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Artigo

Aspectos Gerais Sobre Corrosão e Inibidores Vegetais


Felipe, M. B. M. C.; Maciel, M. A. M.;* Medeiros, S. R. B.; Silva, D. R.
Rev. Virtual Quim., 2013, 5 (4), 746-758. Data de publicação na Web: 31 de agosto de 2013
http://www.uff.br/rvq

General Aspects of Corrosion and Plant Inhibitors


Abstract: Corrosion is a natural process that can easily be found in different types of surfaces
and represents a major cause of economic losses in the industrial sector. Nowadays, the
corrosion control involves different aspects such as economical, technical, and environmental.
Generally, the chemical, electrochemical or electrolytic corrosion processes are spontaneous,
leading to modifications in the physicochemical characteristics of materials. In this article, it is
included the biocorrosion, which is influenced by microorganisms. In general, corrosion
inhibitors are highly toxic limiting both handling and disposal. Recently, great scientific interest
is focused in the natural inhibitors from plant sources due to the significant microbiological
control as well as inhibitive property on electrochemical corrosion. In addition, vegetal
inhibitors represent an important alternative in a biotechnological context.
Keywords: Vegetal species; corrosion; inhibitor.

Resumo
A corrosão constitui um processo natural que pode ser facilmente encontrado em diferentes
tipos de superfícies e representa uma das principais causas de perdas econômicas no setor
industrial. Atualmente, o controle da corrosão metálica tem fundamental importância
econômica, técnica e ambiental. Geralmente os processos reacionais que desencadeiam a
corrosão são espontâneos, de caráter químico, eletroquímico ou eletrolítico e tendem a
modificar as características físico-químicas dos materiais. Incluída nesse contexto, encontra-se
a biocorrosão, que é influenciada por microorganismos. No combate à corrosão, destacam-se
em maior escala, os inibidores de corrosão de caráter químico que atuam eficazmente em
qualquer tipo de processo corrosivo. De forma abrangente, os inibidores de corrosão são
altamente tóxicos dificultando seu manuseio e descarte. Recentemente, inibidores de origem
vegetal têm despertado interesse científico em função da atividade microbiológica, bem como
ação de inibição a corrosão eletroquímica. Em adição, se enquadram em um contexto
biotecnológico alternativo.
Palavras-chave: Espécies vegetais; corrosão; inibidor.
* Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Química,
Instituto de Química, Centro de Ciências Exatas e da Terra, CEP 59072-970, Natal-RN, Brasil.
mammaciel@quimica.ufrn.br
DOI: 10.5935/1984-6835.20130053

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 4| |746-759| 746


Volume 5, Número 4 Julho-Agosto 2013

Revista Virtual de Química


ISSN 1984-6835

Aspectos Gerais Sobre Corrosão e Inibidores Vegetais


Maria Beatriz M. C. Felipe,a Maria Aparecida M. Maciel,b,c,* Sílvia R. B.
Medeiros,d Djalma R. Silvaa
a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Núcleo de Pesquisa em Petróleo e Energias
Renováveis, CEP 59072-970, Natal-RN, Brasil.
b
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Química,
Instituto de Química, Centro de Ciências Exatas e da Terra, CEP 59072-970, Natal-RN, Brasil.
c
Universidade Potiguar Laureate International Universities, Programa de Pós-Graduação em
Biotecnologia, Campus Salgado Filho, CEP 59075-000, Natal-RN, Brasil.
d
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Biologia Celular e Genética,
Centro de Biociências, CEP 59072-970, Natal-RN, Brasil.
* mammaciel@quimica.ufrn.br

Recebido em 14 de dezembro de 2012. Aceito para publicação em 28 de agosto de 2013

1. Corrosão
2. Meios corrosivos
3. Extratos vegetais como inibidores de corrosão
4. Extratos vegetais como inibidores de CIM
5. Considerações Finais

1. Corrosão corrosão ocorre espontaneamente, com


consequentes modificações nas propriedades
químicas e/ou físicas dos materiais, sendo,
Dentre os vários conceitos sobre corrosão, portanto, uma das principais causas de danos
um dos mais divulgados define a corrosão nas estruturas metálicas industriais. A Figura
1 mostra alguns exemplos de estruturas
como sendo a deterioração de um material
metálico ou não-metálico, ou ainda, a metálicas danificadas por processos
deterioração das propriedades desses corrosivos.
materiais por ação química ou eletroquímica Com o crescente avanço tecnológico
do meio ambiente ao qual estejam expostos, mundial, a demanda por produtos resistentes
bem como por injúria mecânica.1,2 Uma vez à corrosão é significativa. De fato, estudos
que a maioria dos metais existe estável na recentes estimam que, mundialmente, os
natureza, na forma de compostos óxidos, custos anuais vinculados aos danos da
sulfetos e carbonatos, o processo de corrosão corrosão se encontram em torno de 4 % do
é um modo natural dos metais retornarem ao Produto Interno Bruto (PIB) de um país
estado de menor energia. Geralmente, a industrializado.3 Nesse contexto, as práticas

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de gerenciamento e controle da corrosão paralisações acidentais em função da perda


podem reduzir 20 % de custos relacionados de eficiência dos equipamentos,
com aspectos diretos [manutenção contaminação do produto, perda da
(processos de proteção) e/ou substituição de produção e eventual comprometimento da
peças ou equipamentos] ou indiretos, como segurança pessoal e ambiental.1,3

Figura 1. Estruturas metálicas danificadas por processos corrosivos: (a) estrutura de poço
de armazenamento de combustível; (b) tubo proveniente de oleoduto; (c) torneira; (d)
estrutura metálica interna de bloco de concreto; (e) corrimão (Fonte: autoria própria)

Os fenômenos corrosivos podem ser por uma espécie e ganho de elétrons por
resumidos em quatro grupos principais: outra, sem que haja acúmulo de carga
corrosão em meio aquoso (90 %), corrosão à elétrica. A reação de oxidação é chamada de
elevadas temperaturas (8 %), corrosão em reação anódica na qual o metal é dissolvido e
meio orgânico (1,8 %) e corrosão por metais transferido para a solução na forma de íons
líquidos (0,2 %).4 Os dois primeiros sendo metálicos (Reação 1). A reação de redução é
aceitos como processos puramente denominada de reação catódica na qual o
eletroquímicos, e os outros de mecanismo oxigênio é geralmente reduzido em soluções
ainda indefinidos.4 Nos processos de aeradas (Reações 2 e 3). Em soluções não-
corrosão estão envolvidas reações de óxido- aeradas ocorre a produção de hidrogênio
redução, em que ocorre perda de elétrons molecular (Reações 4 e 5).

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Reação Anódica:
Me → Mez+ + ze- (1)
Possíveis reações catódicas:
- Em meio aerado:
neutro ou básico: O2 + 2H2O + 4e- → 4OH- (2)
ácido: 4H+ + O2 + 4e-  2H2O (3)
- Em meio não aerado:
neutro ou básico: 2H2O + 2e-  H2 + 2OH- (4)
ácido: 2H+ + 2e-  H2 (5)

Como a maioria das reações se o catodo e o centro da gota é o anodo (na


desencadeia em meio aquoso, os processos região da gota, ocorre oxidação do ferro).4
de maior ocorrência são de caráter As reações de caráter anódico e catódico
eletroquímico com condução iônica através ocorrem simultaneamente, com passagem de
do eletrólito em contato com o metal elétrons da região anódica para a catódica
associado a uma passagem de corrente através do metal. No entanto, essas reações
elétrica (quando o metal reage com um meio desencadeiam uma série de reações
não-iônico diz-se que a corrosão é uma subsequentes que podem gerar novos
corrosão química).4 Na Figura 2 encontra-se processos eletroquímicos e, portanto,
um esquema representativo de corrosão em influenciam a deterioração do metal de
meio aquoso, em que a superfície do metal é forma diferenciada.

Figura 2. Esquema representativo de processo corrosivo de caráter eletroquímico (adaptação


de Wolynec, 20034)

2. Meios corrosivos agressivo. Portanto, antes de se propor a


utilização de um material é necessário o
estudo sobre a sua adequabilidade ao meio e
às condições operacionais presentes, já que
Todos os materiais são passíveis de
um determinado meio pode ser
sofrerem corrosão desde que o meio a que
extremamente agressivo para um material
forem expostos seja suficientemente
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específico e inativo para outro. De forma Vários ambientes são favoráveis ao


geral, os processos corrosivos podem estar crescimento microbiano, dessa forma, muitos
vinculados aos seguintes meios agressivos:1 equipamentos estão sujeitos à biocorrosão. O
fenômeno CIM resulta de interações entre a
superfície do metal com produtos abióticos
 Atmosfera (material particulado, na presença de células microbianas e seus
umidade, gases: CO, CO2, SO2, H2S, NO2) metabólitos.5 Os principais tipos microbianos
associados aos metais em habitats aquáticos
 Água (organismos dispersos, sólidos
ou terrestres correspondem as bactérias
suspensos, chuva ácida, outros)
redutoras de sulfato (BRS), oxidantes de
 Solo (acidez, porosidade) enxofre e manganês, oxidantes/redutoras de
ferro, secretoras de ácidos orgânicos e lodo,
 Produtos químicos
além de algas e fungos.6 A Figura 3 descreve
sistematicamente os principais mecanismos
A corrosão atmosférica (proveniente da responsáveis pela liberação de espécies
condensação da umidade sobre a superfície iônicas que caracterizam o metabolismo
do metal) pode apresentar características energético e a troca iônica através da
similares às evidenciadas no meio aquoso, membrana, afetando, dessa forma, a cinética
em que variação de pH, temperatura, eletroquímica na interface metálica.7 Como
composição química e aeração favorecem à exemplos de ambientes susceptíveis ao
corrosão. No meio úmido, há de se ataque de microorganismos destacam-se:
considerar, ainda, a deterioração de um água do mar, rios e sistemas de refrigeração,
material devido à atividade microbiológica, regiões pantanosas, solos contendo resíduos
sendo conhecida como Corrosão Influenciada orgânicos ou sais diversos.
por Microrganismos (CIM) ou biocorrosão.5

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Figura 3. Diagrama representativo para os principais mecanismos responsáveis pela liberação


de espécies iônicas (adaptação de Ramírez e colaboradores, 20097)

Com relação ao mecanismo de ação, os desprendimento de um determinado


microrganismos se aderem à superfície biofilme. Na fase 1 as células são
metálica e se desenvolvem na forma de transportadas por transporte passivo,
biofilmes estrutural e dinamicamente convectivo ou difuso; na fase 2, ocorre a
complexos. Esses sistemas se apresentam em adesão inicial dessas células na superfície em
forma de gel contendo no mínimo 95 % de contato; na fase 3, ocorre a fixação dessas
água e uma matriz de substâncias células e a elaboração de polímeros
exopolissacarídicas, na qual células extracelulares, ou exopolímeros, que passam
microbianas e detritos inorgânicos se a envolver e aglutinar as células protegendo-
encontram em suspensão.8 A atividade as contra condições adversas do meio
microbiana desses biofilmes pode afetar a circundante, ajudando, ainda, na fixação do
cinética das reações anódicas e catódicas biofilme. Na fase 4, caso haja condição
próximas a superfície metálica, ou modificar nutricional favorável, ocorre a colonização,
ainda, a composição química de filmes com o crescimento de novas células e
protetores, desencadeando a corrosão.9–11 associação de outros microrganismos; e
No entanto, alguns trabalhos reportam a finalmente na fase 5, ocorre o
ação protetora temporária de biofilmes.12,13 desprendimento do biofilme, por fatores
Na Figura 4 se encontra uma representação dependentes do meio ou relacionados a
sistemática das fases de formação e atividade metabólica das populações

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colonizantes.14

Figura 4. Representação sistemática da formação de biofilme (adaptação de O´Toole e


colaboradores, 20008)

Nos últimos anos, a CIM tem sido íons/moléculas na superfície do metal, (b)
extensivamente investigada e em função da diminuição ou aumento da reação anódica
complexidade deste tipo de ocorrência, e/ou catódica, (c) diminuição da taxa de
vários mecanismos vêm sendo propostos difusão dos reagentes até a superfície do
para justificar o fenômeno da biocorrosão, metal, e (d) diminuição da resistência elétrica
podendo-se destacar: (1) aeração diferencial, da superfície metálica.17 Geralmente, o efeito
em que a heterogeneidade do biofilme pode protetor desejado ocorre com fácil aplicação
gerar áreas com diferentes concentrações de do inibidor e em pequenas quantidades. No
oxigênio, levando à formação de pites;15 (2) entanto, a maioria dos inibidores comerciais
despolarização dos metais, que ocorre devido possui deposição moderada e detém elevada
a formação de produtos na superfície toxicidade. Dessa forma, esforços vêm sendo
metálica capazes de provocar mudanças de empregados objetivando-se a aquisição de
parâmetros eletroquímicos, como o potencial inibidores mais eficientes e ecologicamente
de corrosão, por exemplo; (3) viáveis. Nesse contexto, fatores relacionados
biomineralização, proveniente da deposição à segurança humana e ambiental,
de minerais decorrente do metabolismo custo/benefício e eficácia de inibição
microbiano em superfícies metálicas também são parâmetros que devem ser
podendo resultar em enobrecimento ou avaliados.
deterioração do material;16 (4) complexação
Os inibidores de corrosão à base de
de substâncias poliméricas extracelulares
vegetais surgem como alternativas
com íons metálicos que facilitam a adesão do
promissoras, por serem de fontes renováveis,
biofilme no substrato.6
biodegradáveis, de fácil aquisição, baixo
custo e, especialmente, por não conterem
metais pesados. Pesquisas científicas têm
3. Extratos vegetais como mostrado a eficácia de extratos vegetais
inibidores de corrosão como inibidores de corrosão em diferentes
metais e suas ligas expostos a diversos meios
corrosivos. Na sua grande maioria, os
Atualmente, a utilização de inibidores de extratos vegetais consistem em misturas
corrosão representa o método mais utilizado orgânicas complexas ricas em uma
no combate à corrosão. Esses compostos composição química favorável para inibição à
diminuem ou evitam a reação do metal com corrosão17.
o meio circundante diminuindo a taxa de
corrosão principalmente por: (a) adsorção de
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Halambek e colaboradores demonstraram eficientemente na superfície metálica.20


o efeito anticorrosivo do óleo extraído de Torres e colaboradores (2011) estudaram a
Lavandula angustifolia L. em material de liga inibição à corrosão de extratos aquosos
de alumínio exposto a uma solução de NaCl a obtidos de grãos de café (uma mistura das
3 %, mesmo quando avaliado em altas espécies Coffea arabic e Coffea canéfora)
temperaturas. Todas as concentrações do utilizando técnicas eletroquímicas e
óleo (1 a 20 ppm) apresentaram elevadas gravimétricas no monitoramento do processo
eficiências de inibição à corrosão.18 Os corrosivo em aço carbono, em solução de HCl
extratos de folhas e sementes da espécie 1 mol L-1. A eficiência de inibição desses
Gossypium hirsutum L. (conhecida extratos variou proporcionalmente ao
vulgarmente como algodoeiro) também foi aumento das suas concentrações, bem como
eficaz na inibição de corrosão em alumínio com o aumento da temperatura.21
em condição alcalina (NaOH 2 mol L-1). A
Outros extratos vegetais tiveram suas
eficácia da espécie G. hirsutum foi atribuída à
atividades anticorrosivas avaliadas em aço
presença de taninos, de aminoácidos e do
carbono expostos a diferentes meios
composto fenólico gossipol (Figura 5).19
agressivos, citando apenas alguns exemplos:
O extrato de Pongamia pinnata Justicia gendarussa, Phyllanthus amarus,
apresentou eficiência de inibição à corrosão Areca cathecu, Uncaria gambir.22-25 A Tabela
em aço, em meio ácido (HCl 1 mol L-1). O 1 apresenta uma série de vegetais que foram
efeito inibitório desse extrato foi atribuído à avaliados como inibidores de corrosão em
formação de um filme protetor adsorvido diferentes tipos de materiais.

Partes
Espécie Meio agressivo Metal Técnica empregada Ref.
avaliadas
Acacia Polarização
Folhas 1 mol L-1 H2SO4 Aço carbono 36
cyanophyll potenciodinâmica, EIE
Perda de massa,
Aegle
Folhas 1 mol L-1 HCl Aço carbono Polarização 20
marmelos
potenciodinâmica, EIE
Gasometria e
1 - 2,5 mol L-1 H2SO4; Aço carbono;
Aloe vera Folhas Termometria; Perda de 23 e 19
2 mol L-1 HCl Zinco
massa
Anacardium Casca do
1 mol L-1 HCl Aço carbono EIE 33
occidentale fruto
Ananas Perda de massa,
Folhas 1 mol L-1 HCl Aço carbono 34
comosus L. Gasometria

Andrographis Perda de massa,


-1
Folhas 1 mol L HCl Aço carbono Polarização 20
paniculata potenciodinâmica, EIE
Artemisia Partes Perda de massa,
4 N e conc. HCl Aço carbono 35
pallens aéreas Polarização, SEM, FT-IR
Azadirachta 2 mol L-1 HCl, 1 mol L-
Folhas 1 Aço carbono Gasometria 37
indica H2SO4

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Bacopa
Caule 1 mol L-1 HCl Aço carbono Perda de massa 20
monnieri
Casca do
Citrus 1 mol L-1 HCl Aço carbono EIE 33
fruto
Perda de massa,
Citrus -1
Frutos 1 mol L HCl Aço carbono Polarização 20
aurantium
potenciodinâmica, EIE
Coffea Perda de massa,
arabic/ Polarização
Coffea Grãos 1 mol L-1 HCl Aço carbono potenciodinâmica, EIE 21

canephora MEV
Colocasia 0,1 - 2,5 mol L-1 Perda de massa,
Folhas Aço carbono 23
esculenta H2SO4 Gasometria e FT-IR

1 mol L-1 HCl, Perda de massa,


Dacryodis
Folhas Aço carbono Polarização 38
edulis 0,5 mol L-1 H2SO4 potenciodinâmica, EIE
Perda de massa,
Datura Polarização
Folhas 1 mol L-1 HCl, H2SO4 Aço carbono 39
stramonium potenciodinâmica, EIE,
MEV
Óleo, Perda de massa,
Ferula -1
resina e 2 mol L HCl Aço inoxidável Polarização 40
gumosa
goma potenciodinâmica, EIE
Perda de massa,
Ficus -1
Caule 1 mol L HCl Aço carbono Polarização 20
religiosa
potenciodinâmica, EIE
2 mol L-1 HCl, 1 mol L-
Garcinia kola Sementes 1 Aço carbono Gasometria 37
H2SO4
Gossypium Folhas e
2 mol L-1 NaOH Alumínio Perda de massa 19
hirsutum L. sementes
Hibiscus Cálices; 2 mol L-1 HCl, 1 mol L-
1 Aço carbono Gasometria 37
sabdariffa Folhas H2SO4
Perda de massa,
Justicia Polarização
Folhas 1 mol L-1 HCl Aço carbono 22
gendarussa potenciodinâmica, EIE,
AFM, ESCA
Lavandula
angustifolia Óleo
3% NaCl Alumínio Perda de massa, EIE, MEV 18
essencial
L.

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Polarização
Lawsonia -1
Folhas 1 mol L HCl Aço carbono potenciodinâmica, EIE, 41
inermis
MEV/EDS
Mangifera Casca do
1 mol L-1 HCl Aço carbono EIE 33
indica L. fruto
Moringa
Frutos 1 mol L-1 HCl Aço carbono Perda de massa 20
oleifera
Perda de massa,
Murraya -1
Folhas 1 mol L HCl Aço carbono Polarização 20
koenigii
potenciodinâmica, EIE
Occimum 2 mol L-1 HCl,
Folhas Aço carbono Gasometria 37
viridis 1 mol L-1 H2SO4
Perda de massa
Olea Polarização
Folhas 2 mol L-1 HC Aço carbono 42
europaea L potenciodinâmica,
Voltametria cíclica
Olea Polarização
Folhas Salmoura Aço carbono 44
europaea L potenciodinâmica, EIE
Perda de massa,
Opuntia ficus -1
Caule 2 mol L HCl Alumínio Gasometria, 43
Mill
Termometria, Polarização
Casca do
Passiflora 1 mol L-1 HCl Aço carbono EIE 33
fruto
2 mol L-1, 5 mol L-1
Phyllanthus Folhas e Perda de massa e
HCl, 2 mol L-1, 5 mol Aço carbono 45
amarus sementes Gasometria
L-1 H2SO4
Perda de massa,
Piper longum Frutos 1 mol L-1 HCl Aço carbono Polarização 20
potenciodinâmica, EIE
Perda de massa,
Pongamia Polarização
Sementes 1 mol L-1 HCl Aço carbono 20
pinnata potenciodinâmica, EIE,
FT-IR
Casca do
Prosopis caule, 0,5 - 2 N HCl, 0,5 - 2
Aço carbono Perda de massa 47
cinerari folhas e N H2SO4
frutos
Raphanus Polarização
Sementes 1 mol L-1 H2SO4 Aço carbono 48
sativus potenciodinâmica, EIE

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Sansevieria 2 mol L-1 HCl, 2 M


Folhas Alumínio Gasometria 27
trifasciata KOH
Perda de massa,
Strychnos -1
Sementes 1 mol L HCl Aço carbono Polarização 20
nuxvomica
potenciodinâmica, EIE
Perda de massa,
Syzygium -1
Sementes 1 mol L HCl Aço carbono Polarização 50
cumini
potenciodinâmica, EIE
Telferia 2 mol L-1 HCl, 1 mol L-
Folhas 1 Aço carbono Gasometria 37
occidentalis H2SO4
Perda de massa,
Terminalia -1
Caule 1 mol L HCl Aço carbono Polarização 20
arjuna
potenciodinâmica, EIE
0,4 mol L-1 HNO3; 0,1
Vernonia Aço carbono;
Folhas mol L-1 HCl, 0,1 mol L- Perda de massa 46 e 49
amygdalin 1 Alumínio
HNO3
EIE: Espectroscopia de Impedência Eletroquímica; MEV: Microscopia Eletrônica de
Varredura; EDS: Espectrometria de Energia Dispersiva; FT-IR: Espectroscopia de Infravermelho
com transformada de Fourier; XPS: Espectroscopia Fotoeletrônica de Raios X.

4. Extratos vegetais como cobre, aldeídos, sais quaternário de amônio).


Assim como os inibidores de corrosão, a
inibidores de CIM maioria dos biocidas utilizados
industrialmente é de origem sintética, baixa
especificidade e elevada toxicidade.26
Agentes biocidas atuam na inibição aos
processos corrosivos influenciados por Como a corrosão é decorrente de fatores
microrganismos, favorecendo a diminuição bióticos e abióticos, a utilização de inibidores
ou eliminação de, pelo menos, 20 % da ação de corrosão específicos com capacidade de
corrosiva quando complementada com a impedir a adesão ou a proliferação de
aplicação de processos de sanitização e microrganismos é de grande interesse em
limpeza (química e/ou mecânica). O uso de pesquisas científicas desenvolvidas em
biocidas requer conhecimentos e cuidados biotecnologia. Nesse contexto, as plantas
específicos, tais como: seletividade com surgem como fontes biosustentáveis ricas em
relação aos microrganismos-alvos, compostos orgânicos capazes de combater os
degradabilidade, capacidade de apresentar o processos CIM e eletroquímico em geral. No
efeito inibidor desejado sob as condições entanto, poucos estudos abordam a
operacionais, corrosividade para as aplicação de produtos naturais com a
superfícies do sistema, manuseio, dosagem e finalidade de inibir a corrosão influenciada
custo. por microrganismos.

De acordo com seu caráter químico, os Como exemplos, pode-se destacar


biocidas podem ser classificados em dois estudos realizados com o extrato polar de
grandes grupos: oxidante (por exemplos, Piper guineens, o qual demonstrou ser um
ozônio, peróxido de hidrogênio, compostos excelente inibidor de corrosão metálica e
de cloro) e não oxidantes (compostos também da proliferação de bactérias
sulfurados, estanho, isotiazolinonas, sais de redutoras de sulfato (Desulfotomaculum sp.),

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Felipe, M. B. M. C. et al.

1
frequentemente associadas a processos Gentil, V.; Corrosão, 3a.ed., LTC: Rio de
corrosivos.27 O extrato hidroalcoólico da Janeiro, 1996.
planta Artemisia pallens apresentou 2
atividade antibacteriana frente às cepas Sheir, L. L.; Jarman, R. A.; Burstein, G. T.;
Pseudomonas aeruginosa e Shigella Corrosion Control, 3a. ed., Butterworth-
fastidiosa, com de eficiência máxima Heinemann: Oxford, 2000.
significativa (94 %) na inibição à corrosão, em 3
Bardal, E.; Corrosion and Protection, 1a. ed.,
meio ácido.28 Estudos preliminares foram
Springer-Verlag: London, 2003.
divulgados para a espécie Croton cajucara
Benth, uma planta medicinal nativa da 4
Wolynec, S. Técnicas Eletroquímicas em
Amazônia. O extrato hidroalcoólico das Corrosão; 1a. ed., USP: São Paulo, 2003.
cascas do caule dessa planta mostrou ser
5
uma fonte rica em diterpenos do tipo Videla, H.; Herrera, L. K. Int. Microbiol.
clerodano,29 tendo sido comprovada sua 2005, 8, 169. [PubMed]
eficácia antimicrobiana (Escherichia coli, 6
Bacillus cereus e Enterococcus faecium)30,31 Beech, I. B.; Sunner, J. Curr. Opin.
bem como ação anticorrosiva relevante (94 Biotechnol. 2004, 15, 181. [CrossRef]
%) em aço carbono AISI 1020, em meio [PubMed]
salino, quando veiculado em uma 7
Ramírez, N.; Regueiro, A.; Arias, O.;
microemulsão, porém, quando solubilizado
Contreras, R. Biotecnol. Apl. 2009, 28, 72.
no solvente orgânico dimetilsulfóxido,
[Link]
apresentou eficácia moderada (65 %).32
8
O´Toole, G.; Kaplan, H. B.; Kolter, R. Ann.
Rev. Microbiol. 2000, 54, 49. [CrossRef]
5. Considerações Finais [PubMed]
9
Miranda, E.; Bethencourt, M.; Botana, F. J.;
Atualmente, o controle da corrosão está Cano, M. J.; Sánchez-Amaya, J. M.; Corzo; A.;
inserido em um contexto científico García de Lomas, J.; Fardeau, M. L.; Ollivier,
biotecnológico com ampla abordagem B. Corros. Sci. 2006, 48, 2417. [CrossRef]
multidisciplinar, objetivando 10
Rajasekar, A.; Anandkumar, B.;
desenvolvimento tecnológico sustentável. Maruthamuthu, S.; Ting, Y. P.; Rahman, P. K.
Nesse contexto, é alvo de investigações S. M. Appl. Microbiol. Biotechnol. 2010, 85,
produtos de baixa toxicidade que sejam
1175. [CrossRef][PubMed]
ecologicamente aceitáveis, com eficiência de
inibição à corrosão significativa. Muitos são 11
Ashassi-Sorkhabi, H.; Moradi-Haghighi, M.;
os grupos que propõem a utilização de Zarrini, G. Mater. Sci. Eng., C 2012, 32, 303.
extratos de plantas, de princípios ativos [CrossRef]
naturais, bem como bioformulações. Esses
12
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