim como há
grande riqueza de material bíblico para os sermões biográficos também existe
para os monólogos. O segredo é considerar a vidas destes personagens bíblicos,
ou até mesmo uma faceta de suas vidas, e destacar as lições práticas para as
nossas vidas. É fundamental trazer o personagem e as lições para a nosso século
e aplicarmos à situação contemporânea. O destaque e o ponto de relevância é
que os personagens bíblicos foram pessoas como nós e muitas vezes enfrentaram
situações semelhantes àquelas que enfrentamos.

Penso que antes mesmo de começar a pregar sermões monólogos você


deveria pregar mais sermões biográficos. Veja algumas das vantagens que este
tipo de sermão possui segundo o Dr. Jerry Key:

1. Há abundância de material, uma fonte inesgotável para esses sermões.


Existem 2930 personagens bíblicos diferentes. 30 ou mais homens com o
nome Zacarias; 20 com o de Natã; 15 com o de Jônatas. Cerca de 400 dos
personagens servem como base para sermões, sendo 250 deles maiores e
150 menores.
2. O sermão biográfico, uma vez que aprendemos fazê-lo, é o tipo mais fácil
de pregar. Capta a atenção do povo, apela à imaginação, traz o auditório
dentro do púlpito com mais facilidade.
3. O sermão biográfico está de acordo com a vida de hoje. O que se diz a
respeito de Pedro, Jacó, Lucas, Jonas, etc., tem a sua aplicação para o
bancário, comerciante, pedreiro, estudante, etc. É atual.
4. O sermão biográfico é lembrado mais facilmente pelos ouvintes, que
guardarão por muito tempo as experiências dos personagens.
5. O sermão biográfico dá vida à Bíblia, que é um livro rico em material
biográfico.
6. O sermão biográfico tem uma atração especial para o povo. Todos nós
gostamos de histórias envolvendo outras pessoas.
7. Há um campo aberto para que o pregador desenvolva a imaginação e o
método dramático através da pregação de sermões biográficos. O pastor
deve usar sua imaginação e devemos descobrir melhor como desenvolver
a nossa imaginação. E também o sermão biográfico apela para a
imaginação do ouvinte que quer ser usado por Deus tornar-se uma pessoa
semelhante ao personagem focalizado no sermão.
8. A pregação de sermões biográficos é audiovisual, cria imagens na mente
dos ouvintes. E mais ainda quando alguém já tem um conhecimento sobre
o assunto ou o personagem.
9. As doutrinas teológicas mas abstratas e ensinos éticos podem ser
apresentados à luz de um personagem bíblico. Exemplos: justificação =
Abraão ; pureza = José ; oração = Daniel ; amor = Bom Samaritano, etc.
10. Através da pregação do sermão biográfico somos ajudados na procura de
bom material ilustrativo pois o sermão biográfico é uma ilustração em si.
11. É mais fácil variar o programa de pregação quando usamos 1 ou 2 sermões
biográficos por mês. Devemos usar tanto os personagens maiores quanto
os menores.
12. A pregação de sermões biográficos ajuda o pastor no seu próprio estudo da
Palavra de Deus e ajuda os seus sermões a serem bastante bíblicos.
13. Na preparação de um determinado sermão biográfico o pastor encontrará
muito material para outros sermões que podem ser pregados no futuro.
14. O sermão biográfico pode trazer muitas novidades sobre a vida dos
personagens e tem a tendência de ter mais vida, mesmo que a história seja
conhecida.
15. O sermão biográfico faz com que seja possível aproximar-se indiretamente
de problemas e situações difíceis da Igreja, que, se fossem atacados
frontalmente, talvez ofenderia a muitas pessoas.
16. O sermão biográfico é especialmente apropriado para ocasiões especiais.
17. O sermão biográfico tem muito valor na informação, identificação e
inspiração. Quando pregamos assim estamos seguindo o padrão divino
porque Deus assim o fez na Sua revelação, ou seja, através de
personagens.35

Capítulo 4

Vantagens e Desvantagens do Sermão Monólogo

A – Vantagens na Pregação do Sermão Monólogo

1) Esse é um método novo ou pouco usado e desperta um novo interesse na


pregação por parte do povo = participo de uma lista de discussão entre pastores
espalhados por todo o mundo e recentemente recebi um pedido de um colega que
me perguntava o que ele deveria fazer para despertar o interesse de sua
comunidade durante o tempo em que estiver pregando. Não tiver dúvidas ao
sugerir que ele experimentasse pregar um sermão monólogo. Lembro-me da
primeira vez que preguei um sermão monólogo em nossa igreja. Você deveriam
estar lá para sentir o que é falar durante 16 minutos e ter todo o auditório atento e
interessado em cada fala em cada movimento. Seu povo anda meio
desinteressado? Que tal fazer um teste?

2) O sermão monólogo alcança todos os grupos, faixas etárias, níveis culturais


e sociais = bem sabemos que as nossas comunidades são diversificadas e que o
auditório que temos periodicamente diante de nós também. Assim pregar uma
mensagem para um grupo heterogêneo exige uma linguagem que alcance a todos
pois todos precisam aprender e compreender a mensagem da Palavra de Deus.
Por outro lado, entendo, que o teatro nos dá essa linguagem universal e que por
intermédio do recurso do monólogo um sermão pode deixar o plano da
formalidade e alcançar os indivíduos atraídos cada um por seus níveis de
interesse, de modo que todos assimilem os valores e conceitos que Deus
apresente através de sua Palavra.

3) O sermão monólogo é um excelente atrativo para os convidados não crentes


virem aos nossos cultos = nós já estamos até acostumados com a monotonia de
alguns cultos. Mas será que os não crentes suportariam 30, 40 ou até 60 minutos
de uma fala monótona? Eu e você sabemos que o pregador sem a unção do
Espírito Santo mesmo como o melhor performance teatral não conseguirá nem
atenção quem dirá a transformação dos seus ouvintes. Tenho um amigo que diz
que os pastores são os maiores responsáveis pela segunda visita de um não
crente a igreja. O que falamos e especialmente como comunicamos tem extrema
relevância. Que tal trocar um sermão monótono por um dinâmico, criativo e
produtivo sermão monólogo?

4) O sermão monólogo ajuda o próprio pregador a ter um novo entusiasmo na


transmissão do Evangelho = ei amigo você anda meio desanimado em
relação a preparação pregação de sermões? Não percebe muito interesse
nos seus ouvintes? As pessoas saem, conversam, cochilam enquanto
você prega? Nem você agüentaria ouvir os seus próprios sermões? Acho
que está na hora de você fazer alguma coisa. Saia neste fim de semana e
vá a um teatro. Preste bastante atenção em como o ator dá vida a um
texto que necessariamente não tem nada a ver com ele. Perceba como
ele vai cativar a sua atenção e despertar suas emoções. Você pode fazer
o mesmo, no sentido de através deste recurso falar das verdades mais
estupendas com a vivacidade que a interpretação pode produzir.

5) O sermão monólogo tem um forte apelo através do elemento de testemunho


pessoal e desafio de uma experiência que podemos chamar de comovedora. Os
sermões clássicos e as técnicas de oratória são importantes e têm o seu lugar.
Mas creio que num contexto cultural como o nosso descer do pedestal e caminhar
junto ao povo seja através da linguagem ou até mesmo da confrontação de
realidades e emoções é uma necessidade urgente. Precisamos com urgência
testemunhar e apresentar a Palavra Eterna de Deus para o povo brasileiro. Este
povo emotivo, saudosista, fortemente influenciado pela telenovela e pelo drama
pode ser impactado pela mensagem do Evangelho através de nossa
instrumentalidade.

B – Desvantagens na Pregação do Sermão Monólogo

1) Uma primeira desvantagem é a tentação de transformar a pregação em


simples dramatização teatral = muito embora utilizemos alguns recursos do teatro.
Não se trata de interpretar um texto e aplicá-lo a um povo num determinado
contexto ou situação. Eu e você continuaremos a proclamar as verdades que
cremos e que vivemos. Senão perderemos a credibilidade e o Senhor não agirá
através de nossas vidas nem sustentará a proclamação que fizermos. Não se trata
de ficção, fantasia ou novela o que temos a proclamar são as verdades eternas
que Deus espera que sejam usadas para confrontar a sociedade à nossa volta.
2) Uma segunda desvantagem é a tentação de que é mais fácil preparar este
tipo de sermão = puro engano pensar desta forma. Este tipo de sermão é
extremamente difícil no seu preparo, como veremos mais a seguir, e
especialmente na sua apresentação. Penso que os pregadores que estão atrás de
facilidades no ministério da pregação não deveriam usar o recurso do sermão
monólogo.

3) Uma terceira desvantagem é a tentação de basear o sermão em material


extra-bíblico ou aquele encontrado na “tradição” = lembre o sermão monólogo não
é uma obra de ficção. Ao usar este recurso devemos nos deter no texto bíblico e
lançar mão das informações e princípios fundamentados na Palavra de Deus que
é Eterna. Como dizem: “cuidado para você não viajar na maionese!”

C – Como Vencer Estas Objeções

a) Muitos pastores não sabem como preparar e pregar sermões monólogos =


talvez a falha esteja no processo de ensino teológico, onde os professores não
sejam capazes ou não tenham interesse de ensinar este tipo de sermão. Creio
que eu seja um dos poucos pregadores no Brasil que utilize o sermão monólogo
como um recurso na pregação. Incluí este assunto na lista referida anteriormente
e não recebi nenhuma mensagem de retorno até agora. Aliás este é o objetivo
deste livro ajudá-lo a pelo menos conhecer um pouco mais sobre o sermão
monólogo e quem sabe começar a utilizar este método.

b) Não podemos ter medo de experimentar = a preocupação em demasia com


o que os outros vão dizer ou pensar tem impedido muitos dos que me ouvem e
assistem pregar sermões monólogos de iniciar. As vezes um colega sente que a
sua comunidade precisa de uma experiência nova na pregação e ao invés de
pregar um sermão monólogo, pega o telefone ou usa o email e convida alguém
que sabe pregar sermões monólogos.

c) Precisamos pregar sem depender de esboços e anotações = talvez essa seja


a maior dificuldade apresentada pelos colegas quando conversamos sobre a
possibilidade de pregarem sermões monólogos. Como é que vou pregar sem o
esboço ou o sermão escrito? Eu sei da utilidade dos esboços e dos manuscritos
por outro lado sei da liberdade e da mobilidade que pregar livre de anotações
produz em nossa tarefa. O sermão monólogo exige memorização e segurança no
conteúdo. Você deve escrever seu esboço e manuscrito e memorizá-lo a fim de
que ao entrar em cena fale com desenvoltura e segurança. Seu sermão precisa de
uma ordem lógica e as pessoas precisam de uma direção.
Capítulo 5

Passos na Preparação dos Sermões Monólogos

A – Um Roteiro Básico

1) Faça a escolha do personagem a ser focalizado na mensagem = Existem


diversos personagens que você pode escolher no universo da Palavra de Deus. A
questão é qual personagem será mais relevante para a mensagem que você vai
pregar? Acredito que algumas dicas podem ser apresentadas como: a) Escolha
um personagem onde a passagem bíblica possua unidade de pensamento. Este
critério é fundamental para que a pregação faça sentido ao ouvinte e facilite a
argumentação de quem prega. b) Procure saber o tempo que você terá disponível.
Quantos minutos você terá para pregar? Este é um detalhe que faz diferença e
você não deve cortar a mensagem no púlpito. É necessário ter ciência de quanto
tempo teremos para que a escolha seja compatível. c) O motivo ou a ênfase do
culto. Parece natural para algumas pessoas escolherem o que nós devemos
pregar. E como alguns cultos têm as suas ênfases especiais(natal, aniversários,
casamentos, etc) faz-se necessário considerar este detalhe.

2) Estude todo material histórico sobre o personagem = Uma vez escolhido o


personagem seja cuidadoso em estudar tudo o que a Bíblia registra sobre ele.
Tome cuidado para não confundir os personagens homônimos e seja um exímio
conhecedor dos detalhes de sua vida. Se for possível leia livros que falem da vida
do personagem. Procure fazer um pequeno esboço da história pessoal do seu
personagem. Em suas anotações preliminares, destaque os fatos mais relevantes
na vida do personagem. O que você gostou ou não nas suas atitudes? O que
Deus fez por ele? Como ele chegou a tomar as suas decisões? Quais foram as
pessoas envolvidas na vida do personagem? Ele é o protagonista da passagem
ou um coadjuvante que a cena bíblica registra? O seu comportamento nos ensina
o que sobre o caráter de Deus? A sua obediência ou desobediência trouxe que
conseqüências para a sua vida e a de seu povo? Que fatores contribuíram na
formação do seu caráter? Onde este personagem se aplica a vida
contemporânea? Lembre-se de pesquisar usando o binômio causas e efeitos.

3) Procure descobrir a idéia central a ser focalizada na mensagem = Existem


idéias ou temas secundários? Qual é a idéia central? O seu monólogo terá mais
propriedade, abrangência e alcançará melhor o seu ouvinte na medida em que
refletir em suas bases a verdade(ou as verdades) central do texto bíblico utilizado.
Você precisa escolher a idéia central e permanecer fiel ao contexto. Por outro
lado, não deixe de verificar se a sua interpretação ou qualquer inferência que você
faça são realmente fiéis ao significado e a boa interpretação do mesmo. Você
pode olhar um personagem a partir de diferentes ângulos conforme nos ensina Dr.
Jerry Key citando Whitesell:

1. Uma análise da vida toda do personagem(Jonas).


2. Uma análise temática(falar sobre o avivamento de Jonas em Nínive).
3. Uma análise do caráter do personagem. Uma pessoa é composta de muitas
qualidades(falar sobre Sansão e suas contradições – virtudes e defeitos).
4. Uma análise da carreira do personagem. Dividir a vida em etapas(José:
período de sonhos; período de prisões; período de realizações).
5. Uma análise das atividades do personagem(Barnabé: amigo simpático;
missionário, homem liberal, etc).
6. Uma análise de locais significativos na vida do personagem(Moisés,
homem de três montanhas).
7. Uma análise do personagem pelas crises que passou(Ester: racial, religiosa
e pessoal).
8. Uma análise de parentescos.
9. Uma análise da contribuição que alguém deixou pela passagem nesta vida.
10. Uma análise da grandeza do personagem(João Batista).
11. Uma análise do galardão do personagem(Rute: redenção, refúgio,
descanso, renome).
12. Uma análise por perspectivas diferentes(Jesus visto pelos pais, por
Herodes, pelos pastores, pelos sábios, pelos inimigos, por Satanás, etc).
13. Uma análise de um grupo de personagens(Ananias e Safira).
14. Uma análise das lições encontradas ma vida do personagem(O ladrão
penitente: salvação sem obra; salvação sem ordenanças ou sacramentos;
uma salvação eterna, indo ao Paraíso logo depois da morte sem passar
pelo Purgatório!).
15. Uma análise da característica principal do personagem (Estevão: uma
testemunha fiel).
16. Uma análise do evento chave na vida do personagem (Elias no monte
Carmelo).
17. Uma análise do texto chave sobre a vida do personagem (Barnabé – Atos
11.24 – homem bom, caracterizado pela fé, e cheio do Espírito Santo).
18. Uma análise de uma idéia única(Os erros de Moisés).
19. Um comparação e/ou contraste entre duas vidas(Abraão e Ló).
20. Uma análise psicológica(Noé ou José e a vitória sobre as circunstâncias).
21. Uma análise do personagem através de uma série de mensagens.36

4) Ponha a sua imaginação para funcionar = Imaginação é uma habilidade que


precisamos utilizar na composição e apresentação de sermões monólogos. Não
seja um indivíduo que viva somente no campo da imaginação porque o sermão
monólogo não é uma obra de ficção. Apesar de ser possível fazer um monólogo
que utilize o recurso da inferência, ou seja, colocar na fala do personagem aquilo
que o texto não diz e que não cria nenhum conceito teológico novo nem fira a
integridade da Palavra de Deus. Um exemplo disso você poderá ver no capítulo
que apresenta alguns exemplos quando o dono da estalagem apresenta as
“razões” porque não deu lugar a José, Maria e o menino que haveria de nascer.

5) Aplique as experiências do personagem a nossa época = Aplicação é parte


fundamental de qualquer tipo de sermão e não seria diferente nos sermões
monólogos. Lembre-se você não prega para distrair as pessoas. O seu objetivo
deve ser o de transformar vidas e as aplicações devem ser uma constante em
seus sermões. Cada argumento, tópico ou afirmação de seu sermão deve ter
conexão com o di-a-dia de seus ouvintes e não deixe de aplicar as verdades
eternas da Palavra de Deus. Um sermão sem aplicação é como uma comida muito
cheirosa, atraente mas sem sabor. Permita que os seus ouvintes saibam como
colocar em prática os ensinos proclamados.

6) Prepare cuidadosamente o ambiente do culto = Neste tipo de sermão é bem


provável que alguns irmãos mais radicais sintam-se incomodados particularmente
quando o púlpito é retirado da plataforma para que haja mais espaço para a
movimentação do pregador. Se for possível anuncie antecipadamente o que vai
acontecer e especialmente se você for utilizar os trajes típicos. Verifique se a sua
iluminação na área da plataforma é suficiente para que as luzes do salão sejam
apagadas. Se houver essa possibilidade utilize este recurso da iluminação. Se em
sua igreja você possui uma iluminação própria para peças teatrais peça ao
iluminador que estude o seu monólogo e que crie uma iluminação específica para
a sua mensagem.

Verifique se a acústica de sua igreja é boa ou se será necessário o uso de


microfones. Se for necessário o uso de microfone sugiro um microfone sem fio e
de lapela pois ele dará maior mobilidade e você poderá fazer uso dos recursos da
comunicação através de gestos. Existem igrejas que possuem microfones
ambientes que são muito úteis. Evite o microfone com pedestal pois ele criará uma
tremenda limitação nos seus movimentos. Se você for usar qualquer outro recurso
que utilize outras pessoas não se esqueça de combinar com elas
antecipadamente o que vai ser feito. Um exemplo pode ser alguém que deverá ler
uma passagem bíblica referente a vida do personagem

O ideal neste tipo de mensagem é pregar sem o uso de esboços ou


anotações. Caso você tenha dificuldades em pregar sem notas sugiro que você
use o expediente de preparar um esboço com as idéias maiores e coloque preso
ao chão especialmente se a sua plataforma estiver num plano superior ao
auditório. Se for necessário conferir alguma idéia é só dar uma ligeira olhada para
o chão. Lembro-me de uma vez que precisei escrever todo o monólogo e não
estava me sentindo bem para pregar sem anotações. Fiz uma espécie de
pergaminho(comum à época do personagem) onde estavam todas as minhas
informações necessárias e durante a introdução disse ao auditório que havia
preparado cuidadosamente alguns dados para compartilhar com eles.

7) O uso dos trajes típicos = Pessoalmente eu prefiro pregar os sermões


monólogos utilizando o recurso do figurino. Nem todos os pregadores se sentirão
à vontade ao pregarem usando trajes típicos. Mas a questão mais relevante para
mim é que o uso de um bom figurino cria um efeito visual que faz com que o
ouvinte esteja mais atento e isso favorece o processo de comunicação. Pesquise
hábitos, costumes, trajes e utensílios característicos do seu personagem e mãos à
obra. Uma vez que você decida utilizar os trajes típicos deve entrar somente na
hora em que for pregar. Pois se você ficar sentado na plataforma vestido com o
seu figurino vai chamar muito a atenção e pode trazer algum prejuízo ao culto.

B – Onde Encontrar Material Para a Elaboração dos Sermões Monólogos

1) Leia todas as passagens da Bíblia, utilizando as várias traduções,


verificando as passagens paralelas = É claro que estamos falando de todas as
passagens bíblicas que falem do personagem. Procure por detalhes e enfoques
que possam passar despercebidos. Falava certa vez com um grande pregador
que me disse que um dos segredos da boa mensagem é usar aqueles textos que
todos conhecem e neles destacar algo que ainda não havia sido observado.
Ponha os óculos da curiosidade ou as lentes da pesquisa e cave o seu texto como
quem procura um tesouro. Hoje nós temos os recursos fantásticos das diferentes
traduções e paráfrases que podemos utilizar neste processo inicial da preparação.
Este serviço de leitura e comparação pode ser feito com muita agilidade se você
possuí algum software com textos bíblicos que permitam buscas.

2) Dicionários Bíblicos = Os dicionários bíblicos facilitam o processo de


compreensão sobre os significados teológicos e também culturais de algumas
passagens ou palavras. Eles são bons aliados nesta etapa de levantamento de
informações sobre o personagem, sua época e dependendo da qualidade dos
dicionários poderão trazer uma vasta ajuda. Não tenha pressa nem seja
preguiçoso. O trabalho é duro mas a recompensa vale a pena todo o esforço
empreendido.

3) Comentários bíblicos sobre as passagens, especialmente livros que trazem


a exegese mais completa possível = Muitos mestres da homilética abominam os
comentários bíblicos no processo de preparação de mensagem. Reconheço que
eles podem criar no pregador uma certa preguiça e desinteresse pelo estudo do
texto bíblico, especialmente no aspecto hermenêutico. Creio o pregador pode
utilizar sim os comentários bíblicos especialmente aqueles de boa estrutura
exegética que podem ser úteis na compreensão de algum detalhe que deixamos
escapar em nossas pesquisas anteriores do texto bíblico.

4) Verifique os livros biográficos sobre personagens bíblicos = Grandes


autores como Charles Swindoll tem nos abençoado com suas obras biográficas e
elas devem ser usadas também no processo de pesquisa e composição dos
sermões monólogos. Por exemplo, se alguém deseja preparar um monólogo sobre
Davi não deve deixar de consultar o livro “Davi um homem segundo o coração de
Deus”37. As obras biográficas são riquíssimas em pesquisas e aplicações para o
nosso dia-a-dia e nos darão com certeza muitas idéias sobre outros personagens
que tiveram relação com o personagem principal desta obras.

5) Verifique os livros de histórias bíblicas para as crianças = Nem todos os


pregadores tiveram o privilégio de nascer num lar cristão ou de freqüentar uma
igreja desde a tenra infância. Assim pode ser que desconheçam a capacidade dos
recursos didáticos que são utilizados nos departamentos infantis. Quanta riqueza,
quantos recursos, quantas idéias. Nosso filho tem pouco mais de quatro anos e
minha esposa e eu nos revezamos noite após noite contando as histórias bíblicas
e morais para ele antes de dormir. Como esta tarefa doméstica de ensinar a
Palavra de Deus me ajuda na hora de preparar e pregar sermões monólogos. Os
livros de histórias bíblicas dão um toque de drama ou aventura e nos ajudam
também na composição de figurino.

6) Pesquise nos materiais usados na EBFs = Nas Escolas Bíblicas de Férias


temos outros recursos importantíssimos. Estas atividades de férias têm como alvo
primordial alcançar crianças não crentes e seus pais além de reunir as nossas
crianças. Assim utiliza-se material que atrai o indivíduo que ainda não tem muitas
informações sobre a Bíblia. Minha sugestão é que você dê uma olhada também
nestas ferramentas. Quem sabe participe da próxima EBF que sua igreja realizar e
assim poderá ter uma visão mais abrangente de como o uso de recursos
audiovisuais em suas mensagens é extremamente necessário.

C – Idéias e Personagens que Podem ser Usados nos Sermões Monólogos

1. Do sexo masculino = muitos personagens podem ser utilizados eis alguns:


Noé, Moisés, Natã, Isaías, Daniel, Nicodemos, o Filho Pródigo, O Bom
Samaritano, O homem que foi socorrido pelo bom samaritano, Zaqueu, O
menino dos pães e peixes, Tomé, o carcereiro de Filipos, O gadareno,
Barrabás, Paulo, Caim, Barnabé, etc.

2. Do sexo feminino = Eva, Sara, Rebeca, Raquel, Ana, Rute, Ester, Miriam,
Débora, Ana, a mãe de Samuel, Maria Madalena, a mulher samaritana, a
viúva pobre, etc.

As idéias são tantas quantas o Espírito Santo desejar esclarecer em sua mente
e coração. Você pode falar por exemplo de jovens famosos e suas virtudes e
relacionamento com Deus(José, Samuel, Davi, Daniel, Jesus, Timóteo). Você
pode abordar as grandes conversões do Novo Testamento(o gadareno, a mulher
samaritana, Mateus, Zaqueu, o ladrão na cruz, Saulo). Você pode falar daqueles
que rejeitaram a Cristo(Herodes, Pilatos, Judas, O jovem rico). Você pode falar de
personagens que são bons exemplos dos fracassos modernos(Saul, Sansão,
Caim, Jezabel).

D – Passos na Preparação do Sermão Monólogo


1) Selecionando o personagem e estudando a passagem bíblica central = Uma
vez escolhido o personagem agora a etapa e estudar a passagem bíblica que
melhor registre o conteúdo ou conceito que você deseja pregar. Como geralmente
os sermões monólogos são expositivos e textuais você deve estudar
exaustivamente o texto de que se ocupara o sermão isto é possível se:

a) Observarmos detalhadamente o contexto = os aspectos históricos que


envolvem a passagem ou livro. O contexto determina o porquê e o para que? Para
quem foram escritas ou ditas tais palavras. O contexto nos dá uma clara
compreensão da cosmovisão do autor e nos permite fazer paralelos mais seguros.

b) Adentrarmos nos pormenores gramaticais do texto = isto pode ser feito


tanto por aqueles que têm acesso ás línguas originais quanto por aqueles que não
as conhece mas que pode fazer o mesmo trabalho gramatical em sua própria
língua e usar as várias ferramentas auxiliares como: dicionários, concordâncias,
gramáticas, léxicos, estudos de palavras e comentários

c) Descobrirmos o texto = quero dar um exemplo baseado em 2 Timóteo 3.10-


17.

1. Frases Substantivadas 2. Frases Verbais

vs sujeito objeto

10 Tu porém

(tu) tens observado

minha a doutrina

(meu) procedimento

(minha) intenção

(minha) fé

(minha) longanimidade

(meu) amor

(minha) perseverança
11 (minhas) as perseguições

(minhas) aflições

(eu) quais as que sofri

(eu) Antioquia/Icônio/Listra

(eu) quantas perseguições suportei

e de todas

me Senhor livrou

12 na verdade

todos os que querem

(todos) piamente viver

Cristo Jesus em

(todos) perseguições padecerão

13 homens mas os

(homens) maus/impostores

(homens) mal/pior irão

(homens) enganados enganando

14 Tu porém

(tu) permanece

(tu) naquilo que aprendeste

(tu) e de que fostes inteirado


quem de sabendo

(quem) o tens aprendido

15 (tu) desde a infância

(tu) sagradas letras sabes

(tu) que/sábio fazer(te)

para a salvação

Cristo Jesus pela fé que há

16 Toda Escritura é

(toda) divinamente inspirada

(toda) proveitosa para ensinar

(toda) para repreender

(toda) para corrigir

(toda) para justiça instruir

17 para que

Deus o homem de

(o homem) perfeito seja

(homem) perfeitamente preparado

(homem) para boa obra

3. Substantivos mais repetidos:


a) Perseguições = apresenta inicialmente as suas pessoais e depois fala que
todo aquele que estiver disposto a viver em Cristo, sofrerá perseguições. b) Fé = a
observação da sua fé pessoal, como exemplo e o depósito da fé em Cristo são
essenciais para salvação.

4. Verbos mais repetidos:

Perseverança(2); aprendeste(2); sabendo(2); ensinar; repreender; corrigir;


instruir. Não há um destaque para um verbo principal. No entanto, o conjunto das
ênfases dadas, mostram a necessidade de aprendizado e firmeza na salvação em
Cristo.

5. Assunto:

a. Bases para a firmeza.


b. As perseguições e a perseverança na vida cristã.
c. A fé como fonte do aprendizado cristão para a vida.

6. Tema:

a. Bases para a firmeza dos jovens.


b. Perseguição e firmeza na vida cristã.

d) Pesquisarmos o tema = Uma vez que já temos os assuntos podemos partir


para a redação de um tema mesmo que seja provisório. A seguir é necessário
escolher o versículo chave. Em nosso caso “e que desde a infância sabes as
sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé em Cristo
Jesus”. O desenvolvimento do tema nos permite dizer que: a firmeza vem desde o
princípio da fé cristã; a Bíblia oferece alimento para os que desejam ser firmes; e a
firmeza depende da fé.

e. Confeccionarmos uma proposição = Uma proposição precisa ser


construída. Os nossos dados levantados até aqui sugerem que: o texto
apresenta causas e efeitos da perseguição cristã; Paulo mostra-se como
exemplo daqueles que desejam seguir a fé e serem perseguidos; e desafia
a perseverança nas coisas aprendidas desde o início da fé cristã. É preciso
que busquemos uma palavra chave aqui entendemos que esta palavra é
“perseverança”. O substantivo mais destacado é “perseguições” e assim
podemos construir nossa frase de transição como também a tese além de
destacar a idéia central do texto escolhido. Assim podemos enumerá-las:

Tese: O fruto das perseguições na vida cristã é a perseverança na fé em Cristo.

Idéia Central: O texto mostra que a perseguição e perseverança andam juntas.

Frase de Transição: As bases para a firmeza na vida cristã são...

f) Compreendermos o significado das palavras = Parece desnecessário falar


desta matéria. Mas fica cada vez mais latente o desconhecimento de palavras que
tenham significados teológicos. Mas gostaria de desafiar os colegas a pelo menos
darem uma boa estudada no significado semântico das palavras. Veja o exemplo:

1. Principais Palavras 2.Significado

10 observado olhar atento

doutrina fundamento, razão

11 perseguições aflições, angústias

livrou solto, liberto

12 viver piamente sincera, profundamente

padecerão sofrer, sentir dor

13 impostores mentirosos

enganando trapaceando
14 permanece ficar firme, estar sempre

inteirado sabedor, conhecedor

15 infância meninice

sábio conhecedor, entendido

16 inspirada dada por Deus

ensinar oferecer, inculcar

17 perfeito puro, sem erro

preparado pronto, apto

3. Aplicação do versículo:

10 – A conseqüência de atitudes práticas na vida de Paulo parte de sua doutrina.

11 – Não há nenhuma perseguição que não possa ser vencida no Senhor.

12 – A vida cristã profunda implica em sentir dor. A vida superficial não.

13 – Quem mente e engana, nem sempre leva a melhor, acaba sendo enganado
também.

14 – Só se pode estar firme nas verdades conhecidas da Palavra de Deus.

15 – O caminho da ignorância à sabedoria requer fé em Cristo.

16 – A Palavra que nos é ensinada não vem de homens, mas de Deus que a
inspirou.

17 – A Palavra não apenas nos dá sabedoria mas nos torna prontos para a obra e
não aceita pecado.

4. Aplicação para a minha vida:


10 – A doutrina deve ser a base da minha vida, e não a minha prática base da
minha doutrina.

11 – Se tenho em sentido preso por perseguições é porque não estou usando a


liberdade divina.

12 – Se não tenho sentido a dor do Evangelho é porque estou vivendo


superficialmente.

13 – Se penso que apenas posso enganar: engano. Também serei enganado.

14 – A firmeza na minha vida pressupõe conteúdo da Palavra e vivência dela.

15 – Qualquer sabedoria adquirida será passageira, se não estiver fundamentada


em Cristo.

16 – Depois de aprendida, a Escritura pode também repreender e corrigir o curso


de minha vida.

17 – Fazer a obra de Deus, sem as instruções de Deus é construir um prédio sem


olhar a planta.

2) Descobrindo a idéia exegética e formulando a idéia homilética = Para que


você caminhe do texto para o sermão é necessário conhecer os cinco “P” da
pregação sugeridos por Wilkinson: a) Povo: toda Escritura é divinamente
inspirada, mas nem toda a Escritura e contextualmente relevante. b) Palavra:
todas e cada das necessidades do povo de Deus são tratadas pela Palavra de
Deus. c) Princípios: cada tema possuí vários textos e cada textos possui vários
temas. d) Persuasão: o auditório deve saber como o princípio funciona e crer que
ele é exeqüível. e) Prática: a Palavra de Deus nos foi dada para a nossa
transformação e não apenas para a nossa informação.

a. Descubra e analise a idéia exegética = Nem sempre é fácil descobrir as


idéias de um texto. Esta é uma tarefa importante pois extrairemos os
elementos a serem aplicados na exposição da Palavra. Eis algumas
sugestões de como alcançar isso denominadas de “perguntas de
desenvolvimento”: 1) O que quer dizer isto? = assim você descobrirá os
pensamentos primários do autor. Agindo desta maneira você se coloca na
posição dos ouvintes originais e também de seu auditório e avalia como
esta passagem impactaria as pessoas a quem ela será exposta. O objetivo
desta pergunta é explorar a explicação do texto. 2) É verdade? = teste a
validez de sua passagem. Se você puder crer no que diz a passagem isso
facilitará a sua argumentação e aumentará a sua convicção ao proclamar
os seus conceitos correlatos.

3) Que diferença faz? = desta forma você poderá medir e avaliar de que
maneira e onde este princípio bíblico poderá aplicar-se à sua vida e a de seus
ouvintes. Nesta pergunta é possível explorar as aplicações e implicações do texto.
Quanto ao propósito teológico do texto são necessárias as seguintes perguntas: a)
Há no texto quaisquer indicação de propósito, comentários editoriais, ou
declarações interpretativas feitas acerca de eventos? b) São feitos julgamentos
teológicos no texto? c) Esta história é dada como exemplo ou advertência? Se for
assim, de que maneira? Este incidente é uma regra ou uma exceção? Quais
limitações devem ser postas sobre elas?

d) Por que o Espírito Santo inclui nas Escrituras esta narrativa? Qual foi a
situação ambiental de comunicação em que a Palavra veio originalmente? Que
detalhes e particularidades os homens e mulheres modernos têm a ver com os
ouvintes originais? Como podemos identificar-nos com os homens e mulheres
bíblicos enquanto escutavam a Palavra de Deus e correspondiam ou deixavam de
corresponder – na situação deles? Que discernimentos adicionais adquirimos
acerca das maneiras de Deus lidar com o seu povo através da revelação
adicional? Quando entendo uma verdade eterna ou um princípio orientador, que
aplicações específicas e práticas tem para mim e para os meus ouvintes?

e) Estas conclusões estão corretas? Tais perguntas podem ser declaradas de


um outro modo de modo que deixe emergir outras questões? Determinei todos os
princípios teológicos que devem ser considerados? Que peso atribuo a cada
princípio? A teologia que defendo é verdadeiramente bíblica, derivada da exegese
disciplinada e da interpretação fiel das passagens bíblicas? Isto é o que o texto diz
ou o que eu gostaria que ele falasse?

b. Estude bem a idéia exegética e declare-a na sentença mais exata e


memorável possível = isto deve ser feito considerando tanto a Bíblia como
os seus ouvintes. A idéia homilética emerge depois de um estudo intensivo
da passagem bíblica e da análise extensiva de seu auditório, obter essa
idéia e declará-la de modo criativo é o passo mais difícil no preparo do
sermão. Deixo aqui uma sugestão em três tempos para ajudá-lo na
obtenção de idéias e princípios:

1. Faça sempre uma paráfrase do versículo:


10 – Você que tem estado atento a doutrina que sigo, minha forma de agir, aquilo
que pretendo fazer, aquilo em que eu creio, minha paciência, amor, persistência...

11 – A forma como sou perseguido e tenho sofrido em Antioquia, Icônio, Listra;


sofri muitas perseguições e o Senhor me soltou de todas.

12 – Prestem atenção, todos aqueles que desejam viver de verdade em cristo, vão
sofrer muitas perseguições.

13 – Mas os homens mentirosos e enganadores, vão de mal a pior, mentindo e


sendo passados para trás.

14 – Você no entanto, fique firme nas coisas que você aprendeu, olhando para
quem você aprendeu.

15 – Desde a sua meninice você conhece as Escrituras Sagradas, que podem te


levar à sabedoria, para a salvação pela fé em Cristo.

16 – Toda Escritura é dada por Deus e boa para ensinar, para chamar à atenção,
para corrigir, e para mostrar a verdade.

17 – Para aquele que segue a Deus seja puro e esteja completamente pronto para
fazer a obra de Deus.

2. Descreva a idéia central da paráfrase em forma de princípio:

10 – A maneira de agir de um cristão deve ser fundamentada em sua doutrina. Ela


deve ser observada também a partir do bom exemplo.

11 – A maneira cristã de agir pode levá-lo a ser perseguido por outras pessoas. No
entanto, não há perseguição que não seja superada, desde que a doutrina
seguida seja a do Senhor Jesus.

12 – Uma doutrina pode até ser escondida para que não haja perseguição. No
entanto, assumir a vida de Cristo é algo que não pode ser escondido.

13 - A mentira e o engano vai e volta para quem mente e engana. Este é um jogo
de bate e rebate.

14 – Quando se aprende a fé cristã de Cristo ou de um fiel seguidor dele torna-se


um exemplo a ser seguido sempre.
15 – O crescimento no conhecimento das Escrituras leva à sabedoria. Neste ponto
o homem está maduro para a salvação pela fé.

16 – Só existe um tipo de Escritura infalível. Só ela pode atuar na vida de uma


pessoa desde o ensino até a repreensão, mostrando verdades.

17 – Aquilo que faz o homem de Deus completo para fazer a sua obra é vencer as
perseguições e o inimigo com base na Palavra de Deus.

3) As cinco perguntas chave para a elaboração de um sermão monólogo


expositivo são: a) qual o tema geral do texto? b) qual é o tema específico do
texto? c) o que o texto diz sobre o tema específico?(divisões) d) que substantivo
plural agrupa todos os itens a respeito de um mesmo tema específico?(palavra-
chave) e) que verdade teológica universal resume os itens do tema específico?
(tese)

3) Determinando e atingindo o propósito do sermão e fazendo o seu esboço =


Por que você prega um sermão? Qual é o seu propósito? O propósito(objetivo)
declara aquilo que esperamos que aconteça com o ouvinte como resultado da
pregação bíblica. Propósito é o mesmo que objetivo e nós já vimos anteriormente
sobre os objetivos gerais agora observaremos algumas informações sobre os
objetivos específicos. Deixe-me dar um exemplo de propósito específico: “Levar o
meu ouvinte a basear o seu pastorado nos ensinos bíblicos do serviço, da
proclamação e da fidelidade vocacional de modo que seja abençoado”(Atos 20.17-
27).

Minha sugestão é que você considere a tabela de Roy B. Zuck que o ajudará a
declarar os objetivos de seus sermões nas dimensões do cognitivo e do afetivo.
Os verbos a serem usados dependerão do objetivo ou alvo:

Conhecimento Compreensão Atitude Habilidade

alistar discriminar fazer interpretar

declarar diferenciar desenvolver aplicar

enumerar comparar confiar internalizar

recitar contrastar apreciar produzir

relembrar classificar ser sensível utilizar


escrever selecionar dedicar-se estudar

identificar escolher entusiasmar praticar

memorizar separar simpatizar solucionar

conhecer avaliar encarar experimentar

pesquisar encarar planejar explicar

delinear examinar satisfazer comunicar

examinar compreender ajudar em

definir refletir sobre orar acerca de

ter consciência discernir

familiarizar-se cogitar

descrever compreender

reconhecer descobrir

Pense sobre a idéia homilética e pergunte-se a si mesmo como esta idéia deve
ser tratada para cumprir o seu propósito. O que deve ser feito com esta idéia para
atingir o propósito? Que formato o seu sermão assumirá? Os sermões monólogos
podem assumir várias formas como segue:

1) Uma idéia a ser explicada = acontece assim quando o pregador deseja que
sua congregação entenda uma doutrina da Bíblia. Uma verdade corretamente
compreendida leva consigo a sua aplicação. A idéia é apresentada na introdução e
os a explicação desenvolve-se nos pontos do sermão.

2) Uma proposição a ser comprovada = nem sempre as idéias precisam ser


explicadas, as vezes elas precisam ser comprovadas. Quando este for o caso, a
idéia aparecerá na introdução, mas como uma proposição que o pregador
defenderá. Os pontos do sermão são as provas daquela proposição.
3) Um princípio a ser aplicado = neste tipo de sermão o expositor delineia um
princípio bíblico ou na sua introdução ou no seu primeiro ponto principal, e no
restante da sua mensagem explora as implicações do princípio e as aplica à
experiência diária dos seus ouvintes.

4) Um assunto a ser completado = neste estilo apresenta-se somente o assunto


na introdução, e não a idéia inteira, e os pontos principais completam o assunto.
Esta maneira de pregar é a mais comum entre os pregadores.

5) Uma história a ser contada = os sermões também comunicam idéias se o


expositor conta uma história bíblica com compreensão e imaginação. Cabem
neste estilo os sermões monólogos, diálogos e biográficos.

6) Outras formas que os sermões assumem = os sermões se desenvolvem


também do modo indutivo, dedutivo ou através de uma combinação dos dois. No
indutivo a introdução apresenta apenas o primeiro ponto do sermão, depois, com
uma transição forte, cada ponto novo forma um elo com o ponto anterior até que a
idéia emerja na conclusão. No dedutivo a idéia aparece como parte da introdução
e o corpo a explica, comprova ou aplica.

7) E o nosso esboço de 2 Coríntios 3.10-17? Eis como ele pode ser concebido:

Bases Para a Firmeza dos Crentes

Tese: O texto mostra que para ser cristão existe um preço a ser pago, e isto só
acontecerá com firmeza na Palavra de Deus.

Frase de Transição: As bases para a firmeza dos crentes são....

Introdução:

I – A DOUTRINA DE CRISTO EM SUA VIDA

II – NUNCA SE DESVIAR DO ALVO

III – CONHECIMENTO DA PALAVRA DE DEUS

Conclusão:

4) Preenchendo o esboço do sermão e preparando a introdução e a conclusão


= se um esboço mostra ao pregador o relacionamento das idéias do sermão
monólogo. E se ele também ajuda a perceber com um relance quais as idéias são
superiores, subordinadas e coordenadas. Como estão preencher este
esboço(esqueleto) com as matérias de apoio que explicam, comprovam ou
amplificam os pontos(a pele, os músculos)? No desdobramento do sermão
monólogo o pregador pode usar uma série de matérias de apoio.

1) Use as Matérias de Apoio = pois elas serão úteis para esclarecer, amplificar,
comprovar ou aplicar suas idéias e torná-las atraentes e compreensíveis aos seus
ouvintes. Eis algumas de tantas que você pode usar:

a) Reformulação e a argumentação = a reformulação emprega o princípio da


redundância para declarar uma idéia “noutras palavras”. Ela obtém clareza pois os
ouvintes devem captar o que é dito quando o dizemos. Ela impressiona a verdade
sobre o ouvinte(aliás a didática usa a reformulação como importante princípio no
processo ensino-aprendizagem). Ela é diferente da repetição. O argumento deve
ser usado pelo pregador para convencer os incrédulos e fortalecer os crentes na
fé. Existe uma variedade de argumentos que podem ser usados na pregação de
sermões monólogos: a relação causa e efeito, efeito e causa, o testemunho, a
analogia, a dedução e a indução. Shepard afirma que “não se deve tentar provar
uma coisa sem se saber se é possível prová-la. A premissa maior deve ser íntegra
e admitida por todos. O argumento deve estar ao alcance da inteligência dos
ouvintes”38.

b) A explicação e a definição = uma definição estabelece limites. Delineia


aquilo que deve ser incluído e excluído por um termo ou declaração. “O pregador
não deve deixar de explicar bem as passagens mal compreendidas ou obscuras.
Até muitas passagens que parecem bastante claras não são bem compreendidas..
é boa regra explicar todos os textos usados na pregação”39A explicação também
define fronteiras, mas pode fazer isto por meio de amplificar a questão de como as
idéias se relacionam entre si, ou de que uma idéia subentende. Tanto o uso de
definições como das explicações devem considerar o auditório para que haja
condições de entendimento daquilo que estamos querendo comunicar. Ao
preparar seus monólogos você pode aproveitar estes recursos para definir e ou
explicar melhor o significado das palavras-chave nas línguas originais e assim
tornar mais relevante a atuação de seu personagem.

c) Informações fatuais = os fatos consistem em observações, exemplos,


estatísticas e outros dados que podem ser averiguados independentemente do
pregador. Os fatos não somente ajudam o ouvinte a entender, como também
granjeiam respeito ao pregador. Ao usar qualquer informação fatual certifique-se
de que é genuína para que a sua palavra não seja uma opinião pessoal. Mesmo
na composição de um sermão monólogo que apresente um personagem bíblico
você pode lançar mãos dos fatos dados que a Bíblia apresenta e até mesmo
aqueles que a História universal registra e que sejam contemporâneos do
personagem.

d) Citações = introduzimos citações para apoiar ou expandir um argumento


por duas razões: a impressividade e a autoridade. Isto porque reconhecemos que
outra pessoa declarou a idéia mais eficazmente do que nós. Isto fazemos também
por uma questão de ética. Isto fazemos para termos mais autoridade. Isto fazemos
porque o auditório teria mais probabilidade de aceitar a avaliação de quem
citamos. As citações devem ser usadas com sabedoria para não criar embaraço à
comunicação. No caso do sermão monólogo use citações de outros textos bíblicos
que o seu personagem tenha conhecido. Lembre-se que os autores do Novo
Testamento não sempre usavam as Escrituras(AT) citando-as para fortalecer seus
argumentos.

e) A narração = a narração pode providenciar um pano de fundo num sermão ao


preencher a respectiva parte histórica, cenário, ou personalidades. “A narração
tem caráter peculiar na pregação. O pregador narra como orador, e a sua narração
trata principalmente de história bíblica. O narrador deve subordinar sua narração
ao objeto de seu discurso, a convicção ou persuasão que deseja produzir”40. A
narração se reveste de energia quando os verbos e substantivos pintam quadros
em nossas mentes. Às vezes um ponto de vista diferente acrescenta novidade a
um relato freqüentemente contado. A narração importa em comunicar com a
imaginação, e a imaginação reflete as introspeções de fé. Lembro-me até hoje de
um pregador em minha infância que pregou sobre a crucificação usando este
recurso ele me fez ouvir o som das gotas de sangue de Jesus ao tocarem o chão.
A narração é meio-irmã da interpretação. Num sermão monólogo você deve usar
este recurso sem nenhuma economia.

f) Ilustrações = geralmente os sermões comunicam idéias abstratas e se não


forem explicadas em termos concretos ficará muito difícil se fazer entendido por
aqueles que nos ouvem. Na opinião de Blackwood existem pelo menos quatro
motivos para o uso das ilustrações: o interesse humano, a clareza, a beleza e o
complemento41. As ilustrações são estas janelas que nos permitem ligar o
raciocínio abstrato a vida concreta. Uma ilustração, como a imagem da televisão,
deixa claro aquilo que o pregador está explicando. As ilustrações servem ao
pregador e a sua congregação de outras maneiras: ajudam a memória, despertam
a emoção, criam necessidades, seguram a atenção, estabelecem harmonia entre
o pregador e o auditório. Ao usar ilustrações nos sermões monólogos, tome
cuidado com a questão temporal. Dê preferência para aquelas ilustrações que
sejam possíveis à época de seu personagem e que tenham relevância e aplicação
aos seus ouvintes.

2) Prepare-se para a confecção da introdução e da conclusão do seu sermão =


as introduções e as conclusões têm relevância num sermão além da proporção de
sua duração. Você já deve ter lido e estudado muitas informações sobre a
introdução e a conclusão de sermões e creio que elas são úteis para a confecção
dos sermões monólogos também. Lembre-se tecnicamente um sermão monólogo
é aquele onde o pregador fala na primeira pessoa do singular, ou seja, ele vive a
história ele é o personagem. Assim este tipo de sermão requer alguns cuidados
especiais tanto na conclusão quanto na introdução. Gostaria de ajudá-lo nesta
etapa gastando um pouco mais de tempo e trabalhando melhor nestes recursos.
a) O objetivo da introdução = além de preparar a mente dos ouvintes para
receber a mensagem e o pregador a introdução também prepara o ouvinte para
compreender o assunto. Ela segundo Dr. Key tem as seguintes finalidades: 1)
Deve despertar a atenção dos ouvintes e provocar interesse no sermão. 2. Deve
preparar o ouvinte para que possa entender e apreciar o tema tratado no sermão.
3) Deve captar a simpatia dos ouvintes. 4) Deve começar com algo relevante à
vida dos ouvintes, e ligar esta idéia ao tema e ao texto da mensagem42. No seu
capítulo entitulado A Arte da Introdução Blackwood diz que o pregador deve
chamar a atenção, assegurar a boa vontade, e preparar para dirigir e isto logo nos
dois primeiros minutos43.

Uma boa introdução possui algumas características indispensáveis e os


autores não divergem muito quanto a esta questão e você com certeza encontrará
entre as opiniões que uma boa introdução: deve ser direta ao assunto; deve ser
breve e proporcional; deve ser interessante e criativa; deve ser simples e clara no
seu estilo e conteúdo; deve ser oportuna para a ocasião e situação; deve ser
cortês e amigável. Devemos evitar o improviso e assim preparar com
antecedência uma boa introdução que seja funcional preparando-os para o corpo
da mensagem e suas idéias fundamentais que precisamos compartilhar. Lembre-
se que a introdução é apenas o início de seu sermão e deve ter esta característica
e função.

Um pregador pode lançar mão de diversas fontes para construir uma boa
introdução além de ter a possibilidade de variar bem os modelos evitando assim a
monotonia e a repetição. Veja o que nos ensina Dr. Key sobre métodos ou tipos de
boas introduções:

1. A introdução temática é um dos melhores tipos, em que o conteúdo do


material utilizado é do tema ou título da mensagem. Pode ser que seja
apresentado o tema em relação a algum problema ou necessidade atual.
Ou a natureza e o que está envolvido no tema pode ser esclarecido.
Quando se usa o tema como fonte das idéias apresentadas na introdução,
é preciso incluir algo contemporâneo, ligando isso a verdade bíblica.
2. A introdução textual também as vezes se torna necessária. Aqui se refere
ao fundo histórico do texto ou do contexto. Às vezes na introdução cujas
idéias vem do texto é necessário explicar algum conceito do texto, mostrar
o valor do texto para a vida cristã, ou a importância do texto para os nossos
dias. Este tipo de introdução não é a ideal para sermões expositivos já que
o corpo da mensagem sai do próprio texto.
3. A introdução do sermão pode ser baseada na ocasião, como o natal, ano
novo, dia das mães, Ceia do Senhor ou Batismo, etc. Neste caso os
ouvintes estarão com os pensamentos voltados para aquela ocasião
especial, e isso tornará a introdução interessante para eles. Este tipo de
introdução é, sem dúvida, um dos mais importantes.
4. A introdução do sermão pode incluir uma descrição dramática. É bom que o
pregador desenvolva a capacidade de ajudar os ouvintes a verem a
verdade no começo da mensagem. É preciso desenvolver esta capacidade
de utilizar a imaginação através de uma descrição dramática e o poder das
palavras.
5. A introdução do sermão pode focalizar um problema. Neste caso, a
introdução vem da idéia do assunto do sermão, que é um problema que
está sedo enfrentado pelos ouvintes. É bom começar o sermão assim
quando ele tem o propósito de ajudar a resolver algum problema humano
que está confundindo e perturbando a mente dos ouvintes.
6. A introdução do sermão pode incluir uma notável citação. Será o caso de
citar as palavras de alguém muito estimado pelos ouvintes, ou uma citação
realmente marcante.
7. A introdução do sermão pode muito bem começar com uma ilustração.
Paulo usou uma ilustração sobre o deus desconhecido em sua mensagem
em Atenas na sua segunda viagem missionária. Alguns pregadores usam
quase que exclusivamente este método em suas introduções. Mas talvez a
maioria não use o suficiente.
8. A introdução pode incluir a utilização de algum tipo de produto audio-visual.
É claro que tudo deve ser muito bem planejado para evitar que a atenção
seja desviada. Alguns recursos têm sido usados como: cartazes, iscas de
pescadores, chaves, binóculos, jarros.44

Como introduzir bem os sermões monólogos? Minha sugestão é que você


considere os princípios relativos a arte de introduzir os sermões e que faça as
suas experiências, estude bem as possibilidades. Deixe-me dar alguns exemplos
de introdução que já fiz em sermões monólogos. Se o seu personagem possui
alguma passagem bíblica que descreva seus erros ou acertos você pode pedir
que o dirigente do culto leia esta passagem e quando ele terminar a leitura você
entra em cena questionando-o sobre quem lhe deu permissão para falar da vida
alheia e após ouvir as explicações dele você se apresenta o auditório e dá
seqüência a sua mensagem. Tome o cuidado de explicar para o dirigente do culto
o que você vai fazer para que ele não seja surpreendido.

Se o seu personagem tem alguma música que fale especialmente de sua vida
você pode ensaiar bem esta música e entrar cantando num momento musical
antes da mensagem. Este recurso tem uma capacidade imensa de manter a
atenção dos ouvintes. Terminada a música você pode se apresentar, dizer a razão
de sua presença e iniciar a sua mensagem. Se o seu personagem exercia alguma
função ou profissão você pode utilizar algum objeto que o caracterize. Lembro-me
de um monólogo que preguei, baseado na vida de André, sobre o discipulado
quando usei uma rede de pesca que estava jogada sobre os meus ombros e
introduzi o sermão falando da transição: pescadores de peixes = pescadores de
homens.

Se o seu personagem escreveu algum livro ou foi destinatário e/ou remetente de


alguma correspondência você pode explorar este detalhe ao introduzir o sermão.
Por exemplo, um sermão baseado na vida de Timóteo pode ser introduzido
utilizando o seguinte recurso. “Estou aqui nesta noite para compartilhar as razões
porque fui um jovem que honrou a Deus. Trago comigo ainda uma carta onde meu
mestre Paulo me ensinou as bases para a minha firmeza. Permitam-me ler um
pequeno trecho desta importante epístola.” Assim, mesmo sem enunciar a
passagem bíblica o personagem faz a leitura da passagem central da mensagem.
Uma outra possibilidade é que ao se apresentar o personagem ouve alguém lendo
a passagem e faz menção de sua alegria em saber que os conselhos que ele
obedeceu também são conhecidos dos cristãos contemporâneos.

Você pode criar um vínculo, por exemplo, entre o personagem e o pregador e


assim construir uma introdução que use dados, informações e inquietações
contemporâneas. Assim seu personagem pode dizer: “agradeço ao pastor fulano
porque me deu a oportunidade de estar aqui neste culto e também porque em
nossas conversas me fez conhecer que os irmãos têm necessidade de saber
sobre....”. Usei recentemente este recurso ao fazer um monólogo, baseado na
experiência de Mateus e no aprendizado que teve ao ouvir Jesus contar a
parábola do grão de mostarda, sobre o crescimento da igreja nestes dois mil anos
de cristianismo. Você tem este sermão nos exemplos de monólogos.

b) O objetivo da conclusão = esta parte do sermão também é chamada a


“peroração”, e é aquela que tem o propósito de levar o assunto tratado na
mensagem a um fim adequado, relacionando a verdade pregada de forma
permanente à vida dos ouvintes. O pregador pode começar bem e discutir o
assunto de maneira admirável, mas se não terminar bem, é isso que os ouvintes
vão lembrar. Dr. Key45 assegura que: 1) É importante não apenas começar bem,
através de uma boa introdução, mas terminar bem. 2) Se as primeiras impressões
são as mais notáveis, as últimas quase sempre são as mais duradouras. 3)
Infelizmente a conclusão talvez seja a parte do sermão que tem recebido menos
atenção quanto ao preparo, do que qualquer outra parte. 4) Se o pregador deve
começar o sermão com algo interessante, também é necessário terminar com
poder, procurando persuadir o povo a fazer a vontade de Deus revelada na
mensagem. 5) O pregador deve ter o devido cuidado ao preparar a conclusão para
seus sermões.

Blackwood nos sugere pensar na conclusão “como a parte mais importante do


sermão, exceção feita ao texto(...) na conclusão o pregador conduz o ouvinte a
fazer a vontade do Senhor”46. Sua finalidade tem sido reconhecida por muitos e
assim poderíamos destacar que: a conclusão deve terminar o sermão da melhor e
mais adequada forma possível; a conclusão deve aplicar a verdade do sermão à
vida dos ouvintes; a conclusão tem por finalidade persuadir à ação. Ainda na
opinião de Blackwood a maneira de terminar um sermão depende de vários
fatores e principalmente do objetivo que o pregador tem ao proclamar sua
mensagem. A que sugere algumas formas de conclusão: apelo direto; aplicação
prática; resumo final; a verdade em contraste; apelo à imaginação; um poema;
ilustração; nenhuma conclusão e sentença final47.
Uma boa conclusão possui algumas características indispensáveis e na lista do
Dr. Key podemos destacar:

1. A conclusão deve terminar o sermão de maneira mais natural e apropriada.


2. Normalmente a conclusão deve concluir o sermão todo, e não apenas a
última idéia apresentada, ou o último ponto do esboço.
3. A conclusão deve ser pessoal, o ponto alto da relação íntima entre o
pregador e os ouvintes. O pregador deve ter plena consciência do seu
auditório e deve falar de modo direto e pessoal ao povo. Ele é o
mensageiro de Deus, e assim deve suplicar, exortar, persuadir, aconselhar,
guiar, desafiar, e convidar os ouvintes a ação.
4. A conclusão deve ser clara no seu pensamento e desenvolvimento. Nada
de idéias obscuras ou confusas em nenhuma parte do sermão, são menos
ainda na conclusão.
5. A conclusão deve ter vida e mostrar o calor da alma da pessoa que está
pregando. O pregador deve mostrar convicção, autoridade e intensidade,
qualidades tão importantes na comunicação do evangelho, e que chegam
ao ponto máximo na conclusão.
6. A conclusão deve ser específica e não geral. Ela deve ser colocada em
termos concretos. Ela deve demonstrar unidade e clareza, ser vigorosa e
poderosa, e inspirar esperança nos ouvintes.
7. A conclusão deve ser breve e proporcional. Isso implica que não
ultrapassará de dois ou três ou até no máximo cinco minutos, mesmo em
um sermão de trinta minutos.
8. Deve se dar mais ênfase ao positivo do que ao negativo na conclusão. O
objetivo é atingido quando o sermão termina e o povo sai alimentado,
determinado, decidido, entusiasmado, esperançoso e pronto para colocar
em prática as verdades apresentadas.
9. A conclusão deve concluir o sermão. Isso parece óbvio, mas muitas vezes a
conclusão não conclui bem o sermão. Via de regra devem ser salientados
mais uma vez a tese e o objetivo específico da mensagem, fazendo a
última aplicação e apelo direto ao coração do ouvinte. É o momento
decisivo da mensagem, o momento de maior oportunidade para o pregador,
bem como maior perigo, se ele não terminar bem.
10. A conclusão deve ser variada quanto ao tipo e conteúdo. Esta característica
ou qualidade tem sido destacada quanto as outras partes do sermão, como
a introdução e esboço. Há vários métodos que podem ser utilizados na
conclusão, tornando-se desnecessário sempre usar o mesmo tipo.48

Como concluir bem os sermões monólogos? Além das dicas anteriores e


até mesmo outras que você encontre nas publicações sobre o assunto,
lembre-se que o sermão monólogo nem sempre será apresentado por um
personagem que viveu uma vida de modo agradável ao Senhor. Tome o
cuidado para não fazer alguns apelos diretos dando a idéia de que o seu
personagem fosse um pregador. Às vezes eu saio de cena com um aspecto
triste e o dirigente do culto faz um apelo aos ouvintes baseado na história e
principalmente nos erros do personagem. Esse tipo de conclusão seria bem
vindo num sermão monólogo que retratasse o encontro de Jesus e o jovem
de qualidade que não foi capaz de abrir mão de seus bens para seguir o
Mestre.

Ao concluir o sermão monólogo evite apresentar pensamentos e idéias


novas que por certo exigirão maiores explicações. Ao concluir o sermão
monólogo evite que os ouvintes pensem que o sermão esteja no fim
quando ele ainda não chegou lá. Ao concluir o sermão monólogo evite
terminar abruptamente deixando os ouvintes no ar. Ao concluir o sermão
monólogo evite pedir desculpas. Ao concluir o sermão monólogo evite o
medo de falar direto ao coração dos ouvintes. Ao concluir o sermão
monólogo evite o desgaste físico ao ponto de demonstrar que não tem mais
forças para continuar. Ao concluir o sermão monólogo evite o hábito de
mexer com alguma coisa como alguma peça de seu figurino. Ao concluir o
sermão monólogo evite contar piadas ou ficar fazendo gracinhas. Ao
concluir o sermão monólogo evite gritarias. Ao concluir o sermão monólogo
evite estar preso ao esboço ou qualquer tipo de anotações. Ao concluir o
sermão monólogo evite demonstrar emoções forçadas e artificiais.

Também o pregador pode aproveitar a conclusão do sermão monólogo


para tirar o figurino e falar aos ouvintes com a identidade do pregador. Essa
abordagem também tem um efeito interessante sobre os ouvintes.
Normalmente eu faço a conclusão juntamente com a elaboração do objetivo
específico. Também é possível unir vários destes métodos citados
anteriormente(resumo das idéias, ilustração e uma aplicação final). Utilize a
sua imaginação e apele a imaginação dos ouvintes. Dê o seu melhor, não
apenas nas outras partes do sermão monólogo que precedem a conclusão,
mas também preparando conclusões interessantes e criativas.

Capítulo 6

Como e Onde Usar Sermões Monólogos

A – Os Sermões Monólogos Podem ser Usados nos Cultos Dominicais

Sem nenhuma dúvida você pode lançar mão deste recurso nos cultos dominicais.
Até porque neste dia normalmente temos um maior número de pessoas em
nossas igrejas. A quebra da monotonia e a atração que o recurso da interpretação
teatral serão úteis para ganhar a atenção dos ouvintes especialmente dos não
crentes que não têm o hábito de ficar sentado ouvindo um pregador por muito
tempo.

B – Os Sermões Monólogos Podem ser Usados na EBD ou na ET

Nas aulas da Escola Bíblica Dominical ou da Escola de Treinamento os sermões


monólogos são muito bem vindos como breves introduções ao estudo da
vida dos personagens bíblicos normalmente focalizados em nossos
programas pedagógicos. Assim podemos usar este recurso quem sabe num
tempo bem pequeno de 5 a 10 minutos para que o tempo da aula não seja
todo tomado.

C – Os Sermões Monólogos Podem ser Usados nas EBFs e em Outras


Organizações

Também devemos usar os sermões monólogos nas atividades que visam alcançar
outras pessoas para Cristo como Escolas Bíblicas de Férias e atividades
evangelísticas. No que diz respeito as EBFs gosto de ver como as crianças que
não participam da igreja bem como as que são integradas viajam na ficção e
prestam bastante atenção na palavra de Deus encenada e anunciada por este
recurso. A capacidade de interação e os níveis de compreensão das crianças
ficam mais aguçados quando exploramos sua capacidade de fantasiar. Em
atividades evangelísticas com funcionamento em lugares públicos como praças ou
parques também atrairemos a atenção de diversas pessoas. Uma dificuldade que
pode surgir é na questão da acústica, mas nesse caso o pregador terá que usar
um pouco mais seu pulmão.

D – Os Sermões Monólogos Podem ser Usados em Institutos

Pessoalmente eu gosto de usar o recurso do sermão monólogo em retiros de


jovens e ou adolescentes. Creio que os institutos de inverno ou de verão por
natureza sugerem novidade, experiências e criatividade. Assim ao ser convidado
para participar de um deles deixe de lado o terno e a monotonia. Capriche num
bom sermão monólogo, prepare um figurino adequado e você verá que os jovens
e adolescentes te ouvirão com muita atenção.

E – Os Sermões Monólogos Podem sem Usados em Acampamentos, retiros e


Congressos

Nesses espaços e eventos que geralmente são realizados em locais agradáveis e


aprazíveis e especialmente fora das quatro paredes dos templos das igrejas temos
excelentes oportunidades de apresentar sermões monólogos. É certo que às
vezes encontramos algumas rejeição por parte de algum membro de igreja que
não aceite que no templo ou “santuário” da igreja utilizemos um recurso teatral. É
provável que você encontre algum membro de igreja que não creia que a alegria e
a descontração façam parte do culto. É provável que você tropece em muitas
pessoas que creiam que é o terno e a gravata que dão capacidade ao homem de
Deus proclamar com poder e a autoridade a mensagem da Bíblia. Acho que está
na hora de mudar.

F – Os Sermões Monólogos Podem ser Usados em Escolas e Ambientes


Culturais

Deus tem me dado o privilégio de apresentar sermões monólogos em escolas


públicas e particulares e em outros ambientes culturais como teatros, orfanatos,
clubes. Veja que existe uma variedade de oportunidades que podem ser
acrescidas à lista. O que eu quero dizer é que há lugares onde você não poderá
ter acesso simplesmente como pastor ou pregador. O recurso do monólogo,
associado ao texto e personagens bíblicos, abrirá oportunidades para o
testemunho do poder de Deus. Pense nisto.

Capítulo 7

Exemplos de Sermões Monólogos

O VAGAROSO PROGRESSO DO CRISTIANISMO

Marcos 4.30-32

Introdução :
Laila Tov!(Boa noite). Meu nome é Mateus sou um dos doze discípulos de Jesus e
gostaria de compartilhar com você algumas impressões sobre o progresso do
cristianismo. Um detalhe que gostaria de destacar é que antes do Senhor me
chamar para ser seu discípulo trabalhava como coletor de impostos e não era uma
pessoa de quem as pessoas gostavam não. Nesta tarde estava andando com o
pastor Jadai pelas ruas de São Paulo e aí tivemos fome. Ele então me levou para
um pequeno comerciante na rua que vendia uma espécie de comida até então
estranha para mim. Paramos diante do vendedor e em meio a outras pessoas o
pastor disse assim: “Por favor moço eu quero um cachorro quente sem mostarda!”
Talvez você seja como ele: uma pessoa que não gosta de mostarda mas espero
que nesta noite esta preferencia pessoal não nos impeça de aprender as lições
que a semente de mostarda tem para nos ensinar sobre o progresso da obra de
Deus neste mundo(nesse momento alguém lê a passagem de Marcos 4.30-32).

Falando com o pastor Jadai sobre o crescimento do reino de Deus neste mundo
recebi e anotei alguns dados e peço licença a estes belo plenário para fazer uso
delas agora. Ao contemplar as estatísticas e os dados percebi que o reino de Deus
ainda não alcançou boa parte da população mundial(estimada em 6 bilhões de
habitantes). Os dados revelam que pouco mais de 30 % da população mundial é
considerada cristã e isto inclui católicos, protestantes e outros. As cinco maiores
crenças no mundo atual são: Muçulmanos(1bilhão e 100 milhões), Católicos
Romanos(900 milhões), Ateísmo(900 milhões), Hinduísmo(800 milhões) e
Protestantes(600 milhões). Como batistas arrolados dentro das estatísticas como
protestantes os irmãos somam mais de 100 milhões em todo o mundo. Isto nos
coloca na posição de pensarmos sobre o progresso do cristianismo nestes dois mil
anos. A impressão que temos é que ele é vagaroso ....

I - Vagaroso porque é um caso de crescimento e não de produção em série.

Tenho percebido no pouco tem em que estou aqui que vocês vivem numa época
marcada pela velocidade, automação, produção em grandes escalas, etc. E se
queremos submeter o crescimento do reino de Deus a esses critérios seremos
levados a pensar que ele é vagaroso. Mas precisamos fazer esta distinção:
crescimento tem um tempo certo e obedece leis próprias a natureza de cada corpo
e espécie. Ainda que à luz desta época os números não são vosso maior
argumento, bem sabemos que no tempo oportuno de Deus seu reino tem crescido
e temos percebido os seus efeitos com certeza. Pensemos em seu caso particular.
A fé batista tem chegado ao Brasil a pouco mais de cem anos e pela misericórdia
de Deus vocês podem contar hoje com mais de cinco mil igrejas perfazendo quase
um milhão de crentes que têm enviado a outras nações 444 missionários e
mantém em sua pátria 650 missionários. É vagaroso mas louvado seja Deus
porque vocês tem crescido.

II - Vagaroso porque o clima e o solo são ingratos e exóticos .

Estive estudando sobre habitantes da região que vocês chamam de janela


10/40(Norte da África, Oriente Médio e Ásia) ainda esperam pela presença e pelo
testemunho do evangelho da graça de Jesus. Durante o tempo do nosso
ministério era objetivo do Mestre Jesus que o Evangelho alcançasse estas
pessoas perdidas em seus pecados. Este grupo de não alcançados perfazem uma
soma de mais de 2 bilhões de pessoas que nunca ouviram falar de Jesus e que na
maioria dos seus países a presença de missionários é proibida. Há também
aqueles povos e países que tem recebido a mensagem, e não lhe deram crédito
ou valor. Esta ingratidão dos que ouviram mas não creram e as dificuldades
criadas pela proibição da pregação do evangelho faz com que o grupo dos não-
alcançados seja bem maior do que os que já fazem parte do reino de Deus.
Embora que esta seja uma realidade constatável vocês não devem desanimar
nem tão pouco desistir. Lembrem-se pois da semente pequenina que tornou-se
uma grande árvore .

III - Vagaroso por causa das faltas daqueles que deviam cuidar dele mais
diligentemente .

Percebo que os irmãos vivem numa época em que, graças a Deus, tem se falado
muito em missões. Mas não basta somente que vocês falem em missões ou na
necessidade de que o reino de Deus cresça é preciso que trabalhem
diligentemente qual semeadores a fim de que o reino de Deus seja anunciado
entre todos os povos. Eu sei que uma das causas da vagarosidade do
crescimento é porque muitos cristãos no longo destes dois mil anos têm deixado
de lado sua responsabilidade missionária. Vocês não podem abandonar esta
importante tarefa nem tão pouco passá-la para outra pessoa. Veja-se por
exemplo a nossa situação no período apostólico éramos somente doze(um
pequenina congregação). As circunstâncias em todos os sentido não eram
favoráveis e deixamos tudo para anunciar a mensagem de Salvação. Fizemos a
nossa parte lançando as pequeninas sementes do Evangelho confiando que o
Senhor daria o crescimento. Será que vocês não tem hoje mais recursos e
oportunidades para anunciar que só Jesus Cristo Salva? Cabe aos irmãos permitir
ou não que este crescimento continue vagaroso .

IV - Vagaroso , porém seguro !

Uma grande vantagem que temos em relação as outras religiões mundiais é que o
cristianismo nasce a partir de um compromisso pessoal e não de uma imposição
política ou governamental. Bem sabemos que boa parte dos não-alcançados se
tiverem uma oportunidade de ouvir sobre a graça maravilhosa de Jesus não
resistirá ao amor de Deus em Jesus. Os líderes destas religiões e nações também
sabem disto e não é a toa que proíbem a presença e atuação dos missionários. O
crescimento é seguro e os resultados deste dois mil anos de anúncio da chegada
do reino de Deus já podem ser vistos e contabilizados e quando lemos as
Escrituras vemos nelas a garantia que de todas as tribos povos e raças pessoas
estarão vestidas com vestes lavadas e remidas pelo sangue de Jesus. E isto deve
nos estimular a continuar trabalhando e dependendo da graça de Deus sabendo
que o nosso trabalho não é vão no Senhor.
Conclusão :

Quando o Senhor Jesus nos contou essa parábola o seu nome e suas obras eram
conhecidos apenas dentro dos limites da pequena terra da Palestina. Era um
começo insignificante e apagado, mas viria o tempo em que Suas palavras seriam
valorizadas e estimadas, e o Seu nome seria adorado, e quando o seu vivificante
toque seria sentido por todo o mundo. Da mais tênue semente cresceria uma
gigantesca árvore. Essa verdade espiritual era tão clara para Jesus que ele usou a
conhecida situação da semente de mostarda para nos estimular a proclamarmos
as boas-novas do reino de Deus.

A sua tarefa é proclamar. O crescimento é obra de Deus. Vocês não são os


responsáveis em converter as pessoas; essa é uma tarefa do Espírito Santo. A
sua responsabilidade é semear a pura semente do Evangelho, sem perversões,
sem enxertos, sem misturas. Não se iludam com a aparente fraqueza do reino no
mundo. Parece que vocês estão em franca derrota diante do inimigo. O mundo
parece estar melhor equipado para a guerra. O mal aparentemente está
vencendo, pois o número dos que seguem a Cristo é bem menor. Isto não significa
que o mal há de vencer e que seremos derrotados. O reino de Deus já tem
domínio sobre todas as coisas, mas só ao final ele será plenamente consumado e
poderemos ver quem realmente somos, como povo de Deus. O fato de vocês não
serem maioria e de serem perseguidos não deve desanimá-los. Um dia enfim
chegará o tempo quando o reino de Deus será único e nada haverá além dele.

Os Projetos e Os Fracassos

Jeremias 18

Laila Tov. Boa Noite meu nome é Jeremias e gostaria de compartilhar com vocês
algumas experiências colhidas durante minha vida e função profética. Exerci meu
ministério entre os judeus que ficaram em Jerusalém depois da primeira leva.
Profetizei contra as atitudes do povo judeu e, principalmente, dos falsos profetas,
que alimentavam no povo falsas esperanças de uma volta em breve dos que
foram levados para a Babilônia. Fui é um profeta que procurei entregar a
mensagem de Deus exatamente como Deus me mandou: a dura realidade de que
o exílio iria durar setenta anos(28:1-17).

O exílio era, para mim o resultado de uma vida de rebeldia contra a vontade de
Deus. O povo havia se dedicado a uma religião de cunho puramente exterior, se
esquecendo de mudança no interior de suas próprias vidas. Por isso, era
necessário o juízo de Deus(26:1-15). Deus punia na medida justa, e eu fui capaz
de mostrar na punição o caráter corretivo e não destrutivo. Para que o povo
compreendesse isso, eu proclamei o consolo(29:1-14) e o novo pacto que Deus
faria com seu povo(31:27-37). Esse novo pacto revelaria a nova maneira de Deus
relacionar-se com seu povo. Não em letras escritas em tábuas de pedra, mas na
lei escrita nos corações.
Tive a responsabilidade em manter viva a chama da esperança. O desafio era
maior para ele porque havia muitos falsos profetas que anunciavam uma
mensagem agradável aos ouvidos de minha geração sofrida. A mensagem que o
Senhor me deu para anunciar era dura para os meus dias. Numa crise muito
grande as pessoas gostam de ouvir mensagens de consolo apenas. Em nossa
época, porém, primeiro tinha que se descobrir a causa e depois analisar os
efeitos, para, então, ser anunciado como o povo iria sair dessa situação. A causa
era o pecado, o efeito o exílio, e a solução era guardar firme a esperança no Deus
que age a favor de seu povo. Essa esperança é que manteria viva a fé em Javé.

Em minha experiência do chamado divino(1:1-19) aprendi importantes lições que


podem ser úteis para o seu ministério. O nosso Deus comanda as ações e nos
precisamos estar convictos de que ainda hoje:

Deus vocaciona = Ele precisa de servos ainda hoje assim como precisou de mim
no passado. Não chama todos para a tarefa de pregar a sua palavra, mas precisa
de servos obedientes. O Senhor nos chama ao serviço. Você não tem ouvido o
seu chamado?

Deus adverte = a minha função era advertir o seu povo e as nações sobre a
necessidade de arrependimento e mudança de vida. Qual a sua função específica
dentro do chamado divino?

Deus capacita = Eu era ainda um menino e usei esta situação para fugir da
responsabilidade que Deus me deu. O fato é que o Deus que chama e que nos
envia ao mundo é o Deus que no capacita para o serviço. Quais são as áreas na
suas vida que carecem de maior capacitação a fim de que você realize o
ministério para o qual Deus tem te chamado?

Deus controla = Mesmo que os planos de Deus nos pareçam estranhos


mantenhamos a firme confiança no Senhor. Ele sabe o que é melhor e devemos
nos submeter ao seu governo sempre.

Estabelecidas essas bases gostaria de convida-lo à um retorno no tempo e assim


juntos busquemos compreender o que o Senhor quer de vocês nesta noite. Certa
ocasião eu recebi de Deus uma orientação sobre a mensagem que deveria
proclamar ao povo. E gostaria que em sua mente e coração você formulasse uma
pergunta: Como adequar o meu ministério e os meus projetos às lições que
experiência ensina? Visitemos a casa do oleiro, destaquemos às lições e vejamos
as conexões que elas possuem com o nosso ministério.

A esta altura de minha vida e ministério eu vivia numa terrível angustia: amava
profundamente o meu povo e tinha de anunciar os castigos que sofreriam por
desobedecerem a Deus. Os sonhos e projetos que eu tinha feito para a minha
nação começavam a desmoronar porque o Senhor me ordenara anunciar aos reis
e ao povo que haveria de executar a sua justiça sobre eles. Sim eu estava
frustrado(4:19-22), estava triste(8:19-9:25). E é neste clima de tristeza e frustração
que eu pedi a ajuda de Deus(17:14-18 = já que agora o povo quer matá-lo). E
Deus me ordena que eu pregasse aquele povo e depois me convidou a descer até
a casa do oleiro. E é aqui que eu te convido a entrar na minha história, para juntos
aprendermos as lições que o Senhor quer nos ensinar sobre os projetos e os
fracassos.

I - EM PRIMEIRO LUGAR É NECESSÁRIO COMPREENDERMOS QUE A VIDA É


COMPOSTA DE COISAS ORDINÁRIAS.

Muitas das minhas visões foram cenas do cotidiano, cenas comuns que passariam
despercebidas aos olhos de qualquer um. A cena do oleiro me levou a ter uma
compreensão clara de como Deus estava agindo com meu povo. A cena era muito
comum naquela região do Oriente mas não é inédita nas Escrituras(Isaías 64.8). O
oleiro estava ocupado trabalhando na confecção de potes, jarros, vasos e é da
sua matéria prima que surge a primeira lição: o barro, argila, não é uma matéria
prima extraordinária, seu preço não é exagerado(e tem sido utilizado desde os
tempos mais remotos da civilização para a confecção de utensílios básicos para a
vida humana). Você pode não ter uma geladeira para refrescar água, mas se você
tiver um pote de barro, ele conservará a água numa temperatura agradável.

A lição aprendida aqui é que a vida é construída na sua maior parte de coisas
simples, normais. Às vezes achamos que os feitos extraordinários nos permitirão
ter maior alegria mas isto com certeza é um grande engano. As coisas essenciais
para nós são as ordinárias(família, ar, água, alimento, trabalho, Deus). As
Escrituras Sagradas nos afirmam que viemos do barro e isto nos dá uma dica que
as maiores realizações que alcançarmos não substituirão a importância das
menores. Valorize as pequenas coisas; agradeça a Deus pelo pão com ou sem
manteiga; louve ao Senhor porque apesar de sermos barro Ele nos dá um valor
inestimável. Isto não significa que é errado sonhar alto, desejar progresso, mas
aponta a necessidade de termos os pés no chão e a cabeça bem firme sobre o
pescoço.

II - EM SEGUNDO LUGAR É NECESSÁRIO SABERMOS QUE SE NÃO


OBEDECERMOS A VONTADE DO SENHOR FRACASSAREMOS.

As imagens continuavam a se desenvolver diante dos meus olhos, agora eu não


olhava somente para o barro, mas para as mãos do oleiro, que procuravam dar
forma aquela massa informe. A forma nasceria dos objetivos e interesses que ele
tivesse em sua mente, em sua vontade. Porém, o vaso que ele fazia se estragou
em suas mãos. Por que o vaso se estragou? Será que o oleiro apertou de mais o
barro? Será que a liga não foi bem preparada? Talvez havia alguma pedra ou
impureza na massa? Haveria alguma bolha de ar? Com certeza não temos como
responder estas perguntas.
Mas sabemos responder outra pergunta: Por que nós fracassamos? Sem dúvidas
porque nós desobedecemos aos planos de Deus. À semelhança do povo de Israel
temos cometido vários pecados que estragam a nossa capacidade de progredir
como povo de Deus. Por isso os projetos que construímos caem(v.12 = os projetos
familiares, o projeto profissional, o projeto de igreja, o projeto de país, etc.). Até
quando nós vamos continuar obstinados em nossos corações? Nós somos a
massa e o oleiro é quem decidirá o que seremos! Talvez você queira ser um
utensílio de alto valor artístico que será admirado por todas as pessoas, mas
quem sabe se a vontade do Senhor é fazer de você um pote para mitigar a sede
dos sedentos. Queridos busquem e obedeçam a vontade do Senhor.

III - EM TERCEIRO LUGAR É NECESSÁRIO CRERMOS QUE O SENHOR NÃO


DESISTE DE NÓS E QUER RESTAURAR-NOS.

O oleiro não desiste, não se desespera. Determinado em sua tarefa, insiste no


trabalho. Não joga fora a massa. Continua a manobrá-la. Ele quer fazer um vaso e
não irá deixar de fazê-lo por causa de um contratempo qualquer. O barro é do
oleiro e ele vai insistir em fazer um outro vaso conforme parecer bem aos seus
olhos. Isto porque o oleiro é o único soberano Deus e sua vontade prevalece para
sempre. O povo que se recusa a ser o que o Senhor deseja, será desmanchado,
através do cativeiro, e será, ao retornar, a comunidade que ele espera que seja.
Assim o povo de Israel retornou do cativeiro curado da idolatria e foi usado pelo
Senhor para trazer ao mundo o Messias.

Eu fiquei impressionado com o controle que o oleiro tinha sobre o barro. Sem se
importar com as razões do fracasso, ele trabalhava com o material até moldá-lo
como queria. Deus tem o controle absoluto sobre o seu povo da mesma maneira,
e dirige o seu destino de acordo com seus planos. O Senhor não desiste de nós e
continua desejoso de restaurar-nos. Você crê nisto?

Que tal foi a nossa visita à casa do oleiro? O que você aprendeu com a minha
experiência? Saiba que os maiores bens que possuímos é sermos barro, ou seja,
a matéria prima que o Senhor quer usar. Saibamos valorizar as pequenas coisas e
não fiquemos ansiosos por conquistar marte se já temos os pés na terra. Sejamos
conscientes de que a obediência à vontade do Senhor nos garantirá uma próspera
vida e se os nossos desejos parecerem bem aos olhos do Senhor serão
concretizados. Creiamos na misericórdia divina que restaura os vasos quebrados
e os faz vasos de bênçãos! Shalom Adonai. Shalom!

A Verdadeira Sabedoria do Líder

Provérbios 3.5; Deuteronômio 17.14-20; 1 Reis 11.1-13


INTRODUÇÃO:

Laila Tov(Boa Noite). Foi uma viagem interessante pois pude atravessar a barreira
do tempo e chegar até o século vinte. É com grande prazer que me encontro neste
local para falar a respeito de minha experiência de vida. Sei que vocês estão
buscando um preparo melhor para liderar com eficiência e sabedoria o povo de
Deus. Estou certo de que muitos aqui já me conhecem pois as Escrituras
Sagradas registram fatos concernentes à minha vida e de modo particular os livros
de 1 Reis e 2 Crônicas.

No entanto quero dizer que sou um judeu que viveu a uns quase três mil anos
passados e que aos vinte anos de idade fora ungido e colocado como sucessor do
grande rei Davi no trono do reino de Israel. O meu nome é Salomão. Fui
considerado um gênio, apesar da pouca idade quando assumi o trono, realizei um
governo muito próspero. O poder daquela nação foi consolidado sob as minhas
mãos. As relações externas com as nações vizinhas foram muito fecundas. Sob o
meu comando a defesa nacional estava bem segura, nossos exércitos foram bem
aparelhados. Mantive o Império intacto. No tocante as atividades comerciais
revelei uma grande capacidade pois explorei bem o comércio do Mar Vermelho; o
comércio das caravanas com a Arábia; o comércio de cavalos e bigas; e também a
indústria de cobre. Estas atividades e outras me trouxeram um lucro considerável.
Israel gozou de uma segurança e de uma prosperidade material como nunca
sonhara antes e que nunca conheceu em outro tempo. Posso dizer que foi a Idade
de Ouro de Israel. Sob a minha liderança foram edificadas várias construções e
entre elas o tão sonhado Templo na cidade de Jerusalém. Também no aspecto
cultural minha vida foi um marco, pois produzi vários escritos que foram
divulgados amplamente. Realmente eu tive tudo para ser o homem mais feliz de
todos os tempos.

Porém, hoje na minha velhice, faço uma retrospectiva e observo que não fui tão
sábio como pensei que fosse ou como os meus contemporâneos achavam. Todos
estes avanços e todas as iniciativas me custaram muito e por certo o meu povo
também sofreu as conseqüências de minhas tolices. Entendo que não agi tão
sabiamente como pedi ao Deus Eterno. Sinto-me amargurado e triste, pois não
pratiquei a verdadeira sabedoria no exercício de meu reinado. Sinceramente sinto-
me envergonhado, pois fiquei internacionalmente conhecido como um homem
sábio e mesmo assim não pratiquei a verdadeira sabedoria.

Errei primariamente e nesta noite quero compartilhar com vocês futuros líderes do
povo de Deus, os meus erros a fim de que vocês guiem suas vidas de modo sábio
e inteligente e em agindo assim sejam capazes de liderar outras vidas. Convido
todos os presentes a uma reflexão sobre a Verdadeira Sabedoria do Líder. Onde
por certo você aprenderá a agir corretamente em seu viver.

Uma primeira lição que aprendi com os meus erros é que a verdadeira sabedoria
do líder revela-se em.....
I – CONFIAR NO DEUS ETERNO(Provérbios 3.5,6).

O meu fracasso deu-se pelo fato de que com o passar dos anos confiei na minha
própria inteligência. Nas minhas próprias capacidades, nos meus próprios
argumentos. Eu era auto-suficiente o “mais sábio”. A minha fama era internacional
e todos queriam me conhecer, ouvir as minhas palavras. Vejam só o meu sucesso
pessoal! E você que me ouve qual é o objeto de sua confiança? Recordo-me
nesta hora de um provérbio de minha autoria que revela esta capacidade de
fracassar na liderança e este diz o seguinte: “Confie no Deus Eterno de todo o
coração e não se apoie na sua própria inteligência. Lembre-se de Deus em tudo o
que fizer, e Ele lhe mostrará o caminho certo”. Que decepção meus amados
seminaristas! Que vergonha! Nem parece que estas palavras saíram dos meus
lábios. Como eu pude depositar a minha confiança em tantas coisas e deixar de
confiar em Deus? Pois é, meu caro ouvinte eu cometi este grave erro e não foi por
falta de avisos ou de ensinamentos e você também está sujeito a cometê-lo.

Ainda você poderia questionar-me dizendo: “Salomão como é que você teve a
coragem de desobedecer os conselhos de seu pai Davi que lhe orientou neste
particular de sua vida como líder?” Responder-te-ia com uma simples sentença:
todos somos humanos e propensos aos erros e por esta razão precisamos confiar
em Deus e não nas próprias habilidades. Ainda que elas sejam maravilhosas não
podem substituir o lugar que Deus merece em nosso viver. Não pense você que o
fato de estar estudando aqui neste local ou que a possibilidade de alcançar um
excelente nível de intelectualidade lhe tornará imune a esta tentação de confiar
mais em si mesmo do que em Deus.

Você, meu jovem líder, que me ouve nesta noite, preste atenção no que eu vou lhe
dizer. Nunca deixe de confiar no Deus Eterno, e ainda que você possua uma
excelente sabedoria ou um precioso preparo intelectual mantenha firme a sua
confiança no Deus Todo Poderoso. A despeito das oportunidades que a vida
porventura lhe ofereça reconheça o Senhor em todos os seus caminhos. Eu fui
considerado um homem muito sábio mais cometi erros primários. Deus falou
comigo duas vezes recordando as bases do pacto que meu pai fizera com Ele
como também do pacto que Ele estabelecera comigo. E eu tive a infeliz
capacidade de transgredí-lo, tornei-me um desobediente, deixei de confiar no
Deus Eterno. E como vocês costumam dizer: “enfiei os pés pelas mãos”. Por favor
não trilhe os meus caminhos. Confiem no Senhor!

Uma segunda lição que aprendi com os meus erros é que a verdadeira sabedoria
do líder revela-se em ....

II – VALORIZAR A PALAVRA DE DEUS(Deuteronômio 17.14-20).


Aqui estou eu um homem dotado de sabedoria sobre todos os de meu tempo,
rodeado de bênçãos inéditas, de dignidade, de honra e privilégios. Meu cálice
transbordava, não faltava nada daquilo que o mundo pode suprir para a felicidade
humana. Todos acalentavam as maiores e melhores expectativas e as mais
brilhantes esperanças a meu respeito. Porém, com muita tristeza eu digo que
fracassei deploravelmente em todos os pormenores sobre os quais a Lei de Deus
havia falado tão clara e terminantemente.

Fora me dito para não multiplicar prata e ouro, e, contudo, multipliquei-os. Fora me
dito para não fazer voltar o povo ao Egito para multiplicar cavalos, e, todavia, ao
Egito mandei buscar cavalos. Fora me dito para não multiplicar para mim
mulheres, e, não obstante, tive um milhar delas, e elas perverteram o meu
coração. Estes ensinos estão registrados no Livro da Lei de Moisés e acrescenta-
se a orientação de que eu deveria ter uma cópia dele em minhas mãos para
consultá-lo diariamente.

Alguém aqui nesta noite pode estar perguntando a si mesmo: “A que se deve
atribuir o seu retumbante, triste e humilhante fracasso? Qual foi o segredo do seu
erro Salomão?” E eu lhe digo que faltou-me o cuidado de valorizar a Palavra de
Deus. E você, meu caro ouvinte, que valor tem a Palavra de Deus em sua vida?
Digo com muita vergonha que menosprezei a Palavra de Deus e que se tivesse
atendido as preciossímas e importantes admoestações a história que vocês
conhecem a respeito de mim seria bem diferente. É evidente que a causa da
miséria e da ruína que tão rapidamente seguiu o esplendor do meu reinado foi o
menosprezo da Palavra de Deus. Esta Palavra que orienta o líder quanto aos
perigos que ele corre.

Ouçam meus jovens que aspiram a liderança ministerial, cuidem de valorizar a


Palavra de Deus. Pois a indiferença pela Palavra de Deus é a origem de todo
fracasso, toda a ruína, todo o erro, todo o dano e confusão, heresias, seitas,
cismas, que existiram e que existem no mundo. Tenham esta Palavra como objeto
de consulta diária para que se aprenda a confiar e temer o Deus da Palavra; para
que você seja sábio no exercício de sua liderança. Rogo a cada um que não se
aparte dos ensinos e nem da Palavra de Deus de modo que ajam com prudência e
mantenham-se dentro dos propósitos que Deus tem para as suas vidas. Você,
meu querido ouvinte, não pode prescindir do ensino contido na Palavra de Deus.
Eu o desafio a valorizá-la a cada dia que passa mais e mais pois isto lhe permitirá
agir com a verdadeira sabedoria de um líder abençoado por Deus.

Uma terceira lição que eu aprendi com os meus erros é que a verdadeira
sabedoria do líder revela-se em ....

III – ESTAR SEMPRE NA PRESENÇA DE DEUS(1 Reis 11.1-13).


Como conseqüência dos dois erros anteriores cometi um terceiro erro primário que
foi me afastar da presença do Deus Eterno. Volto a afirmar que o líder que deseja
agir sabiamente precisa confiar no Deus Eterno, precisa valorizar a Palavra deste
Deus e também precisa estar sempre na presença augusta deste que é digno de
toda honra e toda a glória. É esta a sua atitude? Você tem estado na presença de
Deus?

Ah! Meus diletos ouvintes como foi terrível ouvir do Deus Eterno esta sentença:
“você quebrou o seu acordo comigo e desobedeceu aos meus mandamentos; por
isso Eu vou tirar o Reino de você e vou dá-lo a um dos seus oficiais”. Esta decisão
de Deus foi o resultado de meus erros pois fui me afastando aos poucos dos
compromisso com Ele. Tornei-me um rei ganancioso e por este ideal de acumular
riquezas transgredi mandamentos; para sustentar a máquina administrativa do
meu governo contraí dívidas e incentivei o surgimento de convênios com outras
nações; dos meus casamentos político-financeiros surgiram os templos pagãos
que construí para agradar minhas esposas. Tornei-me um idólatra pois adorei
Astarote, Moloque, Quemos e outros nojentos deuses dos outros povos. De modo
vergonhoso quebrei o pacto que havia estabelecido com o Deus de Israel. Não fui
fiel a Ele como o meu pai o foi. E se mal lhe pergunto você tem sido fiel a Deus?
Vasculhe a sua vida e veja se não existem outros interesses que podem ser
verdadeiros ídolos.

Como é doloroso relatar estas atitudes insanas que eu cometi. Porém, o faço
como que um apelo para que você me ouça e tome o cuidado de estar sempre na
presença de Deus. Não o abandone jamais. O tenha como soberano em seu viver.
Siga o exemplo de meu pai o rei Davi que ficou conhecido como o homem
segundo o coração de Deus. Aproxime-se a cada dia do Deus criador e
sustentador de todas as coisas. Eu sei que você deseja ter a verdadeira sabedoria
para liderar e bem a sua comunidade. Esta sabedoria revela-se em estar na
presença de Deus todos os dias da sua vida. É necessário perseverança e o
desejo ardente por esta presença. Por isso eu peço licença a você e lhe desafio a
seguir em frente no desejo de que a cada dia aproxime-me mais e mais do
Senhor.

CONCLUSÃO:

Concluindo estas considerações acerca de minha vida quero relembrá-los dos


meus erros e exortá-los a que tomem os devidos cuidados para não cometê-los.
Eu tenho certeza de que você desejam liderar o seu povo e as suas vidas com a
verdadeira sabedoria. Esta sabedoria é fruto de três princípios rudimentares e que
infelizmente e deixei de observar.

Porém, eu imploro que você, como líder, nunca deixe de confiar no Deus Eterno.
Eu fui um fã de mim mesmo, troquei o certo pelo duvidoso; abandonei a confiança
no Eterno; troquei o amor do Eterno pelas efemeridades das paixões. Por favor
confie no Senhor de todo o seu coração.

Eu os exorto a que valorizem a Palavra de Deus e em hipótese alguma a


menosprezem. Tenham-na como bússola de suas vidas. Reflita, medite sobre os
seus ensinamentos. Seja a Palavra de Deus o seu manual, a sua ferramenta de
trabalho. Como eu me arrependo de ter menosprezado este livro tão precioso que
é a Palavra de Deus.

Rogo a você futuro líder do povo de Deus ou a você que já está liderando que
mantenha-se sempre na presença do Senhor. Cuidem de serví-lo fielmente.
Preocupem-se em honrá-lo no seu comportamento diário. Cuidado com a idolatria,
cuidado com as paixões carnais, não ceda a tentação da prosperidade material;
não perca a visão de que vocês são servos de Deus. Não troque o amor eterno
que Deus oferece pelas paixões efêmeras que o mundo dá.

Sejam vigilantes em confiar no Deus Eterno. Sejam cuidadosos em valorizar a


Palavra de Deus que traz conselhos sábios. Sejam perseverantes em estar na
presença maravilhosa do Senhor. Pois a verdadeira sabedoria está em observar
estes ensinamentos. E que para tanto Deus abençõe vocês! Shalom.

ATITUDES ACERTADAS NOS MOMENTOS DE PROVAÇÕES

(Daniel 6.7-10)

Introdução:

Bom dia! Faz pouco tempo que estou entre vocês e pude perceber que estão
vivendo numa época onde o povo de Deus passa por sérias provações, a
opressão social, a injustiça, a fome, a miséria, os desconfortos políticos, etc..
compõe-se em verdadeiros elementos de provações que exigem de cada crente
uma atitude correta, digna, exemplar. Num tempo como esse é extremamente
necessário que as nossas ações sejam corretas e preferencialmente conduzidas
pela obediência a Deus e sua vontade.

Isso me faz lembrar um tempo em que passei por muitas provações e que precisei
agir corretamente. Meu nome é Daniel e pode ser que a maioria aqui presente já
conheça a minha História de vida e por isso creio que minha tarefa será facilitada.
Como agir corretamente nos momentos de provações?

I - A primeira atitude acertada de um indivíduo nos momentos de provações é


escolher a obediência exclusiva a Deus(vv.7-9).
Creio que a minha história pessoal delineia um comportamento ideal no momento
de dificuldade e uma das suas dimensões é para com a autoridade civil. Ela
aponta um comportamento de firmeza e conciliação, ao mesmo tempo, em tudo o
que é possível. Eu tinha o privilégio de servir às autoridades civis no período em
que o seu povo havia sido derrotado e os mais úteis e competentes haviam sido
levado como escravos para um outro país. O meu momento de escolha possuía
uma série de implicações, "era o mais honrado de todos os amigos do rei", mas
esta proximidade não interferiu na decisão entre obedecer a seu Deus e
desobedecer a seu rei. A ordem do rei proibia que fossem feitas orações e
súplicas a qualquer outra divindade. Eu fiz a escolha certa quando optei por
obedecer ao Senhor meu e nosso Deus. E como fruto de minha fidelidade tive a
minha vida salva e também a minha amizade com o rei. Pois é somente a
fidelidade e a amizade a Deus que salva a fidelidade e a amizade ao homem; do
contrário, ambas se perdem, com freqüência irremediavelmente.

Duas leis são colocadas em contraste: a humana que torna o "decreto do rei
irrevogável" e a divina, que exige oração, súplica e louvor contínuo. O ato de
observar a primeira parece favorecer a vida: na realidade "os homens, seus filhos
e mulheres ainda não haviam tocado o fundo da cova, e os leões já se tinham
apoderados deles, esmagando-lhes os ossos". A observância da lei de Deus
parece expor a morte: pelo contrário, "o meu Deus mandou o seu anjo que fechou
a boca dos leões e eles não me fizeram mal algum". Deus se revela como o
conciliador dos contrários e a fidelidade à vontade divina claramente expressa faz
o homem encontrar cem vezes mais aquilo que se julgava perdido.

Ilustração:

Talvez vocês conheçam a narrativa da escolha feita por Sadraque, Mesaque e


Abdenego. Estes jovens hebreus que faziam parte da Corte do rei Nabucodonozor
e que não hesitaram em escolher por não servir nem adorar a estátua erguida:
"fica sabendo, o rei, que não serviremos o teu deus, nem adoraremos a estátua de
ouro que tu levantaste". Este episódio nos mostra que os jovens hebreus
conseguiram conciliar a fidelidade a Deus com a fidelidade ao rei, logo após serem
libertos da morte na fornalha.

Aplicação:

A despeito dos privilégios que possuíam os jovens hebreus não titubearam. Pois
quando acontece o choque no terreno religioso, de modo que o poder(ou qualquer
outra coisa ou pessoa) exige adoração, quando, em vez de representar a Deus,
pretende substituí-lo não temos outra opção a não ser: obedecer a Deus.
Nitidamente duas mentalidades humanas que julgam de maneiras diversas os
valores entram em choque. Para o rei o valor supremo é a própria vida:
ameaçando esta, julga obter tudo, abrir de par em par a porta de todas as
vontades. Para os jovens, o valor supremo é à vontade de Deus, para o qual estão
dispostos a privar-se de um valor inferior.
Os instantes pelos quais vive a igreja nos diversos lugares do planeta exigem uma
posição segura e uma escolha acertada. Não há meio termo, não temos condições
de ficarmos dividindo os valores. A cada dia os crentes são colocados na posição
de ter que fazer uma escolha pessoal. Optar entre o bem e o mal; o certo e o
errado; o eterno e o temporal; o ético e o não ético; o legal e o ilegal; o moral e o
imoral; entre Deus e os homens.

A Palavra de Deus nos seus exemplos é clara em nos revelar que é necessário
que tenhamos os olhos abertos e as mentes aclaradas para o fato de que é
extremamente importante termos estabelecido uma escala de valores onde Deus
ocupe o primeiro lugar diante de todas as possibilidades de oposição. E nesta
manhã eu conclamo a cada dos que me ouvem a não hesitar em escolher ao
Senhor mostrando-se diligente e fiel às suas promessas, mandamentos e amor.

II - A segunda atitude acertada de um indivíduo nos momentos de provações é


empenhar-se constante e fielmente na confiança em Deus(v.10).

A segunda dimensão envolve um comportamento para consigo mesmo onde


deveria se empenhar constante e fielmente na confiança em Deus. A radical
escolha em obedecer a Deus revela a confiança da parte do homem e de
interesse concreto da parte do Senhor. Esta escolha de Deus em lugar do ídolo
pode parecer fácil nos episódios já examinados, onde se respira uma confiança e
estima do rei. Porém, ela só pode existir porque eu reconheci que todos os meus
privilégios eram provenientes das bênçãos que o Senhor me concedia e que
deveria empenhar-me por ser constante e fiel no confiar no seu Deus.

Eu poderia me apoiar em mim mesmo e na minha importante relação com o reino,


também eu poderia aproveitar o momento político e galgar mais uma posição de
destaque diante dos líderes que forçaram o lançamento do decreto-lei. Como
disse poderia, mas eu não quis fazê-lo. Como um que agia corretamente no seu
viver decidi por empenhar-me ao máximo no ato de confiar em Deus e prostrava-
me três vezes ao dia e ali no meu quarto entregava ao Senhor as minhas
necessidades e aspirações numa prova genuína de confiança no Senhor.

Ilustração:

No livro de Salmos 37.5 encontramos a seguinte orientação: "entrega o teu


caminho ao Senhor, confia nele, e Ele tudo fará". Toda a existência simbolizada
pelo termo caminho deveria ser entregue a Deus numa prova cabal de confiança
nEle.

Aplicação:
Quando pensamos na palavra confiança ela é a expressão do coração, para fé. É
a palavra do Antigo Testamento e o vocábulo que definiu o estágio infantil da fé. A
palavra fé expressa mais o ato da vontade, a palavra crer, o ato da mente ou
intelecto, mas a palavra confiança é a do coração. Confiança implica em se apoiar
numa pessoa que é um grande, verdadeiro e vivo coração de amor.

Então confie nEle, em face a todas as negações, não obstante as aparências,


mesmo quando você não consegue entender o caminho e não conhece a saída;
ainda assim, "confie nEle, e o mais Ele fará". O caminho se abrirá, aparecerá a
saída certa, o fim será de paz e livramento, a nuvem se erguerá e a luz de um
eterno meio-dia brilhará por fim.

Somos desafiados quer pelas orientações do salmo ou pelos exemplos de minha


experiência pessoal a entregar, empenhar, dedicar o nosso tempo na ação de
confiar em Deus de um modo fiel e constante. Depende de cada um de nós e por
certo Deus quer nos abençoar nos momentos de provações. Você não acha que
vale a pena confiar? Nesta hora o desafio está sendo lançado também a você. O
que fazer? É só depositar sua confiança no Senhor e descansar nEle!

III - A terceira atitude acertada de um indivíduo nos momentos de provações é


praticar um viver iluminado pela oração(v.10).

A terceira dimensão envolve um comportamento para com o Senhor, convidando-o


a uma atitude de sentida e iluminada oração. A Bíblia ensina claramente que a
vida do fiel deve estar cheia de uma constante atitude de oração. A situação vivida
por mim única e singular em minha vida consistia numa prática cotidiana de
oração. A acusação que resultou na minha condenação foi exatamente porque
mantinha o hábito de orar. Os meus acusadores me vigiaram e me denunciaram
ao rei que havia promulgado o decreto que proibia tal atitude. E como pena fui
lançado à cova dos leões que fatalmente me devorariam. Porém, para a alegria do
rei e tristeza dos acusadores Deus revelou a sua fidelidade ao seu servo, e a
estendeu até ao rei, fechando a boca dos leões e permitindo que as minhas
orações fossem alcançadas e minha vida liberta.

Eu orava constantemente ao Senhor porque cria que Deus orientaria em minhas


interpretações de sonhos e nas resoluções dos problemas da Corte. De um modo
claro e objetivo o meu viver era iluminado pela oração que permitia um contato
fidedigno com Deus. E o desenvolver dos fatos relatados por mim mesmo
comprovam que realmente o meu viver foi iluminado, pois minha base estava
firmada na relação entre Deus e eu por meio da oração.

A oração é o elo que nos põe em contato com Deus. É o portal que nos dá acesso
a presença do Todo Poderoso. É a ponte que liga qualquer distância e nos conduz
sobre qualquer abismo, perigo ou necessidade. A Bíblia nos enche os olhos com
exemplos adoráveis de homens e mulheres que mantiveram uma vida de oração.
Daniel crescia no conceito do rei porque o seu viver era intimamente ligado a
Deus. Ele possuía uma poderosa arma à sua disposição: a oração.

Somos desafiados a cada instante a sermos luz num tempo de trevas profundas. A
cada dia a exigência é maior e as provações mais intensas. O que é que tenho
feito? Como você tem agido? O que nós podemos fazer? É certo que temos um
canal ilimitado por onde pode passar infinitas provisões e bênçãos divinas. Mas
será que temos lançado mão deste manancial inesgotável? Podemos dizer que
para enfrentar as provações, precisamos orar; e precisamos continuar a orar para
viver, para que a nossa luz brilhe diante das trevas que venham a nos cercar!

Conclusão:

Ao concluir estas considerações a respeito das atitudes corretas nos momentos de


provações, desejo que todos os que me ouvem recordem comigo o que
aprendemos com a Palavra de Deus nesta noite. No decorrer de nossa reflexão
pensamos em três dimensões do comportamento humano e desta forma é
importante que compreendamos que Deus deseja que sejamos sábios quando as
circunstâncias exigirem de nós uma posição ou opção entre Deus e os favores
políticos, aliança ou até mesmo boa posição na sociedade, de modo que sejamos
fiéis ao Senhor. Sigamos o exemplo de Daniel que optou por ser fiel a Deus.

Num segundo estágio nossa vida também é colocada a prova quanto a nós
mesmos e somos tentados a confiar em nossas próprias capacidades e
conhecimentos. É importante, porém, que aprendamos a confiar somente no
Senhor de modo que todas as coisas sejam acrescentadas no tempo oportuno.
Num terceiro e último estágio somos compelidos a buscar a face do Deus Todo
Poderoso e está é uma implicação que envolve o nosso relacionamento direto
com o Deus que realiza grandes livramentos. Ligados a Ele pela oração teremos
por certo um viver iluminado porque Deus é luz e não há nEle trevas nenhuma.

São estas as atitudes corretas que nos permitirão um viver vitorioso nos
momentos de lutas e provações. E para a nossa alegria todas estão ao nosso
alcance, basta que queiramos escolher, confiar e buscar ao Senhor! Que Ele nos
ajude a tomar as decisões acertadas!

AS CARACTERÍSTICAS DE UMA IGREJA ABENÇOADA

Bom dia. É um prazer estar com vocês nesse encontro de Mestrado que creio ser
uma etapa importante em seu aprendizado. Sou Barnabé e venho de muito longe
atravessando as barreiras do tempo e do espaço para compartilhar as
experiências adquiridas ao longo de minha vida cristã. Soube que este encontro é
para aperfeiçoar os seus conhecimentos sobre a pregação relativa aos problemas
contemporâneos de modo que a Igreja de Cristo será abençoada através de suas
vidas. Fico feliz com a iniciativa dos irmãos e me recordo dos tempos em que
ensinava as Escrituras. Fico feliz também em saber que o médico querido, Lucas,
que procurou registrar os atos apostólicos, teve os seus escritos preservados até
hoje. Creio que nesses escritos constam algumas informações sobre minha
biografia. Bem deixemos de lado a minha vida e pensemos agora sobre a minha
querida e abençoada igreja.

A Igreja de Antioquia originou-se da iniciativa missionária de um grupo de Cirene e


Chipre e deu muitos frutos. Fui designado pela igreja de Jerusalém para investigar
aquele trabalho e quando lá cheguei vi que estava em progresso uma verdadeira
obra da graça de Deus e fiz tudo o que estava ao meu alcance para estimular os
irmãos. A obra foi crescendo e eu senti que precisava de ajuda. Então fui até a
cidade de Tarso e chamei a Saulo para que viesse comigo e juntos naquele
ministério pudemos contemplar o crescimento daquela igreja. E em pouco tempo
nossa igreja já havia crescido mais do que a de Jerusalém tanto em expansão
quanto em influência(Atos 11.19-26). No convívio com aquela abençoada igreja
aprendi que uma igreja pode crescer se mantiver algumas características básicas
no seu comportamento. E nesta minha breve visita aos irmãos desejo conduzi-los
a uma reflexão sobre As Características de Uma Igreja Abençoada. E para tanto
que o Senhor nos abençoe neste momento.

I – A Primeira Característica de Uma Igreja Abençoada é Ser Uma Igreja


Completamente Evangélica(Atos 15.1-5).

A igreja de Antioquia recusou manter-se debaixo da escravidão do legalismo


judaico porque era uma igreja que desejava viver o Evangelho de Jesus Cristo. Os
membros que faziam parte da igreja eram judeus e gentios e esta situação deu
lugar a uma controvérsia. Alguns crentes, da igreja de Jerusalém, vieram até à
igreja de Antioquia, sem serem convidados, e ensinavam que os crentes gentios
tinham a necessidade de guardar a Lei de Moisés inclusive o rito da circuncisão
para serem salvos.

Uma delegação foi enviada à igreja de Jerusalém para que fosse discutida a
questão. O resultado foi favorável aqueles que reivindicavam o fato de que a
salvação é dada pela graça e através da fé. Deste modo nossa igreja foi liberta
dos grilhões do judaísmo e assumiu a direção no mundo cristão. Os ensinos de
Cristo são suficientes para a vida de qualquer igreja. Caríssimos irmãos, prezadas
irmãs não permitam que outros tentem misturar os ensinos puros do Evangelho
com falsos ensinos, ritos, cerimônias e tradições humanas.

Mas o legalismo não era o único problema de nossa época: várias eram as
dificuldades que as igrejas daquele período enfrentavam(gnosticismo, imoralidade,
falsos mestres, pobreza, perseguição) e que procuravam desviar a igreja de sua
fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo. Você já parou para analisar quais são os
problemas ou pressões atuais que têm confrontado e desafiado a fidelidade de
sua igreja ao Evangelho de Cristo?

Queridos irmãos, prezadas irmãs, vocês que ministram nas diversas igrejas do
Senhor espalhadas por este país, mantenham o padrão de Deus. Lembrem-se dos
ensinos de Jesus Cristo Senhor e Salvador nosso. Ser cristão é ser imitador de
Cristo e em matéria de doutrinas não há outro mestre como Ele. Firmeza
doutrinária e zelo no cumprimento da vontade de Deus não fazem mal a ninguém.
A boa nova de Jesus deve caracterizá-los. Distinguindo-os como se distingue o
joio do trigo ou a árvore que dá bons frutos daquela que não os dá. Sejam fiéis
aquilo que aprenderam do Senhor e permitam que a sua Palavra produza a
qualidade e o crescimento que Deus espera de suas vidas e de suas igrejas.

II – A Segunda Característica de Uma Igreja Abençoada é Ser Uma Igreja


Missionária(Atos 13.1-12).

A Igreja de Antioquia nasceu do trabalho missionário e não negou suas origens.


Os frutos foram integrados à vida da igreja e ali mesmo encontraram condições
favoráveis para o surgimento de vocações tanto no treinamento quanto no envio
de obreiros aos lugares não evangelizados. A evangelização, o ensino cristão e
missões são os companheiros inseparáveis de uma igreja missionária. Porém, em
cada igreja abençoada deve haver ambiente espiritual que favoreça os membros a
ouvirem, com mais desembaraço, a chamada do Espírito Santo para a obra
missionária, como aconteceu comigo e Paulo. Estejam atentos, prezados irmãos,
a ministração do Espírito Santo no meio de você e não desobedeçam à sua voz.

Uma igreja abençoada, pela natureza de sua organização, e pela sua razão de
ser, tem o dever de produzir os futuros líderes cristãos. Cabe às igrejas a tarefa de
promover a expansão dos horizontes do cristianismo. Para isto, as igrejas devem
cultivar o hábito de orar e dar aos moços crentes visão missionária, interessando-
os na obra de missões e conduzindo àqueles que o Espírito Santo desejar separar
à assumirem compromissos pessoais com a obra de evangelização do mundo. A
igreja de Jerusalém resistia à idéia de levar o Evangelho a outros povos e isso era,
é e será um erro terrível. Os irmãos querem que suas igrejas sejam abençoadas?
Sigam o exemplo da minha igreja e vivam para pregar o Evangelho. Falem de
Cristo; orem pelos que estão na seara; aceitem o desafio de proclamar que só
Jesus Cristo salva. Contamine sua igreja com esta santa idéia; convença a sua
igreja, desperte os seus liderados; abra você o seu coração e desafie seus irmãos
a abrirem também o deles à obra do Espírito Santo que os capacitará a fim de que
sejam testemunhas até os confins da terra.

III – A Terceira Característica de Uma Igreja Abençoada é Ser Uma Igreja


Amorosa(Atos 11.29-30).

Além da identidade evangélica, da visão missionária, a igreja de Antioquia


praticava também o amor cristão. Ao tomar conhecimento das necessidades que
passavam os judeus cristãos de Jerusalém, os crentes providenciaram recursos e
mandaram esta oferta através de mim e de Paulo. Os irmãos da igreja de
Antioquia mostravam sua gratidão pelo fato do Evangelho ter chegado a eles
através dos judeus. Mais do que gratidão havia amor movendo e motivando
nossos corações para que praticássemos a beneficência deixando assim um
precioso exemplo para as vossas igrejas.

Lembro-me nesta hora das palavras do apóstolo João, querido companheiro


contemporâneo ao nosso ministério, e que creio sejam conhecidas por todos
vocês: “Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo seu irmão necessitado, lhe
fechar o seu coração, como permanece nele o amor de Deus?”(1 João 3.17). É
claro que amar não significa necessariamente ajudar financeiramente um irmão ou
alguém necessitado. A igreja de Cristo, que por ser dele já é abençoada, deve ser
caracterizada como a comunidade que vivencia o amor da maneira mais plena. De
fato o amor é a manifestação prática da fé. Todas as atividades da igreja devem
ter como meta aumentar o amor: a Deus e ao próximo.

Recorro mais uma vez ao pensamento de João para confrontá-los e estimulá-los à


prática do amor e se pudéssemos resumir tal pensamento assim seria: “Quem
ama a Deus ame também a seu irmão”(1 João 4.21). Você ama a Deus? Mostre
então esse amor de modo prático e convincente nos seus relacionamentos. As
suas atividades ou a sua liderança eclesiástica têm aumentado o amor entre os
irmãos? Deus quer rever suas prioridades e atividades. Peça ao Senhor que lhe
dê sabedoria para que tanto você como sua igreja cresçam no amor. Aliás como
ensina o velho amigo Paulo todas as outras virtudes são passageiras mas a única
que permanece é o amor. Peça a Deus que ministre através do seu Santo Espírito
mais amor sobre os irmãos.

Conclusão:

Concluindo estas considerações sobre minha igreja, vale a pena salientar que
outros aspectos poderiam ser destacados e alistados. Porém, quero recapitular o
que foi apresentado e desafiá-los a edificarem suas igrejas de modo que com este
crescimento qualitativo elas também dêem um salto quantitativo para que Deus
seja glorificado ainda mais através destas igrejas tão queridas e preciosas para o
Senhor.

Uma igreja abençoada é aquela que preserva sua identidade evangélica, sem
mescla, sem erros, sem desviar-se do padrão de Jesus. Uma igreja abençoada é
aquela que reproduz vidas e investe nestas vidas para que alcancem os que estão
sem Deus, sem luz e sem vida. Uma igreja abençoada é aquela que pode ser
reconhecida como um lugar que reina o amor.

Quanto mais abençoada, mais evangélica. Quanto mais evangélica, mais


missionária. Quanto mais missionária, mais amorosa e neste processo cíclico
caminhará rumo a perfeição. Sua igreja pode ser abençoada! Creia neste desejo
de Deus! Trabalhe para que ele se realize no seu ministério. Que Deus tenha
misericórdia de vocês e os capacitem com sua graça para beneficiarem e
abençoarem suas igrejas. Amém!

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